Você está na página 1de 155
Compéndio de } Historia da Igreja POR FREI DAGOBERTO ROMAG, 0. F. M. ‘Loate geal do Biatoia Estetica , 4 wy : 1 VOLUME A ANTIGUIDADE CRISTA Lu PRIM AT UR POR COMISEAO ESPECIAL DO EXMO. E REVMO. §R. DOM MANUEL PEDRO DA CUNHA.CINTRA, BisP0 DE PE. PROPOLIS. FRLAURO OSTERMANN, , OFM. PETROPOLS, 21208, PREFACIO DA 1* EDICAO Se com este volume comego a dar aos estudantes de feologia um manual, que possa servir de base 20 estudo da historia da Igreja, tenho a convice3o de cumprir os votos € desejos de muitos, néo $6 estudantes de teologia, sendo também outros filhos e admiradores da santa Madre Igreja, © pouco que existe em nossa literatura sobre 0 assunto, & j& bastante antigo e no pode satistazer aos desejos de tan- tos espiritos que por ele se interessam. De outro lado, porém, devo confessar que & uma em= presa das mais diffceis escrever a hist6ria da Igreja mum ambiente em que faltam os subsidios mais indispenséveis, No pretendo, por isso, realizar todas as esperancas dos jovens estudantes, ¢ menos ainda dos peritos tedlogos. 0 ‘manual no quer Ser uma obra de todo original e perfeita, Sorvi-me para a sua composigo, antes de mais nada, das prelegies dos meus inolvidaveis lentes da histiria ecle- sidstica, no Atenew de Santo Anténio de Roma, Consultel também numerosos manuais € monografias que se escreve- ram nos diversos paises do velho mundo, conferindo, quan- do possivel, constienciosamente as fontes.primitivas, Nao indiquei, porém, todas as fontes ¢ a literatura completa, 0 que initifmente aumentaria as paginas dum simples manual; fiz somente as indicagSes mais necessérias. Como a arte crista, nos iltimos decenios, cada vez mais, ‘se tornou disciplina a parte, que deve ser tratada em par- ticular, separei-a completamente do manual. De outro lado, sendo geralmente o lente de histéria eclesifstica também © de patrologia, resolvi unir esta com a hist6ria antiga, tratando-a mais extensamente, para assim evitar imiteis re- petigoes. Espero, pois, que poderei oferecer, se niio um traba~ ho perfeito, a0 menos um compendio stil 20s. estucantes 0 Pretécio de teologia, Queira Deus abencoar estas humildes paginas de histéria na sua missio que pretendem iniciar para maior honra e gléria de Deus ¢ de sua santa Igreja. Curitiba, Festa do Doutor Serdfico S. Boaventur de 1980, 14 de Julho PREFACIO DA 2 EDICAO Desde mais de um ano, esti esgotada a 1.* edigio des- te compéndio de historia eclesidstica. Doengas.prolongadas € outros trabalhos no me permitiram atender as reclama- ses € avs pedides que, varias vezes, me foram feitos da parte da Editora, Mas, finalmente, aqui esta a 24 edigdo do 1° volume, e, em breve, seguiré, se Deus quiser, também a do segundo. Procurel melhorar, quanto possivel o manual, seduzir 4 um minimo as expresses. gregas, cortar alguns pontos de pouco interesse, explicar outros mais claramente, corri- gir algumas opinides erradas e dar a0 todo um aspecto mais Claro para a meméria e mais agradavel a vista, tomanda em conta as benévolas observasdes que com muita caridade me fizeram alguns Reverendos Padres. Deus Ihes pague. Soja em tudo adorado © lowado Cristo, Rei doe séculos « da eternidade. Petropolis, na festa da Pascoa de 1948 INTRODUGAO § 1. Conceito e fim, importincia e método da historia eclesigstica 1. A Igreja € 0 corpo mistico de Jesus Cristo e, por- lanto, € diving, essencialmente imutivel. Imortal e divino & tudo que Ihe vem de Cristo, seu fundador, e do Espirito Santo, que a dirige coatinuamente. Enquanto divina, a Igreja ‘io tem hist6ria, porque historia é desenvolvimento, mudan- ga. Mas, instituida pelo divino Salvador para salvagzo do enero humano, ela € formada também de um elemento fu- mano, os membros da hierarquia e 0s fikis, considerados a0 seu conjunto: a comunidade dos itis, a éuxinotn do Novo Testamento, Ela é wma sociedade visivel em seus membros. Inimigos anticristos véem nela iinicamente uma sociedads violvel. Tendéncias erradas dentro do crlstiania- ‘mo, espiritualisticas, veem nels inicamente uma sociedade fnvisivel. Mas a apologética e a historia nos ensinam 0 du plo elemento, divino e humano, visivel e invisive. Por isso, a Igreja tem necessariamente a sua hist6ria, © seu desenvolvimento. Como 0 gro de mostarda & a mais pequena das sementes, mas, crescendo, se torna a maior das Plantas ¢ se faz uma Arvore (Mt 13, 31-32), assim a gre ja havia de crescer até chegar a estender os seus ramos sobre toda a terra. A exposigio cientifa deste seu desen- volvimento objetivo & 0 que chamamos historia da Igreja, no sentido tcnico da palavra, 2. 0 objeto da histéria no sentido mais restrito 6 0 fuomem. Como individuo, ele & objeto da biografia. Como dade € objeto da histria universal. Se- 0 fim, a felcidade temporal e eterna, & objeto da historia profana ou religiosa. A religiéo ocupa 0 2 Introdugio lugar mais nobre na histéria da humanidade. Ela consiste ‘no conhecimento te6rico de Deus e no culto pritico, tal qual se tem formado, no decurso dos séculos, entre os varios povos, Na realidade, sio muitas as formas de religido. Mas a razio nos ensina que sb uma pode ser verdadeira, e a apologética nos diz que esta é a que tem por fundador a Jesus Cristo e que nés chamamos Igreja catélica, apost6- Tica, romana, Jesus Cristo fundou a sua Igreja para todos os tempos € para todos os povos. Segundo tempos e povos, cla desen- volveu-se externa e internamente, O seu desenvolvimento externo, a sua difusto, as relagbes com os Estados, as per- seguigées que se The fizeram com as armas do poder poli- tico € do espirito, € 0 que chamamos historia externa da Igreja. © seu desenvolvimento interno, a evolugdo da sua constitui¢fo, que por vezes precisava de ser ampliada e re- formada segundo as exigencias do ambiente local e tempo- ral, a fundacho de institutos, a formulacso determinada do culto e da doutrina em si imutavel, 0 desenvolvimento das cigncias e da disciplina, enfim todo este evoluir progressi- vo © orginico que, segundo os designios de Jesus Cristo, devia operar-se no decurso dos séculos, & a historia inter na da Igreja, Considerando todo este processo, podemos detinir a historia eclesidstica como exposicdo cientifica do desenvolvimento externa e interno da sociedade visivel, fun- dada por Jesus Cristo para a salvacao da humanidade. 3. Nesta definigdo da historia da Igreja exprime-se, a0 mesmo tempo, 0 seu fim: pesquisar e expor, clara e cien- tificamente, todas as manifestacdes da sua vida, todo o sett desenvolvimento, realizado no tempo € no espaco. 