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TENDÊNCIAS MODERNAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO E O PAPEL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS

Cintia Barudi Lopes Morano*


 

RESUMO ABSTRACT

Discute-se neste artigo uma das We discuss in this article one of the
tendências modernas do direito administrativo modern trends of administrative Law over the
face ao novo perfil do Estado: a new profile of the state: the agencificação.
agencificação. Questiona-se, assim, qual o One may wonder, well, what the actual role of
efetivo papel das agências reguladoras no regulators in Brazilian law, taking into
direito brasileiro, levando-se em conta suas account its main features, different legal
principais características, regime jurídico regime in relation to other existing authorities
diferenciado em relação às demais autarquias of these entities and relationships with the
existentes e relacionamento destas entidades three state powers.
com os três poderes estatais.

Palavras-chave: Estado. Inovações. Serviços Keywords: State. Innovations. Public


Públicos. Regulação. Agências Reguladoras. Services. Regulation. Regulatory Agencies.
Autonomia. Separação dos poderes. Autonomy. Separation of powers.

*   Professora de Direito Administrativo das FMU- Faculdades Metropolitanas Unidas. Advogada graduada
pela FMU. Especialista em Direito Constitucional pela ESDC - Escola Superior de Direito Constitucional e
Mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos.  
TENDÊNCIAS MODERNAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO E O PAPEL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS Cintia B. L. Morano

De fato, Odete Medauar, comentando a


1. Introdução questão a respeito da origem dessas entidades,
ensina que:
O direito administrativo atual passa por
algumas inovações. Essas inovações são tidas
Tal denominação vem sendo usada
como decorrência da modificação do próprio no Brasil, recentemente, por
perfil do Estado, seja por conta das regras influência dos ordenamentos
advindas de comunidades internacionais, como anglo-saxônicos, sobretudo. Na
aquelas criadas pelo direito comunitário Inglaterra, a partir de 1834,
floresceram entes autônomos,
europeu, ou da globalização que aproxima
criados pelo Parlamento para
cada vez mais os Estados, seja por conta de concretizar medidas previstas em
sistemas estrangeiros que influenciam lei e para decidir controvérsias
diretamente a reforma da estrutura estatal, tal resultantes desses textos; a cada lei
como ocorre com o sistema da common law. que disciplinasse um assunto de
relevo, criava-se um ente para
O surgimento no direito brasileiro das
aplicar a lei. Os Estados Unidos
agências reguladoras é uma das inovações sofreram influência inglesa e desde
nascidas dessas novas tendências, de modo a 1887, com a criação da Interstate
levar praticamente a um movimento chamado Commerce Commission, tem
pelos doutrinadores administrativistas de início a proliferação de agencies
para a regulação de atividades,
agencificação, e esta inovação é uma
imposição de deveres na matéria e
influência direta do sistema da common law. aplicações de sanções. Adquiriu
muita fama a FDA (Food and
2. As Agências Reguladoras e o Drugs Administration),
responsável pela regulação,
Direito Brasileiro fiscalização e imposição de
penalidades no âmbito da
As conhecidas agências reguladoras no produção e comercialização de
Brasil foram criadas pelo Governo Federal alimentos, cosméticos e
com o objetivo de auxiliá-lo na medicamentos.
regulamentação de serviços públicos Na França existem as autoridades
administrativas independentes,
delegáveis à iniciativa privada, mediante podendo-se notar que a expressão
concessões, permissões ou autorizações, já que idêntica se encontra no art. 9º da
a titularidade deles, o controle e a devida Lei 9.472, de 16.07.1997, que
fiscalização continuariam em mãos da própria institui a agência reguladora de
2
Administração Pública. telecomunicações.
Conforme acima dito, trata-se de
entidades criadas sob a influência do direito No Brasil, essas agências reguladoras
norte-americano, cuja estrutura administrativa são criadas por lei e possuem a natureza de
resume-se à existência das agências. Fala-se autarquias de regime especial vinculadas ao
que “nos Estados Unidos toda a organização Ministério correspondente à matéria que se
administrativa se resume em agências, destinam a regular. Integram, assim, a
(vocábulo sinônimo de ente administrativo, em administração pública federal indireta para
nosso direito), a tal ponto que se afirma que ‘o todos os efeitos e gozam de todos os
direito administrativo norte-americano é o benefícios e regras aplicáveis a todas as
direito das agências’ (cf. Eloísa Carbonell et. autarquias em geral, além daqueles criados
al., 1996:22)”.1 pelas leis instituidoras.
Daí por que sua efetividade no direito Fala-se que possuem a natureza de
brasileiro ainda é bem discutida. autarquias de regime especial, pois o que uma
agência reguladora pode fazer, as demais
autarquias comuns estão impedidas de fazê-lo,
                                                                                                                além do que a lei criadora destas entidades
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito                                                                                                                
2
Administrativo. 24ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011, MEDAUAR, Odete. Direito administrativo
p 475. moderno, 12ª ed. rev. atual. São Paulo: RT, 2008, p. 75.

