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Resumo: O novo Código de Processo Civil foi sancionado em 2015 e entrou em vigor em 18 de março
de 2016, tendo como objetivo expressamente traçado em sua exposição de motivos o de se alinhar às
diretrizes constitucionais. Buscou-se demonstrar, por meio do presente artigo – decerto que sem pretensão
de exaurir o estudo –, que, pelo menos no que diz respeito ao procedimento de interdição, os avanços
dessa recente legislação foram significativos, com consequências substantivas, inclusive sobre o direito
material. A partir de um cotejo do novo texto com seu correspondente no Código anterior, percebeu-se
uma con formação da norma positivada com um tratamento mais existencialista dado à pessoa, em
atenção ao atual paradigma político-jurídico (reforçado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei
nº 13.146/2015),1 que vai além do objetivo puro de proteção patrimonial do indivíduo e de terceiros.
1
Cabe aqui uma ressalva a respeito dessa lei, quanto à interpretação de que ela teria suprimido a interdição das
pessoas com deficiência, de modo que elas estariam sujeitas à curatela, mas não à interdição, abrindo espaço
para se pensar na existência de curatela sem interdição. Isso porque a interdição é o procedimento através do
qual se busca a decretação da incapacidade de alguém e, no rol dos artigos 3º e 4º (modificados) do Código
Civil, não mais constam as pessoas com deficiência, limitando-se os incapazes aos menores de idade, ébrios
habituais, viciados em tóxicos, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade e os pródigos. “Eventualmente, as pessoas com deficiência podem ser tidas como relativamente
incapazes, em algum enquadramento do art. 4º do Código Civil, também ora alterado. E mesmo em casos
tais, não haverá propriamente uma interdição, mas uma instituição de curatela, diante da redação dada ao art.
1.768 do Código Civil pelo mesmo Estatuto. Todavia, cabe frisar que o Novo Código de Processo Civil revoga
expressamente esse artigo do CC/2002 e trata do processo de interdição (art. 747), havendo a necessidade
de edição de uma norma para deixar clara tal questão. Em outras palavras, será necessária uma nova lei
para definir se ainda é cabível a ação de interdição ou se somente será possível uma ação com nomeação
de curador” (TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral. 12. ed. rev. atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2016, p. 130). Posicionando-se pelo fim da interdição, Paulo Lôbo afirma que “[a]ssim, não
há que se falar mais de “interdição”, que, em nosso direito, sempre teve por finalidade vedar o exercício,
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Ana Carolina Brochado Teixeira, Anna Cristina de Carvalho Rettore, Beatriz de Almeida Borges e Silva
Afirma-se, contudo, que dessa positivação expressa não dependia a aplicação dessa perspectiva pelo
operador do direito, que já era capaz de extraí-la de princípios constitucionais, dotados por si só de força
normativa; mas é de se convir que a adequação textual da lei representa melhor direcionamento ao
intérprete para a aplicação da norma à realidade social, sendo esse um inegável avanço. Esclarece-se, por
fim, que o novo texto representa, em sua grande maioria, o que Fredie Didier Jr. chama de pseudonovidades
normativas para assim demonstrar que, nesse tocante, tratam-se de normas positivadas que já vigoravam
desde o período de vacatio legis do CPC/2015.
Palavras-chave: Novo Código de Processo Civil. Direito material da interdição. Jurisdição voluntária.
