no Ambiente de Trabalho
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
TEMPERATURAS ANORMAIS................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 1
TERMOLOGIA, CALOR E TERMORREGULAÇÃO......................................................................... 13
CAPÍTULO 2
REAÇÕES FISIOLÓGICAS AO CALOR....................................................................................... 26
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BÁSICOS DO AMBIENTE DE TRABALHO..................................... 30
CAPÍTULO 4
FACET E ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (AINS)......................................................................... 57
CAPÍTULO 5
PRÁTICAS PREVENCIONISTAS EM AMBIENTES QUENTES............................................................. 59
CAPÍTULO 6
TEMPERATURAS ANORMAIS – FRIO........................................................................................... 65
UNIDADE II
VIBRAÇÕES.......................................................................................................................................... 68
CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS................................................................................................................... 68
CAPÍTULO 2
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE PADRONIZAÇÃO – ISO.................................................... 83
CAPÍTULO 3
VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO – VCI..................................................................................... 95
CAPÍTULO 4
VIBRAÇÕES DE MÃOS E BRAÇOS – VMB................................................................................ 121
UNIDADE III
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES................................................................................................... 131
CAPÍTULO 1
PRESSÕES EM TUBULÕES A AR COMPRIMIDO ........................................................................ 131
CAPÍTULO 2
RADIAÇÕES IONIZANTES........................................................................................................ 136
UNIDADE IV
RUÍDO................................................................................................................................................ 141
CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS ................................................................................................................ 141
CAPÍTULO 2
DEFINIÇÕES FÍSICAS E MATEMÁTICAS RELACIONADAS AO RUÍDO.......................................... 143
CAPÍTULO 3
MÉTRICAS DO RUÍDO PARA FINS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL.................................................. 156
CAPÍTULO 4
APLICAÇÕES CONFORME NORMAS PREVIDENCIÁRIAS, TRIBUTÁRIAS E TRABALHISTAS.............. 163
CAPÍTULO 5
FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS RELATIVOS AO RUÍDO................................................................ 176
CAPÍTULO 6
RUÍDO DE IMPACTO.............................................................................................................. 190
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 192
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 196
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Caro colega,
»» saber reconhecê-los;
»» saber como estes agentes penetram ou são absorvidos pelo corpo humano;
8
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
A HT comparece então para ofertar suporte técnico para que o profissional prevencionista
atue neste ambiente com medidas para eliminar ou minimizar os possíveis efeitos
sobre a saúde dos trabalhadores e da comunidade. A HT neste caderno aborda as
energias no contexto da física. Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo,
subdivididas em capítulos. Os ícones servirão de recursos de aprendizagem. Dentre os
físicos, destacam-se:
9
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
10
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
11
diabetes etc.) O estresse térmico é especialmente perigoso no trabalho ao ar
livre, como na construção, a agricultura ou obras públicas, com agravamento
nos dias mais quentes de verão que obrigam programas de prevenção de riscos
específicos, além dos casos em que o estresse térmico é um problema ao longo
do ano. A exposição ao calor pode causar vários efeitos saúde, de gravidade
diferente, como erupção na pele, edema de membros, queimaduras, cãibras
de músculo, desidratação, exaustão etc. Mas sem dúvida, o efeito mais sério
da exposição a situações de calor intenso é insolação. Ele é chamado golpe de
calor, quando a temperatura do corpo excede 40,6 ºC, sendo fatal entre 15%
e 25% dos casos.
Objetivos
»» Abordar criticamente a inserção da higiene do trabalho.
12
TEMPERATURAS UNIDADE I
ANORMAIS
CAPÍTULO 1
Termologia, Calor e Termorregulação
Em uma operação com forno metalúrgico, verifica-se que o operador gasta 3 minutos
carregando o forno, aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura esperada
e, em seguida, gasta outros 3 minutos para descarregar o forno. Durante o tempo em
que aguarda a elevação da temperatura da carga (4 minutos), o operador do forno fica
fazendo anotações, sentado à mesa que está afastada do forno.
Fonte: http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM049/Aula%201.pdf
13
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte:http://www.tst.jus.br/image/journal/article?img_id=3988052&t=1363730915275
14
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Contextualização
Ao longo da vida, os organismos seres humanos lutam para manter a temperatura do
corpo dentro de limites muito estreitos de variação. Os limites máximos de tolerância
para as células vivas correspondem a cerca de 0°C (formação de cristais de gelo) e
cerca de 45°C (coagulação térmica de proteínas intracelulares). No entanto, os seres
humanos podem suportar temperaturas internas abaixo de 35°C ou acima de 41°C,
embora apenas por curtos períodos de tempo.
Para manter a temperatura interna dentro desses limites, o ser humano desenvolveu
respostas fisiológicas muito eficazes e, em alguns casos especializados, ao estresse
térmico agudo. O objetivo destas respostas é facilitar a conservação, produção ou
eliminação do calor corporal. Elas exigem coordenação e controle de vários sistemas
do corpo.
15
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
O calor pode ser absorvido pelo corpo quando o meio ambiente, via radiação (R) expressa
pela temperatura de globo (Tg) combinado ou não com a via condução-convecção (C)
expressa pela temperatura do ar - Ta, lida no termômetro de bulbo seco (Tbs), produz
potencial energético superior ao corpo humano, ou seja, a temperatura ambiental é
maior que a temperatura da pele. Tornam-se fontes de perda de calor quando o gradiente
térmico é invertido da pele ao ar. Note-se que temperatura do ar - Ta é dada pelo Tbs.
16
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
M–W±C±R–E=S
M – Calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+)
W – Trabalho realizado pelo corpo humano (-), que consome parte do M gerado
C – Calor ganho ou perdido por condução/convecção (+/-)
R – Calor ganho ou perdido por radiação (+/-)
E – Calor sempre perdido por evaporação (-)
S – Sobrecarga térmica ou calor acumulado no organismo (resultado)
O trabalho pesado (com um alto gasto energético que aumenta pelo saldo M - W),
temperaturas ambientes muito altas (que aumentam o saldo R + C), uma alta umidade
relativa do ar – URA (que limita E), bem como o uso de roupas espessas ou relativamente
impermeáveis (criando uma barreira para a evaporação do suor), produz uma
configuração térmica desfavorável ao trabalhador, decorrente desse cenário, no qual
a exposição ao calor é mais intensa e a dissipação é insuficiente. Em termos algébricos
ocorre M - W + R + C > E, produzindo armazenagem de calor e, por conseguinte,
sobrecarga térmica.
17
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Para fins de descrição das respostas fisiológicas ao frio e ao calor, o corpo pode ser
dividido em dois componentes: o “núcleo” e a “periferia”.
Exposição de todo o organismo ou parte dele ao frio pode fazer esta temperatura (Tsk)
cair consideravelmente. A sensibilidade ao toque aparece entre 15°C e 20°C, enquanto
a temperatura crítica para destreza manual fica entre 12ºC e 16ºC. Os limiares
de dor superior e inferior para valores de Tsk são aproximadamente 43°C e 10°C,
respectivamente.
A regulação térmica reside no cérebro, que possui células nervosas que respondem ao
aquecimento (neurônios sensíveis ao calor) e resfriamento (neurônios sensíveis ao frio).
É uma área que domina o controle de temperatura corporal ao receber informações
sensoriais e as envia para a pele, músculos e outros órgãos envolvidos na regulação
térmica através do sistema nervoso autônomo. O sistema de controle do organismo
opera funções de aquecimento e arrefecimento.
18
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
As fases sólido, líquido e gasoso são alteradas a partir do par pressão e temperatura. Essa
última varia em função da quantidade de energia transferida (calor) que se transmite
por três tipos de processos, chamados mecanismos de trocas térmicas: condução,
convecção e radiação.
19
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-conveccao.htm
20
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
aumenta se o ar passar sobre a pele por uma convecção forçada. Fluxo de calor trocada
por convecção, C, em watts por metro quadrado (W/m2) pode ser estimado com a
seguinte equação: C = hc. FclC (Tsk - Tbs), onde hc é o coeficiente de convecção (W/°C.
m2), que é função da diferença entre Tsk e Tbs no caso de convecção natural, e velocidade
do ar - Va (em m/s) em convecção forçada. FclC é o fator de redução de troca de calor por
convecção devido ao vestuário1.
Ecn = σ .T4
https://estudodacor.files.wordpress.com/2014/08/espectro-eletromagnetico1.
jpg
21
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
A pele, com uma temperatura que pode variar entre 30 e 35°C (303 e 308 K), emite esse
tipo de radiação na zona do infravermelho. Ela também recebe a radiação emitida pelas
superfícies vizinhas.
A expressão anterior pode ser substituída por uma equação simplificada semelhante à
convecção:
22
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
A orelha humana percebe sons de 2,0.101 Hz a 2,0.104 Hz, que variam no ranger
de 103, desde que compreendidos em pressões sonoras que variem de 2. 10-5 Pa
a 2.102 Pa, enquanto os olhos enxergam a luz entre 4,0.1014 Hz a 7,50.1014 Hz,
portanto na mesma ordem de grandeza. Tomando a frequência como referência,
proporcionalmente, os seres humanos escutam mil vezes mais que veem.
Se a atmosfera não estiver saturada, esse vapor se difunde desta camada para a atmosfera.
A camada tende a regenerar absorvendo o calor de evaporação (0,674 watts hora por
grama de água) da superfície molhada, que esfria. Se toda a pele estiver coberta de suor,
a evaporação é máxima (Emax) e depende apenas das condições ambientais, de acordo
com a seguinte expressão:
O mecanismo da evaporação pode ser o único meio de perda de calor para o ambiente
na indústria. Porém, a quantidade de água que já está no ar é um limitante para a
evaporação do suor, ou seja, quando a umidade relativa do ambiente é de 100%, não é
possível evaporar o suor, e a situação pode ficar crítica. À medida que ocorre a sobrecarga
térmica, o organismo dispara certos mecanismos para manter a temperatura interna
constante, sendo os principais: a vasodilatação periférica e a sudorese.
Calor sensível
23
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
O nome vem da oposição ao calor latente que se refere ao calor “oculto”, isto é, o calor
é fornecido, mas não “percebido” como na mudança de fase do gelo para a água líquida
e deste para o vapor. Todavia, o calor sensível é percebido, uma vez que aumenta a
temperatura da substância, fazendo com que ela seja percebida como “mais quente”,
ou, inversamente, se o calor é subtraído, é percebido como “mais frio”. O calor sensível
pode ser calculado, à pressão constante, pela fórmula:
Q = m . c ∆T
onde Q é calor (cal ou J; m – massa (g ou kg); c - calor específico (cal/gºC ou J/kg.K) e
ΔT – variação de temperatura (ºC ou K)
Calor específico mede a quantidade de energia por massa que alguma substância precisa
ceder, ou absorver, para ter a sua temperatura variada em 1ºC. No caso da água pura,
por exemplo, e em condições normais de pressão, para variar sua temperatura em 1ºC
é necessária 1,0 caloria para cada grama de água.
Calor latente
O calor latente é a quantidade de energia requerida por uma substância para mudar de
fase, de sólido para líquido (calor de fusão) ou de líquido para gás (calor de vaporização).
Deve-se levar em conta que esta energia na forma de calor é investida para a mudança
de fase e não para um aumento na temperatura. Anteriormente, o termo calor latente
era usado para se referir ao calor de fusão ou vaporização. O calor que é aplicado
quando a substância não muda de fase e a temperatura varia é chamado de calor
sensível. Quando o calor é aplicado a um pedaço de gelo, sua temperatura sobe até
atingir 0°C (temperatura de mudança de estado). A partir desse momento, mesmo que
o calor ainda seja aplicado, a temperatura não mudará até que esteja completamente
derretida. Isso ocorre porque o calor é usado no derretimento do gelo. Quando o gelo
derreter, a temperatura subirá novamente até atingir 100°C. A partir desse momento, a
temperatura permanecerá estável até que toda a água se evapore.
É possível que durante as trocas de calor com suas vizinhanças, um corpo apresente
pressão, temperatura e volume que o levem a sofrer uma mudança em seu estado físico.
24
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Isso só é possível porque toda a energia trocada, nesse caso, está sendo usada para alterar
a conformação de suas moléculas. A partir do momento em que se “vence” a barreira
energética e todo o conteúdo do corpo encontra-se em outro estado físico, o corpo
continua a troca de calor com as vizinhanças, a menos, é claro, que a sua temperatura
seja igual à temperatura externa. O calor latente pode ser calculado pela fórmula:
Q = m. L
sendo Q – calor latente (cal ou J), m – massa (g ou kg) e L – calor latente específico
(cal/g ou J/kg).
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CAPÍTULO 2
Reações Fisiológicas ao Calor
https://www.infoescola.com/fisiologia/temperatura-corporal/
https://es.dreamstime.com/stock-de-ilustraci%C3%B3n-control-de-la-
temperatura-del-cuerpo-image60847755 sobre termorregulação por sudorese
em https://consenfmh.blogspot.com/2013/07/sudorese-hiper-hidrose-suor-
intenso.html.
26
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
por hora. Através dele ocorre a perda de água, o que leva à diminuição da
temperatura do corpo. Isso permite a perda de calor por meio da evaporação
do suor. O número de glândulas ativadas pelo mecanismo termorregulador é
proporcional ao desequilíbrio térmico existente. A evaporação de um litro por
hora permite uma perda de 590 kcal nesse período. O calor pode produzir efeitos
que vão desde a desidratação progressiva e as cãibras até ocorrências bem mais
sérias, como a exaustão por calor e o choque térmico. Os grandes candidatos a
incidentes mais sérios são as pessoas não aclimatadas, ou seja, os “novatos” no
ambiente termicamente severo.
Exaustão pelo calor ou síncope pelo calor resulta da tensão excessiva do sistema
circulatório, com perda de pressão e sintomas como enjoo, palidez, pele coberta pelo
suor e dores de cabeça. Quando a temperatura corpórea tende a subir, o organismo
sofre uma vasodilatação periférica, na tentativa de aumentar a quantidade de sangue
nas áreas de troca. Com isso, há uma diminuição de fluxo sanguíneo nos órgãos
vitais, podendo ocorrer uma deficiência de oxigênio nessas áreas, o que compromete
particularmente o cérebro e o coração. Essa situação pode ser agravada quando há
a necessidade de um fluxo maior de sangue nos músculos devido ao trabalho físico
intenso. A recuperação é rápida e ocorre naturalmente se o trabalhador se deitar
durante a crise ou sentar-se com a cabeça baixa. A recuperação total é complementada
por repouso em ambiente frio.
27
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
28
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
29
CAPÍTULO 3
Avaliação dos parâmetros básicos do
ambiente de trabalho
Objetiva-se, neste capítulo, com base nos mecanismos de produção e perda de calor
do organismo humano, descrever a interferência dos fatores físicos e ambientais
no processo de termorregulação. Esses dados são relevantes para a avaliação de
determinados ambientes de trabalho e um planejamento mais eficiente, do ponto de
vista térmico, das instalações laborais, jornadas de trabalho e vestimentas de trabalho.
Temperatura do ar
A temperatura do ar (tbs) deve ser medida independentemente de qualquer radiação
térmica e com uma precisão de ± 0,2°C entre 10 e 30°C e ± 0,5 °C fora dessa faixa.
Existem muitos tipos de termômetros, embora os de mercúrio sejam os mais comuns.
Sua vantagem está na precisão, sempre que foram calibrados corretamente no início;
e como principais desvantagens, seu longo tempo de resposta e a incapacidade de
realizar registros automáticos. Os termômetros eletrônicos, entretanto, geralmente têm
um tempo de resposta muito curta (entre 5s e 1min), mas a sua calibração apresenta
inúmeros problemas.
30
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Pa
URA = 100 (%)
Ps ,ta
Ps ,t 0, 6105 × e
= t + 237,3
Pa Ps ,tbu − tbs − tbu ÷15
=
onde PS,tu é a pressão de vapor saturado à temperatura de bulbo úmido. Uma forma mais
amigável de operar essas variáveis é usar uma carta psicrométrica. Consulte na internet,
por exemplo sugere-se carta psicrométrica da Carrier© (www.handsdownsoftware.
com/CARRIER-Chart.PDF). Consultando essa ou outras cartas, é possível combinar
todas essas variáveis. A seguir se descreve uma consulta a carta psicrométrica.
A facilidade de usar esse diagrama reside no fato de que basta conhecer duas variáveis
para se encontrar as demais. Por exemplo, no eixo x, a escala da temperatura do ar, lê-
se o termômetro de bulbo seco (Tbs) com 25°C. Com o termômetro de bulbo úmido (Tbu),
obtém-se 18°C, plotado na linha oblíqua retas de temperatura úmida. Na interseção
dessas duas retas, encontra-se a umidade relativa do ar - URA, no caso, de 50%. Percebe-
se, se continuar a subir na vertical da reta Tbs de 25°C, até interseção final com a linha
curva de saturação (URA de 100%), que a Tbu será 25°C. Ou seja, quando Tbu e Tbs são
iguais não há espaço vapor para dissolver agua líquida na massa de ar, dita saturada,
URA = 100%.
31
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Temperatura do ar, medida pelo termômetro Tbs. A influência da temperatura do ar na troca térmica entre o organismo e o meio ambiente pode ser
avaliada observando-se a defasagem, positiva ou negativa, existente entre a temperatura do ar e a temperatura da pele. Quando a temperatura do ar
é maior que a temperatura da pele, o organismo ganha calor por condução-convecção. Do contrário, perde.
Velocidade do ar - medida pelo anemômetro - pode alterar o intercâmbio de calor entre o organismo e o ambiente, interferindo tanto na troca
térmica por condução-convecção como na troca térmica por evaporação. No mecanismo de condução-convecção, o aumento da velocidade do ar
acelera a troca de camadas de ar próximas ao corpo, aumentando o fluxo de calor entre este e o ar.
Carga radiante do ambiente - medida pelo termômetro Tg. Quando um indivíduo se encontra em presença de fontes apreciáveis de calor radiante
(considerável quantidade de radiação infravermelha), o organismo humano ganha calor pelo mecanismo da radiação. No estudo do calor, este fator
não deve ser desprezado, pois contribui significativamente para a elevação da sobrecarga térmica.
Umidade relativa do ar – URA, medida pelo higrômetro, influencia a troca térmica que ocorre entre o organismo e o meio ambiente pelo mecanismo
da evaporação. Teoricamente, o organismo humano pode perder 600W/m2 pela evaporação do suor. Essa razão poderá ser diminuída em função
da URA que igual a 100% dificulta a evaporação do suor para o meio ambiente. Perda de calor por evaporação será reduzida. Se, URA for de 0%,
haverá condição para o organismo perder 600W/m2 para o ambiente. Nos dois extremos acima descritos, percebe-se: quanto maior é a umidade
relativa do ar, menor será a perda de calor por evaporação.
Metabolismo, por meio da atividade física da tarefa - Quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo indivíduo, maior será o calor produzido
pelo metabolismo. Para indivíduos que trabalham em ambientes quentes, o calor decorrente da atividade física constituirá parte do calor total ganho
pelo organismo e, portanto, deve ser considerado na quantificação da sobrecarga térmica.
Os valores limites com base nos índices de estresse térmico indicam quando esse
estresse pode se tornar inaceitável. Em geral, os mecanismos de estresse térmico são
bem conhecidos e as práticas de trabalho para ambientes quentes são bem estabelecidas.
Esses incluem: conhecimento dos sinais de alerta dos programas de estresse térmico,
aclimatação e reidratação. Basicamente se usam três marcadores biológicos para avaliar
estresse térmico: sudorese, frequência cardíaca e temperatura interna.
Figura 6. Três medições de carga térmica com níveis crescentes de estresse térmico.
Fonte: Organización Mundial de la Salud (OMS). 1969. Health factors involved in working under conditions of heat stress.
Technical Report 412. Ginebra: OMS.