4. Desia definigdo se deduz outrossim a grande im- portincia da histéria eclesiastica. A histOria & antes de tu- do, um meio para conhecer a Igreja, sociedade visivel de todos os cristaos. Nao ha outro meio, pelo qual se possa conhecer melhor a lgreja, do que a sua propria atividade, seu desenvolvimento externo e interno, a sua historia, E co- mo a hist6ria da humanidade desperta 0 interesse dos he mens, porque nela se conhecem a si mesmos, assim a hi tGria eclesidstica desperta o interesse dos cristdos, porque @ a historia daquela grande familia a que pertencem, e que tem por chefe o proprio Filho de Deus. § 1. Conceito e im, importincia e método da historia ecleséstica 13 Mas, sendo a Igreja verdadeira depositaria da revela- io divina, a sua historia 6 também um meio para conh cer as riquezas da verdadeira fé. E’ e serd sempre uma apologia eficaz da religiio catblica ¢ da Igreja, & e sera sempre uma prova inconcussa de que a Igreja, apesar de todas as mudangas que sofreu no tempo © no espaco, & © sserd sempre essencialmente tal qual foi nos primeiros ‘anos da sua existéncia. Enfim, 0 caidtico e, em particular, 0 te6logo reconhe- cerd, estudando a historia da Igreja, que o florescimento do reino de Deus na terra depende, depois da graca divina, sobretudo da piedade, da sabedoria e do zelo de seus mem- bros ¢, principalmente, de seus pastores. E conhecendo a Igroja pelo estudo da sua histéria, amé-la-d, ¢ com cla hd de viver ¢ sentir. 0 desconhecimento da historia eclesiastica, pelo contrario, afeta também as outras cigncias teolégicas , por conseguinte, todo a sentimento eclesiastico ¢ religioso. 5. No entanto, para alcangar o sew fim, © para cor- responder perfeitamente a sua importancia, a historia ecle- sidstica deve nortear-se por certas regras. Em primeiro lu= gar, ela tem de ser objetiva, i. & deve deixar de lado todo © partidarismo, embora aquela ‘objetividade absoluta, da qual fabularam certos espiritos liberais, seja uma quimera A historia deve, em 2° lugar, deduzir-se das fontes pi tivas, que, por sua vez, devem ser mnuciosamente exa nadas, segundo as regras da critica externa e interna, vem ser explicadas pelas diversas disciplinas da propeda tica historica A historia deve, em 3° lugar, seguir 0 método pragma- tico-genético que, em toda parte, procura os motivos, as causas, 08 conexos dos varlos fatos histéricos, Errada é a consideracso moderna da historia de Macchiavelli, de Mon tesquiew ¢ das filosofistas: Todo acontecimento histérico de senvolve-se necessariamente de sua pressuposicio e tem ne cessariamente este ou aquele efeito. Todavia, ha certas leis morais; tudo tem certa finalidade. Tal método nada tem que ver com o pragmatismo utilitarista que na histéria re conhece apenas um meio de sustentar e melhorar a vida © verdadeiro pragmatisma teolégico reconhece na histéria os desfgnios da Providéncia divina. E esta consideragio nos eva a um 4° ponto: Sendo a Igreja uma institwigao com- : i ; ' “ Introdugéo posta nfo s6 de elementos humanos, mas também de ele- entos divinos, 2 histéria deve nortear-se pelos ditames da religido. Esta nem impede nem dificulta 0 método cienti- fico da histGria; pois 2 %€ e a ciéncia ndo se contradizem. Ambas procuram a verdade, que € uma s6 De Smedt,Princpen de In rlaye Nsopgue, Pais 188. — Bernhcim, Lekrbuch der hist, Methode, ed, 5-8, Leipzig 1908. Feder, Lehrbuch det hist. Methodie, ca. 2, Regensburg 1921. — Fonel, Wisenchat. Anite, 2 Inbfuck 016," api, ‘Geschlehisphiiosophie, 1921; trad. ital, por Pagnini Firenze 1928, — Albers, Manusie a propedeutien stories, Roma 1009, —~ Isoldi, Pre fecees de yntrodugdo’& historia e cetien histiriea, S40 Paulo 1982 — ‘Sohtets, Gott in der Geschichte, Salzburg 1930. § 2, Divistio da historia eclestéstica 6. A Igreja apresenta-se-nos como um organismo mui- to complexo de fatos e ao mesmo tempo, como um orga~ nismo que tem wma existéncia quase duas vezes milendtia. Para se formar uma idéia exata dos diversos acontecimen- tos em particular, como de toda a vida da lgreja em geral, divide-se a sua histéria segundo a natureza dos objetos ¢ principalmente, segundo os periodos do tempo. Distingui- mos, pois, uma divisio real e uma diviso eronolbgica 7. A divistio real tem a sua razio de ser nas vérias formas e diversos modos, pelos quais a Tgreja procura cum- rir a sia missao, Esta atividade da Igreja diz respeito ow 2 pessoas ¢ sociedades, que The so alheias, ou a si mesma f setis membros, Segundo estas diversas formas de ativida- de distinguimos uma histéria externa e outra interna, como {4 {01 explicado. Mais importante & a divisio eronolégica, embora de per si o seu valor soja apenas relativo, Pois 36 uma com- Preensio clara e nitida do processo genético-cronoldgico po Gera ser guia seguro € ensinar-nos 4 ver e compreender os fatos particulares A luz dos grandes acontecimentos, e a Yer ¢ compreender o sentido da historia. 8, Mas serd_possivel uma tal divisdo? Sem divida. ois, como na vida do individuo ha diversas fases, e como ‘6 mesmo acontece na vida dum povo inteiro, assim também na vida da Tereja, que abrange todos os povos ¢ todos 0s tempos. Na realidade ha, no decurso da hist6ria ectesiés~ fica, fatos © pessoas que, colocados pela Providencia divina § 2. Divisio da historia ectesistica 18 ‘em determinado ambiente de tempo e espago, exerceram um influxo decisivo sobre toda uma idade, Outros, menos im- portantes, determinaram uma época ou um periodo. Dois fatos hi, que nos autorizam a dividir a historia da Igreja em tés grandes idades, antiguidade, idade-média ¢ idade moderna. O primeiro & a transmigragio dos. povos {getmnicos e a conversio deles ao cristianismo; © segundo & 0 aparecimento do espirito modern. 9. Cada uma destas idades tem o seu cardter especial A antiguidade cristd apresenta-nos o cristianismo nascente, colocado em frente duma cultura antiga e florescente, que se formara sem o cristianismo e antes dele. E’ a cultura dos agregos ¢ romanos. Esta cultura, porém, havia de transt mar-se, pela influéncia abengoada do Evangelho, de pagi que era em crista. Esta idade grego-romana termina, no oci- dente, com a migra¢ao dos povos e, no oriente, de certo modo, com o sinodo trulano de 692, Naturalmente, os pon- tos divisbrios ndo aparecem sempre bem claros; no podem ser fomados matematicamente. Por isto, nem todos os his- foriadores fazem a mesma divisio. Por sua vez, a antiguidade crist& 6 dividida, pela con- versio de Constantino Magno ou pelo Edito de’ Milfo, em dduas épocas: 1) a época da fundago © propagagio do cristianis- smo, aatim como da aue defesa contea 0 jdaiamo e, sobre tudo, coniza 0 paganismo, — tempo das perseguig6es e dos apologetas (1-313); 2) a epoca das controvérsias dogméticas, dos conci- lios, da constituiglo e dos Padres da Igeeja, no império cris- ‘0 (313-892) 10. A migragso dos povos germanicos jA enti come- gara a destruir 0 império ocidental © ampliar 0 ambien= fe da historia antiga. A edueagio destes povos pela Igreja ma cooperagio com a mesma preenchem a his oposta, E’ ela que cria uma nova cultura, a cultu- ra cristd, e a leva a mais alla perfeigao. Baseada no solido fundamento da sua vida interna, manifestada pelo monaca- to, liturgia, teologia e direito, desenvolve também grande atividade no campo politico-cclesidstico. Por conseguinte, 6 Introdugio acentuam-se, mais ¢ mais, os problemas da relagdo entre 0 Estado e a Igreja. Toda esta evolugao desenrola-se em trés épocas: 1") a época da conversio e organizagio dos povos germanicos e romanicos, do predominio imperial da cultu- Fa carolingio-otOnica, ou seja a idade média primitiva, até 1073; 2) a época do predominio dos papas, ou a alta idade- média, desde Gregério VII até Bonitacio VII (1073-1303); 3°) a Gpoca da dissolugdo. da cultura medieval e da uta contra 0 predominio eclesidstico, a baixa idade-média (1303-1517). 