Sumário: 1 Introdução – 2 Breve histórico da curatela e panorama atual – 3 Jurisdição voluntária e seu
escopo na atual perspectiva da interdição – 4 Cotejo do tratamento da matéria dado pelo CPC/1973 e
pelo CPC/2015 – 5 O impacto do CPC/2015 no direito material da interdição – 6 A eficácia do novo texto
normativo da interdição – 7 Notas conclusivas – Referências
1 Introdução
“O processo civil constitucionalizou-se”,2 como expressamente consagrado pela
exposição de motivos do novo estatuto processual, sancionado no ano de 2015
e com entrada em vigor em 18 de março de 2016. Tanto é assim que foi traçado
como objetivo primordial da codificação o de “estabelecer expressa e implicitamente
verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal”.3
É certo que a nova legislação, conquanto processual, não restringe seu alcance
a aspectos meramente procedimentais. Isso porque um sistema processual em
consonância com as diretrizes constitucionais dá condições de possibilidade a um
ordenamento jurídico realmente efetivo. “De fato, as normas de direito material se
transformam em pura ilusão, sem a garantia de sua correlata realização, no mundo
empírico, por meio do processo.”4
pela pessoa com deficiência mental ou intelectual, de todos os atos da vida civil, impondo-se a mediação de
seu curador. Cuidar-se-á, apenas, de curatela específica, para determinados atos”. Assim, entende que, “em
situações excepcionais, a pessoa com deficiência mental ou intelectual poderá ser submetida à curatela, no
seu interesse exclusivo e não de parentes ou terceiros. Essa curatela, ao contrário da interdição total anterior,
deve ser, de acordo com o artigo 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, proporcional às necessidades e
circunstâncias de cada caso ‘e durará o menor tempo possível’. Tem natureza, portanto, de medida protetiva
e não de interdição de exercício de direitos”. (LÔBO, Paulo Luiz Netto. Com avanços legais, pessoas com
deficiência mental não são mais incapazes. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-ago-16/processo-
familiar-avancos-pessoas-deficiencia-mental-nao-sao-incapazes>. Acesso em: 26 maio 2016). Seja como for,
tudo indica que segue havendo concordância no sentido de que as peculiaridades do caso concreto poderão
reclamar que, através de um processo judicial, seja nomeado um curador, razão pela qual se concorda com a
afirmativa de que “[é] o fim, portanto, não do ‘procedimento de interdição’, mas sim, do standard tradicional
da interdição” (GAGLIANO, Pablo Stolze. É o fim da interdição? Disponível em: <http://pablostolze.com.br/>.
Acesso em: 26 maio 2016).
2
OLIVEIRA JR., Arnaldo. Novo Código de Processo Civil: Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Editado por
Arnaldo Oliveira Júnior. Belo Horizonte: Del Rey, 2015, p. 23.
3
OLIVEIRA JR., Arnaldo. Novo Código de Processo Civil: Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Editado por
Arnaldo Oliveira Júnior. Belo Horizonte: Del Rey, 2015, p. 26.
4
OLIVEIRA JR., Arnaldo. Novo Código de Processo Civil: Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Editado por
Arnaldo Oliveira Júnior. Belo Horizonte: Del Rey, 2015, p. 24.
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
5
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RODRIGUES, Renata de Lima. O direito das famílias entre a norma e a
realidade. São Paulo: Editora Atlas, 2010, p. 23.
6
O novo CPC foi publicado em 16 de março, e o Estatuto da Pessoa com Deficiência em 06 de julho, ambos no
ano de 2015; esclarece-se que, conquanto sejam substantivas as alterações trazidas pelo Estatuto, o enfoque
do presente artigo são as alterações processuais que, por si, têm impacto sobre o direito material.
7
Disponível em: <http://www.institutoalzheimerbrasil.org.br/demencias-detalhes-Instituto_Alzheimer_Brasil/
33/entendendo_a_doenca_de_alzheimer__da__atraves_de_estudos_realizados_com_populacoes__
epidemiologia>. Acesso em: 24 mar. 2015.
8
CALLIGARIS, Contardo. Para sempre Alice. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 mar. 2015. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/03/1601377-para-sempre-alice.shtml>.
Acesso em: 24 mar. 2015.
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É preciso sublinhar, ademais, que a decisão judicial de interdição atinge, frontalmente, alguns valores constitu
cionalmente preservados em favor da pessoa, como a liberdade e a intimidade. É por isso que afirmamos não
ser possível considerar a interdição a pura e simples existência da patologia mental. É necessário atentar que
a medida judicial atinge os direitos e as garantias fundamentais e, por via oblíqua, o exercício da cidadania
do interditado. Daí a compreensão de que toda e qualquer interdição tem de estar fundada na proteção da
dignidade do próprio interditando, e não de terceiros, sejam parentes ou não (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Direito das famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 890).