33
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Por exemplo, quanto mais suor tiver de transpirar para atingir equilíbrio térmico
mantendo a temperatura corporal interna, maior será o estresse imposto ao organismo.
Para que um índice de estresse pelo calor reflita o ambiente térmico humano e sirva
para prever o estresse térmico é necessária uma tabela de correspondência que estime
a capacidade de uma pessoa, via transpiração, perder calor para um ambiente quente.
Conforme figura acima, os índices de estresse térmico podem ser classificados como
racionais, empíricos ou diretos:
34
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Ereq
HSI = x100 ( % )
Emáx
Menos de 20 Estresse devido ao calor leve (por exemplo, durante o período de recuperação de exposição ao calor)
0 Estresse térmico não ocorre
10-30 Estresse por calor leve ou moderado. Ligeiro efeito no trabalho físico, mas possível efeito no trabalho qualificado
40-60 Estresse causado pelo calor intenso, o que representa um risco à saúde, a não ser que a pessoa esteja em muito boa forma física.
Necessidade de aclimatação
70-90 Estresse por calor muito intenso. A equipe deve ser selecionada para um exame médico. Garantir o consumo adequado de água e sal
100 Estresse máximo tolerado diariamente por homens jovens fitness e climatizado
Mais de 100 Tempo de exposição limitados pelo aumento da temperatura corpo interno
Fonte: Organización Mundial de la Salud (OMS). 1969. Health factors involved in working under conditions of heat stress.
Technical Report 412. Ginebra: OMS.
35
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
simples sobre os efeitos das roupas (camisa e calça de mangas compridas) e supõe-se
que a temperatura da pele permaneça constante a 35°C.
ITS é uma versão aprimorada do Índice de estresse térmico. Uma melhoria importante
é que se reconhece que nem todo o suor evapora.
Mais um avanço se deu com a melhoria teórica e prática incorporada no HSI e no ITS
produzida pela introdução nos cálculos da taxa de suor requerida - SWreq. Consiste em
um índice que calcula a transpiração necessária para alcançar o equilíbrio térmico a
partir de uma equação aprimorada do equilíbrio térmico, porém, o mais importante
é que constitui um método prático para interpretar os cálculos comparando o que é
necessário com o que é fisiologicamente possível e aceitável no ser humano. Discussões
extensivas e avaliações industriais e laboratoriais desse índice resultaram em sua
Aceitação como Padrão Internacional ISO 7933 (1989b)2.
2 As diferenças entre as respostas observadas e esperadas dos os trabalhadores motivaram a inclusão de notas de aviso com
relação aos métodos de avaliação da desidratação e transferência de calor por evaporação através de roupas na Proposta de
adoção como Norma Europeia (prEN-12515).
36
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
de globo (Tg) nos nomogramas (ábacos) de TE, pois em princípio a TE era apenas um
índice de bem-estar.
A correlação entre batimentos por minuto de frequência cardíaca como índice térmico
veio na forma de índice simples. O relacionamento, conforme formulado com a taxa
metabólico – T, em BTU/h, e pressão parcial de vapor em mmHg, permitindo fazer uma
simples previsão da frequência cardíaca de (T + p), daí o índice T + p. Houve avanço
, ajustando equações para a variação da frequência cardíaca ao longo do tempo e
correções para levar em conta o grau de aclimatação dos pessoas.
37
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Foi desenvolvido durante uma investigação feita pela Marinha dos Estados
Unidos sobre acidentes por causa do calor sofrido pelo pessoal militar como
uma aproximação à temperatura efetiva corrigida (TEC), porém mais complicada
de se obter. Foi modificado para ter em conta a absorção solar dos uniformes
militares de cor verde. Os valores limites do WBGT foram utilizados para
determinar quando recrutas militares podiam receber instruções. Observou-
se que os acidentes com calor e o tempo perdido devido à interrupção das
instruções foram reduzidos quando o Índice WBGT era usado ao invés de apenas
medir a temperatura do ar.
O índice IBUTG foi adotado por NIOSH (1972), ACGIH (1990) e ISO 7243 (1989a)
e seu uso ainda é recomendado hoje em dia, sendo obrigatório no Brasil para fins
previdenciários, trabalhistas e tributários.
A ISO 7243 (1989a), com base no índice IBUTG, descreve um método simples para
usar em ambientes quentes, capaz de estabelecer um diagnóstico “rápido”. Essa regra
inclui também as especificações dos instrumentos de medida, como os valores-limite
do IBUTG para pessoas aclimatadas e não aclimatadas.
Por exemplo, para uma pessoa aclimatada em repouso com uma roupa de 0,6 clo, o
valor limite do IBUTG é de 33°C. Os limites estabelecidos pela ISO 7243 (1989a) e
NIOSH 2016 são quase idênticos. Graças à simplicidade deste índice e sua aplicação
por organizações influentes, sua ampla aceitação foi alcançada. Como todos os índices
diretos, ele tem limitações quando usado para simular a resposta humana e deve ser
usado com cautela em aplicações práticas. Existem instrumentos portáteis no mercado
que medem o índice IBUTG.
38
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Temperatura Anormal
Calor Frio
Adota-se como norma padrão nesta obra a NR 06 da Fundacentro, que na sua segunda
edição, 2017, revisada e ampliada, cancela e substitui a edição anterior, trazendo
modificações e avanços técnicos, sendo os principais: adoção do watt (W) como unidade
para taxa metabólica, com a adequação dos limites de exposição para trabalhadores
aclimatizados; atualização da tabela para determinação de taxas metabólicas;
estabelecimento de limites de exposição para trabalhadores não aclimatizados;
estabelecimento de níveis de ação para trabalhadores aclimatizados; estabelecimento
de limite de exposição valor teto; estabelecimento de correções no índice de bulbo
úmido termômetro de globo (IBUTG) médio em função do tipo de vestimenta utilizada;
introdução de considerações sobre avaliações a céu aberto; estabelecimento de região
de incerteza sobre as condições de exposição para trabalhadores aclimatizados;
introdução de um critério de julgamento e tomada de decisão em função das condições de
exposição encontradas; introdução de considerações gerais sobre medidas preventivas
e corretivas.
A legislação brasileira3 estabelece que a exposição ao calor deve ser avaliada pelo IBUTG
dado como índice de sobrecarga térmica, definido por uma equação matemática que
correlaciona alguns parâmetros medidos no ambiente de trabalho. A equação, para o
cálculo do índice, varia em função da presença de carga solar no ambiente de trabalho,
que se expressa:
39
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
IBUTG
= 0, 7 Tbn + 0,3 Tg (sem carga solar)
Considera-se carga solar direta quando não há nenhuma interposição entre a radiação
solar e o trabalhador exposto, por exemplo, a presença de barreiras como: nuvens,
anteparos, telhas de vidro etc.
Instrumentação
São necessários medidores (sensores) que sejam capazes de mensurar os parâmetros
acima, pois eles se relacionam com as trocas térmicas que influem na sobrecarga térmica
do trabalhador. Os sensores para o índice que interessam ao cálculo do IBUTG são:
40
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Tbn e Tbs diferentes implicam umidade relativa do ar menor que 100%. Na fórmula do
IBUTG, o peso do Tbn é de 70% exatamente pelo fato de essa temperatura depender
da evaporação da água destilada presente no pavio do bulbo, temperatura do ar; da
velocidade do ar e da URA.
O IBUTG representa a carga ambiental como índice composto dos três instrumentos
de campo, enquanto o metabolismo é dado em W/m2 em função da atividade do
41
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Um operador de forno gasta 3 minutos carregando o forno, aguarda 4 minutos para que
a carga atinja a temperatura esperada (sem sair do local) e, em seguida, gasta outros 3
minutos para descarregar o forno, tendo o trabalhador sido submetido a um processo
de aclimatação com vestimenta simples. Dados ambientais: Tg 35ºC; Tbn = 25ºC.
42
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
0 3 7 10
Tempo Acumulado (min)
Solução.
Considera-se o tipo de atividade exercida pelo trabalhador (Quadro 1 – NHO 06) cujas
taxas metabólicas (M) relativas às diversas atividades físicas exercidas pelo trabalhador
devem ser atribuídas pelo profissional prevencionista. Esse Quadro 1 apresenta as taxas
estabelecidas em função do tipo de atividade.
Detalhe: Taxa metabólica definida para o homem padrão com área superficial igual a
1,8 m2. Lembrando a conversão de M [kcal/h] = 0,859845 x M [W]
43
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
O IBUTG foi concebido com o uso de dispositivos de medição que utilizam termômetros
de mercúrio, conforme características construtivas apresentadas neste subitem.
44
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Para fins desta norma, a determinação do IBUTG pode ser feita utilizando-
se dispositivos convencionais ou eletrônicos, desde que apresentem resultados
equivalentes aos obtidos com a utilização do conjunto convencional. Os medidores
só podem ser utilizados dentro das condições de umidade, temperatura, campos
magnéticos e demais interferentes especificados pelos fabricantes.
Sempre que possível, para fins de apresentação técnica desse trabalho de avaliação
ambiental, deve-se lançar mão de plantas baixas, desenhos, diagramas e demais recursos
gráficos de engenharia para demonstrar o mapeamento térmico por coordenada
georreferenciada nesses documentos.
Pode-se afirmar que, em cada hora (60 minutos) corrida de trabalho, o ciclo se repete 6
vezes (60/10); sendo que o operário
45
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Quando o trabalhador estiver exposto a uma única situação térmica, ao longo do período
de 60 minutos considerados na avaliação, o IBUTG será o próprio IBUTG determinado
para essa situação.
O cenário acima aponta para ambiente sem sobrecarga térmica, porém bastante
instável, pois para o mesmo IBUTG de 28°C, basta o trabalhador ter que usar os dois
braços com um pouco mais de força para que o metabolismo se eleve para 315 W
(368,47 Kcal/h), de forma que consultando o Quadro 3 do Anexo 3 (NR-15), ter-se-ia
nova configuração, com metabolismo pesado, desta feita insalubre, pois o regime seria
46
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Local de trabalho
a) Tg = 54°C
b) Tbn = 22°C
c) M = 300 Kcal/h
Calculando-se o IBUTGt sem carga solar, tem-se
Local de descanso
Tg = 28 °C
Tbn = 20 °C
M = 125 Kcal/h
Calculando-se o IBUTGd, tem-se:
47
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Solução: neste caso, para fins de aplicação do índice, denomina-se local de trabalho
o local onde permanece o trabalhador quando carrega e descarrega o forno e local de
descanso o local onde o operador do forno permanece sentado, fazendo anotações.
Primeiro passo é definir as duas situações térmicas, identificando cada parte do ciclo
de exposição na qual as condições do ambiente que interferem na carga térmica a que
o trabalhador está exposto podem ser consideradas estáveis. Este ciclo de trabalho é
continuamente repetido durante toda jornada de trabalho.
Caso o trabalhador esteja exposto a duas ou mais situações térmicas diferentes, o IBUTG
deve ser determinado por ponderação temporal, utilizando-se os valores de IBUTG
representativos de cada uma das situações térmicas que compõem o ciclo de exposição
do trabalhador avaliado. Destaca-se que o ciclo de exposição pode ter duração diferente
de 60 minutos. No entanto, a determinação do IBUTG sempre deve considerar um
período de 60 minutos corridos, conforme a seguir.
t1 + t 2 + t i + t n = 60 minutos
M1 X t1 + M 2 X t 2 + M i X t i + M m X t m
M=
60
48
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
t1 + t 2 + t i + t m = 60 minutos
Cuidado. Seus valores também são os adotados como nível de ação para as
exposições ocupacionais ao calor e, ainda, devem ser utilizados na avaliação de
exposições eventuais ou periódicas em atividades nas quais os trabalhadores
não estão expostos diariamente, tais como manutenção preventiva ou corretiva
de fornos, forjas, caldeiras etc.
Tabela 4. Nível de ação para trabalhadores aclimatizados e limite de exposição ocupacional ao calor para
49
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
50
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Além dos limites estabelecidos nas Tabela 4 e 5, deve ser observado o valor teto (Tabela
3), acima do qual o trabalhador não pode ser exposto sem o uso de vestimentas e
equipamentos de proteção adequados em nenhum momento da jornada de trabalho.
Valor teto é aquele que constitui risco grave e iminente - RGI. O Auditor
Fiscal do Trabalho utiliza os critérios de RGI para interditar ou embargar
um estabelecimento, obra ou equipamento, caso seja constatado grave e
iminente risco para o trabalhador. O embargo é utilizado para paralisar obras
que apresentem RGI aos trabalhadores. A interdição é utilizada para paralisar
equipamentos, máquinas ou estabelecimentos que apresentem RGI aos
trabalhadores.
51
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
A progressão dos valores limites a partir do nível de ação até valor teto,
conforme Tabelas 4, 5 e 6 da NHO 06, demonstra a forma exponencial com a
qual a sobrecarga térmica evolui para trabalhadores aclimatados. Detalhe a esse
metabolismo, pela Tabela 4, a faixa de incerteza é varia de 26,1C° a 27,5 C°.
52
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Faz-se aqui uma reflexão sobre a progressão dos IBUTG desde o Nível de Ação – NA
até o Valor Teto - VT, quando se observa o Metabolismo, tomado como constante na
estreita faixa de 344 (W) a 346 (W). Por exemplo, percebe-se que há uma assimetria
em °C a partir do LT, posto que este está mais próximo do Nível de Ação que do valor
Teto, conforme demonstram Tabela e Figura seguintes:
Figura 13. Progressão do IBUTG (C°) para M (W) entre 344 e 346 (aclimatizados)
37
35,9
36
35
34
33
32
31
30
29 IBUTG (°C)
28
27
27,5
26
25
24
23
24,1
22
21
20
NÍVEL DE AÇÃO - TABELA 01 LIMITE DE TOLERÂNCIA - TABELA VALOR TETO - TABELA 03
02
53
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Necessário normalização para hora. A cada hora corrida na situação mais crítica, o ciclo
se repete 10 vezes e o trabalhador trabalha um total de 36 min e descansa (termicamente)
24 min. Tem-se, portanto:
31,6 x 36 + 22,4 x 24
IBUTG = = 27,9°C
60
300 x 36 + 125 x 24
M= = 230 Kcal/h = 267, 49 W
60
Os limites de sobrecarga estão dados em M[W] por IBUTG [°C], ponderados, conforme
Tabela 9 na NHO 06 a seguir, reduzida aos valores de interesse acima:
54
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
estreita para se afirmar que há ou não sobrecarga térmica. Para fazer o tira-teima deve-
se recorrer à Tabela da NHO 06 e interpretá-la. Considerado a exatidão do termômetro
de globo na ordem de ± 1,0°C, tecnicamente se encontram tais medidas na zona de
incerteza. Este autor por prudência e atendendo ao princípio da precaução, neste
caso, conclui pela ultrapassagem do limite de exposição, motivo pelo qual assevera
a existência de sobrecarga térmica. Cuidado. Além dessa incerteza, é possível
correção, a depender da vestimenta, conforme a seguir.
Vestimentas
As vestimentas utilizadas podem influenciar nas trocas de calor do corpo com o
ambiente, devendo, portanto, ser consideradas na avaliação da exposição laboral ao
calor. Assim, a correção para vestimentas deve ser realizada sempre que o trabalhador
utilizar vestimentas ou EPIs diferentes dos uniformes tradicionais (compostos por
calça e camisa de manga comprida) que prejudiquem a livre circulação do ar sobre a
superfície do corpo, dificultando essas trocas de calor com o ambiente. Nestes casos, o
IBUTG deve ser previamente corrigido para depois ser comparado com os limites de
exposição estabelecidos pela NHO 06.
55
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Dessa forma a carga ambiental passa para 30,9°C, ultrapassando o IBUTGMÁX de 28,7°C,
tendo agora situação de sobrecarga térmica.
4 Vestimentas com capuz devem ter seu valor acrescido em 1 °C Fonte: Adaptado de ACGIH (2016) e ISO DIS 7243 (2014)
56
CAPÍTULO 4
FACET e Adicional de Insalubridade
(AIns)
Registre-se a importância do fato social - submeter trabalhador a risco -, uma vez que
ele dispara três consequências jurídicas específicas, divisíveis e individualizáveis por
trabalhador: I) direito à redução no tempo de contribuição, cujo reconhecimento se dá
pelo INSS; II) recolhimento do FACET pela empresa à RFB de 6% sobre remuneração do
trabalhador, sob fiscalização do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB;
e, pagamento de adicional de remuneração (AIns) ao trabalhador pela empresa de 20%
do salário mínimo, sob fiscalização do Auditor Fiscal do Trabalho – AFT.
Noutra ponta, o art. 200 da CLT também transfere competência ao Poder Executivo
para dispor o rol de agentes ou atividades insalubres ensejadores de AIns. Tal rol foi
positivado pela NR-15, aprovada pela Portaria MTb 3.214/78, em seus anexos 3 (calor)
e 9 (frio).
57
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Decreto 3.048/99
Art 68
Art 68
A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12. Nas avaliações
ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundacentro
Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS
2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
Item 2.0.4 - Temperaturas anormais
Decreto 3.048/99
Art. 68
Art. 68
A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados
para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do
disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro.
Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS
2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria nº 3.214/78.
O comando do Item 2.0.4 do Anexo IV do RPS remete para NR-15, que por sua vez em
seu Anexo n.º 3 - Limites de Tolerância para Exposição ao Calor, estabelece (grifado):
58
CAPÍTULO 5
Práticas prevencionistas em ambientes
quentes
Aclimatização
A aclimatização requer a realização de atividades físicas e exposições sucessivas e
graduais ao calor, dentro de um plano, que deve ser estruturado e implementado sob
supervisão médica, para que, de forma progressiva, o trabalhador atinja as condições de
sobrecarga térmica similares àquelas previstas para a sua rotina normal de trabalho. A
aclimatização deve ser específica para o nível de sobrecarga térmica a que o trabalhador
será submetido e, consequentemente, para a qual deverá estar adaptado.
59
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
»» IBUTGMÁX de 28,7°C
»» M=272 W
»» IBUTG de 27,9°C.
60
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Lembrando que no local de trabalho a carga radiante, expressa pelo Tg, é de 54°C. Será
necessário combater essa transmissão de calor, nas fontes e trajetórias, de modo que se
consiga reduzir 16,23°C. Com alvo para essa intervenção, o profissional prevencionista
deve elaborar um mapeamento minucioso das fontes (diretas e indiretas) do local de
trabalho com as respectivas taxas de emissividade de radiação térmica, bem como
estabelecer indicação e especificação das instalações e montagens necessárias à redução
de 16,23°C.
61
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Ou seja, proceda-se alteração nas atividades do trabalhador de modo que ele deixe de
trabalhar pesado com dois braços (315 W) e passe a operar, ainda que pesado, apenas
com as mãos (198 W), conforme se pode observar no Quadro 1 - Taxa metabólica por
tipo de atividade da NHO 06. Lembrando que no local de descanso, continua o mesmo
metabolismo de 125 Kcal/h (145,38 W). Nessa configuração o M pode ser recalculado;
198 x 36 + 145,38 x 24
M= =176,95 W
60
Pela Tabela 2, tem-se, arredondando 172,95 W para 175 W o IBUTGmáx = 30,9°C, que
satisfaz a condição de salubridade exigida pois, como visto, 28,7°C fica aquém do
IBUTGmax tolerável de 30,9°C.
62
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
A. Controles Técnicos
1. Redução da fonte de calor Afaste-se dos trabalhadores ou reduza a temperatura. Nem sempre é possível.
Modifique a temperatura do ar e os movimentos do ar. Geladeiras locais podem ser
2. Controle de calor por convecção
úteis.
Reduza a temperatura das superfícies ou instale telas refletoras entre a fonte radiante
3. Controle de calor radiante e os trabalhadores. Modifique a emissividade da superfície. Use portas que abrem
somente quando o acesso é necessário.
