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Vila Velha - ES
© 2013 — Above Publicações
Editor Responsável
Uziel de Jesus
Gerente Editorial
Samuel Medeiros Prefácio
Todos os direitos reservados
Revisão pelo autor.
Do Autor A proposta deste livro é apresentar, de maneira lógica
É proibida a reprodução parcial ou
total sem a permissão escrita do autor. e sistemática, as ideias e conceitos que tem norteado vários
Capa
William Nascimento estudos na área de corrosão de ligas metálicas em altas tem-
Editora Above
(27) 4105-3374 peraturas, ao longo das últimas décadas.
Pré-Impressão www.aboveonline.com.br
Este livro foi escrito, primeiramente, como um livro
Breno Queiroz
Contato do Autor: texto para um curso, no qual o estudante tem o seu primeiro
Diagramação vicentebraz@yahoo.com.br contato sério com corrosão de ligas metálicas em altas tem-
Raquel Vieira (31) 9892-2346 peraturas. E espera-se, também, que sirva como base para
estudos mais avançados e detalhados na área. Tenho a es-
perança de que este livro seja útil em termos de conteúdo,
tanto para estudantes iniciantes como de pós-graduação, que
Ficha catalográfica estejam embarcando neste campo com a intenção de fazer
T833c carreira nesta empolgante, desafiadora e promissora área do
Trindade Filho, Vicente Braz da conhecimento técnico.
Corrosão de ligas metálicas em altas temperaturas / Vicente
Braz da Trindade Filho. – Vila Velha : Above publicações, 2013. As principais formas de corrosão de ligas metálicas em
192 p. : il. ; 14x21 cm.
altas temperaturas são apresentadas:
ISBN 978-85-8219-146-0
⇒ oxidação,
⇒ nitretação,
1. Metalurgia. 2. Corrosão. 3. Resistência de materiais. I. Título
⇒ carbonetação,
CDU 669::620.19 ⇒ sulfetação,
⇒ corrosão causada por sais fundidos.
Catalogação na publicação:
Bibliotecária: Andréa da Silva Barboza – CRB7/6354
Um capítulo é dedicado à apresentação das principais
metodologias de estudo de fenômenos de corrosão em al-
tas temperaturas. Métodos de estudos da cinética, como por
exemplo: termogravimetria e volumetria, bem como métodos
de análises, como microscopia eletrônica, raio-X e EBSD Motivação para se estudar
são apresentados e discutidos através de exemplos práticos. corrosão de ligas metálicas em
O último capítulo é dedicado á modelagem física e altas temperaturas
matemática dos principais fenômenos de corrosão em altas
temperaturas. Um modelo computacional e exemplos de si-
mulação são apresentados. A demanda por processos que sejam ambientalmente
adequados, como usinas termoelétricas, fornos e equipamen-
Uma lista de referências bibliográficas é apresentada tos, requerem que as temperaturas de operação sejam cada
no final do livro. Algumas destas foram usadas como refe- vez mais elevadas. Portanto, processos que operam em altas
rências e outras como recomendações de leituras para uma temperaturas demandam ligas metálicas que sejam resisten-
compreensão mais detalhada de assuntos específicos. tes à corrosão em altas temperaturas.
Eu gostaria, nesta oportunidade, expressar meus agra- São vários os processos e/ou equipamentos que ope-
decimentos as várias pessoas que direta ou indiretamente ram em altas temperaturas, como por exemplo:
contribuíram na preparação deste livro, em especial aos meus
alunos brasileiros, indianos, ucranianos, chineses, iranianos, ⇒ Trocadores de calor. Exemplos: usinas
vietnamitas, finlandeses e alemães, que muito me ensinaram. termoelétricas e usinas nucleares;
⇒ Turbinas e motores: Exemplos: aletas de turbinas
de avião, motores de foguetes, motores em geral;
Vicente Braz Trindade
⇒ Queimadores de óleo e gás. Exemplo: reatores
Ouro Preto-MG, 2013
para reações de pirólise em usinas petroquímicas;
⇒ Fornos. Exemplos: fornos para fabricação de aços
e ligas em siderúrgicas ou fornos de laboratórios,
fornos para tratamentos térmicos.
⇒ Incineradores. Exemplos: usinas de geração de
energia através de biomassas;
⇒ Muitas outras aplicações nas indústrias: metal-
mecânica, aeronáutica, automobilística e geração
de energia.
A seleção dos materiais utilizados para as diferentes
aplicações se baseia, dentre outros, nos seguintes parâme-
tros: (i) temperatura de trabalho, (ii) atmosfera em que a liga
será exposta e (iii) tempo de serviço esperado de operação.
Os principais materiais usados, dependendo das condi- Agradecimento especial
ções de trabalho são: aços baixo Cr, aços alto Cr (como por
exemplo, aços austeníticos), ligas a base de Fe, ligas a base
Esta publicação, única na língua portuguesa, vem su-
de Ni, ligas a base de Co. Mais recentemente, ligas a base
prir uma demanda dos estudantes e pesquisadores brasileiros
de Ti, ligas à base de Pt ou intermetálicos do tipo TiAl, são
que estão envolvidos ou envolverão com a área de Corrosão
também utilizadas. Dentre outras ligas metálicas, bem como
de Ligas Metálicas em Altas Temperaturas.
sistemas cerâmicos e revestimentos.
Esta publicação só foi possível com o apoio financeiro
da Empresa Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil – VSB.
Quero, portanto, expressar os meus sinceros agradecimentos
à VSB por esta contribuição para a educação, pesquisa e de-
senvolvimento de novas ligas metálicas no nosso País.
casos esta camada externa é formada por óxidos (camada trato e/ou com outro elemento de liga e formar a camada
óxida). A mesma definição é usada para camada passiva externa. Mas sendo suficiente para reagir com o elemento de
em corrosão aquosa. Denomina-se também camada externa liga de baixa concentração, formando precipitados no inte-
como camada protetora, porque o progresso da corrosão é rior da matriz (substrato). Como resultado tem-se uma região
diminuído. Esta definição é freqüentemente usada para re- próxima da superfície composta de precipitados, cuja pro-
vestimentos (coatings), isto é, camada que através de pro- fundidade depende tanto de parâmetros externos como tem-
cessos especiais pode ser depositada na superfície metálica, peratura e tempo, como da pressão parcial do não metal e da
modificando-a para um específico objetivo. A Fig. 1.2 mostra concentração do elemento de liga reagente. A Fig. 1.3 mostra
um exemplo de camada óxida externa formada em um aço a formação de nitretação interna em uma liga de níquel.
com baixo teor de Cr.
Figura 1.3: Formação de nitretos (CrN, TiN e AlN) em uma liga IN718 após
nitretação a 850oC, durante 250h, em atmosfera contendo N2+He [Trindade
Figura 1.2: Formação de camada óxida externa, após 72h de oxidação de et al., 2008]
um aço contendo 2,25% de Cr a uma temperatura de 550oC.
16 17
2. Fundamentos de termodinâmica
e cinética
A Fig. 2.1 mostra esquematicamente as relações entre segundo a convenção internacional, ΔG precisa ser negati-
a velocidade de reação e os parâmetros termodinâmicos e va. Quanto mais negativa for ΔG, maior será a força mo-
cinéticos. triz para a mudança espontânea de estado e, com isto, mais
rápida ocorrerá a reação. Além dessa condição termodinâ-
mica necessária, a velocidade da reação é determinada pela
mobilidade dos reagentes que participam da reação. A este
fenômeno denomina-se cinética.
Os óxidos, para a maioria dos metais, apresentam as Para as reações de formação de carbonetos não é pos-
ligações mais estáveis, se comparados com carbonetos, ni- sível prever qualitativamente o comportamento da entropia
tretos e sulfetos, e isto representa, em muitos casos, conse- (veja Fig. 3.2). A estabilidade termodinâmica dos carbonetos
quências importantes no processo de corrosão. pode tanto aumentar quanto diminuir com a temperatura.
A inclinação da curva ∆G0(T) é traçada a partir da
equação 3.1 que descreve a mudança de estado.
(
d ∆G 0 )
= − ∆S 0 (equação 3.2).
dT
24 25
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Figura 3.2: Diagrama de Ellingham-Richardson para reações de carbo- Figura 3.3: Diagrama de Ellingham-Richardson para reações de nitretação.
netação. Apenas carbonetos, cujos valores de ∆G0 estão abaixo da linha Apenas nitretos, cujos valores de ∆G0 estão abaixo da linha tracejada, são
tracejada, são termodinamicamente estáveis para este valor de aC (cálculo termodinamicamente estáveis para este valor de pN2 (cálculo realizado usan-
realizado usando o Software FactSage). do o Software FactSage).
26 27
Vicente Braz Trindade Trindade 22
Corrosão em altas temperaturas
G 0 Para
tes sólidos. Ra.Treação
.lnK p de oxidação (equação
relativa3.3)
a 1 Mol de O2,
tem-se:
Para o cálculo de K p precisa-se conhecer os valores de
pressão parcial dos gases, além da atividade dos componentes
sólidos. Para a reação de oxidação relativa a 1 Mol de O2, tem-se:
2a 2
M O2 Ma Ob (equação 3.4)
(equação 3.4)
b b
que através da lei da ação da massa obtém-se
que atravésa da lei
2
b da ação da massa obtém-se
Ma Ob
K p 2a (equação 3.5)
2 a b.p 2
aMa Ob b M
aMa ObO2 b
K p Observação:
2a K p 2a
(equação 3.5) (equação 3.5)
a- MKp éb .um
pOvalor
2 a b.p
adimensional
M O
2
- a (na equação 3.5) significa atividade do reagente sólido (na forma
estequiométrica significa o número de átomo-grama do metal)
Observação:
Como no estado padrão de componentes puros a atividade é
igual a 1, a- pressão
Kp é umparcial dos gases correspondentes exercem um
valor adimensional
papel fundamental, por exemplo, para as reações de oxidação
K p 1 pO-2 a. Para
(na equação 3.5) significa atividade do reagente só-
os casos de carbonetação usa-se a atividade do
lido (na forma estequiométrica significa o número de átomo-
carbono. A pressão
-grama pO2 representa a pressão de dissociação para o
do metal)
correspondente produto de reação. A pressão de dissociação de
Como
equilíbrio para no estado
óxidos padrão
pode ser de componentes
calculada combinandopuros a ativi-
as equações
Figura 3.4: Diagrama de Ellingham-Richardson para reações de
sulfeta(cálculo realizado usando o Software FactSage). 3.3 edade
3.5 é igual a 1, a pressão parcial dos gases correspondentes
exercem um papel G 0 fundamental, por exemplo, para as rea-
O2 e
ções depoxidação R .T
K p = 1 pO2 . Para(equação
bar os casos3.6)
de carboneta-
A entalpia livre padrão está relacionada à constante de ção usa-se
Exemplo: Para oaóxido
atividade do carbono.
de cromo (Cr2O3) Aa pressão pO2 representa
entalpia livre padrão a
equilíbrio Kp da seguinte forma: a
o pressão de dissociação para o correspondente produto de
1000 C é cerca de –525kJ/mol de O2. A mínima pressão parcial de
reação. A pressão de dissociação de equilíbrio para
O2 que precisa ser superada para que o Cr oxide a esta temperatura óxidos
podepode ser calculada
ser calculada usandocombinando as eequações
a equação 3.6 o valor é 3.3 e 3.5
2,9x10 -22
bar. A
G 0 R.T .lnK p (equação 3.3)
partir da Fig. 3.1, esta pressão parcial mínima de O2 (pressão de
dissociação) pode ser diretamente lida para a temperatura desejada
∆G 0
para cada reação.
