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Água em Diesel

A água está sempre presente no óleo diesel, podendo existir em quantidades maiores ou
menores e em diferentes formas: água dissolvida, água livre ou água emulsificada.
Sendo ligeiramente solúvel em diesel, a quantidade de água em solução depende da temperatura
e da composição química do mesmo, sendo que o diesel aromático pode dissolver mais água do
que o parafínico. Na prática, é impossível manter diesel livre de água dissolvida, ainda que sem a
presença de água livre, porque o mesmo absorve água do próprio ar durante a estocagem e
transporte. A quantidade de água absorvida do ar depende da umidade relativa desse, e, em
contato com ar com umidade relativa de 50%, o diesel conterá metade da água dissolvida de
diesel saturado com água na mesma temperatura. Diesel em contato com água livre após um
tempo fica saturado com água em solução no nível máximo permitido pela temperatura em que se
encontra. Se a temperatura aumenta, ele passa a dissolver mais água, e quando a temperatura
abaixa, parte da água dissolvida pode separa-se na forma de água livre. Normalmente esses
valores encontram-se em níveis menores do que 100ppm (partes por milhão) ou 0,01%, e esta
água, enquanto em solução, não causa nenhum problema na estocagem ou no uso do
combustível.

No diesel, a água livre encontra-se em uma fase líquida completamente distinta do óleo. Como a
água tem uma densidade maior do que o diesel, com a influência de gravidade ela tende a
separar-se, formando uma camada inferior, enquanto o diesel ocupa a superfície.
Uma emulsão é uma mistura de dois líquidos imiscíveis onde pequenas gotas de um, menores de
100 micra (milionésimos de um metro) de diâmetro, são dispersas numa fase contínua de um
outro. A emulsão mais conhecida é a maionese, uma mistura de pequenas gotas de gema de ovo
em óleo. Embora uma emulsão de dois fluidos imiscíveis se separe caso suas densidades e/ou
tensões superficiais sejam diferentes, esta separação pode demorar muito e a mistura pode ser
estabilizada pela presença de agentes surfactantes. Líquidos que são imiscíveis tem polaridades
diferentes, e no caso de água e diesel, água é uma molécula polar e diesel é não-polar.

As moléculas de algumas matérias contêm um grupo polar e um grupo não-polar dentro da


mesma molécula. Este propriedade permite que estas moléculas misturem, de um lado, com um
fluido polar e, no outro lado, com um fluido não-polar . São chamadas surfactantes porque são
ativas na superfície de dois fluidos imiscíveis. Uma pequena quantia de uma substância
surfactante pode afetar grandes volumes de fluidos. Um bom exemplo é o sabão, que tem a
propriedade de permitir a mistura de óleo e água. Algumas matérias surfactantes presentes no
diesel vêm do óleo cru, outras são introduzidas no processo de refino, e outras vêm da
contaminação na rede de distribuição do combustível.

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Como mencionado anteriormente, a água está sempre presente na rede de distribuição de diesel,
seja proveniente da umidade no ar, da condensação nas paredes dos tanques de estocagem ou
através de descuidos no manuseio do combustível. Além da água dissolvida, o diesel pode conter
água emulsificada, formada no sistema de transporte e bombeamento do combustível ou através
de água saindo de solução do próprio diesel. Parte desta água pode formar uma emulsão estável,
de difícil separação através de decantação. Quando presente em quantias suficientes, uma
emulsão de água dentro do diesel terá uma aparência branca se as gotas de água tiverem um
diâmetro maior do que 1 mícron. Gotas de um diâmetro entre 0,1 e 1 mícron dão uma aparência
azul-esbranquiçada, gotas entre 0,05 e 0,1 mícron dão uma aparência acinzentada e gotas com
um diâmetro menor de 0,05 mícron são transparentes. Emulsões com gotas pequenas de água
são muito mais difíceis de separar, pois são muito mais estáveis.

Água livre ou emulsificada, quando presente em óleo diesel, podem causar uma série de
problemas na estocagem e consumo do combustível. Além de promoverem a corrosão dos
tanques de estocagem, a presença de água permite o crescimento de microorganismos que
utilizam o diesel como comida. Estes microorganismos produzem não só emulsificantes, parte do
processo biológico para permitir a ingestão do diesel como alimento, mas também ácidos que
atacam as paredes dos tanques, componentes dos motores e o próprio diesel. Estes
microorganismos são um fator importante na formação da chamada “borra do diesel”. A presença
de água livre e emulsificada também reduz a lubricidade do diesel e pode causar sérios danos às
partes móveis do motor, principalmente à bomba de combustível.

Como é praticamente impossível eliminar a presença de água no diesel, e água está sempre
sendo introduzida no diesel nas etapas entre a refinaria e a sua queima no motor, é extremamente
importante retirar o máximo possível quando possível e evitar ao máximo a contaminação. Isso
pode ser feito, por exemplo, drenando-se constantemente os tanques onde o diesel é estocado
para retirar a água decantada, evitando a sua passagem para etapas subseqüentes da
distribuição e sua incorporação no mesmo como água emulsificada.

Existem diversos tipos de filtros que separam a água do diesel, e estes operam com princípios
diferentes, normalmente por diferença de gravidade específica, absorção, coalescência e bloqueio
físico. Estes filtros normalmente só removem água livre ou emulsificada, e não tem efeito sobre a
água dissolvida no diesel. Um centrífugo, por exemplo, separa a água do diesel pela diferença nas
gravidades específicas dos dois fluídos, acelerando o processo de decantação que iria acontecer
caso a mistura permanecesse em descanso por tempo suficiente. A força centrífuga pode exceder
a força de gravidade por um fator muito alto, fazendo em pouco tempo o que a natureza faz no
seu ritmo natural.

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O papel filtrante normal de um filtro prensa, feito de celulose, é um produto hidrofílico e retira água
do diesel pelo processo de absorção. As fibras naturais da celulose absorvem água até a sua
saturação. A celulose absorve facilmente a água livre presente no diesel, mas pode, quando
isenta de umidade, até retirar água dissolvida no combustível. Alguns papéis filtrantes de celulose
são tratados com produtos químicos que alteram sua propriedade de absorção, reduzindo-a ou,
em caso extremo, tornando o papel repelente à água. Existem papéis filtrantes feitos de fibras
sintéticas, mas estes normalmente não absorvem água.

O filtro coalescente tem um princípio diferente de operação, que aglomera as gotas de água
presentes no diesel formando gotas maiores, mais fáceis de remover através de decantação ou
separação física. Combustíveis de aviação utilizam, obrigatoriamente, filtros coalescentes antes
de serem colocados num avião, para assegurar que eles contêm o mínimo possível de água livre,
ou emulsificada, independentemente da forma ou tamanho de gota em que se encontra.

Água em quantias maiores, ou gotas grandes, podem ser separadas do óleo diesel através de um
bloqueio físico feito com uma matéria que repele água -um produto hidrofóbico- e que contenha
furos. O diesel passa pelas aberturas da barreira hidrofóbica e as gotas de água com um tamanho
maior do que as aberturas da barreira são retidas. Um filtro coalescente freqüentemente tem uma
tela teflonada que inibe a passagem da água coalescida em gotas maiores pelo elemento
coalescente. O papel filtrante também pode ser tratado com um produto químico hidrofóbico
(usualmente silicone), que inibe a passagem de gotas de água maiores do que os poros do papel.

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