CURSO DE DIREITO

TUTELA JURÍDICA DOS ANIMAIS: EFETIVIDADE

DAS NORMAS JURÍDICAS PARA COMBATER OS
MAUS-TRATOS E CUMPRIMENTO DOS DIREITOS
AOS ANIMAIS.
THE LEGAL TREATMENT OF ANIMALS: THE
EFFECTIVENESS OF LEGAL STANDARDS TO
COMBAT THE ANIMAL ABUSE AND COMPLIANCE
WITH THE RIGHTS TO ANIMALS.

Como citar esse artigo: Hayssa Karoline Ferreira Feitosa

Feitosa HKF, Câmara JBD. TUTELA JURÍDICA DOS ANIMAIS: EFETIVIDADE DAS NORMAS
JURÍDICAS PARA COMBATER OS MAUS-TRATOS E CUMPRIMENTO DOS DIREITOS AOS
João Batista Drummond Câmara
ANIMAIS.. Anais do 17 Simpósio de TCC e 14 Seminário de IC do Centro Universitário
ICESP. 2019(17); 564-575

Resumo: O presente trabalho tem por escopo a análise do posicionamento tradicional dos animais dentro do ordenamento jurídico brasileiro. O
problema central consiste na possibilidade do enquadramento dos animais não-humanos como sujeitos de direito. Diante do desenvolvimento
da consciência coletiva acerca da proteção do meio ambiente, afastando a cultura antropocêntrica, que evidencia ainda mais a necessidade de
atribuição de direitos fundamentais específicos a esses seres sencientes, com uma proteção pelo ordenamento jurídico mais eficaz e pertinente,
como é feito em outros países em que os animais são considerados sujeitos de direitos
Palavras chave: direitos fundamentais animais; ordenamento jurídico; antropocentrismo; maus tratos; proteção, sujeitos de direito.
Abstract: The present work has as scope the analysis of the traditional positioning of the animals within the Brazilian legal system. The central
problem is the possibility of framing non-human animals as subjects of rights. Faced with the development of the collective conscience about the
protection of the environment, away from the anthropocentric culture, which further highlights the need to assign specific fundamental rights to
these sentient beings, with a more effective and pertinent protection of the legal order, as is done in other countries in which animals are considered
Keywords: animal rights; legal order; anthropocentrism; animal abuse; protection, subjects of law.

Introdução passo para a alteração da lei de maus tratos no Brasil,

Há anos, em nossa cultura, é regular pensar que os
seres humanos estão acima de toda a fauna. Os animais
eram vistos como um instrumento ou objeto ao qual o
homem encontrava meios de usufruir, e muitos, por
acreditarem que os recursos naturais eram infinitos e
renováveis, exploravam os recursos naturais sem
compromisso com o futuro. Muitos animais entraram
em extinção, causando vários danos à nossa fauna.
Mesmo depois de uma grande comoção onde as
pessoas, depois de muita destruição, começaram a se
conscientizar que é dever do ser humano zelar e cuidar
dos animais, ainda assim existem alguns que usam da
força bruta para com os animais. Fala-se muito em
direitos do ser humano, como centro da humanidade,
mas ignora-se, principalmente no meio jurídico, a
interdependência entre o ser humano e meio ambiente,
bem como o desastre social que advém do desrespeito
aos direitos dos animais.
Atualmente, o direito não reconhece os animais
como sujeitos de direito, e esse tema tem sido bastante
discutido, visto que os direitos dos animais vêm sendo
violados há séculos, como consequência da insistência
do homem em prosseguir com a prática de maus-tratos
contra animais. Vários estudos comprovam que tem
sensações físicas e emocionais parecida às humanas,
sendo considerados como seres sencientes. Por serem
seres vivos, isso os torna passíveis de direito
Por isso, a necessidade de alterar a forma em que
os animais são vistos pelo direito, sendo este o primeiro
buscando tornar mais ampla a tipificação de tal crime,
alterações nas punições dos crimes, e tornando os
animais sujeitos de direito. E é este será o tema que será
defendido neste artigo, trazendo uma análise da tutela
penal do direito ambiental, a que se refere a leis de maus
tratos, análise sobre os países e cidades onde o conceito
e a lei já foram alteradas, e o que ainda pode ser alterado
para que seja diminuído o número de casos de maus
tratos no país.
Este estudo apresenta-se estruturado em 11
tópicos que irão tratar dos seguintes temas: evolução
histórica, tutela jurídica dos animais como sujeitos de
direito, até chegar aos crimes de maus tratos no Brasil,
e as decisões judiciais até a presente data.
O presente trabalho foi realizado com a
metodologia de pesquisa de natureza exploratória, Gil
(1999, p.27) que busca desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias, tendo em vista a
formulação de hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. Para o autor esse tipo de pesquisa são
planejadas com o intuito de promover uma visão geral
acerca do determinado fato. Tecnicamente foi utilizada
a análise de material bibliográfico que está de acordo
com as produções escritas, que trouxe o intuito de
ilustrar as valorosa fonte de investigação, bem como
produções doutrinárias, leituras críticas de
jurisprudência, da legislação, artigos científicos e livros
relacionados ao assunto.

SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210

564
 Tem por objetivo analisar a proteção jurídica de
animais no Brasil, buscando conhecer os principais
instrumentos jurídicos e sua efetividade. Comparar a
proteção legal e a aplicabilidade da lei, trazendo uma
comparação da proteção legal dos animais no contexto
nacional e internacional. Identificar a aplicabilidade dos
instrumentos legais existentes no Brasil. Analisar as
tendências de posicionamentos do Supremo tribunal
Federal quanto a aplicação da legislação de proteção dos
animais no Brasil. Identificar a percepção da sociedade
quanto aos maus-tratos dos animais e suas principais
reivindicações, apresentando as teorias atuais sobre os
Direitos dos Animais que buscam atribuir personalidade
jurídica aos animais não-humanos, pensado sobre o
prisma não antropocêntrico, buscando conceituar a
importância da existência de um Direito dos Animais a
par do direito dos homens, e conceituar e identificar as
principais formas de maus-tratos dos animais no Brasil.
1. Tutela jurídica dos animais - A importância de os
animais serem vistos como sujeitos de direito
1.1 Evolução Histórica - O antropocentrismo e o
ecocentrismo
1.1.1 Antropocentrismo
Se existem leis de proteção ambientais, por que
é tão difícil coibir a ação de pessoas que agridem,
exploram e matam os animais?
Isso ocorre ainda pela visão antropocêntrica da
sociedade.
Segundo o dicionário português:
antropocentrismo é a forma de pensamento comum a
certos sistemas filosóficos e crenças religiosas que
atribui ao ser humano uma posição de centralidade em
relação a todo o universo, seja como um eixo ou núcleo
em torno do qual estão situadas especialmente todas as
coisas (cosmologia aristotélica e cristã medieval), seja
como uma finalidade última, um télos que atrai para si
todo o movimento da realidade (teleologia hegeliana).
(Dicionário Português)
Apesar de o site wikipedia.org não ser fonte
científica a definição que mais se enquadra ao tema foi
dada pelo site wikipedia.org que diz :
O antropocentrismo (do grego anthropos, "humano";
e, kentron, "centro") é uma concepção que considera
que a humanidade deve permanecer no centro do
entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser
avaliado de acordo com a sua relação com o ser humano,
sendo que as demais espécies, bem como tudo mais,
existem para servi-los. O antropocentrismo coloca o ser
humano no centro do universo, postulando que tudo o
que existe foi concebido e desenvolvido para a
satisfação humana.
(Wikipedia)
Segundo essa perspectiva de
antropocentrismo, o homem sempre é considerado
como elemento central, e que no caso do tema abordado
que o meio ambiente é tido como algo que tem utilidade,
"que foi feito para desfrute do homem". A palavra
utilidade aqui se refere à satisfação de necessidades e
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
desejos do homem, trazendo a ideia de que os recursos
naturais sejam meios de satisfazer o homem já que ele é
considerado como o centro de todas as coisas.
Pode parecer antiquada mas muitos filósofos
defendiam essa postura, Immanuel Kant (1724 – 1804)
defendia que os seres humanos não deveriam ter
nenhuma obrigação moral para com os animais, e seguia
adotando o pensamento de que os animais devem ser
considerados meios para as finalidades humanas.
Mesmo acreditando que os animais eram seres
sencientes e que poderiam sofrer e sentir dor. Mas isso
porque ele acreditava que essa crueldade para com os
animais, era fonte de violência para com humanos,
basicamente seria de que caso uma atitude violenta
fosse tomada contra um animal por parte de um ser
humano, este ser humano seria mais propenso a agir
com violência com outro ser humano. (Sousa, p.118)
Por esse entendimento, é destinado ao homem
a norma de direito. Não é errado pensar dessa forma,
porém o excesso é preocupante. É óbvio que em
situações em que é necessário decidir entre a vida de um
ser humano ao de um animal, irá sempre prevalecer
prioritariamente o direito ao ser humano, mas isso não
torna os animais objetos que não tenham direitos a
serem respeitados. Torná-los sujeitos de direito não
quer equiparar o animal ao ser humano, mas somente
enquadrar este ser vivente ao rol dos sujeitos
protegidos por leis e direitos.
1.1.2 Ecocentrismo
É usada por muitos defensores da fauna e flora
como a teoria base para os dias atuais.
Ainda que o site wikipedia.org não seja fonte
científica a definição que mais se incorpora ao tema foi
encontrada no site wikipedia.org:
Ecocentrismo (do grego: οἶκος, oikos, "casa"; and
κέντρον, kentron, "centro". Pronunciado
ekōˈsenˌtrizmo) se trata de uma linha política de filosofia
ecológica que apresenta um sistema de valores centrado
na natureza, em oposição ao antropocentrismo. Em
dizeres amplos, onde o homem é membro da natureza,
compondo assim em seu meio natural de valor equitante
aos animais. Desta forma, o homem sendo parte da
natureza, deve se comportar harmoniosamente e em
equilíbrio com a mesma.
Basicamente é uma linha de política que
apresenta um sistema de valores centrado na natureza,
que o homem faz parte dos ecossistemas, e reconhece
que outros seres também possuem direitos e merecem
ser respeitados.
Assim como a realidade atual, o direito evoluiu
desde o período antropocêntrico, e embora exista em
nosso ordenamento jurídico leis de proteção ao meio
ambiente, essas leis ainda possuem punições brandas
demais que não inibem o ser humano de cometer tal
crueldade. Para isso, se faz tão necessário uma
classificação uma melhor identificação dos animais nas
normas jurídicas.
2. Objeto de Direito
2
 Ainda nos dias atuais, é difícil a sociedade ver os
animais como "sujeito de direito" ao invés de
"coisa/objeto de direito" devido a esse conceito de
antropocentrismo e isso faz com que aqueles que veem
os maus tratos aos animais como forma de conter e
inibir os animais seja a solução, por acreditarem estar
acima dos animais, e por isso os animais tem por dever
servi-los.
Seguindo esse conceito de objeto, fica mais fácil
de entender o porquê as pessoas compram animais de
estimação, pois é como um objeto a ser adquirido, onde
este objeto é adquirido por uma necessidade ou
satisfação própria mas, no momento que este objeto não
satisfaz mais a necessidade, desejos ou atrapalha planos,
é possível se desfazer deste objeto como algo sem valor
ou passível de qualquer tipo de responsabilidade.
Seguindo essa linha de raciocínio, muitas pessoas
defendem a adoção ao invés do comércio pois, ao adotar
um animal, inconscientemente cria-se uma convicção de
responsabilidade humana sobre aquele ser.
O comércio de venda de animais tem crescido
entre criadores não responsáveis e isso acarreta uma
série de problemas. Existem diversos criadores
responsáveis, que não visam o lucro e se preocupam
com o bem estar dos animais, mas os que não entendem