Para o cálculo de Kp precisa-se conhecer os valores de pO2 = e R .T bar (equação 3.6)
pressão parcial dos gases, além da atividade dos componen-
28 29
Vicente Braz Trindade
30
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
4.2. Cinética da formação da camada óxida perimentais, seguir diferentes leis de ocorrências (veja Fig.
4.1):
O crescimento da camada óxida é, geralmente, inves-
• ganho de massa logarítimico,
tigado experimentalmente através da técnica gravimétrica.
• ganho de massa parabólico,
Com esta técnica, a mudança da massa do corpo de prova
• ganho de massa linear,
causada pela reação do metal com o oxigênio é continua-
mente medida. Durante o experimento de oxidação isotérmi- • perda de massa,
ca, a medida da mudança de massa pode ser realizada in situ, • oxidação através de trincas (“breakaway
através do uso de uma balança térmica (termogravimetria). oxidation”).
De maneira simplificada, pode-se também realizar medidas
termogravimétricas de maneira descontínua, ou seja, após
certos intervalos de tempo o corpo de prova é retirado do
forno (câmara de reação) e pesado. No entanto, neste caso,
o efeito de mudança de temperatura está implícito no expe-
rimento, o que pode acarretar no desprendimento de parte
da camada óxida, o que não aconteceria em um experimento
puramente isotérmico. Pode-se realizar o experimento em
atmosfera especial, por exemplo, com pressão parcial de O2
controlada, ou pode-se realizar usando ar (seco ou com adi-
ção de vapor de H2O). A mudança de massa é relativa à área
superficial inicial do corpo de prova, resultando na chamada
mudança de massa específica.
Para medida direta da espessura da camada oxida, en-
contra-se dificuldade para os casos de camadas óxidas muito
finas, em virtude das técnicas de preparação e de medida.
Portanto, apesar de ser uma técnica complementar, este mé-
todo é mais trabalhoso que o método gravimétrico. A oxi-
Figura 4.1: Leis cinéticas idealizadas dos processos de oxidação em altas
dação interna também exerce um papel importante, a qual é temperaturas.
usualmente quantificada através de métodos metalográficos.
(a) Lei de oxidação logarítimica
A mudança de massa (geralmente ganho de massa),
O crescimento da camada óxida ocorre, para a maio-
em função do tempo, durante o processo de oxidação pode,
ria dos metais e ligas, em condições de baixas temperaturas,
dependendo do material, temperatura e outras condições ex-
32 33
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
2
∆m
= k p .t (equação 4.1)
A
onde:
∆m é o ganho de massa;
A é a área superficial total do corpo de prova;
kp é a constante de oxidação parabólica relativa a massa.
A dimensão do valor de kp é de acordo com o SI, kg2m-4s-1.
Se ao invés da medida da mudança de massa, for medi-
da a espessura da camada óxida, a lei de oxidação parabólica
pode ser descrita usando a equação 4.2:
s 2 = k p' .t (equação 4.2)
Figura 4.2: Oxidação aproximadamente parabólica de uma liga modelo Fe-
onde: -15Cr oxidada em ar seco a 700oC durante 48h [Carneiro, 2011].
s é a espessura da camada óxida;
34 35
Figura 4.2: Oxidação aproximadamente parabólica de uma liga parabólica comporta-se como o parâmetro cinético D e é,
modelo
Vicente
o
Trindade oxidada em ar seco a 700 C durante 48h
BrazFe-15Cr também, proporcional à força motora termodinâmica
Corrosão ∆G0
em altas temperaturas
[Carneiro, 2011]. (valor absoluto).
A lei de oxidação parabólica pode ser obtida através da Os valoresdada
Os valores constante
constante de oxidação
de oxidação parabólicaparabólica
relati-
1 lei deAFick,
lei deporque
oxidação
o parabólica podedasercamada
crescimento obtida através
óxida da
é 1a lei
do- va à massa
relativa (kp) e(krelativa
à massa à espessura da camada k p' )
óxida (óxida
p) e relativa à espessura da camada
a
29
de Fick,pelo
porque o crescimento da Corrosão
camada em Altas
óxida Temperaturas
é dominado pelo
minado processo de difusão. O crescimento da camada ( kestão
' relacionadas
) estão entreentre
relacionadas si como mostra
si como a equação
mostra 4.6: 4.6:
a equação
processo de difusão. O crescimento da camada óxida com o tempo é p
óxida com o tempo é proporcional ao fluxo de material J por
proporcional ao fluxo de material J por área da seção transversal e 2 2 2
material por transversal
área daJseção área da seçãoe portransversal e por unidade de
unidade de tempo: s. A V mOx
por unidade de tempo: '
k kp
p k p Ox k p (equação 4.6)
tempo:ds m m
Ox .m
c ds k * Trindade 30
ds dt ~ J Dc s ou dsdt k *s (equação 4.3)
~ J D ou (equação 4.3) onde: VOx, mOx e Ox são volume, massa e densidade do
dtk * é constantes~ D. G 0 ; dt s
óxido, respectivamente.
k * é constante ~ D. de ;
G 0concentração A igualdade VOx = s.A é uma aproximação
∆ccééoogradiente
gradiente de concentração do
doíon
íonprincipal
principalaoaolongo da
écamada A igualdade
considerando que VoOx = s.A é cresce
óxido uma aproximação
apenas na consideran-
direção da
clongo daóxida,
o gradiente o qual
camada determina a direção
deóxida,
concentração do do
íontransporte
o qual determina principaldifusional;
a direção ao
do longo
D é coeficiente de difusão efetivo desse íon no óxido. do que o óxido
espessura e não cresce apenas
na direção na direção
lateral. da espessura
m é idêntico e não
à massa de
da transporte
camada óxida, o qual determina a direção do transporte
difusional;
A separação de variáveis e integração resulta em: na direção lateral. ∆ m é idêntico à massa de oxigênio
oxigênio absorvida durante a oxidação, que para um óxido absor-
difusional;
D é coeficiente de difusão efetivo desse íon no óxido.
vida durantegeral
de fórmula a oxidação,
MaOb deque paramum
massa óxido de fórmula geral
Ox e m pode-se definir a
D é coeficiente de difusão
A separação efetivo
de variáveis desse íon resulta
e integração no óxido.
em: M O de massa mOxme /∆mm pode-se definir a seguinte relação:
seguinte
a b relação: =MOx/(b.M O), onde MOx é o peso
A separação de variáveis e integração resulta em: Ox
/(b.MO),Mondeé MoOxpeso
é o peso atômico
m Ox
/ ∆m =M
atômico doOxóxido, O atômico do do óxido,
oxigênio
é o peso atômico do oxigênio (=16g/mol) e é número
s.ds k dt (equação 4.4) M
31O b
* Corrosão em Altas Temperaturas
(=16g/mol) e b é número de equivalente grama de oxigênio
de equivalente grama de oxigênio por Mol de MaOb. Para
s2 por Mol de MaOb. Para usar a eq. 4.6/4.7, a densidade do
k *t C (equação 4.5) usar a eq. 4.6/4.7, a densidade do óxido tem que ser conheci-
óxido tem que ser conhecida (veja tabela 4.1).
2 da (veja tabela 4.1).
C éCaéconstante dedeintegração. Tabela 4.1: Densidade e ponto de fusão de alguns óxidos.
a constante integração. Tabela 4.1: Densidade e ponto de fusão de alguns óxidos.
Considerando a condição de contorno s(t=0)=0, tem- Óxido Cr2 Al2O Ni Co SiO2 Fe WO MoO V2
Considerando a condição de contorno s(t=0)=0, tem-se O3O Al 3O NiOO CoOO SiO FeO O WO 3 MoO 3V O O5
se queque C=0
C=0e,e,com
com isto a constante de oxidação parabólica
isto a constante de oxidação parabólica pode
Óxido Cr 2 3 2 3 2 3 3 2 5
ρ 5,2 3,9 6,6 6,4 ~2,4 5,9
pode ser ser escrita
escrita comocomo
2
p .t . A constante
'
s 2 = k sp' .t .Ak constante de parabó-
de oxidação oxidação ρ 3
(g/cm
(g/ ) 5,2 3,9 6,6 6,4 ~2,4 5,9
lica comporta-se
parabólica como ocomo
comporta-se parâmetro cinético Dcinético
o parâmetro e é, também,
D e é, cm3)
Tfusão 243 2053 199 193 ~172 142 147 795 658
também, proporcional à força motora termodinâmica ab-
proporcional à força motora termodinâmica ∆G (valor
0
T
∆G0 o ofusão
( (C)
C)
2435 2053 1990 1935 ~1725 1420 1470 795
5 0 5 5 0 0 658
soluto).
(valor absoluto).
Os valores da constante de oxidação parabólica 2
M Ox
relativa à massa (kp) e relativa à espessura da camada óxida k k p
'
p
(equação 4.7)
Ox .b.M O
( k p' ) estão relacionadas entre si como mostra a equação 4.6:
2
Com esta equação, a constante de oxidação, kp , pode ser
2 2
s. A V mOx convertida em k p' , que é a constante de oxidação relativa à
'
k kp
p k p
k p Ox 36 (equação 4.6) 37
m m Ox .m espessura da camada óxida.