11. A mudanga essencial da cultura europtia, o apare- cimento do espirito moderno, teve por consequéacia um rom- pimento cada vez mais sensivel entre os povos da Europa ea Igreja que, até entdo, thes fora guia e mestra, Esta separagao achou uma express4o particularmente triste na perniciosa revolugdo de Lutero contra a fgveja, a pseudo reforma protestante. Originou-se uma cultura auténoma, que sucessivamente se manifestou anti-eclesiéstica, anti-cristi. e ireligiosa. E’ a idade moderna que, segundo 0 dito desen volvimento, se divide em duas épocas, separadas entre si pelo chamado esclarecimento: I+) a época da revolucio eclesidstica ¢ da cultura ant eclesiéstica, que ainda conserva a f& na revelagdo (1517-1700); 2) a época do Estado atefstico e do espirito anti-cris- tao e irreligioso, que nega por completo a revelagio, época esta que, por sua ver, € dividida pela revolugdo francesa em dois periodos. Celtarus, Historiae antiquae, mediae, novae nucleus, Jena 1575. — Geeller, Die Perodisieving der Kichengeschichte und dic epochate “Stelhing. des. Mittelaters, Freiburg. 1019. Lorts, Die “Gesehieine der" Kirche in ideengeschietticher Betrachtung, ‘Muenster 1053 § 3. Fontes da historia eclesidstica 12, Fontes da histétia sio os produtos da atividade humana, ou destinados ou, a0 menos, aptos, por sua exis- ‘éncia, origem e outras circunstancias, a serem testemunhos. dos fatos histéricos, Fontes da histiria eclesiastica chamam- § A. Fontes da histéria ectesiéstica Ww se, portanto, os monumentos, escritos ou no escritos, que nos dao noticia do passado da Igreja. 13. As muitas e vatiadissimas fontes da histéria ecle- astica podem dividir-se: 1*) segundo a sua origem, em fontes divinas, que sto 08 livros da Sagrada Eseritura, e fontes humanas. Estas sio imediatas ou mediatas. As fontes imediatas ou originais pro- ‘vem de testemunhas oculares ow auriculares, como docunven- tos, relagdes, memérias e outros monumentos contempora- eos, As fortes medialas ou derivadas so relagGes. poste- riores, fundadas em fontes anteriores; )) segundo a posi¢ao do autor em fontes piblicas e privadas. As fontes publicas ou oficiais, que sfo redigidas ou reconhecidas por uma_autoridade eclesidstica ou civil, tém por sua natureza uma"importancia particular. Tals so, P. eX, decretos, bulas, breves dos pontifices romanos, atas dos concilios, disposigdes e cartas pastorais dos bispos, leis da Igreja e leis civis referenies 2 Igroja, concordatas, re- gras de ordens religiosas, liturgias, simbolos. As fontes.pri- vadas ou particulates sao relagdes fellas sem autoridade oficial, que, no entanto, servem para esclarecimento sobre pessoas e fatos notavels, p. ex., atas e biografias dos mar- tires © santos, os escritos dos Santos Padres, dos escritores: eclesidsticos ¢ obras dos adversarios da Igreja; 5°) segunda forma, em fontes eseritas, momimentos propriamenie ditos, como edificios cultuais, pinturas, moe das, etc., ¢ fontes orais, como lendas e tradigdes populares. 14. Para facilitar 0 uso das fontes da historia eclesiés- fica, fizeram-se grandes colegdes, SO as mais. importantes sejam aqui mencionadas: 12) Atas pontiicias: Pontticum Romanorum a S, Clemente 1 tasque ad Leonem Magaum epistolae genuinae, ed. Coustant, Paris YT; ed. Schoeneniann, Gosttingse 196, — Pont, Rom. pel Tato han uy ee, ae 80 99 via tou ee cade, seo tame Weta Prego, Aqui temos 0 principio do prema imado dae AMG at qe # Tare mana tes Sade ws teiog Baquo era 9 cena externo de wkd cent yecas, S Petro 5 fo tempo apostticn, A sta pre ae eva ado de jrasga, proslo conte a ena Yo, 18; Jo 2h, 15-17) © conta t Jitos fatos relatados na Sagrada Escritura, ha ; Por rr aog seus sucessores. E prova-o com centers a iu passanbem @ wadicd e da Igreja. Os Santos Padres wae 205 cota ela. 8 Sats Paes tn fame 9 Wadia am concede. Pedro © prima we ansdigto 98 1 epoca: Desde « fundagho da Igreja ao Fdito de Mikko 100, 8. Inacio de Antioquia chama, no principio da sua carta aos romanos, aquela Igreja “dileta ¢ ilaminada, a qual também preside na regio dos romanos... e preside 4 allan- ga da caridade”, i, 6 da Igreja universal; pois, segundo a terminologia de S. Indcio © segundo o conexo, seri dificil dar outro sentido a esta expressdo (ofr. Rom 9, 3; Tral 13, 1) Abércio, bispo de Hierépolis, no seu célebre epitatio de 193, conservado no museu fateranense, da a Igreja ro- mana o titwa de Rainha, vestida de oura (Kirch 188) S. Irenew reconhece na Igreja romana uma “potentior principalitas”, por ser fundada pelos apdstolos S, Pedra e Paulo, e exige que, por motivo desta dignidade, todas as Igrejas com ela estejam unidas (Adv. liaer. 3, 3, 2) Também §, Cipriano fala, muitas vezes, do primado romano; € set festemunho ¢ tanto mals preciaso, quanto mais envolvido se achou em strias controvérsias com aque- la Igreja. E' verdade que o grande bispo de Cartago di aos outros apéstolos a mesma honra e 0 mesmo poder co- mo aS. Pedro, e ensina que os bispos devem dar conias somente a Dens da administragao das suas igrejas. Toda- via, em stas cartas chama a sede de Roma “cathedra Pe- ti", e “Ecclesia principalis, unde unitas sacerdotalis exorta est” (Ep. 55, 8; 59, 14). Portanto, embora S. Cipriano n&o fosse um advogado da posi¢io monarquica do hispo de Ro- mma, nZo pode ser chamado episcopalista, como o fizeram diversos autores modernos. 191. G testemunho dos Santos Padres & confirmado por fatos historicos. A Igreja romana, desde os primeiros tem- pos, tem exercido esta primazia, e embora © exereicio do primado nao alcangasse logo a sua importancia medieval €.0 bispo de Roma ainda ndo tivesse um titulo distintivo, todavia, sempre reciamava para si aquele primado, € 08 ov {ros bispas tho reconbeciam, E as proves? Quando, pelo fim do primeiro século, surgiram conten das a Igreja de Corinto, obispo romano, $. Clemente (e nnio o apéstolo S. Jogo, que ainda vivia e residia em Efes0), addmoestou os cristaos, € 0 seu tom autorititio revela a sia conscitncia de possuir a supremacia (Cor 1, ST. 58. 