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RESUMO DO NOVO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE (2006)

Diretório é uma publicação orientadora, mais do que normativa. A norma é o evangelho de Jesus, o
Cristo. A Igreja, em sua missão no mundo, precisa orientar as pessoas e os grupos para que não se percam em
experiências sem sentido ou que sejam desconectadas com a realidade do planeta e do país. Por isto,
periodicamente é preciso atualizar as orientações aos tempos que mudam. Se antes demorava um século para que
as coisas saíssem do papel e chegassem aos lares das pessoas, hoje as coisas chegam às casas e aos micros antes
mesmo de serem impressas em papel. Em menos de dias, um documento pode ser conhecido por todas as pessoas
de uma mesma sociedade. Basta que os meios virtuais e a comunicação de massa entrem em funcionamento. Por
isto, é preciso responder aos novos desafios e a uma nova realidade planetária, sem ficar no saudosismo do
passado, que não volta mais. As pessoas pensam, sentem e agem diferentemente hoje: a Internet e os MCS
contribuíram muito para isto. O novo documento quer levar em conta este novo modo de ser, sentir e agir. E não
deve ser ignorado por nenhum de nós. O novo DNC continua a caminhada da CATEQUESE RENOVADA
(1983), que foi assimilada em parte no Diretório Geral para a Catequese (DGC), de 1997. Ele está dividido,
academicamente, em 2 partes gerais e algumas subdivisões, que são:
1. Fundamentos teológico-pastorais;
 História da catequese pós-conciliar;
 A catequese na missão evangelizadora da Igreja;
 Para uma catequese contextualizada;
 A missão e o conteúdo da catequese;
2. Orientações para uma catequese na Igreja Particular;
 Catequese e educação na fé (processo pedagógico da fé);
 A catequese e os seus protagonistas;
 Lugares e organização da catequese.
Como se pode ver, o documento dá uma boa síntese da catequese do Brasil, situando-a no contexto da
Igreja Universal. Como o melhor mesmo é ler, entender e discutir o texto, vou apenas fazer uma resumo das partes
que nos interessam aqui, na nossa caminhada. Creio que – já que esta palestra é destinada a catequistas e a maioria
já está neste processo há mais tempo – posso pular simplesmente a parte histórica e não irei me referir longamente
ao documento Catequese Renovada, que já deve ser conhecido por todos, ou já devia ter sido conhecido.

1. A catequese como missão evangelizadora da Igreja


Não podemos esquecer que a catequese não é um processo de ensinar doutrina, mas de repartir a fé em
Jesus Cristo, de fazer discípulos e de viver em comunidade. Isto dá sentido à vida (n. 15-18). E este sentido nasce
da descoberta de que Deus é PAI MISERICORDIOSO. (19-26) Mas para isto, é preciso desagregar a catequese do
primeiro anúncio de Cristo e de seu Reino: sem ele a catequese não cumpre a sua função de ser
APROFUNDAMENTO da fé. (nº. 28-30) Depois da catequese é preciso se seguir à 3ª etapa: a ação pastoral (nº.
31) É para lá que se convergem todas as forças e este é o critério se a catequese está boa ou não. Sem o
engajamento na comunidade a catequese foi apenas ensino religioso (nº. 52-56) A catequese tem que fazer
discípulos de Jesus, o Cristo, que vivam e atuem em comunidade. (nº. 31). Por isto a catequese tem que chegar a
alguns posicionamentos vitais, com a conversão da pessoa e de suas ações (nº. 33 e 34) a finalidade da catequese
é o assumir a própria vida comunitária de fé e participação: não é fim em si mesmo, mas processo de iniciação à
vida de fé da Igreja. (nº. 35) Este processo deve passar pela descoberta de si mesmo, experiência de oração,
adesão a Jesus Cristo, descoberta do Espírito Santo, participação ativa na comunidade cristã, celebração dos
mistérios da fé, transformação da sociedade e pela dimensão ecumênica. Por isto, a catequese é processo eclesial,
dinâmico, educando e formando para a comunidade. (nº. 35-39). E está inspirada no RICA e não ele na catequese
de crianças. (nº. 40-50) Na verdade, será preciso repensar todo o processo de catequese de adultos, incluindo os
cursos de noivos e batismo, para que se possa entrar neste modelo. Toda catequese boa forma o cristão para a
transformação da sociedade e para a missão. (nº. 51) A catequese é que forma uma comunidade cristã fiel ao
Cristo.
 COMO A CATEQUESE (1ª EUCARISTIA, DE CRISMA E DE ADULTOS) ESTÁ NUCLEANDO
DISCIPULOS E FORMANDO COMUNIDADE?
2. O contexto da catequese
Só se pode dar catequese num contexto determinado, com problemas e pessoas concretas (nº. 57-59) No
Brasil, a catequese deve superar racismo, discriminação de gênero e posições econômicas e sociais, ajudando a
construir uma sociedade menos injusta. (nº. 60)
O texto traz um longo resumo da caminhada da catequese no mundo e no Brasil (nº. 61-83), antes e
depois do Concilio Vaticano 2º. Nos números 84 a 91, o texto traz uma ampla e rica contribuição de análise do
contexto sócio, econômico e cultural de nossa época, especialmente enfocando o contexto religioso atual.
O mundo adulto é encarado como prioritário para a catequese, que sempre se primou por evangelizar as
crianças. (nº. 92-93)
 ESTAMOS VENCENDO AS DISCRIMINAÇÕES, O RACISMO E A DESVALORIZAÇÃO DA
MULHER OU NÃO TOCAMOS NESTES ASSUNTOS “POLÊMICOS”?
A NOSSA CATEQUESE TEM PRIORIZADO QUE TIPO DE PESSOAS?