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Com esta equação, a constante de oxidação, kp , pode ser A Fig. 4.3 mostra valores de kp para alguns metais que
convertida em k p' , que é a constante de oxidação relativa à oxidam de acordo com a lei parabólica de oxidação. Ao se
espessura da camada óxida. comparar os dados da Fig. 4.3 com os dados termodinâmicos
Exemplo: Para uma liga formadora de Al2O3 de valor de da Fig. 3.1, verifica-se nenhuma relação da termodinâmica
-11Exemplo: Para uma liga formadora de Al2O3 de o va-
kp=3x10 kg2m-4s-1 (valor típico para T=1000 C);
lor de kp=3x10-11kg2m-4s-1 (valor 3típico para T=1000oC);
com a cinética de crescimento da camada óxida.
M(AlM(Al
2O3)=102g;
O )=102g; (Al O3)=3,9g/cm
ρ 2(Al ; 3b=3
O )=3,9g/cm ; b=3e eM(O)=16g,
M(O)=16g,
2 3 2 3
com com
isto isto calcula-seque
calcula-se que k p' 1,5x1017 m2 / s . Após
Após1000 ho-
1000
ras, isto significa uma espessura da camada óxida de cerca
horas, isto significa uma espessura da camada óxida de cerca
de 7µm.
de 7 um.
A constante de oxidação parabólica depende da tempe-
ratura de acordo com a função de Arrhenius, pois o cresci-
mento da camada óxida é um processo termicamente ativado:
Q
k p k p 0 .e R .T
(equação 4.8)
onde:
k p 0 é o fator pré-exponencial
Q é a energia de ativação responsável pelo processo de
difusão durante o crescimento da camada óxida.
38 39
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Para longos tempos de oxidação em altas temperaturas A formação de wustita (FeO), por apresentar uma
muitos metais e ligas oxidam de acordo a lei parabólica de grande concentração de defeitos, apresenta um crescimento
oxidação com relativo baixo valor de kp. No entanto, Al2O3 é linear da camada óxida. A Fig. 4.4 mostra a cinética de oxi-
o único óxido que mesmo após longa exposição a temperatu- dação do aço 2,25Cr1Mo oxidado a 700oC.
ras superiores a 1000oC conserva baixa taxa de crescimento
e praticamente não se evapora.
(c) Lei de oxidação linear
Metais como Ta e Nb, que possuem elevados valores
de ponto de fusão, fazem parte do grupo de metais que em
temperaturas elevadas oxidam rapidamente e de maneira li-
near, de acordo com a equação 4.9:
∆m
= k l .t (equação 4.9)
A
Figura 4.4: Cinética de oxidação do aço 2,25Cr1Mo ao ar a 700oC durante
A é a constante de oxidação linear; 80h, formação de wustita (FeO) [Trindade et al., 2005].
kl depende da temperatura de maneira similar à equa- No estágio inicial da oxidação, pode-se formar uma
ção 4.8. camada fina que seja protetora e que cresça de acordo com a
lei parabólica de oxidação. No entanto, após curto tempo de
exposição, este filme fino perde sua característica protetora
devido à formação de trincas e/ou poros que permite o con-
tato direto do oxigênio com a superfície do metal. Defina-se
este fenômeno como oxidação através de trincas (“breaka-
way oxidation”). Devido à formação de grande volume de
óxidos com o tempo, normalmente ocorre o destacamento
da camada óxida causando perda de massa do corpo de pro-
va. Outros metais e ligas, como o Cr puro, em temperaturas
elevadas pode periodicamente trincar e recompor a camada
óxida trincada, fechando-a.
(d) Perda de massa devido à oxidação (oxidação ca-
tastrófica)
40 41
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Além da perda de massa devido ao destacamento da devido à volatilização de óxido de Re. A taxa de volatili-
camada óxida, perda de massa também ocorre quando o zação de óxidos como de Al é praticamente zero. Enquanto
óxido formado é líquido ou volátil. A perda de massa, neste para o Mo, mesmo em baixas temperaturas formam óxidos
caso, segue a lei de oxidação linear. Denomina-se este fenô- voláteis, assim como para o W que forma óxido volátil a par-
meno como oxidação catastrófica. Óxidos líquidos formam- tir de 700oC e que já a 1000oC, este fenômeno torna-se fá-
-se na faixa de temperatura relativamente baixa, como é o cil de ser observado devido à elevada taxa de volatilização.
caso do V2O5 e MoO3 (veja tabela 4.1). Ambos os óxidos de Lâmpadas incandescentes com resistência de W funcionam
molibdênio MoO3 e MoO2 formam eutéticos à temperatura quando preenchidas com gás inerte, por exemplo Krypton,
de 658oC. A Fig. 4.5 mostra a perda de massa devido à for- para diminuir a taxa de volatilização de óxido de W. A falta
mação de óxidos voláteis de Mo, durante oxidação em altas de vedação completa da lâmpada permite a entrada de oxi-
temperaturas em ar seco. gênio e, consequentemente, formação de óxidos voláteis que
escurecem as paredes da lâmpada.
42 43
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
46 47
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
(a) os ânions de oxigênio migram mais rápido na ca- vés da camada é devido à diferença de concentração entre
mada óxida do que cátions metálicos. A camada cresce pre- a interface metal/óxido e a interface óxido/gás (no modelo
dominantemente para dentro, ou seja, na interface do metal/ de Wagner isto é representado pelo gradiente de potencial
óxido (veja Fig. 4.8a); químico).
Exemplos: Fe2O3, SiO2, TiO2, UO2, ZrO2, tipicamente Em termos qualitativos ocorre uma auto-redução da
Al2O3. velocidade de crescimento da camada devido ao aumento
(b) os cátions metálicos migram mais rápido na ca- de espessura desta, o que acarreta em um longo “caminho”
mada óxida que o ânion de oxigênio. A camada cresce pra- de difusão. A dependência da constante de oxidação com a
ticamente para fora na interface óxido/gás (veja Fig. 4.8b). temperatura mostrada na equação 4.8 e Fig. 4.3 é resulta-
Neste caso o modelo de Pilling-Bedworth não se aplica, do do fato de que tanto a difusão na estrutura iônica quanto
porque o óxido pode-se expandir livremente sem geração de a difusão na estrutura metálica são processos termicamente
tensões de compressão. ativados. Para a taxa de difusão nos óxidos, assim como para
os metais, a temperatura homóloga é um fator importante, ou
Exemplo: CoO, Cr2O3, Cu2O, FeO, NiO seja, o ponto de fusão dos óxidos precisa ser elevado. Esta
(c) se a difusividade (movimentação) dos elétrons condição é contemplada tanto pelo Cr2O3 quanto pelo Al2O3,
na camada óxida é menor que a dos íons, a camada crescerá assim como outros óxidos, para os quais as taxas de cresci-
tanto para dentro quanto para fora, dependerá de qual íon mentos são bastante elevadas, ex. NiO. Vale salientar que a
movimentará mais rápido. difusão na estrutura iônica não depende apenas da tempera-
tura homóloga.
Exemplo: Al2O3
Para um tratamento mais preciso dos processos de di-
Qual mecanismo irá descrever o processo de oxida-
fusão na estrutura óxida é necessária uma compreensão clara
ção depende também da temperatura, da pressão parcial de
da estrutura dos defeitos e suas propriedades. Entende-se por
O2 e outros parâmetros que poderão determinar/modificar o
estrutura de defeitos em um material iônico como sendo to-
mecanismo de transporte. É comum encontrar na literatura
dos os defeitos pontuais e defeitos eletrônicos em forma de
divergências com relação ao fator determinante no cresci-
excesso de elétrons ou em forma de deficiência de elétrons
mento da camada óxida.
(buracos). A maioria dos óxidos possui estrutura HCP (hexa-
Na interface metal/óxido tem-se a pressão de dissocia- gonal compacta) ou CFC (cúbica de face centrada). Devido
ção do O2, a qual pode ser determinada de acordo com a ao grande tamanho relativo do íon de oxigênio, os íons me-
equação 3.6, ou diretamente lida no diagrama da Fig. 3.1. tálicos ocupam os sítios interticiais (pequenos espaços va-
Entre este valor (pressão de dissociação do O2) e a pressão zios). Os tipos de defeitos pontuais encontrados em estrutura
parcial de O2 no gás, forma-se um gradiente ao longo da ca- iônica são:
mada óxida. A força motriz para transporte difusional atra-
48 49
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
• vacâncias de íons metálicos (=cátions): não ocupam Tabela 4.3: Não-estequiometria de óxidos com os cor-
sítios interticiais; respondentes tipos de defeitos e o mecanismo principal de
• vacâncias de íons de oxigênio (=ânions) crescimento de camada (a e b são números estequiométricos
• Íons metálicos substitucionais: cátions metálicos inteiros, x e y são números decimais que representam o des-
extras (outro tipo de cátion) que ocupam alguns sítios vio da estequiometria ideal. Para os óxidos em geral tem-se:
interticiais; x<<a e y<<b: semicondutores). O=Oxigênio e M=Metal.
• íon de oxigênio substitucionais: alguns íons de
oxigênio que ocupam sítios interticiais. Mecanismo
Tipo de não Tipo do Tipo do
de
estequiome- Fórmula defeito semicon- Exemplos
crescimento
tria pontual dutor
da camada
Os defeitos significam um desvio da estequiometria
ideal do óxido. A tabela 4.3 mostra um resumo dos tipos pos- Fe2O3,
síveis de não-estequiometria. Ta2O5,
Deficiência Vacância Difusão do
de O MaO
b-y de ânions
n
oxigênio TiO2,
ZrO2
CoO,
Cr2O3,
NiO
contornos de grão pode ser predominante. Estes óxidos pos- 4.4. Oxidação de Ligas Metálicas
suem frequentemente grãos finos devido à formação de uma
grande quantidade de núcleos durante o período inicial de As principais características da oxidação de ligas serão
oxidação, devido à elevada entalpia livre de formação destes aqui primeiramente abordadas para o caso de ligas binárias
óxidos. to tipo A-B (A=elemento principal/solvente e B=elemento de
Na camada de Cr2O3, tanto os ânions quanto os cátions, liga/soluto). A Fig. 4.9 mostra, esquematicamente, os casos
podem possuir a mesma taxa de difusão ao longo dos con- comuns de oxidação de ligas, para as quais considera-se que
tornos de grão e com isto o crescimento da camada se dá todos os componentes nas condições de atmosfera de oxida-
preferencialmente no interior da camada. Isto causa geração ção são termodinamicamente possível (por exemplo, neste
de tensões e formação de trincas (veja PBV para o Cr2O3 na caso o elemento de liga Pt seria uma exceção).