Aumente o movimento do ar, reduza a pressão do vapor de água. Use ventiladores ou
4. Controle do calor por evaporação
ar condicionado. Umedeça a roupa e dirija um jato de ar para a pessoa.
B. Práticas de trabalho e higiene e controles administrativos
Realize o trabalho nas horas do dia e as épocas do ano com menos calor. Forneça
áreas frescas para descanso e recuperação. Forneça pessoal adicional, dê liberdade ao
1. Limite a duração e / ou a temperatura de exposição
trabalhador para interromper o
trabalho, aumente o consumo de água.
2. Reduza a mecanização da carga térmica metabólica Redesenhe os trabalhos. Reduza o tempo de trabalho. Expanda o modelo.
3. Aumente a tolerância - Programa de aclimatação ao Mantenha os trabalhadores fisicamente aptos. Garanta reabastecimento de água perdida
calor e mantenha o equilíbrio eletrolítico, se necessário.
Supervisores que sabem reconhecer os sinais de um distúrbio de calor e conhecem as
técnicas de primeiros socorros. Instrução básica de todo o pessoal sobre precauções
4. Aplique educação em saúde e segurança pessoais, uso de equipamento de proteção e efeitos de fatores não relacionados ao
trabalho (por exemplo, álcool). Uso de um sistema baseado em “parceiro”. Existência de
planos de contingência para tratamento.
5. Utilize programas de detecção de intolerância ao calor
Má-forma física
- História de distúrbios do calor
C. Exemplo de Programa de Alerta de Calor
1. Na primavera, crie um comitê de alerta de calor
(médico ou enfermeiro da empresa, higienista industrial, Organize cursos de treinamento. Oriente supervisores a verificar fontes de água etc.
especialista técnico em segurança, técnico de operações, Verifique as instalações, práticas, disponibilidade etc.
gerente sênior)
Adie tarefas não urgentes. Expanda a força de trabalho, prolongue períodos de
2. Declare alerta de calor no caso de uma onda de calor
descanso. Lembre os trabalhadores de beber água. Melhore as práticas de trabalho.
D. Resfriamento adicional do corpo e uso de roupas de proteção
Recorra a ele se eles não forem suscetíveis a modificar o trabalhador, o trabalho ou o meio ambiente e se o estresse por calor continuar a exceder
os limites permitidos. Os trabalhadores devem estar totalmente aclimatados para aquecer e receber treinamento adequado no uso de roupas de
proteção. Como exemplos, podem ser mencionados os ternos resfriados a ar, jaquetas com gelo nos bolsos e roupas externas umedecidas.
E. Redução do desempenho no trabalho
Fonte: National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). 1986. Occupational exposure to hot environments. NIOSH Publication No. 86-
113. Washington, DC: NIOSH.
Deve-se lembrar de que o uso de roupas de proteção contra agentes tóxicos aumenta o estresse pelo calor. Todas as roupas dificultam as
atividades e podem reduzir o desempenho no trabalho (por exemplo, reduzindo a capacidade de receber informações sensoriais, tornando a audição
ou a visão difíceis).
63
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Decreto 3.048/99
Art 68
Art 68
A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins
de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo
IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro
Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS
2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
Item 2.0.4 - Temperaturas anormais
a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria nº 3.214/78.
64
CAPÍTULO 6
Temperaturas anormais – Frio
65
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
O frio para alguém morador de uma região quente impacta mais o corpo humano que
noutra região, mais amena, isso por conta da aclimatação. Então, como se reconhece o
frio? Ao contrário de calor, que considera no cálculo do IBUTG ambas as cargas, natural
e artificial, no frio é considerada apenas a artificial, como se depreende da leitura do art.
253.
Tem-se que há frio naquelas regiões geográficas cujas temperaturas sejam inferiores,
nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial, a 15º (quinze
graus), na quarta zona, a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas, a
10º (dez graus). Tal disposição foi atualizada pela supramencionada portaria que
estabelece equivalência climática entre os mapas, antigo do MTb e o novo, do IBGE.
A correspondência entre as zonas daquele com os climas deste está esquematizada no
quadro a seguir:
Zona Climática
Art. 253 - CLT Frio IBGE
primeira
segunda Menor que 15°C e maior que 12°C Quente
terceira
Zona quarta Menor que 12°C e maior que 10°C Subquente
quinta
sexta 10°C ou menos Mesotérmica
sétima
Fonte: Próprio autor (2019)
»» https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#mapa784
»» https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#12
Exercício Resolvido
Uma indústria de alimentos possui câmaras refrigeradas a 13°C em dois estabelecimentos,
um Rondonópolis-MT, outro em Campo Grande-MS. Nessa disposição, há frio artificial
ensejador de AIns e ACET/FACET?
66
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
sobre o climático, percebe-se graficamente que tais cidades estão respectivamente nos
climas quente e subquente. Conforme Quadro 6, constata-se que os trabalhadores que
adentram as câmaras em Rondonópolis-MT estão em situação térmica de frio, enquanto
de Campo Grande-MS, não. Apesar de as duas cidades distarem 497 km e serem de
estados contíguos.
»» afirmar que reconhece a ACET para fins de INSS, mas não o FACET para
fins da RFB.
67
VIBRAÇÕES UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Aspectos gerais
Os processos oscilatórios são muito comuns na natureza e na tecnologia que nos rodeia,
como movimento de máquinas operando ciclicamente, fenômenos acústicos, corrente
alternada usada na vida cotidiana, engenharia de rádio e eletrônicos, óticas de onda -
isso longe de ser uma lista completa de fenômenos e aplicações técnicas descritas na
linguagem dos processos vibracionais e das ondas.
O movimento não harmônico periódico pode ser reduzido à soma dos movimentos
harmônicos e esses movimentos, ditos compostos, são acessíveis à observação direta
com a ajuda de equipamentos modernos. Ademais, existem equipamentos que permitem
adicionar os movimentos harmônicos e assim experimentar movimentos periódicos de
natureza complexa.
68
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue
movimento determinado algum, como no sacolejar de um carro andando em uma
estrada de terra. Um corpo é dito em vibração quando descreve um movimento
oscilatório em torno de um ponto de referência. O movimento pode consistir de um
simples componente, ocorrendo em uma frequência única, como um diapasão, ou de
muitos componentes, ocorrendo em diferentes frequências simultaneamente, como,
por exemplo, com o movimento de um pistão de um motor de combustão interna.
69
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte: https://www.grund-wissen.de/physik/_images/schaukel.png
A energia do sistema pode ser representada da seguinte forma, no caso ideal em que
nenhuma energia é perdida. Observe que a energia total permanece constante o tempo
todo e que a energia potencial e a energia cinética estão continuamente substituindo
uma a outra à medida que a massa se move para cima e para baixo.
70
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Fonte: http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/8471959_orig.png
71
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte: https://www.grund-wissen.de/physik/_downloads/federpendel.svg
Cada vibração pode ser descrita pelas seguintes quantidades. A deflexão – y, também
chamada de alongamento, indica a distância instantânea do corpo em vibração a partir
da posição de equilíbrio. A deflexão máxima ymáx é chamada de amplitude. O período
de oscilação - T indica quanto tempo o corpo em vibração precisa para um movimento
completo de vaivém (período). Em vez do período de oscilação, muitas vezes se usa a
frequência de uma vibração.
72
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/8504120.png?546
http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/5382709_orig.gif
http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/7023418_orig.gif
http://www.physbot.co.uk/further-mechanics.html
−ω 2 x =
a= −(2π f ) 2 x
x = A cos ( 2π f )
73
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte: https://physikunterricht-online.de/wp-content/uploads/2014/10/Kreisbewegung_Harmonische-Schwingung.jpg
y = ymax sin ϕ
O ângulo φ, também chamado de ângulo de fase ou fase, pode ser expresso com a ajuda
do período orbital, porque se aplica a regra de três:
T 2π 2π
= →ϕ= t ( Rad )
t ϕ T
Note-se que o ângulo é dado em radianos. Para oscilação completa, isto é, para o período
T, aplica-se: ϕ = 2π
2π
O quociente = 2= π f ω , chamado frequência angular ou velocidade angular. Com
T
isso também se pode escrever para o ângulo de fase ϕ = ω .t . Para o curso de tempo
74
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
y = ymax sin (ω t )
Essa função é chamada de equação para oscilações harmônicas, que também pode ser
expressa em termos de frequência.
y = ymax sin ( 2π f t )
Resumo: Equação para uma oscilação harmônica pode ser escrita de diferentes maneiras
2π
= y y=max sin ( ω t ) ou y sin
ymax= t ou y ymax sin ( 2π f t )
T
Todos os sistemas oscilantes são chamados de osciladores. Aqueles cuja função
é contínua no tempo e descreve um gráfico da função senoidal são chamados de
osciladores harmônicos. O que se pode fazer com a equação de oscilação? Com a
equação de oscilação, pode-se calcular o alongamento ou deflexão (amplitude) de um
oscilador harmônico em um determinado momento t para um período ou frequência de
oscilação conhecida, bem como para uma amplitude conhecida. Dependendo de qual
das variáveis ω, T ou f seja conhecida.
75
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
direção e depois na oposta. Como essa aceleração alterna em positiva e negativa, faz-
se necessário manobrar algebricamente de modo capturar o módulo (escala) do vetor
aceleração para fins de avaliação da energia, que é função da amplitude e independe da
direção.
Tem-se então o motivo pelo qual se opera a raiz quadrática da média aritmética da soma
das acelerações ao quadrado, conhecida como root mean square – RMS. A manobra
algébrica consiste em neutralizar a direção negativa do vetor aceleração, elevando ao
quadrado suas intensidades, para na sequência extrair a raiz quadrada.
Exercício Resolvido
Um oscilador harmônico vibra com um tempo de vibração de 1,2 segundos. A deflexão
máxima é de 12 cm. No tempo t = 0s, o oscilador está na posição de repouso no caminho
para cima na direção de y positivo. Pergunta: onde estará o oscilador nos seguintes
horários: a) t = 0,6s, b) t = 1s e c) t = 1,5s?
Solução: Para T = 1,2s, ymax = 12cm. Pela equação de oscilação para oscilações
2π
harmônicas, tem-se para = t=0,6s: y 12sin
= 1, 2 x 0, 6 0 , y = 0 para a deflexão. O
oscilador está, portanto, na posição de descanso. Isso é lógico, porque o tempo t = 0,6s
corresponde exatamente à metade do período de oscilação. Para resultado de t = 1s
2π
y = 12 sin x1 = −10, 39cm . O oscilador está, portanto, em y = -10,39cm, ou seja, 10,39cm
1, 2
abaixo da posição de repouso, pois foi dada direção de y positiva. Para resultado de t
= 1,5s . O oscilador está, portanto, com deflexão máxima, correspondente assim à
amplitude: y = ymáx. O oscilador está na deflexão máxima 12 cm acima da posição de
repouso, no ponto de reversão superior.
76
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
Em resumo, conhecendo uma das variáveis deslocamento (x), velocidade (v) e aceleração
(a) é possível encontrar as duas outras, a partir das relações do cálculo diferencial entre
=
elas, que ensina: v x=e a x , ou seja a velocidade é primeira derivada do deslocamento
e a aceleração, a segunda, segundo as equações:
=x A cos (ωt +θ 0 )
v= −ω Asen (ωt +θ 0 )
x =
a=
x=
−ω 2 A cos (ωt +θ 0 )
x=
−A x=
0 x=
A
( mínimo )
=v 0 =v ω=
A v 0
( máxima )
a = ω2 A a =0 a = −ω 2 A
( máxima ) ( mínimo )
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3626390/
77
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
Fonte: http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/873889_orig.png.
Por outro lado, os efeitos de ressonância são evitados sempre que possível, se houver
cargas mecânicas. Por exemplo, os secadores rotativos sofrem continuamente uma
variedade de diferentes frequências no início e no final de um ciclo de centrifugação. Com
valores de frequência desfavoráveis, existem grandes amplitudes de oscilação do
contêiner centrífugo suspensas por molas helicoidais. Combate-se esse efeito ao
fixar pesos em pontos específicos da estrutura, para manter baixo o desequilíbrio e o
“chocalhar” audível associado.
78
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
1
=NA 20
= log 120dB
0, 000001
79
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS
determinadas pelo nível, composição espectral das vibrações, bem como pelas
propriedades fisiológicas do corpo humano. O corpo humano pode ser considerado
como um sistema oscilatório complexo, cuja reação mecânica primária à vibração
determina todos os efeitos fisiológicos subsequentes. O efeito da vibração no corpo é
devido aos seguintes fenômenos:
»» reação direta aos efeitos nos órgãos e tecidos e irritação dos receptores.
Têm-se frequências naturais (Hz) para partes corpo humano. para a cabeça, as
frequências ressonantes ficam entre 20 a 30 Hz. Nesta faixa de frequência, a amplitude
das vibrações da cabeça pode ser 3 vezes a amplitude das vibrações do ombro. As
flutuações nos órgãos internos do tórax e da cavidade abdominal mostram ressonância
nas frequências de 3,0-3,5 Hz.
80
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I
http://blog.safemed.pt/wp-content/uploads/2015/04/frequ%C3%AAncias-do-
corpo-humano.png
A vibração local transmitida às mãos dos trabalhadores pode ter um efeito traumático
direto na zona de contato ou indireto, percebido pelos mecanorreceptores do sistema
nervoso e afetando principalmente os sistemas nervoso e cardiovascular.
Para vibrações de alta frequência, a região de propagação é limitada pela zona de contato
devido a grandes perdas de energia nas estruturas do corpo. A vibração transmitida às
mãos, refletida em estruturas rígidas (ossos), cria uma alta densidade de energia nos
tecidos moles e estimula vibrações mais intensas nas paredes dos vasos sanguíneos.
Nesse caso, espasmo e atonia dos vasos sanguíneos são possíveis. Quanto maior a
frequência de oscilação e menor o diâmetro dos vasos, mais acentuadas alterações
vasculares. Todo o conjunto de mudanças no corpo dos trabalhadores que estão
em contato com a vibração há muito tempo estão contidas na definição de doença
vibracional.
Uma característica dessa doença laboral é que seu tratamento eficaz é possível apenas
nos estágios iniciais. De forma tardia, a vibro-doença suscita incapacidades permanentes
para trabalho.
A exposição à vibração não afeta apenas o biológico humano. A vibração pode levar
a desgaste prematuro, despressurização e destruição de equipamentos de produção e
estruturas de engenharia. Transmitida através do solo para as paredes dos edifícios, a
vibração contribui na deterioração, levando à destruição.
81
Uma pessoa reage à vibração, dependendo da duração total de sua exposição. A
exposição excessiva à vibração local pode causar doença dos vasos sanguíneos, nervos,
músculos, ossos e articulações dos membros superiores.
Para isso, na construção de peças através das quais a vibração é transmitida, são
utilizados materiais com grande atrito interno: ligas especiais, plásticos, borrachas,
revestimentos de amortecimento de vibrações. Para evitar vibrações gerais, deve-se
usar instalação de máquinas e equipamentos vibratórios em suportação antivibracional
independentes, para enfraquecer a transmissão de vibração das fontes de sua ocorrência
para o chão, local de trabalho, assento, manopla etc.
82
CAPÍTULO 2
Organização Internacional de
Padronização – ISO
83
Quadro 8. Capitulação legal para ACET/FACET
Faz-se a seguir um apanhado das normas ISO para Vibrações, com destaque às
principais.
84
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
85
ISO / IEC Guia 99, vocabulário internacional de metrologia - conceitos
básicos e gerais e termos associados (VIM).
A seguir a figura resume bifurcação normativa para VCI e VMB. Adiante-se que há uma
harmonização a partir das NHO 09 e 10 quanto ao AIns e ACET/FACET, pois o Anexo
8 da NR 15 juntamente com Anexo IV do RPS convergem para normas da Fundacentro.
Ou seja, se couber AIns caberá ACET/FACET, reciprocamente inclusive.
Vibrações
ISO 2631-1 (2004) – Mechanical vibration and ISO 5349-1 (2001): Mechanical vibration –
shock – Evaluation of human exposure to whole- Measurement and evaluation of human
body vibration - Part 1: General requirements. exposure to hand-transmitted vibration – Part 1:
ISO 2631-5 (2004) - Mechanical vibration and General requirements.
shock -- evaluation of human exposure to whole- ISO 5349-2 (2001): Mechanical vibration –
body vibration - Part 5: method for evaluation of Measurement and evaluation of human
vibration containing multiple shocks. exposure to hand-transmitted vibration – Part 2:
Practical guidance for measurement at the
workplace.
86
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Cadeia de medição
As medições de vibração passam pelos processos abaixo:
TransdutorConv Sistema de
erte uma CondicionadorCo aquisição
Quantidade a grandeza física Análise dos
nverte grandezas Amostra a
ser medida em outra. dados
(exemplos: intermediárias tensão na
Pressão, Os dados
pressão em em tensão ( entradas.
Temperatura, gravados podem
tensão. acelerômetro de Mostra os
Deformação processados
aceleração em carga) valores e os
carga elétrica) armazena
Nesse fluxo alguns cuidados são necessários, como: que realmente se deseja
observar? Qual o transdutor mais apropriado? Como preparar o experimento?
Como garantir uma boa medição? As respostas estão na NHO 09 e NHO 10. De
forma resumida, discorre-se a seguir.
87
Há especificação de desempenho e limites de tolerância para instrumentos projetados
para medir valores de vibração com o objetivo de avaliar a resposta humana à vibração.
Inclui requisitos para avaliação ou validação de padrões, verificação periódica e
verificações in situ e a especificação de calibradores de vibração para verificações
também in situ. Os instrumentos de vibração especificados podem ser instrumentos
únicos, combinações, ou sistemas de aquisição e análise baseados em computador. Os
instrumentos de vibração especificados se destinam a medir a vibração para uma ou
mais aplicações, que são comuns a VCI e VMB:
»» VCI de baixa frequência, conforme ISO 2631-1 na faixa de 0,1 Hz a 0,5 Hz.
Os instrumentos de vibração podem ser projetados para medição de acordo com uma
ou mais das ponderações de frequência definidas em cada uma dessas aplicações. Três
níveis de teste de desempenho são definidos pela ISO 8041:2005:
Tudo isso para que a instrumentação utilizada tenha acurácia para fornecer valores
consistentes de uma gama de transdutores e analisadores. Toda a cadeia de medição
88
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Fonte: https://www.qiaj.jp/pages/frame20/images/fig21-01_1-e-240x160.png
89
Figura 21. Ilustração sensor piezoelétrico, ações impostas e suas respostas elétricas.
Fonte:https://www.researchgate.net/profile/Jose_Mendes_Junior/publication/309359183/figure/fig1/AS:440297642565632@1481
986546256/Figura-1-a-Sensor-piezoeletrico-comercial-b-as-acoes-impostas-ao-sensor-e-em-c-a.png
90
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Fonte: ISO 8041 (2017) – Human response to vibration – Measuring Instrumentation (com adaptações)
Percebe-se que é possível usar um medidor de pressão sonora para medir aceleração,
para isso se procede a troca do microfone pelo acelerômetro.
91
Figura 23. Exemplos de localização e fixação de acelerômetro de assento
As medições de mãos e braços – VMB devem ser feitas segundo as três direções de um
sistema de coordenadas ortogonais de forma simultânea, utilizando-se acelerômetro do
tipo triaxial. Exemplos a seguir.
O acelerômetro deve ser montado no ponto (ou próximo) que a energia é transmitida
às mãos. Se a mão está em contato com a superfície vibrante, o transdutor pode ser
montado diretamente nessa estrutura; se existir material resiliente entre a mão e a
estrutura, é permitida a utilização de uma adaptação para a montagem do transdutor.
92
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
A vibração deve ser medida nos três eixos ortogonais. Qualquer análise efetuada deve
ter por base o maior valor obtido em relação a esses eixos. A magnitude da vibração deve
ser expressa pela aceleração ou em decibéis. Devem ser usados transdutores pequenos
e leves.