do assunto e só veem o comércio de animais como uma
forma de ganhar dinheiro e geram problemas como:
matrizes que acabam morrendo cedo por causa da falta
de cuidados pois são usadas somente para gerar novos
filhotes, venda de animais doentes e uma série de outros
problemas que poderiam ser evitados se os animais não
fossem vistos como itens de comércio. ( INSTITUTO É O
BICHO, 2017).
Este fato corrobora que os animais merecem
ser enquadrados como sujeitos de direitos. Obviamente
não como pessoas físicas e nem equiparados a humanos,
mas torna-se necessário ser criada uma categoria
jurídica a parte para eles, que os trate como sujeitos de
direito básicos e inerentes aos seres vivos, como direito
à vida e a integridade física.
Aos que são ligados ou aderiram ao veganismo,
defendem que matar os animais para consumo próprio
também é uma forma de maus tratos, porém vivermos
em um estado democrático de direito, onde são
respeitadas todas as opiniões, entretanto, se tratando do
abate de animais, o movimento veganismo e os
defensores, estão corretos em afirmar que em certos
casos, não é certo a forma como é realizado o abate de
animais para consumo. E esse é um assunto que também
precisa ser discutido e alterado juntamente com a leis de
maus tratos, neste caso, criando ressalvas pertinentes,
como a possibilidade de mitigação deste direito para a
alimentação humana no caso de animais socialmente
aceitos no Brasil como próprios para alimentação. Mas
o que vemos é um total descaso a vida destes seres, pois
até grandes empresas realizam o abate de forma
agressiva, fortalecendo ainda mais as convicções
daqueles que defendem que animais não deveriam
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
servir como alimento por respeito a vida. (ANIMAL,
ETHICS, 2019).
De qualquer maneira mesmo nestas hipóteses o
abate deve ser realizado de maneira digna, que não
traga sofrimento ao animal. Os seres humanos são
considerados seres pensantes que movimentam o
mundo através de idéias, portanto não seria possível
criar uma forma de tornar menos sofrido o
procedimento de abate?
Tornar os animais sujeito de direito, abriria
portas para o reconhecimento de futuros direitos dos
animais e, juridicamente, podendo ampliar o parâmetro
das decisões judiciais.
3. Tutela Jurídica
O conceito de tutela jurídica que mais se
equiparou ao tema foi encontrado no Dicionário Jurídico
que define como:
A atividade jurisdicional de regulação das relações dos
indivíduos de uma sociedade, exercida pelo Estado, a
fim de defender os direitos que não podem ser
defendidos individualmente por eles.
(DICIONÁRIO DIREITOS, 2019.)
Basicamente seria defender, amparar e ou
proteger alguém ou algo mais frágil.
Já a jurisdição, neste caso, pode ser vista como:
A atividade do Estado de compor processualmente
conflitos litigiosos, garantindo ao dono do direito aquilo
que lhe cabe, que neste caso aqui defendido, seriam os
animais.
(DICIONÁRIO DIREITOS, 2019.)
Após entender o conceito de tutela jurídica há
de se concluir, o porque seria necessário a alteração à
condição jurídica dos animais, pois sendo considerados
meras “coisas” torna-se quase que incabível qualquer
tutela pelo direito.
As relações do homem com o animal e a
natureza na civilização ocidental têm sido regidas pelo
domínio. As atividades generalizadas de maus-tratos
aos animais existem também pela crença bíblica de que
Deus concedeu ao homem o domínio sobre todas as
criaturas, muitos distorcem o conceito real que se
desenvolve com este princípio, muitos usam desse
critério de forma errada para a exploração dos animais.
Lamentavelmente, devido a esse pensamento,
existe ainda em vários setores da população um
sentimento de que os animais são objetos que suportam
qualquer dor ou violência e por encontrar-se sob
autoridade humana, abusam de meios de correção ou
disciplina para educar e ensinar, assim "provando sua
autoridade" sobre o animal, sujeitando-os a trabalho
excessivo ou inadequado. Porém muitos estudos já
comprovam que os animais são seres pensantes e
inteligentes, a cada espécie há um nível e grau de
inteligência diferente, por isso já foi comprovado que
existem outros meios de se ensinar e corrigir, que vão
além da correção através da violência. (DE ASSIS, 2017).
3
 É comum em alguns lugares as pessoas
atirarem em pássaros, amarrarem gatos em sacos e
jogá-los nos rios apenas para vê-los se afogarem ou
condutas mais dissimuladas, mas tanto gravosas, como
a prática de rinhas de galo e canários, farra de boi,
rodeios, ou simplesmente a caça esportiva.
Além do atraso social no julgamento dos
aspectos morais e jurídicos de tais condutas, existe um
grande aliado que é o interesse econômico de que tais
práticas perdurem. Investimentos, apostas, empregos,
lucro próprio ou até mesmo grandes empresas visando
o lucro são alguns dos pontos que sempre aparecem
conexos com tais ocorrências. Exemplos são: zoológicos,
rodeios, circos e etc. Essas práticas precisam mudar, os
animais não devem viver presos para satisfazer a
curiosidade ou diversão humana.
O tráfico de animais, movimenta bilhões de
dólares em todo mundo. São comuns os casos que
animais são transportados sob efeito de sedativos, em
locais inadequados e muitas vezes não chegando vivos
aos seu destino. Muitos morrem pelas estradas ou são
traumatizados e destruídos pelo intuito único de lucro
dos traficantes de animais. As condições precárias,
humilhantes e totalmente agressivas
do transporte desses animais nos leva a
questionamentos sobre a possibilidade da ocorrência,
em muitos casos, de dolo eventual na morte desses
animais. (CAMPARINI, 2015).
Porém quando se fala em maus tratos
geralmente pensamos em vaquejadas, rodeios, rinhas de
galos, matança de animais para alimentação humana, e
etc. E não devemos de maneira nenhuma esquecer esse
grupo de exploração e maus tratos a animais, mas o
maior grupo que vem crescendo com o passar dos anos
é o maus tratos a animais domésticos, justamente
devido ao que foi citado acima, o fato de o tutor ter a
visão desacerbada de que o animal em questão é de
domínio dele.
4. Maus Tratos
Em todo o ordenamento jurídico não há uma
definição ou conceito do que descreva os maus tratos,
porém no dicionário define-se como:
Delito de quem submete alguém, sob sua dependência
ou guarda, a castigos imoderados, trabalhos excessivos
e/ou privação de alimentos e cuidados, pondo-lhe,
assim, em risco a vida ou a saúde.
(DICIONÁRIO PORTUGUÊS. 2019)
Porém os maus tratos não são somente as
agressões físicas, também são caracterizados maus
tratos aos animais situações como: abandono, manter o
animal preso a correntes ou cordas, deixá-los em locais
não-arejados (sem ventilação ou entrada de luz),
desprotegido contra o sol, chuva ou frio, mantê-los
trancado em locais pequenos e sem o menor cuidado
com a higiene, não alimentar o animal de forma
adequada e diariamente, não levar o animal doente ou