tabela 4.2). No filme de Al2O3, possivelmente o transporte A Fig. 4.9a mostra a condição ideal para o caso de
de elétrons seja determinante na cinética de crescimento. O oxidação seletiva dos elementos de liga, assim como a for-
crescimento deste filme se dá preferencialmente pela difusão mação da camada deste óxido. De maneira proporcional à
de íons O2- para a interface metal/óxido. espessura da camada óxida formada, a liga logo abaixo da
Devido ao baixo valor de kp da camada de SiO2, po- camada óxida é empobrecida do elemento A. Esta descrição
de-se considerar que este óxido é também apropriado para sobre oxidação se aplica tanto para metais puros quanto para
proteção de materiais para aplicação em altas temperaturas. ligas metálicas. Considerações típicas das ligas metálicas são
No entanto, existem dois motivos que são contra o uso des- tratadas abaixo:
te óxido em temperaturas elevadas: (a) para baixas pressões • Os componentes de liga possuem diferente afinidade
parciais de oxigênio, de grande relevância técnica, e altas pelo oxigênio.
temperaturas forma-se SiO volátil causando a chamada oxi- • A concentração e atividade dos elementos não são
dação catastrófica; (b) um alto teor de Si no material não é idênticas.
permitido, pois causa fragilidade ao material devido à forma- • Os coeficientes de difusão dos elementos na liga são
ção de fases frágeis e devido à forte redução da temperatura
diferentes.
solidus do material. Si só é adicionado em ligas para aplica-
A camada óxida formada é geralmente composta por
ção em altas temperaturas em teores bastante reduzidos, de
mais de um elemento metálico de liga B. Caso a camada
tal forma que possa influenciar na cinética de crescimento de
cresça de maneira lenta ou o elemento de liga difunda rapi-
outros óxidos.
damente no substrato, o efeito de empobrecimento do ele-
mento de liga é difícil de ser observado.
52 53
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
54 55
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Dependendo do tipo de condução do óxido pode-se A Fig. 4.11 mostra a faixa de distribuição para os va-
utilizar a regra de Wagner-Haufe das seguintes formas: lores de kp dos óxidos Cr2O3 e Al2O3. Esta coleta de dados é
para ligas a base de Fe, Co e Ni. Ligas formadoras de Al2O3
(a) óxido com deficiência de metal (condutor tipo se caracterizam por exibirem menores valores de kp e com
p) deve ser dotado por outro metal com carga faixa de distribuição mais estreita comparada com o Cr2O3.
menor, pois com isto a vacância catiônica será Para as ligas formadoras de Cr2O3 existe uma desvantagem
preenchida. adicional devido à evaporação do Cr2O3 para temperaturas
(b) condutor tipo n, no qual existe excesso de metal superiores a 1000oC. A linha tracejada da Fig. 4.11 represen-
ou oxigênio, deve, ao contrário, ser dotados por ta o efeito dos chamados elementos de ativação na redução
metais que possuem cargas mais elevadas, pois da taxa de crescimento da camada de Cr2O3. Este fenômeno
com isto, em geral, a quantidade de íons metálicos não é observado para o Al2O3.
será reduzida e com isto haverá redução da
quantidade de íons de oxigênio.
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Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Para aplicações em temperaturas muita elevadas, em bar, conforme Fig. 3.1), forma-se uma zona de Cr2O3 onde a
torno de 950oC a 1000oC, deve-se utilizar ligas formadoras atividade de O2 é baixa. Em um curto período de tempo, uma
de camada óxida de Al2O3 que cresça lentamente e que pos- contínua camada de Cr2O3 é formada e a pressão parcial de
sua boa aderência, em especial para componentes que devem O2 é reduzida a em torno de 10-22 bar a 1000oC. Com isto a
ser utilizados por longo tempo e com constante mudança de difusão de oxigênio para o interior da liga é extremamente
temperatura, assim como elevado fluxo de gases (problema reduzida e, consequentemente, apenas uma finíssima zona de
de formação de Cr2O3: é a evaporação de CrO3!). Em ligas oxidação interna de Al2O3 é formada.
binárias, é necessária a utilização de uma elevada concentra- Diferentemente do caso da liga binária Ni-Al, o Cr na
ção de Al na liga – na liga Ni-Al é necessário em torno de liga Ni-Cr-Al exerce o papel de redução da atividade do oxi-
20 % em massa de Al – para que se possa formar uma cama- gênio e evita a formação de espessa zona de oxidação inter-
da contínua de Al2O3. Para baixas concentrações de Al será na. Este fenômeno é chamado de efeito “getter” através do
formada uma camada de NiO e devido à característica não Cr.
protetora do NiO ocorreria uma elevada difusão do oxigênio
para o interior da liga, causando a formação de uma zona de
oxidação interna de Al2O3.
É interessante notar que a concentração crítica de Al
nas ligas ternárias Fe-Cr-Al e Ni-Cr-Al é de apenas 5-6 %
em massa. Um exemplo conhecido são fios condutores de
calor fabricados com ligas de Fe-Cr-Al (exemplo: Kanthal
com 20-30% de Cr, 5-6% de Al e 0-5% de Co) assim como
superligas formadoras de Al2O3 do tipo MCrAl (M = Fe ou
Co ou Ni ou NiCo).
A explicação para este fenômeno foi desenvolvida por
C. Wagner. Antes que o estágio estacionário da oxidação seja
atingido é necessário considerar o estágio transiente da oxi-
dação. Um exemplo clássico é a oxidação a 1000oC de uma
liga Ni-Cr-Al com no mínimo 10 % em massa de Cr e 5
% em massa de Al. A Fig. 4.12 mostra a formação de NiO
e do espinélio Ni(Cr,Al)2O4 na superfície da liga devido à
elevada cinética de crescimento destes óxidos. Abaixo desta
camada, onde a pressão de dissociação do O2 para estes dois Figura 4.12: Representação esquemática do mecanismo de oxidação de uma
óxidos (para o NiO a 1000oC este valor é em torno de 10-10 liga ternária Ni-Cr-Al com 10 % em massa de Cr e 5 % em massa de Al;
t1<t2<t3 [Bürgel, 1998].
60 61
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
crit
g *cO DOVLiga 2
cB (equação 5.1)
2DBVOx
ou seja, para:
onde:
DO é o coeficiente de difusão do oxigênio no metal base x≤ξ=0 para x ≤ ξ e t>0, (equação 5.8)
t é o tempo de difusão/oxidação c B = c B0 para x ≥ 0 e t=0. (equação 5.9)
γ é um parâmetro adimensional que será apresentado a se-
guir.
66 67
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
68 69
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Com isto pode-se calcular a profundidade da zona de oxida- A Fig. 5.1 mostra esquematicamente o perfil de con-
ção interna usando a equação 5.15: centração de uma liga modelo hipotética AB, sendo A o sol-
vente e B o solúvel. Esta figura resume a teoria de Carl Wag-
2cOs DO t ner sobre oxidação interna.
= (equação 5.15)
vcB0
cOs D
(b) caso 2: 0 << B <<1
cB DO
cOs DO πt
ξ= (equação 5.17)
νc B0 DB
70 71
Vicente Braz Trindade
Apesar de ser desenvolvida para o caso de oxidação interna, T=1000oC (temperatura de nitretação),
a teoria de Carl Wagner pode ser aplicada a outras formas t=100h (tempo de exposição da liga).
de corrosão. A grande praticidade da teoria de Carl Wagner Pode-se calcular a profundidade da zona de precipitação que
permite prever a profundidade de precipitação interna (nitre- é de ~60µm. Valor este comparável ao apresentado na Fig.
tação) em uma liga modelo de Ni-Ti (veja Fig. 5.2). 5.2.
Apesar da boa aplicabilidade da teoria de Carl Wagner para
a descrição do processo de corrosão interna, esta teoria apre-
senta algumas limitações:
(a) esta teoria só se aplica a condições em que há
apenas um tipo de precipitado (produto de corrosão),
(b) o precipitado precisa ser estequiométrico
(c) o precipitado precisa apresentar elevada estabili-
dade termodinâmica.
Figura 5.2: Formação de zona interna de TiN em uma liga modelo Ni-2%Ti
após exposição de 100h a 1000oC [Chang, 2001]. Portanto, para casos de ligas de engenharia, esta teoria en-
contra-se pouca aplicabilidade. No capítulo 13 será apresen-
Usando a equação 5.15 e os parâmetros da liga e condições tado um novo modelo para tratar casos mais complexos de
experimentais, tem-se: corrosão interna.
2cOs DO t
=
vcB0
72
6. Oxidação Cíclica
Com o aumento da diferença entre estes valores, au- forma não é compacta e protetora. Em princípio, o Al2O3 é o
mentam-se as tensões térmicas na camada. óxido que exibe o melhor comportamento durante oxidação
(c) A espessura da camada. cíclica. Para temperaturas não muitas elevadas (até aproxi-
madamente 900oC), camada de Cr2O3 também exibe com-
Com o aumento da espessura da camada, aumentam- portamento aceitável. Com respeito ao elemento de liga for-
-se as tensões de crescimento da camada, além disto aumen- mador da camada, este tem que ser mais elevado na liga para
ta-se a isolação térmica e com isto diminui-se o fluxo de ca- condições de oxidação cíclica comparado com aquele teor
lor causando elevação das tensões térmicas na camada. exigido para resistência à oxidação isotérmica.
(d) A ductilidade da camada. Além do efeito dos elementos ativos, outros elementos
Caso a camada consiga absorver a deformação plás- também exercem forte influência no comportamento da oxi-
tica do substrato (“respiração térmica”), há uma diminuição dação cíclica, como por exemplo:
do destacamento da camada. Silício: com teor entre 0,5 % em massa até 3 % em
(e) A aderência da camada. massa, melhora tanto a oxidação isotérmica quanto a oxida-
ção cíclica. Isto se deve à formação de uma subcamada de
Esta será diminuída caso forma-se poros na interface
SiO2. No entanto, a adição de Si é limitada devido à deterio-
metal/óxido devido à difusão de cátions metálicos através
ração das propriedades mecânicas da liga.
da camada. A aderência pode ser melhorada com ajuda de
baixas concentrações (em ppm) chamados elementos ativos Tântalo: este elemento é benéfico tanto à oxidação iso-
como por exemplo Y, Zr ou Ce. térmica quanto à oxidação cíclica. A razão deste efeito ainda
não está esclarecida na literatura.