3. Mensagem e conteúdo
Nº.s 94-100: a mensagem de Jesus, a serviço do Reino é maior e mais forte do que a doutrina cristã. E ela
que deve ser apresentada. A leitura da Bíblia, a partir de uma visão engajada e libertadora (nº. 102-11) é assumida
como sendo o próprio conteúdo da catequese, juntamente com a liturgia cristã (nº. 103-119). O CATECISMO
PARA A IGREJA CATÓLICA e o seu COMPÊNDIO tem seu valor como projeto de unidade universal e pelo seu
cristocentrismo trinitário. Mas deve ser atualizado e contextualizado em terras brasileiras. (nº. 121-123 e
também 129-131)
A catequese deve dar uma mensagem autêntica do Cristo de forma gradual e respeitando uma hierarquia
de valores, verdades e normas. (nº. 125-126) Não se podem esquecer as etapas principais do processo (SIMBOLO,
SACRAMENTOS, BEM-AVENTURANÇAS/DECALOGO, PAI NOSSO) – mensagem, liturgia, moral e ascética
– estas são as 4 colunas básicas da catequese. (nº. 127-128) Tudo deve estar integrado para favorecer a comunhão
da Igreja e das pessoas com o Cristo. (nº. 132-133)
 NOSSA CATEQUESE INTEGRA LEITURA DA BIBLIA, LITURGIA, ORAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL?

4. Orientações para a catequese na igreja particular (diocesana)


Os nº. 134-141 se referem à pedagogia de Deus, de Jesus Cristo e à pedagogia da Igreja. E é baseada
neste processo que a pedagogia da fé se insere. (nº. 142-145) Ela é um processo que não se confunde com a
pedagogia comum, embora aprenda dela (nº. 146-172), das ciências e dos MCS. Para ser catequista, não basta ser
pedagogo ou professor, ser comunicativo e ter jeito para as pessoas, é preciso mais do que isto. É preciso repartir
a fé e o discipulado com Jesus Cristo, em comunidade. Nenhum catequista deve atuar sozinho, mas em grupo.
(nº. 172)
 COMO ANDA A NOSSA ATUALIZAÇÃO PEDAGOGICA/COMUNICATIVA?
 COMO ANDA A NOSSA VIVENCIA DE FÉ E MISTICA? E O GRUPO CATEQUETICO, COMO VAI?

5. Destinatários como interlocutores do processo


A Igreja não quer apenas dar catequese como um processo passivo, mas espera que os catequizandos
ensinem a Igreja a viver melhor e mais voltada para a sociedade (N.º 177-180). A comunidade tem direito a uma
catequese bem feita (nº. 176-175) e deve orientar os seus melhores agentes para a catequese com adultos (nº.
177), pois são eles que assumem as decisões na sociedade (nº. 177). Mas eles têm o direito a que a sua catequese
leve em conta as suas experiências anteriores de vida. (nº. 178) 1 Em uma catequese de adultos, é preciso:
a) reforçar a opção pessoal por Jesus Cristo;
b) promover uma sólida formação dos leigos, levando em consideração o amadurecimento da vida no Espírito
do Cristo Ressuscitado;
c) estimular e educar para a prática da caridade, na solidariedade e na transformação da realidade, julgando
com objetividade e à luz da fé as mudanças sócio-culturais da sociedade;

