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O COTIDIANO DO CUIDADO OFERTADO AOS PORTADORES DE TRANSTORNO

PSÍQUICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO


NOROESTE PAULISTA: ENTRAVES E DESAFIOS DO CUIDAR FRENTE À
REFORMA PSIQUIÁTRICA

Eder do prado sabino rocha


Jocelaine Cristina da Silva Perini
Kesia maria de oliveira,

Taís F. Maimoni Contieri Santana2

1. Graduando em Enfermagem, Unisalesiano Lins, São Paulo (SP), Brasil.


2. Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde Mental. Mestre e Doutoranda em
Enfermagem pela Unesp/Botucatu. São Paulo (SP), Brasil.

Resumo

Tem como objetivo verificar se a equipe multiprofissional está preparada para cuidar
e atender a demanda de saúde mental na atenção primária a saúde e conhecer as
facilidades e dificuldades da equipe em seu processo de trabalho em duas Unidades
Básicas de Saúde (UBS) de um município do interior paulista. Este estudo pauta-se
na pesquisa descritiva e exploratória amparada nos métodos quantitativo e
qualitativo, utilizado como instrumentos o roteiro de entrevista audiogravável. Os
resultados possibilitaram a comprovação da falta de afinidade e interesse com o
campo de saúde mental, evidenciado pela maioria equipe multiprofissional. Se faz
necessário capacitar as equipes de saúde em alto nível e investir na capacidade
crítica da equipe, focando na promoção da saúde mental, na prevenção, na ajuda ao
doente a enfrentar as pressões e na capacidade de assistir ao paciente, à família e à
comunidade, ajudando-os a encontrarem o verdadeiro sentido da doença que o
acomete.

Descritores: Saúde mental. Atenção Primária a Saúde. Cuidado

Abstratct
Introdução
A Reforma Psiquiátrica no Brasil é um movimento histórico de cunho político,
social e econômico influenciado por grupos dominantes. O exercício da reforma
psiquiátrica faz parte do cotidiano de uma quantidade razoável de profissionais que
se dedicam à saúde mental. É defendida com uma maior conscientização da
sociedade, se tornando fruto de maturidade teórica e política alcançada ao longo das
últimas décadas.
O conceito de desinstitucionalização vem sofrendo uma grande metamorfose,
abrindo novas possibilidades da Reforma Psiquiátrica, exigindo que de fato haja um
deslocamento das práticas psiquiátricas para práticas de cuidado ofertado na
comunidade. A questão chave da desinstitucionalização é a devolução à
comunidade da responsabilidade em relação aos seus doentes e aos seus conflitos.
As substituições de manicômios por outras práticas terapêuticas e a cidadania do
doente mental vêm sendo objeto de discussão entre os profissionais de saúde e a
sociedade. Esse conceito restringe à substituição do hospital por um aparato de
cuidados externos envolvendo primordialmente questões de caráter técnico-
administrativo-assistencial.
No Brasil, a reorganização da assistência em saúde mental é recente. Os 15
anos de Reforma Psiquiátrica, traz uma nova perspectiva de tratamento baseada na
valorização do ser humano e no entendimento de que o transtorno mental pode não
ser apenas uma doença, mas também um problema social. Em um novo contexto de
pensamentos toma forma uma rede de assistência psicossocial, que traz
progressos, mas que também sofre críticas.
Junto à Reforma Psiquiátrica, emerge uma responsabilidade ainda mais
evidente, a de se solidarizar com as pessoas, os grupos, as famílias e as
comunidades, tendo como objetivo a cooperação mútua entre os indivíduos na
conservação e na manutenção da saúde. A família tem papel fundamental no
tratamento em saúde mental e no cuidar. Corroborando com este pensamento,
Villela e Scatena (2004) relatam que doar-se faz parte da experiência humana, e
cuidar faz parte da doação e da cientificidade que é esperada diante deste caminhar.
Ao passar dos séculos atribuiu-se à equipe multiprofissional a função de prestar o
melhor cuidado em saúde mental, as assistências acompanham as transformações
ocorridas na prática médica e, paralelamente, às tentativas de incorporação de
novas técnicas e políticas direcionadas ao tratamento do doente mental.
Existe uma tendência ao crescimento acentuado de portadores de transtornos
psíquicos, fazendo-se necessário a criação ou reformulação do cuidar,
principalmente aquele cuidado que é ofertado intimamente e diretamente aos
pacientes. No Brasil, estudos nacionais e estrangeiros indicam uma estimativa de 32
a 50 milhões de pessoas com algum transtorno mental, sendo que as doenças
mentais graves e persistentes atingem 6 e 3,1% dos brasileiros respectivamente. Já
a prevalência de transtornos mentais, para toda a vida, aponta os transtornos de
ansiedade, estados fóbicos, transtornos depressivos e a dependência ao álcool
como os mais frequentes, nessa população (MELLO; MELLO E KOHN, 2007).
Este trabalho tem como objetivo, desvelar o cuidado ofertado pela equipe
multiprofissional ao portador de transtorno psíquico nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS) do município de Lins; analisar as ações da equipe relacionando-as com as
propostas da Reforma Psiquiátrica; compreender as ações desenvolvidas frente ao
cuidar, no modelo de atenção psicossocial; e conhecer os facilitadores e
dificultadores da equipe em seu processo de trabalho.
A problemática levantada se faz a partir da pergunta: A equipe
multiprofissional está preparada para cuidar e atender a demanda de saúde mental
na atenção primária?
Em resposta temos a seguinte hipótese: acredita-se que a equipe
multiprofissional tenha como entraves a falta de afinidade com o campo de saúde
mental, formação profissional pautada em doenças agudas, dificuldades do cuidado
embasado nos modelos substitutivos de atenção à saúde mental propostos pela
Reforma Psiquiátrica, já que as mudanças ocorridas nas esferas social, política,
econômica e cultural que hoje impulsionam a Reforma Psiquiátrica não se deram ao
acaso, não há mais possibilidade de um recuo deste movimento, os serviços
substitutos já são uma realidade e exigem a criação de novas formas de cuidar.

