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Palestra Estado de Exceção – Prof.

Pedro Estevam Serrano

Quando falamos de Estado de Exceção, estamos nos referindo a uma


situação excepcional, ou seja, como o Direito deve agir nesse momento
incomum. Porém, a maioria da população tem a ideia de suspensão dos
Direitos nesse período, o que não deve acontecer de fato. Atualmente existem
dois modelos de Estado que foram constituídos na modernidade, são eles o
Estado Democrático- Liberal e Estado de Exceção.
Segundo Thomas Hobbes, o ser humano em seu estado natural vive
uma constante guerra. Assim, a sociedade se organiza de modo a buscar a
ordem social, ou seja, o contrato social surgiu posteriormente ao Estado com a
finalidade de acabar com os conflitos existentes entre os seres humanos,
impondo normas de convivência a todos.
A primeira ideia de Constituição da modernidade surgiu no final da Idade
Média, com o conflito entre os papistas e os conciliaristas. Os papistas
defendiam que o papa é um homem de Deus, logo, ele não erra. Em
contrapartida, os conciliaristas defendiam que, apesar do papa ser escolhido
por Deus, ele pode cometer erros. Com a derrota dos conciliaristas, surge o
protestantismo, que surgiu inicialmente com divergências da igreja católica.
O cristianismo traz a ideia de que todos somos filhos do mesmo Deus,
pregando igualdade entre os seres humanos. Essa igualdade concorda com a
liberdade, pois se todos são iguais, um não tem o direito de tirar a liberdade do
outro. Os governos tiranos são conhecidos por desrespeitarem a dignidade
humana e a liberdade natural do indivíduo. É nesse sentido que surge o direito
de Habeas Corpus, que devolve a liberdade que o indivíduo possui de direito.
Em uma ditadura (independente de direita ou de esquerda) o soberano
está acima da Constituição, ou seja, ele decide se ela deve ou não ser
aplicada, deixando de lado os interesses e direitos da população. Em 1964 o
Brasil enfrentou tal governo com a tomada do poder pelos militares e a
instalação de um regime autoritário e de extrema repressão.
A ideia de exceção dita por Kant diz respeito ao não cumprimento da lei,
podendo levar a tirania pois há a suspensão dos direitos da população, como
dito anteriormente. Desse modo, há diferença entre Estado de Exceção e
Legalidade Extraordinária. O primeiro suspende os direitos da população,
enquanto o segundo trata de como o Direito deve agir em uma situação atípica.
Assim, quando olhamos para a atual situação do Brasil em meio a pandemia,
notamos que o mais aproprio a se fazer é uma Legalidade Extraordinária, pois
assim buscamos meios apropriados para combater a crise trazida pelo Civid-
19.

Conclusão pessoal: Pedro Serrano dirigiu a palestra para o tema Estado


de Exceção, dando foco nos dias atípicos que estamos vivendo em época de
pandemia. É importante ressaltar que o conceito popular de Estado de Exceção
é incorreto pois a maioria da população acredita que há suspensão dos
direitos. Porém, na realidade, esse período refere-se ao modo como o Direito
deve agir em períodos atípicos, como é o caso do Covid-19. Inúmeras
discussões surgiram nos últimos meses a respeito dos limites do direito em
épocas de pandemia. Debates como a possibilidade de criar uma fila única no
SUS e a possível criação de tipos penais são recorrentes e mostram a função
do direito e a importância do magistrado em abrir possibilidades para diversas
interpretações, visto que a lei deve acompanhar a necessidade do homem.

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