1
Com Adultos Catequese Adulta, Paulus 2001 = Estudos da CNBB 80; O itinerário da fé na “iniciação cristã dos
adultos”, Paulus 2001 = Estudos da CNBB 82; Segunda Semana Brasileira de Catequese, Paulus 2002 = Estudos
da CNBB 84.
d) ajudar a viver a vida da graça, alimentada pelos sacramentos;
e) formar cada pessoa para cumprir os deveres do próprio estado de vida, buscando a santidade;
f) dar resposta às dúvidas religiosas e morais de hoje;
g) desenvolver os fundamentos da fé, que permitam dar razão da esperança;
h) educar para viver em comunidade e assumir responsabilidades na missão da Igreja, dando testemunho
cristão na sociedade;
i) educar para o diálogo ecumênico e inter-religioso, como instrumentos para a busca da unidade cristã e da
paz entre os filhos de Deus;
j) ajudar na animação missionária além fronteira.
É preciso também levar em consideração – no trabalho com idosos – uma catequese que os abra para a
esperança. (nº. 181-182). Com crianças, é necessário que os catequistas assumam a responsabilidade dos pais de
educar na fé, enquanto a realidade não muda (nº. 184) Na catequese com jovens, é preciso seguir o modelo de
Jesus Cristo, que os faz interlocutores, sujeitos, protagonistas da evangelização e construtores de uma nova
sociedade para todos (nº. 191). É preciso investir na realização de retiros, nos grupos de jovens e no
acompanhamento personalizado dos jovens, preparando-os para o sacramento da confirmação com duração
prolongada, como tempo forte de amadurecimento na fé. (nº. 194) Na catequese com adolescentes, é preciso
desestimular o vácuo pastoral entre 1ª Eucaristia e Crisma, criando grupos de perseverança, após a catequese de 1ª
Eucaristia (nº. 196 c).

Não é possível esquecer os diferentes grupos étnicos e culturais, que precisam ter uma catequese
inculturada a suas diferentes necessidades e contextos. São eles: os indígenas, os negros (nº. 201), as pessoas com
deficiências (nº. 202), os marginalizados e excluídos (nº. 209-211), e outros grupos diferenciados (n º 212) ou em
ambientes diversos (nº. 213-214). Para dar catequese, é preciso discernir o contexto sócio-religioso (nº. 215-230),
inculturando e adaptando2 a catequese. Não está excluída uma dimensão missionária e uma dimensão ecumênica
da catequese (nº. 216), especialmente com relação aos judeus. Com relação aos “novos movimentos religiosos”,
não devemos demonizá-los, mas considerá-los dignos de evangelização (nº. 216).

 PARA QUAL IDADE ESTAMOS DANDO O MELHOR DE NOSSAS FORÇAS E RECURSOS? (CRIANÇAS,
ADOLESCENTES, JOVENS OU ADULTOS)

 NOSSA CATEQUESE É ECUMÊNICA COM RELAÇÃO AOS JUDEUS, OUTRAS IGREJAS E GRUPOS
RELIGIOSOS?

6. A catequese e seus protagonistas

“Cabe à Diocese, através de seus organismos e coordenações, dar condições para que a ação catequética
perpasse a ação evangelizadora da Igreja, com ênfase na catequese de adultos. (...) A comunidade que
aceita seu trabalho e precisa tanto deles deve ter sensibilidade para pôr à disposição da catequese livros,
material pedagógico, cobertura financeira para cursos, encontros, reuniões dos quais os catequistas devam
participar.” Nº. 236
A responsabilidade da tarefa catequética não pode e não deve ser assumida apenas por um grupo, mas
deve ser compartilhada pela comunidade, pelos pais, pelos leigos e pelos catequistas (nº. 2237-245). Ouvir os
leigos proporciona um canal importante para descobrir o porquê do afastamento e do abandono da comunidade
eclesial, possibilitando uma importante fonte de novos caminhos de evangelização. (nº. 241) A missão catequética
tem sua raiz no sacramento do Batismo e, por isso, está distribuída entre todos os que o assumem. (nº. 243)
CRITÉRIOS PARA SER CATEQUISTA (nº. 258-264):
 ter entusiasmo pela vida;
 ter equilíbrio psicológico;
 ser pessoa de oração;
 saber ler os sinais dos tempos na vida do povo;