Método
Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratório, amparada no
método qualitativo, uma vez que, para Minayo (1994), trata-se de uma investigação
que melhor se coaduna ao reconhecimento de situações particulares, grupos
específicos e universos simbólicos. Ainda para Minayo (1989), no campo da saúde,
a pesquisa qualitativa, oferece subsídios para a compreensão do ponto de vista dos
usuários, profissionais e gestores sobre os mais diferentes aspectos: a lógica do
sistema, a qualidade dos serviços, as concepções envolvidas nas tomadas de
decisões e na prestação de serviços e nas representações sobre saúde,
adoecimento, morte, entre outros temas.
Foram utilizados como instrumentos, o roteiro de estudo de caso e entrevista
audiogravável aos profissionais que compõem a equipe multiprofissional de duas
Unidades Básicas de Saúde.
A pesquisa seguiu os preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) e foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) e
aprovado sob protocolo 1.568.144 em 31 de maio de 2016. Foram convidados para
coleta de dados os profissionais de saúde da equipe multiprofissional de nível médio
ou superior que realizavam assistência direta ao portador de transtorno psíquico,
destes foram excluídos os que não estavam ligados a assistência direta e com
admissão no serviço menor que trinta dias.
A aceitação foi condicionada ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), o qual foi disponibilizado aos sujeitos pelos pesquisadores. A entrevista
audiogravável foi estruturada com quatro questões abertas para discussão dos
profissionais. Após agendamos a entrevista audiogravável para coleta de dados, em
sala privativa e em horário estipulado pelos profissionais, para que não houvesse
prejuízo das atividades locais.

Resultados e Discussão

A análise qualitativa do material da entrevista foi pautada nos preceitos da


Reforma Psiquiátrica e nas ações de saúde mental de base comunitária, ou seja, na
atenção primária a saúde. Será apresentada em três eixos: Conceitos de Reforma
Psiquiátrica, Ações desenvolvidas frente ao cuidar e Facilidades e dificuldades no
cuidado em saúde mental.

