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Introdução

Este trabalho é fortemente inspirado pelas literaturas inglesa e norte-americana, e


portanto privilegia o eixo Europa-Estados Unidos, embora seja atravessada por materiais
brasileiro e latino americano. Não por conta de alguma preferência, mas do tema proposto, a
prática de experimentação com drogas, e do objetivo principal, investigar as condições nas
quais o drogado nasceu, sob as quais se desenvolveu e se modificou. Em vez de partir de
objetos predeterminados, o método genealógico antes cria um solo de problematização a partir
do qual eles emergem. A Europa é o lugar em que o drogado nasce, especialmente a
Inglaterra, berço da Revolução Industrial, no início do século XIX. Com as medidas
antidrogas, que começam nos Estados Unidos e se alastram por outros continentes, o eixo
muda para o país norte-americano, em meados do século XX. No entanto, escritores
brasileiros se inspiraram nesse tema e começaram a relatar suas experimentações com drogas
desde o final dos oitocentos.
Por conta dessa influência da língua inglesa, é preciso esclarecer os sentidos de alguns
termos. No inglês, a palavra drug não tem o mesmo sentido de junk, embora ambos sejam
traduzidos no português por “droga”. Drug está mais próximo do termo grego phármakon, da
ambiguidade veneno ou alimento, dependendo da dose. Junk é o lixo, porcaria. O junky é o
drogado, viciado, dependente de junk.

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