Quando falamos de Estado de Exceção, estamos nos referindo a uma
situação excepcional, ou seja, como o Direito deve agir nesse momento incomum. Porém, a maioria da população tem a ideia de suspensão dos Direitos nesse período, o que não deve acontecer de fato. Atualmente existem dois modelos de Estado que foram constituídos na modernidade, são eles o Estado Democrático- Liberal e Estado de Exceção. Segundo Thomas Hobbes, o ser humano em seu estado natural vive uma constante guerra. Assim, a sociedade se organiza de modo a buscar a ordem social, ou seja, o contrato social surgiu posteriormente ao Estado com a finalidade de acabar com os conflitos existentes entre os seres humanos, impondo normas de convivência a todos. A primeira ideia de Constituição da modernidade surgiu no final da Idade Média, com o conflito entre os papistas e os conciliaristas. Os papistas defendiam que o papa é um homem de Deus, logo, ele não erra. Em contrapartida, os conciliaristas defendiam que, apesar do papa ser escolhido por Deus, ele pode cometer erros. Com a derrota dos conciliaristas, surge o protestantismo, que surgiu inicialmente com divergências da igreja católica. O cristianismo traz a ideia de que todos somos filhos do mesmo Deus, pregando igualdade entre os seres humanos. Essa igualdade concorda com a liberdade, pois se todos são iguais, um não tem o direito de tirar a liberdade do outro. Os governos tiranos são conhecidos por desrespeitarem a dignidade humana e a liberdade natural do indivíduo. É nesse sentido que surge o direito de Habeas Corpus, que devolve a liberdade que o indivíduo possui de direito. Em uma ditadura (independente de direita ou de esquerda) o soberano está acima da Constituição, ou seja, ele decide se ela deve ou não ser aplicada, deixando de lado os interesses e direitos da população. Em 1964 o Brasil enfrentou tal governo com a tomada do poder pelos militares e a instalação de um regime autoritário e de extrema repressão. A ideia de exceção dita por Kant diz respeito ao não cumprimento da lei, podendo levar a tirania pois há a suspensão dos direitos da população, como dito anteriormente. Desse modo, há diferença entre Estado de Exceção e Legalidade Extraordinária. O primeiro suspende os direitos da população, enquanto o segundo trata de como o Direito deve agir em uma situação atípica. Assim, quando olhamos para a atual situação do Brasil em meio a pandemia, notamos que o mais aproprio a se fazer é uma Legalidade Extraordinária, pois assim buscamos meios apropriados para combater a crise trazida pelo Civid- 19.
Conclusão pessoal: Pedro Serrano dirigiu a palestra para o tema Estado
de Exceção, dando foco nos dias atípicos que estamos vivendo em época de pandemia. É importante ressaltar que o conceito popular de Estado de Exceção é incorreto pois a maioria da população acredita que há suspensão dos direitos. Porém, na realidade, esse período refere-se ao modo como o Direito deve agir em períodos atípicos, como é o caso do Covid-19. Inúmeras discussões surgiram nos últimos meses a respeito dos limites do direito em épocas de pandemia. Debates como a possibilidade de criar uma fila única no SUS e a possível criação de tipos penais são recorrentes e mostram a função do direito e a importância do magistrado em abrir possibilidades para diversas interpretações, visto que a lei deve acompanhar a necessidade do homem.
GOMES Luiz Flavio, MAZZUOLI Valerio - Crimes Da Ditadura Militar - Uma Análise À Luz Da Jurisprudência Atual Da Corte Interamericana de Direitos Humanos.