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CRIOULA 
REINADO 
 
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Crioula Reinado: Encontro de Raízes


Realização: Maranha Filmes

Equipe: Tiago Pereira, Victor Dias, Paula Kimo, André Anastácio,


Fernanda Cabral, Isabella Santos, Karoline Maia.

Por anastácio
Direção de Arte
2017

Crioula Reinado
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projeto. O conteúdo é de propriedade da equipe, que internamente se
organizou de forma coletiva e livre, copyleft, copyfight.
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Canção de crioulos

Uma canção de crioulos


dança no ar
brota do chão
sopra do mar
Uma canção de crioulos dança no ar
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Carrega uma estranha energia


Imponderável alegria
e não alimenta nenhuma velha esperança vadia
Dorme a cidade
o cansaço do dia
O sono que é pura anestesia
E não se sabe de onde, como e porque
essa canção faz tremer, acordar
Uma canção de crioulos
dança no ar

(Abel Silva)
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_ A sombra do invisível

O sal não faz sombra na água do mar, atravessa oceano, escorrega da


testa preta brilho prata do sol a pino. Cai sobre a terra a lamúria
da travessia forçada, da raiz sangrada, do banzo banto silenciado
no açoite. No mercado do porto vendia-se carne negra, a receita da
desumanidade usava o corpo escravo como força motriz para extrair
açúcar da terra. O privilégio do doce na mesa de poucos é féu na
garganta sofrida de muitos.

Quando o sol oferece clemência ao ardor da ferida aberta, cai sobre


a terra o negro como a noite, transforma a dor do açoite em murro
na pele do tambor e coice no giro da saia. Acende a fogueira, uma
luz, evocando de seus ancestrais sua força. O fogo molda o tom da
liberdade do corpo e da mente, e o divino se manifesta em acalanto
as dores causadas na vida. O transe vibra a pele do tambor e se faz
instrumento de conexão com as forças da natureza, com o divino em
devir, dentro e fora do corpo movendo o todo. Assim o sofrimento se
fez poesia na metafísica do tempo, e os encontros criaram uma rede
de relações identitárias para nenhum tráfego(ico) de energias
ocorrer em vão.

Se trata de outra forma de viver mundo, outra ciência, comunicação,


filosofia. Inteligência integrada a uma metafísica do animismo, a
imanência é latente. Os povos da diáspora são povos de
re-existência, recriação da vida. Arrancados de sua origem lutaram
contra a morte do corpo e do espírito. Transmutaram a dor em
alegria, o cárcere em liberdade, a história em cultura, a desgraça
em fé. Essa forma de olhar o mundo carrega missões, e talvez uma
delas seja desembrutecer o estado de espírito, na esperança de uma
humanidade mais sensível às emoções que nos conectam como parte de
um todo.
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_ Visita ao ancestral

A expedição foi encontrar, viver, respirar o cotidiano de pessoas


que lutam para manter viva sua ancestralidade, para se manter vivos
enquanto participantes ativos da construção cultural, histórica e
territorial desse país. O tambor de Crioula foi registrado pelo
IPHAN como patrimônio cultural brasileiro em 2007, na gestão de
Gilberto Gil, o que lhes confere importância como patrimônio
imaterial da nossa gente. Uma construção da imaginação, o
pensamento, a vivência, a relação social dando forma e conteúdo as
maneiras de entender e experienciar o mundo.

Nos deparamos com outro tempo, outro fazer, linguagem, sabores,


relação com identidade, luta e resistência em um caldeirão de
mistura inebriante. Mãe severina me disse sentada em sua varanda “O
mundo é um caldeirão meu filho”. Dessas misturas podemos perceber
os ritos que estimulam o movimento, o fazer, o continuar e renovar
o dia a dia duro como o Sol do Maranhão, realidade vivida com
força, sensibilidade, inteligência emocional e fé, tudo isso serve
de tempero para a cultura, cultura do tambor, cultura ancestral. O
calendário dos quilombolas segue as festividades dos Santos que
lhes proporcionaram sentido para existência, saúde pra continuar,
força pra trabalhar e lutar, boa safra para estancar a fome,
redenção.