Eixo 1 - Conceitos de Reforma Psiquiátrica

De uma maneira geral, os entrevistados trazem como conceito de Reforma


Psiquiátrica a desinstitucionalização como um ponto importante da reorganização
das ações em saúde voltadas ao paciente portador de transtorno psíquico, como
contam nos depoimentos abaixo:
“...humanizou o tratamento, o paciente deixou de ficar
confinado nos manicômios e ele voltou ao convívio social,
voltou para a sua família de uma forma integral, porque muitos
ficavam abandonados nos hospitais...” (E1)

“...a partir do momento que eu quebro o foco de ser uma


assistência hospitalocêntrica e passo a ser uma assistência
dirigida a outros equipamentos...” (E4)

Maciel (2012), relata que a Reforma Psiquiátrica não ocorre de forma


consensual, pois relaciona-se as singularidades de cada região, cultura, política e
características. Entendida como um movimento que visa transformar a relação entre
a sociedade e a loucura. A Reforma Psiquiátrica surge então como questionamento
entre instituição asilar e a prática médica enfocando a reabilitação do sujeito antes
segregado pela loucura.
Deve-se repensar os paradigmas da Reforma que propõe o fechamento de
leitos psiquiátricos e o redirecionamento do tratamento extra-hospitalar, incluindo o
ente na família a qual deve estar preparada para reassumir esse papel.
Pode ser percebido também que alguns profissionais não conjucturam com a
necessidade do atendimento de saúde mental na Atenção Primária, visto que não
compreendem/conceituam os preceitos da Reforma Psiquiátrica.
“...Nada, não sei muito, pois cabe aos familiares cuidar dos seus próprios doentes
em casa, dando atenção, carinho e amor...” (E6)
Na trajetória de desintitucionalizar surgem serviços substitutivos dos hospitais
psiquiátricos de base territorial em nível primário, como podemos citar as UBS e
ESF como componentes da rede de saúde mental. Porém constata-se que alguns
profissionais permanecem embasados em cuidados pré-estabelecidos, por uma
política de atenção à saúde a doenças agudas e crônicas pautadas no adoecimento
fisíco, desvinculando-se das práticas necessárias ao cuidar das condições
relacionadas ao sofrimento psíquico.
De acordo com Dal Poz, Lima e Perazzi (2012), pode se constatar a
reorientação do modelo assistencial à saúde deixando de se centrar na medicina
curativa hospitalar, para ocupar lugar na atenção primária, na promoção da saúde
da comunidade. Para que aconteça este movimento é necessários investimentos na
formação dos profissionais para que possam repensar as transformações na saúde
mental visando remodelar suas práticas no serviço, superando o modelo biomédico
pelo modelo biopsicossocial.

Eixo 2 - Ações desenvolvidas frente ao cuidar

As ações desenvolvidas relacionadas aos portadores de transtornos


psíquicos, ainda divide a opinião do profissional integrado à equipe de saúde. Alguns
profissionais mostram-se envolvidos com o cuidar em saúde mental, promovendo o
acolhimento, o vínculo e a escuta terapêutica, como constam no depoimento abaixo:

“... Adoro trabalhar em equipe multidisciplinar...e esse é mais


um item da Reforma Psiquiátrica que trabalhamos em equipe
multidisciplinar. Acho que é uma divisão de
responsabilidades...e quando fala o médico vai ver...esse papo
tem que parar não é o médico que vai ver é a equipe que vai
ver...A escuta...a escuta não é você escutar o que ele está
falando delirando... é você ter um tempo, sentar ao lado e ficar
até em silêncio do lado pra ver o barulho que ele faz do silêncio
dele...” (E4)