10
Renata de Lima Rodrigues, mencionando Rodrigo da Cunha Pereira e Zeno Veloso, destaca a possibilidade
de pessoas menores serem interditadas, ficando, portanto, sujeitas à curatela, a exemplo do adolescente
deficiente mental ou viciado em tóxico (RODRIGUES, Renata de Lima. A proteção dos vulneráveis: perfil
contemporâneo da tutela e da curatela no sistema jurídico brasileiro. In: MENEZES, Joyceane Bezerra de;
MATOS, Ana Carla Harmutiak (Org.). Direito das famílias por juristas brasileiras. São Paulo: Saraiva, 2013,
p. 641.
11
MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2013, p.
1.192.
12
Sobre o pronunciamento judicial exigido para que se possa configurar a interdição, vale registrar que a doutrina
diverge com relação à natureza da sentença. Pelos que defendem a natureza declaratória da sentença
de interdição, menciona-se Caio Mário da Silva Pereira, para quem o pronunciamento judicial não cria a
incapacidade, mas apenas reconhece/declara uma situação psíquica já existente (PEREIRA, Caio Mário da
Silva. Instituições de direito civil. v. 5: Direito de família. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 510). Em
sentido oposto, Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero defendem que “a demanda visa a constituir o estado
de interdição. Trata-se de providência constitutiva. O juiz decreta a interdição. A demanda por tem objetivo
decretar a incapacidade de alguém” (MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de processo civil
comentado artigo por artigo. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 970).
Também pelo caráter constitutivo da sentença de interdição, Maria Berenice Dias afirma que “ainda que a
incapacidade preceda à sentença, só depois da manifestação judicial é que passa a produzir efeitos jurídicos:
torna a pessoa incapacitada para os atos da vida civil” (DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias.
7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 620).
13
As alterações no regime das incapacidades promovidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência têm resultado
em intensos debates na comunidade jurídica, muitos dos quais fogem ao escopo deste artigo, que se propõe
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
a analisar o impacto das normas processuais positivadas no CPC/2015 no direito material da curatela,
notadamente no que diz respeito aos aspectos existenciais. Apesar disso, é importante anotar vertentes
doutrinárias que vêm se destacando a respeito da possibilidade ou não de os portadores de deficiência mental
ou intelectual serem enquadrados no rol dos relativamente incapazes. Dito de outra forma, a possibilidade
de a falta de higidez mental ser tratada como impossibilidade de exprimir a vontade a fim de que sobre os
portadores de deficiência mental e intelectual possa incidir a hipótese prevista no art. 4º, III, do Código Civil.
Parece-nos que, para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, a mudança de paradigma promovida pelo Estatuto
inviabiliza que os portadores de deficiência sejam considerados incapazes, ainda que relativamente. “Em
outras palavras, a partir de sua entrada em vigor, a pessoa com deficiência – aquela que tem impedimento
de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, nos termos do art. 2º – não deve ser
mais tecnicamente considerada civilmente incapaz, na medida em que os arts. 6º e 84, do mesmo diploma
legal, deixam claro que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa” (GAGLIANO, Pablo
Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. v. 1. 16. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 146). Por sua vez, Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald, entendendo que o alto
comprometimento de discernimento ocasionado pela deficiência mental ou enfermidade poderia equivaler à
impossibilidade de exprimir a vontade, defendem que “[s]eria o caso de um a pessoa privada totalmente de
discernimento mental. É certo que determinadas doenças ou estados psicológicos do organismo humano
reduzem a capacidade de compreensão da vida e do cotidiano, impossibilitando a manifestação de vontade.
Daí a opção legislativa de reconhecer tais pessoas como incapazes relativamente” (FARIAS, Cristiano Chaves
de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil. v. 1. 14. ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Editora JusPodivm,
2016, p. 335). Para Mariana Lara e Fábio Queiroz Pereira, “considerar um deficiente mental ou intelectual
como relativamente incapaz (em consonância com art. 4º, III, do Código Civil) é hipótese que se deve admitir
somente de modo excepcional, para situações como a de uma pessoa com paralisia cerebral severa ou a de
um indivíduo portador de mal de Alzheimer, em seu estágio final, tendo em vista que os referidos sujeitos
não têm efetivamente a possibilidade de exprimir qualquer vontade” (LARA, Mariana Alves; PEREIRA, Fábio
Queiroz. Estatuto da Pessoa com Deficiência: proteção ou desproteção? In: PEREIRA, Fábio Queiroz; MORAIS,
Luísa Cristina de Carvalho; LARA, Mariana Alves (Org.). A teoria das incapacidades e o estatuto da pessoa com
deficiência. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2016, p. 129).
