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MECÂNICA APLICADA I

Ano letivo 201/2018


2.º semestre

ATRITO SECO

1. Coeficiente de Atrito

coeficiente de atrito é um coeficiente adimensional que expressa a oposição que


mostram as superfícies de dois corpos em contato ao deslizar uma em relação ao
outro. Geralmente é representado pela letra grega, μ (mi).

O valor do coeficiente de atrito é característico de cada par de materiais, e não


uma propriedade intrínseca do material. Depende de muitos fatores tais como o
acabamento das superfícies em contato, a velocidade relativa entre as superfícies,
a temperatura, etc…

Geralmente distinguem-se dois valores:

 Coeficiente de atrito estático (μe): É medido quando ambas as superfícies


estão em repouso (sem se mover) e em seco.
 Coeficiente de atrito dinâmico (μd): É medido quando uma ou ambas as
superfícies estão em movimento (podem mover-se apenas uma ou as duas)

O coeficiente de atrito dinâmico (μd) é sempre menor que o coeficiente de atrito


estático (μe).

Podemos dizer que as forças de atrito são inevitáveis no


nosso cotidiano. Caso não conseguíssemos vencê-las, elas
fariam com que todos os objetos que estivessem em
movimento, em todas as direções, parassem.

A rugosidade tem influência direta no atrito entre duas


superfícies. Um bloco e massa m repousa sobre uma
superfície rugosa sendo atuado por uma força horizontal P. A
massa m dá origem a uma força W sobre a superfície W=mg
reagindo esta com uma força igual e oposta N. O diagrama
do corpo livre do bloco evidencia a existência de uma força
de reação R que atua sobre o corpo. Para que haja equilíbrio
as três forças têm de ser concorrentes. Se a força horizontal
P for zero não há lugar à formação da força F. Quando a
força P aumenta a força F também cresce porém, não
aumenta indefinidamente. Aumenta até um valor máximo
Fmáx. a que chamamos força limite de atrito estático.

A força limite de atrito estático que vamos designar por Fe


tem sido determinada experimentalmente, e os resultados
mostram que ela é diretamente proporcional à força normal
resultante N sobre a superfície. Essa proporcionalidade pode
F Figura 1
Fe   e .N   e  e
ser expressa por: N
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Em que μe é o coeficiente de atrito estático. Este coeficiente pode ser encontrado
em diversas publicações.
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2. Transmissão por Correias


A transmissão do movimento de rotação entre dois veios ou árvores pode ser
conseguida através de polias fixas aos veios e envolvidas por uma ou mais
elementos flexíveis, as correias. Este tipo de transmissão admite grandes espaços
entre os eixos.
A transmissão de movimento é possível devido ao atrito gerado entre a superfície
das polias e a correia, conseguido mediante uma tensão inicial dada à correia,
antes de se iniciar o movimento. Na figura 1.1 podem ser observadas em (a) uma
polia ranhurada ou com gorne, para correia trapezoidal e em (b) uma polia lisa,
para correia plana.

Figura 2

A transmissão por correias tem características próprias, tais como:


 Evita choques;
Não são transmitidos aos veios devido à elasticidade da correia;
 Evita sobrecargas
A correia atua como elemento amortecedor das sobrecargas, permite o
deslizamento evitando importantes choques;
 Solução económica
É a transmissão mais económica de movimento,
tanto na instalação, como na manutenção;
 Segurança de funcionamento
Não transmitindo choques os apoios do veio não os
sofrem. A substituição duma correia é fácil e rápida
o que evita paragens prolongadas em caso de
rotura;
 Versatilidade
Admitem grandes variações de rotação entre polias.
Numa instalação uma única correia admite
diferentes relações de velocidade bastando para tal
trocar a correia entre polias, como se exemplifica na
figura 1.2, onde uma única correia pode abraçar
diferentes polias, com diferentes diâmetros.
Correia em polia escalonada
Em funcionamento a polia motora arrasta a correia e esta por sua Figura 3
vez a polia conduzida. Como consequência a polia motora
traciona a correia de um lado (lado tenso) e folga do outro (lado frouxo).
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Devido à elasticidade do material quando a correia


