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PincroS Fernando Tarallo A PESQUISA , BOCIO- LINGUISTICA Linguistica Preparacao de texto Sueli Campopiano Projeto grafico miolo Antonio do Amaral A Artesinal René Etiene Ardan Joseval Souza Fern Capa Ary Almeida No ISBN 85 08 00706 x 1997 Todos os direitos reservads Rua Barao de Iguape, 110 ~ Caixa Postal 8656 - CEP 01065-970 ‘Sao Paulo — SP Tel: (011) 278-9322 ~ Fax: (011) 277-4146 hitp:/immww.atica com br |: editora@atice.com.br Lista de figuras e tabelas FIGURAS 1 — Diagrama dos componentes da narrativa— 26 Grafico do uso de trés variantes relatives em textos de media — eines <7 tice de em Norwich_69 em Norwi Retencao vés de quatro periodos de tempo Freqiéncia de em quatro per 10 de trés estrategias de rel jos de tempo— pacer 7 Frequéncia de ‘comparadas @ 1 de preposigao em quatro peri 0 de trés estrategias de relativizagao ungae de objeto jos de tempo___78 TABELAS Centralizagao e sentimento em relagdo a Martha's Vi neyard—— — st Efeito es nome-lembrete——_______ nn) Percentagem de uso de pronome-lembrete de acordo com estilo © classe social_______53 Percentagem de uso de trés variantes relativas em textos de media Oo _60 Desenvol de ariveis do espanho! por grupos etérios 66 Estratificagao socist de v Panama — 67 Sumario 1. A relacdo entre lingua @ sucledede ————__-____ — 5 ” A variagao primeira instancia——___ =33 modelo, (Os fatores 4. A variagao linguistica: segunda instanci _ 49 5. Variagéio e mudanca | Coniempori rio critico —____ __ 3s 8. Bibliografia comentada —— eee) Livros di 89; 93 1 A relacao entre lingua e sociedade Palavras iniciais niverso 2 : = ara suas ses, sempre gem que nao seja soc P? e houver_necessi © socie- fica redund: dade. Municie-se seu cam} do © pro- 0 te6rico e mel No entanto vocé ve poderd se questionar nente abandonada pela escola Lembre-se de qu indo Chomsky dos estudos lingitisticos ¢ a competén nte-o perten- a uma comuni Dentro desse © desafio_ por lingiiistica € homoge “caos” para se sistema Esse f tdo “falante- tuagdo de fala em que nos inserimos e d mos, no rogénea e divers heterogencidade que deve ser sistem rente, se a heterogenei jo pudessem ser sistemati- zados, como en tica entre os membros de de se er Analisar € aprender ticas usadas por w nossos principais objetivos. desenvolvido neste | ngiiisticamente_homogénea ise, voc€ nem deveria accitar proposto, uma vez que a comunidade Nao have ogencidade ou amos que a ada. Se 0 caos apa~ enderem, de se comunicarem? mesma comunid > € © que se convencionou di minar * modelo tedric tico como objeto de estudo. pio, nao ad exist ite Breve histérico da sociolingijistica quantitativa © iniciador dese modelo tedrico-metodolégico € 0 american William Labov. Nao que ele tenha sido 0 pri- gilista a surgir no cenario da investigagio Modelos do passado mais distante, ¢ também ¢ ot inspiraram na sua concep- m veiculo de comunicagao, de informagao ¢ expresso, duos da espécie humana. Assim sendo, tem-se em Ferdinand de Saussure um sociolingitista! © modelo de se proposto por Labov apresenta-se como uma re do componente social no modelo gerativo. Foi, portanto, im Labov quem, mais veement tou a ir_na relagdo entre 1a possibilidade, virtual e real, de do existente ¢ propria da lingua lingu oA ausénei lingua e soc seu prim falado na ilha de M chusetts (Estados L dos sobre a esir de Nova lorqu idos), varios outros se seguiram: estu- ado na cidade estudo sol inglés verndculo dos adolescentes negros do Harlem, Nova Jorque. ¢ estudos sociolingiiisticos da F tros. Além desses, uma enorme quantidade de estudos lin- ~< |. entre ous 8 giiisticos de outras comunidades de fala ja foi realizada por outros pesquisadores da da cidade do Panama; sobre 0 espanhol falado por porto- -riquenhos residentes nos Estados Unidos; sobre o inglés ido em Norwich, Inglaterra, e em Bel o fran la; sobre és falado na cidade de Montreal, C ; © sobre © portugués falado nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte © Sao Paulo, © modelo de anilise lingtiistic do por alguns de proposto por Labov dos coletados. lingitisticas em essas_ forma de. A um con, se 0 nome de “varidvel m exemplo! vel corresponde 0 campo de ba uséneiat desse sep- gliistico analisado. Para as variantes serao usados tes. Assim, tem-se A © plural no portugués é marcado redundantemente 10 longo do SN: no determinante, no nome-niicleo € nos modificadores-adjetivos. A variagio na marcagao do plu- no SN pode, portanto, tomar as seg 1, aS meninaS bonitaS 2. aS meninas boni menit 1 bonit a de seu desem- norma-pa etém a variante [s] nome-micleo, mas lane de adjetivo modificador falado ¢ rada, apesar de nao-padrao, mantém a marca de plural dade no SN. Assim, em espanhol, tem-se: porto-riquenho esta 4) encaixamento da ¥ social da comunidade: em que nivel comunidade a varidvel pode ser colocada; 5) projecao histérica da varidvel no sistema soci Je. A variacdo nao implica necessa- variantes) pressupoe a evidencia de estado de v com resolugio de morte para uma das vari ea mente estr form Os resu 0 de regras gra- ie 4o, conseqiientemei pois © favorecimento de inte ¢ nao de outra de- corre de cire (condicionamento das atores internos) € nao-lingiiisticas (condicio- ntes por fatores externos, tais como: yeste modelo de an: Variantes-padrao / nao-padrao, conservadoras / inovadoras, estigmatizadas / de prestigio comu relacao de conco! mM 2 -padrao; conservadoras vs. inovadoras; de prestigio vs. es- tigmatizadas. Em nte considerada padrio é tigio so doras, por o estigmatizadas pelos membros da com plo, no c a variamte [s} & variante [4], por ou ira. io quase sempre ndo-padrio ¢ de. Por exem- entre os tres is exemplos de situa- Is previsdes do modelo Em seu estudo sobre ¢ do na cidade de Nov: neiras distintas de se pronu co. Essa d formas s Ir] vs auséncia idénticos, exemplo, em posicio £ foi ou expresso ou ap: analise concluiu Jante correspond Nao ha nada iner 1) pés-voe! 3 adicalmente oposta a encontrada na cidade de Nova Jorque. Um; dica que até a Se- /t/ a forma de prestigio em © sua prontincia era estigma- izada socialmente. O sistema de portanto, virou de cabeca para baixo: agora tem prestigio quem pronuncia 0 /r/ pés-vocalico! Os resulta- dos da analise de Labov também concluem que a promin- cia do /r/ pés-vocalico, ao assumir prestigio sociolingiiis- ico na comunidade, tende a ser exagerada, Tal exagero mais fort ial média-alia e na calico, na classes guragdo social da comunidade em questao. Veja- mos, portanto, uma 10 que reflete o e gero de uma variante conservadora, nao-padrio © estig- A comunidade € a ilha de a's Vineyard > de Massachusetts, est s tiveram conseqiiéncias ressantes. O campo de bata- a mostrava-se nas duas de se pronunciar a vogal-nucleo dos d como em house, e /ay/, como em right. A onservadora, nao-padrao © estigmatizada é como um schwa: [u}; fay] maneiras di tongos /au, variante local a prontincia da vogal A variante mais ‘orma trazida pelos. veranistas invasores nralisar essa situagao de variagao? Passemos, portanto, as proximas atragdes! O cap jade podera explicar o resultado aparel ! 2 seré um momento de reflexio sobre o fato lingiiistico mente contraditério a que o estudo chegou: a variante | deste modelo de anélise’ sociolingiifstica: © que deve ser servadora, nao-padrao e estigmatizada ¢ a forma lin- | descrito © analisado! A metodologia de coleta de dad ca mais forte dentro da comunidade. A prontincia ' sera apresentada detalhadamente para que vocé poss mbém nese aii de house como [haus] tornou-se marca local e esti sendo prender a constituir seu objeto de estudo. T bros da comunidade. Os habitantes capitulo 2 vo m a ressentir a invasdo dos veranistas e a métado ¢ ol decorrente: assim, atitudes lingiifs- © capitu os residentes para demarcat meira instn ngliistica: a preparagio e a defi- sda ai 2 do envelope de variagao: 0 elenco das va correntes dentro de uma varidvel; o levantamen noteses: quais fatores ‘olando © proceso de uma variivel: a apreciagao da varidvel pelo ana 1a de variagao em um aspecto especifico da falada se encaixa dentro do sistema da fala, em seu unto maior? E ainda, como tal esquema xar no sistema social da comunidade de fi sero discutidos os seguintes as- A tendéncia ao exage s acentuada entre apés um tempo de pi como 0 es- ama- na ilha, Os exemplos relatados \werem, portanto, que a lingua pode ser um fator 0 de grupos, em sua arece se re: ido pos, marcadores © 5 a questdo sobre variagio ¢ ado pel ingilisti ngilistica; © papel desempenh: Fa que voce possa tirar o maior proveito pos- sugerida neste volume — a rela. 40 entre lingua e sociedade —, & necessdrio que este ma seja claborado. Nossa intengao principal é que, com imitaces que um livro introdutério naturalmente as idéias. conceitos, exem- de um mom 10 da dicotomia 16 da lingua, através do tempo). Em “Conclusdes”, no capt tulo 6, retornard a questo maior: @ heterogeneidade sis- tematizavel da lingua falada. Apreciaria muito se voc livro, refletisse sobre a import sistematizacdo, no sentido nao somente de encard-la como um recurso para a resolucao de probl cao lingiiistica mais imediatos, como a forga ¢ peso de tal modelo de solucdio de questdes tedricas de Vamos @ luta!? ura deste no percurso da igacdo pal abrangene Z O fato sociolingiiistico Teoria, método e objeto fe estes trés conceitos: s possiveis combinagdes os caminhos a 2 Como assegu- lacdio coesa, ordenada e gica entre si faceis de responder, vale o esforco da tentativa de responder a teori: € obvia © ponto de part objeto? C 1 da disposig ‘a EM que OS pressupostos tedrico-metodolégicos de- terminam © objeto de estudo! A teoria e o método de ise forcosamente deverao ter sido claborados antes mesmo que o objeto tenha sido descrito. Constit verdadeiro © gent tal modelo te6rico dar conta de todos ise? Parece-me que a res- posta € negat modelo nao consegui sar todos os fatos que crid-los artifi mmbém tera mesmo Mas nem dor que habita em nés! Tomemos outro ca nho! Uma vez que teoria e mé- todo mantém entre si uma relagao légica, partamos. di objeto