ferido a um veterinário, submeter o animal a tarefas
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
exaustivas ou além de suas forças, utilizar animais em
espetáculos que possam submetê-los a pânico ou
estresse e capturar animais silvestres. (SALLES, 2014).
Está previsto na lei federal os crimes de maus
tratos conforme o Decreto Lei Nº 24.645, no artº 3 de 10
de julho de 1934 e nas "Lei de Crimes Ambientais" - Lei
9605/98 no art 32: (JUSBRASIL, 2019).
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que
para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
ocorre morte do animal.
Portanto maltratar animais é um crime previsto
na constituição no artigo 225, parágrafo 3º que
determina que pessoas físicas ou jurídicas que venham
a lesar o meio ambiente devem sofrer sanções penais e
administrativas independentemente da obrigação de
reparar os danos causados. A Constituição ainda afirma
que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações. Em seu parágrafo
primeiro, inciso IV, afirma que para assegurar a
efetividade desse direito, incube ao Poder Público,
proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.
Em 27 de janeiro de 1978 em Bruxelas, Bélgica,
a Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO), elaborou a Declaração
Universal dos Direito dos Animais com o alumbramento
para um diploma legal internacional proposta pelo
cientista Georges Heuse, que visava criar parâmetros
jurídicos para os países membros da Organização das
Nações Unidas, sobre os direitos animais.
Dispõe em seu preâmbulo:
Considerando que todo o animal possui direitos;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo
desses direitos têm levado e continuam a levar o homem
a cometer crimes contra os animais e contra a natureza;
Considerando que o reconhecimento pela espécie
humana do direito à existência das outras espécies
animais constitui o fundamento da coexistência das
outras espécies no mundo; Considerando que os
genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo
de continuar a perpetrar outros; Considerando que o
respeito dos homens pelos animais está ligado ao
respeito dos homens pelo seu semelhante;
Considerando que a educação deve ensinar desde a
infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar
os animais.
(URCA, 2019)
4
 Resumidamente, seus artigos dispõem que
todos os animais têm o mesmo direito à vida que o seres
humanos, e que todos são sujeitos de direitos e estes
devem ser preservados, todos os animais têm direito ao
respeito e à proteção do homem, que nenhum animal
deve ser maltratado, que todos os animais selvagens
têm o direito de viver livres no seu habitat, o animal que
o homem escolher para companheiro não deve ser
nunca ser abandonado, nenhum animal deve ser usado
em experiências que lhe causem dor, todo ato que põe
em risco a vida de um animal é um crime contra a vida,
a poluição e a destruição do meio ambiente são
considerados crimes contra os animais,
experimentações científicas em animais devem ser
coibidas e substituídas, o homem deve ser educado
desde a infância para observar, respeitar e compreender
os animais.
A criação dessa declaração mostra o quanto os
seres humanos devem se preocupar e zelar pelos
animais, e será necessário apelar para o aumento de
penas, para quem sabe assim, o número de casos a maus
tratos no Brasil possa reduzir.
Devido a caso que chocaram o Brasil, como o
que aconteceu em 28 de novembro de 2018, quando um
cachorro foi espancado e envenenado por um segurança
de um supermercado em Osasco - SP, e acabou não
resistindo aos ferimentos e veio a óbito. Tramita tanto
no senado como na câmara projetos, com o intuito de
alterar a Lei dos Crimes Ambientais (9.605/98) que
aumentaria a punição aplicada a quem pratica maus-
tratos, fere ou mutila animais. É o projeto lei PLS
470/2018 elaborado pelo senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) que aumentaria a punição aplicada a quem
pratica maus-tratos, fere ou mutila animais. Pelo texto, a
pena nesses casos que hoje é de 3 meses a 1 ano de
detenção e multa, passaria a ser de 1 ano a 4 anos de
reclusão (regime inicialmente fechado) e multa.
A medida abrange animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Projeto foi aprovado no dia 11 de Dezembro de 2018, e
para que todos os envolvidos entendessem a
importância que tem de alterar a tutela jurídica dos
animais, para sujeito de direito, houve uma tentativa de
anexar, o projeto lei de iniciativa do deputado Ricardo
Izar (PSD-SP), (PLC 27/2018), que visa justamente
reconhece os animais como “sujeitos de direitos
despersonificados, dos quais devem gozar e obter tutela
jurisdicional em caso de violação, vedado o seu
tratamento como coisa”, reconhecendo-os então como
possuidores de “natureza biológica e emocional e são
seres sencientes, passíveis de sofrimento”. Porém ao
final da votação em Plenário, o projeto foi separado e
enviado para a Comissão de Meio Ambiente (CMA).
(AGÊNCIA SENADO FEDERAL, 2018.)
Muito foi superado o entendimento que os
animais são coisas sem nenhuma proteção jurídica. A
proteção de nossa fauna vem sendo garantida por
diversos instrumentos legislativos (Código de Caça,
Código de Pesca, Lei de Contravenções Penais etc) e a
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
partir de 1988 passou a tutela jurídica dos animais a ter
status constitucional. Contudo há um longo caminho a
ser percorrido, que só terá sucesso com o empenho da
sociedade em exigir punições cada vez mais rigorosas, e
uma fiscalização contínua.
5. Leis de maus tratos no Distrito Federal e no
mundo
5.1 Distrito Federal
Nos domicílios do DF, até 2018, haviam 507 mil
cães e 122 mil gatos, de acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os
brasilienses estão cada vez mais preocupados com o
bem estar dos animais, em 2018 foi apresentado
somente um projeto sobre a causa animal, em 2019
somente nos três primeiros meses, já havia sido
apresentados nove projetos de lei voltados ao mundo
animal na câmara legislativa do Distrito Federal.
(CORREIO BRAZILIENSE 2018).
Entrou em vigor em 22 de Maio de 2018 a lei
LEI Nº 6.142, de autoria do Deputado Delmasso, que
altera a lei estadual do Distrito Federal nº 4.060, de 18
de dezembro de 2007, que define sanções a serem
aplicadas pela prática de maus-tratos a animais. A
medida atualiza a Lei dos Direitos dos Animais
Domésticos, já que na redação anterior não havia uma
legislação que os abrangesse, a lei tornar a fiscalização
mais eficiente, punindo instituições e não apenas o
tutor, dependendo da gravidade do caso, quem for pego
maltratando um animal poderá ser advertido e multado,
além de ter o estabelecimento (ou atividade) interditado
parcial ou integralmente, pode ocorrer também de a
licença ambiental do estabelecimento ser suspensa ou
cancelada, além de haver apreensão, perda ou restrição
de benefícios fiscais concedidos pelo governo do