14
Brevíssima exceção a essa afirmação é o art. 451 do Código Civil de 1916, cuja dicção é a seguinte:
“Pronunciada a interdição do surdo-mudo, o juiz assinará, segundo o desenvolvimento mental do interdito, os
limites da curatela”.
15
BEVILAQUA, Clovis. Codigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Commentado. 5. ed. v. 2. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1936, p. 449.
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Isso porque “o excesso de proteção por parte do ordenamento jurídico para com o incapaz pode redundar na
verdadeira supressão da subjetividade deste na medida em que decisões sobre o desenvolvimento de sua
própria personalidade fiquem a cargo de terceiros” (RODRIGUES, Rafael Garcia. A pessoa e o ser humano no
novo Código Civil. In: TEPEDINO, Gustavo (Org.). A parte geral do novo código civil: estudos na perspectiva civil-
constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 26).
17
As únicas reais alterações foram (na versão prévia ao Estatuto da Pessoa com Deficiência): a) o art. 1.767
e 1.769, I, do CC/2002 teve a mesma alteração semântica vista no regime das incapacidades (art. 3º e 4º),
suprimindo do rol os surdos-mudos; b) art. 1.772, do CC/2002 impôs a fixação de limites da curatela para os
relativamente incapazes; c) art. 1.775, caput, do CC/2002 acrescentou o companheiro ao rol daqueles que
podem exercer a curatela; d) os §§1º e 2º, do art. 1.775, do CC/2002 excluíram a preferência do filho mais
velho e do homem quanto à mulher no exercício da curatela; e) instituiu-se, pelo art. 1.780, do CC/2002, a
curatela especial para enfermos ou portadores de deficiência. Como se observa, as alterações, conquanto
substanciais, em nada disseram respeito ao tratamento existencial do curatelado.
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
Por sua vez, o próprio Código Civil de 1916 não inova em relação à legislação
imediatamente anterior – as Ordenações Filipinas, que datam de 1603 –, seguindo
a mesma tônica patriarcalista, individualista e patrimonialista, não obstante o lapso
temporal de mais de 300 anos e a óbvia evolução do momento histórico, político,
econômico e social.18
Em síntese, na perspectiva legislativa, até o ano de 2015 não ocorreu alteração
substancial no regramento das incapacidades, tampouco da curatela, desde as
primeiras codificações vigentes em nosso território. Houve, sim, e em virtude da
recente mudança de paradigma político, um esforço hermenêutico por parte dos
operadores do direito para interpretar conforme a Constituição uma legislação que,
textualmente, não se conformava a ela.
O que se busca demonstrar é que o novo Código de Processo Civil, sob “a
promessa de realização dos valores encampados pelos princípios constitucionais”,19
rompeu, positivadamente, com a lógica estritamente patrimonial que predominava
nos regramentos anteriores, bem como que, embora o novo paradigma hermenêutico
se veja positivado em um estatuto de direito processual, a alteração, longe de ser
meramente procedimental, impacta, substantivamente, o direito material da curatela.
A mudança, conquanto não seja arrojada, também não pode ser vista como
tímida, figurando, sob o aspecto textual, como um dos embriões20 do viés existencial
da curatela, a qual não pode corresponder à completa e irrefletida perda de voz,
vontade e autonomia do incapaz, tornando-o um cidadão incompleto.21
18
RODRIGUES, Renata de Lima. Incapacidade, curatela e autonomia privada: estudos no marco do Estado
democrático de direito, 2007, 201f. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Direito, Belo Horizonte, 2007, p. 32.
19
OLIVEIRA JR., Arnaldo. Novo Código de Processo Civil: Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Editado por
Arnaldo Oliveira Júnior. Belo Horizonte: Del Rey, 2015, p. 26.
