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PAULA BOLZAN

ATIVOS NOS COSMÉTICOS

VITÓRIA
2020
PAULA BOLZAN

ATIVOS NOS COSMÉTICOS

Trabalho do Curso de Graduação em


Biomedicina apresentado à Multivix de Vitória,
como parte das exigências da disciplina de
Fundamentos de Estética e Cosmetologia e com
orientação da Professora Jéssica Marques.

VITÓRIA
2020
1. INTRODUÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo humano, funcionalmente age como envoltório de


proteção ao meio externo, controlando a perda de fluidos corporais, evitando a
penetração de substâncias estranhas e nocivas ao organismo, atuando assim, como uma
capa protetora e uma barreira impermeável a muitas substâncias. A pele é dividida em
três camadas com funções distintas. A mais externa e principal barreira de defesa é a
epiderme; a intermediária e vascularizada é conhecida como derme; e a mais profunda,
constituída de tecido gorduroso, a hipoderme (GONCHOROSKI et al., 2005).

Dos pacientes que desenvolvem distúrbios na pele, estima-se que cerca de um terço
sofrem de problemas emocionais e psicológicos, na maioria das vezes é devido ao
aspecto das lesões, por permanecerem visíveis, problema esse que afeta o
relacionamento pessoal, social e profissional do paciente ao se relacionar com outras
pessoas, sendo necessária uma preocupação maior na avaliação dos fatores que
influenciam nas alterações que afetam à qualidade de vida desses pacientes (MASCENA,
2016).

O crescimento da procura por tratamentos estéticas no mundo vem crescendo largamente


desde a última década e com a regulamentação dos profissionais esteticistas e
biomédicos, dentistas e fisioterapeutas estetas se foi possível o crescimento dos
diferentes tipos de tratamentos diferenciados (BARROS, 2017).

2. ATIVOS DESPIGMENTANTES

O tratamento das desordens hiperpigmentares é realizado à base de substâncias


despigmentantes ou clareadoras da pele. Sabe-se que o tratamento da pele discrômica é,
de certa forma, difícil, pois muitos compostos efetivos no tratamento apresentam
propriedades irritantes e podem, algumas vezes, promover descamação. Observa-se
também que o resultado satisfatório não é conseguido imediatamente, pois a
despigmentação é gradual (GONCHOROSKI et al, 2005).

Alguns princípios ativos despigmentantes são destinados à clarear a pele e manchas


pigmentadas, a ação desses princípios ocorre de diferentes mecanismos de ação, que
estão ligados à interferência na produção de melanina ou transferência da mesma.
Podem atuar inibindo a formação da melanina, no transporte de grânulos, alterando
quimicamente a melanina, poder atuar inibindo a biossíntese de tirosina e podem destruir
alguns melanócittos, além de inibir a formação de melanossomas (RIVITTI et al., 2007).

A melanina é um pigmento produzido por uma célula denominada melanócito, situada na


camada basal da epiderme. Ela é produzida a partir da oxidação do aminoácido chamado
tirosina em diidroxifenilanina (DOPA), seguido da desidrogenação da DOPA em
dopaquinona, por ação de uma enzima chamada tirosinase, através de reações químicas,
que se desenrolam nos melanossomas (TEDESCO et al., 2007).

O ácido kójico é um dos despigmentantes naturais mais eficientes do mercado, tendo


excelentes resultados. Tem ocupado posição de destaque entre as substâncias usadas
para o clareamento de vários tipos de hipercromias cutâneas. Ele age inibindo a formação
da melanina, quebrando os íons cobre e bloqueando a ação da tirosinase, eliminando as
hipercromias. (PEREIRA et al., 2016).