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pode outorgar-lhes regime jurídico seu eventual sucessor, eleito pelo


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diferenciado em relação às demais. povo.
Comentando a questão, Diógenes
Gasparini explica que: Ocorre, porém, que muito se discute
atualmente qual o real papel das agências
São criadas por lei como
reguladoras no país, se elas foram criadas para
autarquias de regime especial. Essa melhorar efetivamente a função regulatória do
a sua natureza jurídica. Como governo federal ou acabam criando novos
autarquias de regime especial empecilhos e entraves no ordenamento
recebem os privilégios que a lei jurídico brasileiro. O mesmo autor
criadora lhes outorga e os comuns
a todas as autarquias,
supracitado, ao analisar a atuação das agências
indispensáveis ao atingimento de reguladoras no Brasil, faz uma interessante
seus fins. Ainda que não haja abordagem, comentando sobre elas que:
uniformidade quanto a privilégios
outorgados a essas entidades,
pode-se afirmar que em suas leis Em fevereiro de 2003, o Presidente
criadoras são encontráveis: Lula saiu de uma reunião
autonomia administrativa em tudo ministerial e declarou aos mais
que diga com seus objetivos e importantes jornais e redes de TV
atividades, de sorte que suas que ‘as agências mandam no país’.
decisões são definitivas, não Ele reclamou também que era
cabendo recurso para a avisado dos aumentos de tarifas de
Administração Pública direta, sua serviços públicos pelos jornais e
criadora; autonomia financeira, que as decisões que mais afetavam
decorrente de seus próprios a população não passavam pelo
recursos e dos advindos de outras governo.
fontes; poder de regulamentação; Logo em seguida, em março de
estabilidade de seus dirigentes, 2003, Lula designou uma comissão
garantida por mandato fixo, cujo para discutir uma proposta
exercício não é, por certo, legislativa de reforma da estrutura
absoluto, pois devem observar os das agências. De outra parte, o
princípios que norteiam a governo iniciou um acalorado
Administração Pública, a exemplo debate público com as agências de
dos indicados no art. 37, caput, da telecomunicações (ANATEL) e
Constituição Federal.
3 energia elétrica (ANEEL) tendo
por objetivo a revisão das tarifas
telefônicas e de energia, cujo
Gustavo Binenbojm, na mesma linha de exame estava em curso. Por
pensamento, comenta a respeito de suas evidente, não interessava a um
governo popular que, logo em seu
principais inovações ao explicar que: começo, medidas impopulares –
como o aumento de tarifas –
a pedra de toque dessa fossem determinadas pelas
independência (ou autonomia agências. Na percepção da opinião
reforçada) das agências pública, tais medidas seriam
reguladoras em relação ao governo certamente atribuídas ao governo
5
é a independência política dos seus como um todo.
dirigentes, nomeados por
indicação do Chefe do Poder
Executivo após a aprovação do A despeito dos aspectos políticos da
Poder Legislativo, e investidos em questão, de fato, tais discussões somente
seus cargos a termo fixo, com demonstram a fragilidade da estrutura
estabilidade durante o mandato. organizacional das agências reguladoras no
Isto acarreta a impossibilidade de Brasil. O autor, na mesma obra, ainda alerta
sua exoneração ad nutum pelo
Presidente – tanto aquele
responsável pela nomeação, como                                                                                                                
4
BINENBOJM, Gustavo. Temas de direito
                                                                                                                administrativo e constitucional. Artigos e pareceres.
3
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 13ª Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 20.
5
ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 344. Ibid., p. 22.