63). Ele pede, suplica aos cutpacios, mas também manda e re sus woes, ot, estes € ute 0 ko # sr ant como, ge see no Bao Sa Wie tixeront 1, 141-42). te Wee Lowa ny de Alcan fo asad gra hs de a) eter chad Fo de Dew! ‘na criatura-do Pai, Obispo de Alexand ia ie tous wt She iop de Roms, som canted HOO. ee E ide notar-se também que os hereges wn Bae te de masa» oan com He, convene universal. A primazia at Tera Je atito com & erant, como unt ato consumado, | nee ppinneitos séeulos da histéria, 1 primatum Romanum spectantes at priya, Der etree, P= naa geront Wy 133 $8 24, Bdueacdo, eleigho, sustento © qwatidades do lero ce do Ena fo os 1 Osean ens, Os proses pisos hs Coat, neces a cevi e cee Te at os apostolos a Sim dle prepari-los PANE Te ale ei ae etament ysson, al fade {eranen0 rae ‘mesma forma, 08 SCUS suceSsOres. Foi est eae igos na antiguidade, aera a do cigs anal, tienes AGS a i: foe ea oe am eter jmediatamente inferior. De sde fins do sf lace na order Ame lem disso, as escolas catequéticas: emt moa ae pe gt ta las. se 4001 época: Desde « fundaglo da Igreja ao Edito de Mii 1, 5). S. Clemente Romano atesta onoame caxtone (Cor. 44). ° lei, ze bispos da provincia, 0 consentimento e a oa seapo, Ea efi a exempl do apts conforme sits 4 oedristo dos sass « didonos sbi as epi a us Se i % lo: "Nao sabeis que os que trabalham no sentuario comem do que € do santudrio, e que os que servem ap alti ean Feciam donativos por ocasi do ctiio divine. A Doutrina tuliano fala de contribuigdes que se fazian renealiente irabatno de suas proprias moe. te pelo comercto, secre a or Se 196, As qualidades morai tel os clinicos € os que se castraram a si mesmos. Parz os biteros, una idade de (rita anos (Didase. 31) yesmo costume me ¢ 25: Balin, simbolo batismal « oposigdo Werésien 101 ticos, Os que entravams casados no estado eclestistico, Ps vos ele continuar a viver com suas mulheres. Depols 42 sartaaao, porem, of Bispos, presbiteros € dideonos no se pod wais casar. “Tadavia, coino © celibato, seguaclo expressbes claras da Sagrada Escritra, tanto de Jesus Cristo (Mt 19, 12), core See aulo (1 Cor 7, 7. 25 ss), era mais perfect € ds punta melhor pata o servigo de Deus, muitos crises ane Pane J voluntariamente do casamento, ¢ de entre eles eran ahaMnidos, de. preferéncia, os cltrigos. Deste moda, oe hate foi consiterado, desde Togo, como estado mals apro- Prado. as tres ordens superiores a jerarquia eclestistty Prigaede 0 século IV, se foi tomando obrigatério, Pals Pre «ever Joi decretada esta obrigagio no can, 38 da con ane NSE ira Ce, 300), tornando-se, em segutda, universal para o ocidente Umma teniativa do concilio de Nietia de inteoduzlr 0 e== iibato obrigatorio também no oriente fol frustrado pela ope apa fe taapo Patnicio do Egito (Socr HE 1, 11), Cone sere D cetibata tonnou-se_ obrigatorio também no orients para. 0s bispos. rank, Kiyehengesch. Abhanaungen wad, Untersuchungen Ty PI beret at Mengenroether Kirsch 250 caPETULO I CULTO, DISCIPLINA E VIDA RELIGIOSO-MORAL DA IGREJA § 25. Batismo, simbolo batismal ¢ oposigdo heretics 108. a. Um dos fatores principais, que tevaram 0 cris= fianismo A viloria, foi a admirdvel haentonia entre af & & canis eristios, No tempo das perseguisdes, 0 exempo “hae seis eo herofsmo cos mériires eram nao raras Vez*s; ao ee repentinas conversbes. © martirio substitiia, nestes cause preparagio e o Batiste (Terk, De bapt. 16). Fore Ca eee porein, 0 batismo era, deste o primeira dia ae grea, condo necessiia para entrar no zeino de Deis da ereltde. das palavras de jesus Cristo (Mt 28, 195 Jo 3, 5) W021 época: Desle 2 tundacdo da Igreja ao dito de Mile 6, Nos tempos apostilices, o batismo era_administra- do logo depois da profissto de £8 em Jesus Cristo, como atestam, diversas vezes, 0 Atos dos Apéstolos. Mais tarde, porém, fazia-se preceder wn longo periodo de preparagio, 9 catecumenaio. 0 sinodo de Elvira estabeleceu que duras- se dois anos, ¢ quando necessario até trés (ce, 4. 42), 199. 0 nome de “cateedimenos” foi empregado, pela primeira vez, por Tertuliano. Mas j4 S. fustino conhece a instituigdo (Apol. 1, 61), e, pelo ano de 220, eneonteamos em Roma usm catecumenaio perfeitamente organizado (Mip., Trad, apost. 40-15) Ducane 0 catecumenatn, os que se prepacavara para entrar na Igecja podiam assiotir simente 4 primeira parte da santa Missa, chamada “Missa dos eatecimenos". Distin- guiam-se, no extanto, desde 0 sinodo de Neovesaréia (c. 5), ‘res clastes de eafectmenos: os audientes, que assistiam & pregagdo; os genutlectentes, que, depais da. pregacéo, sistiam ainda a oragio e a bengao do bispo; os competen- tes, que jf estavam para receher, em breve, 0 hatismo. De tudo isto se deduz que’ Datismo dos adultos era a regra. Mas também o batismo das criangas se praticava (lren,, Adv. hast. 2, 22. 4). Origencs chama-o uma (radie Go aposidlica (Ep. ad Rom. 5, 9). Desde 0 sécula 1, & costume geral. S. Cipriano quer que o batisiwy néo seia Aadiado mais de orto dias depois do naseimento da erianga 200. Fora de casos de necessidade, a administracao do vatismo tinha lugar nas vigilias da Pascoa e de Pente- costes, Fazianse primeixo nos vios, tangules @ mares, ou em ‘qualquer Ingar, onde honvesse Agua (Did. 7; Just, Apol 1, Gl; Tert, De bapt 4), mais tarde, em batistérios prd= prios, por una teiplice submerséo. Aos enfermos (élinicos), @ em casos que nao permitiam a submersto fazia-se por ir. acdo ou asperséo, Administravam-no 0s Dispos on, por seu mandato, os presbiteros e difconas. Em caso de necessidade, também 6s leigos podiam hatizar (Tert,, De bapt. 17) 201, Jf antes de 200, os eseritores eclesiasticos falam de algunas ceriménias que precestiain ow acompanhavam 0 ato do batismo: o sinab-da cruz, 0 sal, a a 4 rensincia a Satands, os exorcisms, a prot tuliano men Ho com dleo, io de £6, Ter na também os padrinhos (De bapt. 18). De- 5 25, Barieme, famat ¢ oposicho hertice 108 simboto batismal © oposi c Ges ae Pe Sa tam «ron Oe: ne na Hola preset Pr a TN tbe fea, Era, por isso, 0 fundamento instroeé 03 ne “a eados do século V. ra rage. jele néo discordava essencial nente, n aoe See la reg Su a cn 9 ony seu tratado De baptisme ° w ores ‘couse J mesmo sentido se pronuncia 7 i" cause Cea ja Menor (Eus, HE 7. 7) " 'b, Em dois sinodos de Cartago, presidides por > ° 156), foi pronunciada, mars uma v4 fa. Dai resulto co ia entre as re down ‘tou uma contend acalorada et Fra douteina. Dat res "a0 | (254-57) ate ang Rom O20 Fino fede ai pee de OM Dariso, de Jes Ce Pees nova ot area (CYP Eo nhdo, a sua repeticag " 104 1 época: Desie a fundacdo da Igteja ao Esto de Mikio Ep. 74, 1; DB 45). Realmente, nto admitiu os tegados dum terceiro sinodo de Cartago na comunhao da Igreja romana, © que equivalia/a um andtema ao primaz da Africa. Ci. riano resistiu. O cisma parecia inevitavel. Estévo nfo con- Soguitr extirpar o erro, 204, a. A perseguigdo valeriana tranquilizou, por algu tempo, os animos, © os dois adversarios morreram duran- te a mesma perseguigao, Estévio em 257, Cipriano em 258 © papa Xisto 11 (257-58) restabeleceu a comunhao da Igt ja de Cartago; mas nao conhecemos claramente 2 conduta deste papa. Também ele morreu antes de Cipriano. Como © bispo de Roma, assim também Dionisio de Alexandria de- fendeu a validade do batismo dos hereges, saivando 0 ca- rater sacramental do batismo contra as consideragées subje- tivistas de Cartago, . Mais tarde, os donatistas negaram novamente a va~ lidade do batismo dos hereges. O sinodo de Arles (314) teve de tratar da questo. Condenou 0 erro, fazendo, porém, luma distingao entre diversas categarias de hereges, 0 que alias fizera, por certo, Estévao 1 e © que igualmente tize- ram, mais tarde, os conciliog de Nictia © © Quinissexto. sara uainger-Bonnwart, Enchtidion, symbolorum, — Soien, Dee Streit auischen Hom und Kartiagy ueber die Ketzeitaute, Rew 1608, Haak 2ch ie autem Neuen Testament. (Bibl Zetth. th, ty Muenster 1010, — Duchesne, Origines du culte chidion & vol, Bel is 1825, Badeact, The itistay of Crowds, London sl § 26. Eucaristia, agape ¢ disciplina do arcano 205. a. Ao batismo seguiam logo a contirmacio, admi- nistiada exclusivamente pelo bispo, ¢ a comunhao’ (Just, Apol, 61. 