de estudo. F a partir de sua existéncia real, com todas as suas intimeras, infinitas e possiveis facetas, que tentaremos construir um modelo tebrico. Nesse sentido, a teoria, em principio, devera dar conta de todos os fatos disponiveis, pois, em sua constituicao, ela nao filtrou os fatos: ela os analisou a todos! O model dolégico da soc is te6rico-meto- arte do objeto bruto, nao-po- Imente, Em poucas palavras, se proposto neste volume, o ing © ponto de partida e, um porto ao qual 0 modelo espera que Sempre que encontrarmos dificuldades de ai ise. O fato sociolingtiistico, 0 dado de andlise, € ao mesmo tempo a base para 0 estudo lingilistico: 0 de informagdes para hipoteses antigas sobre dentro do model objeto — 0 fato uma vez mais, retornemos, v0 de confirma de ow rejei ambém pai ovas hipéteses, lingua ¢ © levan- tamento e 0 langamento de mos agora 0 objeto! Mas def ~ | | rt A lingua falada. O vernaculo Até este momento da exposigio de nossas_idéias yimos nos referindo freqiientemente a “lingua falada”, mas no a apresentamos ainda em sua forma e esséncia. Pois bem, aqui esta « primeira tentativa de definicio: a ingua falada a que nos temos referido ¢ 0 veiculo lin- giiistico de comunicagao usado em situagdes naturais de interagao soci > tipo comunicagao face a face. Ea ygua que usamos em demais membros de ossos lares a0 teragir com os s. Ea lingua usada nos rodas de amigos; nos corre- nge da tutela dos professor: ssas fam botequins, clubes, pargues. E a lingua falada entre amigos, inimigos, s € apai- xonados. Em suma, jada é 0 vernéculo: a enuncia- cdo © expresso de fatos, proposigdes, id n a preocupagio de como enuncié-los. dos momentos em que 0 minimo de a (o que) s rata-se, portanto, engao & prestado Essas partes do dis- \das aqui como o ve para a a Evidentemente aquele mater ngua, ao como da enunciagao. curso falado, caracteri iculo, cons- tituem 0 material 6 ise sociolingiiistica que nao apresente as pesquisador saiba caracterizé- vidamente ¢ desde que ele 0 aproveite com novas hipéte- ses em mente, (Mais det desse material seguem no ca guinte, que objeto de estudo sempre pre- ceder 0 levantamento de hipéteses de trabalho e, conse- giientemente, a construcio do modelo tedrico. Como cole sociolingiiistica, cas tar, porém, o vernéculo ~— 20 O paradoxo do observador Para a necessi nodelo é de nj sociolingiiisti enorme qu: reza q material em fu que segue esse la em situacdes naturais de comu letar uma vasta quantidade de ma a presenga do pesquisador interfi » de comunicacao ternativa seria a de procurar fazer isador-observador: 0 pesqui le da si ngitistas ou nao — muit do de coleta de dados. O soc esteja interessado. ‘4 preci O pesquisador da are: ele também se ui dentrar a Como resolver, por conseguinte, 0 paradoxo do obser- Isto é de um lado, 0 pesquisador necesita de idade de dados que somente podem ser cole- dos através de sua participagdo direta na interagdo com tes; de outro, essa participacao direta pode per- jidade do evento. C jonar este problema? © método de entrevista sociolingiiistica: a coleta de narrativas de experiéncia pessoal © propos minimizar 0 efeito negativo cau > pesquisador na naturalidade da sit dados. De gravador em punho, 0 pesquis como. afin . deve coletar: 1. situagdes natu ica e 2. grande q ade de rial, de boa qualidade sonora. O pesquisador, ao selecionar s me entrev’ Sej 1 situagao de comunicagao, seja qual for a conversa, seja quem for o informante, o pesquisador deverd tentar neutral a exer ravador © por su presenga ci estranho a comunidade. Tal neutralizagao pode ser > em que © pesquisador se decide a repre- prendiz-interessado us problemas € pec ortanto, aprender tudo sobre € sobre os informantes que a compdem. A ” deversi ser evitada a qualquer preco, pois 0 obje- r6pria form jondrio-guia de entrevista, Esses médulos tém por obje- formantes. para posterior comparacdo, controlar os tépicos de conversa- . e, em especial, provocar narrativas de experiéncia I. Os estudos de narrativas de experiéncia pessoal ° ‘© que relata que pres- é precisamente es! ila pelo pes- erg) uma série de t6picos para fins is do informante (sua t6ria), jogos ¢ brincadeiras de infincia, brigas, namoro & ontros amorosos, casamento, perigo de morte, medo, iO, amigos, turmas, servigos pul me nas ruas, escol Iho, bros da comunidade, esportes ete. O sucesso dos médulos poderd variar para ca ra cada gru viduo. Cabe, portant, a0 grupo estudado! A seguir voce ver te”, que provou ser 0 comunid falamtes ou mesmo para vestigador adapt » “Perigo dle mor- coleta de nar- . gueto de Nova Médulo: Perigo de morte Pergunta 1: Voeé jguma vez em em que estivesse correndo série risco de vida (uma situa- “Cheyou a minha 23 Pergunta 2: O que aconteceu? Pergunta 3: Numa situagdo dessas algumas pessoas dizem “Bom, seja © que Deus quiser!”, O que vocé acha? E assim por diante. Esse médulo tem sido usado com bastante sucesso por sociolingiiistas brasileiros e, além da tradugdo sugerida acima, varias outras adaptagdes podem ser feitas em fungio do grupo estu Passemos agora & definigio de narrativa segundo 0 modelo proposto por Labov. A narrativa | é a mina de ouro A narrativa de experiéncia peso que © pesquisador-sociolingiiista procura. Ao narrar s experiéneias pessoais mais envolventes, ao colocé-las no género narrativa, o informante desvencilha-se praticamente de qualquer preocupagao com a forma, A desatengao & forma, no entanto, vem sempre embutida numa linha de chamaremos “estrutura narrativa”. tou as seguintes o da acdo, resolu- cao e coda, di seguir. Cada uma dessas subpartes é composia de unidades minimas de , denomi Especialmen- Jo e na resolugdo da agao a ordem dessas pode ser alterada, pois & sua se~ Jo dos eventos, € no qual- as “oragoes ragdes nar ia que marca quer trago morfoldgico no verbo. Por exemplo: a. Aio Zé deu um mu b. que caiu no chi. ¢. Entao 2 mulher do 4. E ela chamou mesme 24 Nesse exemplo de complicagio e de resolu agdo de uma narrativa, a ordem das oragdes nic po ser alterada, pois 0 passado simples perpassa as quatro, isto é a morfologia do verbo por si s6 questoes de anterioridade e de poster tecimentos narrados. O elemento desen cador da agao é 0 fato de Zé Tido (evento 1), © qual em seguida caiu 2), tendo sua mulher cl cla realmente o fez (evento 4), como nos rador. Qualquer alteracao fei ivas $6 no resolveria idade dos acon- 3). F tempo de ag: rada resumo e na parte da narrativa + 0 destina ro fato narrado. pretende com essa parte que o desi se veja impedido de (e re e frustrante pergunta: experiéncia em contada” sempre & recompensada por cugdes inter} “Nossal”, °M feu Deus! de surpresa ou de E mesm 25 Cabe, portanto, ao narrador, uma vez iniciado um relato, evitar que sua narrativa seja mal recebida. Nao hé ordem fixa para 0 aparecimento da avaliagao. geral, essa parte segue-se & complicagéo e precede a jade de aparecimento do resumo, Mas vejamos agora um exempl um adolescente nascido em es em um grande supermercado nteracao € servigos pi Nois fied sem Iiz ai, seis meis sem . Tem uns inguilinu 1d né, entao, c. Tudu barracu. qui meu padastru Entao um cumecgé num pag e. dipois num pagava | rua num pagé h. Um paga, u otru num paga, meu padastry j. Num pi k. Ai cortaru 1. Ai ficamu sem liz dipois, né ego | contd 6 tamém na De acordo com 0 modelo de narr: apresent . pode-se facilmente identificar as partes q » relato do informante 26 resumo € a primeira oragao narrativa; as de letra (b) € (c) constituem a orientagao; da oragéo (d) a (f) surge © elemento compli > ador da ago, que se resolve nas ora- gGes (g) a (k); @ coda aparece na oragao narrativa (1). Para fi ar esta seco do capitulo apresentamos o diagrama que resume os componentes da narrativa se- gundo 0 modelo laboviano. FIGURA 1 — iagrama dos componentes da narrativa (Lanoy, 19726, p. 369) A comunidade e a selecdo de informantes Que tipo de comunidade estudar? Pequenas ow gran- des? Rurais ou urbanas?- Industri informantes seleci izadas ou nao? Quais os? Como entrar na comu- 0s com os informan Essas Is perguntas que vocé cer > de sua pesquisa. Com o grava- 4 pequena receita em mente de como lamente se fara no |. voce, mesmo assim, se impres cascas de ovos. Aq quem ja i vocé neste porém, imeras vezes se sen ent. 27 1. Seja qual for a comunidade, seja qual for o grupo, jamais deixe claro que seu objetivo é estudar a lingua tal como é usada pela comunidade ou grupo. Se vocé inadver- tidamente © fizer, ou, mais grave ainda, se o fizer conscien- temente, € muito provavel que 0 comportamento de seus formantes — jé prejudicado pelo uso do gravador © por sua presenga — se altere ainda mais, e a pesquisa, conse- giientemente, se torne ainda mais enviesada. Procure, por- tanto, colocar ao informante os objetivos de sua pesquisa fora do campo da linguagem. Lembre-se também de que, sendo a Fngua propriedade do grupo estudado, seus infor- mantes poderao se sentir ameagados ¢ embaragados. 2. Esclarega sempre ao informante que a fita gra- vada contendo informagoes até de natureza pessoal podera ser inutilizada a pedido do entrevistado, na presenca do mesmo. 3. Procure acomodar seu comportamento social € lin- ilistico a0 do grupo ou da comunidade entrevistada, isto nte minimizar o efeito negative de sua presenga sobre nportamento sociolingtifstico natural da comunidade. 4. Procure entrar na comunidade através de tercei- ros, ou seja, de pessoas j4 devidamente accitas pela comu- nidade. 