A cultura e a arte nesse caso emana com naturalidade, o povo de


Santa Rosa dos Pretos produz arte e cultura não como produto, mas
como exercício de estar vivo, arte e vida indiscerníveis nas
performances do cotidiano. Nas palavras de Allan Kaprow, conhecido
por ser um dos precursores em conceitos de performance e happenings
“A linha entre arte e vida deve manter-se tão fluída, e talvez
indistinta, quanto possível”, ele dedicou a vida tentando acessar
esse lugar na arte que vimos expressa com naturalidade e intuição
no Quilombo. Não sei dizer em que momento era Cultura, vida,
missão, fé, esses lugares se entrelaçam na composição de situações
de causalidade e êxtase.

Nesse sentido gosto da perspectiva de Geertz em “O saber Local”,


diferenciando a produção de arte e cultura meramente amparada pelas
ordens estéticas, de uma produzida como forma de expressão de “uma
formação coletiva; e de que as bases de tal formação são tão amplas
e tão profundas como a própria formação social.”(GEERTZ).
Observando as composições pictóricas Iorubás, Geertz tem a
impressão que elas não tem pretensão de representação de uma
estrutura social, mas sim de materializar uma forma de viver. O
Cofo bolsa de palha produzido pela comunidade, são de incrível
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beleza estética, mas cada trançado feito com o olho da pindoba,


corresponde a uma atividade cotidiana: abano, pesca, colheita.

Entender esses saberes, conhecimentos, inteligência emocional e fé,


na formação cultural como uma maneira de entender o mundo e viver,
pode nos aproximar desse reconhecimento tão necessário da cultura
ancestral, e nesse caso da Afrocentricidade. Existe aí uma
responsabilidade com a memória desse povo, sua trajetória de vida e
luta, sintetizados nas manifestações que tivemos o privilégio de
vivenciar.

Na prosa gravada a caminho de Santa Joana, Jaqueline fala da


importância da lei 10.639 que visa trabalhar a perspectiva do negro
na formação histórica do Brasil, e fortalecer as diretrizes
nacionais de educação quilombola. Porém o descaso e má vontade do
poder público teima em não deixar que esses valores históricos e
culturais venham à tona. Segundo Jaqueline livros didáticos que
serviriam para contar a verdadeira história do negro, estavam
fechados na secretaria de educação no final do ano letivo e não
haviam sido distribuídos. Ela considera que a sociedade é cruel com
o negro em seguir omitindo sua verdadeira história, e que esse
material serve para trabalhar a realidade da comunidade, e a
autoestima das crianças quilombolas, pra elas crescerem entendendo
o valor do pensamento negro sobre o mundo.

“Quando conhecemos a história de nossos ancestrais conseguimos


sentir orgulho de nossa trajetória, orgulho de todas as lutas que
traçamos para chegarmos aqui e, com esse orgulho e conhecimento nos
tornamos agentes da memória, nos tornamos responsáveis por não
deixar que esse conhecimento morra, somos responsáveis por
transmiti-lo e mantê-lo vivo.” (Fabiana Pinto)
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_ Tradição Oral

Nos deparamos com a construção cultural perpetuada por não


letrados, e conseguirmos perceber outras formas de transmissão de
saberes e formação do conhecimento. Assim se transmite a ciência da
agricultura, a botânica e medicina aplicada na comunidade,
filosofia e compreensão do mundo, técnicas e tecnologias aplicadas
ao bem comum e a cultura do tambor com todos seus meandros. Vale
ressaltar que não se trata da valorização da oralidade em
detrimento da pedagogia letrada, sabemos a importância da formação
dos quilombolas e como a educação escolar e acadêmica pode
contribuir no processo de reconhecimento e valorização dessa
cultura, quilombolas contando suas histórias em monografias e
livros. Portanto, pretendo assinalar a importância dessa maneira de
apreender o mundo, de uma atitude ante a realidade ao invés de
ausência de habilidade. E levantar tópicos que podem ser úteis em
uma possível troca de saberes entre comunidades que tem por costume
essa prática.

A seguir vou pontuar algumas características relevantes que


encontrei em alguns estudos sobre tradição oral. E que podem aguçar
nosso entendimento de como o encontros entre culturas que tem por
base a oralidade como ferramenta constituinte do conhecimento,
podem vibrar em consonância.