abraça a polia motora, no ponto de contacto, a Polia motora
correia possui uma velocidade tangencial igual à da
polia e deforma-se por tração. Ao longo do arco de Ramo frouxo
contacto essa tensão varia para um valor menor, com
diminuição da tensão e da correspondente
deformação, até se alcançar a tensão do ramo Ramo
frouxo. Consequentemente, a correia sofre um tenso
encurtamento no sentido contrário ao movimento
reduzindo a velocidade relativa entre a correia e a Figura 1.3
polia à medida que se aproxima do ponto de saída da polia
motora, figura 4. Este escorregamento relativo é conhecido por “creep”.
As correias têm múltiplas aplicações como se pode ver nas imagens da figura
5.

Figura 5

3. Relação de Forças entre Ramo Tenso e Ramo Frouxo


O atrito é resultante das forças N entre a polia e a correia. A variação da tensão da
correia ao longo do arco de contacto faz despertar forças F na correia, às quais se
deve o deslizamento entre as duas superfícies. Na figura 1.5, seja β o ângulo de
abraçamento da polia pela correia e T2 a força de tração na correia para puxa-la no
sentido horário sobre a superfície da polia. Esta força de tração tem de superar
tanto as forças de atrito na superfície de contacto com as polias como a tração no
ramo frouxo T1. Necessariamente T2>T1.
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T1
T1
T2

T2
Figura 6

No caso de se tratar de uma correia plana a relação entre as tensões T1 e T2 é


dada por:
μβ
T 2 ≥T 1 e
Onde:
 μ coeficiente de atrito entre a superfície da polia e da correia;
 β o ângulo de abraçamento da polia onde pode
ocorrer o deslizamento,
medido em radianos;
 e base de logaritmos naturais (2,718….);
 T2 tensão no ramo tenso e T1 no ramo frouxo.
No caso de se tratar duma correia trapezoidal a força N é
perpendicular à ranhura da polia, como se mostra na figura
1.6 provoca o atrito necessário à transmissão de movimento.
Seja 2δ a ângulo de abertura da ranhura na polia. Nestas
condições a relação entre T2 e T1 é dada por: μβ
Figura 7
T 2 ≥T 1 . esin δ
Os restantes símbolos têm o significado anterior.

90º

α L
βD
βd D

Figura 8
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Seja L a distância entre centros das polias. O ângulo de abraçamento β é função
do ângulo α que por sua vez depende da diferença de raios das polias e da
distância do seu entre eixo L. Nas transmissões por correias abertas, tendo as
polias diâmetros diferentes a polia maior tem um ângulo de abraçamento superior a
180º e a menor inferior a 180º.

Das relações geométricas da figura 8 o ângulo de abraçamento de cada uma das


polias, em radianos, é dado por.:
R−r D−d D−d
β D =π +2×sin−1 ( )
L
=π +2×arc. sen
2L
; β d =π −2×sin−1
2. L ( )
A pré-tensão necessária a instalar na correia para que se gere o atrito necessário
ao inicio do movimento, em função de T1 e de T2 é dado por:

T 0=(T 1 +T 2 )×cos α

Contudo a tensão máxima T2 não pode, em caso algum, ultrapassar a resistência à


tração do material que constitui.

Transmissão por Correias – Probl.01

Um motor a debitar uma potência de 10kW às


1000rpm está acoplado à roda A. O coef. Atrito
entre a correia plana e qualquer uma das polias é
de 0,45.

Considerando que foi introduzida uma pré-tensão


de 2000N determine:

a) Os valores das forças que atuam em cada um


dos ramos da correia;
b) A máxima potência que pode ser transmitida
pelo sistema sem que haja risco de
deslizamento, mantendo os valores da pré-tensão;

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