(f) A taxa de formação da camada após destacamen-
to. Titânio: seu teor é atualmente muito baixo nas novas
superligas. Tem-se observado que o Ti eleva o valor kp do
Isto depende principalmente da concentração do ele-
Al2O3 e piora o comportamento da oxidação cíclica.
mento de liga formador da camada óxida, assim como do
coeficiente de difusão deste elemento no substrato. Metais com alto ponto de fusão como Mo e W: estes
elementos diminuem o coeficiente de difusão do Cr e do
(g) A geometria do corpo de prova ou componente.
Al na liga. Este efeito é prejudicial para a formação de uma
Em quinas bruscas formam-se altas tensões térmicas nova camada de Cr2O3 ou Al2O3.
causando destacamento da camada nestas regiões (elevadas
perdas de massa).
Em geral, a perda de massa durante oxidação cíclica
cresce de maneira contínua porque a nova camada que se
78 79
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
6.2. Aderência da camada e elementos Tabela 6.1: Valores médios de coeficiente de expansão
ativos na faixa de temperatura até 1000oC.
80 81
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
a) Como mostra a Fig. 4.10, o valor de kp da camada de Cr2O3 (1) Análise metalográfica da camada desprendida e análise
é reduzido pela presença de elementos ativos, enquanto da seção transversal tem mostrado o efeito de “entre-
que a camada de Al2O3 não sofre mudança significativa. É travamento” da camada. A camada formada em ligas sem
assumido que a oxidação seletiva do Cr no estágio inicial adição de elementos ativos apresenta uma interface lisa/
da oxidação é acelerada pela presença do elemento ativo plana do óxido/metal, enquanto com a adição de elementos
formando rapidamente uma camada contínua e protetora de ativos observa-se a formação de “flocos de óxidos” (“pegs”),
Cr2O3. os quais funcionam como “entre-travamento” da camada
no substrato (“pegging effect”) como mostra a Fig. 6.4.
b) A aderência da camada e, em especial, o comportamento
Assume-se que o óxido do elemento ativo que é formado
durante oxidação cíclica é significativamente melhorado
no interior da camada causa a formação destas “pernas” de
quando se adiciona elementos ativos à liga. A Fig. 6.3 mostra
óxidos que crescem para o interior da liga. Os elementos
este efeito para o caso da liga NiCoCrAl com adição de
ativos apresentam deficiência de oxigênio e com isto a
diferentes elementos ativos, em que se pode notar o melhor
difusão de íons de oxigênio é aumentada significativamente
efeito gerado pela adição de Y.
nos óxidos de Al2O3 e Cr2O3. Com isto gera-se um tipo de
“curto circuito” da difusão que permite a camada crescer
localmente para o interior da liga (formando “pernas”). No
entanto, há argumentos contrários a esta teoria que afirmam
que mesmo em alguns casos de interface lisa há boa aderência
do óxido no metal.
Figura 6.3: Mudança de massa durante oxidação cíclica a 1000oC de uma Figura 6.4: Morfologia da superfície inferior da camada óxida. (a) metal
liga NiCoCrAl com adição de diferentes elementos ativos [Rapp, 1983]. puro ou liga sem adição de elementos ativos; a interface óxido/metal é lisa/
plana e (b) liga com adição de elementos ativos; a camada apresenta local-
mente “flocos” ou “pernas” de óxidos que crescem para o interior da liga
Existem várias teorias para explicar o efeito destes ele- (“pegging effect”) [Bürgel, 1998].
mentos, das quais, as três mais importantes são: (2) A segregação do elemento ativo nos contornos de grão da
camada óxida acelera a difusão dos íons de oxigênio. Com
82 83
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
isto, o mecanismo de crescimento que era predominantemente 6.3. Comportamento dos aços com baixo
catiônico, passa a ser predominantemente aniônico, o que faz teor de Cr
com que a reação de oxidação aconteça na interface metal/
óxido diminuindo ou inibindo a formação de poros nesta A Fig. 6.5 mostra resultados de oxidação isotérmica e
interface. Este mecanismo foi observado para o caso de cíclica de um aço contendo 2,25% de Cr. A temperatura de
crescimento de camada de Al2O3. oxidação foi de 550oC. A oxidação cíclica for realizada com
ciclos de 5 horas a 550oC e 20 minutos a 50oC.
(3) A segregação de S e P ou outros elementos na interface
6
metal/óxido é tido como prejudicial à aderência da camada (oxidação isotérmica)
óxida. A elevada afinidade de vários elementos ativos por (oxidação cíclica)
84 85
Vicente Braz Trindade
Onde:
x é a fração molar de cada componente (Σ xi = 1),
P é pressão total da mistura gasosa.
A atividade do carbono no gás depende da pressão
parcial de cada componente, da pressão total e da tempera-
tura. A entalpia livre das reações em função da temperatu-
ra estão disponíveis na literatura tanto através de fórmulas
(do tipo G0 R.T . ln K ) quanto diagramas como mostra
o diagrama da Fig. 3.2.
Para o caso em que a atividade do C no gás é maior
que a atividade do C na liga, acontecerá difusão do C para o
interior da liga e se o limite de solubilidade é ultrapassado
Figura 7.1: Perfil de concentração do C no aço austenítico liga 800A após
ocorre a formação de carbonetos. A carbonetação se apre- carbonetação em atmosfera contendo CH4/H2 a 1000oC com aC = 0,8 (con-
senta tipicamente como um processo de corrosão interna. A centração inicial do carbono, c0 = 0,06 % em massa).
atividade do C, em função da temperatura, para a formação
de um específico carboneto (considerando atividade do me-
tal como sendo igual a 1) pode ser encontrada no diagrama
apresentado na Fig. 3.2.
A Fig. 7.1 mostra o perfil de concentração do C após
longo tempo de carbonetação de um aço austenítico. A Fig.
7.2 mostra a microestrutura subsuperficial da liga carboneta-
da. Dependendo da atividade ou concentração do elemento
de liga formador do carboneto, determinado tipo de carbo-
neto precipitará. Para o caso, aqui ilustrado, os carbonetos
precipitados são do tipo M23C6 e M7C3, em que M é o Cr, Fe
e/ou Ni.
(a)
88 89
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
2
∆m
= k C .t (equação 7.5) ou
(a) A
x 2 = k C´ .t (equação 7.6)
Onde:
kC e k C` são constantes parabólica de carbonetação
x é a espessura da zona carbonetada
Esta relação é derivada da 1ª lei de Fick assim como a
oxidação parabólica. A difusão do carbono é fator predomi-
nante para o controle da cinética de carbonetação. A cons-
tante parabólica de carbonetação aumenta com a temperatura
seguindo uma função exponencial (exp) e aumenta linear-
mente com o aumento da atividade do carbono na atmosfera.
(b) O Ni puro não forma carboneto estável e possui uma
Figura 7.4: (a) cálculo da formação de carbonetos em um aço austenític e
baixa solubilidade de C. Nas ligas a base de Fe-Ni e Fe-Cr-
(b) cálculo do momento magnético em função do Cr solúvel na liga [Trin-
dade et al., 2007]. -Ni, a taxa de carbonetação diminui com o aumento do teor
92 93
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
de Ni na liga. As ligas à base de Ni são mais resistentes à car- a) deposição de uma camada de liga a base de Si ou Al na
bonetação que os aços Cr-Ni. No entanto, as ligas de níquel superfície do substrato com o objetivo de formar uma camada
são pouco usadas nestes ambientes devido ao seu alto custo óxida protetora através da reação com o oxigênio contido na
e/ou dificuldades de conformação. atmosfera de carbonetação.
Em geral, a formação de uma camada óxida reduz b) Deposição de elemento com elevada atividade pelo C
bastante a penetração de carbono até a superfície da liga, (forte formador de carboneto), como por exemplo Ti, na
diminuindo assim os efeitos da carbonetação. No entanto, superfície do substrato com o objetivo de se formar uma
é necessário uma elevada pressão parcial de O2 para que a camada contínua deste carboneto que protegerá contra a
estabilidade termodinâmica do óxido se mantenha. Frequen- penetração de carbono até o substrato.
temente, as condições de carbonetação não permite a manu-
tenção de uma camada contínua de Cr2O3. 7.2. Descarbonetação
A adição de teores de Si em até 2 % em massa em aços
é benéfico para uma melhor resistência à carbonetação devi- A descarbonetação pode acontecer de maneira plane-
do à formação de uma camada fina de SiO2 (que precisa de jada para diminuir o teor de C da liga ou pode acontecer de
uma pressão parcial bem mais inferior que para a formação maneira não desejada através da descarbonetação da parte
de Cr2O3). Com a elevação da temperatura, o efeito benéfi- superficial e sub-superficial durante tratamento térmico ou
co do Si desaparece porque a estabilidade termodinâmica do uso em atmosfera oxidante. O Primeiro é realizado principal-
SiO2 diminui. mente para chapas finas a base de Fe em que um tratamento
térmico é realizado em torno de 800oC em uma atmosfera
Para concentrações altas de Al, Al2O3 é teoricamente
contendo vapor de água. O carbono reage com o oxigênio e
estável em atmosferas de carbonetação, a pergunta que se
o hidrogênio, formando CH4 ou CO. Para que este fenômeno
pode fazer é: é possível a formação de uma camada contínua
aconteça, uma camada óxida compacta que inibe a difusão
em caso em que a superfície e sub-superfície já estejam com
do carbono, não pode ser formada na superfície da liga.
precipitação de carbonetos? Poucos estudos existem para se
ter uma resposta clara sobre este assunto. Existem dois casos em que há descarbonetação da sub-
superfície da liga durante o processo de formação de camada
Em muitos casos, um tratamento de pré-oxidação em
óxida:
atomosfera oxidante é realizado para aumentar a resistência
à carbonetação. a) o carbono solúvel na matriz reage com o oxigênio na
interface óxido/metal formando CO/CO2. Este processo
Outra alternativa para diminuir a absorção de C é a
estabelece uma pressão parcial de O2 na interface inferior da
formação de uma camada protetora especial. Existem duas
camada óxida que é elevada o suficiente para formação de
maneiras usuais, para se fazer isto:
dióxido de carbono. Devido à formação de trincas e poros, o
94 95
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
CO2 formado é transportado para a atmosfera. Esta retirada de carbonetos. A Fig. 7.6 mostra um exemplo da liga de níquel
carbono pode provocar, por exemplo, a inibição da formação Nicrofer 7520Ti com uma camada óxida externa, uma zona
de martensita em aços devido à redução do carbono abaixo de oxidação externa, uma zona descabonetada e uma zona de
da concentração crítica (veja Fig. 7.5). carbonetos precipitados.