_ Características da tradição oral:

△ ​troca de experiências
▼​ d
​ ivulgação de informações importantes
△ ​preservação da sabedoria
▼​ t
​ estemunho transmitido de uma geração para outra
△ ​Palavras (Criam) Coisas
▼​ p
​ ilar de crenças e valores transmitidos pela tradição
△ ​previne inversões éticas e o desrespeito ao legado
ancestral
▼​ a
​ tualização constante, exercício vivo, interativo
△ ​visual, mímico, imaginativo e encantatório
▼​ t
​ ransmitido através do exemplo
△ ​visa solidificação dos laços e garante discernimento do
lugar de pertença do indivíduo, sua filiação identitária,
permitindo-lhe uma visão de si mesmo e do outro, com o mínimo de
conflitos
▼​ o
​ ferece dados de uma Registro de memória
△ ​apontaidentidade ou marcos de: território; ofícios; modos
de fazer; formas de expressão
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Identidade : Só através da afirmação da identidade é possível


afirmar a diferença, garantindo as nações vítimas do processo de
colonização, a preservação de valores tradicionais longamente
negados

Identidade relacional: Onde o mesmo define a própria historicidade


e o outro representa o código de diferenciação, remetendo a um
espaço híbrido.
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_ Tambores - Manifestações do Divino

A riqueza cultural do tambor no quilombo de Santa Rosa dos Pretos


tem mais horizonte que o esperado, encontramos além do Tambor de
Crioula a Caixa do Divino e o Tambor de Mina. Cada qual, tem
características próprias, nos toques, toadas, ladainhas, lugar de
feitio, momento de acontecer. Existe um trânsito fluido entre os
personagens que compõem as manifestações, Dona Dalva, Mãe
Teresinha, Anacleta, Sr. Louro, Elias, Pixita, entre outros dedicam
boa parte da vida ao acontecer do tambor e consequentemente aos
valores sociais, culturais e espirituais da comunidade.

Alguns aspectos ficaram muito claros na medida que fomos


apresentados a cada um dos tambores. Dentre eles podemos destacar
os seguintes aspectos que atravessam as 3 manifestações: O sagrado
e profano, a fé, a missão, a promessa, a manifestação do divino. As
festas de tambor demandam muito trabalho e envolvimento dos
quilombolas, e apesar de ter referências centrais no feitio, existe
uma mobilização e solidariedade de todos pro acontecer das festas.
Essa reciprocidade está ligada aos vínculos e mobilização de afetos
comunitários, a preocupação e cuidado entre seus pares, a
celebração conjunta de uma graça alcançada, a participação de uma
atividade que une e fortalece os laços, a dedicação para algo
relativo a uma “força maior” que zela por todos.

Segundo Sr. Louro o Tambor é também o telefone de uma comunidade


quilombola, ao longo da história sempre serviu para reunir as
pessoas queridas e que queiram se aproximar da comunidade. No
tambor as pessoas se encontram, contam os “causos” da vida e trocam
saberes e experiências, o tambor é um convite a celebração da vida,
“uma quilombo que não tem o tambor firme, não tem seu telefone
fixo”, a comunicação do tambor mantém firme os laços identitários
na manifestação de matriz africana e na beleza dos encontros.
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_ Tambor de Crioula

O tambor de Crioula reúne pessoas para a brincadeira e


divertimento, por vezes pode ser simplesmente um ato recreativo da
comunidade quilombola, onde as pessoas se encontram tocam e dançam.
Mas também está relacionada a pagação de promessa para São Benedito
e a graça alcançada. Nem sempre está diretamente relacionado à fé,
os brincantes podem se encontrar para um festejo de alegria, bebida
e prosa. Isso não exclui a intuição e espiritualidade latente a
todo o momento, só ressalta uma possibilidade de consagração a
liberdade do corpo, da mente e da alma.

Nas toadas existe uma consonância entre os versos cantados e as


batidas tocada que culminam na punga(gesto de unir um umbigo com o
do outros brincante), reforçando essa conexão estreita, esse laço
que une. Quando um cantador versa bem, no fim de uma toada a
coureira dá-lhe uma forte umbigada, parecendo sinalizar que estão
em sintonia, conectados no bem fluir do brincar tambor de Crioula.
As toadas possuem versos fixos, e entre esses versos fixos entram
improvisos inventivos, feitos na hora pra uma pessoa, coisa,
situação... “Tem coureiro novo, tem coureiro novo, na Santa Rosa
dos Pretos, tem coureiro novo”(verso de Dona Dalva). Podemos
imaginar assim que essa inventividade pode acontecer também no
encontro entre Congado e Crioula, se proporcionarmos um encontro
forte, sentirão vontade de expressar a beleza desse encontro
umbilical de matriz africana.