20
A proteção do exercício dos direitos da personalidade – rectius, dos aspectos existenciais do interdito – passa
a ser ponto forte, inclusive no Estatuto da Pessoa com Deficiência, na medida em que prevê expressamente,
em seu art. 85, que a curatela atingirá apenas atos patrimoniais e negociais.
21
MEDEIROS, Maria Bernadette de Moraes. Interdição civil: uma exclusão oficializada, 2006, p. 18. Disponível
em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/1021/801>. Acesso em: 27
fev. 2015.
22
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhe-
cimento. 16. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 128.
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DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil e processo de
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conhecimento. 16. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 129.
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DIDIER JR., Fredie. Estatuto da Pessoa com Deficiência, Código de Processo Civil de 2015 e Código Civil: uma
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Ainda que o Código de Processo Civil de 1973 já permitisse ao juiz, por meio
do art. 431-B, nomear mais de um perito no caso de perícia complexa abrangendo
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
APELAÇÃO CÍVEL. INTERDIÇÃO. PERÍCIA MÉDICA. NECESSIDADE. NULIDADE DA SENTENÇA. ESTUDO SOCIAL.
25
PERTINÊNCIA. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO DA PLEITEANTE PARA SER CURADORA. A decretação da interdição não
pode estar embasada apenas em atestado médico e entrevista ao interditando, por depender de conhecimentos
técnicos específicos hábeis a identificar, com segurança, a incapacidade da pessoa, sua causa, extensão e
se definitiva ou não. [...] Recurso provido. (TJMG. Apelação Cível 1.0024.07.664095-2/001, Rel. Des. Heloísa
Combat, 7ª Câmara Cível, julgamento em 15.7.2008, publicação da súmula em 12.9.2008).
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o magistrado deverá tanto nomear o curador quanto fixar os limites da curatela com
base: i) no estado e desenvolvimento mental do interdito; ii) nas suas características
pessoais, iii) suas potencialidades, iv) habilidades, v) vontades e, por fim, vi) suas
preferências.
A fixação de limites é positivada de forma genérica, em consonância com os
ditames do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Esclarece-se que já era preocupa
ção dos operadores do Direito fixar esses limites sempre que cabível, qualquer que
fosse a condição do interditando.26
26
É louvável o reconhecimento de que devem ser fixados limites da curatela em todos os casos possíveis, vez
que “aproximadamente o 87% dos portadores tem limitações apenas leves das capacidades cognitivas e
adaptativas e a maioria deles pode chegar a levar suas vidas independentes e perfeitamente integrados na so-
ciedade. Os 13% restantes pode ter sérias limitações, mas em qualquer caso, com a devida atenção das redes
de serviços sociais, também podem integrar-se na sociedade” (BALLONE, G. J. Deficiência mental. Disponível
em: <http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=29>. Acesso em: 16 abr. 2015).
27
Art. 84, §3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária,
proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
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TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; ESTEVES, Rafael. In: ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Código das famílias
comentado: de acordo com o estatuto das famílias (PLN n.º 2.285/07). Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 664.
29
Marcos Ehrhardt Jr. faz importante reflexão envolvendo o cotejo dos Princípios da Solidariedade e da Dig
nidade em texto intitulado O princípio constitucional da Solidariedade e seus reflexos no campo contratual,
disponível em: <http://www.marcosehrhardt.adv.br/index.php/artigo/2010/06/06/o-principio-constitucional-
da-solidariedade>, acesso em: 23 abr. 15. A vida em sociedade – especialmente no núcleo familiar – implica a
irradiação de deveres mútuos derivados da corresponsabilidade (rectius, da solidariedade) e é nesse contexto
em que se situa a curatela.
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Ana Carolina Brochado Teixeira, Anna Cristina de Carvalho Rettore, Beatriz de Almeida Borges e Silva
30
MÜLLER, Friedrich. Métodos de trabalho do direito constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 41.
31
SARMENTO, Daniel. O neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. In: NOVELINO, Marcelo (Org.).
Leituras complementares de direito constitucional: teoria da constituição. Salvador: JusPodivm, 2009, p.
31-32.
32
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhe-
cimento. 16. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 28.
33
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhe-
cimento. 16. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 29.
