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Resumo
O presente estudo tem como objetivo analisa por meios de pesquisa bibliográfica os
benefícios da estimulação sensório-motora precoce como um tratamento fisioterapêutico
que pode facilitar ou corrigir o desenvolvimento motor anormal de crianças com Paralisia
Cerebral. Para tanto, realizou-se uma pesquisa buscando entender o funcionamento do
Sistema Nervoso Central – SNC, mais especificamente as estruturas e funções
relacionadas com a dinâmica sensório motora normal e as disfunções decorrentes da
Paralisia Cerebral. O estudo destaca ainda, os dois principais métodos de tratamento
utilizado pelos profissionais da fisioterapia; o Bobath e o Kabath, no que se refere as suas
principais características.É necessário auxiliar na atenuação de diversos problemas que
comprometem o desenvolvimento motor, intervindo de forma precoce no tratamento destas
disfunções, oferecendo um tratamento individualizado e medidas preventivas que favoreça
significativa minimização da patologia e/ou correção das anormalidades do
desenvolvimento sensório motor. Diante da análise dos conceitos aqui revisados, foi
possível identificar e compreender os meios de prevenir, minimizar, recuperar ou
recompensar as deficiências e seus efeitos na criança com paralisia cerebral, sob a ótica
experiente de profissionais da saúde e áreas afins.
1. Introdução
2. Fundamentação Teórica
2.1 Sistema Nervoso Central (SNC): O Aparelho sensório motor normal
É nesse momento que as poucas células-tronco neurais segundo Pinheiro (2007), sofre
ainda no útero um explosivo crescimento, chegando a atingir a partir de sucessivas, rápidas
e precisas divisões mitóticas, centenas de bilhões de células. Decorrente desse processo
histôgênico, o Sistema Nervoso (SN) alcançará a seguinte definição morfológica mais
geral, segundo Lundy-Ekman (2007, p.04):
Sistema Nervoso Periférico: consiste em todas as partes do (SN) que não estão
encerradas na coluna vertebral ou no crânio;
Região Medular Espinhal: inclui todas as partes do (SN) envolvidas pela coluna
vertebral;
Região do Tronco Encefálico e Cerebelar: o tronco encefálico liga a medula
espinhal à região cerebral, consistindo na medula alonga, a ponte e o
mesencéfalo;
Região Cerebral: é o cérebro, consistindo no diencéfalo (regiões interiores) e nos
hemisférios cerebrais;
Sistema de Apoio: sistema vascular e o liquor.
Ainda segunda a autora supra, nesse período de definição morfológica podem ocorrer
alterações como anencefalia e espinha bífida, tal é a fragilidade e suscetibilidade a
intercorrências do (SNC) nessa fase inicial da histogênese e da morfogêne.
Essas estruturas do (SN) são compostas neurônios e células glias, de sustentação, com
características citoesqueléticas e funções diferentes, mas que têm responsabilidades
básicas, de acordo com Lundy-Ekman (2004), respectivamente:
“(...) receber as informações, processá-las e gerar um estímulo resposta (...)
possuem longos feixes protéicos denominados microtúbulos; microfilamentos e
neurofilamentos constiuem o citoesqueleto neuronal peculiar. . Por secretarem
substâncias neurotransmissoras para se comunicarem, os neurônios têm de
produzir proteínas em grande quantidade e variedade” (LUNDY-EKMAN, 2004,
p. 26)
Entende-se, portanto, que os primeiros anos de vida de uma criança é um período onde
ocorrem diversas modificações importantes e se apresentam características de
desenvolvimento de habilidades cognitivas e sensório-motoras. É nesta etapa de maturação
que o organismo torna-se apto ao aparecimento dos marcos do desenvolvimento que
possibilitam as crianças o processo linear de seu crescimento global.
Por outro lado, a carência da estimulação nos primeiros anos de vida de uma criança
diminui o ritmo do processo evolutivo e aumentam as chances de transtornos
psicomotores, sócio afetivos, cognitivos e da linguagem, como esclarece Bobath (1990), de
maneira cristalina: “Acredita-se que a carência de estimulação no período de zero a três
anos provoque uma diminuição no ritmo do desenvolvimento mental. Este período é o
mais vulnerável da vida da criança”.
A evolução estático motora da criança até a idade adulta depende, portanto, da maturação
do SNC, sendo determinada por padrões geneticamente estabelecidos e estímulos
ambientais. Estes estímulos apreendidos pelos órgãos dos sentidos são respondidos pelo
cérebro como órgão de integração e coordenação, com reações complexas que decorrem
automaticamente (FLEHMIG, 2000).
Contudo, Lundy-Ekman (2004) e Pinheiro ( 2007), afirmam que pode haver complicações
ou distúrbios no desenvolvimento do (SN), comumente antes da 20ª semana de gestação,
período considerado crítico, quando os danos podem ocorrer mais facilidade e em graus
mais ou menos prejudiciais ou até mesmo fatais para o bebê. E ainda, àquelas que ocorrem
no período péri e pós-natal, como a Paralisia Cerebral (PC), da qual trataremos mais
especificamente nesse trabalho.