Quando movido pela fé, pela promessa a São benedito, toda


comunidade se mobiliza para ajudar no festejo da graça alcançada,
nesse caso o telefone faz ligação direta com o divino para
agradecer e celebrar mais um benefício. Com todas as dificuldades
do cotidiano, o pagamento da promessa é também momento para dividir
fartura entre a comunidade, onde todos comem, bebem e se divertem.
A manifestação do divino é também uma momento de partilha, a
promessa é destinada ao Santo, mas em troca da graça alcançada é
oferecida a possibilidade de proporcionar um momento de fartura
alegria e união entre os quilombolas.
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_ Caixa do Divino

A caixa do divino é destinada a muitas promessas e pedidos de saúde


na comunidade. Quando alguém é agraciado, deve pagar a promessa em
um ritual de coroamento onde simbolicamente recebe o espírito santo
na cabeça. São muitos detalhes e meandros que conduzem a festa,
difícil descrever só escutando. São vários atos do tambor como
oração: toque do “Vivo Hino”, toque da “Alvorada”, Coroação. O
Cortejo é formado por diversos personagens cada um com seu papel,
Salveiro, Pajo, Alia, Zaias(?), mastro, Imperatriz.

“ Quando chega pra coroação o Sol entra pela porta e a lua pela
janela, cadê a dona da casa? Quero falar com ela.”

“Dona da casa me dê licença ou não quero entrar pela casa com todo
meu batalhão” (versos entoados por Dalva)

Pelo que foi estudado sobre o congado, noto várias semelhança entre
as duas manifestações, dentre eles posso citar: a corte, o caráter
teatral dividido em atos, personagens, representações do imperial,
figurinos, mastro, marcha. Me parece uma festa belíssima.

A apresentação que tivemos o prazer de presenciar também foi forte


e incrível, deu pra sentir a devoção e seriedade no tambor dedicado
ao divino. Foi montado um momento solene, e o toque do tambor em
marcha contínua com variações de entonação, dava a sensação de
caminhada pelas dificuldades da vida. Um momento de desabafo com o
espírito santo, em que todos passam a compadecer do sofrimento
enfrentado por cada história entoada nos versos das caixeiras. Foi
lindo, forte, coisa séria.
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_ Tambor de Mina

O tambor de mina abre os canais da espiritualidade, lugar onde


circula e concentra forte energia. O preparo da casa, os banhos, o
assentamentos, a frequência dos tambores, os chamamentos são feitos
para propiciar esse fluxo de energia que é possível sentir quando
se pisa no terreiro. Ali se trabalha energia constantemente. O
estado de espírito muda na casa de mina, quem dança e toca mina
serve de canal do infinito, como se a mina funcionasse de antena,
captando em léguas de distância mensagens de outro tempo espaço, em
outro tempo espaço. Seja no salão ou no consultório, não precisa
nem ser sensitivo pra perceber um vácuo no espaço tempo, como se o
infinito estivesse ali naquele momento presente e a comunicação com
o todo pudesse acontecer fluida. O giro estando no mesmo lugar. A
percepção alterada de luz. A viagem da luz. A percepção muda, os
sentidos mudam, são muitas camadas, o universo é feito por muitas
camadas, as forças da natureza fluem e se expressam em muitas
camadas. Espaço para sentir. Espaço do giro. escrevo sem saber o
que escrevo, tentado descrever algo que não tem forma definida.

△ ​tambor
▼​ g
​ iro
△ ​transe
▼​ g
​ ifluxoro
△ ​cosmos
▼​ o
​ ntológico
△ ​cosmos
▼​ o
​ ntológico
△ ​cosmos
▼​ o
​ ntológico
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​_ A Memória do Corpo

Podemos pensar no corpo como veículo para comunicar, sentir,


expressar, entender, aprender, trabalhar, fazer. O corpo é veículo
dessa presença do ser no mundo. Nesse inventário de teóricos que
falam do corpo, pretendo aguçar nossa percepção pra potência do
gesto.

*Gonçalves (1994) considera que o ser humano é presença por


intermédio do corpo, ou seja, ao mesmo tempo em que o corpo é
presença, ele esconde e revela a maneira da pessoa ser no mundo.
Dessa forma, através do corpo, as pessoas se expressam e se
comunicam, ou seja, são elas mesmas.

