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Resumo
Abstract
The slums are the consequence of the disorderly urban growth, as well as ‘the housing deficit’
that reached Brazil. However, the data about the Slums are controversial, as a result of the
difficulties when collecting data – product of structural complexity - and the superficiality of
the concept. These factors make the planning and intervention highlighting the difficult of
integrating informal and formal city. That way, it is proposed to understand the applicability
of planning techniques and intervention architecture in areas where slums are growing,
through the raising and identification of the conditions of an area, which can define them as a
Slum. This research indicated that although some towns do not have Slums, some of their
areas present the same building fragility as well as precariousness in terms of human housing;
being only different in terms of housing legislation. So land legalisation is seen as a
determiner, disregarding the other indicators that make the area residents vulnerable.
1
Geografo mestre. em Engenharia Urbana, prof. da Universidade de Franca. E-mail: maxengler@gmail.com
2
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Franca. E-mail: a4marianaamaral@gmail.com
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Florianópolis, Santa Catarina
Introdução
Já a Prefeitura de São Paulo (2010, apud CASTILHO, 2013, p.58) define Favelas por
“espaços habitados precários, com moradias autoconstruídas, formadas a partir de ocupações
de terrenos públicos ou particulares. Caracterizam-se pelos baixos índices de infraestrutura,
ausência de serviços públicos e população de baixa renda”. Ou ainda, segundo seu Plano
Municipal de Habitação (PMH 2009-2014, 2011, p.21):
O mapa 1 indica que a maior parte das cidades, compostas por “Aglomerados
Subnormais” estão polarizadas principalmente na região metropolitana de São Paulo. Do total
de domicílios da região 9,8% estão em “Aglomerados Subnormais” que abrigam 11% desta
população. Das cidades compostas por Favelas 66% estão concentradas em cinco regiões, e as
44% restantes estão difusas em outras sete regiões do estado paulista. Para o IBGE (2010),
cerca de 9% das cidades de São Paulo possuem em sua composição Favelas que abrigam mais
de 40 mil pessoas - 6,12% da população, e 5,83% dos domicílios ocupados no estado. No
total, São Paulo abriga 2.087 núcleos que correspondem a 32% dos “Aglomerados
Subnormais” brasileiros. Das quatorze mesorregiões do estado apenas duas não tem
“Aglomerados” – Litoral Sul e Araçatuba.
A escolha das cidades de estudo, além dos indicadores citados baseou-se também em
informações – muitas vezes controversas, acerca da incidência de Favelas nestes territórios,
através de notícias publicadas em jornais e portais regionais, dados das prefeituras e outras
instituições locais, bem como a presença de bairros precários, além de políticas de
desfavelamento já ocorridas. Fatores que interferem na contagem das cidades compostas por
Favelas, ou mesmo a real dimensão dos “Aglomerados” levantados pelo IBGE (2010). Os
critérios de analise foram pautados sobre três aspectos: densidade urbana; déficit
habitacional/estoque de domicílios; e economia - rendimento per capita e mercado informal;
características que influenciam direta ou indiretamente a organização, dinâmica e morfologia
urbana, pois estão relacionadas as conexões intraurbana e acesso ao mercado imobiliário, e
ainda dão base à maior parte das conceituações teóricas de Favela apresentadas anteriormente.
Indicadores obtidos através do levantamento bibliográfico apresentado anteriormente, e a
síntese das características geográficas, urbanas, econômicas, demográficas e históricas das
cidades estudadas, amostragem que representa 5% dos municípios paulistas.
Quadro 1 - Densidades urbanas em cidades que tem ou não Favela em sua composição
Cidades não compostas por Favelas Cidades compostas por Favelas
Cidade Densidade Urbana Cidade Densidade Urbana
(hab/Km²) (hab/Km²)
Sorocaba 2.499 Campinas 4.713
S. J. do Rio Preto 3.411 Ribeirão Preto 5.089
Mogi das Cruzes 6.930 Santos 10.240
Franca 3.912 Mauá 9.101
Taubaté 3.187 Piracicaba 11.944
Limeira 4.867 Bauru 5.162
São Carlos 3.374 Sumaré 3.305
Americana 4.404 Marília 9.496
Araraquara 5.551 Santa Bárbara d' Oeste 4.028
Presidente Prudente 1.891 Itapevi 10.575
Rio Claro 6.775 Cubatão 695.433
Araçatuba 3.130 Votorantim 3.853
Itapetininga 2.536 Votuporanga 9.144
Itararé 6.787 Porto Ferreira 11.234
São Joaquim da Barra 7.285 Presidente Epitácio 6.768
Miguelópolis 6.742 Severínia 5.968
Ilha Comprida 5.215 Tabatinga 5.713
Fonte: IBGE (2010), organização própria (2014).
A análise dos dados revelara que 60% das cidades que tem Favelas em sua
composição tem densidade urbana superior à média estadual de 5.900 hab/Km², já nas cidades
sem Favelas esta porcentagem cai para 30%. Partindo deste princípio pode-se afirmar que o
adensamento urbano é uma condicionante ao processo de favelização, fato que pode ser
atribuído a sobrecarga ou mesmo saturação das redes de infraestrutura e serviços urbanos que
colocam maior pressão da demanda sobre o solo urbano, terrenos e espaços habitacionais, o
que consequentemente produz um ambiente altamente populoso e inadequado ao
desenvolvimento urbano (ALCIOLY e DAVIDSON, 1998, p.16). Pode-se relacionar este
critério de analise às ocupações irregulares no que diz respeito as vantagens locacionais
oferecidas pelos vazios urbanos e áreas subutilizadas nos centros, associadas as dificuldades
de mobilidades à qual é submetida a população de menor renda.