65; Tert., De bapt. 8). Centro do culto foi, des. de o principio do cristianismo, a Eucaristia. Os apéstolos € 4 primeira comunidade de Jerusalem, depois do. primeira Pentecostes, tomavam ainda parte no culto do templo. Mas tinham também as suas proprias reunides, om casas parti. culares, onde diariamente pastiam © pio e tomavamn as re- feigdes com alegria e simplicidade de corago (At 2, 46) 5, Aqui tomos dois elementos destas reunides, a Eu caristia © os Agapes que, como a Ultima Ceia, se realiza vam a tarde, Mas, em atengo aos abusos, mencionados por S. Paulo (1 Cor 11, 20-21), a Eucaristia passou a cele- § 26. Eucarists, agape © discipina do areano 105 brar-se de manhd, talver ja pelo fim do tempo apostéli- 0, ow talvez no principio do século Il, em virtude da lei de Trajano contra as heterias (Plin., Ep. 10, 97) 206. a. As partes principais da liturgia cucaristica so mencionadas nos Atos dos Apéstolos (2, 42; 20, 7-11), na Doutrina dos Apéstolos (c. 9), na primeira apologia de S. Jstino (cc. 65-67) e na Tradigéo Apostilica de S. Hipé= iito. As Constituigies apostslicas, eseritas pelo ano de 400, descrevem-nos a Missa dos figis segundo a liturgia clemen- tina (Kirch 679 ss) &. A Missa comegava com salmos e hinos e com uma leitura biblica, costume que da Sinagoga passou para a Igreja. A leitira seguia a homilia do bispo, a oracso co- mum e a béngo do bispo. Aqui terminava a Missa dos catecimenos. ¢. Em seguida, os figis davam-se mittuamente 0 dsculo da paz e ofereciam av bispo 0 pio © o vinho misturado com gua, e 0 bispo consagrava pio e viaho, pronuncian- do uma longa ora¢o eucaristica. Os didconos repartiam o 0 € 0 vinho consagrados enire os que assistiam, O pio era levado também aos ausentes, doentes ¢ prisoneicos. Por via de regra, a comunhéo era administrada em cada sole niidade eucaristica, debaixo das duas espécies. O pio con- sagrado, que se punha na mio dos comungantes, podia ser Tevado paia casa e seivir assim paia comusbso ida. O costume de receber a contunho em jejum € mencionado por Tertuliano (Ad uxorem 2, 5), e € realmente t2o antigo como © de celebrar a Eucaristia de manha. 207. Logo no principio do cristianismo, 0 domingo era fo dia da solenidade eucaristica (At 20, 7; Did, 14} Just, Apol. 1, 67). Tertuliano, porém, menciona’ também a cele- bracdo nos dias das estacdes (De orat. 19), i. & 4° e 6. feiras, S. Cipriano fala até do sactificio diario (Ep. ‘57, 3). A celebragio competia ao bispo, que era assistido pelos sacerdotes ¢ por todo 0 clero. Quando um sacerdote © substituia, fazia-o com prévia autorizasao do bispo. 208. Os agapes que, a exemplo da ltima Cela, prece- iam & Eucaristia, continuavam a realizar-se a tarde, quan- do esta j4 passara a celebrar-se de manhd. Eram convites de caridade, feitos com os donativas dos fidis. A Didasca- lia e as Constituigdes Apostélicas chamam-nos 106 1 paca: Desde a fundagdo da fgrein ao Edito de MGlio Eram acompanhados de oragies & salmos, como também de pregagoes oportunas. Tinham o fim de socorrer os pobres € de cultivar a caridade entre os irmos. No entanto, 0 cos- fume degenerou rapidamente; e a degeneracio levou, desde © século TV, & sua supressao, decreiada definitivamente pelo can. 74 do sinodo trulano, no ano de 692. 209, Obedecendo a ordem de Jesus: “Nao deis aos cies © que & santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas’ (ME 7, 6), os fitis guardayam segredo acerca dos. misté ios da sua %é. Dai formou-se uma linguagem simbdlica in- compreensivel aos alheios, a disciplina do areano, como a chama, pela primeira vez, 0 teélogo selormado Dalleus C+ 1670). Ela dizia respeito principalmente aos sactamentos do batismo ¢ da Eucatistia, mas também ao mistério da Trindade, a0 simbolo da {é, a0 Padre-nosso ¢ outros pon- tos da doutrina, A sua exist@ncia nos tempos apostilicos € provada pelos apologetas do século 11. Numerosos simbolos tristios, como 0 peixe, a ancora, a barca, a pomba, 0 cor deito, eic., ainda hoje dio testemunho da insttuigao. ‘Alem’ do fim de ocultar os misiérios da f& aos pagios, fa disciplina do arcano visava também um fim pedagigico de preparat os catecimenos e de estimular 0 seu zelo. Sé assim se explica a sua exist@ncia ainda no século V, quan- do ja ndo havia mais perigo de protanagio. Rauscher, Monta eucharioina ot tiargioa veluntissnas (Flori patel, 7), 2. eds, Bonnse 1914; ed. Quaster 1938 Funky Kirchengesch -Abiandlonigen tnd Untersachangen 1 278-02) 1 1a B57 Cabral, Les ongines Kturpiques, Pat's 1008. — Batlifol Fludes histoire et de thénlogie. positive IH) L'Evchariste, Paris 1005; ed. 1830." Rauscken, Eucharistic und Busssakrament in den ersten stele jabrhonderten, 2. ed. Praburg. 1910. — Koch, Dag “Abendmait ji Never Testament (Cuibt" Zeittr. TV," 10) Munster 1011 § 27. A penitencia 210. a. Nao hi talvez nenhum ponto da histéria antiga tho controvertido, como o problema da peniténcia. A Igre- ja & a comumhio dos santos, Segundo opiniio de muitos fte6logos, a Igreja primitiva considerava-se como comunida- de de “santos” no sentido de isentos de pecado. Por isto, jnlgava nao poder tolerar entre os seus membros os que ti- ham pecado gravemente, porque tais pecados, depois do Datismo, no poderiam ser perdoados. Realmente, S. Paulo exclu da comunidade dos figés um ineestuoso (1 Cor 5, 5) $27. & penitencia 107 'b, Foi este o primelro exemplo de excomunhio ecle- sidstica, Distingnia-se, em seguica, uma excomunhao maior e outra menor. Esta sé exelnia da comuniiao eucaristica, A excomunhiio maior ou perpétua era apticada, desde 0 sé culo Il, por via de regra, aos chamados pecados capitais| fou mortais ou candnicos. ‘Tais eram, segundo Tertuliano, a apostasia ou idolatria, 0 homicidio € 0 adultério. Em outro lugar, o mesmo Tertufiano enumera ainda outros. 211. No entanto, 6 principio constante da Igeeja que todos os pecadores podem ser reconciliados com Deus por meio da peniténcia, S, Paulo que exchit, em 1 Cor 5, 5, ‘9 incestuoso, em 2 Cor 2, 5 ss, readmitiu-o & comunidade. © autor da Doutrina dos Apéstetos (10, 6; 14, 1), S. Int cio de Antioquia (Filad. 