*Le Breton (2006) considera que “[...] através do seu corpo, o


homem apropria- se da substância de sua vida traduzindo-a para os
outros, servindo-se dos sistemas simbólicos que compartilha com os
membros da comunidade” (LE BRETON, 2006, p. 7).

*Merleau-Ponty (1971) considera o corpo como um veículo do ser no


mundo, isso porque o ser humano através do seu corpo faz parte do
meio já inserido e definido, confunde-se com os objetos desse meio
e empenha-se continuamente nele. Nesse sentido, cada indivíduo tem
consciência do mundo devido o seu corpo e consciência do seu corpo
através do mundo. Assim, a percepção sofre influências culturais e
sociais, não é neutra, ela também sofre transformações, percepções
novas substituem as antigas e mesmo as novas emoções substituem as
de outros tempos.
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A Dança

(explicado
por um homem mais velho. Me disse como. Me
mostrou. Não eram passos, mas
a instância do músculo. Uma posição
para mim mesmo: mover-se.

Duncan
dizia de dança. Seus poemas
cheios do que há tanto queríamos
que fosses. Uma
dança. E todas as suas palavras
saíam dali. Que havia
alguma elegância brilhante
que a carne triste do corpo
fazia. Algum gesto, que
se nos tornássemos, por um instante intenso
nos transformaria
em criaturas de ritmo.

Quero ser cantado. Quero


minha carne e todos os meus ossos murmurados
contra o flutuante céu
espesso do inverno. Me quero
dança. Como sou se
tenho amor ou tempo ou espaço
para me sentir.

O tempo do pensamento. O espaço


do movimento real. (Para onde eles
alçaram o mar e me têm
contra minha vontade.) Eu disse, também,
ama, sendo mais velho ou mais jovem

que teu mundo. Estou inclinado


a me deitar, amar, te convidar
agora, inclinado a sentir as coisas
que só eu crio.
E que eu possa uma vez criar-me
a mim mesmo. E que tu, seja quem for
sentado agora respirando minhas palavras,’
possas criar um ser somente teu. Que
vai me amar.

(Amiri Baraka)
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***

É do sagrado que a palavra extrai seu poder Criador e Operacional

***
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_ Rituais

A atenção com os rituais é algo importante a ser considerado,


rituais em sua expressão ampla, tanto os rituais dos tambores
quanto rituais do cotidiano. Cada pessoa ou fazer carrega seus
rituais cotidianos, Dona Dalva na cozinha tem um jeito específico
de cozinhar e orquestrar a cozinha, a colheita no roçado tem seus
rituais e formas de fazer seguindo o itinerário da lua e das
plantas, a condução da água potável pelas casas segue caminho e
objetos de rito, a brincadeira das crianças envolve rituais de
divertimento. Os ritos são instrumentos relevantes no encontro, um
rito quando bem delineado, pode potencializar a beleza de um
encontro e servir de mecanismo para construir laços. Fazer uma
fogueira pode ser um rito, construir um tambor pode ser um rito,
preparar um almoço pode ser um rito, lavar as saias e costurar as
saias pode ser um rito, partilhar uma cachaça pode ser um rito,
trançar palha pode ser um rito. Como, e quais ritos podem desenhar
encontros?

Marta Traquino (2011), sugere no livro “A construção do lugar pela


arte contemporânea”, que o sentido de lugar resulta da partilha de
uma cultura local, que se relaciona com um conhecimento disponível
para um grupo de habitantes de um espaço físico. Esse conhecimento
persistido através do tempo pode, incorporar rituais, símbolos e
cerimônias, que ligam pessoas a um lugar e a um sentido comum do
passado. Experiências comuns que se sedimentam em um espaço físico,
passíveis de serem acessíveis também para aqueles de curta
permanência temporal nesse espaço.

_ Características dos Ritos

△ ​Tais eventos transformam-se em fatos sociais totais, nos


quais interpretam distintos planos de organização social ​(Geertz,
1959)

▼​ M
​ omentos de reforçar laços de solidariedade, reciprocidade

△ ​Manifesta o pertencimento étnico

▼ ​Elemento fundamental para construção social, troca de


saberes, formação e continuidade de uma cultura

△ ​Reforça e constrói pertencimento e sentido de lugar

▼ ​Reforça e constrói identidades


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△ ​Assinala maneiras de ser e experienciar o mundo


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_ Olho do bicho verde

Repousou sobre as mão da menina Buru um bicho verde, difícil


acontecer algo parecido sem arrebatar o sentimento de boa
aventurança. Seus olhos transmitiam beleza benzida por Deus, a
alegria mora dentro dela. Buru arregalou os olhos de jabuticaba,
mirou, aproximou-os do bicho verde e perguntou sobre o caminho das
goiabas. Os amigos de Buru estavam desde o amanhecer aguardando
para levar um comboio de viajantes até a origem ancestral.