Distrito Federal.
Com a alteração, são tipificados também como
maus-tratos os atos que atentem contra a liberdade
psicológica, comportamental, fisiológica, sanitária e
ambiental. A norma altera também os valores das
multas, na legislação anterior, a multa variava de
duzentos reais para casos considerados leves a dois mil
duzentos e cinquenta reais, para infrações graves.
Agora, o fiscal pode aplicar a correção, ao identificar a
situação de crueldade, no valor de até 40 salários
mínimos, além disso, ao final do processo, pode haver a
"condenação em juízo", neste caso, a multa pode chegar
a R$ 1 milhão, dependendo da gravidade da infração, da
capacidade econômica do infrator ou da natureza dos
animais.
Essa alteração na lei corroborou, para o
aumento do números de denúncias de maus tratos no
Distrito Federal. Em Março de 2017 foi criada dentro da
Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à
Ordem Urbanística (DEMA), a Sessão de Combate a
Maus Tratos a animais, que possibilitou que as
denúncias fossem feitas pela delegacia eletrônica, e-
mail, telefone e via WhatsApp. Com dados repassados
pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), somente nos
três primeiros meses do ano de 2018 houve um
5
aumento de 87% das denúncias, o Distrito Federal
registrou 41 ocorrências de maus-tratos e crueldade
contra animais. No mesmo período de 2017, foram
contabilizadas 22 denúncias. No acumulado de todo o
ano de 2018, foram 138 ocorrências.(MACHIDA, 2018).
5.2 As leis em alguns países do mundo
5.2.1 China
A china é considerada como um dos países que
menos têm leis de proteção animal, mesmo após tantos
anos vivendo sobre as leis budistas, onde sua ideologia
é de igualdade para todos os seres vivos, que não se deve
matar e que toda vida deve ser tratada com dignidade.
É cultural que as crianças sejam ensinadas
desde pequenas sobre a ideologia humana de
superioridade sobre as demais espécies, por isso poucas
pessoas na China se preocupam em lutar pela causa
animal. Por não terem uma norma protetiva do bem-
estar animal, casos de maus tratos são comuns, como:
cortar cordas vocais dos cachorros, inúmeras mortes de
tigres de circos por cansaço, festivais de carne de
cachorro, contrabando de marfim oriundo de presas de
elefantes africanos, a prática de luta entre cães até a
morte por “diversão” sob a alegação que a população
local (nordeste da China) não possui entretenimento e
que esse tipo de atração é uma forma rápida e barata
que encontraram para entreter as pessoas. Ou seja, para
os chineses atos como esses citados não são
considerados maus tratos, porém ativistas do mundo
inteiro vem se juntando para tentar pressionar o
governo Chinês a modificar as leis existentes no país,
somente em Hong Kong, a lei de proteção a animais
existe, contudo limitada a animais com tutores, o
governo é pressionado por pessoas de outros países
para elaboração de leis para animais domésticos
(incluindo os de rua), todavia nada foi feito ainda, por
causa da falta de apoio popular (devido à cultura
tradicional chinesa), e a falta harmonia entre o
desenvolvimento econômico e o respeito ao meio
ambiente.
5.2.2 EUA
Porém, nos EUA e União Europeia as situações
já são diferentes, pois são países que disputam no
quesito animal cruelty laws (leis que combatem os maus
tratos a animais). Prova disso é que mesmo em um país
onde a caça por esporte é permitido, as leis contra maus
tratos a animais é considerada desde 2016 como crime
grave (equiparado aos crimes de homicídio e tráfico de
drogas por exemplo), possuem altas penas, e passaram
a ser investigadas pela mais alta polícia dos EUA o FBI
(Agência Federal de Investigação), isso com o intuito de
aumentar a fiscalização a esse tipo de crime, buscando
diminuir os maus tratos causados aos animais. Segundo
a organização Animal Legal Defense Fund os Estados
Unidos, além de ter uma lei federal, 50 estados têm uma
legislação específica para tratar da crueldade contra
animais em seis estados como: Alabama, Carolina do Sul,
Geórgia, Louisiana, Vermont e Virginia, a pena para
quem maltrata animais pode chegar a 10 anos de cadeia.
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
Já no Texas, os agressores podem ficar 20 anos na
cadeia, em caso de reincidência. (ANDRADE, 2015).
Após um estudo do FBI em parceria com a ONG
Animal Welfare Institute, concluiu-se que maltratar os
animais é um grande indicativo de violência criminosa
de qualquer espécie, ou seja, quem maltrata um animal
tem grandes chances de fazer mau também a um ser
humano, e esse tipo de comportamento precisa ser
tratado. (SPITZCOVSKY, 2016.) Isso fez com que os
casos de maus tratos e abandonos diminuíssem nos
EUA.
5.2.3 Europa
Há mais de 40 anos, a Europa procura melhorar
progressivamente a vida dos animais de produção,
promovendo o bem estar aos animais. Em 1850, na
França, foi promulgada a Lei Grammont, proibindo
maus tratos a animais em via pública. Porém, somente
em 1978 é que houve uma norma geral de proibição de
maus tratos, baseada na Declaração Universal dos
Direitos dos Homens de 1948, promulgada pela
Organização das Nações Unidas. Contudo, somente em
1998 houve uma Diretiva 98/58 relativa à proteção dos
animais agrícolas, que logo após se tornou base para
estabelecer regras gerais para a proteção dos animais de
todas as espécies. Em 2009 quando o Tratado de Lisboa
entrou em vigor, foi alterado o ‘’Tratado sobre o
funcionamento da União Europeia’’ introduzindo assim
o reconhecimento de que os animais são seres
sencientes. (DE ANDRADE, André 2015.)
Os governos nacionais podem adotar regras
mais rigorosas desde que sejam compatíveis com as
disposições do Tratado, mas a legislação comunitária
relativa às condições de bem-estar dos animais de
exploração estabelece normas mínimas.
5.2.4 Portugal, México e Espanha
Em 2016, Portugal, criou a par das pessoas e
coisas, uma terceira figura jurídica, a de seres vivos
dotados de sensibilidade, figura jurídica esta que se
enquadra os animais.
Já em 2017, tanto a Constitución Política de la
Ciudad de México, quanto a Câmara Baixa do
Parlamento Espanhol, redefiniram os status jurídicos
dos animais ao reconhecê-los como seres vivos e
sencientes, tornando-os sujeitos de consideração moral,
destinatários de tratamento digno e respeito à vida e a
integridade física. (Revista Consultor Jurídico, 2018).
A ONG World Animal Protection fez um ranking
entre os países de todo o mundo analisando e dando
notas de "A" a "G", vários fatores contribuíram para
essas colocações como: A punição contra maus tratos, o
cuidado com animais domésticos, silvestres e até
mesmo a legislação de cada país.
Os países do Reino Unido, Áustria e Suíça
tiraram conceito “A”, pois para os organizadores do
ranking, esses países tomaram medidas inéditas,
mostrando aos outros países que é importante, sim,
cuidar de todos os animais. Foi enfatizado também que