5. © critério baisico para a selecdo de informantes sera o da amostragem aleatoria, Tal critério devera ser usado especialmente no caso de a comunidade estudada ser um grande centro urbano, A amostragem aleatoria Ihe 4 a certeza de que vocé a0 menos tenha dado a chance todos os membros da comunidade de serem entrevista- dos. A consulta ao censo da comunidade € imprescindi- vel, bem como reflexdo cuidadosa sobre os assifi 6. Nos estudos de comunidade estabelega parametros os para a selecio de informantes. como, por exemplo somente serio entrevistados aqueles individuos que ou te- Q ° tes nham nascido na comunidade em questio ou a ela ten chegado até os 5 anos de idade, Com isso voce evit que a escolaridade do informante em uma ou de, ou sua interagao com falantes de o se critica da adolescéncia tenham reflexo sobre tica do grupo estudado, ho varidvel a ser estud |. por exemplo, & bastante recorrente idvel_ sim ocorre com menos fre portanto, uma or, mostra depender: especiais. para Mas passemos Quantos devem ser € como organi zé-la corer ora ao numero As células sociais ‘oria da_variag: gis pm a riqueza dos dados. interessante que vocé se inclinaré a abrir o propor projetos de minada variante é ui giado economicamente marca soci ha que voce deseje estuda joccondmicos ¢ do sexo sobre o Para tornar sua amostragem represent de quatro combinagies diferentes: Masculino Ay Masculino B; [A seguir, preveja um outro tipo de fator condicionador ~ faixa etaria, por exemplo, — que voce suspeite ser se da batalha entre as variantes, ficativo para Grupo 1: de 15 a 29 anos; Grupo 2: de 30 a 45 Grupo 3: de 46 a 60 NOS; nos. Acrescentando faixa voce terd doze possiveis combi Idade 1. 29 anos 2 45. anos 3 46 a 60 anos 4 15 a 29 anos 5 30 a 45 anos 6 46 2 60 anos 7 15 a 29 anos 8 30 a 45 anos 9 46 a 60a 10. 18 a 29 nl Feminino 30a 45 12 Feminino, B 46 de um represen au 30 grupo nformantes, grupo socioeconémico e sexo — forem incluidas como Parametros externos aos dados, serao necessarios 20 in- formantes; se vocé decidir que tanto grupo sociveconémico rio ser entrevistados. Como vocé vé, 0 trabalho é informantes_ pari dos fatores extralingiiisticos pode ser-Ihe muito ti mento de definir e caracterizar 0 universo de sua amostra. Ligar 0 gravador é muito facil, mas reflita e pondere muit sobre 0 tipo e a quantidade de material que vocé pre tende analisar. Como elemento estranho a comunidade, nao the seré muito facil chegar ao vernéculo. imedi mente. Afine-se com a comunidade 0 maximo possivel acomode-se sociolingiiisticamente a ela! Voc a ganhar em riqueza de dados sobre as variantes que se propos a estudar, somente tera O dado nao-natural Uma vez que a conquista do vernéculo nao & mediata, © que fazer com o material que © vernaculo, tal como definido neste capitulo? Devera 0 pesquisador inutilizar esses dados n A resposta € nao! Evidentemente 0 aproveitamento desses dados seré especial, pois eles poderao TF novos obje- tivos. aturais do corpus? Vocé podera usar 9 dado nao-natural para estabelece! uma hierarquia estilistica do desempenho de formal (ndo-natural) a informal (natural) casual (natural) — mas seu conhecimento dos dados e dos informantes Ihe fornecerd caminhos. Para que esse conhecimento de seus dados e de seus informantes seja completo, é recomendével diagramar a entrevista, A diag > consistira em recortes da entre- vista em termos de: 1. dado-resposta @ pergunta do entre- vistador vs. dado espontineo do entrevistado; 2. narrativas provocadas por médulos vs. narrativas espontineas; 3. niimero de intervengdes do entrevistador; 4. narrativas subseqiientes, provocadas ou espontaneas, etc. A diagra- magao ¢ ura forma mais pratica de comparar a natura- jade dos dados de duas ou mais entrevistas. Fazendo para um mesmo informante entre observari que @ sempre contém mais 0 vernéculo que as anteriores: Além do dado ndo-natural que forgosamente estaré gravado em sua fita cassete, vocé poderd elaborar testes de lingua sobre as variantes estudadas a fim de amp! escopo estilistico. Nesse momento vocé dira a seu infor- mante que o teste € de lingua. Com o teste vocé tera am- doa dimensao estilistica a um terceiro nivel: dado natural e no-natural da entrevista, € teste. O refletir um estilo ainda mais pensado, mais intencional que © dado nao-natural da entrevista, pois vocé tera lembrado a0 informante que preste muita atengdo a questoes de guagem. Essa situagao experimental refletiré a avaliagio dada pelo informante as variamtes: padrao vs. néio-pad estigmatizada vs. de prestigio ‘ima entrev A coleta de dados: concluséo selhos soam imperativos, e os cuidados a se tomar sio 4 © mais tempo vocé passar | dados, mais cr é se tornara | A variacao lingiiistica: primeira instancia © envelope de variacao Nao hé loteria sem apostadores; futebol, sem adver- sarios; guerra, sem soldados, nem tampouco ‘caos” lin- | wiifstico, sem variantes! Em todas essas situagSes de com- | peticdo, a presenga de um mediador faz-se necesséria para {que 0 conflito se resolva. Como pesquisador-sociolingiiista, sua missdo é analisar a situagao de conflito e, com base em s6lidos e firmes argumentos, desmascarar a assistema- ticidade do “caos” Para alcangar esse objetivo ¢ necessdrio um conheci- mento acurado das adversirias. Enfim, para que vocé seja tum excelente juiz € mediador dessa batalha, & imprescindi- ' | vel que, em primeiro lugar, apresemte, defina © caracterize detalhadamente cada uma dessas concorrentes. £ somente | a partic do perfil individual das variantes que vooé poder4 { explorar as armas de que cada uma dispée, bem como avaliar os contextos mais favordveis a derrota de uma riantes daremos 0 nome de envelope de variagao. O enve~ 4 lope consiste, portanto, no elencamento das adversarias de um campo de batathe Vejamos alguns exemplos de envelopes ja definidos em estudos anteriores, No capitulo J deste volume foi apresentado 0 env plural n reacao do plurs variantes: a presenga do. segment ({¢]). Observamos pmo em portugués, marcagdo do plural é variavel no espanho porto-riquenho (entre outros dialetos). A diferenca apontada pa linguas fato de trés adversi- Sse encontr campo de bs hol. AY portugués foi acrescentada a va- spirada [h). : jos acima so casos de variagdo fono- légica. Ainda no nivel fonoldgico vocé poderia acrescentar © estado de varlagao em que se encontra 0 /r/ em portu- gués, em nomes (posi¢ao final de palavra, como em “can- em posigao interna, travando silaba, como em marcha”) © verbos (como em “quer”, “estudar”), A variagdo encontrada em /r/ € semethante & da marcacao de plural, ou seja, as adversarias confrontam a preseng lo segmento fonico: [r] ou [4] mente, voce pode comegar & pensar em outros segmentos, em geral em posigao final de palavra, que apresentam va- iagio, exatamente devido ao potencial enfraquec dessa posi correspondem duas (is}) © sua ausi jar nento Todos esses casos ¢ a ser esiuda A varidvel no inglés sed (= per- guardou, guardado). Nos estu- ~ <1, d> prece deu, perdido) ¢ Ue EEE EEE 38 dos de <1, d> foram incluidos dois grupos principais de palavras: 1. palavras em que 0 <1, d> carrega uma marca gramatical, como no passado dos verbos; 2. palavras nas quais 0 <1, d> nao desempenha fungao gramatical, como fem first (== primeiro) ou list (= lista). Quando o tiver fungao grama a palavra ser denominada bimorfémica (mis # t]); no caso de nenhuma marca gra- pelo segmento , a palavra ). Pois bem, a funcao grama- tical exercida pelo segmento no passado dos verbos . retardar o apagamento da varidvel presenca do em palavras m & tao necessiria e, portanto, sua inci- non No caso da. marcacao de plural em portugués ¢ em espanhol também pode ser feita @ divisdo das palavras em monomorfémicas ¢ bimorfémicas, (Isto é, se 0 tiver fungao gramai a sera bimorfémiea; caso con- rio, & 4 ada como monomorfémica.) ‘Assim, em “casas” tem-se 0 singular “casa” acrescido da marca de plural /s/; em “menos” tem-se uma palavra mo- nomorfémica. A mesma hipétese sobre 0 apagamento ou retengao do deve ser levantada: monomorfémicas nto do segmento; bimorfémicas con- favorecem o apagam: dicionam sua retengao. promisso com o aspecto social da linguagem é, no entanto, imperativo mo proposto por Labov, a concepcao ¢ 0 alcance do modelo sociolingiiistico so a um s6 tempo 6 tanto a variagio (situacao Tin- \cronia) como a 36 devem ser estudadas. Ao compararmos, portanto, va- riantes de mesma natureza em linguas diferentes, temos um objetivo duplo em mente: 1. descrever, analisar e sis- tematizar 0 envelope de variagao em cada uma das lin guas; 2. comparar os resultados das andlises com vistas & projecao de possiveis rumos que as variantes tomarao, os resultados das andl es visa, em tes usam em combate, em cada uma das linguas. Resta- -nos, por conseguinte, comecar a especular sobre tais armas; como © pesquisador-detetive que existe em nés wnhas de que dispéem as variantes a fim rem no sistema de lingua As armas e as artimanhas das variantes: fatores condicionadores A sistematizac’ ingiiistico demonstra, em seus resultados, que a cada variante correspondem certos contextos que a favorecem, A esses contextos dare- mos © nome de “fi fatores & 0 conju! es condicionadores”. Um grupo de 10 total de possiveis armas usadas pelas ba No steses de trabalho sero dadas pelo levantamento de todos os contextos ou fatores que potencialmente influem na realizagao de uma varidvel, de uma ou de outra forma, O detetive que em vocé obviamente dispoe de farto material para espe- culagao: lembre-se de que nesse momento de sua pesquisa vocé jé tera definido, caracteriza rizado com seu objeto de estudi mento das hi poteses, dos grupos de fatores condicionadores, decorrerd, conseqiientemente, de seu trabalho com as inimeras horas de gravagao feitas com seus informantes. 