96 97
8. “Metal Dusting” (pulverização
do metal)
100
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
2
∆m
= k N .t (equação 9.1) ou
A
102 103
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
104 105
Trindade
Vicente Braz Trindade 106 Corrosão em altas temperaturas
Figura
Figura9.4: Cálculo
9.4: Cálculo termodinâmico
termodinâmico para o sistema para o sistema
Ni-Cr-Ti-N
2
a 1000 C. A Ni-Cr-
o
Figura 9.5: Efeito da pré-oxidação na cinética de nitretação da liga Haynes
o
Ti-Nsolubilidade
2 a
liga
1000do nitrogênio na liga aumenta com o aumento do teor de Cr na
C. A solubilidade do nitrogênio na liga
(cálculo usando o software FactSage).
230 a 900oC em uma atmosfera contendo He+80% em volume de N2 [Trin-
dade et al., 2008].
aumenta com o aumento do teor de Cr na liga (cálculo
usando oTem-se
software usadoFactSage).
o fenômeno da pré-oxidação com o ob- Por outro lado, ligas contendo alto teor de Cr, como
jetivo de se proteger ligas contra nitretação. Testes com ligas por exemplo 48% em massa, ao ser nitretada forma-se uma
formadoras de Cr2O3 foram realizados, como por exemplo, camada de nitretos que é capaz de proteger significativa-
Tem-se
a liga usado o que
de Ni Haynes230 fenômeno da pré-oxidação
contem 20-24 % em massa de com o mente a liga contra oxidação. A Fig. 9.6 mostra a cinética
objetivo
Cr. A de
Fig. se
9.5proteger ligas contra
mostra a cinética nitretação.
de nitretação em duasTestes
con- com de oxidação de uma liga modelo Ni-48%Cr antes e após ser
ligasdições: (i) nitretação
formadoras deemCruma atmosfera com pressão parcial
2O3 foram realizados, como por pré-nitretada a 1000oC em atmosfera contendo He+50% em
de oxigênio muito baixa. Sem formação de camada de Cr2O3 volume de N2 durante 100h.
exemplo, a liga de Ni Haynes230 que contem 20-24 % em
na superfície. (ii) Nitretação após pré-oxidação da liga em
massa de Cr.contendo
A Fig. oxigênio
9.5 mostra Durante nitretação forma-se uma camada contínua de
atmosfera capazadecinética de nitretação
formar uma camada em
CrN e CrN2 recobrindo toda a superfície da liga. O diagrama
duasfinacondições:
de Cr2O3. Como (i) pode
nitretação em auma
ser observado, atmosfera
pré-oxidação re- com
de equilíbrio (veja Fig. 9.7) mostra a estabilidade dos nitre-
duziuparcial
pressão a cinéticadedeoxigênio
nitretação,muito
mas não a ponto
baixa. Semde evitá-la
formação de tos de Cr à 1000oC.
ou retardá-la significativamente. Isto se explica pelo fato de
camada
que a de Cr2O
camada de3CrnaO superfície. (ii) do
permite a difusão Nitretação após pré-
nitrogênio para
2 3
oxidação dadaliga
o interior liga em
e/ouatmosfera contendo
a camada apresenta porosoxigênio capaz de
e trincas que
expõeuma
formar a superfície
camadada ligafina
à atmosfera
de Cr contendo
2O3. Como
N2. pode ser
observado, a pré-oxidação reduziu
106 a cinética de nitretação, 107
mas não a ponto de evitá-la ou retardá-la significativamente.
Vicente Braz Trindade
10. Sulfetação
Tabela 10.1: Ponto de fusão de alguns sulfetos e euté- que o raio dos cátions metálicos comuns, com isto, tem-se
ticos metal/sulfetos. íons metálicos nos sítios intersticiais. Ânions intersticiais é
pouco provável.
Sulfeto T (fusão) em oC
A tabela 10.2 mostra os tipos de defeitos mais comuns.
NiS 995 Para muitos metais como Al, Cr, Ni, Co, Cu, que em caso
de óxidos, apresentam pequena variação na estequiometria e
Al2S3 1100
portanto baixa concentração de defeitos, o contrário, ocorre
CoS 1182 para o caso de sulfetos. Isto explica a elevada taxa de sulfe-
tação destes metais devido à elevada difusividade dos íons.
FeS 1188 A taxa de crescimento da camada depende além do tipo do
MnS 1530 defeito, da concentração e da temperatura homóloga e com
isto do ponto de fusão do sulfeto.
CrS 1565
Tabela 10.2: Não-estequiometria de sulfeto com os
Ni/Ni3S2 637 correspondentes tipos de defeitos e o mecanismo principal
de crescimento de camada (a e b são números estequiomé-
Co/Co4S3 877 tricos inteiros, x e y são números decimais que representam
Fe/FeS 988 o desvio da estequiometria ideal e M é um cátion metálico).
Mecanismo
Tipo do
Tipo de não de
(b) O valor de Pilling-Bedworth (PBV) fornece uma estequiometria
Fórmula defeito
crescimento
Exemplos
pontual
noção se a camada de sulfeto é densa e com isto protetora. da camada
Vacância Difusão do
O caso em que PBV<1 não ocorre para sulfetos comumente Deficiência de S MaSb-y de ânions enxofre
Incomum
encontrados nos processos industriais. Um comportamento Ag2S,
de crescimento parabólico acontece para PBV>1. Para ca- Cr2S3,
Cátions Difusão do
Excesso de M Ma+xSb Al2S3,
sos em que PBV>>1, desprendimento da camada de sulfe- interticiais metal
Ni3S2,
to fica susceptível ao desprendimento, acarretando perda de Co4S3
NiS, FeS,
material como por exemplo: NiS-PBV=2,5; FeS-PBV=2,57; CoS,
Deficiência Vacância Difusão do
MnS-PBV=2,95; Al2S3-PBV=3,7. de M
Ma-xSb
de cátions metal
Ni3S2,
Co4S3,
(c) Para crescimento parabólico da camada, pode-se Cu2S
Ânions Difusão do Pouco
aplicar o modelo de Wagner, como descrito para o caso da Excesso de S MaSb+y
interticiais enxofre provável
oxidação. Os sulfetos possuem defeitos e possuem variação
na estequiometria. O raio iônico do enxofre (1,74Å) é maior
110 111
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
112 113
11. corrosão em sais fundidos
116 117
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Tabela 11.1: Principais substâncias químicas presen- Ellingham-Richardson na Fig. 3.4), a estabilidade dos ou-
tes em processos de queima. tros compostos é usualmente representada através da pressão
parcial do SO3. Alta atividade de S2 está relacionada à alta
Atmosfera O2, N2, SO2, NO, NO2, N2O, CO, CO2, H2O, FCKW, NaCl
pressão parcial de SO3.
com quantidades de Na2SO4 e outros cloretos e sulfatos,
além de outras substâncias específicas do local A partir da constante de reação da queima de enxofre
Combustível S, Na, Cl, V, Pb, ..., maioria em forma de compostos (equação 11.1) pode-se notar que para baixa pressão parcial
de O2 existe uma alta atividade de S2. Esta informação é im-
Gás de O2, N2, H2O, S2, SO2, SO3, CO, CO2, NOx, Na2SO4, NaCl, portante para o entendimento de sulfetação interna na pre-
queima
Na2O, HCl, V2O4/V2O5, PbO, ... sença de uma camada externa.
Com a elevação da temperatura há um deslocamento
O enxofre, que é um dos principais elementos na corro- do equilíbrio da reação descrita pela equação 11.2 para a es-
são em sal fundido, tem como principal origem o combustí- querda, pois, para a reação nesta direção há aumento da en-
vel, mas pode também advir de algumas substâncias presen- tropia, ou seja, diminui a pressão parcial do SO3. A pressão
tes no ar. Devido ao maior teor de enxofre no combustível, parcial de SO3 em equilíbrio não é atingida em caso de eleva-
por exemplo, no petróleo em comparação com o gás natural, da velocidade do gás. Por exemplo, a permanência do gás de
a corrosão é mais agressiva quando na utilização do primeiro queima em turbina a gás é de apenas alguns mili-segundos.
combustível. O enxofre é queimado formando SO2, o qual é Por isto em processos de queima, a pressão parcial de SO3
parcialmente oxidado em SO3: medida, fica abaixo daquele valor calculado para uma dada
combinação de temperatura e pressão.
p 2 SO2
S 2 2O2 2SO2 ; K p (1) (equação 11.1) O caráter mais agressivo da corrosão em sal fundido
p S2 . pO2 2
comparado com a corrosão em gás seco, é, como já mencio-
2
p SO nado, devido à presença de sais fundidos. O principal sal, en-
2SO3 ; K p ( 2 )
cat .
2SO2 O2 3
(equação 11.2)
2
p SO . pO2 contrado em vários processos de queima é o Na2SO4. Neste
2
caso, usa-se o termo corrosão induzida pelo sódio. Na tabela
11.2 encontram-se os pontos de fusão e eutéticos de vários
sais nas condições normais, ou seja, para componente puro a
A estabilidade das diferentes fases contendo S, as uma pressão de 1bar. O ponto de fusão do Na2SO4 é de 884oC
quais são relevantes para o processo de corrosão, podem e corrosão em sal fundido já ocorre a partir de em torno de
ser previstas através da atividade de um dos componentes: 450oC-500oC, isto significa que deve-se formar algum eutéti-
S2, SO2 e SO3. Enquanto que para a estabilidade de sulfetos, co com menor ponto de fusão.
usa-se, em geral, a pressão parcial do S2 (veja o diagrama
118 119
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Tabela 11.2: Ponto de fusão de alguns sais e eutéticos 11.3, a pressão parcial do SO3 é muito importante, a qual,
em condições normais. como já discutido, está relacionada com o teor de enxofre.
O Na2SO4 está constantemente em equilíbrio com o Na2O e
T (fusão) T (fusão
Sal em oC Eutético em oC SO3 de acordo com a reação:
NaCl 800 Na2SO4/V2O5 525 a Na 2O . pSO3
Na 2 SO4 Na 2 O SO3 ; K p (equação 11.4)
Na2SO4 884 Na2SO4/CoSO4 565 a Na 2 SO4
K2SO4 1069 Na2SO4/MgSO4 668
A figura 11.2 mostra o diagrama de fase do sistema Na-
MgSO4 1127 Na2SO4/NiSO4 671 -S-O a 900oC. O diagrama representa as pressões parciais de
CaSO4 1397 Na2SO4/NaCl 790 O2 e SO3 que devem ser atingidas para a formação de Na2SO4
com atividade próxima de 1.