Pimpim recordou uma visão que havia tido na noite anterior, uma
pulseira repleta de laços havia selado um passeio ao passado , e
bastava voltar no tempo para encontrar no rastro de goiabas deixada
por povos antigos o caminho para a origem; concluindo: Vamos ao
sítio velho! Buru concordou, e seu corpo se fundiu ao bicho verde,
Buru agora era o próprio bicho verde, se incubindo de guardar a
memória da travessia no centro de seus olhos.

Um louco atravessou 15 dias de rio para acordar o comboio, pediu pé


de moleque e sussurrou: o que esperam? Essa comunidade tem 700
famílias! Os viajantes acordaram já com o sol sem poder apontar a
direção. O velho-jovem Nanô já havia feito a leitura do sol: o
tempo está pra vir no tempo certo. O calor era muito duro, dureza
de sol faz sentir a matéria da luz, o peso da luz. Seguiram guiados
por pontos de água e sombra. A primeira parada para matar a sede
foi a escola, o primeiro oasis encontrado. Lugar de portas abertas,
adentraram à se divertir. O garoto de menor entrou no laboratório
improvisado do colégio, não se sabia se era cozinha ou laboratório,
e de lá saiu dançando com uma esqueleto pelo pátio, indicando que
as coisas estavam ao mesmo tempo em ordem e fora do lugar.
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Saíram da escola e Iago bebeu o resto da água derramando sobre si,


tinha sede, enquanto bebia e se banhava falava com o olhar: temos
sede! A água foi motivo para adentrar as casas da comunidade, e ser
bem recebido. Água gelada na garrafa virou rito de encontro,
moringa de partilha e identificação com o calor da emergência e a
sede do carecer da comunidade. Surge pés de goiabas por todos os
lados, mesmo verdes, foi fartura pra criançada, encheram suas
camisas e comeram como se fosse a primeira refeição do dia, ou de
muitos dias. Seja goiaba ou merloi, se é de comer, as crianças não
deixam uma se quer apodrecer. A fome varre os pés de fruta na
caminhada.
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Em meio ao caminho, silêncio, cemitério, as crianças andam com


cuidado para não pisar, quebrar e incomodar os galhos. A cautela
não se tratava de medo, mas de respeito e saudade aos que se foram.
Um dos viajantes jogou cascas de goiaba em sinal de reverência ao
passado. Seguiram a caminhada e de longe avistava-se uma árvore, a
maior entre todas, de tamanho inigualável, de idade inigualável,
testemunha do tempo. O tronco era lugar de açoite e a madeira
guardava a dor do homem, muitos galhos, gerações, famílias,
sofreram naquele tronco. Silêncio.

Chegando a vila do sítio velho, se adentram a uma igreja do divino


espírito santo, Yasmim entende que ali também se trata de um lugar
de reverência e de comunicação com os antigos e joga cascas de
goiaba no chão. Um dos viajantes recorda das ervas de preparo e
limpeza do terreiro para receber o passado, e limpa o chão sagrado
com as cascas de goiaba. A pureza abriu portas e janelas para
qualquer trânsito de luz de qualquer tempo vindo de qualquer lugar.
Saíram da igreja em direção a uma frondosa árvore, e na sua raiz,
se viu lugar de descanso do corpo, a raiz amparava os pequenos.
Transmitia a firmeza de permanecer na terra. Sentados ali
encontraram sossego.
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Os pequenos coroaram de flores a luz de uma viajante, neste dia,


sobre aquela cabeça repousava o divino. A viajante concordou em
levar as crianças para se banhar e se refrescar em abundância no
açude, e assim conseguir lavar um pouco a poeira da viagem no
tempo. Quando mergulhou na água, Buru voltou a ser criança,
enquanto bicho verde, encapsulou em sua alegria a memória do
interior.
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_ Griots