A maioria dos fabricantes tem uma ampla linha de acelerômetros, o que à primeira
vista até dificulta a escolha certa. Porém, um pequeno grupo de tipos “de aplicação
geral” atende à quase totalidade dos casos. Apresentam-se com tomadas localizadas
no topo ou lateralmente. Sendo, sua sensibilidade de 1 a 10 mV. Outros tipos especiais
são destinados a: medição simultânea em três planos perpendiculares entre si; altas
temperaturas; níveis muito baixos de vibração; choques de alto nível; calibração de
outros acelerômetros por comparação, e para o monitoramento de máquinas industriais.
93
UNIDADE II │ VIBRAÇÕES
Os sistemas mecânicos costumam ter a maior parte de sua energia vibratória contínua
em uma faixa de frequência relativamente estreita, que vai de 10 Hz a 1000 Hz, porém
as medições geralmente são feitas até um nível de, na ordem, 10 Hz, mesmo porque
é comum haver componentes de vibração interessantes nessas altas frequências. Por
conseguinte, deve-se ter a certeza, ao escolher um acelerômetro, de que a faixa de
frequência do aparelho realmente abrange a faixa que interessa.
94
CAPÍTULO 3
Vibrações de corpo inteiro – VCI
As VCI ocorrem quando o corpo está suportado por uma superfície vibrante (por
exemplo, quando sentado em um assento vibratório ou de pé sobre um piso vibrante)
muito comum em equipamentos de transporte e em ambiente industrial, perto de
máquinas.
95
Quadro 10. Consequências humanas da vibração: sintomas e frequência
Sintomas Frequência – Hz
Sensação geral de desconforto 4-9
Sintomas na cabeça 13-20
Maxilar 6-8
Influência na linguagem 13-20
Garganta 12-19
Dor no peito 5-7
Dor abdominal 4-10
Desejo de urinar 10-18
Aumento do tônus muscular 13-20
Influência nos movimentos respiratórios 4-8
Contrações musculares 4-9
Principais efeitos da vibração:
perda do equilíbrio, simulando uma labirintite, além de lentidão de reflexos;
manifestação de alteração no sistema cardíaco, com aumento da frequência de batimento do coração;
efeitos psicológicos, tal como a falta de concentração para o trabalho;
apresentação de distúrbios visuais, como visão turva;
efeitos no sistema gastrointestinal, com sintomas desde enjoo até gastrites e ulcerações;
manifestação do mal do movimento (cinetose), que ocorre no mar, em aeronaves ou veículos terrestres, com sintomas de náuseas, vômitos e mal-estar
geral;
comprometimento, inclusive permanente, de determinados órgãos do corpo;
degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso, especialmente para os submetidos a vibrações localizadas, apresentando a patologia popularmente
conhecida como dedo branco, causando perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos e dedos, dificultando o controle motor.
Para fins práticos, a aceleração é geralmente medida com acelerômetros. Isso porque
as três variáveis são interdependentes, pois a velocidade é a primeira derivada do
deslocamento, enquanto a aceleração é a segunda, de forma que quando se encontra
uma, têm-se as outras. Ademais, por cálculo diferencial, ao se integrar a aceleração se
obtém a velocidade, que uma vez integrada, se encontra o deslocamento.
Essa expressão pode ser usada para converter medições de aceleração em deslocamentos,
mas só é precisa quando o movimento ocorre em uma única frequência.
96
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
O deslocamento da vibração visível ao olho humano não fornece uma boa indicação das
vibrações. Os efeitos da VCI são importantes na faixa de frequência entre 0,5 e 100 Hz.
Em muitos tipos de vibrações de corpo inteiro, os espectros são complexos, produzindo
alguns movimentos de várias frequências. Geralmente há picos nas frequências. Como
a resposta humana às vibrações varia de acordo com a frequência e eixo do corpo
humano, é necessário estabelecer coeficientes (pesos) e decompor a vibração por
bandas de frequências.
Os pesos precisam ser considerados para cada eixo do corpo humano - x, y e z -, pois
refletem a magnitude com as quais as vibrações causam efeitos indesejados ou nocivos
aos tecidos humanos, por banda de frequência. Essas três direções lineares estão
padronizadas, conforme abaixo:
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT0YQisIzyoejRF3iHGYjUn3-cTKqDquC-J0YRUi5ciFNXFEVQ5
97
Conforme estabelecido na norma ISO 2631-1:2004, todas as acelerações são ponderadas
em frequência segundo as curvas de ponderação Wk para o eixo “z” e Wd para os eixos
“x” e “y”. Essas curvas estão representadas na figura abaixo.
O corpo humano, assim como visto para circuito de ponderação “A” em ruído, não
percebe igualmente a vibração em todas as frequências e eixos ortogonais. No sentido
longitudinal da coluna vertebral, eixo-z, o tato humano à vibração é 40% mais sensível
que nos eixos x-y. Isso se deve ao maior momento de inércia no sentido de eixo-z e da
respectiva frequência de ressonâncias. Por isso nas equações para avaliação vibracional
as acelerações em x-y são multiplicadas por 1,4 exatamente para contrabalançar a alta
sensibilidade do eixo z. Esse ajuste não alcança VMB, dadas as dimensões e baixos
valores inerciais. Apenas se aplica à VCI.
98
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
›› fx = 1,4
›› fy = 1,4
›› fz = 1,0
Faz-se na sequência uma aplicação prática, mesclando a teoria, álgebra afeta e os passos
de cálculo que resolvem as questões de um caso – trabalhador de uma mineradora.
Como é de domínio público, foram aproveitados os elementos da NHO 09, com
explicações e comentários deste autor, considerando inclusive orientações da Norma
ISO 2.631/2004.
Nas 4h24 do período da manhã, ele opera uma pá carregadeira para realização de duas
tarefas básicas, que são:
99
Nas 4h24 do período da tarde, ele opera o britador (Tarefa C), em pé, posicionado
sobre uma plataforma acoplada a ele. Nesta atividade, o operador cumpre uma rotina
alternada na qual permanece na plataforma por quarenta e seis minutos, condição
na qual fica exposto à vibração, ficando vinte minutos fora desta enquanto realiza outras
tarefas sem contato com o agente. Desta forma, no período da tarde, o operador repete
quatro vezes o ciclo composto pelas atividades executadas sobre a plataforma e fora
dela.
Estratégia de Abordagem
Consideram-se três componentes de exposição, sendo uma correspondente à operação
executada na Tarefa A, com duração média de cinco minutos, a outra relativa à operação
executada na Tarefa B, com duração média de sete minutos, e a terceira correspondente
à operação executada na Tarefa C, com duração média de quarenta e seis minutos. Deve
ser observado que, neste caso, as componentes de exposição levam em consideração
apenas o tempo efetivo de contato com a vibração.
Equações de Contorno
Cada uma das componentes de exposição será representada por um valor de aceleração
resultante da exposição parcial (arep), conforme equação:
1 s
arepi = ∑
s k =1
amrik m / s 2 [m/s2]
Onde: amrik = aceleração média resultante relativa à késima amostra selecionada dentre
as repetições da componente de exposição “i”; s = número de amostras da componente
de exposição “i” que foram mensuradas.
100
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Deve ser observado que, neste caso, as componentes de exposição levam em consideração
apenas o tempo efetivo de contato com a vibração, não sendo computados os períodos
de tempo de paradas entre as séries de Tarefas A e as séries de Tarefas B, bem como os
tempos que o operador fica fora da plataforma do britador, executando outras tarefas.
Essas duas grandezas (aren e VDV) são obrigatoriamente medidas e avaliadas. Basta
uma delas atingir níveis ação, região de incerteza ou ultrapassar limite de exposição para
se configurar tais situações. O valor da dose de vibração (VDV), na literatura técnica,
é tratado como um parâmetro complementar utilizado para a representação da
exposição laboral, quando há a ocorrência de picos no sinal de vibração.
A condição fica caracterizada quando o fator de crista (FC) for superior a nove (FC > 9),
que é o módulo da razão entre o valor de pico e o valor eficaz (RMS) da aceleração,
ambas ponderadas em frequência. Por conduta preventiva VDV é mais um critério de
julgamento da exposição, devendo ser determinado em todos os casos. Isso porque na
prática essa especificidade (descobrir se há picos de FC>9) é baixa acurácia.
101
No quadro seguinte, a legenda: (1) indica o valor RMS, (2) indica o nível médio, (3)
indica o valor de pico a pico e (4) indica o valor de pico. A relação entre (4) e (1) define
o fator de crista.
Quadro 11. Valor RMS, nível médio, pico a pico, valor de pico e fator de crista - FC
Os valores de pico, que indicam os valores máximos, mas não trazem qualquer informação acerca da duração ou tempo de movimento, são
particularmente usados na indicação de níveis de impacto de curta duração.
Os valores médios, que indicam apenas a média da exposição sem qualquer relação com a realidade do movimento, são usados quando se quer
levar em conta um valor da quantidade física da amplitude em um determinado tempo.
O valor da raiz média quadrática (RMS) ou valor eficaz, que é a raiz quadrada dos valores quadrados médios dos movimentos, é a mais importante
medida da amplitude, porque mostra a média da energia contida no movimento vibratório. Portanto, mostra o potencial destrutivo da vibração.
O fator de forma (RMS/Vmédio) e o fator de crista (Valor Pico/RMS) permitem conhecer a homogeneidade do fenômeno em estudo ao longo do
período. Valores de fator de forma próximos de √2 indicam fenômeno do tipo senoidal. Grandes valores para FC indicam a presença de algum pico
destacado, provavelmente resultante de fenômenos repetitivos a intervalos regulares.
O valor pico-a-pico indica a máxima amplitude da onda e é usado, por exemplo, onde o deslocamento vibratório da máquina é parte crítica na
tensão máxima de elementos de máquina.
u n +1
2. A integração no tempo, ao aplicar a integral ∫ u n .du = + C produz
4 −8
n +1
esse arranjo m 4 ∫ s −8 m ∫ s , como é uma constante, sobram as
dimensões m 4 .s −7 [m4/s7].
102
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
A questão é, mas por que se eleva à quarta potência? Aceleração ao quadrado (m/s2) e
a Dose à quarta potência (m/s1,75)?
Assim como em ruído, onde as pressões instantâneas são elevadas ao quadrado, aqui
também igualmente se faz. Essa técnica algébrica permite modular os valores que no
instante da medição, por se tratar de grandezas vetoriais, podem estar comprimindo ou
rarefazendo (ruído), progredindo ou regredindo (aceleração). Na prática trabalha-se
apenas com valores positivos. Para isso se eleva ao quadrado, faz-se o somatório (daí se
usar a integral) e finalmente se extrai a raiz quadrada. Por isso a função associada é do
tipo quadrática [f(x)=x2], em forma de bacia.
Quando há picos, isto é, quando fator de crista (FC) for superior a nove (FC > 9) a função
quadrática não consegue abarcar os pontos protuberantes da crista. Adotando-se a
função parabólica à quarta potência, com formato parabólico mais esguio, que lembra
uma taça de champagne, tais pontos são cobertos, capturando o conteúdo energético
dos picos protuberantes deixados de fora pela parábola mais achatada. Depois de elevar
à quarta, faz-se o somatório (decorrente da integral) e finalmente se extrai a raiz quarta.
Por isso a função associada é do tipo quadrática de segunda ordem [f(x)=x4], em forma
de taça.
103
Figura 28. Comparação entre curvas parabólicas do segundo e quarto graus
300
f(x)=x2 f(x)=x4
250
200
150
100
50
0
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
f(x)=x2 16 9 4 1 0 1 4 9 16
f(x)=x4 256 81 16 1 0 1 16 81 256
104
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
aren VDVR
Consideração técnica Atuação recomendada
(m/s2) (m/s1,75)
0 a 0,5 0 a 9,1 aceitável No mínimo manutenção da condição existente.
> 0,5 a < 0,9 > 9,1 a < 16,4 acima do nível de ação No mínimo adoção de medidas preventivas.
0,9 a 1,1 16,4 a 21 região de incerteza Adoção de medidas preventivas
e corretivas visando à redução da exposição diária.
acima de 1,1 acima de 21 acima do limite de exposição Adoção imediata de medidas corretivas.
1 t2 1 t2
RMS
= ∫ a j 2 ( t ) dt
= am
=j ∫ a 2j ( t ) dt m / s 2
t 2 − t1 1t t 2 − t1 1t
Sendo, que aj(t) corresponde aos valores ax(t), ay(t) ou az(t), em m/s2, segundo os
eixos ortogonais x, y e z, respectivamente, e t2 – t1 ao intervalo de medição. Aceleração
média resultante (amr), que pode ser obtido diretamente em um medidor integrador
utilizando-se um acelerômetro triaxial, corresponde à raiz quadrada da soma dos
quadrados das acelerações médias, medidas segundo os três eixos ortogonais “x”, “y” e
“z”, definida pela expressão que segue:
amr = ( f x am x ) 2 + ( f y am y ) 2 + ( f z am z ) 2 m / s 2
1 m
are =
T
∑n arep
i =1
i
2
i
m / s 2
105
Sendo, arep = aceleração resultante de exposição parcial; n = número de repetições da
componente de exposição “i” ao longo da jornada de trabalho; T = tempo de duração da
componente de exposição “i”; m = número de componentes de exposição que compõem
a exposição diária; T = tempo de duração da jornada diária de trabalho. O parâmetro
“tempo” pode ser expresso em horas, minutos ou segundos em função da conveniência
de cálculo, desde que seja mantida a coerência na análise dimensional.
T
aren = are m / s 2
T0
Sendo, VDVji = valor da dose de vibração medido no eixo “j”, relativo a componente
de exposição “i”; Texp = tempo total de exposição à vibração, ao longo de toda a jornada
de trabalho, decorrente da componente de exposição “i” em estudo. Corresponde ao
número de repetições da componente vezes o seu tempo de duração; Tamostra = tempo
total utilizado para a medição das “s” amostras representativas da componente de
exposição “i”, em estudo:
s
Tamostra = ∑Tk
k =1
106
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
( )
m 4
VDVexp j = 4 ∑ VDVexp ji [m / s1,75 ]
i =1
∑ ( VDV )
4
VDVR = 4 exp j [m / s1,75 ]
j
As medições de campo são obtidas por medidores específicos. Como exemplo, segue
um relatório de medição feita pelo autor, referente a um instrumento de propriedade
do próprio autor, conforme dados técnicos e patrimoniais abaixo:
107
Figura 29. Relatório de medição (Vibração)
108
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Cálculo.
1º Passo. Calcular arep e VDV para primeira componente (Tarefa A) com para 14
amostras. Encontra-se os valores de amrik e VDVjik. Para isso, deve-se começar pelos
valores de amrik e VDVjik. A arep1 = 0,92 m/s2 para os três eixos, conforme apresentado
respectivamente a seguir.
109
1
arep=1 ( 0,88 + 0,92 + 1,10 + 0,98 + 0,91 + 1,20 + 1,00 + 0,95 + 0,90 + 0,78 + 0,83 + 0,94 + 1,05 + 0,98=) 0,92 m / s2
14
Como não se sabe se o FC é grande (>9), deve-se calcular VDV. Depois, ao final, com
VDVR à mão, fazendo o cotejamento com aren, será possível interpretar e fazer o
julgamento.
Por isso, segue-se o cálculo de VDV para primeira componente (Tarefa A) com para 14
amostras. A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considerando
que o tempo de amostra foi igual ao tempo de exposição, ambos de 5 minutos. Deve-se
apurar por eixo especificamente.
Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx1 = 15,02 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy1 = 12,02 m/s1,75, bem
como para eixo “z”, VDVexp z1 = 7,15 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:
Lembrando que é necessário ponderar os eixos x e y com fator de 1,4 para compensar
a maior sensibilidade do eixo z à vibração. Por isso do VDVexp adiante aparecem os
fatores de multiplicação “fj” em função do eixo considerado os coeficientes: fx = 1,4, fy
= 1,4 e fz = 1,0.
Eixo x:
110
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Tamostra
= 14 x 5 70 min
=
»
Texp 24
= = x 5 120 min
»
1
» Tamostra
= 14 x 5 70 min
=
Texp 24
= = x 5 120 min
»
1
»» VDV expy1 1= 120 4
= , 4 x 7,51 x 12, 02 [m / s1,75 ]
70
Eixo z:
» T = 14 x 5 70 min
=
amostra
Texp 24
» = = x 5 120 min 6,25
1
120 4
»» VDV expz1 1=
= , 0 x 6,25 x 7,15 m / s1,75
70
2º Passo. Repete-se o 1º Passo para calcular arep e VDV para segunda componente
(Tarefa B) com para 11 amostras. Deve ser observado que ao longo da manhã, o operador
executou dezoito vezes a Tarefa B. A arep2 = 1,01 m/s2 para os três eixos, conforme
apresentado respectivamente a seguir.
111
Segue-se o cálculo de VDV para segunda componente (Tarefa B) com para 11 amostras.
A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considerando que o
tempo de amostra foi igual ao tempo de exposição, ambos de 7 minutos. Deve-se apurar
por eixo especificamente.
Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx2 = 11,54 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy2 = 10,02 m/s1,75 bem como
para eixo “z”, VDVexp z2 = 4,97 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:
m/
VDVx2k m/s1,75 VDVy2k m/s1,75 VDVz2k Tk min
s1,75
Eixo x:
» Tamostra
= 11 x 7 77 min
=
Texp 18
= = x 7 126 min
»
1
»» VDV exp 126 4
= x2 1=
, 4 x 7, 29 x 11,54 m / s1,75
77
112
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Eixo y:
( 2,9 ) + ( 3,4 ) + ( 4,0 ) + ( 3,5) + ( 3,0 ) + ( 3,1) + ( 2,9 ) + ( 3,3)
4 4 4 4 4 4 4 4
VDVy 2 = 4
»»
( 4,3) + ( 3,2 ) + ( 3,4 ) = 6, 33 m / s1,75
4 4 4
»» Tamostra
= 11 x 7 77 min
=
T
= 18
= x 7 126 min
» exp 1
126 4
= VDV expz2 1=
, 0 x 4,39 x 4,97 m / s1,75
»» 77
Eixo z:
( 3,0 ) + ( 2,5) + ( 2,8) + ( 2,8) + ( 2,2 ) + ( 2,0 ) + (1,9 ) + ( 2,1)
4 4 4 4 4 4 4 4
VDVy2 =
»»
( 2,0 ) + (1,9 ) + ( 2,3) = 6, 33 m / s1,75
4 4 4
Tamostra
= 11 x 7 77 min
=
»
Texp 18
= = x 7 126 min
»
1
126 4
=
»» VDV expz2 1,
= 0 x 4,39 x 4,97 m / s1,75
77
3º Passo. Repete-se o 2º Passo para calcular arep e VDV para terceira componente
(Tarefa C) com para 4 amostras. Deve ser observado que à tarde o operador executou
4 vezes a Tarefa C. A arep3 = 1,15 m/s2 para os três eixos, conforme apresentado
respectivamente a seguir.
1
» arep=
3 = 1,15 m / s 2
(1, 25 + 1, 05 + 1,13 + 1,18
4
Segue-se o cálculo de VDV para terceira componente (Tarefa C) com para 4 amostras.
A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considera-se que os
tempos amostrais foram distintos da duração da repetição, tendo, porém, mesma
quantidade (n=N), ou seja, a amostra cobriu uma fração do tempo total de duração
(46min), cujos tempos amostrais foram, respectivamente: t1=23min; t2=25min;
t3=20min; e t4=22min. Deve-se apurar por eixo especificamente.