7 Mas voltemos & varidvel e suas duas variantes, Is] © [4], para levantar as hipéteses de trabalho: os iveis condicionadores lingiiisticos que regem 0 uso dessas variantes. Vocé observard, por exemplo, que a re- tendo do pode estar condicionada & posigao da va- ridvel no SN, isto é, no determinante, no nome-micleo ou no adjetivo modificador. Uma primeira inspecao do corpus aponta-Ihe que a primeira posigao do SN parece favorecer a retengdo do . Vocé entao separara essa hipotese a posicao da varidvel no SN! A motivagao para essa hip6- tese encontza respaldo na redundincia da marcagio do plural no SN em portugués. Veja que vocé nao esté esta- belecendo um grupo de fatores com base no aspecto mor- foldgico vra em questdo (isto é, com base nas classes gramaticais a que a palavra pertenca). Nao se trata, portanto, da verificagio da maior incidéncia de no determinante (posicdo geralmente_preenchida pelo artigo). Trata-se, sim, da observancia do uso (ou nao) de com relago a posigao da palavra no SN: primeira vs. segunda, segunda vs. terceira etc. A diferenca apontada acima pode, conseqiientemente, levar voce ao estabelecimento de uma nova hipétese de lasse das palavras mais atingidas apagamento do plural. Assim, Javra no SN vocé poder comparar, com “casas _pequenas”. Em Imente sera mais retido em “as” posigio), enquanto “casas” possivelmente reteré s] em “casas pequenas”, devido & posi- ‘os temos um substantive! “As. casas” casas pequenas”, ste grupo de fatores realmente for primeira posicao do inte [s] & quanto por exen lo, “as © [s} prova (prime icativo a0 uso SoU as 38 posigdes devem ser artimanhas utilizadas pela variante [4] para se implementar no sistema lingiiistico, Isso em relagdo posigéio da palavra no SN! Se vocé especular a hipétese sobre classes de palavras, é evidente que os determinantes fortalecerao a variante [s], enquanto substantivos ¢ adjetivos darao vida a variante []. Ess duas armas de que dispde cada uma das variantes parecem, no entanto, complementares, para nao dizer redundantes. Vocé poder entao verificar o efeito de cada arma fazendo um cruzamento entre elas. Por exemplo, vocé somente poder afirmar que substantivos ¢ adjetivos [avorecem 0 uso de [4], se & freqiiéncia de [4] em substantivos e agjetivos na segunda (ou terceira) posigio do SN corres- ponder uma igual freqiiéncia em posi portanto, até agora, dois grupos de fatores, vocé poderia estabelecer com base em seus Por se tratar de uma varidvel fonoldgi jgum tipo de condicionamento fon influéneia no uso das variantes. Por exemp & variével em questio uma consoante E que motivagao teria uma hipotese de Suponhamos que um informante sei usado os seguintes plurais: “as casas casa pequena”. © ultimo exemplo voce r através do grupo de fatores nha, ao variante [4] & just s casas amarela”? Aq portugués, consoante-voga de “casas” € seg mando com ele 39 bica basica do portugués: CV. Portanto, apesar Jo dois do SN favorecer a variante [4], @ va- Uma iiltima hipétese que vocé poderia levantar diz respeito & extensio e a dimensdo dessa regra variavel estara 0 [s} sendo apagado somente enquanto marcador de plural (ou seja, em palavras bimorfémicas, como defi- nido anteriormente), ou o [s} final em palavras mono- morfémicas também estar sendo atingido? Por exemplo, sera a retencao do [s} mais ou menos provavel em “casas”, quando comparado a “menos”? A resposta parece dbvia. em principio, 0 [s] de “casas” € funcionalmente mais portante ¢, conseqientemente, deveria ser realizado. A da a essa iltima hipétese encontra-se uma nova possibi- © plu ivamente mais simples que 0 plural “ovos” jonia, isto & com a alternancia no timbre da ica: fechado vs. aberto) ou “hot of ‘casas” do que em s aceleram menos” (isto implement Quatro grupos ¢ siveis armas usadas pelas variantes [s] a. Cada fator 6 por sua vez, subfatores. Para cada subfator voce deve Q 40 of representado por letra ou niimero. Isso faci quantificagao posterior dos dados. Por exemplo Grupo 1: O contexto fonolégico posterior C (= consoante) V (= vogal) Grupo 2: A posi¢ao da varidvel no SN 1 (= primeira posigao) 2 (= segunda posigio) 3 (= terceira posigao) Grupo 3: A classe morfolégica da palavra cont @ variével D (= determinante) N Grupo 4: 0 estatuto morfolégico da palavra que contém a varidvel M (= monomorfémico) B (= bimorfémico) repeti¢ao de letras ou nuimeros dentro de r. Isso sé vai confun lo no momento de quantificar os dados. A esses quatro fatores vocé rescentar um ultimo, que deve, na rea © grupo da varidvel d e, isto um valor para [g]. Como a escotha é valor zero a variante [s}, € 0 valor | |. Dessa_manei de, ser 0 pri- n binaria, atribua variante | s0 de variagio como um fendmeno de apagamento ou ente do portugues Isso significa que (0 do plural través de [s] NN a Vejamos como voi 4 organizar seu materi analise para posterior quan os dados. Suponha- mos que a pluralidade esteja sendo analisada a partir do seguinte trecho de um de seus informantes: u gosto de casas grande, As casa pequena sio como barracos horrivel_ de favela, Minha mulher gosta de casas mais pequena” isando: “Casas” (em “casas grande”): gCINB seja, a regra ragamento nao foi aplicada, dai; > indica que a palavra seguinte se inicia em consoante; / significa que a palavra contendo a variavel se encontra na do SN: Nin se morfol © B define 0 estatuto morfolégico da palavra © 10 do [s} subjacente a palavra: bimorfémico) ; nde” (em grande”): 1Q2AB As” (em “as casa pequena”): gCIDB Casa” (em “as casa pequena”): 1C2NB Pequena” (em “as casa pequena”): 1C3AB Barracos” (em “barracos horrivel”): ¢VINB “Horrivel” (em “barracos horrivel”): 1C2AB as” (em “casas mais pequena”): ¢CINB Mais” (em s mais pequena”): 1C2XM “Pequena” (em “casas mais pequena’”): 1Q3AB Vocé deve ter notado que dois simbolos novos foram oduzidos: Q e X. O primeiro para indicar pressa pelo final do periodo; o segundo para indic classe morfolégica que nao determinante, nome ou adie: vo. O acréscimo de novos simbolos, isto é de novos subfa pratica comum quando se trabatha com dados is : tente e usa, ex ores, todas as possiveis armas utilizadas pelas variantes, no correr da a dos dados vocé freqiientem a 2 determinan- © a distribuicio das variantes [s} © (6) €, conseqiientemente, para a comunida- de, Suponha que de 100 posiges em que o falante pode- ria ter_usa e [s] é, mareado: morfolo; ral, ele somente o fez 25 vezes. le O passo s pos de hado vocé chegaré a resul- e {g] tem, em sua luta cont Is. a presenga da consoante seguinte a O encaixamento lingijistico da variavel Por encaix; entender a motivaga igitistico da variavel voce deve jpoteses, dos grupos de fatores, Assim, a hipotese s bacdo é just a pai proprio si ingilistico, Mas vejamos um outro exem- P este de natureza sintatic: terceira pessoa em fungao de objeto de verbo. A_per- c hece aquele homem trés_possiveis respostas em portugués: 1. Eu 0 conhego; 2. Eu con ele; © 3. Eu conheco. Ou seja, nessa batalha sintatica cad ir do 0 de variavel os pronomes de (e por extensio, a, os, as) © as duas ele (ela, eles, elas) e uma forma zero ravante ada “anafora zero”): 0 verbo nic apresenta objeto pronominal expresso. MN 4B a de variagio também ocorre quando 0 SN referente for inanimado, como em: “Vocé comprou aquele carro?”. A essa pergunta também se pode respon- der de trés manciras diferentes: 1. Ew 0 comprei, 2. Eu comprei ele: ¢ 3. Eu comprei. © sistema gramatical do é Janto, rege o fendmeno da pronominal de um cruzamento semantico com o trago [ SN referente. Em outras palavras, SNs refe~ natureza_animada favorecem sua posterior pro- 8 vez que 0s pronomes-objeto se ase de extingio igueés falado ntuado. Portanto podemos pai substituigao de pronomes cl vel (isto é, aquele ja usado anterior elornar como pronome) for inani- lo de encaixamento lingiifs- la dentro do sistema pronominal. Em linhas ge- a retencao (© pronome expresso) ou apagamento (o expresso; a forma zero) de pronomes nao é meno observavel somente na funcao de objeto. Isso quer dizer que também em posicdo de sujeito ha uma alternancia entre sujeito pronominal expresso © sui © mesmo ocorre quando um SN referente é 10 discurso imediatamente seguinte com fungao de ndireto: a variagio sera também entre forma pro- expressa e andfora zero. Q Uma ver estabelecido esse fendmeno, vocé poderé pensar em outra parte da gramética que processe sistemas referenciais: oracdes relativas. Essas oragdes (na gramé- tradicional denominadas oracdes adjetivas) nada m sio do que modificadores de um SN: dentro da relativa 4 um SN correferente ao SN presente na oragdo princi- pal, Outra vez vocé se vé diante de um fato de prono- minalizagio: o SN da principal — na realidade, ma-niicleo da relativa receri na relativa sob forma zero; a forma nio-pai urgiré conseqiientemente, quando uma forma pronom correferente ao SN da principal for usada na relativa Vejamos alguns exemplos Relativas-padrao: 1, sujeito: Eu tenho uma amiga que € otima 2. objeto direto: Aquele meu amigo que vocé v muito no bar & étimo. 3. objeto indireto: Aquele amigo de quem vocé gosta muito & 6timo. Relativas_ nao-padrao. 1, sujeito: Eu tenho uma amiga que ela é otima 2. objeto direto: Aquele meu amigo que vocé vé ele muito no bar & timo 3. objeto indireto: Aquele amigo que vocé gosta muito dele timo, se _assu se as relativas resenta- has, a fungao de npossivel! © encaixamento lin a resposta desejada we a andfora zero mi 1o-padra 1) € a form: — andfora zero assume a 4s lideranga absoluta (obviamente néo-categorica). Tam- bém no ambito da varia¢do em relativas vocé encontraré estes resultados: a forma nao-padrao, expressa por pro- nome, em relativa com correferente objeto direto € @ menos freqiiente da escala sintética. Seu convivio com 0 cotidiano sociolingiiistico o faz, no entanto, pensar em um terceiro tipo de relativa em qu ocorre a fungio de objeto indireto: “Aquele amigo que Vocé gosta muito é étimo”. Ou seja, dessa relativa todo 0 sintagma preposicional foi apagado: dele. Havera para esse tipo de relativa um encaixamento no sistema? claro que sim! Como discutido anteriormente, dentro de oragdes dei jternancia do sistema de referencia oscila entre formas formas nominativas (de pronome-sujeito) e formas zero. Portanto 0 apagamento do sintagma preposicional desse terceiro caso de relativa decorre da anafora zero que per- passa a escala si ‘Temos ai, conseqiientemente, um exemplo ainda mais significative de encaixamento lingi ico: uma situagdo de variagdo (as relativas) causada por outro sistema de variagio (andfora nas oragdes de- clarativas). Obviamente © encaixamento de uma varidvel_ndo necessariamente © levard de volta ao sistema gramatical padrao. O contato com o dado bruto © sua experiéncia com 0 modelo de andlise 0 ajudarao no estabelecimento de outras € novas hipéteses de trabalho. Por exemplo, nao sera o uso da forma pronominal no-padrao em rela- tivas causado por uma dificuldade no processamento das mesmas? Em outras palavras, ndo