Na3Fe(SO4)3 620 Na2SO4/K2SO4 830
120 121
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
partir da reação com algum elemento de liga. Isto acontece, atmosfera é simulada através de teores específicos de SO2 e
por exemplo, com metais puros como Ni, Co e Fe. Ligas com SO3 no ar (veja tabela 11.3). A composição química do de-
teor de Cr ou de Al suficientemente elevados exibem boa pósito e/ou da atmosfera pode ser modificada para simular
resistência à corrosão enquanto uma camada compacta de condições anormais de serviço, como por exemplo, adição
Cr2O3 ou Al2O3 presente na liga não permite a penetração de de V2O5 para simular impurezas no óleo ou adição de clore-
SO2. De maneira geral, o Al2O3 em comparação com o Cr2O3 tos para simular componentes do mar na atmosfera.
é o que apresenta melhor proteção. Tabela 11.3: Composição química (% em massa) do depósito
artificial para simulação de corrosão em sal fundido de paletas
11.3. Métodos de testes de turbina a gás e revestimentos, utilizando o método do cadinho.
O ar que circunda o cadinho contém 0,015 % em volume de SO2 e
SO3, respectivamente, à temperatura ambiente.
Uma simulação realista, em laboratório, do fenôme-
no de corrosão em sal fundido é muito mais trabalhosa que
Na2SO4 CaSO4.2H2O Fe2O3 ZnSO4.H2O K2SO4 MgO Al2O3 SiO2
simples oxidação devido aos vários fatores que podem in-
fluenciar no mecanismo de corrosão em sal fundido. Simples 4,3 22,7 22,3 20,6 10,4 2,8 6,5 10,4
modelos (equações) que descrevem a cinética de corrosão
que apresentam boas aproximações com os resultados ex-
perimentais, como descritos para os casos de oxidação, car- Com esta metodologia, as condição em serviço pode
bonetação, nitretação e sulfetação, não é possível de se re- ser simulada, mas frequentemente o ataque corrosivo obser-
presentar para o caso de corrosão em sal fundido. Existem vado em laboratório é bem mais agressivo que o observado
quatro metodologias de testes de laboratório que são hoje em serviço, devido à grande quantida de de depósito presen-
comuns para um melhor entendimento da complexidade dos te na liga (corpo de prova) em laboratório. Os resultados em
mecanismos envolvidos na corrosão em sal fundido: laboratório são muito úteis para comparar o desempenho de
diferentes ligas ou revestimentos. A grande vantagem desta
a) Teste do cadinho
metodologia de teste é a enorme praticidade do processo e
Os corpos de prova são submersos em um cadinho baixo custo.
contendo a solução salina relevante para o processo que se b) Teste do spray de sal
deseja simular e este é colocado no forno à temperatura dese-
jada. A solução é renovada de tempos em tempos. Nesta metodologia de teste, o corpo de prova recebe
de tempos em tempos (em uma frequência estabelecida) um
Esta metodologia tem sido usada com frequência para
spray ou é imerso na solução salina com a mistura relevante
simular o processo de corrosão de paletas de turbina esta-
para o processo que se deseja simular. O corpo de prova é co-
cionária. Analisa-se o depósito das paletas em condições de
locado no forno à temperatura e atmosfera desejadas. O gás e
serviços e tenta-se reproduzir este depósito artificialmente. A
o depósito que permanecem no corpo de prova reagem com
122 123
Vicente Braz Trindade
124
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
(b) Método Contínuo: o corpo de prova pode estar exposto ao gás quente no forno por um certo tempo e como
suspenso em um forno vertical (ou horizontal) através de um mencionado em (a) é novamente pesado após resfriamento
fio que é conectado a uma balança adequada (termobalan- (apenas um corpo de prova). Para o próximo ciclo de corro-
ça) e leituras contínuas da mudança de peso é realizada sem são um novo corpo de prova é retirado do forno e pesado, e
que o corpo de prova seja removido da zona quente do forno assim sucessivamente para todos os corpos de prova inicial-
(método contínuo). A Fig. 12.3 mostra uma construção de mente colocados no forno. A vantagem desta metodologia
uma termogravimetria capaz de realizar medidas contínuas em relação à metodologia empregada em (a) é a eliminação
de mudança de massa de corpos de prova tanto em tempera- do efeito da temperatura cíclica que pode levar à formação
tura constante quanto durante testes com temperatura cíclica. de trincas na camada óxida e influenciar drasticamente a ci-
nética de corrosão além dos repetidos manuseios do mesmo
corpo de prova o que pode causar contaminação e/ou danos
ao produto da corrosão. A Fig. 12.3 mostra um simples apa-
rato, onde pode-se colocar vários corpos de prova e colocá-
-los ao mesmo tempo na câmara de reação do forno e em
diferentes intervalos de tempo, 1 corpo de prova é retirado
e pesado.
Figura 12.3: Aparato para colocação de vários corpos de prova para ensaio
Figura 12.3: Aparato para análise termogravimétrica tanto em ensaios iso- descontínuo.
térmicos quanto durante temperatura cíclica. O método de medidas contínuas é preferível para uma
melhor análise quantitativa da cinética de corrosão. Em aná-
(c) Método Descontínuo (uso de vários corpos de lise gravimétrica, diferentes tipos de balanças podem ser
prova: os corpos de prova são pesados como descrito em (a), usados.
128 129
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
1)Balança tipo hélices: hélices de metal ou cerâmica A sensibilidade da hélice é função de seu comprimen-
(quartzo) servem como balanças baratas e confiáveis. Taxas to, do seu diâmetro e da espessura do fio. Com o dispositivo
de reação são quantificadas através de medidas das mudanças mostrado na Fig. 12.4, é conveniente usar hélices com um
no alongamento da hélice usando um catetômetro. Para asse- diâmetro de 20mm e um alongamento máximo de 50cm. Se
gurar uma medida precisa, a hélice deve ser mantida em uma a máxima carga é de 2mg e a superfície total do corpo de
câmara a uma temperatura constante, por exemplo, envolver prova é de 10cm2 e se o alongamento pode ser lido com uma
a câmara com uma manta resfriada com água a temperatura precisão de 0,01mm, a mudança de peso do corpo de prova
constante. Um dispositivo de hélice de quartzo para estudos pode ser medido com uma precisão de 0,04mg/cm2. A preci-
de corrosão em altas temperaturas é mostrado na Fig. 12.4. são pode ser aumentada através do aumento do comprimento
e do diâmetro da hélice ou aumentando a superfície total do
corpo de prova. Uma dificuldade de balanças do tipo hélices
é a de medir com exatidão a posição exata da hélice que é
dificultada pela presença de correntes de convecção. Outra
desvantagem deste tipo de balança é devido ao fato de que
o corpo de prova muda continuamente de posição no forno
durante corrosão, é necessário que o forno tenha uma zona
de temperatura constante e suficientemente longa.
2) Balança do tipo torção: o desenvolvimento da balança
do tipo micro-torção permite obter uma precisão de até 1µg.
Esta balança tem um design simétrico, como mostrado na
Fig. 12.5. Todas as partes são feitas de quartzo. Este tipo de
balança é o mais popular e muitos cientistas a tem usado em
suas pesquisas.
130 131
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
12.2. Volumetria
(b)
134 135
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
No entanto, detalhes da estrutura superficial podem ser de polimento utilizando pasta de diamante ou alumina. Fig.
muito melhor observados quando se usa MEV. Utilizando 12.9 mostra alguns detalhes de produtos de corrosão através
um aumento de mais de 2000x, a superfície do mesmo corpo da observação de seção transversal de corpos de prova após
de prova apresentada na figura 12.7 apresenta-se em forma diferentes processos de corrosão.
de cristais de óxidos em forma de agulhas (veja Fig. 12.8).
(a)
136 137
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Trindade 144
(a) oxidação de um aço baixa liga como mostrado na figura 12.8;
(b) experimento com marcador de ouro para se determinar o mecanismo de
crescimento da camada óxida;
(c) oxidação da liga de níquel Inconel 718 ao ar a 1000oC durante 72h,
mostrando a formação de uma camada externa e uma região de oxidação
interna predominantemente ao longo dos contornos de grão da liga;
(d) nitretação interna (TiN) em uma liga modelo Ni20Cr2Ti a 1000oC du-
rante 100h e
(e) formação de carbonetos em uma liga Ni25Cr a 950oC durante 300h de
carbonetação (CH4+He).
100µm
(d)
(a)
(e)
Figura
Figura 12.9: Observação
12.9: Observação datransversal
da seção seção transversal de corpos
de corpos de prova usando de
MEV:
prova usando MEV:
138 139
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
(b)
Figura 12.10: Camada óxida e oxidação interna observada na liga de níquel
Inconel 625Si. (a) seção transversal e (b) análise química com EDX [Trin-
dade, 2006].
140 141
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
A Fig. 12.12 mostra resultados de corrosão cíclica de princípio de funcionamento da técnica de EBSD instalada
uma liga de níquel. Observa-se a formação de uma camada em um MEV.
óxida externa (Cr2O3 e Al2O3) e corrosão interna devido à
formação de TiN.
142 143
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
(a)
144 145
Vicente Braz Trindade
146
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
na liga e cálculo de equilíbrio termodinâmico local. Para se Usando o método de diferenças finitas, método explí-
conseguir este tipo de abordagem, uma das ferramentas é o cito ou de Schmitt, pode-se aproximar a solução exata, c(x,t),
uso de métodos numéricos para tratar o fenômeno de difusão pela solução numérica, c(xi,tj), como segue:
no estado sólido (liga). Para tratar o cálculo termodinâmi-
co local pode-se utilizar a teoria do produto de solubilidade,
c ci , j 1 ci , j
mas similarmente ao modelo de Carl Wagner, encontra-se (equação 13.3)
t t
muita restrição para aplicação em casos mais próximos da
realidade. Uma abordagem mais abrangente é descrita será 2 c ci 1, j 2ci , j ci 1, j
(equação 13.4)
apresentada. x 2 ( x ) 2
A descrição matemática dos problemas de difusão é
possível através de uma equação diferencial em que a con- Igualando as equações 13.3 e 13.4, tem-se:
centração depende da variável tempo e posição. Consideran-
do o caso em uma dimensão, a equação da difusão é descrita
pela equação 13.1 e em duas dimensões pela equação 13.2, ci , j 1 rc i 1, j ( 1 2r )ci , j rc i 1, j (equação 13.5)
com a condição de independência do coeficiente de difusão
em relação à concentração: onde
c 2c
D 2 (equação 13.1)
t x D∆t
r= (equação 13.6).
c 2c 2c ( ∆x ) 2
Dx 2 D y 2 (equação 13.2)
t x y
Em forma matriz/vetor a equação 13.5 pode ser escrita
como:
Onde Dx e Dy são os coeficientes de difusão nas dire-
ções x e y, respectivamente. c j 1 Ac j b j (equação 13.7),
148 149
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
1 2r r 0 0 0 ... 0
r 1 2r r 0 0 ... 0 c(x,0)=0
0 r 1 2r r 0 ... 0
c(0,t)=cs
A 0 0 r 1 2r r ... 0
0 0 0 r . ... 0
A matriz A é tridimensional e é dependente do parâme-
. . . . . . r tro r, que por sua vez, depende de ∆t e ∆x. Para se determinar
0 0 0 0 0 r 1 2r a concentração na posição xi no intervalo de tempo entre j e
j+1 (ci,j+1), utilizam-se as concentrações conhecidas na posi-
c1, j ções xi e em suas vizinhanças xi-1 e xi+1 (veja Fig. 13.1).
c2 , j
c
3, j
cj .