Ainda no âmbito das definições, Nelson & Ellenberg (1978) apud Miura & Petean (2002):
“utilizam o termo paralisia cerebral para designar um grupo de desordens que
possuem as seguintes características comuns: controle anômalo da postura ou
movimento, início precoce e inexistência de patologia progressiva Além da
classificação por tipo, distribuição e classificação neuroanatômica da paralisia
cerebral, esta também é descrita em termos de gravidade: leve, moderada e
grave" (NELSON & ELLENBERG, 1978 apud MIURA & PETEAN, 2002, p.
08):
Via de regra, os distúrbios que caracterizam o indivíduo com (PC), nos casos mais severos
conforme classificação indicada por Lundy-Ekman (2004); Miura & Petean (2002);
Swaiman (1994) estão: ausência de controle dos movimentos do tronco e pescoço,
alterações nos comprimentos dos músculos e deformidades ósseas, o que impõe
dificuldade de locomoção – andar, subir, vestir-se, despir-se e nas atividades da vida diária.
Além disso, algumas características já citadas como convulsões, distúrbios nas áreas visual
e auditiva, déficit cognitivos e na musculatura orofaringea – responsável pela degludição -
podem restringir substancialmente a capacidade de socialização e participação dos
indivíduos em idade escolar nas práticas pedagógicas comuns na escola.
As crianças com deficiência não se resumem a um diagnóstico, e isso vale também para
outros transtornos e síndromes. Deve-se considerar o trabalho de diversos profissionais que
ajudam a transformar a criança em seres autônomos e participativos (CASARIN, 2009).
A prática pelo estímulo precoce deve iniciar o mais breve possível, pois segundo
especialistas, a flexibilidade do cérebro vai diminuindo com a idade.
Fonseca (1995) diz que os programas de estimulação salvaguardam a integridade do
potencial de aprendizagem e a não intervenção em períodos sensíveis pode acumular
efeitos mais tarde irrecuperáveis.
Nos programas de estimulação precoce o lúdico tem presença constante nas intervenções
realizadas com as crianças; por meio de planejamento que contemple as suas necessidades,
desenvolvendo-a de maneira integral; considera a fase de desenvolvimento que a criança
se encontra; promovendo estratégicas que permitam a sua aprendizagem e o
desenvolvimento cognitivo (LEITE et al, 2004; MARSON & PEREIRA, 2011; REIS et al.,
2007).
No âmbito da Fisioterapia, dois métodos se destacam para tratamento de indivíduos com
lesão no (SNC); o Bobath, desenvolvido pelo Neurologista Karl Bobath e a Fisioterapeuta
Bertha Bobath e o Kabath, criado pelo Dr. Herman Kabath. Ambos os métodos e seus
procedimentos podem ser amplamente aplicados às crianças com (PC), dentre outras
deficiências sensório-motoras.
O método Bobath consiste num conceito neuroevolutivo da (PC), como explica Stokes
(2000) apud Soares (2007):
“(...) quando se realiza um movimento para alcançar um objeto, primeiro são
ativados os programas motores armazenados centralmente, os quais exercem
influência facilitatória ou inibitória sobre os neurônios espinhais e, assim, a
atividade neuromuscular é iniciada para completar a tarefa” (STOKES, 2000
apud SOARES, 2007, p. 46)
8
Esse tratamento promove à médio e longo prazo o controle do tônus postural, uma das
principais disfunções que acometem os (PC’s). Outra função para a qual o método Bobath
tem um excelente eficácia é na inibição das atividades reflexas anormais, levando o
paciente à medida que avança na terapia, um controle funcional mais próximo do padrão
normal, e por conseguinte, a aquisição de habilidades motoras desejáveis (CASTILHO-
WEINERT et al., 2011; SILVA et al. 2010).
Esses padrões sensórios-motores só são possíveis, no entendimento de Stokes (2000) apud
Soares (2007); “por meio dessa manipulação criteriosa, o estímulo aferente normal e o
tônus postural são facilitados, resultando na experiência de padrões normais de movimento
e postura."
O sistema Bobath induz uma reorganização encefálica por meio de estímulos externos.
Esses estímulos tem por objetivo promover a formação de novas terminações pré e pós-
sináptica e, por conseguinte, reestruturar a rede neuronal. Através de alongamentos e da
promoção de contrações do músculo (plasticidade muscular) - esse esforço gradativo e
nem sempre confortável - possibilitará um alinhamento biomecânico mais eficiente
(FERRAREZI et al. 2000; SHUMWAY-COOK, A. & WOOLLACOTT, 2003; PERES et
al., 2009).