113
Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx3 = 5,25 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy3 = 4,57 m/s1,75 bem como
para eixo “z”, VDVexp z3 = 2,97 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:
Eixo x:
» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min
Texp 4=
= x 46 184 min
»
1
» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min
Texp 4=
= x 46 184 min
»
1
»» VDV exp 180 4
= y3 1=
, 4 x 2, 73 x 4,57 m / s1,75
90
Eixo z:
» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min
Texp 4=
»= x 46 184 min
1
184 4
»» VDV expz3 1=
= , 0 x 2, 48 x 2,97 m / s1,75
90
3º Passo. Encontrar a resultante - are e aren - das três Tarefas (A, B e C)
528
=aren 0,947
= 0, 993 [m / s2]
480
» VDVexpx = 4
15, 024 + 11,534 + 5, 254 = 16, 23 m / s1,75
VDVR= 4
16, 234 + 13,324 + 7,57 4 = 17,96 m / s1,75
Constata-se que os valores resultantes, arredondando (aren = 1,0 m/s2 e VDVR = 18,0
m/s1,75), ao se consultar o quadro abaixo com critério de julgamento, apontam para
duas conclusões:
VDVR
aren
(m/s1,75) Consideração técnica Atuação recomendada
(m/s2)
115
Tanto aren como VDVR caem no intervalo cuja linha estabelece consideração técnica de
região de incerteza, sendo recomendada a adoção de medidas preventivas e corretivas
visando à redução da exposição.
Não há vibração de choque sobreposta, pois aren e VDVR comungam da mesma região.
Se o FC fosse grande (>9) o VDVR seria acima de 21 m/s1,75. Isso porque a fórmula
de VDVR opera à quarta potência, de forma que os picos de energia capturados
apresentariam forte repercussão algébrica pela parábola mais pronunciada. Coisa que
não aconteceu. Assim os valores das funções f(a)=a2 e f(a)=a4 se aproximam, e por
isso caem na mesma região. Lembrando que aren pode ser muito menor em relação a
VDVR, nas situações de fortes choques, mas, no limite, quando da inexistência deles, se
aproximam, porém nunca aren poderá ser maior que VDVR.
Não é prudente, com os resultados acima, concluir pela higidez do meio ambiente
do trabalho, por vários motivos. Destacam-se alguns: I) a variabilidade do processo
produtivo ao longo das jornadas e meses; II) flutuação das variáveis de campo; III)
situações de manutenção de equipamentos e condições climáticas, ambientais e de
operação (estrada, buraco, mais ou menos peso carregado, lembrando que mais pesado
diminui a vibração); IV) baixa representatividade estatística do estudo; e V) alto grau
de variabilidade na delimitação da estratégia de abordagem arquitetada, segundo a
qual há três tarefas vibrantes (A,B e C).
Pegando apenas esta última, sabendo que todas elas coexistem, sabe-se que há uma
infinidade de combinações de abordagens que produzem resultantes aren e VDVR
distintas. Nessa configuração de múltiplos pares de resultados, a depender da estratégia
de abordagem, dever-se-ia escolher aquela mais crítica. A questão é: como saber a mais
crítica, se foi feita apenas uma?
A primeira é constituída pela sequência composta pela série de Tarefa A, com seu o
intervalo de tempo, mais a série de Tarefa B, com duração média de oitenta e oito
minutos. A segunda componente de exposição constituída pela Tarefa C, com duração
média de quarenta e seis minutos. Assim, componente de exposição “AB” inclui o tempo
de parada do operador, apesar de ele não estar exposto à vibração durante esse período.
116
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Bem, a despeito das demais variabilidades, somente esta, sobre o desenho das
estratégias, seria suficiente para concluir que há incerteza demais para afirmar
sobre a certeza de que não haveria insalubridade, AIns e ACET/FACET.
Deve-se concluir, portanto, que sim há elementos para consignar AIns e ACET/FACET
exatamente pelo fato de que as resultantes dizem, com grande margem de certeza, que o
meio ambiente do trabalho está longe da consideração técnica aceitável, acima, inclusive
do nível de ação. Ademais, conforme Anexo 1 da NR 9, houve disparo do nível de ação,
e, portanto, um conjunto de medidas, cuidados e atitudes deve ser empreendido.
Dito isso, não há como não reconhecer AIns e ACET/FACET, pois se tal fosse feito pelo
profissional prevencionista estaria se afirmando algo que sabidamente já se negou: ser
aceitável.
117
Medidas preventivas
Medidas corretivas
118
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
119
Quadro 15. Resumo das medidas preventivas para VCI
120
CAPÍTULO 4
Vibrações de mãos e braços – VMB
As VMB são as vibrações que se transmitem pelas mãos e braços. Elas são causadas por
diferentes processos da indústria, agricultura, mineração e construção, na qual as mãos
apreendem ou empurram ou ainda suportam peças ou ferramentas vibrantes.
121
motosserras, amplamente usadas em mineração, construção, indústrias e empresas
florestais.
A vibração pode ser transmitida para o corpo por meio de uma ou duas mãos encostadas
em uma ferramenta vibratória. Para baixos níveis de vibração haverá desconforto e
redução da eficiência do trabalho. Para altos níveis e longos períodos de exposição,
ocorrem doenças que afetam os vasos sanguíneos, juntas e circulação.
A norma ISO 5349 avalia e mede o risco da exposição de vibração sobre a mão, cobrindo
uma faixa de frequência de 8 Hz a 1 kHz. Mediante as curvas de exposição para bandas
de 1/3 de oitava com limites de vibração para a mão quando segura uma ferramenta.
Muitos dos dados da ISO 5349 advêm de curvas obtidas em experimentos onde se usavam
uma excitação vibratória utilizando sinais senoidais ou de banda estreita de frequência.
Esses dados podem ser provisoriamente aplicados a outros tipos de experimentos que
utilizem uma excitação vibratória não senoidal ou em situações em que o tipo de sinal
não pode ser determinado com exatidão. No caso de vibrações transmitidas às mãos,
frequências da ordem de 1.000 Hz, ou superior, podem ter efeitos nocivos.
122
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade
à temperatura ficam comprometidos.
O quadro a seguir sugere alguns dos fatores mais importantes que contribuem para
causar lesões nas extremidades superiores dos trabalhadores expostos à vibração.
123
Quadro 16. Alguns fatores potencialmente relacionados a efeitos nocivos VMB
Características de vibração
• Magnitude (efetiva, pico, ponderada / não ponderada)
• Frequência (espectros, frequências dominantes)
• Direção (eixos x, y, z)
Ferramentas ou processos
• Design da ferramenta (portátil, fixo)
• Tipo de ferramenta (percussão, rotativa, percussiva rotativa)
• Condição
• Operação
• Material que funciona
Condições de exposição
• Duração (diariamente, exposições anuais)
• Modelo de exposição (contínuo, intermitente, períodos de descanso)
• Duração acumulada da exposição
Condições ambientais
• Temperatura ambiente
• Fluxo de ar
• Umidade
• Ruído
• Resposta dinâmica do sistema dedo-mão-braço
• Impedância mecânica
• Transmissibilidade por vibração
• Energia absorvida
Características individuais
• Método de trabalho (força de preensão, força de tração, postura das mãos, posição do corpo)
• Saúde
• Treinamento
• Destreza
• Uso de luvas
• Susceptibilidade individual a lesões
Fonte: Próprio autor (2019)
Biodinâmica
Supõe-se que os fatores que influenciam a transmissão de vibrações no sistema dos
dedos, mãos e braços desempenham um papel importante na gênese das lesões por
vibração. A transmissão de vibrações depende das características físicas da vibração
(magnitude, frequência, direção) e da resposta dinâmica da mão.
Transmissibilidade e impedância
124
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
Avaliação
125
Para VCI, o sistema de coordenadas tem centro no tronco; para a VMB há dois sistemas:
o basicêntrico, localizado na interface entre a manopla e a mão e o biodinâmico, com
centro no terceiro osso metacarpiano da mão. A basicêntrica toma como referência
a interface da transmissão de vibração em uma pega cilíndrica. A biodinâmica toma
como referência a cabeça do terceiro metatarso, conforme indica Figura 44. Na prática,
o sistema basicêntrico é utilizado para avaliar a vibração no equipamento e o sistema
biodinâmico para aferir efeito final no membro.
A avaliação da exposição VMB é bem mais simples que a VCI, pois VMB se associa
às inércias e massas pequenas, bem como às frequências de ressonâncias dos
braços e mãos bem menores, por isso não há necessidade de calcular VDVR,
apenas aren. Outro facilitador é não ponderação em 1,4 dos eixos x e y, pois
todos têm o mesmo peso.
126
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
VMB e VCI devem ter suas medições feitas com instrumentos com ponderações
por frequência, pois ambas as vibrações possuem curvas de sensibilidades
correspondentes: Wk para o eixo “z”, Wd para os eixos “x” e “y” - VCI; Wh para VMB.
Basta fazer a comparação entre os gráficos da Figura 26 com a Figura 31. Atenção:
Wh diz respeito ao peso por mão, do inglês: w - weight e h – hand. Usa-se o h para
indicar mão, bem como o w para o peso e assim distinguir da VCI.
Caso. Em uma avaliação, foram obtidos os seguintes valores para duas situações de
vibração de mão-braço:
127
Quadro 17 – Acelerações medidas em campo para VMB
amr = ( f x am x ) 2 + ( f y am y ) 2 + ( f z am z ) 2 [m / s 2 ]
»» ahv1 = 7 2 + 52 + 82 = 11, 74 [m / s 2 ]
82 + 62 + 102 = 14,14 [m / s 2 ]
»» ahv 2 =
128
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II
3º Passo. Constata-se que os valores resultantes (aren = 8,19 m/s2) indicam, sem
margem de erro ou incerteza, que o meio ambiente do trabalho é altamente insalubre,
pois deu acima de 5 m/s2, motivo pelo qual se deve adotar imediatas medidas corretivas,
bem como pagar AIns e recolher FACET.
129
Figura 33. Curva, em anos, de aparecimento de dedos brancos para 10º percentil
Na figura acima, a linha cheia se refere à probabilidade para 10º percentil com eixo das
ordenadas indicando aparecimento dedos brancos em anos e a aceleração normalizada
– aren – na abscissa.
Os estudos sugerem que os sintomas das vibrações de mãos e braços são raros em
indivíduos expostos a 1m/s2 < aren < 2m/s² e sem registro para aren < 1m/s2.
Os valores obtidos da avaliação devem ser plotados no gráfico acima, pelo eixo das
abscissas até alcançar a reta do 10º percentil e rebatidos para o eixo das ordenadas,
obtendo-se a estimativa em anos para o aparecimento dos dedos brancos. É possível
estimar o tempo - Et, em anos, para 10% da população exposta apresentar aparecimento
da síndrome do dedo branco, segundo a fórmula:
=Et 31,8
= x aren −1,06 31,8
= x 8,19−1,06 3, 4 anos
130
PRESSÕES
ANORMAIS E UNIDADE III
RADIAÇÕES
CAPÍTULO 1
Pressões em Tubulões a Ar Comprimido
A unidade no SI para medir a pressão é o Pascal (Pa). A pressão exercida pela atmosfera
ao nível do mar corresponde a aproximadamente 101.325 Pa (pressão normal) e esse
valor é normalmente associado a uma unidade chamada atmosfera padrão (símbolo
atm).
Atmosfera é a pressão correspondente a 0,760 m (760 mm) de Hg de densidade 13,5951 g/cm³ e em uma aceleração
da gravidade de 9,80665 m/s².
O bar é uma unidade de pressão (símbolo: bar) e equivale a exatamente 100.000 Pa (105Pa). Esse valor de pressão é
muito próximo ao da pressão atmosférica padrão, que é definido como 101.325 Pa. O plural do nome da unidade de
pressão bar é bars (ex.: 2 bars de pressão).
PSI (pound per square inch), libra por polegada quadrada, é a unidade de pressão no sistema inglês/americano: 1 psi =
0,07 bar; 1 bar = 14,5 psi.
131
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES
Para evitar a embolia gasosa, uma obstrução dos vasos sanguíneos causada pela brusca
de expansão do nitrogênio, um dos gases presentes nos tanques de ar dos mergulhadores.
Enquanto o excesso de oxigênio e de gás carbônico é facilmente eliminado na respiração,
o nitrogênio tende a formar bolhas à medida que a pressão diminui. A descompressão
para eliminar o excesso de nitrogênio dissolvido no sangue deve ser feita após mergulhos
abaixo de 12 metros de profundidade, após mergulhos profundos.
Fonte: https://www.vwffundacoes.com.br/medias/uploads/tubulao-ar-comprimido/tubulao-ar-comprimido-4.jpg
132
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-WLesZwOnZ98/Vc3pOjIhxQI/AAAAAAAAk2Y/q9wkZD-E5JY/s1600/Funda%25C3%25A7%25C3%25
A3o%2Bcom%2BTubul%25C3%25B5es%2B-%2BO%2Bque%2B%25C3%25A9%2Be%2Bcomo%2Bfazer%2B7.jpg
Ao executar tubulões do qual o solo esteja abaixo do nível d’água, torna-se inviável o
processo de esgotamento (bombeamento), pois existe o risco de desmoronamento das
paredes do fuste e/ou base. Nesse caso, são utilizados tubulões pneumáticos, também
conhecidos como a ar comprimido. O dimensionamento do tubulão é análogo ao tubulão
a céu aberto, com exceção do fuste, que deve prever um diâmetro mínimo de 70 cm no
interior da sua camisa de concreto com espessura mínima de 15 cm. O resultado é o
fuste com diâmetro mínimo de 100 cm.
A camisa de concreto é sempre armada e a NBR 6122 recomenda que toda a armadura
longitudinal seja colocada, preferencialmente, nela. A concretagem do tubulão deve ser
processada imediatamente após a conclusão (no máximo 24 horas, conforme NBR 6122),
e o concreto deve ser autoadensável (abatimento em torno de 15 cm) para propiciar o
133
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES
A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 horas,
em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm², a 6 horas em pressões de trabalho de
1,1 a 2,5 kgf/cm², e a 4 horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm². Nenhum
trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm². Após a descompressão,
os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por duas horas, no local de
trabalho, cumprindo um período de observação médica. Como é possível a ocorrência
de necrose óssea, especialmente nos ossos longos, é também obrigatória a realização de
radiografias de articulações da coxa e do ombro, por ocasião do exame admissional e,
posteriormente, a cada ano.
1.3.4 A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 (oito) horas, em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm2; a 6 (seis)
horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm2; e a 4 (quatro) horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm2.
1.3.16 A compressão dos trabalhadores deverá obedecer às seguintes regras:
a) no primeiro minuto, após o início da compressão, a pressão não poderá ter incremento maior que 0,3 kgf/cm2;
b) atingido o valor 0,3 kgf/cm2, a pressão somente poderá ser aumentada, após decorrido intervalo de tempo que permita ao encarregado da turma observar
se todas as pessoas na campânula estão em boas condições;
c) decorrido o período de observação, recomendado na alínea “b”, o aumento da pressão deverá ser feito a uma velocidade não superior a 0,7 kgf/cm2, por
minuto, para que nenhum trabalhador seja acometido de mal-estar;
d) se algum dos trabalhadores se queixar de mal-estar, dores no ouvido ou na cabeça, a compressão deverá ser imediatamente interrompida e o encarregado
reduzirá gradualmente a pressão da campânula até que o trabalhador se recupere e, não ocorrendo a recuperação, a descompressão continuará até a
pressão atmosférica, retirando-se, então, a pessoa e encaminhando-a ao serviço médico.
Fonte: Anexo VI da NR 15
Exercício Resolvido
Dados: Pressão de Trabalho = 2,20 kgf/cm² durante 1h15min. A NR-15 regulamenta
que o tempo máximo de exposição em serviços de ar comprimido, para essa pressão
(entre 2,0 e 3,4 kgf/cm²) para período entre 1h e 1h30min. Consultar Tabela de
Descompressão Anexo VI da NR 15 para Pressão de Trabalho = 2,20 kgf/cm² e duração
de 1h15min.
134
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III
2,40
2,10
1,80
1,50
Pressão Kgf/cm2
1,20
0,90
0,60
0,30
-
118,2 118,7 153,7 154,2
0 1 11 13,71 43,71 73,71 88,71 92,71 97,71 98,21
1 1 1 1
Pressão Kgf/cm2 - 0,30 0,30 2,20 2,20 2,20 2,20 0,60 0,60 0,40 0,40 0,20 0,20 -
135
CAPÍTULO 2
Radiações ionizantes
Radiações: São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando energia, eventualmente carga elétrica e
magnética, e que, ao interagir, podem produzir variados efeitos sobre a matéria. Elas podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos
construídos pelo homem. Possuem energia variável, desde valores pequenos até muito elevados.
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, micro-ondas, ondas de rádio AM e FM, radar, laser, raios X e radiação gama.
As radiações sob a forma de partículas, com massa, carga elétrica, carga magnética, mais comuns são feixes de elétrons, feixes de prótons, radiação
beta, radiação alfa.
Das radiações particuladas sem carga elétrica, a mais conhecida é o nêutron.
Radiações ionizantes. Ao interagir com a matéria, os diferentes tipos de radiação podem produzir variados efeitos que podem ser simplesmente a
sensação de cor, a percepção de uma mensagem codificada e manipulada em áudio e vídeo em uma televisão, a sensação de calor provocada por
feixes de lasers, o aquecimento de alimentos num forno de micro-ondas, uma imagem obtida numa chapa radiográfica ou, então, a produção de íons
e elétrons livres devido à ionização.
Sob o ponto de vista dos sentidos humanos, as radiações ionizantes são: invisíveis,
inodoras, inaudíveis, insípidas e indolores. Para se ter uma ideia da velocidade delas,
alguns valores são mostrados a seguir.
136
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III
Raios X. Os raios X utilizados nas aplicações técnicas são produzidos por dispositivos denominados de tubos de raios X, que consistem,
basicamente, em um filamento que produz elétrons por emissão termoiônica (catodo), que são acelerados fortemente por uma diferença de
potencial elétrica (kilovoltagem) até um alvo metálico (anodo), onde colidem. A maioria dos elétrons acelerados são absorvidos ou espalhados,
produzindo aquecimento no alvo. Cerca de 5% dos elétrons sofrem reduções bruscas de velocidade, e a energia dissipada se converte em ondas
eletromagnéticas, denominadas de raios X. Os eletrodos estão contidos em uma ampola de vidro que se fez vácuo para evitar a sua oxidação.
Devido ao processo como são produzidos, são também denominados de radiação de fretamento. É bom observar que, ao se desligar uma máquina
de raios X, ela não produz mais radiação e, portanto, não constitui um equipamento radioativo, mas um gerador de radiação. Qualquer material
irradiado por raios X, para as aplicações mais conhecidas, não fica nem pode ficar radioativo, muito menos os locais que são implementadas, como
consultórios dentários, salas de radiodiagnóstico ou radioterapia. Raios X de alta energia podem ser obtidos por freamento de feixes de elétrons
de alta energia, produzidos por aceleradores de partícula, ao colidirem com alvos metálicos. Para radiações acima de 10 MeV, efeitos de ativação
de materiais podem ocorrer devido a ocorrência de reações nucleares. Nesse caso, a instalação deve ser bem blindada e aos cuidados com a
radioproteção, mais intensificados.
Raios X (característicos). São radiações eletromagnéticas de alta energia originadas em transições eletrônicas do átomo que sofreu excitação ou
ionização após interação. Elétrons das camadas externas fazem transições para ocupar lacunas produzidas pelas radiações nas camadas internas,
próximas do núcleo, emitindo o excesso de energia sob a forma de raios X. Como as energias das transições são típicas da estrutura de cada
átomo, elas podem ser utilizadas para a sua identificação, em uma técnica de análise de materiais denominada de fluorescência de raios X.
Radiação gama. É uma radiação emitida pelo núcleo atômico com excesso de energia (no estado excitado) após transição de próton ou nêutron
para nível de energia com valor menor, gerando uma estrutura mais estável. Por depender da estrutura nuclear, a intensidade e a energia com
que é emitida permite caracterizar o radioisótopo. É uma radiação bastante penetrante e, conforme sua energia, é capaz de atravessar grandes
espessuras. Por isso, é bastante utilizada em aplicações médicas de radioterapia e aplicações industriais, como medidores de nível e gamagrafia. A
unidade utilizada para expressar a atividade de uma fonte é o Becquerel (Bq). Ele é definido como uma transformação nuclear por segundo. Existe
uma unidade antiga de atividade, que ainda é muito usada, denominada Curie (Ci) = 3,7.1010Bq.