Durante a vivência no quilombo de Santa Rosa dos Pretos, podemos


identificar vidas que carregam a memória e cultura dos
antepassados, vários destes guardiões da ancestralidade dividiram
com a gente uma migalha de farinha do conhecimento acumulado nessa
e em outras vidas. Esse trajeto das culturas da diáspora, pode
servir de ponta de enlace dos encontros por vir. Espero que em
breve possamos desenhar maneiras e formas de posicioná-los nessa
encruzilhada de possibilidade dos encontros fortuitos entre arte e
vida. Abaixo aponto alguns dos(as) vários(as) personagens que
cruzei nas andanças, outros virão através dos demais olhares :

▼ ​Dona Dalva
Filha de santo, cozinheira, caixeira,
coureira, benzedeira, curandeira, carrega
consigo as tradições ancestrais e a
missão de seguir transmitindo aos mais
jovens. Possui grande sabedoria, e gosta
de testar pra entender as intenções de
quem aproxima. Facilidade em identificar
postura e personalidade das pessoas,
sentimentos e sensações, tempera comida e
emoções. Muitos quilombolas que
encontraram os caminhos da vida foram iniciados por Dona Dalva, seu
olhar clínico aponta a missão da trajetória do corpo. Na luta é
incansável e sagaz, não mede palavras e não tem medo de
autoridades, ela é a autoridade, sua cor é força. Carrega consigo
um batalhão seja de nove cozinheiras ou caixeiras, sabe o tempo do
fogo e do fazer. Guarda no fundo do peito a memória das
dificuldades do povo negro. O prazer em cozinhar para muitos parece
também um prazer em saciar a fome de muitos.
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▼ ​Seu Louro
Matuto do mato, vivido e viajado, bicho solto sem regra e com
postura. Tem fé nas pessoas e fé no amor, segundo ele “tudo que é
feito com amor fortalece”. Muito seguro por onde passa, a todo
momento está ensinando, chegou na oficina com um ramo de olho da
pindoba dizendo “cheguei pra minha oficina”, trazendo a compreensão
do espaço de troca e necessidade de passar o conhecimento da
própria comunidade adiante. Toca tambor 3 dias se necessário, mas
sua responsabilidade é com o seu dom, e em manter viva a cultura do
tambor e os laços que o tambor cria. Tem a clareza da missão
terrena do tambor, sabe do seu poder espiritual, mas se encarrega
do terreno, em usar o tambor como ferramenta de encontro, diálogo,
diversão, movimento, desabafo, carinho. Tem humor perspicaz e
muitas vezes ensina indicando a controvérsia.

▼ ​Seu Chicocó
Curandeiro, benzedor, recebeu a missão através do sonho, aprende
com o sonho, vive através do sonho e consegue extrair dele sua
sabedoria. Carrega consigo a medicina da mata, sua casa é
ambulatório e farmácia da região. Apesar de sinalizar as
dificuldades financeiras para fazer medicina alternativa, sente
pesar em não poder atender uma pessoa. Mesmo com conhecimento
enorme de inúmeras receitas e ingredientes de remédios para
diversas doenças, reforça a importância da fé para o remédio fazer
efeito. Acreditar na cura é o caminho para a cura, e Sr. Chicocó é
um guia nesse caminho.

▼ ​Mãe Severina
Mãe de santo, caixeira, costureira e conselheira, firme, destemida,
determinada e organizada. Mãe Severina quando criança acompanhava
os avós benzendo, e tempo depois sentiu o chamado de guia
espiritual. Firma o ponto de força espiritual ancestral da região ​e
trabalha diariamente no tráfego dessas energias. Guarda o
conhecimento de matriz africana da mina e seus desdobramentos com a
vinda ao Brasil. Entende o sincretismo e faz esse cruzamento com
naturalidade, sabe como pisar em cada lugar e como erguer e manter
um ponto de luz. Sabedoria ritualística, dos procedimentos e
fazeres de cada tipo de ritual destinado a um santo, guia ou
caboclo. Tem pulso firme com os jovens que estão iniciando a
corrente, e transmite a seriedade do que faz.

▼ ​Anacleta
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Pedagoga da esperança(Freire), Caixeira, coureira, articuladora,


mobilizadora, guerreira. Ana Cleta é a casa coração acolhedor, que
pulsa, oxigena, bombeia, luta, ama e onde sempre cabe mais e mais
no trânsito de pessoas. Inquieta, está sempre movida pela
necessidade de solucionar os problemas dos quilombolas e do
território quilombola. Voz negra que não se cala diante das
instâncias de poder. Força mobilizadora na luta por melhores
condições de vida e direitos básicos negados. Tem o tambor como
instrumento no campo de batalha. Fecha trilhos e rodovias,
interrompe o capital que só passa, usa, degrada as terras
quilombolas, mas não fica, não desenvolve o entorno, e não
beneficia os afetados. Ciente dos problemas estruturais e trâmites
burocrática da administração pública, se indigna com as falhas do
sistema, e luta, ensina a lutar, com a esperança de dias melhores.