.
c n 1, j
cn , j
e
rc s
0
0
bj .
. Figura 13.1: Representação esquemática do método explícito de diferenças
. finitas.
0
150 151
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
( 2 I N )c j 1 ( 2 I N )c j b j (equação 13.10).
ou ainda,
c j +1 = ( 2 I + N ) −1 ( 2 I − N )c j + ( 2 I + N ) −1 b j
Figura 13.2: Representação esquemática do método implícito de diferenças
(equação 13.11) finitas (Método de Crank-Nicolson).
onde:
152 153
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
D x ∆t D y ∆t
rx = e ry = (equação 13.13)
(∆ x ) 2
(∆ y ) 2
rx cixj 11,iy cixj ,iy1 1 2 1 rx ry cixj ,iy1 ry cixj ,iy1 1 cixj ,iy1 1
ry cixj ,iy 1 cixj ,iy 1 2 1 rx ry cixj ,iy rx (cixj 1,iy cixj 1,iy )
(equação 13.14)
A equação 13.14 pode ainda ser re-escrita como mostra a
equação 13.5 e representada na figura 13.3:
Figura 13.3: Representação esquemática do método implícito de diferenças
D x ( x, y )
finitas em duas dimensões.
c ( x, y , t + ∆t ) − c ( x, y , t )
= [c ( x − ∆x, y , t ) − 2c ( x, y , t ) + c ( x + ∆x, y , t )]
2(∆x ( x, y ))
2
∆t
D x ( x, y )
+ [c ( x − ∆x, y , t + ∆t ) − 2c ( x, y , t + ∆t ) + c ( x + ∆x, y , t + ∆t )]
2(∆x ( x, y ) )
2
13.2. Modelo de termodinâmica
+
D y ( x, y )
[c ( x, y − ∆y , t ) − 2c ( x, y, t ) + c( x, y + ∆y, t )] computacional (CALPHAD)
2(∆y ( x, y ) )
2
D y ( x, y )
+
2(∆y ( x, y ) )
2
[c( x, y − ∆y, t + ∆t ) − 2c( x, y, t + ∆t ) + c( x, y + ∆y, t + ∆t )] Para se calcular o equilíbrio e diagrama de fases de sis-
temas complexos, o formalismo descrito no capítulo 2 não é
suficiente. Para o cálculo do equilíbrio de fases é necessário
(equação 13.15)
se conhecer a energia livre total do sistema, a qual é compos-
ta pelas energias livres parciais dos seus componentes.
Um dado estado de um sistema de vários componentes
é determinado pelas concentrações dos componentes, tem-
peratura e pressão. Isto caracteriza as variáveis de estado de
um sistema.
154 155
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
A capacidade térmica, Cp, é uma importante proprieda- Na termodinâmica de sistemas multifásicos, os valores
de do sistema. A capacidade térmica depende da temperatura absolutos das funções de estado, como G, H e S, não são de
e pode ser empiricamente descrita por um polinômio do tipo: maior interesse, o principal são as suas variações.
C p ( T ) A BT CT 2 (equação 13.16) Soluções reais podem ser tratadas como solução ideal
e solução não ideal. A solução ideal considera que mudança
Os coeficientes A, B e C são determinados experi- de estado termodinâmico acontece sem variação da tempe-
mentalmente. Através da capacidade térmica, determina-se ratura, ou seja, há apenas uma mistura mecânica dos com-
a energia livre (entalpia livre), G, a energia molar (ental- ponentes. Para uma solução não ideal, a interação entre os
pia molar), H e a entropia molar, S. Estas são importantes componentes do sistema é considerada. Portanto, a energia
propriedades do sistema para a descrição termodinâmica de molar total do sistema pode ser expressa como:
uma liga. A variação da entalpia molar, H, com a temperatura G = G ideal + G não ideal (equação 13.20)
(mudança de T1 para T2) é calculada através da capacidade onde:
térmica, Cp, como segue:
Gideal é a contribuição da energia livre de uma mistura
T2 dos componentes formando uma solução ideal;
H ( T2 ) H ( T1 ) C p dT (equação 13.17) Gnão ideal é a contribuição da energia livre não ideal da
T1
mistura dos componentes formando uma solução não ideal.
Através da capacidade térmica, Cp, calcula-se a entro- Muitos cálculos de equilíbrio termodinâmico são re-
pia molar, S, da seguinte forma: alizados utilizando o formalismo descrito pelo método co-
nhecido como CALPHAD (CALculation of PHAse Diagra-
T2
Cp ms). Este formalismo fornece uma descrição das funções
S ( T2 ) S ( T1 ) dT (equação 13.18)
T1
T termodinâmicas que consideram a temperatura, a pressão e
a concentração dos componentes presentes no sistema. Além
A relação matemática entre a energia molar livre, G, a disto, o formalismo considera as propriedades físicas e quí-
entalpia molar, H, e entropia molar, S, é descrita pela equa- micas do sistema, bem como a estrutura cristalográfica das
ção de Gibbs-Helmholtz: fases.
O formalismo de CALPHAD baseia-se na descrição
G H TS (equação 13.19) matemátrica da energia livre das diferentes fases do sistema
de liga. A energia livre G 0 ( T ) dos elementos puros em uma
fase a uma temperatura T e a uma pressão de 105 Pa, é calcu-
lada através da entalpia do estado referência (REF), ou seja,
156 157
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
as propriedades termodinâmicas de diferentes fases, como descreve a interação como um produto binário dos compo-
por exemplo, compostos estequiométricos, soluções sólidas/ nentes, além de um parâmetro, Lν , conhecido como parâme-
líquidas, espécies gasosas, compostos intermetálicos e cerâ- tro de interação.
micos. Como exemplo de modelos termodinâmicos, tem-se: Este formalismo descrito na equação 13.23 é aplicado
a) Modelo de solução ideal para soluções metálicas do tipo substitucional e fases líqui-
das.
b) Modelo de solução não ideal (exemplo: solução intersticial)
Para fases, em que algum componente ocupa sítios
O modelo mais simples é o de solução ideal, o qual cristalográficos do tipo intersticial, torna-se necessário o uso
não considera as interações entre os componentes presentes do formalismo do tipo solução intersticial. Neste modelo,
em uma determinada fase, podendo ser descrito pelo forma- uma determinada fase é descrita através de duas células, as
lismo: quais são preenchidas da seguinte forma: (A,B)I(C,D)II. A
energia livre considerando este formalismo pode ser escrita
G ideal xi Gi0 RT xi lnxi (equação 13.22) como segue:
i i
G = y AI y CI G A:C + y AI y DI G A:D + y BI y CI G B :C + y BI y DI G B :D
Onde:
Onde: (equação 13.24)
158 159
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
160 161
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
Figura 13.3: Modelo computacional para combinação de cálculo de difusão Figura 13.4: Esquema computacional mostrando a metodologia de compu-
usando o método numérico de diferenças finitas e o cálculo de equilíbrio tação paralela para cálculo termodinâmico.
termodinâmico local.
A figura 13.4 mostra de maneira esquemática como a
ferramenta PVM é usada para acelerar os cálculos termodi-
nâmicos.
162 163
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
A figura 13.5 mostra um fluxograma explicitando as Serão apresentados abaixo alguns exemplos de simula-
diferentes etapas de funcionamento do software desenvol- ção computacional de alguns fenômenos de corrosão.
vido para a descrição de diferentes fenômenos de corrosão. (a) Simulação da formação de camada óxida inter-
na em aços baixo Cr
Como mostrado na Fig. 12.9b, aços baixo Cr apresen-
tam duas camadas de óxidos: uma formada a partir da su-
perfície do aço e outra formada da superfície para o interior
do aço. Além disto, a importância dos contornos de grão no
mecanismo de formação desta camada interna é descrito em
detalhes por Trindade, 2006 . A figura 13.6 mostra esquema-
ticamente o mecanismo de formação desta camada interna.
(a)
164 165
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A figura 13.7 mostra o perfil de concentração de to- (b) Simulação da formação de zona interna de ni-
dos os componentes e produtos de corrosão. A partir destes tretação e oxidação em ligas de Ni
resultados tem-se uma descrição completa do processo de Experimentos com superligas de níquel (como por
corrosão, levando em consideração a microestrutura da liga exemplo Inconel 625Si e Inconel 718) mostram a forma-
(tamanho de grão). ção de uma camada óxida externa composta basicamente de
Cr O e uma zona interna constituída de partículas de óxi-
2 3
do de Al (Al O ), constituindo a chamada oxidação interna,
2 3
em especial a formação de óxido ao longo dos contornos de
grão da liga (veja Fig. 12.9c). A figura 13.8 mostra simulação
computacional da formação de uma zona de oxidação interna
em uma liga de Ni, mostrando a oxidação preferencial ao
longo dos contornos de grão da liga.
166 167
Vicente Braz Trindade Corrosão em altas temperaturas
rosão interna composta por diferentes produtos de corrosão medida que a atividade do carbono aumenta. A figura 13.10b
como: Al2O3, TiO2, AlN e TiN. mostra o resultado da simulação computacional da carbone-
tação de um aço austenítico em presença de metano e pressão
parcial de oxigênio baixa o suficiente para evitar a formação
de camada de óxidos na superfície.
168 169
15. Referências bibliográficas
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