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para algumas falhas preocupantes no que tange A questão quanto ao poder normativo
à atuação dessas agências ditas independentes. das agências reguladoras também já havia sido
Uma delas é a preocupação de que a dita apreciada pela Suprema Corte no julgamento
autonomia concedida às agências reguladoras de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
poderá gerar um sacrifício do princípio da proposta para discutir a respeito da
legalidade, previsto no artigo 37, caput, da constitucionalidade de alguns dispositivos da
CF/88. Lei n° 9.472/97, legislação que instituiu a
É sabido que as agências reguladoras ANATEL e concedeu-lhe os poderes
gozam de autonomia normativa, podendo normativos em debate.7
definir conceitos jurídicos indeterminados e A solução dada pelo Supremo Tribunal
ligados ao âmbito de sua atuação. Decorrência Federal deixa claro que a atividade normativa
do princípio da especialidade a que estão das agências limita-se a especificar a matéria
sujeitas. O receio é que, sob o pretexto desta por meio de resoluções dentro dos espaços
autonomia, as agências passem por cima da deixados por Decretos Regulamentares
própria lei, o que não poderia ser admitido. baixados pelo Chefe do Executivo Federal ao
Por conta disso, o Tribunal Regional da dar fiel cumprimento à lei, uma vez que a
3ª Região 6 , consagrando o entendimento edição de decretos regulamentares no Brasil é
doutrinário sobre o tema, proferiu acórdão de competência privativa do Presidente da
acolhendo a tese de que o poder normativo das República, nos exatos termos do art. 84,
agências reguladoras é meramente incisos IV, da CF.
regulamentar e de complementação, Assim, é fácil perceber que o poder
encontrando-se dentro da classificação de atos normativo a elas atribuído não pode
normativos derivados e infralegais, devendo ultrapassar os limites da competência
obediência à lei e dela não podendo se desviar. legislativa. Com efeito, as normas editadas
Confira-se, nestes termos, o v. acórdão: pelas agências reguladoras devem ter um
caráter estritamente técnico, sem dispor de
AGRAVO DE INSTRUMENTO.
matéria não prevista em lei, nem muito menos
ADMINISTRATIVO. EDIÇÃO ultrapassando os limites legais.
DE RESOLUÇÃO POR
AGÊNCIA REGULADORA. 3. As Agências e seu Relacionamento
NÃO OBSERVÂNCIA DOS
LIMITES DA COMPETÊNCIA
com os Três Poderes Estatais
NORMATIVA. ALTERAÇÃO
INDEVIDA DO CONTEÚDO E Outra questão importante que se discute
QUALIDADE DE CONTRATOS a respeito da atuação dessas agências
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS reguladoras é que a dita autonomia de que
PACTUADOS ENTRE
gozam e que lhes é relevante não pode servir
CONSUMIDORES E
OPERADORAS. de desculpa para a falta de cumprimento de
A parcela de poder estatal diretrizes públicas impostas a todos os
conferido por lei às agências administradores, nem mesmo de ausência de
reguladoras destina-se à controle pelos demais poderes, como
consecução dos objetivos e
conseqüência do regime de freios e
funções a elas atribuídos. A
adequação e conformidade entre contrapesos adotado constitucionalmente (art.
meio e fim legitima o exercício do 2º da CF).
poder outorgado. Assim, quanto ao controle dessas
Os atos normativos expedidos entidades munidas de certa margem de
pelas agências, de natureza
independência em relação aos Poderes
regulamentar, não podem
modificar, suspender, suprimir ou Estatais, cabem algumas observações
revogar disposição legal, nem importantes.
tampouco inovar. No que tange ao Poder Judiciário
brasileiro, não se pode dizer que as agências
                                                                                                                                                                                                                               
6 7
Agravo de Instrumento nº 129.949, 6ª Turma, Rel. Juiz Vide julgamento em 20/06/98 pelo Supremo Tribunal
Mairan Maia, j. 24-4-2002, DJU 14-6-2002. Federal, na Adin 1688.

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atuam em independência em relação a ele. De controlada pelo governo federal, porém se