2.1. Acido Kójico

O ácido kójico é obtido por fermentação do arroz, é considerado um potente


despigmentante, atua inibindo a produção da tirosinase, enzima fundamental para a
produção de melanina. Por não apresentar característica irritativa e não ser citotóxico é
usado como substituto da hidroquinona em caso de sensibilidade a mesma, seu efeito é
potencializado quando associado ao ácido glicólico (BORGES,1010;
GONCHOROSK,2005). É considerado um potente despigmentante e tem como
vantagens ser solúvel em água, etanol e acetona, não citotóxico, não irritante e não
fotossensibilizante, reconhecem-se vários níveis de atuação do ácido kójico no processo
de hiperpigmentação, como a conversão de tirosina em dopa, desta em dopaquinona, por
inibição parcial da ação enzimática da tirosinase, tal inibição pode ser revertida por
acetato de cobre; outro mecanismo de ação se dá pela inibição da enzima tirosinase por
meio da quelação de íons de cobre no sítio ativo da enzima suprimindo a tautomerização
do dopacromo 5-6- dihidroxiindol-2- ácido carboxílico, inibi ainda a conversão da o-
quinonas, norepinefrina e dopamina 5 para a forma correspondente de melanina, promove
a diminuição da eumelanina e seu monômero percursor; e por fim como tem sido
demostrado atualmente por métodos bioquímicos é capaz de inibir a conversão do 5,6-di-
hidroxindol-2- carboxílico em melanina (GARCIA,2004).

A figura a seguir demonstra a ação do ácido kójico na melanogênese.


3. ATIVOS REJUVENESCEDORES

O envelhecimento pode ser definido como sendo “um conjunto de alterações


morfológicas, fisiológicas e bioquímicas inevitáveis que ocorrem progressivamente no
organismo ao longo de nossas vidas” (RIBEIRO, 2006).

À medida que os indivíduos envelhecem, a pele perde uma de suas grandes


propriedades: a elasticidade. Associado a isto, também ocorre perda de colágeno e reduz
sua hidratação, tornando-se seca por menor capacidade funcional das glândulas
sudoríparas e sebáceas (STRUTZEL et al., 2007).

O envelhecimento começa a se manifestar a partir dos 30 anos de idade, podendo ser


classificado de duas formas básicas, dependendo de como ocorre: o envelhecimento
intrínseco, ou cronológico, e o extrínseco, ou fotoenvelhecimento. Fatores como radiação
ultravioleta, radicais livres, temperatura, tabaco e poluição, genética e cor da pele
contribuem para este processo (RIBEIRO, 2006).

As técnicas de rejuvenescimento vêm-se aperfeiçoando não apenas pelos avanços


tecnológicos, mas também pela preocupação da população com a saúde e a aparência
física, bem como em decorrência da maior longevidade (VELASCO et al., 2004).

Com isso, a utilização de ácidos no rejuvenescimento facial vem se tornando um


procedimento cada vez mais comum. Na maioria dos tratamentos de rejuvenescimento,
uma das etapas consiste na aplicação do Ácido Hialurônico (AH), que vem ganhando
destaque por ser um constituinte da matriz extracelular, cujas principais funções são
preencher os espaços não ocupados pelas células e conferir resistência aos tecidos
cutâneos (JHA, et al.,2011).
3.1. Ácido Hialurônico

Envelhecer faz parte da nossa história, no entanto ter alguns cuidados básicos, como uma
vida saudável, ingestão de líquidos e hidratação, podem adiar as rugas. Ao se falar de
prevenção ou tratamento do envelhecimento cutâneo, podemos citar o uso do ácido
hialurônico (AH) para o rejuvenescimento facial, no qual reflete na diminuição da
elasticidade da pele, o que origina flacidez e as rugas (PERRICONE, 2001).

Ácido Hialurônico (AH) é uma molécula carregada negativamente e, por isso, possui uma
alta capacidade de ligar-se a molécula de água formando um bloco coeso com grande
força para preencher as rugas (LIU, et al., 2011). É componente de importantes líquidos
do corpo, como, por exemplo, o líquido sinovial, que tem a função de lubrificar as
articulações sinoviais, e o humor vítreo, líquido viscoso que atua na manutenção da forma
esférica do olho, vale ressaltar que a maior parte do AH no organismo está situada na
pele, conferindo volume, sustentação, hidratação e elasticidade a mesma (BANSAL, et
al.,2010; NOBLE et al., 2011).

A quantidade de ácido hialurônico diminui com a idade, o que pode contribuir para a
formação de rugas e a diminuição da elasticidade da pele (KIM et al., 2006).