O método Kabath é uma filosofia de tratamento que tem por princípio a utilização de
estímulos proprioceptivos, que tornam mais eficientes as respostas motoras. Desse modo,
parte-se da ideia que para cada estímulo proporcionando haverá uma resposta reflexa. No
decorrer do tempo, chega-se à motricidade voluntária. Ao fisioterapeuta cabe considerar as
etapas do desenvolvimento psicomotor normal e lançar mãos de vários tipos de
estimulação sensitiva e sensorial (MORIMOTO et al., 2004; REIS, et. al. 2012).
Resumidamente, podemos concluir que no Kabath, o fisioterapeuta é levado a realizar
contatos manuais apropriados considerando que haverá uma resistência na mesma
proporção. O método propicia o paciente a construir uma coordenação motora e
sincronismo que lhes faltam em razão das disfunções músculo-esqueléticas. Essas
habilidades, tendem a possibilitar a locomoção do paciente mais próxima da normalidade.
A Facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF), tem enfoque terapêutico positivo
porque reforça e utiliza o que o paciente pode fazer, em nível físico e psicológico. Os
procedimentos básicos da facilitação fornecem ao terapeuta as ferramentas necessárias para
ajudar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente, e alcançar seu mais alto nível
funcional (ADLER, BECKERS e BUCK, 1999).
Essa intervenção fisioterapêutica estimula sinapses facilitatórias, excitatórias e inibitórias
(SILVA & GESTER, 2009; REIS et al. 2012).
4. Metodologia
5. Resultados e Discussão
O material bibliográfico utilizado nesse artigo nos possibilita a compreensão de que a base
do desenvolvimento sensório-motor e da qualidade de vida de um indivíduo acometido por
(PC) é a estimulação precoce. A relevância desse diagnóstico precoce, preferencialmente
nos primeiros meses de vida - quando se dá em excelente medida a plasticidade cerebral -
implica numa boa perspectiva para o futuro da criança, segundo Willrich et. al (2009). Na
opinião de Bobath (1995), esse período deve ser menor ainda, antes da criança completar
três semanas, desde que apareçam sintomas suspeitos.
Os avanços na tecnologia dos exames por imagem, bem como as avaliações sensório-
motoras e cognitivas realizadas pela equipe multidisciplinar, fornecem as informações
preliminares que ajudam na criação de um planejamento para o tratamento a curto, médio e
longo prazo, sem o qual, as intervenções realizadas pelo terapeuta poderão ser
inadequadas, como assevera Shepherd (1995).
As escolhas, portanto, do método a ser utilizado no tratamento do (PC), deve levar em
consideração a eficácia conforme se apresenta cada caso, sobretudo, o desempenho
sensório-motor no dia a dia da criança, mas com a perspectiva de que seus efeitos serão
duradouros. Nesse entendimento, os métodos Bobath e Kabath fornecem os exercícios e
estímulos com essa amplitude, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades
funcionais face a neuroplasticidade, promovem e facilitam a diminuição dos danos
neuromusculares, motores, cognitivos e psicossociais do paciente com PC (BOBATH,
1995; REIS et al., 2012 e MARIMOTO et al. 2004).
O objetivo do tratamento neuroevolutivo proposto por Bobath , juntamente com as
experiências realizadas durante o tratamento fisioterapêutico, devem ser transferidas
gradativamente para as atividades diárias dos pacientes com PC, ou seja, desejasse alcançar
uma condição neuromuscular e motora relativamente funcional e que promova certa
independência ao paciente. Essa autonomia se torna uma necessidade à medida que o
indivíduo cresce e passa a exigir maior privacidade nas tarefas que realiza no seu dia a dia
(DIAMENT e CYPEL, 1996).
No método proposto por Kabath o que se deseja alcançar é a facilitação dos movimentos
minimizando o quadro de hipertonia, comum nos (PC). A referencia tátil; tocar, pressionar,
massagear, comprimir e esticar, aliada a resistência muscular e o reflexo natural, bem como
de estímulos visuais e auditivos, tendem a alterar os padrões da hipertonia, em razão dos
movimentos e pelos estímulos sensoriais empregados e intensificados na terapia (ADLER,
BECKERS e BUCK, 1999).
Para Stokes(2000) apud Soares (2007), ambos os tratamentos podem ser amplamente
utilizados pelos profissionais de fisioterapia. No entanto, é necessário observar os critérios
que devem compor o planejamento do tratamento do paciente, antes da escolha de qual
sistema será adotado, tais como: o respeito ao momento do desenvolvimento psicomotor;
considerar as restrições ortopédicas indicadas pelo profissional médico da área; estar atento
a individualidade de cada paciente no que se refere aos aspectos emocionais e da
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6. Conclusão
7. Referências
CASARIN, S. Um trio afinado a favor da inclusão, in: Revista Nova Escola. Edição
Especial: Inclusão, 2009.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa social. 5ª Ed. Atlas, São Paulo, 2008.
SILVA et al. Terapia por contensão induzida: revisão de ensaios clínicos. Pesquisa
científica. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?pid=s0103-
51502010000100015
STEIN, D.G.; BRAILOWSKY, S. & WILL, B. - Brain Repair. 1. ed. New York, Oxford
University Press, 1955.