34
Do ponto de vista institucional e estrutural, dominante na teoria geral do direito, a autonomia privada constitui-
se em um dos princípios fundamentais do sistema de direito privado num reconhecimento da existência de um
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
âmbito particular de atuação com eficácia normativa (AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 6. ed. rev.,
atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 346).
35
RODRIGUES, Renata de Lima. Incapacidade, curatela e autonomia privada: estudos no marco do estado de-
mocrático de direito, 2007, 201f. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Direito, Belo Horizonte, 2007, p. 137.
36
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhe-
cimento. 16. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 28.
R. Fórum de Dir. Civ. – RFDC | Belo Horizonte, ano 5, n. 12, p. 11-30, maio/ago. 2016 25
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As normas jurídicas novas, a seu turno, são aquelas que realmente inovam o
ordenamento, majoritariamente reforçando ou superando tendências doutrinárias e
jurisprudenciais já consolidadas.
Evidenciou-se, pelo cotejo do texto do CPC/2015 com as normas já construídas
no que toca à interdição, que se tratam, em sua maioria, de pseudonovidades nor
mativas, com algumas normas novas positivadas nos arts. 747, III, e 753, §2º.
Ainda de acordo com Didier, “há o risco de que, no período de vacatio, alguém
considere que essas pseudonovidades sejam realmente novidades; assim, decida
somente aplicá-las a partir da vigência do novo Código”. Não se poderia admitir que
a edição de textos normativos novos que apenas confirmam normas prévias impli
casse o diferimento da aplicação de seus comandos, pois se trataria de “fonte
normativa do retrocesso”.38
Daí porque o novo texto concernente à interdição já era eficaz, quase em sua
totalidade, desde o período de vacatio legis, à exceção dos artigos que constituíam
normas jurídicas novas, cuja eficácia ficou condicionada ao início da vigência do
novo Código.39
37
DIDIER JR., Fredie. Eficácia do novo CPC antes do término do período de vacância da lei. Disponível em:
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(...) enunciados normativos novos deste tipo exercem, no período da vacatio, uma função persuasiva, como
instrumento retórico-argumentativo para convencimento do acerto dogmático de propostas doutrinárias ou
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O impacto da conformação do novo Código de Processo Civil à Constituição Federal no direito material da...
7 Notas conclusivas
Na contemporaneidade, o principal objetivo da curatela e, por conseguinte, do
procedimento através do qual esse múnus será conferido a alguém – a ação de
interdição – é o cuidado e a promoção do indivíduo e, num segundo plano, a gestão
patrimonial.
O novo enfoque coaduna-se com a atual proposta de tutela pelo ordenamento
jurídico a direitos da personalidade e situações existenciais e, dentro desta pers
pectiva existencialista e humanizada, a interdição deixa de ser encarada apenas
como instrumento apto a conferir segurança às transações patrimoniais para se
funcionalizar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana.
A redefinição do objetivo do instituto da curatela resultou, invariavelmente,
numa atuação distinta do Estado-juiz frente ao interdito na medida em que, abando
nando as categorias abstratas e apriorísticas que desconsideravam o ser humano
concreto – que “não é a pessoa como abstrato sujeito, mas é a pessoa de carne e
osso, em sua concretude e em suas circunstâncias”40 –, passou o magistrado a ter
de investigar a melhor forma de maximizar a preservação dos espaços de autonomia
e subjetividade do incapaz.
A nova legislação processual civil vem ao encontro do atual delineamento do
instituto ao positivar a função promocional da curatela, assegurando ao interditado
a titularidade e o exercício de todas as searas de sua vida que sejam compatíveis
com a sua situação psicofísica.41
Reafirma-se, portanto, desde já, o poder-dever do Estado-juiz de, dentro dessa
perspectiva existencialista e humanizada do direito, consagrada desde 1988 e
que norteia a legislação infraconstitucional, presidir o procedimento de interdição
buscando a promoção do incapaz. Desse modo, resguarda-se que o avanço legislativo
seja concretamente observado na rotina forense, isto é, na realidade social, a serviço
da qual está a ciência jurídica.
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Ana Carolina Brochado Teixeira, Anna Cristina de Carvalho Rettore, Beatriz de Almeida Borges e Silva
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