Radiação beta. Consiste de um elétron negativo ou positivo emitido pelo núcleo na busca de sua estabilidade, quando um nêutron se transforma
em próton ou um próton se transforma em nêutron, respectivamente, acompanhado de uma partícula neutra de massa desprezível, denominada
de neutrino. Por compartilhar, aleatoriamente, a energia da transição com o neutrino, sua energia é variável, apresentando um espectro contínuo
até um valor máximo. Seu poder de penetração é pequeno e depende de sua energia. Para o tecido humano, consegue atravessar espessura de
alguns milímetros. Essa propriedade permite aplicações médicas em superfícies da pele ou na aceleração da cicatrização de cirurgias plásticas ou
do globo ocular.
Radiação alfa. É uma radiação constituída de dois prótons e dois nêutrons, carga 2+ e com bastante energia cinética, emitida por núcleos
instáveis de elevada massa atômica. As intensidades e as energias das radiações alfa emitidas por um nuclídeo, servem para identificá-lo em
uma amostra. Muitos radionuclídeos naturais, como urânio, tório, bismuto, radônio, emitem várias radiações alfa em suas transições nucleares.
As radiações alfas têm um poder de penetração muito reduzido e uma alta taxa de ionização. Para exposições externas, são inofensivas, pois
não conseguem atravessar as primeiras camadas epiteliais. Porém, quando os radionuclídeos são ingeridos ou inalados, por mecanismos de
contaminação natural ou acidental, as radiações alfas, quando em grande quantidade, podem causar danos significativos na mucosa que protege
os sistemas respiratório e gastrointestinal e nas células dos tecidos adjacentes.
Nêutrons (n). Os nêutrons podem ser produzidos por vários dispositivos, como reatores nucleares, aceleradores de partículas, providos de alvos
especiais e por fontes de nêutrons. Neles, são induzidas reações nucleares por meio de feixes de radiação, por radioisótopos ou por fissão.
Os nêutrons são muito penetrantes devido a sua grande massa e ausência de carga elétrica. Podem, inclusive, ser capturados por núcleos do
material-alvo, tornando-os radioativos.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/radiacoes-alfa-beta-gama.htm
137
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES
Adicional Periculosidade
O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional
de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa, conforme estabelecido na NR-16, que trata,
exclusivamente, da definição das atividades perigosas exercidas em áreas de risco para
fins de caracterização da periculosidade, envolvendo inflamáveis e explosivos. Todavia,
a Portaria n° 3.393/1987 do MTE acrescentou como atividades perigosas àquelas que
envolvem as radiações ionizantes.
ACET/FACET
Pelo Anexo IV do RPS, Item 2.0.3 do RPS - Radiações Ionizantes - 25 Anos - Decreto
no 3.048/1999)
138
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III
e) trabalhos realizados com exposição aos raios Alfa, Beta, Gama e X, aos
nêutrons e às substâncias radioativas para fins industriais, terapêuticos
e diagnósticos;
Para as atividades acima, a presunção é absoluta para ACET e FACET, tendo o fator de
risco característica qualitativa
Adicional Insalubridade
A NR-15, Anexo 5, dispõe que:
139
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES
Para trabalhadores:
140
RUÍDO UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
Aspectos Gerais
Este capítulo aproveita grande parte da obra deste autor sobre a matéria ruído e sua
interface com engenharia, medicina e direito.
Informe-se antemão que o fator de risco ruído é de sobeja importância à saúde, dada sua
etiogenia relacionada a diversos efeitos humanos, em robusta bibliografia científica, da
qual se destacam algumas consequências, em especial àquele que se subordina por força
do contrato de trabalho a carga acústica ruidosa: reações físicas (aumento da pressão
sanguínea, do ritmo cardíaco e das contrações musculares); aumento da produção
de adrenalina e outros hormônios; reações mentais e emocionais (irritabilidade,
ansiedade, impaciência, medo, insônia); reações generalizadas ao stress; e, efeitos
deletérios auditivos.,,,,,
Não por outro motivo, encontra-se forte tutela estatal legiferante sobre essa temática,
pois do ápice hierárquico até as normas referenciadas (instruções normativas e
portarias), tem-se que a exposição ao ruído ativa vários campos do direito exatamente
por sua natureza agressiva à saúde humana.
141
UNIDADE IV │ RUÍDO
1. CRFB-88. Art. 201. § 1º (tutela para aposentadoria por condições prejudicais a saúde)
2. Lei 8.213/91. Art. 57 e 58 (definição da hipótese de incidência)
3. Lei 8.212/91. § 3º do art. 33 (critério de arbitramento)
4. Decreto 3.048/99 (RPS).
a. Subseção IV - Da Aposentadoria Especial
b. Art. 68. §12º (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória)
c. Art. 233. (Arbitramento)
d. Anexo IV - Item 2.0.1 - Ruído - FACET25_6%. (Definidor do Limite de Tolerância)
5. IN 971 – RFB. Capítulo IX (norma comando procedimental que deve presidir as lavraturas fiscais)
6. IN 77 – INSS. Seção V - Aposentadoria Especial. Revogadora da IN 45.
7. NHO 01 – Fundacentro. Vinculante para efeito previdenciário/tributário. Recomendatória para o Ministério do Trabalho
8. NR-15 do MTE. Anexo I
Quadro 27: Item 2.0.1 do Anexo IV e § 12 do Art 68. Fragmentos do Decreto 3.048/99.
142
CAPÍTULO 2
Definições físicas e matemáticas
relacionadas ao ruído
O som é sensação percebida pelo cérebro devido à chegada de uma onda vibracional
à orelha humana. O fenômeno auditivo está inscrito a um retângulo de frequência e
pressão. O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequência (faixa audível ou
sonora), que vai de 20 Hz a 20.000 Hz. Por outro lado, pode perceber pressões de 2.10-5
Pa a 2.102 Pa ou ainda a intensidades que variem de 10-12 W/m2 a 102 W/m2. Fora dessas
faixas de frequência e pressão, o ouvido humano é insensível. Conforme figura a seguir:
143
UNIDADE IV │ RUÍDO
Acústica é a parte da Física que estuda as oscilações e ondas em meios elásticos (estuda o som). As ondas sonoras são longitudinais, isto é, sua
direção de propagação é paralela à de vibrações das partículas do meio em que se propaga.
Velocidade de uma onda sonora: depende das propriedades elásticas e inerciais do meio. No mecanismo da audição, as partes que compõem os
ouvidos médio e interno vibram na direção em que a onda se propaga, desde os tímpanos até os cílios do ouvido interno.
A vibração é movimento, oscilação, balanço de objetos, de coisas. Quando, pelo tato, se sente a oscilação de uma corda de violão, sabe-se
intuitivamente o que é uma vibração.
Há vibrações que não são detectáveis por órgãos sensoriais humanos. Na verdade, apenas uma pequena porção das vibrações o é. Oscilação
percebida Tátil Vibração. Oscilação percebida Ouvido Som.
Frequências altas são chamadas de agudas e as baixas, de graves. Período (T): tempo de duração de um ciclo completo. Comprimento de onda (λ):
deslocamento ou distância percorrida pela onda propagada, referente a um ciclo.
Ruído: “misturas” de sons indistinguíveis com diferentes frequências; quando molesto, nocivo ou indesejado é denominado barulho.
Pressão sonora variação dinâmica na pressão atmosférica que pode ser detectada pelo ouvido humano, expressa em Pascal – Pa (N/m2).
O decibel (dB) é uma unidade logarítmica que indica a proporção de uma quantidade física (energia, intensidade ou pressão) em relação a um nível
de referência do limiar de audibilidade (10-12 W/m2 ou 2.10-5 Pa). Uma relação em decibéis é igual a dez vezes o logaritmo de base 10 da razão entre
duas quantidades de energia. Um decibel é um décimo de um bel, uma unidade raramente usada.
Critério de Referência (CR): nível médio (85 dBA) para o qual a exposição, por um período de 8 horas, corresponderá a uma dose de 100%.
Fator de Troca ou Incremento de Duplicação de Dose (q) ou ainda Exchange Rate (ER): incremento em decibéis que, quando adicionado a um
determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido.
Fonte: https://www.infoescola.com/fisica/acustica/
Parte-se de uma definição básica sobre ruído assim entendido como sensação
auditiva desagradável, decorrente de misturas de sons indistinguíveis com diferentes
frequências. Possui, portanto, dois aspectos: subjetivo (desagradável) e objetivo
(mistura com diferentes frequências). Neste trabalho, será enfocado apenas o aspecto
objetivo relativo ao fenômeno acústico, assim entendido aquele não periódico, sem
componentes harmônicas definidas, em amplo espectro de frequências. De um modo
geral, os ruídos podem ser classificados em três tipos:
144
RUÍDO │ UNIDADE IV
Com base na figura abaixo é possível visualizar graficamente o perfil sonoro. Para fins
de abordagem sobre ruído, é prudente a definição dessa tipologia tendo na vertical a
pressão sonora, expressa em decibéis (dB) ao longo do tempo:
145
UNIDADE IV │ RUÍDO
No entanto, esta variação deve ocorrer em forma de ciclos para que seja percebida.
A frequência mínima audível é de 20 Hz, enquanto a frequência máxima chega a 20
000 Hz. Sons cuja frequência situa-se acima de 20 kHz são denominados ultrassons,
enquanto que aqueles abaixo de 20 Hz são infrassons.
A figura seguinte apresenta disposição gráfica com dois sinais sonoros: forte (alta
amplitude) e fraco (baixa amplitude). A amplitude A 1 mede 1,27 m, enquanto a A2,
0,29 m.
146
RUÍDO │ UNIDADE IV
Fonte: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier
Potência da Fonte (W )
Intensidade =
Área da Frente de onda no ponto considerado ( m 2 )
147
UNIDADE IV │ RUÍDO
Por definição o Bell = log que tem como referência o limiar de audibilidade (Io). O NS
(nível sonoro ou nível de intensidade ou intensidade auditiva) de determinado som, em
Bell, que é a relação (quantas vezes maior) está esse som (I) em relação àquele limiar.
Aplica-se o submúltiplo “deci” ao nível sonoro NS (dBB) por conta do melhor ajuste da
escala.
I
NS ( dB ) = 10.log
I0
Considerando o valor de 10-12 W/m2 como aquele de Intensidade de referência - I0, são
apresentados abaixo alguns resultados de equivalência em decibel a partir da equação
acima:
O nível sonoro NS será (dB) para o limiar de audibilidade: I = 10-12 W/m2 , será:
NS = 10logI/Io NS = 10log(10-12/10-12) NS/10 = log(1) 10NS/10=1 10NS/10 = 100 NS/10 = 0 NS=0 (dB)
Pelo processo inverso, quando NS = 0 (dB) 0 = 10log(I/10-12) 0/10 = logI/Io 0 = logI/Io 100 = I/10-12 I = 100.10-12 I = 10-12
W/m2.
O nível sonoro NS (dB) para o limite da dor: I = 1 W/m2 , será:
NS=10logI/Io NS=10log1/10-12 NS/10=log1012 10NS/10=1012 NS/10=12 Bell NS=120 dB.
Pelo processo inverso, quando NS=120 (dB) 120=10log(I/10-12) 120/10=logI/10-12 1012 = I/10-12 I = 100 I = 1 W/m2.
148
RUÍDO │ UNIDADE IV
J N .m Constante
W s s
I = = = = P.v
m2 m2 m2
2 14 1 140
2 x 10 10
1 12 1 120
2 x 10 10
-1 10 1 100
2 x 10 10
0 10 8 8
2 x 10
-2 10 6 6
2 x 10
-3 10 4 4
2 x 10
-4 10 2 2
2 x 10
-5 10 0 0
2 x 10
Pode-se determinar o nível sonoro (em dB), bastando que se conheça o valor de sua
pressão sonora P (N/m2 ou Pa). A frequência de emissão não interfere no nível de
pressão sonora (NPS), seja essa frequência de som grave, médio ou agudo, pois o NPS
está relacionado com a amplitude (volume) da pressão na equação:
P2
NPS ( dB ) = 10.log
P0 2
149
UNIDADE IV │ RUÍDO
Nível de audibilidade é o NPS necessário para que um ouvido jovem, são e médio escute
um tom qualquer com a mesma sensação (potência, força) que um de 1 kHz. A unidade
de nível de audibilidade é o fon (ou phon) equivalente ao NPS (dB) quando f = 1.000
Hz. Um som com uma única frequência é muitas vezes denominado tom10.
A unidade de nível de audibilidade é denominada fon. Por definição, seu valor unitário é
numericamente igual ao nível de intensidade sonora, em dB, da frequência de referência
de 1000 Hz, para um grupo de típicos ouvintes. No trabalho de Fletcher e Munson, a
determinação dos níveis de audibilidade, por comparação com um tom de referência, foi
realizada através dos sons ditos estáveis que, grosso modo, são considerados distintos
aos ruídos.
Observa-se que as frequências compreendidas entre 800 Hz e 6000 Hz, médias e agudas,
são mais facilmente audíveis pelos seres humanos do que as baixas e as muito altas.
Ademais, vê-se que a curva de audibilidade de 0 fon, que, por sua vez, corresponde ao
10 O gráfico com as curvas de igual audibilidade, proposto inicialmente por Fletcher e Munson (1933), foi aprimorado ao longo
dos anos. Porém, seu significado não perdeu sentido com o passar do tempo, tal que sua forma qualitativa não foi alterada.
Ressalte-se dada a importância histórica de um trabalho para a pesquisa e desenvolvimento.
150
RUÍDO │ UNIDADE IV
Ao analisar a curva de 0 fon, conclui-se que para se perceber os sons graves, entre 20
Hz e 800 Hz, e também os mais agudos, a partir de 6000 Hz, eles devem ter um nível de
intensidade relativamente maior do que os sons entre 800 Hz e 6000 Hz. Por exemplo,
para que um som a uma frequência de 50 Hz seja perceptível ao ouvido humano típico,
é necessário que ele tenha um nível de intensidade ligeiramente superior a 50 dB, cujo
valor corresponde a 0 dB para a curva de 0 fon.
Fonte: https://static.wixstatic.com/media/1f1126_36214a5a27dd4e54837c884bf9ec35e9~mv2.png/v1/fill/w_630,h_473,al_c,us
m_0.66_1.00_0.01/1f1126_36214a5a27dd4e54837c884bf9ec35e9~mv2.png
151
UNIDADE IV │ RUÍDO
Note-se, então, que o ouvido se apresenta bastante insensível a sons graves e sensibilidade
máxima entre os 3.500 e os 4.000 Hz, perto da primeira zona de ressonância que ocorre
no ouvido externo. A segunda zona de ressonância ocorre perto dos 13 kHz.
Existem alguns picos de sensibilidade acima de 1 kHz. Isso é devido aos efeitos
de ressonância do canal auditivo, que é um tubo de cerca de 25 mm, com um
lado aberto e outro fechado, o que resulta em um pico de ressonância por volta
de 3.4 kHz e, devido à sua forma regular, um outro pico menor a 13 kHz. O efeito
dessas ressonâncias é aumentar a sensibilidade do ouvido àquelas frequências.
O segundo ponto a ser notado é que existe uma dependência de amplitude na
sensibilidade do ouvido. Isso é devido à maneira como o ouvido atua – transdutor
e interpretador do som – e, como consequência, a frequência depende da
amplitude. Esse efeito é particularmente notável em baixas frequências, em que
quanto menor a amplitude, menos sensível é o ouvido.
152
RUÍDO │ UNIDADE IV
Por isso, o relativo balanço, entre as diferentes regiões de frequências (grave, médio e
agudo), é alterado sempre que se varia o nível de amplitude dos sons. Isso é percebido
quando se ouve uma gravação e se abaixa o volume do aparelho de som, resultando
na supressão de parte dos agudos e dos graves, remanescendo um som carregado de
médios, sem muito brilho ou expressão.
153
UNIDADE IV │ RUÍDO
esse filtro “A” visando avaliar condições de trabalho. O tipo “C” é adotado pela NHO 01,
bem como Anexo II da NR 15 para ruído de impacto, alternativamente, quando não se
dispõe de medidor especifico.
11 International Electrotechnical Commission, IEC 61672-1:2002, Electroacoustics – Sound level meters – Part 1:
Specifications, IEC 61672-1:2002.
154
RUÍDO │ UNIDADE IV
155
CAPÍTULO 3
Métricas do ruído para fins de
avaliação ambiental
A regra do princípio da equivalência para avaliação de ruído considera que toda vez
que a energia acústica em um determinado ambiente dobra, há um aumento de três
decibéis (q=3) no nível de ruído. Por este motivo, quando se usa a sigla Leq, subentende-
se que a avaliação foi realizada utilizando-se o Incremento de Duplicação de Dose “3”.
Caso seja utilizado outro valor de incremento, não se pode chamar o resultado de Leq,
apenas de Average Level - Lavg que significa Nível Médio.
Esse Nível Médio, expresso em Lavg representa a média do nível de ruído durante um
determinado período de tempo, utilizando-se qualquer incremento de duplicação de
dose, com exceção do “3”. O Anexo I da NR-15 não específica qual o incremento de
duplicação de dose utilizado para o cálculo dos limites de tolerância estabelecidos,
porém, após a análise da tabela, verifica-se que toda vez que há um aumento de 5
decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela metade, concluindo-se
assim, que a norma trabalhista para fins de pagamento de adicional de insalubridade
adotou o incremento de duplicação de dose “5”.
156
RUÍDO │ UNIDADE IV
sua duração. É raríssima situação ambiental na qual haja nível de ruído único. O mais
comum são ruídos variados ao longo do tempo, por isso a dosimetria é imprescindível,
de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e seus respectivos tempos
possam ser analisados com o consequente cálculo do Leq.
Para fins de prevenção adota-se a NHO 01, inclusive por força de norma fiscal no tocante
ao Financiamento da Aposentadoria Especial - FACET. Assim, ao se adotar o q=3, a
fórmula do Leq se simplifica, pois se substitui a constante de 16,61 por 10,00, devido ao
q 3
termo ( = 10, 00) , que assim se formula:
Log2 0,30
D x8
=Leq 10 x log( ) + 85
T
Assim, o Leq para a dose de ruído = 200% (% lido no audiodosímetro dividido por 100),
2 x8
medido durante 8 horas, com q = 3 é dado por:= Leq 10 x log(= ) + 85 88 dB ( A ) . Para
4 x8 8
dose de ruído = 400%, tem-se
= Leq 10 x log(= ) + 85 91 dB ( A ) . Assim por diante.
8
Dessa forma se montou a Tabela da NHO 01.
Esse Leq basicamente é o NE da NHO 01. Neste momento, é importante que o leitor
pesquise a NHO 01 da Fundacentro para melhor apropriar-se, todavia adiantam-se
alguns comentários que ajudarão na aplicação do conhecimento. Verifique a figura
abaixo.
157
UNIDADE IV │ RUÍDO
Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão linear à
razão de 3 dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, gera-se um incremento de
3 dB na intensidade.
Em termo de dose, derruba de 1.000 % (verdadeira) para apenas 400% (irreal). Por
isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas principalmente
determinar o escopo e vigência de cada um.
158
RUÍDO │ UNIDADE IV
Assim, com dose constante (D=cte), a intensidade dobra, enquanto o tempo de exposição
cai à metade; ou o contrário, a intensidade vai à metade enquanto o tempo de exposição
dobra. Por isso, a queda de 85 - 8h para 88 – 4h da Tabela NHO 01 da Fundacentro. Eis
a prova matemática de que o Anexo I da NR 15 está errado, cuja dobra acontece a cada
5 dB em flagrante prejuízo e agressão ao trabalhador.