O ácido hialurônico pode modular o fator de crescimento e secreção de citocinas, inibir a


hidrólise da proteinase e influenciar diversas funções celulares, como: a adesão, o
crescimento, a migração, a proliferação e a diferenciação. Também pode imobilizar a água
nos tecidos e assim, alterar o volume dérmico e a compressibilidade, como influenciar a
proliferação celular, diferenciação, e reparo dos tecidos. Sua capacidade de retenção de
água sugere que o ácido hialurônico pode desempenhar um papel importante na
manutenção do espaço extracelular, facilitando o transporte de íons, solutos, nutrientes e
preservar a hidratação do tecido. O teor de ácido hialurônico diminui com a idade, o que
pode contribuir para a formação de rugas e a diminuição da elasticidade da pele.
Alterações na disponibilidade e síntese de ácido hialurônico, podem ser observadas com
o envelhecimento, cicatrização e doenças degenerativas (GARBUGIO et al., 2010).

A propriedade mais importante da molécula do ácido hialurônico é a sua capacidade de se


ligar à água, induzindo proteoglicanos a tornar-se hidratados de tal medida que forma um
sistema gel. Essas redes de agregados proteoglicanos - ácido hialurônico, devido a
características químicas de formações de géis, levam a uma maior viscoelasticidade em
relação às redes de ácido hialurônico somente (GARBUGIO et al., 2010).
Ao devolver o AH nas camadas internas da pele se restabelece o equilíbrio hídrico, filtra-
se e regula-se a distribuição de proteínas nos tecidos e compõe-se um ambiente físico no
qual ocorre o movimento das células, contribuindo para melhora na estrutura e
elasticidade da pele, removendo rugas, realçando e restaurando o volume facial, criando
volume labial, suavizando as linhas de expressão e proporcionando o rejuvenescimento
facial (BERTOLAMI, et. al., 1992; FRASER, et al., 2007).

Apresenta um efeito antioxidante, pois atua como seqüestrante de radicais livres,


aumentando a proteção da pele em relação à radiação Ultra Violeta e contribui para o
aumento da capacidade de reparação tecidual, representando assim, uma alternativa no
tratamento do envelhecimento facial e no preenchimento de partes moles para corrigir
depressões, rugas e sulcos (GUILLAUME, et al., 2006; SALLES, et al., 2011).

4. ATIVOS ANTIOXIDANTES

Várias teorias foram propostas para um melhor entendimento do processo de


envelhecimento cutâneo. Contudo, pode-se destacar a teoria mais conhecida: a formação
dos radicais livres. Os radicais livres são moléculas instáveis, que perdem um elétron nas
interações com outras moléculas que estão ao seu redor. Tais moléculas são
reconhecidas como uma das principais causas do envelhecimento e das doenças
degenerativas associadas a ele (SCOTTI et al., 2003; NEDEL, 2005). Quando não
encontram nenhum outro radical livre para se ligar na tentativa de obter estabilidade,
captam elétrons de outras moléculas saudáveis. A molécula que perdeu o elétron se
transforma em outro radical livre, iniciando uma reação em cadeia que danificará muitas
células. Tal reação poderá ter caráter ilimitado, caso não houver a intervenção dos
antioxidantes. Este processo, chamado oxidação, provoca morte celular (NEDEL, 2005).

Na pele, com o passar do tempo e a perda da capacidade do organismo de se recuperar


da ação dos radicais livres, os queratinócitos epidérmicos perdem propriedades adesivas,
levando ao afinamento epidérmico e ressecamento, o que pode ser observado pela atrofia
cutânea e afinamento das junções dermo-epidérmicas. Os fibroblastos da derme
(colágeno e elastina) são igualmente agredidos. Com isso ocorre uma reação global que
envolve o desenvolvimento de rugas de menor e maior profundidade, manchas, perda da
luminosidade, perda de elasticidade e da firmeza cutânea e consequente flacidez, perda
do viço e aumento do ressecamento da pele e, nos casos mais sérios, desenvolvimento
de câncer basocelular ou espinocelular (BUCHLI, 2002; DUARTE, 2003; OLIVEIRA,
2002).

A produção contínua de radicais livres, durante os processos metabólicos, levou o


organismo a desenvolver mecanismos de defesa para limitar os níveis intracelulares e
impedir a indução de danos. Os antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e
redução das lesões causadas pelos radicais livres nas células. Algumas vitaminas atuam
como antioxidantes, sendo as mais citadas na literatura o retinol, ácido ascórbico e
tocoferol. Tais vitaminas são, respectivamente, conhecidas pela nomenclatura como
vitamina A, vitamina C e vitamina E (STEINER, 2002).