8 1) ¢ 0 chamado Pastor de Her~ mas (Mand. 4, cap. 3) afirmam igualmente que “a todos ‘98 que se arrependem perdoa o Senkor, se eles se conver teem a unio com Deus e com o bispo”. O Pastor de Her- mas acrescenta que esta peniténcia, depois do batismo, se concedia uma si vez, Todavia, das suas proprias palavras podenios concluir que em Roma existia 9 costume de repe~ tir a penitencia Depois do Pastor de Hermas, falam da pentiéncia Jus- fino, Dionisio de Corinto, Ireneu e Clemente de Alexandria. Nenihum deles conhece o pretenso rigorismo da Igreja pri- imitiva, $0 0 pecado contra o Espirito Samy ud puke set perdoado (Iren., Adv. haer, 3, 11, 9), Tertuliano, no set tratado sobre a peniténcia (c. 7), desenvolve as mesmas idéias, como o Pastor de Hermas. S6 mais tarde, depois da stia apostasia para o montanista, revela-se rigorista 212, A praxe da disciplina penitencifiria ndo era uni- forme em todas as Igrejas, Podemos dizer que, no século Il, era opiniao geral, que @ reconciliagio, — néo se fala aqui da penitencia privada, — sé uma vez podia ser con ‘cedida, ¢ adiava-se, nfo raras vezes, até & morte. Em ale gums Igrejas, como, p. ex. ma Espanha, mesmo na hora dda morte, certos pecadores nfo eram admitidos & comunhao eucaristica Uma mudanca decisiva designa o “edito peremptr de que fala Tertuliana no seu libelo sobre a pudicicia (1, 8) Tertuliato © atcibui ao papa Calisto T (217-22), como a malaria dos bistoriadores dizia até hi 1081 época: Desde a fundagio da Igreja ao Edito de Milo ppouco, ou a0 bispo Agripino de Cartago, como hoje mui tos dizem, ou 0 episcopada catblico em geral, como in- clina a dizer Ehthard, © edito concedia, feita a contissio ¢ 4 peniténcia, a reconciliagfo aos incontinentes. Em Roma opts-se a isto Hipélita, acusando © papa Calisto de laxis- ‘mo (Philos. 9, 12). Como Tertuliano montanista, assim tam- bém Hipélito negou a possibilidade de tal reconciliacRo. 213. Mais uma vez, o mesmo problema dew origem un conflito nas grejas de Cartago e de Roma. O motive foi er amas as Igrejas a questio dos lapsos, que aposta- taram durante a perseguicdo de Dévio. Sobre © conflito em Cartayo nos informa 8. Cipriano. O grande bispo teve de defender a autoridade eclesiéstica contra um partido de lapsos relaxados, chefiados pelo didcono Felicissimo. Eles julgavam que basfava um "tibelo de paz", para sorem re- conciliados com a Igreja e que nfo precisavam de penittn= cia, nem da adiissio. pelo bispo. Cipriano respondeu no conhecer uma Igroja de lapsos; mas promunciou-se franca mente a favor da readmissio com a condicio da peniténcia (De laps. 36). Os laxistas no se submeteram. Formaram 31é um cisma, elegendo um antibispo na pessoa do presbf- tero Fortunato. Como, porém, 0 papa Comélio contiemasse a seatenga de Cipriano, 0 cisma desapareceu paulatinamente. 214, a. Em Roma, o problema dos lapsos provoeou um conflito ‘de proporcSes mito mais vastas, levando a_uma verdadeira Neresia, o chamado novacianismo. O que Catis- to 1 concedera aos incontinentes, concedeu-o Cornélio. 208 apéstatas.arcependidos. O presbitera Novaciano, tomando ares de rigorista, se the opbs e fez eloger-se antipapa. Mas ‘oi excomungado por um sinodo de 60 bispas da Italia &. Novatiano, como Hipdlite e Tertuliano montanista baseavam-se naqueles rigoristas de que fala. Pastor de Hermas. Mas a8. suas opinides nao eram as da Igreja_pri- nitiva. A disciplina primitiva foi a de Cipriano e Corn. Desde 0 séeulo 1V oavimos que também os homicidas po~ diam ser admitidos & peniténcia. $6 08 relapsos néo conse~ gitiam mais a reconciliagdo com a Igreja. Ficavam entregues A misericérdia de Deus. 215. Quem desejava seconciliar-se com a Igreja, tinha de submeter-se & confissto de seus pecados € as obras de peniténcia rigorosa, obras que duravam, as vezes, longos 8.27. A peniténcia 109 ‘anos ou até a morte, conforme a gravidade do crime. Pi cipal importancia tinha a confissZo, 0 que se conelui do em prego da palavra “exomolégesis” (= confissdo) para signi ficar toda a instituigao da peniténcia. Ela era ou secreta ou pitblica, A contissiio secreta & tum uso da Igreja primitiva e instituigéo divina (DB 916), embora so 0 possamos provar pela Sagrada Eseritura, A ‘confissio pablica favia-se, por via de regra, so dos pecados pliblicos, Mas as obras de penittncia e a absolvi¢ao eram, até ao século 1V, quase sempre piblicas, Os pecados ve- niais eram perdoados facilmente, nem eram objeto propria rente dito da contissdo. Era sempre opinizo da Igreia que podiam ser perdoados por outros meias, come obras de ca- ridade jejitns. 216. Os penitentes piblicos eram divididos, no orien= te, ¢ mais determinadamente na Asia Menor, desde meados do século TH, em varias categorias (Greg. Thaum., Ep, ccan,). Desde 0 sinoda de Ancira (314), emumeram-se quia tro classes: flentes, audientes, genuflectentes e consistentes. Os flentes ficavam no Atrio da igreja e, chosando, pe~ iam a intercessio dos fikis, Os audientes tinham o seu I gar no portico da igreja e com og catectimenos tinham que tirar-se depois da. pregacto do bispo. Os gemuflectentes eviam retirar-se com a béngio do bispo depois dos au Gientes, Funk opina que podiam assistir a toda a iturgia, Os consistentes podiam assistir em pé a toda a liturgia, © 56 ficavam exclitides da comunhdo eucaristica (cfr. Conc, Ane. ce. 4 88). 217. a. A absolvigio fazia-se, geralmente, depois de cumpridas as obras da peniténcia, pela imposicao das maos, e competia a0 bispo; em caso de necessidade também ao sacerdote. Desde a perseguigdo de Décio nomeavam-se, em muitas partes do oriente, penitencirios préprios para este fim (Socr., HE 5, 19) &. O tempo da peniténcia podia ser abreviado pela in- tercessdo dos mértires e contessores que, as vezes, conce- diam aos pecadores um “libelo de paz”, no qual reconhe~ ccemos 08 principios das indulgéncias, ‘Tal libelo precisava naturalmente da aprovagio do bispo (Tert, Ad mart. 1; Cypr., Ep. 15. 22. 23), 111 época: Desde a fundaeko da Igreja ao Edito de Milo Morinas, De dlsciptina in administratione sacramenti_poeniten- fag, Paris 1051. Punt, Kircheagesch. Abhagdlungen ond Unt Suctungea 1135-200. — Watkins, History of Pezaiee, 2 Vol, Lot don 1930. — Velico, Antonianim 8, 1980, 25-26. Ehrhard, Die iene der Macrtyrer, Muenchen 1082. — Galtier’ UEglise et la 1é mission des peches sux premiers siécles, Paris 1082 § 28. Os tempos santos e a discussio da Pascoa 218, No dizer de Clemente de Alexandria ¢ outros es- critores da Tgreja, a vida dos cristios devia ser uma festa continua, santificada pela meméria da vida e morte de Je~ sus Cristo. Mas, para que 8 fgis se lembrassem mais viva © constantemente dos mistérios de Cristo, a Igreja institu Solenidades especizis, que Ines anunciassem of grandes fa- ios da redencio. Desde of tempos apostdlicos, © primeiro dia da sema- na era eelebrado como dia da redengan e era designado pelo some de Dia do Senhor, Dies Dominica: seu, (jnéoa). Neste dia celebrava-se a Eucaristia; a oragbes.faziam-se em pé, ¢ no se devia jejuar nem trabalhar. Os antigos es- critores cristaos, 8. Lucas (At 20, 7), 0 autor da Didagué (6.14), 8. Inacio (Magn. 8, 1),'S. Justina (Apol. 1, 67) € Tertuliano (De orat. 23), falam fo claramente, que pa- recem dar uma figio aos modemnos sabatistas, Os dias da semana cram chamados “feriae”, porque 0 eristio devia ce- Tebrar (feria), todoy os dias, a memoria do. Senn 219, Como os judeus jeuavam duis vezes por semana, na segunda e-quinta feiras, assim o faziam os cristaos na quarta ¢ sexta feiras (Did, 8). Estes dias, dedicados pelos pagios a Mereiio © a Venus, eram consagratos pelos cris- tos memdria da Paixio de Jesus Cristo, pela oragao co- mum ¢ pelo jejm que durava até & hora nona. Entre os dcidentais, estes dias cram chamados “dies stationis” ou “dias de vga”. 