Segundo Correia, Barros e Colvero (2011), o comprometimento de toda a


equipe em saúde mental garante experiências benéficas, contemplando as
propostas advindas da Reforma Psiquiátrica e do SUS. Tratando-se da importância,
descrita pelos autores, acerca do vínculo e do acolhimento nas UBS, torna-se
notório a adesão de um tratamento mais humanizado, ininterrupto e constante.
Infere-se através das respostas obtidas na pesquisa que alguns profissionais,
demonstram não estarem totalmente envolvidos com o cuidado, se eximindo da
responsabilidade como profissional, por falta de conhecimento ou desinteresse, ou
até mesmo delegando totalmente a família, conforme segue abaixo:

“...Nada, não sei muito, pois cabe aos familiares cuidar dos
seus próprios doentes em casa, dando atenção, carinho e
amor....” (E6)
“...Nenhuma ação, pois, não prestamos assistência a pacientes
psiquiátricos...” (E9)

Eixo 3- Facilidades e dificuldades no cuidado em saúde mental

O profissional especializado, a equipe multiprofissional qualificada, acesso


aos dispositivos disponíveis, centros de referência e contra referência são
facilitadores para a prática integral da assistência voltada a saúde mental,
contemplando as necessidades biopsicossociais do indivíduo portador de transtorno
psíquico. Essa foi a percepção de alguns dos entrevistados em relação às
facilidades, conforme consta a seguir:

“...se relacionar bem com a médica prescritora... também


viabilizamos o atendimento do paciente, acabamos criando um
vínculo com ele, porque vamos acompanhando a história
dele...” (E1)

“...temos uma médica especializada em saúde mental e o


atendimento dela como profissional, eu digo assim, é um
atendimento excelente, os pacientes amam muito este tipo de
atendimento que é oferecido aqui na unidade...” (E3)

Correia, Barros e Colvero (2011), revelam que muitos profissionais se


disponibilizam a trabalhar no cuidado do doente mental, buscando novos
conhecimentos, compreendendo o contexto da reforma psiquiátrica, porém pautados
na figura do médico.
Oliveira et al. (2015), afirma que ao reconhecer as demandas existentes no
território, a formação de vínculo com os usuários, escuta, atenção singular e o
acolhimento efetivo é possível modificar as práticas de atenção à saúde.
Por outro lado, houve relato que a Atenção Primária a Saúde não necessita
se responsabilizar pelo atendimento ao portador de transtorno psíquico, devendo
todos os pacientes, serem encaminhados para o CAPS, não sendo ofertado nenhum
suporte imediato ao usuário que procura por atendimento. O cuidado passa a ser
exclusivamente dos serviços referenciados, apresentados na fala a seguir:
“...possuímos um centro de referência para esses pacientes serem encaminhados...”
(E7)
Oliveira et al. (2015) ressalta que a facilidade é compreendida pelos
profissionais em encaminhar as queixas de origem emocionais aos serviços
especializados, evidenciando a falta de resolutividade inerentes aos transtornos
mentais. A dificuldade encontra se na falta de capacitação, inexperiência com a
demanda de saúde mental e na complexa conceituação do que é a doença mental,
indo ao desencontro aos preceitos da Reforma psiquiátrica. Nesse contexto muitos
encaminhamentos desnecessários sobrecarregam os serviços especializados.
As dificuldades que os profissionais encontram para prestar a assistência de
forma holística a quem possui uma doença mental, podem ser constatadas através
das falas pronunciadas pelos profissionais da equipe de saúde:

“...as dificuldades que temos é falta de profissionais


capacitados... na Unidade nós temos a prescritora, mas não
temos uma equipe para auxiliar no cuidado desses pacientes...”
(E2)

“...acho mais difícil de tudo é a falta de integração que existe na


área da saúde global com a saúde mental e na aréa da saúde
global com a interligação, a interdisciplinaridade com os
serviços de referência de assistência social. Acho que esse é
um grande nó entendeu, porque basicamente nossos pacientes
são aqueles pacientes que ninguém quer...que ninguém quer
não adianta a saúde trabalhar sozinha tem que trabalhar
associado ao serviço social e não há esse entendimento...”
(E4)

“...falta de especialistas adequados...” (E6)