Muitos cosméticos antienvelhecimento estão sendo produzidos com antioxidantes como


vitamina C (ácido ascórbico), vitamina E (α-tocoferol), ácido lipoico e coenzima Q10
(Ubiquinona), entre outros, sendo amplamente populares (BAUMANN, 2004; RIBEIRO,
2006).

4.1. Vitamina E e Coenzima Q10

A vitamina E e a Coenzima Q10 são antioxidantes lipossolúveis encontrados na porção


lipofílica das membranas celulares (Steiner, 2008). A coenzima Q10 encontra-se em altas
concentrações nas células da epiderme, auxiliando na produção de energia por fazer
parte da cadeia de transferência de elétrons no interior das mitocôndrias (BAUMANN,
2004; RIBEIRO, 2006). Em cosméticos é empregada especialmente na forma de
lipossomas, o que favorece a estabilidade e permite a liberação dessa coenzima em todas
as camadas da epiderme (RIBEIRO, 2006).

A vitamina E é possivelmente uma das vitaminas mais interessantes na luta contra o


envelhecimento cutâneo, tendo importante papel ao proteger a membrana da peroxidação
lipídica causada pelos radicais livres. Na ausência de vitamina E, os radicais livres
catalisam a peroxidação dos PUFAs, os quais constituem os componentes estruturais das
membranas. Essa destruição leva ao desenvolvimento anormal da estrutura celular e ao
seu comprometimento (MAHAN et al., 1998; SCOTTI et al., 2003).

Esta vitamina interrompe a formação dos radicais livres envolvidos na peroxidação lipídica
por doar seu hidrogênio lábil, convertendoos a uma forma menos perigosa, de fraca ou
nenhuma toxicidade, protegendo os lipídios e fosfolipídios da membrana contra a
oxidação (Buchli, 2002; Duarte, 2003). A vitamina E, portanto, é usada topicamente para
proteger as membranas celulares da peroxidação lipídica e é também, com frequência,
empregada em produtos pós-sol, devido a sua ação calmante, reduzindo queimaduras ou
eritemas causados pela exposição da pele às radiações UV (BUCHLI, 2002; MAIBACH et
al., 2008).

A coenzima Q10 (CoQ10) possui várias funções bioquímicas nas células, sendo a
principal aquela exercida pela sua forma quinona, a qual transfere elétrons na cadeia de
transporte de elétrons mitocondrial dos complexos I e II para o complexo III, processo
durante o qual prótons são bombeados para o espaço intermembranar gerando assim um
gradiente eletroquímico transmembrana usado na fosforilação oxidativa. A forma quinol da
CoQ10 age como um potente antioxidante na membrana mitocondrial interna. Ela inibe a
lipoperoxidação, ou por apresentar um efeito sequestrante de radicais livres, ou reduzindo
o radical α-tocoferoxil a α-tocoferol (SILVA et al., 2015).

5. ATIVO ANTI-ACNE

A acne vulgar é uma desordem crônica pilossebácea causada por descamação anormal
do epitélio folicular. Isso leva à obstrução do canal pilossebáceo, resultando em
inflamação e subsequentemente a formação de pápulas, pústulas, nódulos, comedões e
cicatrizes. A atividade excessiva das glândulas sebáceas e o bloqueio nos dutos leva à
formação de comedões que mais tarde inflamam, pelo crescimento anormal da bactéria
Propionibacterium acnes (AL-TALIB et al., 2017). A acne é causada por múltiplos fatores e
que leva ao aparecimento de vários tipos de lesões. No entanto, Ribeiro (2010) sugere
que apenas 10 a 20% dos portadores de acne precisam de tratamento medicamentoso,
que divide-se em interno (via oral) e externo(via tópica).

Entre as opções de tratamento estão a limpeza de pele, cosméticos, medicamentos


antissépticos e anti-inflamatórios, e a utilização de procedimentos estéticos, como os
peelings, para melhorar a aparência (ARAÚJO et al., 2017). A técnica consiste na
aplicação de um agente químico que provoca uma destruição controlada de parte da
epiderme ou de toda ela, com ou sem penetração na derme, levando à esfoliação e
remoção de lesões superficiais, seguida de regeneração de todo o tecido (FASIH et al.,
2016).