0 s4bado era, no oriente, um dit de ale- aria, porque Tembrava o fim da criacio; no ocidente, veio ser dia de jejum, porque Jesus, nim sibado, se achava no sepiloo. O sinodo de Elvira (c. 26) menciona este je- jum do. sabato, ena Igreja romana, este costume existia. sem divide j4 mo séeuto il 220, a. Como no Antigo Testamento havia nio sdmen- na festa semana}, mas também festas anuais, assim os tos celebravam, além do domingo, outras festa. Do te 1§ 28. Os tempos santos ¢ a discussio da Piscos 11 " ‘Além disso, cada Igreja celebrava o “dies natalis” 1121 &poca: Desde a fundacio da Igreja a Eaito do Mi bravam a ressurreigdo (xdoza dvaordaiyor), ainda que nfo fosse domingo. No resto da cristandade festejavam a Pis- coa no domingo que seguia a0 $4 de Nisan, ¢ na sexta-teira que Ihe precedia, a morte de Jesus, ainda que nfo fosse 0 dia 14 de Nisan, Estes continuavam o jejuim até ao sébado santo inclusive, aqueles o terminavam as tr8s horas da sex- ta-feira santa b, Além disso, depois da desteuigio de Jerusalém, al- guns juceus celebravam a Paiscoa, As vezes, antes mesma do equinécio primaveril, enquanto gue, no tempo de Jesus, sempre a haviam celebrado depois do equindcio. Aiguns cristias do oriente imitavam-lhes o exemplo, chamando-se “protopasquitas”. Lastimava-se esta disedrdia_na celebra- io da maior festa da cristandade (Eus., Vita Const. 3, 5 embora no se tratasse de uma questio dogmitica 223, a. S, Policarpo de Esmima procurow ober unifor- midade neste ponto, tratando com o papa Aniceto (154-66); mas em vio, Policarpo haseava-se na tradigio de 8. Joio Evangelista, Aniceto, na de S. Pedro e S, Paulo, Todavia, os dois nobres ancidios mantiveram a paz Les origines eta Noel et de f'Epipianie, Louvain 1922. — Cofton, From Sabbath t Sunday, Bethlehem 08, 15 20. A vida celigiso-moral us § 29. A vida religioso-moral * Cristo” (Filip 3, 20), Ihes eram norma ¢ tei “ Roprecadia-se 0 eneitar € pintar o rosto; condenaya disar cabelos postigas (Clem. Alex, Paedag. 2, & ae Ai rer pelts, ¢ recomendavaese att wna secreagge On semicntessegunio @ palavra do apostolo: “Alegrat sos sem no ‘Senhor” (Filip 4, 4). Também Clemente Alexandri- (Pac O6, Una nota caracterstica dos primeiros erntton a compan 5 1141 época: Desde a fandagko da Igreja a0 Edito de iio (Apel 1, 14 67). Era proto exigir jos. © grande man- amento da easkade fem 0 primeto ager na preagdo’ de S. Paulo; 1 Cor 13.€ um verdadero ino eardade Anes ta gloitiagio da eardade encontrames na catequese a Deuirina des Apistotoe (Did. I, 2). As obras Us tale eram organizades, ea clas se dedicavam, de prterecin, 0 dieonos ¢ as dlaconsas. A sua atiidade estendia-se ¢ Dobres e-doentes,vitvas © fans, ivaidos de ta sorte também aos que tinham naufragado na #é. ’ "Censuraisnos, — dz Tertliano aos pagtos, mais ou tnenos com estas palavras, — porque nos amamos repre, amet, a0 passo ue Ws os ois porque estamos sone too'a morte uns pelos envoy c vs estat proms pare sos estrangulardes; porgue a nose trtemidade we eaende te a comunnéo dos hens, a0\passo que estes ens Sto exaies imenteagulo que qucbra tos cw Tages de Tatemidade eee tre ws; porque temos todas a5 cosas em comm, excel 86 25 muleres, vos 86 a eas tendes cm comtn” (Apol 38). Em uma palvrs, #40 levada se apresentave a neal dos iis, que os prOprios Pagios nao podiam dexay de auniésios. 0 medio Galen {) 200) deter 9 mal bat Thane testemunte,exalando 0 seu desprezo pela mete, prseza dos seus costumes ea sua abatnenela (Che ‘heoph, Aa Auto. 3, 151 Arist, Apol 13-16) 227. Tamm as oeupasieseotidnnas dos eration exam sanltcadas peas prdticas do piedade, Tertiano eacins "A todos os! passos, a0 entar © 20 set, a0 vet os wees fidos eos sapsios, a0 Tavar © comer seje qual fr a ecupasao que tomes, sempre faeios 0 sia d ers a tos, sa fronte” (De corona 4). Apresiavam tabém alana 2 ovate pada. Revevam de manif ¢-Anote 9 hor lerera sexta e ona, ceo diversas outas ocaibes dae te-0 dia. A Dowtrina dos Apéstaos orden, que, tes vere por dia se recite o Padrenosso (c 8). Bela eins Sao civersos tatados que Tertlan, Origenes ¢ Cipro escreveram sobre a orto 228. De um modo particular eram santificados o max triménio e a familia, Com palavras magnificas traca Ter. tuliano o ideal do matrimonio cristio (Ad uxor. 2, 9). 8. Inacio quer que o casamento se faga néo segundo a carne, mas com a aprovacio do bispo, € que os maridos amem as § 20. A vida religioso-moral ns suas mulheres, como Cristo ama a sua Igreja (Ad Polye. 5) Haavia também matrimonios mistos, devido as circunstancias do tempo. Mas ja Tertuliano os combate, mostrando as suas péssimas consequéncias para a parte cristi. O sinodo de Elvira 08 proibe (cc. 15-17). Aborto ¢ infanticiio eram se~ veramente condenados, ¢ 08 apologetas afirmam que tal cri me mo acontecia entre os verdadeiros cistios (Did. 2. 5; “Fert, Apol, 9). As segundas mipcias néo eram proibidas, zmas ‘nao efam bemevistas e eram um impedimento para a cordenacao dos clérigos. A virgindade era altamente aprecia- da, © muitos crits se the consagravam voluntiriamente Os apologetas invacam-na como prova da alta moralidade da Igreja (Just, Apol. 1, 15) 229. Os contflitos motivads pelo problema da penitén- cia nos provam, que howve rigoristas. “Se alguns membros da Igreja, em certas circunstaneias, deram mostras de uma severidade pouco esclarecida, de uma exagerada austerida- de... poderemos, se nfo justificar, pelo menos explicar um ta procedimento pela resistencia desesperada do jndaismo © do paganismo, pela necessidade de estabelecer principios rigidos em oposicao a maximas corruptas e imorais, de com- hater o excesso do mal por uma espécie de excesso do bem. E esse mesmo procedimento, considerado na sta ver~ dadeisa aspiragio..., nfo demonstra, com que zelo, com que ardor, com que puro e sanio entusiasmo tinham 08 pri- relros cristios abragado os preceitos e a vida do Evangelho?" 