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Morte e Vida Umbandista: crença pós-morte e funeral na Umbanda

Por Rodrigo Queiroz - 31 de outubro de 2017014633

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Filhos dos Orixás

Morte e vida são temas em novembro, quando temos o Dia de Finados, data que tem todo um
significado religioso.

Porém, devido ao sincretismo presente na Umbanda, esta data também nos têm grande
importância.

É quando louvamos a força do Divino Orixá Omulu, Senhor da Morte e Vida, e das transições
no Universo.

De forma geral, a Umbanda se apega intensamente na vida.

Ou seja: em como devemos nos comportar enquanto encarnados.

Só então, quando chegar a hora do desencarne, se ocupa de garantir um bom lugar nas esferas
espirituais.

Hoje vou comentar sobre a visão de morte e vida e a importância da mesma sendo que
cultuamos uma divindade regente deste Sentido.

Para a Umbanda, a morte do corpo físico não é o fim da vida.

Entende-se apenas como o fim de um ciclo, ou seja, passagem encarnatória.

Após o ato de morte física do ser desencarnado, este será encaminhado para uma esfera
espiritual condizente com seus atos e vibração emocional acumulada durante a passagem no
corpo físico.

Aqui, no plano físico, estamos numa esfera neutra ou mista, onde tudo se encontra, sem
distinção.

Já no plano astral, os seres vivem em realidades dimensionais pertinentes às suas condições


emocionais e vibracionais.
Logo, se vibras ódio, um lugar com seres odiosos será sua morada.

Se vibras o amor, sua morada será um lugar agradável.

É como diz Saint Exupéry em sua obra O Pequeno Príncipe: “Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas”.

E é exatamente isto:

Nós somos aquilo que criamos ao nosso redor e a realidade que desenvolvemos é a que
levamos além do pós-morte.

Então, nada se acaba com o fim da vida física.

Quando o corpo perece este é o fim de uma etapa e o inicio de outra.

Morremos para o mundo físico e renascemos para o mundo espiritual.

Assim ocorre também com o inverso, ou seja, quando reencarnamos, ‘morremos’ para a vida
no plano etérico e nascemos para o plano físico.

Além da morte e vida, o umbandista deve se preocupar com o que cria na sua vida, pois já
pode desconfiar do resultado no desencarne.

A Umbanda não crê em ressurreição.

Assim como não crê num Salvador ou Messias resgatador de seu rebanho, uma vez que ela
prega a transcendência individual que cada ser deve alcançar.

Ninguém fará nada por ninguém, cada qual com seu quinhão.

No entanto, a crença no reencarne é a explicação do resgate dos débitos e aprendizado


constante do ser.

No Dia de Finados é fundamental que o umbandista.

Ao realizar o culto ao Divino Orixá Omulu, vibre seus pensamentos nos antepassados, seus
parentes desencarnados, solicitando ao Pai Omulu que ilumine a todos.

Pois, se algum antepassado estiver precisando de ajuda por estar perdido nas questões
emocionais e ainda não ter alcançado a luz, pode ser oportuno de acontecer este resgate.
E aquele que já estiver em situações privilegiadas então se sentirá gratificado pelas vibrações.

Além disso, é um momento de demonstrar gratidão aos antepassados que promoveram a sua
passagem presente.

O culto ao Orixá Omulu é o momento de exaltação da Divindade e o que o mesmo representa


(relação morte e vida).

Entendemos que Ele é a Divindade do fim, logo não está presente apenas na tão temida morte
física, gerando uma imagem temerosa em relação a este Orixá.

Sua vibração se faz presente centenas de vezes durante nossa vida.

Exemplo: no fim de um relacionamento amoroso, quando há o rompimento de cordões


emocionais e o fim de um ciclo de convivência entre duas pessoas. Neste momento de
finalização lá está presente a vibração deste Orixá para encaminhar os envolvidos em seus
caminhos individuais.

Também posso citar mudança de emprego, de moradia, fim de amizades, etc, sempre em
situações principalmente de rompimentos ou encerramentos de ciclos é esta vibração divina
que se faz presente na vida dos envolvidos.