5.1. Ácido Salicílico


O ácido salicílico (AS) é um membro de um grupo de compostos conhecidos como
hidroxiácidos, que são amplamente utilizados para uma série de indicações cosméticas
devido às suas muitas propriedades importantes. É usado topicamente para tratar várias
afecções da pele por mais de 2000 anos. Por sua ação comedolítica, antiinflamatória e
queratolítica, o AS é utilizado em muitas formulações tópicas para tratamento da acne. Ele
também é capaz de aumentar a penetração de outros agentes tópicos. Quimicamente, é
um beta-hidroxiácido ou ácido 2-hidroxibenzóico que possui um anel fenólico em sua
estrutura. As principais fontes naturais de AS e salicilatos incluem folhas e cascas de
salgueiro, bétula e gaultéria. No entanto, o AS também pode ser sintetizado artificialmente
(ARIF, 2015).

O peeling de ácido salicílico é a escolha para o tratamento da acne ativa, devido ao seu
alto poder comedolítico e efeito sebostático, promovendo descamação da parte superior
das camadas lipídicas do estrato córneo por meio da sua capacidade de dissolver o
cimento intercelular, reduzindo assim a adesão dos corneócitos. Devido à sua
lipofilicidade, apresenta uma melhor penetração na unidade pilossebácea; além disso, as
camadas mais externas da pele possuem grandes concentrações lipídicas, o que permite
que o ácido salicílico aja e promova a remoção das células mortas (BAUMANN et al.,
2009).

A atividade antiinflamatória do ácido salicílico torna-o útil na redução rápida do eritema


facial. O ácido salicílico também tem um perfil de segurança muito bom, sendo que a sua
toxicidade (salicilismo) ocorre quando aplicado a grandes áreas devido à absorção
sistêmica, e é geralmente associada a altas concentrações. É de baixo custo, fácil de
aplicar e tem a capacidade de auto-neutralização. Outro benefício é o seu efeito clareador
na pigmentação pós-inflamatória devido à acne (KONTOCHRISTOPOULOS et al., 2017;
AL-TALIB et al., 2017).

6. ATIVO LIPOLÍTICO

Uma das maiores preocupações estéticas das mulheres é com a gordura localizada,
tecnicamente conhecida como lipodistrofia. Desta forma elas recorrem a dietas, atividade
física com o intuito de melhorar o contorno corporal e reduzir medidas, no entanto em
algumas regiões do corpo a gordura é de difícil diminuição, sendo assim indicados
tratamentos estéticos que auxiliarão na queima e diminuição destas gorduras localizadas
(MACHADO et.al,2017)
Nossa pele é composta por três camadas sendo a mais profunda composta por tecido
adiposo responsável pelo equilíbrio térmico e para gasto enérgico durante as atividades,
ela é composto por células adiposas onde, em seu interior, possui triglicerídeos no qual
são obtidos em parte através da alimentação (KRUPEK,2012). A Formação de gordura
localizada esta relacionada ao numero, local de células adiposas, idade, sexo,
alimentação, sedentarismo, fatores genéticos (MACHADO et.al ,2017).Para que o
adipócito seja diminuído ou eliminado é necessário ocorrer o processo de lipólise onde
através de estimulo químico a enzima adenilciclase converte ATP em AMPc para ser
gasto no organismo em consequência eliminado(CARVALHO; VILAS BOAS,2009).

O tecido adiposo é um tecido conjuntivo frouxo, tendo como principal componente celular
o adipócito, uma célula derivada de fibroblastos, que é especializada em armazenar o
excedente de calorias na forma de triacilglicerol. Além da importante função de ser o
principal reservatório de energia do organismo, o tecido adiposo também sustenta e
protege diversos órgãos, atua como isolante térmico e secreta muitas citocinas que
modulam diversas funções (FONSECA-ALANIZ et al., 2006).