afetaré 0 uso da forma -padrao a distancia existente entre o SN referente ¢ a relativa? Imagine os dois exemplos seguintes, 0 primeiro . © 0 segundo com distancia 1. “Eu tenho uma amiga que @ € 6tima.” 46 prima do Joao, que ela adora fi televisao.” em casa vendo Como nova é podera estabelecer entre o SN referente (no {como um grupo de © sem distancia. E assim por Desenvolva o detetive que ha em voc de suas proprias armas e_artiman! cada va Na caminhada pelo corpus procure cone lrar-se mais © mais nas variantes! Respostas ch Imente © suas atividades d feceriio, a cada novo fa Mores coi investig desvendado, io for estritamente Gao de seu vs. a informalidade do discurso, 0 niv socioeconémico do falante, sua esc: sexo poderao ser considerados c ‘ores condicionadores. Esses par: tanto, facilmente ope ai aixa el 10 possiveis grupos d anterior, quanto mais fat tes vocé inclui ser necessari astra, lev, propria intuig dade. Mesmo que voc 4 bard concluindo que os parametros externos m so exatamente aqueles que provam ser sigi relagio a varidvel. No caso de vocé prever um caso variagao que ja projete uma mudanga dentro do sistema, 0 bilidade de fazer um estudo longitudi ‘mento dos dura) sobre a varidvel, a amostragem da grupos etarios diferentes the daré a dimensao procurada. is fonolégicas e sini demonstrado ser muito significative. A va em formas de tratamento (vocé vs. 0 senhor/a senhora) na maioria das vezes, afetada pelo sexo do informante Por outro lado, em uma sociedade tao estratificada como a nossa, fatal set que 0 nivel socioecondmico e de esco- ridade do individuo tenha direta relevincia sobre sew desempenho lingiiistico. Seu primeiro trabalho set nto, através de sua intuico como membro da comunida de, sentir © apreciar a drea de atua social e organizar os grupos de fa tivo nos, os de natureza que cinco fatores ling como significativos em relagao a determ Além disso, os trés grupos. sociveconémi também apresentaram relevaincia tes. A que conclusdo chegar? Haverd trés sistemas diferentes de ser rogeneidade da fala dentro permite aos grupos socioecondmicos optarem por ui outra variante? jada vari mos & questo das relativas: as de forma pro- as de forma zero. Os estudos sobre relativas ués falado demonstraram que o grupo social menos privilegiado favorece 0 uso da forma pronominal no-padrao, INI OS BFUPOS 50 opt zero. O condi desses. dois va pode, por 01 tematizado! A questao para se resol flerenga entre esses grupos cau! ser er é a segi a la pelo condicionamento amento lingitistico mente © mesmo, variando somente a freqiiéncia de uso de cada v ersos grupos considerados? E evidente que a segunda alternativa é verdadeira. Os mesmos fatores isticos que cond mo uso da forma nao-padrao pelos informantes de nivel social me- nos pri jo esto presentes no condicionamento da mesma variante, usada em baixa freqiiéncia pelos falantes, rizados. e pelos d , a inclusdo dos fatores externos possibilitara © campo de batalha de outros angulos. Qualquer bre 0 “caso” merece ser levada em Especialmente em relagao & normalizagao e importancia, Esse tpico ser: sunto de nosso proximo capitulo, 4 A variagao lingiiistica: segunda instancia A avaliagéo de variaveis soi ingijisticas: o informante No capitulo anterior a avaliagao de varidveis socio ticas foi tratada do ponto de vista do pesquisador. ar os grupos de fatores que potencialmente cor- metros. externos avés de seu profundo conhecimento ido durante o proceso de coleta do material, © papel atribuido as variantes pela comunidade de falantes. O tratamento estatistico dos di que certos grupos de fatores sio, na real veis pela implementagao de uma variante e que outros, a0 > dem regra varidvel. Resta, no entanto, saber qual o devido valor dado as variantes pelos falantes do grupo. Vocé chega assim aquela etapa da andlise em que uma outra dimensio se faz necessdria: de que armas soc is dispOe cada variante? Vejamos um exemplo ce 50 st de como atingir essa dimensdo na andlise. Em seu estudo sobre a centralizagao dos ditongos em Martha's Vineyard (ver capitulo 1 deste volume) Labov entrevistou 69 infor- mantes, clasificados segundo distribuicao geografica na ilha (parte superior, zona rural, vs. inferior, zona urbana) ocupagio (pescadores, agricultores etc.) ¢ faixa etéria (acima de 60, 46 a 60, 31 a 45, abaixo de 30). Os resul- tados da andlise demonstraram que a zona rural, os pesca dores, € a faixa etdria de 31 a 45 favorecem a centrali- zacio do ditongo, ou seja, a forma ndo-padrio. Das areas compreendidas na zona rural — Oak Bluffs, N. Tisbury West Tisbury, Chilmark e Gay Head —, Chilmark alcan- cou os indices mais mente, CI basicamente a pesca. Além disso, a f. 45 representa uma parte da populagdo que, tendo cresc com um processo de recessio econdn assim decidiu permanecer na drea, Esses trés resultados parecem estar 1 si. Algum motivo ulterior, mais potente, porém, deve reger tais resultados. Tomou-se claro, durante as. entrevistas que 0 significado mais imediato do tra ‘0 de cen- etaria jovem os que mais ardentemente reagem a inva: dos veranistas através de uma demarcaga fim de reforgar esses resultados, incluir uma terceira dimen: cifico, uma ar lever Em oi ocorrer, 0 ay/ e /aw/ parece revelar um sentiment relacdo a ilha, Cada um dos trés fatores acima mencio- nados aponta para estes grupos: zona rural, pescadores © faixa etdria de 31 a 45 anos. Resta saber se o sentimento positive € a tal forga ulterior e tinica, responsavel pelos altos indices de centralizac3o. Se isso for confirmado, sera conseqiientemente demonstrada a interdependéncia entre os trés fatores. © caminho a trilhar neste momento & uma classifi cagio dos informantes segundo a avaliag’ a0 meio social: positiva, neutra ou negativa? Expl aliagd iva significaré sentimentos positivos em rela- cdo a ilha; neutra, indiferenca ao meio social; e negativa, desejo de viver no continente. Dos 65 falantes entrevi dos, 40 se expressaram positivamente em relagao a ilha; 19 assumiram uma atitude neutra; e 6 afirmaram que pre~ feririam nao residir na ilha. Fazendo-se uma média dos indices de centralizagao de cada falante, Labov chegou aos seguintes resultados, apresentados na Tabela 1 TABELA 1 — Centralizagéo e sentimento Vineyard Falantos lay! Jaw! 40 63 62 19 “2 | «| mo 08 © 42); € os de ser (09 © 08). Vejamos agora um outro exemplo que envolve uma socioestilistica da varidvel pelos informantes. dada muita énfase rais de comuni Foram apresentadas estratégias que nimizar o efeito negative 0 com 0 con jarcarao pr I partes do corpus que nao represen- Como entao deverd proceder o pesqui- © vernculo. ador? primeira tentativa sera contrastar 0 vern: n esse outro material e observar a diferenga no desem- penho dos falantes. A parte do verndculo daremos o nome de estilo espontineo; ao material ndo-vernéculo, estilo d evista, Se a escolha e antes for da nature zada ou de prestigio, o estilo entrevista bloque: te supostamente estigmatizada. Vejamos alguns, ados sobre © uso da rel com pronome-lembrete levido” de uma forma pronominal co a0 SN micleo re va stigio, em que o f serve os resultados ¢ 53 Espontaneo | Entrevista | Total "+ Pronome-lembrete 7 - (Estigmatizada) 156 6 162 % (10.6%) (2.6%) Pronome-lembrete (De prestigio) 1316 222 1.358 Total _ [ta 228 1-700 forma, evitada no esi lo ent vista, O préximo passo que vocé deveri tomar é verificar sa diferenga \Smicos incluidos em sua sobre relativas no portugues fi ps S Seguintes percentagens de € obedeci la pel 1S grupos socio- mostra. O mesmo estudo Jo de Sao Paulo aponta uso de_pronome- brete ao se cruzarem, no campo de batalha, estilo e classe social TABELA 3 — Percentagem de uso de pronome-lembrete de acordo com estilo e classe social Espontaneo Entrevista Classe baixa 2.0% Classe média z 3.1% Classe alta 7.6% 1.6% (Tanai 1983, p. 134) Ou sej ando da_variai favorece 0 uso di fe, a tabel KS ica se 54 Além desses dois parametros estilisticos, outros podem ser levados em consideragao. Vocé poderd, submeter seus informantes a um 40 experimental 08 testes sociolingiifsticos. Isto é, a0 seu estudo, tal como concebido € elaborado até o momento. centando a terceira dimensio: a avaliagao da vari pelos informantes. A situagao de testes Ihe propiciara um estilo ainda mais elaborado, mais refletido. Resumindo, seu projeto de pesquisa é tridimensional: 1. seu conhe mento da comunidade e seu contato com os informantes 0 levard, ainda intuitivamente, ao estabelecimento las externas, dos fatores condicionadores.nao-lingliisticos; 2. a partir da andlise de seu material, do contraste entre verndculo e nao-vernaculo gravado em suas fitas, voce che- garé a segunda dimensao: a primeira projecio so iiistica das variantes estudadas; 3. ao submeter seus infor- mantes a testes, vocé estaré definitivamente embutindo as variantes no meio social em que elas coexistem. jas cclu- in- Os testes diferirdo segundo a natureza da varidvel Para os estudos de varidvel fonolégica voce poder’ montar testes de leitura, de pares minimos, ou mesmo de preenchi- mento de lacunas. Por exemplo, se vocé estudar a reducao dos ditongos /ey/ e /ow/ em portugues (fendmeno usual- mente denominado monotongagao), poder pedir a seus informantes para lerem uma lista de palavras em que cons- tem “ameixa”, “besteira”, “couro”, “estouro” etc.; ou po dera estabelecer pares minimos, como “coro” ¢ “couro”. por exemplo; ou ainda criar um texto com lacunas a serem preenchidas por palavras que contenham a varidvel es dada. Independentemente da forma dos testes, vocé devera pensar em monté-los com um duplo objetivo em mente 08 testes sero ou de recepgio ou de produgio. Vel © que d ingue um do outro! ss Testes de percepcdo versus testes de producao Como 0 préprio nome indica, no teste de percepeio voed 5 4 a seu informante que se manifeste em rel cdo & aceitabilidade ou nao de certas fiquemos esse teste com as relativas! Com base no enve- pe de variagdo vocé criaré uma bateria de relativas-pa- drio e nio-padrao. Ao listar estas sentencas, nio si qualquer ordem: evite que o informante reconheca a