Mesmo ficando a cargo de cada um a colheita necessária após o desencarne, a Umbanda tem
na cerimônia fúnebre a preocupação de garantir que o espírito desencarnado fique a cargo da
Lei Divina e não tenha problemas maiores com ataques de espíritos negativos.

Cito aqui um procedimento, conforme ensinado por Rubens Saraceni no livro “Doutrina e
Teologia de Umbanda”:

O funeral umbandista é dividido em duas partes:

– Purificação do corpo e do espírito, que acontece somente com a presença do sacerdote,


ajudante e um parente;

– Cerimônia social para encomenda do espírito realizada no velório e no túmulo.


Ainda no necrotério, antes de vestir o corpo do desencarnado, o sacerdote procede com
alguns atos como:

– Purificação do corpo com incenso: primeiro ato para a purificação energética do corpo físico
e do espírito que na maioria das vezes ainda está próximo ao corpo.

Caso não esteja, o corpo é seu endereço vibratório e onde estiver o espírito o mesmo receberá
esta purificação.

As ervas queimadas na brasa propagam através do ar suas qualidades purificadoras e


imantadoras do espírito;

– Purificação do corpo com água consagrada: é o mesmo que água benta.

Neste momento cria-se uma diluição de qualquer energia material ainda presente no corpo e
no espírito do desencarnado;

– Cruzamento com a pemba consagrada: neste ato se faz uma cruz na testa, garganta, peito,
plexo, umbigo e costas das mãos e pés para desligar qualquer iniciação ou cruzamentos feitos
na encarnação desobrigando o espírito a responder aos iniciadores do plano físico, desta
forma se neutraliza;

– Cruzamento com óleo de oliva consagrado: Repete o ato de cruzamento acima e também
cruza o ori (coroa) para que libere do chakra coronário qualquer firmeza de forças purificando
o espírito e o livrando de qualquer chamamento por alguém que se acha superior querendo
prejudicar o desencarnado;

– Aspergir com essências e óleos aromáticos: Aspergir todo o corpo para criar uma aura
positiva e perfumada em volta do espírito, protegendo-o de qualquer entrechoque energético
decorrentes deste processo de morte e vida.

Esta é a primeira parte do funeral.

Após isto o corpo será vestido e levado ao velório.

Então, momentos antes do enterro, é ministrada a cerimônia fúnebre de encomenda do


espírito:
– Apresentação do Falecido: alguma pessoa irá ministrar algumas palavras positivas sobre a
vida e a pessoa do desencarnado;

– Palavras sobre a missão do espírito que desencarna: explicações do sacerdote sobre morte e
vida eterna e o conceito de pós-morte;

– Prece ao Divino Criador Olorum (Deus);

– Canto a Oxalá: o sacerdote com a Curimba entoa uma música em louvor a Oxalá, caso o
desencarnado seja umbandista;

– Hino da Umbanda;

– Canto a Obaluayê: Orixá das passagens é louvado para que receba e encaminhe o
desencarnado;

– Canto ao Orixá Regente do desencarnado: caso seja umbandista;

– Despedida dos presentes na cerimônia: todos se despedem do falecido;

– Fechamento do Caixão;

– Transporte do corpo ao cemitério;

– Enterro do corpo: após o caixão ser colocado na cova, o sacerdote assopra uma fina camada
de pó de pemba consagrada para proteção etérica do desencarnado e após isto se cobre com a
terra;

– Cruzamento da cova onde o falecido foi enterrado: após o túmulo ser fechado, o sacerdote
cerca o mesmo com pó de pemba criando um círculo protetor à sua volta e acende quatro
velas brancas formando uma cruz, sendo uma na cabeça do tumulo, outra no pé, outra na
esquerda e outra na direita.

Este procedimento é para garantir a proteção do corpo e do espírito para que não seja
profanado por espíritos malignos.

Este ritual não deve ser envolvido de tristeza e sim de alegria, pois o desencarnado está
retornando para o plano eterno fora das ilusões e poderá retomar sua evolução de forma
consciente se assim estiver preparado.

Irmãos minha intenção neste texto era exaltar a força de Pai Omulu e promover uma reflexão
sobre a ideia de morte na Umbanda.

Viva a Morte e Vida!

Salve Pai Omulu!

Saravá!

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