▼ ​Sr. Jovêncio
Agricultor, caçador, é uma chama que esquenta e afina a pele do
tambor. Iniciou muitos no tambor ao longo de sua vida, inclusive
Sr. Lusitano. Muito performático, conversa com o corpo, ensina com
o corpo, constrói cena claras com os gestos e gosta de explicar
algo demonstrando ou com um causo contado em espiral. Sua vida
pulsa junto com o tambor, dele se aguarda versos de vivência
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_ O Olhar Quilombola

A proposição olhar quilombola, teve a intenção de alteridade


filmográfica, de entender que o olhar do quilombola tem valor no
nosso olhar. Incluí-los no processo de construção dos quadros do
filme, e entender através desse dispositivo de captura de olhares,
o que é relevante a partir do olhar deles, olhar em loco. Segue
abaixo algumas fotos, sem interpretação, para refletirmos juntos:
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Luta e Resistência: metades de um corpo quilombola


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Sentados na cozinha de Ana Cleta, escutamos muito sobre luta e


resistência, esse é o título de sua monografia, e segundo ela essas
são metades de seu corpo. O corpo de Ana Cleta representa o corpo
quilombola, que vive a falta de estrutura, o descaso do poder
público e a falta de direitos básicos, como: escolas para
comunidade, postos de saúde, iluminação pública, saneamento básico,
dentre vários outros. Existe também a intervenção constante do
capital privado, como: grileiros, a mineradora Vale, ladrões de
bois. Além de total falta de incentivo à mecanização do campo, tudo
ainda é feito como à mais de 100 anos atrás, com catana no roçado.

Quando estivemos em Barreirinhas(? Santa Joana?) tive uma epifania


do passado, vendo aqueles corpos negros em uma casa de forno
torrado mandioca em tachos de quase 2 metros cada. Escorriam a
mandioca na palha, jogavam no tacho e reviravam com rodos de
madeira, mantinham o fogo com enormes toras de lenha. Essa é uma
pequena parte do ciclo da farinha granulada posta a mesa, sempre na
mesa, um dos ingredientes da subsistência, as crianças
constantemente pegam algumas mãos de farinha ao longo do dia pra
saciar a fome.

Identificamos o uso do tambor como instrumento de luta, e se o que


nos levou até Santa Rosa dos Pretos foi o tambor, me pergunto: como
esse projeto também pode ganhar contornos de um dispositivo de
luta? Conversando em equipe sobre os largos problemas estruturais
da comunidades, entramos na reflexão de como pode vir a mudança de
realidade. Essa resposta ainda está por vir dentro do emaranhado de
coisas que coletamos e que ainda estamos por coletar.

Este tópico foi escrito por último mas ele percorre todo o ensaio,
a luta e a resistência está no ensaio, porque a luta e resistência
está com o povo negro quilombola. O que temos até então é o sonho
de um filme foda, uma comunidade e pessoas pelas quais passamos a
amar, potenciais agrícolas e culturais, conteúdo e memória do
quilombo em foto, 360, vídeos, áudios, e um mapa. Até então, talvez
pelo ir e vir na pista de asfalto que corta a comunidade, me
ocorreu a seguinte questão: Será que apontar Santa Rosa dos Pretos
no Mapa do maranhão, e entregar um mapa da riqueza cultural do
território na mão deles, está no caminho?

Referências Bibliográficas
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Geertz - O saber Local

Milton Santos - O Acontecer Solidário

Marta Tranquino - A construção de sentido de lugar na arte


contemporânea

Maurício Castro - Relações Raciais e políticas de patrimônio

J. Vansina - A tradição oral e sua metodologia

Zuleide Duarte - A tradição Oral na África

Maria Santilli - Poéticas Afro-Brasileiras

Paulo Dias - Comunidades do tambor

Juliana Bittencourt - A punga do Tambor de Crioula no Maranhão:


Espaço de memória, ritual e espetáculo

Daniel Farah - O tambor de Crioula e suas características

vida

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