orga- nizagdo do teste. Misture as variantes entre si! No tes portanto, voce incluird: Relativas-padrao Eu tenho uma amiga que & étima Eu tenho uma amiga que vocé conhece. Eu tenho uma amiga com quem cle se encontrou no Rio. Eu tenho uma amiga cujo marido se mudow para o Rio. Relativas ndo-padrao 1. Pronome-lembrete Eu tenho uma amiga que ela & dtima Eu tenho uma amiga que vocé conhece ela Eu tenho uma amiga que ele se encontrow com ela no Rio. Eu tenho uma amiga que 0 marido dela se mu- dou para o Rio. Cortadora Eu tenho uma amiga que ele se encontrou no Rio. — 56 Eu tenho uma amiga que 0 marido se mudow para o Rio. Para cada tipo de relativa e para cada funcao sinta- a desempenhada, vocé tera mais de um exemplo em sua bateria. A ordem de apresentagao dessas sentencas deve is variada possivel. At 4 tera contrastado estilo espontineo com Os resultados demonstraram que a classe média levemente favorece 0 uso de pronomes-lembretes. Na situagao de teste voce deverd esperar que a classe alta aceite relat nao-padrio menos do que a classe média, E os dados De 58 rela- este m seqiientemente, a classe média deveré avaliar relativ -padrao positivamente em maior némero do que a S$ ndo-padrdo incluidas no teste, a classe média aceita 39 (47,6%), ¢ a classe 24, isto €, 29,3% A partir desses resultados brutos vocé pode a refinar sua andlise, comparando, por exemplo, qual das duas variantes ndo-padrao é a mais estigmatizada. Ou ainda, vocé podera avaliar a forga que a funca ica tem em relacdo & estigmatizagao ou nao das variantes. No caso espeeifico das relativas, € possivel que a rel com cujo seja uma forma de pedantismo, conscientemente evitada pelos informantes. Mas passemos agora ao teste de produgao! © teste de produgio con: levem o informante a construir a. vari de producdo da variével ele opt fe. E essa escolha de variante que vocé deverd com- parar com os resultados obtidos na andlise anterior: a fase — jasse ta somente i te em mecanismos que wel. Na tenta 87 we denominamos segunda dimensao. No caso de relativas vocé podera propor ao informante a seguinte situacio: Com as duas sentengas abaixo formule somente uma, fazendo as devidas alteragies: menina bonita. Aquela menina é de Sao situagio de du: opcdes: “Aquela menina que € de Sado Paulo bonita vs. “Aquela menina que ela é de Sao Paulo & bonita”. Ou seja, ou o informante usard a forma-padrao ou a nio- -padrao com pronome-lembrete. Para cada fungdo sinté- 4 voce influird duas sentencas. De 36 diferentes sit goes sugeridas nesse teste, construiu 27 rela- tivas-padrao (75,0% ) € a classe alta optou pela forma- -padrao 34 vezes, isto é, 94,4%, 0 que confirma nova- mente os resultados obtidos na segunda fase da andlise ¢ nos testes de percepgao. jencas, © informante terd duas jasse s Os pardmetros de situagdes naturais de comunicagao vs. situagdes experimentais, vo poderia ainda avaliar qual © tipo de valor atribuido a essas variantes fora de seu material de andlise. Como esse esquema de variagao & normalizado dentro da comunidade € até que ponto a estandardizagao ocorre? Que forgas a protegem? Vocé podera acrescentar uma quarta dimensao a sua andlise. Vamos a ela! A variagdo e a normalizagao lingiis' Dois pontos principais devem ter se firmado em voce ra: 1. a lingua falada € heterogénea ¢ varidvel; 2 a variabilidade da fala & passivel de sistematizagio. A lingua falada € portant, um sistema varidvel de regras. Obviamente, a esse sistema de variagdo devem correspon- ~ $8 nas escolas. A lingua portuguesa vei . em principio, um reflexo da norma -padrao do portugués. A implantagao da norma-padrao traz como ci Nesse F objetivo a uni cs meios de comunicagio de massa: a linguagem da Ao ouvir um programa de radio, ao assistir_ a um pro- grama de tele ou ao ler um jornal, voce observara que, apesar de todos os trés procurarem refletir a presenca de tracos varidveis da fala se faz sentir, ‘A quarta dimensao em sua anélise consistira, portant, em verificar até que ponto certos textos de media permitem infiltraco de variantes nao-padrao. Como material basico de a dos jornais: texto escrito, Selecione a seguir textos televisao, como documentarios © mesas-redondas, rizados pela formalidade do discurso. Ain te textos mais informais © simy norma- col novelas. Apesar da diversidade do mater que os distinguem binariamente. Por exemplo, o texto de jornal © © texto de documentatios € notic renciam por ter sido o primeiro escrito para ser © segundo, escrito para ser falado, A. informalidade discurso esportivo deve-se, principalmente, & de existente entre o acontecimento narrado © 0 mom m Com esse tipo de preocupacao em mi serv ~ 39 ise uma variante tiver demonstrado sua carga estigm: |, também no texto de media (veiculado pela televi- so, pelo radio ou pelo jornal), a tendéncia maior sera evita No caso das oragdes relativas, a variante com dla. pronome-lembrete provou ser a forma estigmatizada pela comunidade, A variante cortadora, por outro lado, de- monstrou gozar do prestigio sociol de. O estudo quantitativo do uso das variantes nos diver- s The daré o indice de infiltragio permitido © 9 pelos Grgaos normalizadores da fala. A Tabela 4, a seguir, coloca a percentagem de uso de trés variantes s (uma padrao € duas nao-padrao) de acordo com o de A tabel sos tex! exto de media. 4 aponta, entre outros resultados, que ngua escrita dos jornais € 0 texto mais intolerante a infiltragao de formas nao-padrio, tipicas da lingua falada. Os textos de documentirio e mesa-redonda, apesar de re- earem a variante-padrao, admitem, ainda que em es reduzida, a entrada de variantes ndo-padrio, uma vez que 10 de enunciado é de veiculacio oral. Mas sao exatamente os textos tipicos de discurso mais informal (zante) que permitem a infiltragio das variants ndo- adr; a transmissdo de acontecimentos esportivos, os programas de auditério © as novelas Um resultado ainda mais importante: das duas for- mas nao-padrao, a segunda e a terceira Jo a estigmatizagio da relativa com prono- me-lembrete, Dessas duas variantes, natural sera que fa cortadora seja mais tolerada pelos orgios regula- dores. Observe na Tabela 4 que, mesmo nos textos mais os, a fregiiéncia de infiltragdo da rel: dora € mais alta. Na figura 2 vocé encontrar as mesmas 4 contrastadas quelas variantes na lingua falada aviam revel permissi cor om 0 uso d =< my ge 2g gs B5 £3 és 2 TABELA 4 — gy)P aloe l Ss sir aloes 3 gs] 8 Bl eelosfo aye aye E18 8leils 151) 1983, p. (Tanatco. a FIGURA 2 — Gratico do uso de trés variantes relativas em textos de media 100 Crest Hi Pronometembvote ° EB) cortadora wo « *% 30 Fo Documen’ Mesa. Esporte Auditrio Novel trie "edonde (Taratto, 1983, p. 152) Gramatica e estilo que a da_ao seu uso & estrut que os padroe levando gua pode ser correlaci odem ser objetivamente me- as que o fazer. Por conseg) os modi dade de a veiculo de linguagem. A gramética com esse novo sentido e caracterizacdo se encontra totalmente a disposigao do falante! Nesse caso, o estilo é parte integrante da gra- mitica. Assim também € a classe social, a etnia, 0 sexo, a faixa etdria do falante. E somente através da correlacao entre fatores lingiifsticos € nao-lingiiisticos que voce che- gard a um melhor conhecimento de como a lingua é usada e de que é constituida. Cada comunidade de fala € tinica; cada falante € um caso individual. A partir do estudo de rias comunidades, no entanto, vocé chegaré a um ma- crossistema de variagdo: os resultados de varios estudos comecardo a Ihe dar pistas para estudos posteriores pistas serdo suas armas para outros combates n fato de a classe média baixa hipercorrigir em classe alta € um dado ja devidamente demonst jos estudos. A colocagio da mulher como propulsora de variantes conservadoras também ja encontra eco em muitos estudos. Também a classificagio de variantes esteredtipos, marcadores e indicadores lingitisticos j demonstrada em varias comunidades de fala Dos dois exemplos de variagao aprese capitulo a centralizacao dos ditongos em M yard é um exemplo de indicador lingii res. O edo a manifestam a fe- renga entre as duas esta no fato rem variaco estilistica. Como exemplo de esteredtipo, procure uma variante estigmatizada (ou nao) que seja de domini do para o proximo capitulo! Voeé p: do. wento sincrdnico. Resta moi D Variacao e mudanga lingiiisticas Contemporizacgao ou morte? Nem tudo o que varia sofre mudanga; toda mu- danga lingiiistica, no entanto, pressupde variagao. Varia cdo, portanto, ndo implica mudanga; mudanga, sim, im- sempre variagao. Mudanca é variacio! Os resulta- dos de anélises de variantes apontam, de mancira geral, para duas direcdes distintas: 1. a estabilidade das adver- $s (situagdo a que nos referimos no capitulo | como “relagdio de contemporizagio” pela subsisténcia ¢/ou co- existéncia das variantes); 2. a mudanga em progresso (que reflete uma situagao de du Nos dois casos hi luta: cada variante dispoe de certas armas (isto , os grupos de fatores condicion gilisticos © nao-lingii siria(s) Ao nosso modelo de andlise f Ultima dimensao: a hist6ria, Nos dois capitulos preceden- tes 0 foco de an erdnica, Neste, nossa preocupacao devera incidir sobre a idade das va- de morte entre as vai ma se foi a v nos-4, sobretudo, a relagio entre va- ou seja, por que o sistema lingiifstico se encontra, em um determinado momento sinerénico, com determinadas caracter Esse interesse nos fatos histéricos sobre as variantes prende-se, em especi a. um principio da tra ica: a estrur tura de uma lingua somente seré totalmente entendida & medida que se compreendam efetivamente os processos histéricos de sua configuracao. icas. varidve Vocé poderd se questionar sobre a viabilidade de cagiio deste modelo sociolingit e para 0 estudo da Deixemos claro, nesta breve introducio & teoria da mudanga, que um outro principio devera r westigagoes: 0 da uniformidade. Segundo esse principio, as forcas que no momento sincrénico presente sao (ou deveriam ser) as mesmas que atuaram no passado, € vice-versa, Portanto uma teoria da mudanea lingiiistica deve guiar-se por uma articulagao tedrica