A lipogênese consiste na síntese de triacilglicerol a partir da hidrólise dos quilomícrons e


das lipoproteínas pela enzima lípase de lipoproteínas. Os ácidos graxos são convertidos
em acetilCoa, esterificados em glicerolfosfato e o ácido fosfatídico formado se transforma
em diglicerídeo ao perder o fosfato e, em triacilglicerol, ao ser adicionado o terceiro
acetilcoa (BORGES, 2010). O catabolismo destas reservas de gordura, denominado de
lipólise, é um evento controlado por hormônios (catecolaminas, glucagon, paratormônio,
tirotropina, hormônio melanócito estimulante e adenocorticotropina), citocinas e
adipocinas (ZECHNER et al., 2009). Os adipócitos possuem receptores β-adrenérgicos
(agonistas) e α2- adrenérgicos (antagonistas) associados à proteína G estimulatória e
inibidora, respectivamente (RIBEIRO, 2010). Quando o receptor adrenérgico β é
estimulado, ocorre a ativação da enzima de membrana adenilciclase que transforma o
ATP em AMPc, a proteína quinase inativa é ativada e, assim, também a triglicéride lipase
que irá hidrolisar os triacilgliceróis. Os ácidos graxos liberados são metabolizados ou
atravessam a membrana da célula e chegam à circulação sanguínea, se ligam à albumina
sérica e são transportados até a célula que os utiliza. Já o glicerol, como é solúvel no
plasma, é captado pelo fígado e reaproveitado (ZECHNER et al., 2009; BORGES, 2010;
RIBEIRO, 2010).
6.1. Cafeína

No nosso organismo, a hidrólise de gordura é efetuada pela enzima monofosfato cíclico


de adenosina (AMPc), que é fornecida ao adipócito pela mitocôndria. A quantidade
insuficiente de AMPc acarretará acúmulo de gordura, portanto um dos caminhos para o
tratamento da gordura localizada é aumentar a produção dessa enzima; elevar a
temperatura fará o metabolismo da mitocôndria acelerar e, por consequência, sintetizar
mais AMPc (BORGES, 2010).

A cafeína, da família das metilxantinas, é utilizada como ativo lipolítico devido seu efeito
inibidor da fosfodiasterase, enzima responsável pela formação de gordura nas células,
age na quebra dos triglicerídeos dentro dos adipócitos, sendo assim utilizado em
tratamentos estéticos (CARVALHO et al., 2009)

A cafeína é um extrato vegetal indutor da lipólise, contém metilxantinas que promovem a


quebra e queima dos triglicerídeos, também atua na derme, melhorando a aparência da
pele, estimulando os fibroblastos para a síntese de colágeno e de outros componentes da
matriz extracelular, ocasionando aumento da firmeza da pele. Além disso, aumenta os
níveis de AMP cíclico na célula, promovendo proliferação por meio do estímulo ao
metabolismo celular (MAGALHÃES et al., 2013).

Quando ingerida, sua ação lipolítica se deve à movimentação dos ácidos graxos livres dos
tecidos ou estoques intramusculares. Age também como competidor dos receptores de
adenosina, elevando os níveis de AMPc, que ativa as lipases hormônios sensíveis,
promovendo a lipólise (MELLO et al., 2007).

As formulações que contém cafeína são bem toleradas pela população. Diversos estudos
feitos, concluíram que os cremes com cafeína são bem toleradas pelas pessoas que
fazem o seu uso, mas que o risco de reações deve ser considerado, devido ocorrências
de reações alérgicas (RAMALHO et al., 2006).

7. CONCLUSÃO

Com este trabalho, pude concluir que existem ativos que ajudam na melhora de vários
tipos de afecções e que agem de maneiras diferentes. No mesmo, foi apresentado o ácido
kójico que inibe a enzima tirosinase e interrompe a formação da melalina, ajudando na
prevenção de melasmas; O ácido hilaruônico, uma substância que além de formar um gel
e fazer preenchimento para amenizar rugas, estimula a produção de colágeno; Temos a
vitamina E e a coenzima Q10 que ajudam na prevenção do envelhecimento, neutralizando
os radicais livres que são um das principais causas do envelhecimento da pele; O ácido
salicílico é utilizado no combate a acne pois possui ação queratolítica, que deixa a pele
mais fina, antimicrobiana, que ajuda a diminuir a invasão de bactérias e fungos, também
proporciona uma ação seborreguladora, que age no controle da oleosidade, além do seu
poder anti-inflamatório; E o trabalho foi finalizado com um ativo lipolítico chamado cafeína,
onde ela age inibindo a enzima fosfodiasterase que é responsável pela síntese de
lipídeos, além de acelerar o metabolismo, aumentando a quebra de gordura.

Pude observar também que um único ativo pode ter mais de uma função e podemos
juntar mais de um ativo para se obter melhores resultados.

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