230, “Nao podemos, contudo, passar em siléncio as queixas de muitos doutores da Igreja, ditigidas contra os {que abracavam o cristianismo com vistas mundanas. Cum pre no esquecer os que nas perseguigées renegavam a Cris- t0..., lembrar os que tornaram necessario 0 eédigo tio am= plo da peniténcia, pensar finalmente nos que, para nio cor- tarem suas relagGes com 0 mundo, imagiggvam supersticio- samente poderem, de repente, gozar da contemplacio ¢ da uniZo com Deus, reeebendo 0 batismo na hora da morte, ‘sem estarem para isto preparados com a pritica nfo ine terrompida da verdadeira virlude. Em todos os tempos cres- cceram plantas parasitas entre as floridas espigas da gran- de seara cristf” (Alzog 1, 266-67) 1161 Gpoca: Desde a fundagéo da Igreja a0 Edito de Milio Lebreton, La vie cheétienne ay promier sitcle de FEglise, Paris 921. Schiting, Reichtam und Eigentam in der aitkiehlichen. Lic feralur, Freiburg’ 1908." Martines Liseceteme cheétien pendent leg trols premiers sltcies, Paris 1913, § 20a. Principios do monacato 231. Neste primeiso periodo da historia da igreja, teve inicio aquela instituigdo que, no séeulo IV, veio a ser um dos fatores mais importantes da vida cristd e que até hoje produziu os mais preciosos frutos espirituais: © monacato, As suas origens remontam até idade apostilica, S, Lucas escreve que os crisios vendiam os seus ens, repartiam en tre si os produtos segundo as necessidades de eada um, ora vam no templo em comum didsiamente e partiam o pao pelas casas, lowando a Deus ¢ senda bem vistos por todo © povo (At 2, 45-47) Esta vida generosa dos primeiros cristios atraiu, em todos os tempos, grande mimero de almas, de homens ¢ ‘mulheres, nao fracos e cansados da vida, mas principalmen- te 05 espiritos mais fortes ¢ 08 mais robustos caracteres, a abracarem a vida ascética, ¢ inspirou os fundadores das ¥: rias ordens religiosas a reproduzir o ideal, se bem de di- ferentes formas 232. Os primeizos representantes desta vida de perfei- Ho foram oa chamados ancctas, virgens © continentes de Ambos 0s sexs, que, sem sever deste mundo, viviam no mundo, no separados da sua familia. © nome de “virgens" designava, de ordinario, 6 as mulheres, enquanto que os homens continentes geralmente ram chamados “ascetas” 233. a. Pouco se sabe dos ascetas primitives. No fim 4o primeiro século, o papa Clemente I fez uma ligeira alue sto a eles (Cor. 38, 2). A Doutrina dos Apdstotos fala. de ascelas que se dedicavam 3 pregagio do Evangelho (6c 11-12). Os apologetas, Justina € Atendgoras no oriente, Mic nicio Félix e Tertuliano no ocidente, falam-nos com gran de veneraco da contintneia voluntiria destes herois & heroinas. b. No seu tratado De habitu virginum, S. Cipriano es reve que, na Igreja de Cartago, havia virgens consageadas a Deus, que contirmavam a sua virgindade com uma espé ie de voto, Parece que elas formavam uma associagio ou, inenas rearavar reunites patcuares, No stele Hy fo menos, te euiycdes provavelente em todas 38 Tre jas O sinodo de Elvira fala delas (cc. 13-14), € 0 sind igs 0 sino Acta as conece (@ 10). Cero & pore a Ane ea lado aparece enum sto eRe gues at 99 uzado¢peretaments paras date dos : ost, A primeira mudanga neste seni san peRtgugao declan, Mlfos cristo, retaramse rae Pjcacion yaa. se expo 0 ergo desl ta esoraeldos ci hporetira de Bet TMs Si Oats arcade de muitos coveligionarns, vol faa a ee cara cum ionge, ear 008 S00 Inte cece da pledae, Tal ft 0 principio ia . it ‘ou anacorética, O bergo desta vida yaastica foi reas arta 0_carater dn popaagio inden facaslam al género de vida Sono pret anaceeta de que nos fal stv to SP te Tes 20-2477, De sn ina was Bese weit cecteveuf mais una ledose Fenda, do ge verdadeira historia (PL 23, 17 ss). Todavia, aa existe Char a ne PG menos, io fatos de que se nfo pode Svar como patinea dos monges€ considera S. Ane tao 2 este SBESHG). Ao ea ns ese For to ao eee CSE Se ovconkcey eae Seen eee Cons paltaent 808 A eta nes ai Pallas Hi et te Sen, A comanidade aio ta re a a amen tee cera frie ob Ste ara sna A se rae em cto ot Saad N18 época: Desde w fundacdo da Iereja ao Eelto de Miléo Eseriiira, meditagao ¢ trabalho manual. O individualismo é @ nota caracteristiea do monaquismo antoniano, Esta vida anacorética tinlia naturaimente os seus peri os, Abria a porta a imprudéncias © abusos que, se aio chegaram a destruir a florescente institwigéo, levaram-na, to. davia, a0 descrédito, devido a falta de autoridade constante Que a regulasse. Remediar este mal seria tareta reservada 4 8. Pacimio, fundador do cenobitismo (ete, § 61). caprruLo tv LITERATURA E CIENCIAS ECLESIASTICAS. HERESIAS E CISMAS § 30. Deseavolvimento da literatura eclesidstica nos trés Primeiros séculos 238, As condigées da Igreja primitiva dificultavam gean- demente 0 cultivo da fiteratura eclesidstica. Poucos erudi tos tinham entrado na Igreja; e os ehefes das comunidades fsiavam suito preocupados com a propagagio do Evange. tho © ‘com a administrago das. suas comunidades, para Poderem cuidar de estudos cientificos. Além disso, os fits lembravam-se ainda to vivamente dos fatos da. saivacio, tue winguém pensava em especulacdes cientificas. F por que Propaganda Titerdria? Jesus nio dissera aos apdstolos: Be. Grevei! mas: Pregai! ‘Se, nao obstante, ia pelo fim do primeiro séeulo e prine cipio do segundo, foram redigidos os primeitos monumen. fos da literatura cristd, estes fo, por sua natureza, esort tos de ocasitio, devidos aos cuidados dos pastores e as new cessidades do tempo. Quase todos tém forma epistolar, Seug {autores sto chamados, desde 0 séctlo XVII, Padres apos. toticos, 239, “Padres” chamam-se, nos primeiros séculos, x6 08 bispos, como testemunas da tradicio eclesiéstica (eft. 1 Cor 4, 14-15). No martitio de S. Policarpo lemos, como Pagdos e judeus clamavam: “Este € 0 mestre da Asia, o Pai dos cristios” (12, 2). Nas sesses dos concilios ‘do Século IV © nas controvérsias teolégicas fala-se, inimeray '§ 80, Desenvolvimento da iteratuca ecleststica 119 votes, dos “pads” ot “santos pads” como testunhas Ga ago ens, ° 2 Agoatioho du ete (ilo tab a. Jenimo por motivo da sua crn staid. Dede eal, dana cade i Sano Pade ov wre Siscos que ae daingleam pels out ovodosa, Sona, spiovacio elastin e anigidade A hstria ds Sein pois Ierroe€0 que chomsnns “parle 240, Or ecoe tgs da niga rth ae fuiram por todas aqulas nots, so charnados,deade S. Je fonimy (evs usta, "esceilores da esa Nas fami Go. Paes da Tg sora fib cama Ata. Aon, Aru Jatin © Oris ce due, eae aio ise Tes eu oto de “Dot des doutoes” 8 Anan, Baio Magno, Orgiro Nasian eno efoto Crisbstono. Mats tard, conset-se uo de"sDosto Een” tain aos. Stas ss dit tvs so: Dosti ortodoa, sania, cud cient express detrago lg — 241, Os primscon estloes eselstios porapot- cx fori Pures apoio, assin tana, pore fam sd dspls dow apts tos ov to fst ao cater dnt e prt de ee sna de pari, oo ators do Novo Teta, sre tudo S, Paulo. Alguns deles eram tio altamente estimados, due mececeria ser adds nos Manuserios Bios 2. Plo ano de 125, comecoe @ desenolverse uma nova catgoria de eratra clea, 9 aplo.Os sets Eves flog, sere ion conta os atagues do paganism do jdaomo. este ee capo primar jontouse loge out 2 deta dg co teh ahersi eo lama. 0 rasa fot Meroe ant tercica 0 poli " 29. Pela voll do sfclo Mt, teve in uma prea cial da eit ltvade prncpaimnte nas eels oo Iie de Aleranda © Antigua, Embora ao ese ain

Você também pode gostar