e metodolégica entre presente-passado € presente. Em outras palavras, inicia-se 0 proceso de investigagdo no momento presente; volta-se ao passado para o devido encaixamento hist6rico das variantes, retor- nando-se, a seguir, ao presente para o fechamento do ciclo de andlise. Trata-se de uma viagem de ida e de vo (ria das variante er nossas, vam. A metodologia desenvolvida neste volume, no en tanto, concentra-se em andlises de falada. Como integrar entdo a dimensio historic? Como compensar a auséncia de fitas gravadas que nos déem ricas sobre cada variante? Lembre-se de que os grava- dores somente sur ‘ lormagoes far esse impasse de a 65 A faixa etaria: o tempo aparente A resposta é obviamente, positiva. Vocé devera tar um recorte transvers t funcio da faixa et estara acrescentando uma pri sua anilise: 0 tempo aparente que trés_ grupos etirios ter condicionador externo: jovens, meia-idade e velhos. Feita a andlise dos fatores condicionadores internos, deverd correlacionar as variantes ao fator idade. A relagio. Se, por outro lado, o uso da variante mais ino- vadora for mais freqiiente entre os jovens, decrescendo em relagao a idade dos « antes, voce tera pre: \ciado uma situagdo de mudanga em progresso, a tal relagio de duclo de morte 1 nos referimos varias vezes neste volume. \s infor Vejamos um exemplo conereto de como eviden mudanga em progresso do recorte transversal d comunidade de falantes 4 nhol panamenho de Henri tuagdes de variagio: 0 ou si para, /para/ € /pa/ marcagao de plural no si € 0 enfraquecimento da palatal ram subdivididos em cinco faixa 31-40, 41-50 © 61- Progresso em ri da uma das cinco va descritas, € io que relacionadas aos diversos grupos etarios: maior incidéncia 7 em po se acim variantes sejam 1 H 66 ae _ nas faixas mais jovens e menor freqiiéncia nas mais velhas, gora os resultados a que Cedergre! tos na tabela a seguir. TABELA 5 — Desenvolvimento de cinco variaveis do espanhol por grupos etarios (em onos) | 1120 | 2130 | s140 | 4150 | 6170 : pas | 190 | 195 | 223 | 146 pare] tat) 138] tas] tas | 139 iestel tee | 150 | 167 | 187 | ar ‘s/ 234 222 245 2.18 2.19 ch 21s | 220 | 205 | rar | 130 (CEDERGREN, 1970) Observe que, & excecdo da var /ch/, nenhuma outra varidvel esta correlacionada ao fator idade. A cor relagao encontrada em /ch/ é do tipo curvilinea, com um aumento suave no uso da variante inovadora pelos dois grupos intermedidrios (21-30 € 31-40). Os dois pos mais’ velhos, no entanto, refletem o uso da variante conservadora, na medida em que 0 indice da variant vadora decresce sensivelmente (de 2,29 ¢ 2.05 a 1.81 ¢ mais radicalmente, 1.31). Se vocé observar os i apresentados para as outras quatro varidveis, notara que nao ha a menor possibilidade de mudanga em progresso trata-se simplesmente de casos de varidveis estaveis, em relagio de contemporizacio. ma vez atestada a mudanca em progresso, voce oder questionar sobre as forgas sociais que atuam na implememtagao dessa mudanga, Os estudos tém demons- trado que S40 0s grupos socioeconmicos intermediarios NN ru que avangam process de mudanca lingiif grupos que se revelam mais sensiveis e suscet ° volume. No mesmo estudo sobre © espanhol panamenho, Cedergren dividiu seus informantes em quatro grupos socio- econémicos. Seria de se esperar, por conseg ntermediario n.” 2 revelasse © indice mais 2 em mudanca; quanto as_varidveis uma vez ndo se encontraré nenhuma correlac: entre © seu uso e 0 nivel socioecondmico dos informantes. Observe os resultados apresentados por Cedergren do espanhol do Panama Grupos Sociais 1 " Mm uv ! 1.62 1.88 223 223 pare) 1 137 1.39 1.68 esto/ 1.26) 1.56 1.62 17 isi 2.03 224 2.31 2.36 eh) 1.88 224 213 2.00 (CEDERGREN, 1970) Observe que é © grupo intermediario I que apresenta a varidvel /ch/. Nos outros S08, © padrao curvilineo nao se configura, po- lo-se concluir que as varidveis nem do se_encontr relagdo de cinco varidveis do espanhol do Panama com idade e grupo sociceconémico evidenciam claramente a questio de variagao € de mudanca Infelizmente os estudos soci ainda se encontram em fase embi geral ndo ha referéncias de varidveis em mudanga. Antes 68 de passar & segunda dimensio histor se. 0 tempo real, vejamos um outro exemplo de variagio ¢ de mudanga, este proveniente do estudo sobre a estratifica ‘cdo social do inglés falado em Norwich, na Inglaterra, de Peter Trudgi Todas as varidveis estudadas por Trud; um padrio lini fio de uma: a posteriorizac: do /e/ curto antes de /I/, como em help (auxilio), belt (cinto) ete. De [e] @ prondne se move progressivamente para [¢] ¢ [4] seguir, apresenta 0 quadro de estra relacionada a grupo socioeconémico. O fal volve: CS (casual style), estilo informs style), estilo formal na entrevista; RS (readi estilo de Ieitura de textos, em situagao experimenta WS (word list style), leitura dep: bém em teste, portanto, experimental. Os grupos socioecondmicos abrangidos no estudo sao: LWC (lower working class), classe baixa trabalhadora; MWC (middle working class), lasse média trabalhadora; UWC (upper working class), jasse alta trabalhadora; LMC (lower middle class), ¢ baixa, e UMC (upper middle class), classe média alta, Observe que o grupo socivecondmico mais interme- diario, 0 UWC, & 0 que apresenta uma estrat ica mais acentuada. Os grupos anteriores a este i mente demonstram uma es tao forte. A classe média alta é de origem da mudanga, a classe alta trabalhadora, A se média alta, portanto, nao revela qualquer trago Atente para o diagrama da Figura 3, que apresenta os itados do cruzamento entre grupo socieecondmico € Ss) FIGURA 3 —Estratificacao socicestil tica de em Norwich cs, LSS 0 Lwe MWe UWG LMG UMC Classe sociceconémice (Truvont, 1971) © cruzamento desses resultados com faixa etiria de- vera completar 0 quadro de mudanca em progresso de , estudado por Trudgill. Como se pode ver na Figura 4, a seguir, ha uma clara progressio nos s de para todos os grupos com um limite maximo atingido pelo grupo mais jovem (10 a 19 anos). Note que a subdivisdo dos informantes em grupos € ainda mais abrangente que a de Cedergren. res est arios FIGURA 4 — Estratificagdo estilistica © etaria de dado para a perda de plura- lidade nos SNs d espanhol, verificamos que © contexto de consoante, provou ser ome espanhol qu presenga d versal nente co! ga tanto para o © portugues. Nos dois sistemas ‘5 s> favorece mbém para os wel favorece sua fe ter a mesma \guisticos. em jor provar ter 0 das varian- E 10 universais de mest s terao, tistica para ser satisfatiria igdes que dete de enfraque- = 7 Vocabulario critico Amostra: conjunto de dados sel corpus ra_anéilise; Avaliagdo: no texto, um dos cinco pasos ngilistica; como os membros de uma com de pluralidade (casa#s), tempo nt#ei) etc pus: ver amostra Chomsky: iniciador © insform: do modelo gera- gilistic tive Competéncia: uma das duas partes da di kiana; conjunto de regras jomia choms- inatas. npenho: uma das duas partes da dicotomia choms- passos da and se encaixa no sistema munidade — 86 Envelope: no texto, envelope de variagao; elencamento de todas as variantes que compéem uma variavel. Esterestipos: estatuto da variante na comunidade impreg- nado de estigmatizagdo social, a0 nivel de consciéncia dos falantes. Estilo: no texto, um componente da gramética; um pos- sivel fator condicionador do uso de uma regra variivel; tipos de estilo: espontineo, entrevista, leitura, lista de palavras, pares minimos Estruturalismo: corrente do pensamento Jingiiistico do ini- cio do século XX. Fator(es): um dos cinco passos da anilise sociolingiiistica, elementos condicionadores do uso de regras variaveis, de natureza lingiifstica e extralingitistica Funcional: da hipotese funcionalista; segundo ela, a fun- do de representacao da lingua domina os aspectos es- truturais do sistema no que diz respeito & variagao © & mudanca. Implementagao: no texto, um dos cinco passos da anilise sociolingiiistica; a consubstanciagio de novas variantes no sistema lingitistico. Indicador(es): estatuto da variante na comunidade, 0 qual nao apresenta condicionamento estilistico nem tampouco esta no nivel de consciéncia dos falantes. Informante: nome dado ao falante que faz parte da amos- tra; sujeito da andlise. Longitudinal: estratégia de andlise; objeto lingUistico nao- -recortado; no texto, equivale a dimensao historica do tempo real; contrapde-se ao recorte transversal Marcador(es): estatuto da variante na comunidade condi cionado estilisticamente; nao se apresenta no nivel de consciéncia dos falantes. 87 Monomorjémica: ope-se as caracteristicas das palavras bimorfémicas. Narrativa: no texto, relato de experiéncia pessoal; consti- tuida de oragdes narrativas; sua estrutura apresenta seis partes: resumo, orientagao, complicagao da agio, reso- lucdo da agao, avaliagao ¢ coda. Normalizagdo: no texto, forma de regularizacao lingiifs- tica; 0 contrério de variacao; estandardizagao. Regra: representagao formal de fatos lingiiisticos; no texto, incluem-se regras de diferentes naturezas: categ6ricas, obrigatorias, optativas € variaveis Saussure, Ferdinand de: mestre lingiiista defensor do mo- delo estruturalista. Ver estruturalismo. Sincronia: recorte do fato lingilistico no tempo; 0 movi- mento de andlise contrério ao diacrénico. Ver diacro- nia. Sintagma nominal (SN): constituinte frasal composto de um nticleo obrigatério, 0 substantivo, modificado por determinantes € adjetivos. Sintagma preposicional: constituinte frasal composto de uma preposicao seguida de um sintagma nominal. Ver sintagma nominal Sociologia da linguagem: denominada por alguns de socio- lingiiistica estatica ou qualitativa; rea de investigagio interessada no valor € funcio da lingua no meio social; etnografia da fala. Testes: no texto, testes de produgao de percepgao; situa- ‘co experimental a que se submetem os informantes que compéem a amosira para fins de eliciacao de valores que as variames relletem na comunidade. Ver estilo. Transformacionalismo: no texto, ouiray denominacdes ocorrem: modelo gerativo, escola gerativo-transforma M™ onal; modelo de gramatica que assume a sintaxe como componente basico da lingua; gramética que ndo preve variagio, pressupondo que a comunidade lingitistica € homogénea Transi¢do: um dos cinco passos da a ngiiistica momento de passagem de uma fase lingiiistica para outra. Transversal: ver longitudinal. Variagdo: teoria da variacio; assume a heterogeneidade ¢ © “caos” lingiifstico como objeto de estudo; também di nominada sociolingiiistica quanti ou dina ver ia da linguagem Var varias maneiras de se dizer a mesma coisa, com o mesmo valor de verdade. Conjunto de formas S que compoem uma varidvel; podem ser: pa- nao-padrao. conservadora, inovadora, estigmati zada e de pre Varidvel: conjunto de variantes Vernéculo Jo natural de comu- nicagio; presente especialmente nas narrativas de expe- rigncia pessoal. Ver narrativa. 