a Inglaterra e o país de Gales, têm uma legislação forte
que penaliza maus tratos: além de recolher o animal
6
doméstico, o Estado também aplica uma multa e,
dependendo do caso, a punição pode resultar em cadeia.
A Suíça além de proteger os animais
domésticos, também tem cuidados com animais de
fazenda, ator que infelizmente em muitos países como
EUA, ainda não entendem a grandiosidade de fazer mau
a esses tipos de animais.
Já o Brasil no ranking da World Animal
Protection, tirou conceito “C”. Entretanto,
diferentemente de outros países, dentre os principais
pontos positivos, está a proteção de animais de fazenda
(como bois, porcos e galinhas), além disso, o país proíbe
qualquer tipo de crueldade contra animais, sejam eles
domésticos, de cativeiro ou silvestres. O Brasil ficou
acima de muitos países em relação a possuir leis
ambientais de proteção aos animais, mas ficou atrás no
ranking por possuir leis muito brandas para esses
crimes.
Um quesito que a maioria dos países tiveram
notas baixas foi em relação a educação. Isso mostra que
não há como combater os maus tratos se não educar
primeiro as pessoas de que tais atos são errados, e que
todos os animais merecem respeito. (Damaceno,
Carolina 2017.)
6. Ações e decisões judiciais sobre maus tratos
Em quase 30 anos de existência, o Superior
Tribunal de Justiça já julgou muitos processos que
envolvem o relacionamento entre seres humanos e
animais. Alguns casos representaram avanços na
jurisprudência da corte para acompanhar a evolução
das leis de proteção ao meio ambiente.
Ocorreu em 1997, processo contra a chamada
"farra do boi" em Santa Catarina. No período da Semana
Santa, feriado nacional, no Estado de Santa Catarina - RS,
descendentes de açorianos (fazendo associação do boi a
entidades pagãs - que muitos dizem, ser Judas),
suplicam estes animais até a morte, representando o
linchamento a vitória do cristianismo sobre os mouros.
Munidos de paus, pedras, açoites e facas, participam da
farra homens, mulheres, velhos e crianças. Assim que o
boi é solto, a multidão o persegue e o agride
incessantemente. Em seguida, os olhos são perfurados,
e a tortura só termina quando o animal, horas depois, já
com vários ossos quebrados, não tem mais força para
correr às cegas, sendo definitivamente abatido e
carneado para um churrasco. (DIAS, 2000. p. 206).
Por maioria de votos, a Segunda Turma decidiu
que o festival “Farra do boi” constitui prática que sujeita
animais a tratamento cruel, em violação do art. 225, §1,
VII, da Constituição. Em voto contrário, um ministro
sustentou que o festival era uma expressão cultural
legítima a ser protegida como tal pelo Estado, nos
termos do art. 215, §1 da Constituição, e que a crueldade
com animais durante o festival deveria ser atribuída e
excessos deveriam ser punidos pelas autoridades
policiais.
Porém por falta de fiscalização até hoje em
algumas cidades de Santa Catarina ainda acontece essa
"farra do boi". A então denominada, "farra do boi"
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
passou a ser proibida por decisão do Supremo Tribunal
Federal, por meio de Recurso Extraordinário, na Ação
Civil Pública de nº. 023.89,030082-0, que considerou a
farra do boi é uma prática cruel de crime punível
(MOREIRA, 2016).
Em 2011, em Formosa - GO uma enfermeira
agrediu e matou uma cadela da raça yorkshire, na frente
da filha de 2 anos, um vizinho registrou tudo através de
vídeo e publicou na internet, o caso ganhou grande
repercussão nas redes sociais. Contudo em 2014 saiu a
sentença de pena, de um ano e 15 dias em regime aberto,
porém foi convertida em 370 horas de prestação de
serviços à comunidade, além de uma multa no valor de
R$ 2,8 mil. Além da acusação de maus tratos a ré foi
condenada em 2015, pela juíza Marina Cardoso Buchdid,
da 2ª Vara Cível, das Fazendas Públicas e de Registros
Públicos de Formosa, ao pagamento de R$ 20 mil reais
pelo crime de danos morais coletivos, porém em 2016,
em decisão monocrática, o desembargador Kisleu Dias
Maciel Filho reduziu a indenização a ser paga pela ré de
R$ 20 mil para R$ 5 mil. O desembargador Kisleu Filho
utilizou dos argumentos para reduzir a pena que o valor
da indenização deve obedecer alguns critérios, como: o
grau de culpa, e as condições pessoas e econômicas das
partes envolvidas, já que a ré alegou que após o ocorrido
seu marido perdeu o emprego e que ela tinha uma renda
de R$1.500,00. Baseado nisso, estabeleceu o montante
de forma que não fosse "nem gravoso, em irrisório".
(G1.com, 2016.)
Em Março de 2019 o STF (Superior Tribunal
Federal) decidiu por unanimidade de votos, que
sacrifício de animais em cultos religiosos é
constitucional.
O recurso foi interposto pelo Ministério Público
do Rio Grande do Sul, contra decisão do Tribunal de
Justiça estadual (TJ-RS) que negou pedido de declaração
de inconstitucionalidade da Lei estadual 12.131/2004.
A norma introduziu dispositivo no Código Estadual de
Proteção aos Animais (Lei 11.915/2003) – que veda
diversos tratamentos considerados cruéis aos animais –
para afastar a proibição no caso de sacrifício ritual em
cultos e liturgias das religiões de matriz africana. No
STF, entre outros argumentos, o MP-RS sustentou que a
lei estadual trata de matéria de competência privativa
da União, além de restringir a exceção às religiões de
matriz africana.
O ministro Alexandre de Moraes afirmou em
seu voto:
“O ritual não pratica crueldade. Não pratica maus tratos.
Várias fotos, argumentos citados por alguns amici curie
(amigos da Corte), com fotos de animais mortos e
jogados em estradas e viadutos, não têm nenhuma
relação com o Candomblé e demais religiões de matriz
africana. Houve uma confusão, comparando eventos que
se denomina popularmente de magia negra com
religiões tradicionais no Brasil de matriz africana”,
7
 Em concordância com Alexandre de Moraes,
afirmou Luís Roberto Barroso, e logo em seguida
Ricardo Lewandowski :
“Não se trata de sacrifício ou de sacralização para fins de
entretenimento, mas sim para fins exercício de um
direito fundamental que é a liberdade religiosa. Não
existe tratamento cruel desses animais. Pelo contrário.
A sacralização deve ser conduzida sem o sofrimento
inútil do animal”, disse Barroso.
“Me parece evidente que quando se trata do sacrifício de
animais nesses cultos afros isso faz parte da liturgia e
está constitucionalmente protegido”, afirmou
Lewandowski. (Luiz Felipe Barbiéri e Mariana Oliveira
G1.com 2019.)
Porém, não querendo desrespeitar a nobre
decisão, mas faz-se inconstitucional e não considera
maus tratos, o ato de sacrifício de um ser vivo para que
haja um culto religioso? Somos um Estado Laico onde
são respeitadas todas as religiões mas torna-se
controverso o judiciário respeitar atos religiosos mas
não respeitar à vida.
Considerações finais
Buscou-se apresentar fundamentos que
pudessem corroborar a possibilidade dos animais não-