2
No texto, inculturação se refere sempre ao contexto cultural e adaptação, às necessidades das pessoas
particulares.
 ser identificado com o seu povo;
 gostar de estudar e se formar;
 ser capaz de construir a comunhão.
O saber (nº. 265) e o saber fazer do catequista (nº. 266-272), devem ser incentivados e sistematizados em
escolas e cursos de catequese, em nível básico, médio e superior (nº. 285-290).
 ESTAMOS FORMANDO CATEQUISTAS E COLOCANDO A SERVIÇO DA PASTORAL DE CATEQUESE
OS MELHORES RECURSOS DA DIOCESE E DAS PARÓQUIAS?
 COMO ESTÁ A FORMAÇÃO PREPARAÇÃO DE NOVOS CATEQUISTAS E COORDENADORES DA
CATEQUESE?

7. Lugares da catequese
Onde seriam os lugares privilegiados da catequese eclesial? A Igreja deve ir às famílias (nº. 293),
especialmente as com dificuldades (nº. 294), pois a Igreja é missionária. Mas não se pode esquecer que o lugar por
excelência é a comunidade cristã (nº. 297) e não escolas e grupos de movimentos (estes devem estar ligados à
caminhada paroquial e diocesana – nº. 302). Mas a catequese deve ser um lugar onde: se acolhe, se aprende
solidariedade, se vive em comunidade, se compromete, se lê a Bíblia de forma orante, se formam evangelizadores.
(nº. 298) A paróquia deve cuidar da formação permanente dos catequistas (nº. 303)
Mas não é só isto: os MCS e os virtuais também devem ser atingidos pela catequese da Igreja (nº. 306),
pois ela não pode se fechar em si mesma. Expressões artísticas devem ser aproveitadas ao máximo para a
catequese (nº. 307)
Sobre a IDADE DA RECEPÇÃO dos sacramentos, o documento joga para as instâncias diocesanas de
decisão, por causa da dificuldade em definir algo em um país tão grande. É preciso que a diocese tenha um
programa coerente de catequese para todas as idades (nº. 312) Mas aponta para o perigo de se diminuir a idade
(nº. 313), antecipando a saída das crianças e adolescentes da Igreja.
A coordenação da catequese é um ministério. Deve ser valorizada, mas vivida em equipe. A organização
cuide para ser mais evangelizadora e pastoral do que institucional: ou seja, precisa adaptar a catequese às
necessidades da população e não vice-versa. (nº. 316) É a catequese que deve se adaptar aos seus interlocutores
(nº. 307)
As funções do pároco não foram esquecidas (nº. 320), do coordenador de catequese (nº. 322), nem do
bispo e sua equipe (nº. 323). Contudo, o DIRETORIO não é uma instância jurídica, mas um documento que dá
orientações e que precisa ser devidamente adaptado às necessidades diocesanas, para um avanço na educação da
fé.
 SE A IGREJA ANDA PERDENDO TANTA GENTE (1,2% A.A., SEGUNDO O IBGE) A CATEQUESE NÃO
É RESPONSÁVEL TAMBÉM POR ISTO?
 UMA CATEQUESE FRACA E FOCADA NOS SACRAMENTOS NÃO AJUDA AS PESSOAS A TER UMA
FÉ POUCO COMPROMETIDA E ENGAJADA. NÃO SERIA MELHOR DAR O SACRAMENTO APENAS PARA OS
ENGAJADOS E NÃO DAR O SACRAMENTO ESPERANDO O ENGAJAMENTO?
Como se pode ver, o documento avança em muitas coisas: é teologicamente bom, é pratico, sem ser
pragmático, não deixa de lado questões difíceis, dá orientações seguras sem ser jurídico, dá liberdade de
adaptação, colocando responsabilidade nas pessoas e grupos responsáveis. Mas precisa ser lido, estudado,
discutido e regulamentado pelas dioceses. Sem isto, será apenas um documento vazio de conseqüências. É o que
estamos fazendo aqui hoje, ou é – pelo menos – a primeira etapa disto. Fica aqui uma pergunta: como vamos fazer
para que este documento ajude-nos a avançar numa catequese mais profunda, que promova o engajamento, que
priorize os pobres e suas famílias, que seja missionária e nos ajude a reforçar e revitalizar as comunidades que
temos?
Resumo feito por:
Pe. Dr. Paulo F. Dalla-Déa
Santa Maria, 12 de dezembro de 2006.
Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina.

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