8 Bibliografia comentada A bibliografia est dividida em quatro partes prin pais. Na primeira, sao apresentados alguns livros didi ica existentes no mercado; na se- gu terceira, uma breve apreciagio das obras de ov; € na quarta, sugestdes de leituras comple: mentares. Livros didaticos TRUDGILL, Peter. 1974. Sociolinguistics: an introduction. Great Britain, Penguin Books. Dos livros didaticos existentes no mercado esse ¢ 0 mais acessivel ¢ © que mais se afina a este volume em portugués. O livro compoe-se de sete capitulos, seg ja anotada e de uma lista de su linguistics — language and define a lingua no contexto social, abordando € sociedade. Os demais 90 discutem a relagao entre lingua € fatores externos: classe social no capitulo 2; grupo social no terceiro; sexo no quarto capitulo; contexto. no quinto; geografia no sétimo. ‘Trata-se de uma obra extremamente objetiva e clara em seus propésitos. Deve fazer parte de sua biblioteca par- ticular sobre socioli Dirrmak, Norbert. 1976. Socioli s; a critical survey of theory and application. London, Edward Arnold. Trad. do ‘alemao: Soziolinguisik: Extimplarische und kritische Darstellung ihrer Theorie, Empirie und An- wendung. Frankfurt, Athendium Verlag Gmbh Essa obra compde-se de uma i , sete capitulos € bibliografia comentada. Na breve introdugdo Dittmar apresenta conceitos basicos da sociolingiiistica. Os trés primeiros capitulos so destinados a uma reflexao cri- tica sobre a hipdtese do déficit linguiistico de Basil Bern- stein. S30 lingua falada e socializacao proposta por Bernstein, apre- ciagao dos estudos empiricos realizados para fins de uma reflexdo sobre as conseqiiéncias sociais da hipstese de Bernstein. Leia esses trés primeiros capitulos de Dittmar em conjungao com os capitulos 1 e 4 de sew manual No capitulo 4 Dittmar confronta o trabalho de Bern- stein e€ a teoria da variagdo linguiistica, A iiltima é de- talhadamente apresentada nos trés capitulos finais do livro. Com excecao dos trés primeiros capitulos, qu abordam a questio do déficit lingiiistico, use 0 livro como referéncia a conceitos inciuidos (ou nao) neste volume. O livro de Dittmar mais detalhado e abran. gente que o de Trudgill. Use-o. portanto, como um: espécie de “diciondrio” da teoria da variagao! Q a Hopson, Richard Anthony. 1980. Sociolinguistics. Cam- bridge, Cambridge University Press Esse livro faz parte de uma grande série de textos intro- dutGrios a subareas da lingiiistica, publicados pela Cam- bridge University Press. Pertence & chamada “série de capa vermelha” da editora. Sao sete capitulos ao todo. O primeiro, “Sociolinguistics”, discute a relagdo entre sociolingiiistica ¢ linguistica: sociolingiiistica e sociologi da linguagem, procurando motivar a pesquisa ¢ a and- se de dados reais da lingua falada. No segundo sao incluides: variedades da lingua; lingua ¢ dialeto; lingua padrao e dialetos sociais; registros lingilisticos; linguas em contato ¢ mistura de variedades lingti ceiro capitulo o autor discute as relagdes entre lingua, cultura e pensamento. No quarto, a lingua falada como interagdo social. O estudo quantitativo da lingua falada € apresentado no capitulo 5. Nele Hudson plos de estudos ja realizados em Nova lorque, Norwich € Belfast. No sexto capitulo 9 autor discute questoes de desigualdade lingufstica e social: 0 preconceito lin- gilistico, a incompeténcia | iva, Consta deste capitulo a hipotese do deficit de Bernstein. iltimo capitulo € © das conclusdes. Desse livro 0 capitulo mais importante € 0 quinto. Leia-o como suporte dos conceitos abordados nos capi- tulos 2, 3 € 4 deste volume. eilistica e comuni Antologias S exist > foram ese tes no. merca foi publicada em por- jissicos da literatura da Das antologi das as duas principais. A primeir gues, compreendendo textos = — 92. Fonseca, Maria Stella V. & Neves, Moema F., orgs. 1974. Sociolingitistica. Rio de Janeiro, Eldorado Ti- juca Paulo Vandresen escreve a introducao, da qual constam uma apreciagio sobre a drea e uma breve descri dos artigos incluidos na coleténea. Sao eles: Briciir, William, As dimensdes da sociolingiiistica; Fisimax, Joshua A., A sociologia da linguagem; BRI Dialeto social ¢ historia da linguagem; Lanov, Wil Estagios na aquisicao do inglés standard: Fister, John L,, Influéncias sociais na escolha de variantes ‘as; FERGUSON, Charles A., Diglossia; GaRviN, & Matutor, Madeleine, A urbanizagao da ling rani — um problema em linguagem e cul GiGLioL1, Pier Paolo. 1972. Language and social context: selected readings. Great Britain, Penguin Books, Os textos que compdem essa coletinea estado classitic: dos em cinco partes principais. Parte 1 — Abordagens da sociolingiiistica: Hymes, De Toward ethnographies of communication: the analysis of communicative events; Fishman, Joshua A., The So. ciology of language (este traduzido para o portugués) Parte 2— A lingua falada e a agiio situada: Gorman, Erwin, The neglected situation; Basso, Keith H., “To give up on word's’: silence in Western Apache culture; Fraxe, Charles ©., How to ask for a drink in Subanum; ScHEGLOFF, Emmanuel A., Notes on a practice: f ing place; SEARLE, Jol speech act? Parte 3 — L STEIN, Ba: Aversational What is ngua, socializagéo e€ subculturas: BERN- Social class, language and socializai The logic of nonstandard English. © est jumPrRz, John. FERGUSON, Charles A., Diglossi Fas sociais: The speech commui 93 (este traduzido para o portugués); Brown, Roger & Gian, Albert, The pronouns of power and solidarit Lanov, William, The study of language in its social context. Parte 5 — Lingua, mudangas e conflitos sociais: Goopy, J. & Warr, 1, The consequences of literacy; INGLE- Hart, R. & Woopwarp, M., Language conflicts and the political community. Leia a primeira parte com preocupagio metateérica, isto é tentando perceber como a sociologia da linguagem descrita por Fishman e Hymes faz parte da linha de abordagem apresentada a vocé neste volume. A se- gunda parte so textos-exemplos de descrigdes etnografi cas de comunidades lingiiisticas. A terceira parte re- toma a questo do déficit lingiiistico, discutida em Dittmar (capitulos 1 a 3) e Hudson (capitulo 6). F quarta parte constam textos que retomam a questio da relacio entre lingua e sociedade. Especialmente o de UMPERZ € fundamental, pois se trata da defin elementos que constituem a comunidade de fala outros textos dessa parte, bem como os da quinta, apre- sentam casos especificos de cont truturas sociais. O trabalho de Labov Além de intimeros artigos publicados em revistas es. fas, ha cinco livros pul os quais er co-autoria (Lasov & FANsHet, Therapheutic discourse 1975) e outro em forma de coletinea (Locating la pace. 1980). Os o jicados, um. ros tre ‘ation of English in New York D.C., Center for Appl The social strati 4 1972a. Sociolinguistic patterns. Philadelphia, Univer- sity of Pennsylvania Press 1972b. Language in the inner city. Philadelphia versity of Pennsylvania Press. Uni- Desses cinco livros, 0 de 1972a é 0 mais fundamental € © que se presta melhor como complemento da leitura deste seu volume. Além disso, alguns capitulos inclu jos no volume de 1966 sio retomados em 1972a ¢ 1972b. Vejamos, portanto, o que contém o livro de 1972a Sociolinguistic patterns & composto de nove capitulos ¢ uma introducao. Nesta Labov projeta a posic¢ao da so. ciolingiiistica, tal qual a concebe, na historia do pens: mento lingiiistico. Os capitulos subseqiientes abordam aspectos de variagio e de mudanga lingiifsticas. O capitulo 1, “The social motivation of a sound chan, um resumo de sua dissertagdo de mestrado, que trata da centralizacao de ditongos na ilha de Martha’s Vine yard, variavel apresentada nos capitulos | ¢ 4 deste seu jume. No segundo capitulo, “The social stratification New York Department Stores”, ¢ dis- tulo 1 deste livro: o status do /r/ em Nova Torqu O capitulo 3, “The isolation of contextual styles”, € tura complementar aos nossos 2, °O fato so- 6, Wve dimensions of progress”, 7, “On the mechani €.9, “The social setting of — 98 8, “The study of language in its social context”, € uma versio maior do mesmo capitulo apresentado na parte 4 de GiGLIOLi, como apontado acima. O livro de 1972b, Language in the inner city, € 0 estudo ingua do gueto: o inglés preto dos adolescentes do Harlem, Nova lorque. Compae-se de trés partes princi a estrutura do inglés preto (“The structure of ish vernacular”); 0 verndculo no contexto the vernacular in its social setting”), ¢ os usos do vernéculo inglés preto (“The uses of the Black En- lo 5, “The Logic of nons- . € basicamente o mesmo apresentado 1011 (capitulo 9). Desse livro, obrigatoriamente acompanhando o nosso capitulo 2 ", 0 Ultimo capitulo, que trata rativas de experiéncia pessoal e traz por titulo ne transformation of experience in narrative syntax” vocé tera que ler, Sugestées de leitura ‘As sugestoes de leitura poderiam ser muitas, pois literatura da area cresceu muito desde as primeiras publi- cagdes da década de 60. O que r imeiras partes desta bibliografia € 0 m \ispensavel! Nesta parte para aquilo que existe, sem Em primeiro lugar: ha uma revista espec ue ji chegou ao seu décimo ano, Trata-se de Lan- da pela Cambridge University jacionamos. nas trés eae guage

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