humanos serem detentores de direitos fundamentais
básicos e de dignidade, imputando-lhe assim uma
personalidade jurídica para uma melhor defesa dos
direitos aos animais, por isso, a necessidade de o Estado
brasileiro reconhecer, a exemplo de outros países, a sua
condição de sujeitos de direitos, o que ensejaria a
construção de uma tutela mais efetiva e distante dos
ideais antropocêntricos.
Demonstrou-se que a percepção mundial,
apesar de ter sido criada ao longo dos anos com base na
superioridade humana, tem sofrido mudanças a favor
do meio ambiente e dos seres não-humanos. Nesse
sentido, é preciso que o ordenamento jurídico pátrio
acompanhe os anseios sociais que têm surgido
conforme a consciência ecológica tem se desenvolvido.
A partir de uma visão menos antropocêntrica e
mais ecocêntrica é possível conceber a dignidade da
vida e não apenas das pessoas, alcançando também os
animais não– humanos. Contudo, o direito sozinho não
tem como mudar tudo, visto que a sociedade também
precisa fazer a sua parte, admitindo mudanças de
paradigmas em relação ao tratamento dispensado aos
animais. Pela análise do ordenamento brasileiro, chega-
se à conclusão de que, para que se tenha uma efetiva
proteção da vida digna dos animais não-humanos, muito
além de uma reforma no Direito, é necessária uma
mudança de paradigma no modo como os seres
humanos enxergam os demais seres vivos. Para que isso
seja possível, o ser humano precisa afastar-se
gradualmente dos ideais antropocêntricos que ainda
dominam suas relações jurídicas, econômicas e
culturais, e passar a procurar métodos alternativos para
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
manter seu estilo de vida sem precisar recorrer à
exploração dos animais não-humanos
Na legislação infraconstitucional há a
relativização do conceito de crueldade, a fim de atender
as necessidades do ser humano, pois, ao mesmo tempo
em que se criminaliza os maus tratos aos animais, é
permitido práticas como a manutenção de abates de
animais em rituais religiosos, rodeios, jardins
zoológicos, acabando por instrumentalizar a defesa dos
interesses animais para atender aos interesses do
homem. Além disso, mesmo depois de tanta evolução na
melhoria da vida dos animais, em pleno século XXI, os
animais não-humanos ainda ocuparem a categoria de
bens patrimoniais em nosso ordenamento jurídico,
torna assim admissível que a sociedade ainda os trate
como meras mercadorias, esvaziando ainda mais a
tentativa de proteção exposta na Constituição de 1988 e
na Lei de Crimes Ambientais.
A ineficácia das atuais leis de proteção animal
se explica pela forte tendência antropocêntrica na
formação de nosso ordenamento jurídico. O animal não-
humano no Brasil, apesar de ter a sua proteção tutelada,
ainda não pode ser considerado como beneficiário
direto dessa tutela, pois é mero objeto para a satisfação
do homem, que se revela o verdadeiro sujeito desses
direitos. Nesse contexto, defende-se que a proteção
dedicada aos animais não-humanos deve ir além de seu
valor econômico como bens patrimoniais, além da
compaixão e empatia do homem, e, principalmente,
além da importância que esses seres têm como "bens
fundamentais" para a proteção das futuras gerações
humanas. Os animais, hoje comprovado como seres
sencientes, devem ter seus direitos tutelados não em
benefício da humanidade, mas sim porque são seres que
possuem um valor próprio, pois são criaturas vivas,
merecedoras de respeito e dignidade por parte da
espécie humana como um todo. Por isso é urgente a
necessidade de se buscar formas para garantir uma
proteção mais efetiva a estes seres vivos, e isso implica
no reconhecimento da qualidade de sujeitos de direitos
e titulares de dignidade. No ordenamento jurídico
brasileiro, os direitos fundamentais estão dispostos
dentro do texto constitucional, o que quer dizer que,
mais do que regras, são princípios que servem como
base para a interpretação e aplicação das demais
normas do direito infraconstitucional. Portanto, buscar
por uma melhora nas leis de maus tratos é um grande
avanço, mas considero incompleto se não buscarmos
mudar a forma em que os animais não-humanos são
vistos pelo direito. Já que a qualidade da dignidade tem
a função primordial de ressaltar o valor próprio do
indivíduo que a possui.
Os maus tratos a animais não podem mais fazer
parte da nossa cultura, muito menos o consentimento ou
a abstenção sobre o assunto, pois esses atos estão em
desacordo com os princípios e com as normas
constitucionais e infraconstitucionais.
8
Referências Bibliográficas
AGÊNCIA BRASÍLIA, 23 de Abril de 2018. Aumentam denúncias de maus-tratos de
animais no DF. Disponível em:
https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2018/04/23/aumentam-denuncias-de-maus-
tratos-de-animais-no-df/ Acesso em 27 de Maio de 2019.
ALIMENTAÇÃO, A morte dos animais usados para alimentação. Disponivel em:
https://www.animal-ethics.org/morte-animais-usados-para-alimentacao/ Acesso
em 11 de junho de 2019.
BARBIÉRI,Luiz Felipe e Mariana Oliveira G1.com, 2019, STF decide que é
constitucional sacrificar animais em cultos religiosos. Disponivél em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/03/28/stf-decide-que-e-constitucional-
sacrificar-animais-em-cultos-religiosos.ghtml Acesso em Junho de 2019.
BENJAMIN, Antônio Herman – “A Natureza no Direito Brasileiro: coisa, sujeito ou
nada disso” (artigo inédito), 2001. Acesso em: 22 de Março de 2019.
CAMPARINI, ARTHUR, Direito dos animais sob a ótica moral, filosófica e legal,
2015. Disponivel em: https://ariva.jusbrasil.com.br/artigos/250865829/direito-dos-
animais-sob-a-otica-moral-filosofica-e-legal Acesso em 27 de Maio de 2019.
CHUAHY, Rafaella, Manifesto Pelos Direitos dos Animais,maio de 2009. Acesso em
14 de Abril de 2019.
DAMACENO, Carolina 2017. Conheça os países que mais protegem os animais no
mundo e os que menos fazem isso. Diponível em:
https://www.thebodyshop.com.br/beleza-do-mundo/conheca-os-paises-que-mais-
protegem-os-animais-no-mundo-e-os-que-menos-fazem-isso/ Acesso em 13 de
Junho de 2019.
Declaração Universal dos Direitos dos Animais – Unesco – ONU (Bruxelas –
Bélgica, 27 de janeiro de 1978)
http://www.urca.br/ceua/arquivos/Os%20direitos%20dos%20animais%20UNESC
O.pdf Originalmente retirado de: «Leitura da proposta: "The Universal Declaration of
Animal Rights was solemnly proclaimed in Paris on 15 October 1978 at the UNESCO
headquarters. The text, revised by the International League of Animal Rights in 1989,
was submitted to the UNESCO Director General in 1990 and made public that same
year." Acesso em 22 de Abril de 2019.
DE ANDRADE, André 2015, Como ocorre a proteção animal em legislações
internacionais – EUA, União Europeia e China. Disponível em:
https://aamorales90.jusbrasil.com.br/artigos/245508154/como-ocorre-a-protecao-
animal-em-legislacoes-internacionais-eua-uniao-europeia-e-china Acesso em 14 de
Maio de 2019.

SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210

2
DE ASSIS, LUIZA CERVENKA, Bater, gritar, spray de água, coleira de choque:
nada disso educa cachorro, 2017, Disponivel em:
https://emais.estadao.com.br/blogs/comportamento-animal/bater-gritar-spray-de-
agua-coleira-de-choque-nada-disso-educa-cachorro/ Acesso em 07 de Maio de 2019.
DE PAULA, ALEXANDRE 21 DE ABRIL DE 2019, Projeto na CLDF quer criar
delegacia para bichos em situação de maus-tratos. Disponivel em:
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/04/21/interna_
cidadesdf,750623/projeto-na-cldf-quer-criar-delegacia-para-bichos-em-situacao-de-
maus-t.shtml Acesso em 27 de Maio de 2019.
DE SOUSA , José Franklin, Direito Animal, Clube de Autores, p.118 Acesso em 22 de
Abril de 2019.
DIAS, Edna Cardozo. A tutela jurídica dos animais. Belo Horizonte, Mandamentos,
2000.
DIREITOS, Dicionário Jurídico, Conceito de Tutela Jurídica, Disponível em:
https://dicionariodireito.com.br/tutela-juridica. Acesso em 14 de março de 2019.
É O BICHO, Instituto.2017, Vida não se compra, Disponível
em:https://www.eobicho.org.br/vida-nao-se-compra/ Acesso em 11 de junho de
2019.
FRANCIONE, GARY L., 2013, Introdução aos direitos dos animais: Seu filho ou o
cachorro?, Editora UNICAMP. Acesso em 17 de Março de 2019.
FEDERAL, SENADO, 2018, Senado aprova aumento de pena para o crime de
maus-tratos a animais Disponivel em:
https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/573413-
PROJETO-AUMENTA-PENA-PARA-MAUS-TRATOS-DE-ANIMAIS-PARA-ATE-4-ANOS-
DE-RECLUSAO.html Acesso em 23 de Maio de 2019.
FEDERAL,Senado 10 de Agosto de 2018. Animais podem deixar de ser tratados
como 'coisas' e ganhar maior proteção. Disponivel em :
https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2018/08/animais-podem-deixar-de-
ser-tratados-como-coisas-e-ganhar-maior-protecao Acesso em 23 de Março de 2019.
G1.com, 2016, Justiça reduz indenização a ser paga por enfermeira que matou
yorkshire, Disponível em: http://g1.globo.com/goias/noticia/2016/02/justica-
reduz-indenizacao-ser-paga-por-enfermeira-que-matou-yorkshire.html Acesso em
13 Junho de 2019.
IBGE, População de cães e gatos no Distrito Federal 2018. Disponivel em:
https://www.ibge.gov.br/pt/inicio.html Acesso em 27 de Maio de 2019.
JURÍDICO, Revista Consultor, 2018, Domésticos ou domesticados, STJ relembra
casos envolvendo animais julgados pela corte, Disponível em:

SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210

3
https://www.conjur.com.br/2018-out-01/stj-relembra-casos-envolvendo-animais-
julgados-corte Acesso em : 12 de Julho de 2019.
LEI 9605/98, Art. 32 da Lei de Crimes Ambientais, Disponível em :
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334574/artigo-32-da-lei-n-9605-de-12-
de-fevereiro-de-1998 Acesso em 13 de Maio de 2019.
LEI Nº 6.142, DE 22 DE MAIO DE 2018.
http://www.tc.df.gov.br/SINJ/Norma/358f47acb0bd4e568e21636b33bc9ea7/Lei_6
142_22_05_2018.html Acesso em 27 de Maio de 2019.
Leis de Crimes ambientais. 1998 Disponivel em:
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/104091/lei-de-crimes-ambientais-
lei-9605-98 Acesso em 20 de Abril de 2019.
MACHIDA, Kenzô, 18 de Abril de 2018. Denúncias de maus-tratos contra animais
crescem 87% no DF. Disponível em: Março de 2019
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/denuncias-de-maus-tratos-contra-
animais-crescem-87-no-df.ghtml Acesso em 27 de Maio de 2019.
MOREIRA, Maria Cláudia de Fátima (2016). A Legislação Brasileira Em Sua
Omissão Aos Direitos Dos Animais. Disponível em:
http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/A-LEGISLACAO-BRASILEIRA-EM-SUA-
OMISSAO-AOS-DIREITOS-DOS-ANIMAIS.pdf. Acesso em: Junho de 2019.
NUNES, ANDRÉ Sim! Os animais têm direitos. Acesso em 07 de Abril de 2019.
ORICO, Alessandro Menezes. Responsabilidade penal da pessoa jurídica por
crimes ambientais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 155, dez 2016.
Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18269&revista_cader
no=5 Acesso em jun 2019.
POLICIA CIVIL, 2017 Denuncia eletronica de maus tratos, Disponivel em:
https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/197/maus-tratos-a-animais Acesso em 27 de
Maio de 2019.
PORTUGUES, Dicionário Antropocentrismo, dicionário português, 2019.
SALLES, CAROLINA Saiba quais atitudes podem ser consideradas maus tratos
aos animais, Disponivel em:
https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/noticias/155756645/saiba-quais-atitudes-
podem-ser-consideradas-maus-tratos-aos-animais Acesso em 13 de Maio de 2019.
SANTOS, SAMORY PEREIRA, Os animais e o STF: Os limites jurisprudenciais do
SEMA, 2017 Denuncia Maus tratos Disponivel em:
http://www.sema.df.gov.br/denuncias-de-maus-tratos/ Acesso em 27 de Maio de
2019.
SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210
4
SPITZCOVSKY, DÉBORA 2016. EUA classificam maus tratos a animais como ‘crime
grave’ e convocam FBI para investigá-los. Disponível em:
https://thegreenestpost.com/eua-classificam-maus-tratos-a-animais-como-crime-
grave-e-convocam-fbi-para-investiga-los/ Acesso em 13 de Junho de 2019.
TSF, 1998, Recurso Extraordinário nº 153.531 - Diário da Justiça Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=211500
Acesso em 13 de Junho de 2019.
TSF, 2019, Recurso Extraordinário, STF decide que é constitucional sacrificar
animais em cultos religiosos Disponivel em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2419108 Acesso em 13 de
Junho de 2019.
VENÂNCIO, RENATO e MOL, Samylla. 2015 A proteção jurídica dos animais no
Brasil, FGV Editora. Acesso em 08 Maio de 2019.
Wikipedia, antropocentrismo. Disponivel em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropocentrismo Acesso em 15 de Março de 2019.
Wikipedia, Ecocentrismo. Disponivel em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecocentrismo - p.01 Acesso em 16 de Março de 2019.

SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);464-575 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210

5