480 D
=NE 10 x log x + 85 [ dB]
Te 100
NE −85
Te
D= x100 x 2 3 [ % ]
480
159
UNIDADE IV │ RUÍDO
Te
NEN
= NE + 10 log [ dB]
480
Com esse alicerce é possível agora avançar sobre a temática de modo a compreender
a evolução da ciência, a aparente colisão de parâmetros técnicos e as dessincronias
normativas relacionadas aos parâmetros de mensuração do ruído.
O FACET acontece com fato gerador que se consigna pela remuneração, paga, devida
ou creditada, a trabalhador submetido a níveis de ruído contínuo, ou variável, de modo
permanente, que ultrapasse o Nível de Exposição Normalizado (NEN) de 85 dB(A),
conforme dispõe item 2.0.1 do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância), sendo tal
avaliação apurada nos termos metodológicos e procedimentais definidos pela NHO 01
da Fundacentro (Metodologia e Procedimento), conforme dispõe o § 12º do Art. 68 do
RPS (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória).
Essa disposição de limite de tolerância (NEN de 85 dB(A) foi inaugurada no Brasil pelo
Decreto 4.882, de 28 de novembro de 2003, que alterou o Regulamento da Previdência
Social. Nesta oportunidade ao estabelecer o “NEN”, ela automaticamente se reporta à
NHO 01 da Fundacentro, uma vez que o conceito de “Nível Exposição Normalizado”
não existe além desse mandamento na legislação pátria, indicando que a referida
norma deve ser utilizada inclusive como parâmetro de limite de exposição para ruído.
Isso implica um fator de incremento de dose igual a três (q=3) e todas as consequências
inerentes a essa alteração, impactando a legislação tributária e previdenciária, ao tempo
que força modificação e atualização dos limites da legislação trabalhista.
A RFB está vinculada a um procedimento fiscal que neste caso independe de normas
trabalhistas, dado o comando expresso e peremptoriamente declarado pelo item 2.0.1
do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância - LT) ao determinar que o LT é 85 dB(A),
aferido em Nível de Exposição Normalizado (NEN), cuja metodologia e procedimento
devem se ater à NHO 01 da Fundacentro. Ou seja, o Decreto 3.048/1999 expressou,
160
RUÍDO │ UNIDADE IV
Desta feita, não há o que se cogitar sobre conflito com norma trabalhista, especificamente
com Anexo I da NR 15 - como se houvesse, pois, conflito não há, pelo simples fato
de essa dita norma não constar da matriz de incidência acima. Frise-se que não há
interseção com a norma trabalhista (Anexo I da NR 15).
161
UNIDADE IV │ RUÍDO
162
CAPÍTULO 4
Aplicações conforme normas
previdenciárias, tributárias e trabalhistas
Para fins dos regramentos do INSS e RFB que comandam a NHO 01 da Fundacentro
como norma mandatória, a avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou
intermitente deverá ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído (D)
ou do nível de exposição (NE), parâmetros representativos da exposição diária do
trabalhador. Esses parâmetros são totalmente equivalentes, sendo, possível, a partir de
um obter-se o outro, mediante as expressões matemáticas que seguem:
480 D
=NE 10 x log x + 85 dB ( A )
Te 100
NE −85
Te
D= x100 x 2 3 [%]
480
Te
NEN
= NE + 10 log dB ( A )
480
163
UNIDADE IV │ RUÍDO
eSocial ao consignar nos campos próprios, para cada mês-competência e por NIT, os
códigos de 25 anos e alíquotas de 6%. A empresa não declarando em GFIP/eSocial tal
fato social (NEN for superior a 85 dB(A)), obriga ao AFRFB constituir crédito tributário
correlato, por arbitramento, nos termos da IN 971/15 da RFB.
Superado esse primeiro estofo conceitual sobre o fator ruído perante disposições do
INSS e RFB, apresentam-se a seguir algumas considerações basilares ao terceiro efeito:
adicional de insalubridade regulado pelo Anexo I da NR 15 do MTb.
Adicional de Insalubridade
O Anexo I da NR 15 serve, apenas, e tão somente, para pagar adicional de insalubridade.
O Anexo IV do RPS vincula norma NHO 01 da Fundacentro, logo o Anexo I da NR 15
não se aplica à matriz tributária do FACET. Reforce-se que os critérios para constituição
do crédito tributário do FACET, bem como para concessão de aposentadoria especial
estão lá devidamente pavimentados.
164
RUÍDO │ UNIDADE IV
Nesse mister, discorre-se a seguir sobre dois pilares que sustentam o diagnóstico e suas
consequências: o ambiente do trabalho está ou não com nível sonoro além do que se
permite à saúde humana? Esses pilares são: Critério de Referência e Fator de Dobra.
Está no quesito Fator de Dobra cizânia e motivo de tanta polêmica: situação esdrúxula.
O Brasil convive com dois fatores: um anacrônico e obsoleto (q=5) segundo o Anexo I
da NR 15; outro, compatível com as evidências científicas mais robustas (q=3) da NHO
01 da Fundacentro.
Para conduzir a explicação, faz-se a pergunta: por que o Anexo I da NR-15 do MTE
destoa da metodologia, procedimento e limites da NHO 01 da Fundacentro? Qual a
12 ISO-1999/1990: The statement in the occupational exposure limit that the proposed OEL (85 dB(A)) will protect the median of
the population against a noise-induced permanent threshold shift (NIPTS) after 40 years of occupational exposure exceeding
2 dB for the average of 0.5, 1, 2, and 3 kHz.
13 Curiosamente, houve um tempo que a norma previdenciária (INSS) assumiu o CR de 90 dB(A) para 8h. Até 5 de março de 1997
- véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, Vigoravam os Anexos I e II do Regulamento de Benefícios
da Previdência Social - RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Nessa época o limite de tolerância
para ruído é de 80 dB(A), que pela NR15, representa 50% da dose unitária, considerando o fator de dobra 5 (q=5). Dessa
forma o critério era de altíssima elegibilidade ao benefício, pois a maioria dos trabalhadores expostos a ruído alcançava esse
limite. Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, até 31 de dezembro de 2003. Sob a égide desse decreto o limite de tolerância
para ruído foi majorado, passando de 80 dB(A) para 90 dB (A), que pela NR15, saindo de 50% para 200% da dose unitária,
considerando o fator de dobra 5 (q=5). Dessa forma o governo implementou uma fortíssima restrição ao acesso ao benefício.
Atualmente está em vigor o Decreto nº 4.882/2003, vigor a partir de 01 janeiro de 2004 até os dias atuais. Este Decreto faz
uma reestruturação conceitual, retificando as falhas dos decretos anteriores, ao adotar o fator de dobra 3 (q=3), a metodologia
e procedimentos da NHO 1 da Fundacentro e principalmente a definição de Nível de Exposição Normalizado - NEN com limite
de tolerância considerado igual ou acima 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou se for ultrapassada a dose unitária. Dessa forma acabou
com o erro de duplicação de dose que adotava q = 5 e transformou uma norma recomendatória em norma mandatória para
fins de INSS e RFB, vinculando os limites de tolerância, medições, procedimentos, equipamentos, certificação e metodologia à
NHO 01 Fundacentro.
165
UNIDADE IV │ RUÍDO
A diferença entre a definição técnica dos TLV e a definição legal dos LT é que a lei
não pode fazer distinção entre pessoas, de modo que os LT se aplicam igualmente a
todos os trabalhadores asseverando que abaixo dele todos estão protegidos. Por outro
lado, a definição técnica (TLV) não é tão rígida, permitindo que os limites de exposição
não sejam aplicados a todos os trabalhadores, devido à variação da susceptibilidade
individual, em que uma parcela poderá apresentar até uma determinada doença em
concentrações iguais ou inferiores ao LT.
Limite de Tolerância para ruído deve ser bem compreendido. Conforme o Anexo I da
NR-15 o nível máximo permitido para 8 horas de jornada diária é de 85 dB(A), o que não
significa absolutamente que o limite de exposição para ruído seja 85 dB(A),
mas, como visto, um critério de referência, quando muito um critério de
referência primário. Na verdade, o limite de tolerância para ruído varia de acordo
com o tempo de exposição.
Para entender melhor, basta analisar o dito Anexo I. O nível de pressão sonora permitido
depende do tempo de exposição, assim, para um nível de 90 dB(A) o tempo máximo
permitido de exposição será de 4 horas. Como na vida real os níveis de ruído nos locais
de trabalho são múltiplos e variados, o correto é utilizar a soma das frações de dose e,
por conseguinte, encontrar a dose diária a que o trabalhador está exposto. O parâmetro
dose pode ser obtido por meio de dosímetros de ruído ou da fórmula:
166
RUÍDO │ UNIDADE IV
Nessa equação, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de
ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo
o Quadro do Anexo I. A dose diária não deve ultrapassar a unidade, ou o limite
de tolerância terá sido excedido.
16
T (h) = Lavg −80
2 5
16 16 16
T (=
h) 92 −80
T (=
h) 12
T (=
h) = 3h
22,4
2 5
2 5
167
UNIDADE IV │ RUÍDO
Nível de ruído dB(A) Tempo máximo diário permissível (Tn) (minutos) Notas
85 480,00 Critério de Referência
86 420,00
87 360,00
88 300,00
89 270,00
90 240,00
91 210,00
92 180,00
93 75,59
94 60,00
95 120,00
96 105,00 q = 5 dB(A)
98 75,00
100 60,00
102 45,00
104 35,00
105 30,00
106 25,00
108 20,00
110 15,00
112 10,00
114 8,00
115 7,00 Exposição impossível por exiguidade temporal
168
RUÍDO │ UNIDADE IV
16
T (h) = Lavg −80 operando a álgebra de logaritmos
2 5
16
16 log 12
log T = Lavg 5 x + 80
=Lavg 5 x + 80
log 2
log 2
16
T (=
min ) =85 −80
8h 82 dB(A)
2 5
14 Essa exclusão implica resultados significantemente inferiores aos que seriam obtidos caso se computadas as exposições a
partir de 80 dBA.
15 Item 5.1 da NHO 01 da Fundacentro: A avaliação deve ser realizada utilizando-se medidores integradores de uso pessoal,
fixados no trabalhador. Na indisponibilidade destes equipamentos, a Norma oferece procedimentos alternativos para outros
tipos de medidores integradores ou medidores de leitura instantânea, não fixados no trabalhador, que poderão ser utilizados
na avaliação de determinadas situações de exposição ocupacional. Em cada caso deverão ser seguidos os procedimentos
de medição específicos estabelecidos na presente Norma. No entanto, as condições de trabalho que apresentem dinâmica
operacional complexa, como, por exemplo, a condução de empilhadeiras, atividades de manutenção, entre outras, ou que
envolvam movimentação constante do trabalhador, não deverão ser avaliadas por esses métodos alternativos.
169
UNIDADE IV │ RUÍDO
Assim para 12h de trabalho, tem-se um nível sonoro médio de Lavg = 82 dB(A). Como essa
energia está entre 85 dB(A) e 80 dB(A), deve ser descartada. Há aqui flagrante ofensa ao
trabalhador, com agravante de inclusive dissimular o pagamento do adicional e consigo
o direito a se aposentar mais cedo. Ademais, ataca-se o princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana, comete-se crime de sonegação fiscal por deixar recolher
FACET à RFB, bem como o direito à redução de risco.
Esse fato se agrava mesmo quando se mantém o Lavg em 85 dB(A), pois, novamente,
basta fazer hora-extra, além das 8h, para se agredir o trabalhador sem a subsunção do
adicional de insalubridade, conforme se demonstra a seguir:
16
T (=
min ) = 85 −80
8h
2 5
Ou seja, pela fórmula acima, qualquer quantidade de tempo extra a 85 dB(A), depois
da 8h nessa condição, ultrapassa-se a dose de 100%. A desvantagem ao trabalhador se
agrava, notadamente nesse intervalo entre 85 dB(A) e 80 dB(A), pois, projetando-se
tempos para esses níveis de energia, tem-se:
16
»» Para Lavg de 83 db(A) T (=
min ) =83−80
10h que implica o máximo de duas
2 5
horas extras.
16
»» Para níveis de Lavg na casa dos 80 dB(A) T (=
min ) = 80 −80
8h cujo máximo
2 5
Por tudo isso, reforça-se a bifurcação necessária quanto à exegese normativa, pois
quando o objeto for pagamento de adicional de insalubridade por ruído contínuo ou
intermitente deve se aplicar Anexo I da NR 15. Apenas para este fim.
170
RUÍDO │ UNIDADE IV
Igualmente pelo item 3.13 da ANSI_S1_25, que faz previsão expressa quanto ao
obsoletismo do q=5, ao dizer, por tradução livre17: Critério de Exposição Sonora. O
produto da duração do critério e média quadrática da pressão sonora correspondente
critério de nível sonoro quando o fator de troca de 3 dB é utilizado. O produto da
duração do critério e a potência de 0,6 ou 0,75 média quadrática da pressão sonora
correspondente ao critério de nível sonoro quando, respectivamente, é utilizado o fator
de troca de 5 dB ou 4 dB.
Eis a origem do fator de dobra q=5! Descobre-se então a origem do q=5 como uma conta
de chegada, pois decorre da aplicação de um redutor de 40% da energia verdadeira de
exposição (q=3), ou seja, conforme item acima, divide-se o verdadeiro fator de q=3 por
0,6, que dá o q=5.
16 Nota do item 3.12 da ANSI_S1_25 (grifado): in general, for the 3 db exchange rate, which is sometimes called the “true
energy” sistem, sound exposure may be defined as the time integral of square instantenous A-weighted sound pressure. Time
averiging is optional, or may not be used.
17 Criterion Sound Exposure. The product of the criterion duration and the mean-square sound pressure corresponding to the
criterion sound level when the 3 dB exchange rate is used. The product of the criterion duration and the 0,6 or 0,75 power of
the mean-square sound pressure corresponding to the criterion sound level when the 5 dB or 4 dB exchange rate respectively
is used.
171
UNIDADE IV │ RUÍDO
18 Curiosidade. Faz-se um paralelo temático entre instituições estadunidenses e brasileiras: OSHA Fiscalização Vigilância
Sanitária pelo SUS e Secretaria de Inspeção do MTE; NIOSH Pesquisa pela Fundacentro e ACGIH Associação de
Profissionais (ABHO).
172
RUÍDO │ UNIDADE IV
NHO 01 da
Anexo I da NR RFB e
Parâmetro ACGIH (1976) ACGIH (2017) Fundacentro OSHA (2017)
15 (1978) INSS
(2001)
Critério de Dose 100% 8 h Dose 100% 8 h Dose 100% 8 h Dose 100% 8h por dia Dose 100% 8 h
Referência por dia 85 dB (A) por dia 85 dB (A) por dia 85 dB (A) 85 dB (A) por dia 90 dB (A)
Fator de Troca NHO 01
5 5 3 3 5
(q ou ER)
Nível de Limiar
85 dB (A) 85 dB (A) 80 dB (A) 80 dB (A) 90 dB (A)
de Integração
Fonte: Próprio autor (2019)
Para se ter uma ideia prática do enorme prejuízo à saúde do trabalhador que a manutenção
desse Anexo I da NR 15 provoca, faz-se uso a seguir do estudo das pesquisadoras da
Fundacentro – Teresa Cristina Nathan Outeiro Pinto e Maria Cristina Esposito Silverio
– que, mediante exemplificação de campo, deixa insofismável tal assertiva. Têm-se cinco
trabalhadores de uma usina de reciclagem de entulho da construção civil, conforme
quadro:
Cargo Trabalhador
Operador de botoeira A
Separador na esteira próximo ao britador B
Motorista da pá carregadeira C
Separador de material na frente da esteira D
Ajudante na separação de material E
A avaliação ambiental foi realizada com dosímetros de ruído que permitiam a colocação
dos dois critérios de referência: Anexo 1 da NR 15 e da NHO 01 (Fundacentro). Como
os parâmetros utilizados eram diferentes, as doses de exposição obtidas também foram
diferenciadas, conforme demonstrado na Figura 43.
19 O INSS variou critérios no tempo, conforme a seguir: até 5 de março de 1997 - exposição for superior a oitenta dB (A); de 6 de
março de 1997, até 10 de outubro de 2001 - exposição for superior a noventa dB (A); de 11 de outubro de 2001 a 18 de novembro
de 2003 - exposição for superior a noventa dB (A); e, a partir de 01 de janeiro de 2004 - Nível de Exposição Normalizado - NEN
se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ultrapassada a dose unitária.
20 The TLV®s used as reference by Brazilian law, was from ACGIH ®, 1976. ACGIH ® TLV’s took into account the working day
of 40 hours / week. 1978 NR’s OEL’s had to be adjusted for 48 hours / week. TLV’s had to be reduced for Brazil at that time and
were 22% lower than ACGIH due to this adjustment in 1978.
173
UNIDADE IV │ RUÍDO
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
A B C D E
NR15 117,17 100,11 869,31 151,74 75,76
NHO01 246,3 213,78 4724,23 435,74 160,96
NR15 NHO01
A análise dos dados permite concluir que os cinco trabalhadores estão em situação
de risco pelo critério da NHO 01; porém o “E”, não, dada a permissividade da NR
15, que aponta dose de 75,76%. Para os cinco trabalhadores há ativação do tributo
FACET e, portanto, obrigação da empresa em recolher à RFB a quantia de 6% sobre as
remunerações, tendo os mesmos direitos a conversão de tempo para especial (25 anos),
nesse mês de trabalho declarado em GFIP/eSocial.
Além disso, todas as medidas de engenharia e administrativas devem ser tomadas para
mitigar esse ostensivo desequilíbrio ambiental, sob pena de se cometer crime doloso
de expor a risco (dolo eventual), em especial contra o trabalhador “C” que sofre um
excesso de risco de 4.624,23%21.
Detalhe marcante são as diferenças de magnitude das doses comparadas, cujas razões
entre NHO 01 (valor verdadeiro) e NR 15 (valor comprimido) mostram, respectivamente:
2,10 para “A”; 2,13 para “B”; 5,43 para “C”; 2,87 para “d” e 2,12 para “E”.
Esse exemplo prático das pesquisadoras demonstra de forma cabal o enorme prejuízo à
verdade científica e ao direito do trabalhador, com todas as consequências ambientais,
21 Código Penal. Perigo para a vida ou saúde de outrem. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um
sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
174
RUÍDO │ UNIDADE IV
Tem-se então que a adoção desses dois parâmetros (NLI > 85 dB(A) e q=5) autoriza uma
fraude para muito além do direito, uma fraude científica com repercussões catastróficas
ao trabalhador. Lembrando que nos patamares ruidosos do exemplo, o marcador não é
a surdez, ainda que para ela convirja, mas a amputação, lesão, acidente e a morte, pois
os efeitos extra auditivos do ruído relacionados aos distúrbios e disfunções cardíacas,
circulatórias, hormonais, psíquicas, emocionais inevitavelmente a eles dão causam.
Por tudo até aqui exposto, o uso das fórmulas, tabelas e exemplos acima, baseados no
Anexo I da NR 15, é equivocado e não deve ser aplicado quando o objeto investigado é
a prevenção ou ainda o bem jurídico tutelado é o benefício de aposentadoria precoce
por exposição (INSS), com repercussão tributária relacionada ao FACET (RFB). Isso
porque, para tais situações, devem-se usar a norma NHO 01 da Fundacentro e seus
parâmetros, na íntegra.