fato, às agências reguladoras é atribuída uma espera que haja uma definição melhor das
função quase judicial, pois por força de sua competências de cada um deles e um canal de
especialidade, resolvem os conflitos de comunicação e de equilíbrio, a fim de evitar
interesses surgidos e que são de sua alçada abusos de ambos os lados.
regulatória, tendo decisão definitiva dentro da Gustavo Binenbojm faz uma interessante
esfera administrativa, não sendo permitida sua sugestão a respeito desse canal de equilíbrio e
revisão por nenhum outro órgão da de comunicação que deveria ser melhor
Administração Pública Federal Direta. definido entre a Administração Pública direta
Contudo, quanto ao controle judicial, federal e as agências reguladoras:
toda e qualquer decisão das agências
reguladoras é passível de revisão pelo Poder [...] a submissão dos órgãos
Judiciário, no que tange aos aspectos de sua reguladores às políticas públicas
legalidade, nos exatos termos do artigo 5°, traçadas pela Administração
inciso XXXV da Constituição Federal, Central é uma forma de controle
consagrador do princípio da inafastabilidade pelo Poder Executivo que se
encontra prevista nas próprias leis
do Poder Judiciário.8 instituidoras das agências. A
Por sua vez, quanto ao Poder legislativo, competência dos Ministérios para,
a alegada independência desenfreada também nos termos do art. 87, parágrafo
não pode existir. A despeito das agências único, inciso I, da Constituição,
reguladoras possuírem poder normativo, como exercerem ‘a orientação,
coordenação e supervisão dos
dito antes, tal atribuição é limitada à definição órgãos e entidades da
de conceitos jurídicos indeterminados, com administração federal’ tem na lei o
total respeito às normas Constitucionais e seu fundamento e o seu limite. É
infraconstitucionais. Cabe-lhes também o desejável assim, que o desenho dos
controle, como de qualquer uma autarquia, marcos legais da relação entre o
governo e agências seja
financeiro e orçamentário exercido com o equilibrado, de modo a preservar
auxílio do Tribunal de Contas da União. uma base de autonomia para os
O próprio controle exercido pelo poder reguladores sem isolá-los
Legislativo, por exemplo, pelas comissões completamente das diretrizes
parlamentares de inquérito, aumentaria a gerais ditadas pelos governos
democraticamente eleitos.
independência dessas agências e a Ademais, não seria incompatível
confiabilidade de que as suas atribuições legais com o regime de autonomia que a
fossem efetivamente cumpridas. lei contivesse previsão de recursos
Agora, no que diz respeito ao Poder hierárquicos impróprios das
Executivo, a independência das agências já é decisões das agências à Chefia do
Executivo, em situações
um pouco maior. Como as agências excepcionais e de grande
reguladoras são pessoas jurídicas integrantes relevância social. Esta seria uma
da Administração Pública Federal Indireta, o forma legalizada de comunicação
controle exercido sobre elas é de supervisão entre regulação e política pública
9
ministerial relativa ao Ministério, órgão da governamental.
Administração Pública Federal Direta, a que
esteja vinculada. Dessa forma, o canal de comunicação
No mais, seus atos e decisões não podem entre elas e o Poder Executivo deve realmente
ser revistos pelo Poder Executivo, sem contar se estreitar já que as agências reguladoras e a
com a relativa estabilidade de seus dirigentes, Administração Pública Direta não podem
que lhes confere maior autonomia funcional. atuar, no dizer de Carlos Ari Sundfeld, “como
Não se espera que toda e qualquer se fossem ‘Estados Independentes’, isto é,
proposta das agências reguladoras seja verdadeiros Estados ao lado do Estado. Isso,
                                                                                                                                                                                                                               
8 9
Art. 5°, inciso XXXV, da CF: “a lei não excluirá da Temas de direito administrativo e constitucional.
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a Artigos e pareceres. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.
direito.” 110.

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no entanto, não quer dizer que, quanto às esperada em alguns setores sociais, em
matérias de competência das agências, a especial àqueles diretamente ligados aos
Administração Direta deva necessariamente consumidores nacionais que são os que mais
intervir.”10 sofrem com as imperfeições desse recente
sistema.
4. Conclusões Sobre o Papel das
Agências Reguladoras nos Setores de
Regulação
Enfim, o movimento de agencificação
no Brasil foi iniciado em um momento em que
a economia do país se encontrava em
constante crescimento e exigia do Estado uma
atuação mais eficaz para a solução de
problemas sociais de conhecida carência e de
longa data pela comunidade brasileira, ainda
mais em termos de prestação de serviços
públicos.
De fato, a desburocratização, a
eficiência, transparências das ações
governamentais e valorização do cidadão tido
como principal mecanismo de controle social
demonstram que o surgimento dessas
entidades cada vez mais é realmente
inevitável.
Atualmente, existem diversas agências
reguladoras no Brasil responsáveis pelo
controle e coordenação de serviços públicos
delegados a concessionários e permissionários
responsáveis por setores diretamente ligados
aos consumidores nacionais.
Normas instituidoras de algumas
agências (como a Lei n° 9.472/97 – Lei Geral
das Telecomunicações) e referentes à criação
de mecanismos de participação social no
controle de atuação dessas entidades, tais
como audiências públicas, “disque-denúncia”,
oitiva de opinião dos interessados, coleta de
opiniões e outras, também merecem aplausos,
vez que compatíveis com um Estado
democrático de direito.
Infelizmente, várias questões ainda não
foram respondidas pelas agências reguladoras
de forma convincente. Espera-se, assim, que
tais entidades possam de fato se adaptar por
completo às regras do direito brasileiro e que o
canal de comunicação entre elas e o Poder
Executivo Federal realmente se estabeleça, a
fim de que produzam, na prática, a eficácia
                                                                                                               
10
Introdução às Agências Reguladoras.In: Sundfeld,
Carlos Ari (Coord.). Direito Administrativo Econômico,
p. 26-27.

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REFERÊNCIAS

BINENBOJM, Gustavo. Temas de direito administrativo e constitucional. Artigos e pareceres.


Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 24ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 12ª ed. rev. atual. São Paulo: RT, 2008.
SUNDFELD, Carlos Ari. Introdução às agências reguladoras. In: Direito Administrativo
Econômico. São Paulo: Malheiros, 2000.

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