Para Martins et al. (2012), o trabalho em equipe está pouco articulado, existe
um grupo que se organiza como equipe, mas se individualiza. Cada profissional
trabalha na sua área de atuação, não planejando e organizando as ações de saúde
mental, juntamente com a equipe multidisciplinar.
É importante que os profissionais desenvolvam as ações em equipe,
valorizando a participação de todos, englobando o portador de transtorno psíquico e
sua família, propiciando o atendimento do usuário de uma forma holística.
Outra dificuldade apresentada pelos profissionais é a falta de adesão ao
tratamento pelo paciente e família. A participação da família é importante tanto no
auxílio do tratamento, como agente transformador da sociedade, o portador de
transtorno psíquico necessita do apoio familiar para vencer as adversidades
apresentadas.

“...as dificuldades e as vezes o próprio familiar que nem


sempre tem todo o tempo para estar acompanhando...” (E1)

“...e as dificuldades muitas vezes é a aceitação do paciente na


tal situação e continuidade ao tratamento...”(E7)

De acordo com Santin e Klafke (2011) a lógica de atenção à saúde mental


requer compreender o sujeito como um todo, em todas as áreas da sua vida.
Representa um modelo de saúde voltado a reintegração do sujeito na sociedade, a
família e a comunidade é uma grande aliada na produção de vínculos.
Por outro lado, a falta de afinidade e comprometimento com a assistência ao
portador de transtorno psíquico, pode ser percebida claramente no relato abaixo:

“...Nenhuma dificuldade ou facilidade, pois, não prestamos


assistência a pacientes psiquiátricos...” (E9)

Este discurso levanta uma grande problemática que ocorre na Atenção


Primária à Saúde, pois segundo Bachetti (2013) a Atenção Primária é considerada
porta de entrada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Para Azevedo; Godim e Silva (2013), a integração da Atenção Primária com
os outros níveis de assistência realizada através da rede tem como foco a
construção de um modelo terapêutico de forma integral aos usuários que
necessitam.
Quindere (2013) afirma que é possível inferir que, parte da equipe
multiprofissional, não está preparada para conduzir os casos de saúde mental que
surgem, promovendo os encaminhamentos desnecessários, de casos que são
passíveis de acompanhamento na atenção básica.
Para que a qualidade da assistência na Atenção Primária, seja desenvolvida,
torna-se imprescindível qualificar as equipes, o cuidado e potencializar a rede, tendo
como sugestão a articulação dos serviços aos outros níveis de Atenção à Saúde.
(SOUZA E RIVERA, 2010)

Conclusão

Com o avanço da Reforma psiquiátrica e o processo de


desinstitucionalização, que tem o objetivo de ressocializar o portador de transtorno
mental, foram criados vários serviços substitutivos. Dentre esses serviços a Atenção
Primária à Saúde por ser considerada a porta de entrada do Sistema Único de
Saúde e ser mais próxima da comunidade, deve acolher e prestar a assistência
integral ao portador, responsabilizando-se pelo território. Para que isso ocorra é
necessário que a equipe multiprofissional esteja apta a solucionar os problemas
inerentes ao seu território, acolhendo o portador e o seu familiar, criando medidas
que reintegre-o novamente na comunidade. Com os resultados analisados dessa
pesquisa foi possível compreender como é realizado o cuidado frente à reforma
psiquiátrica e quais as dificuldades que a equipe multiprofissional encontra no
desenvolvimento das ações. A falta de afinidade e interesse com o campo de saúde
mental, foi evidenciado pela maioria da equipe multiprofissional, não acompanhando
o modelo proposto pela Reforma Psiquiátrica. O cuidar na Atenção Primária à Saúde
vai além das prescrições medicamentosas e encaminhamentos para os serviços de
referência. Faz-se necessário, capacitar as equipes de saúde em alto nível e investir
na capacidade crítica da equipe, focando na promoção da saúde mental, na
prevenção, na ajuda ao doente a enfrentar as pressões e na capacidade de assistir
ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a encontrarem o verdadeiro
sentido da doença que o acomete.
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