175
CAPÍTULO 5
Fundamentos científicos relativos ao
ruído
Acessar https://www.worksafebc.com/en/resources/health-safety/books-guides/
occupational-noise-surveys?lang=en, baixar document (Occupational Noise
Surveys. Work Safe BC. April 2007), consultar página 5 (Figure 1). Verifica-se que
há equivalência de áreas sob as curvas, que a energia variável ao longo do tempo
pode ser representada pela área de um retângulo cuja ordenada, para o mesmo
tempo, é aquela que resulta a igualdade de áreas. O gráfico da esquerda apresenta
os pontos de medição das pressões instantâneas em função do tempo. A esses
pontos se ajusta uma curva que por técnicas de regressão linear, se consegue
definir uma função derivável no tempo. A área sob essa curva é apurada pela
integral dessa função, cujo valor é a dose (D). Dose, portanto, é a resultante do
somatório de intensidades variáveis ao longo do tempo, em outras palavras:
D = I x T. O gráfico da direita indica uma simplificação do da esquerda, dado
que um instrumento (audiodosímetro) com circuito integrador de pressões
instantâneas já encontrou a dose. Assim, ao invés de se trabalhar com uma área
geometricamente indefinida (ou de difícil manuseio), como o da esquerda, faz-
176
RUÍDO │ UNIDADE IV
O TLV é uma média que permite flutuações em torno dela, desde que no final da jornada
de trabalho o valor médio tenha sido mantido. O TLV – TWA (Time Weight
Average) – é a intensidade média ponderada pelo tempo de exposição para a jornada
24 O Lavg significa Nível Médio (Average Level) representa a média do nível de ruído durante um determinado período de
tempo, utilizando-se qualquer incremento de duplicação de dose, com exceção do “3”. O anexo I da NR-15 não especifica qual
o incremento de duplicação de dose utilizado para o cálculo dos limites de tolerância estabelecidos, porém, após a análise da
tabela, verifica-se que toda vez que há um aumento de 5 decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela metade,
concluindo-se assim, que os limites da legislação brasileira foram definidos utilizando-se o incremento de duplicação de dose
“5”.
177
UNIDADE IV │ RUÍDO
Leq, Lavg ou TWA? Nem sempre eles são sinônimos. Qual é a diferença entre Lavg
e TWA? Lavg é o nível médio de som durante o tempo de execução de sua amostra.
Exemplo, para medição por 30 minutos, Lavg é o nível médio de som durante esse
período. O TWA assume sempre um tempo de execução de 8 horas.
Qual é a diferença entre Leq e o Lavg? Lavg utiliza q = 5; Leq, q = 3. Como é muito
frequente haver confusões e uso indevidos de fórmulas em aplicações práticas, faz-se
necessário apresentar as duas abordagens que dependem da forma pela qual se avalia o
ambiente. Essas duas abordagens dependem do fator de dobra (q).
q 1 t1 p ( t ) ( 20.log 2) /q
Neq
= TWA
= x log ∫ dt
Log2 T t0 p2
0
Onde: TWA = ruído médio ponderado no tempo; p(t) = pressão em cada instante t; T
= tempo total da medição; Po = pressão referência (2 x 10-5 Pa) e q = fator de dose ou
dobra.
3 1 t1 p ( t ) ( 20.0,30 ) /3
( 20.0,30 ) /3
Neq TWA
= = 3 x log 1∫ t1 p ( t ) dt
= = 0,30 x log T ∫t 0 p 2
Neq TWA 2 dt
0,30 T t 0 p0 0
1 t1 p ( t ) ( 2()2)
Neq
= TWA= 10 x log 1∫ t1 p 2( t ) dt
Neq = 10 x log T ∫t 0 p 2
= TWA dt
T t 0 p0 0
25 Time-weighted average (TWA). Média ponderada no tempo (TWA): A média dos níveis de exposição diferentes,
durante um período de exposição. Para o ruído, tendo em conta um limite de exposição de 85 dBA e uma taxa
de câmbio de 3 dB, o TWA é calculado de acordo com a seguinte fórmula: TWA = 10,0 x Log(D/100) + 85,
onde D = dose. Equivalent continuous sound level. Nível sonoro contínuo equivalente: 10 vezes o logaritmo na
base dez da proporção de tempo-mean-square instantânea de pressão sonora, durante um intervalo de tempo
determinado T, ao quadrado da pressão sonora do padrão de referência. Unidade, dB; respectivas abreviações,
TAV e TEQ; símbolos, LAT e LAeqT (ANSI S1.1-1994: tempo-média nível sonoro; nível sonoro contínuo equivalente
de intervalo de tempo; intervalo de tempo equivalente contínuo ponderação a nível de pressão sonora; nível
sonoro contínuo equivalente).
178
RUÍDO │ UNIDADE IV
Esta última formula é exatamente a definição de Nível Equivalente - Neq da NHO 01.
Tem-se, portanto, que para q=3 o TWA = Neq, assim entendido o nível médio baseado
na equivalência de energia.
1 t1
Neq = 10 x log ∫ 10( NPSt /10) dt
T t 0
1 90 80
85
=Neq 10 x log 10 + 10 =
10 10
+ 10 10 90,81 dB ( A )
3
D x8
=Leq 10 x log( ) + 85
T
179
UNIDADE IV │ RUÍDO
Dessa forma se montou a Tabela da NHO 01. Esse Leq basicamente é o NE da NHO
01. Neste momento é importante que o leitor pesquise a NHO 01 da Fundacentro para
melhor apropriar-se. Todavia, adiantam-se alguns comentários que ajudarão na
aplicação do conhecimento. Verifique a Tabela 22. A NHO 01 da Fundacentro seguiu
a modelagem acima da ANSI S12.19, que adotou o q=3 e NLI = 80 dB(A), tendo a
seguinte expressão como base, considerando D (%), dose em percentual:
Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na constante
numérica
q 10, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela da equação fundamental:
q 5
Log2 . Assim aplicando q=3, tem-se ( = ) que resulta em 10. Assim, para
situação de jornada com: Log2 Log2
Tabela 22: Nível de ruído em dB(A) e Tempo máximo diário permitido (min) pela NHO 01
180
RUÍDO │ UNIDADE IV
93 75,59
94 60,00
95 47,62
96 37,79
97 30,00
98 23,81
99 18,89
100 15,00
101 11,90
102 9,44
103 7,50
104 5,95
105 4,72
106 3,75
107 2,97
108 2,36
109 1,87
110 1,48
111 1,18
112 0,93
113 0,74
114 0,59
115 0,46
Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão linear à razão
de 3dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, permite-se um incremento de 3dB
na intensidade. Assim, para Nível de Ruído dB(A) – 85 Máxima Exposição Diária
Permissível 480 min; 88 240min; 91 120min; 94 60min; 97 30min; 100
15min; 103 7,5min; 1063,75min; 109 1,87min; 112 0,93min e 115 0,46min. A
partir deste ponto é risco grave e iminente.
181
UNIDADE IV │ RUÍDO
A tabela seguinte apresenta a evolução das doses diárias quando se considera o nível
médio por equivalência de energia pelos critérios adotados pela NHO 01, segundo a
ANSI S12.19-1996, quais sejam:
Em termos de dose, derruba de 1.000 % (verdadeira) para apenas 400% (irreal). Por
isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas principalmente
determinar o escopo e vigência de cada um. Destoando da carga verdadeira, o Brasil,
via Anexo I da NR 15, adotou o q=5 em 1978, e ainda mantém, para fins de adicional
de insalubridade, constituindo-se em um caso à parte, excepcional mesmo, cuja
equacionamento, derivado da equação fundamental, sofre alguns ajustes para acomodar
o q=5, conforme abaixo:
D
Neq = TWA = 80 + 16, 61 x log (9, 6 x
T
Com D (%), dose em percentual; T (min) = tempo da medição em minutos; e, 9,6 é
constante que considera 480 min, dividido 100, vezes 2.
Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na constante
numérica 16,61, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela da equação
q
fundamental: . Assim, aplicando q=5, tem-se ( q = 5 ) que resulta na
Log2 Log2 Log2
constante 16,61. Assim, para situação de jornada:
182
RUÍDO │ UNIDADE IV
Dessa sequência matemática é que se construiu o Anexo I da NR 15, para cada uma das
situações acústicas abaixo indicadas:
Dado o Nível Equivalente (NE para NHO 01 e Lavg para NR 15), a partir da dose
aferida via audiodosímetro, encontra-se o tempo máximo permitido para cada situação
acústica, aplicando as fórmulas abaixo, para q=3 e q=5, respectivamente. Para decidir
qual fórmula aplicar, basta identificar nas equações abaixo aquelas com o número 3,
pois essas serão da NHO 01; e número 5, pela NR 15.
183
UNIDADE IV │ RUÍDO
Exercício Resolvido 1
Discussão.
184
RUÍDO │ UNIDADE IV
»» Para q=3, nos termos da NHO 01, aplicando os tempos de exposição pelos
tempos máximos permitidos, se encontra a dose:
360 60 60
»» + + = 1,6059, que representa uma dose de 160,59%
560,37 210,39 88, 46
»» Para q=5, nos termos do Anexo I da NR 15, aplicando os tempos de
exposição pelos tempos máximos permitidos, se encontram duas doses:
360 60 60
+ + = 1,2334, que representa uma dose de 123,34%, considerando
526, 72 292, 62 173,99 60 60
a carga acústica inferior a 85 dB(A) ou = + 0,5499, que representa uma
292, 62 173,99
dose de 54,99%, na hipótese altamente restritiva, uma vez que desconsidera a carga
acústica inferior a 85 dB(A).
Como visto nesta obra, o descarte das energias inferiores a 85 dB(A) não é razoável,
portanto, assinalamos como valor correto, pela NR 15, a dose de 123,34%. Todavia,
registre-se que ao fazer esse descarte, suprimindo a carga relativa à primeira a situação
(84,33 dBA), tem-se uma dose de 54,99%.
a. DNHO = 160,59%
b. DNR15 = 123,34%
Discussão
Assevera-se que pelo Anexo 1 da NR 15, com aplicação reduzida pelo descarte das cargas
inferiores a 85 dB(A) a dose (DNR15 = 54,99% e Lavg de 80,69 dB(A)] há um enorme
prejuízo ao trabalhador, dado o escancarado disparate de apuração de dose para as
mesmas situações acústicas. A situação acústica (84,33 dB (A)) não é capturada, pois
como não está listada naquele anexo 1, pressupõe-se erroneamente que a exposição
possa ir ao infinito, quando em verdade poder-se-ia se expor até 526,72 min. Além
disso, como já visto, a NR 15 por adotar fator de dobra (q) igual a cinco, faz com que
a dose apurada seja 54,99% e reduzida a praticamente um terço da real. Equívoco
que persiste desde 1977 até os dias atuais por conta do viés ideológico, que mesmo
adotando essa conta errada, tem-se que se ao se ultrapassar a dose máxima, paga-se
uma 20% do salário-mínimo: verdadeiro estímulo à agressão e lesão corporal. Percebe-
se neste caso (160,59% dividido por 54,99%) que a dose real, e correta, é quase três
vezes aquela fictícia, e errada, calculada pela NR15, com aplicação reduzida. Mesmo
mitigando, ainda assim, se percebe neste caso (160,59% dividido por 123,34%) que a
dose real, e correta, é quase 30% superior àquela fictícia, e errada, calculada pela NR15,
com aplicação inclusiva. Reafirma-se aqui que não há no Anexo I da NR 15 nenhuma
determinação expressa de supressão das cargas inferiores a 85 dB(A) e superiores a
80 dB(A), além do raciocínio ilógico e irracionalidade física dessa exclusão, motivos
pelos quais se deve proceder ao cálculo do somatório das frações de dose com essas
cargas, mitigando assim, ainda que de forma residual, o desvio promovido pela NR 15
da verdadeira situação acústica a qual se subordina o trabalhador.
186
RUÍDO │ UNIDADE IV
Exercício Resolvido 2
Exercício Resolvido 3
d. Calcule o Lavg NR 15
g. Discussão.
187
UNIDADE IV │ RUÍDO
Necessário se faz suprir a tabela da NR 15 Anexo 1, com os valores até o limite inferior da
integração, 80 dB (A). Assim, operando a projeção de resultados, preenche-se a tabela
16
da NR 15. Então, com q=5, para Lavg de 84 db(A), tem-se: T (= min ) = 84 −80
9h ; para 83
16
10h ; (...) para 80 dB(A) 16h, assim em diante,2 conforme abaixo:
5
db(A), T (=
min ) =
83−80
2 5
Lavg pela NR15 Lavg = 80+16,61 log (0,16 D/T). Sendo, T = tempo de amostragem
(horas decimais) e D = contagem da dose (porcentagem). Lavg = 80+ 16,61. Log (0,16.
119,6/8) Lavg = 86,29 dB(A).
189
CAPÍTULO 6
Ruído de impacto
A determinação da exposição ao ruído de impacto ou impulsivo deve ser feita por meio
de medidor de nível de pressão sonora operando em “Linear” e circuito de resposta
para medição de nível de pico. Neste critério o limite de exposição diária ao ruído de
impacto é determinado pela expressão a seguir:
Np n Np n Np n
120 10000 127 1995 134 398
121 7943 128 1584 135 316
122 6309 129 1258 136 251
123 5011 130 1000 137 199
124 3981 131 794 138 158
125 3162 132 630 139 125
126 2511 133 501 140 100
190
Considerações finais
Este caderno abordou aspectos essenciais dos fatores de riscos físicos que dão base a
essas ações.
Saudações prevencionistas!
191
Referências
Artigo Técnico publicado pela Revista ABHO, Ano 9, Número 21, em setembro/2010,
além do enorme valor histórico, é revelador da saga brasileira contra a chaga social
representada pelos acidentes do trabalho.
BELDING, HS; Hatch, TF. Index for evaluating heat stress in terms of resulting
physiological strain. Heating Piping Air Condit 27:129-136. 1955.
192
REFERÊNCIAS
BRASIL. RFB, Instrução Normativa 971. Capítulo IX. Riscos Ocupacionais. 2009.
FULLER, FH; BROUHA L. New engineering methods for evaluating the job
environment. ASHRAE J 8(1):39-52. 1966.
GISOLFI, CV; WENGER, CB. 1984. Temperature regulation during exercise: Old
concepts, new ideas. Exercise Sport Sci Rev. 12:339–372
193
REFERÊNCIAS
http://docplayer.com.br/22762023-Titulo-analisando-os-limites-de-tolerancia-
brasileiros-autoras-teresa-cristina-nathan-outeiro-pinto-maria-cristina-esposito-
silverio-p.html (2005).
https://alunosonline.uol.com.br/fisica/lei-stefan-boltzmann.html.
https://archive.org/details/gov.law.ansi.s1.25.1991
194
REFERÊNCIAS
LEITHEAD, CA; LIND, AR. 1964. Heat Stress and Head Disorders. Londres:
Cassell.
MORAES, O. et al. O calor e o operário da construção civil: estudo de caso. In: Encontro
Nacional Sobre Conforto no Ambiente Construído, 2003, Curitiba. Anais...
Curitiba, PR: [S. n.], p. 330-337. 2003.
National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). 1986. Occupational
exposure to heat and hot environments. HSM 72-10269. Washington, DC:
US Department of Health Education and Welfare. NIOSH Publication No. 86-113.
Washington, DC: NIOSH. 2013 (Draft). 2016.
195
7933. Hot Environments - Analytical Determination and Interpretation of Thermal
Stress using Calculation of Required Sweat Rate. Ginebra: ISO.
PARSONS, KC; FOX, JG; METZ, B. Heat stress indices (número especial). Ergonomics.
Vol. 38, No. 1, enero 1995.
SANTOS, U. P. et al. Ruído: Riscos e Prevenção, 2° ed. São Paulo: Hucitec. 1996.
Suter (1992) also concluded that the 3 dB(A) exchange rate was the method most firmly
supported by the scientific evidence now available. Some key arguments summarized
were: 1. TTS2 (TTS measured 2 minutes after exposure) is not a consistent measure
of the effects of a single day’s exposure to noise, and the NIPTS after many years may
be quite different from the TTS2 produced at the end of an 8-hour day. Research has
failed to show a significant correlation between TTS and PTS, and the relationships
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REFERÊNCIAS
between TTS, PTS, and cochlear damage are equally unpredictable. 2. Data from animal
experiments support the use of the 3 dB(A) exchange rate for single exposures of various
levels within an 8-hour day. But there is increasing evidence that intermittency can be
beneficial, especially in the laboratory. However, these benefits are likely to be smaller or
even non-existent in the industrial environment where sound levels during intermittent
periods are considerably higher and where interruptions are not evenly spaced. 3. Data
from a number of field studies correspond well to the equal-energy rule. 4. CHABA’s
assumption of the equal temporary effect theory is also questionable in that some of
the CHABA-permitted intermittent exposures can produce delayed recovery patterns
even though the magnitude of the TTS was within “acceptable” limits, and chronic,
incomplete recovery will hasten the advent PTS. The CHABA criteria also assume
regularly spaced noise bursts, interspersed with periods that are sufficiently quiet to
permit the necessary amount of recovery from TTS. Both of these assumptions fail to
characterize noise exposures in the manufacturing industries, although they may have
some validity for outdoor occupations, such as forestry and mining. Por tradução livre
do autor: Suter (1992) concluiu que o fator de 3 dB (A) era o método mais firmemente
suportado pela evidência científica agora disponível. Alguns dos principais argumentos
resumidos foram:
1. O TTS2 (TTS medido 2 minutos após a exposição) não é uma medida consistente dos
efeitos de uma exposição de um dia ao ruído e o NIPTS, pois após muitos anos pode
ser bastante diferente do TTS2 produzido no final de um dia de 8 horas. A pesquisa
não mostrou correlação significativa entre TTS e PTS, e as relações entre TTS, PTS e
danos cocleares são igualmente imprevisíveis. 2. Os dados de experiências com animais
apoiam o uso do fator de troca a 3 dB (A) para exposições únicas de vários níveis dentro
de um dia de 8 horas. Mas há evidências crescentes de que a intermitência pode ser
benéfica, especialmente no laboratório. No entanto, esses benefícios provavelmente
serão menores ou mesmo inexistentes no ambiente industrial onde os níveis de som
durante os períodos intermitentes são consideravelmente maiores e onde as interrupções
não estão uniformemente espaçadas. 3. Os dados de uma série de estudos de campo
correspondem bem à regra de energia igual. 4. O pressuposto de CHABA da teoria do igual
efeito temporário também é questionável em que algumas das exposições intermitentes
permitidas por CHABA podem produzir padrões de recuperação atrasados, embora
a magnitude do TTS esteja dentro dos limites “aceitáveis” e a recuperação crônica e
incompleta acelerará a chegada do PTS. Os critérios CHABA também assumem razões de
ruído regularmente espaçados, intercalados com períodos suficientemente silenciosos
para permitir a quantidade necessária de recuperação de TTS. Ambos os pressupostos
não caracterizam a exposição ao ruído nas indústrias de manufatura, embora possam
ter alguma validade para ocupações ao ar livre, como a silvicultura e a mineração.
197
REFERÊNCIAS
The NIOSH recommended exposure limit (REL) of 85 dBA for occupational noise
exposure audiometric frequency in the definition of hearing impairment. The new
risk assessment reaffirms support for the 85-dBA REL. The excess risk of developing
occupational noise-induced hearing loss (NIHL) for a 40-year lifetime exposure at the
85 dBA REL is 8%, which is considerably lower than the 25% excess risk at the 90 dBA
permissible exposure limit currently enforced by the Occupational Safety and Health
Administration (OSHA) and the Mine Safety and Health Administration (MSHA).
Tradução livre: O NIOSH recomendou o limite de exposição (REL) de 85 dBA para a
frequência audiométrica da exposição ao ruído ocupacional na definição de deficiência
auditiva. A nova avaliação de risco reafirma o suporte para o REL de 85 dBA. O excesso
de risco de desenvolver perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional (NIHL) para
uma exposição de vida de 40 anos no REL de 85 dBA é de 8%, o que é consideravelmente
menor do que os 25% no limite de exposição admissível de 90 db, atualmente aplicado
pela OSHA e a Administração da Segurança e Saúde das Minas (MSHA).
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