A posição relativa está ligada a densificação destes aglomerados, a distância entres
estes e o centro, locais de serviço, comércio, além do valor da terra tende a estimular o
aumento das taxas de ocupação. A forma física da cidade - que é resultado da disponibilidade,
tamanho e dimensão do solo urbano; equilíbrio entre áreas urbanas; tamanho e forma das
edificações; legislação de planejamento; hierarquia viária; tamanho das famílias; entre outros
aspectos, caracteriza a estrutura de ocupação urbana. Cidades compactas e com alta densidade
tendem a apresentar menores centralidades, oposto das cidades difusas, ou espraiadas, que são
menos densas e por sua forma geram novas centralidades, apesar dos problemas relacionados
a este tipo de urbanização que resulta em maiores distancias, encarecimento na implantação
de infraestrutura e não aproveitamento de terra urbana.
A estruturação do espaço urbano em muitas cidades - sobretudo as de médio porte, é
condicionada pela distorção social e desigualdade econômica, ocupações de baixas densidades
são comumente associadas à alta renda dos habitantes, enquanto locais altamente densificados
normalmente se relacionam à população de baixa renda. Este sistema está diretamente
atrelado ao mercado imobiliário e consequentemente ao estoque de moradia, estes fatores
devem ser analisados também baseado no “déficit” habitacional” brasileiro, que muitas vezes
se confunde com a falta de moradias, entretanto em números reais não é moradia que falta e
sim distribuição, conforme pode ser visto no próximo critério analisado na pesquisa.
Ocupada %
Ocupada %
Formal%
Formal%
Sorocaba 47,9 34,2 81,94 Campinas 49,29 41,1 82,08
9 4 6
S. J. do Rio Preto 51,0 37,1 76,34 Ribeirão Preto 53,93 38,6 79,93
4 9 0
Mogi das Cruzes 52,4 26,3 82,89 Santos 122,72 38,6 79,94
4 1 0
Franca 43,8 30,5 78,46 Mauá 28,68 20,4 75,21
2 9 8
Taubaté 45,2 32,0 84,19 Piracicaba 54,93 38,8 78,62
7 8 1
Limeira 47,4 32,7 82,56 Bauru 51,90 38,6 83,00
8 6 2
São Carlos 52,4 37,4 78,63 Sumaré 29,35 22,3 82,12
9 0 0
Americana 59,7 43,3 83,66 Marília 37,87 79,7 83,97
9 0 8
Santa Bárbara d'
Araraquara 55,9 37,8 79,97 Oeste 36,13 76,6 82,50
8 8 4
Presidente Prudente 48,4 34,2 83,26 Itapevi 25,96 16,5 77,17
1 0 0
Rio Claro 55,5 36,5 83,58 Cubatão 55,85 39,3 87,98
5 3 5
Araçatuba 68,1 30,6 79,47 Votorantim 25,94 18,2 72,15
8 5 7
Itapetininga 83,9 57,6 37,19 Votuporanga 40,82 29,4 81,29
2 2 7
Itararé 31,2 19,6 75,93 Porto Ferreira 50,37 33,3 83,16
3 9 3
São Joaquim da Presidente
39,3 27,8 82,31 25,93 17,8 91,64
Barra Epitácio
3 9 7
Miguelópolis 22,7 15,8 126,44 Severínia 24,36 17,0 73,16
0 5 4
Ilha Comprida 28,6 17,3 70,22 Tabatinga 33,85 22,2 73,07
1 2 7
Fonte: IBGE (2010) e SEADE (2013), organização própria (2014).
A verificação entre os dois grupos mostra que 70% das cidades não composta por
Favelas tem mais de 44% (média paulista) de sua população ativa ocupada, em contrapartida
das cidades com Favelas essa estimativa cai para 35%. Quando analisada a dimensão do
mercado formal os índices dos dois grupos são semelhantes, cerca de 84% da população
ocupada está neste mercado. Desta forma, a economia informal pode ser considerada um
fenômeno global, e independente da Favela. O surgimento deste sistema está relacionado a
duas hipóteses. A primeira relacionada a reorganização econômica e a regulação do trabalho,
resultante tanto das:
Ao se analisar os valores nota-se que as cidades que tem em sua composição Favela
possuem menor estoque moradias, 23% destes municípios tem mais de 7,5% (média paulista)
de seus imóveis vagos; em contrapartida das cidades que não tem Favela os números saltam
para 64%. Se comparado também o déficit habitacional relativo – proporção entre déficit
habitacional e total de moradias, é notório que na maior parte (88%) das compostas por
Favelas esta relação é maior que a média3 (9%), em contraste com as cidades sem Favelas em
que a mesma comparação resulta em 41%. A comparação destes indicies com o déficit
habitacional municipal calculado pela FJP (2013) em parceria com o Ministério das Cidades
(2013), conforme o quadro 4, apontam que em 94% das cidades compostas por Favelas o
estoque de moradias é menor que o déficit habitacional por unidades, já nas cidades sem
Favelas esta porcentagem equivale a 35%, isto é, na maior parte das cidades favelizadas o
estoque de moradias – mesmo se todas apresentassem condições mínimas de habitabilidades,
não seria suficiente para atender a demanda.
Quadro 4 - Relação entre déficit habitacional e estoque de moradias
Cidades não compostas por Favelas Cidades compostas por Favelas
Déficit Habitacional
Déficit Habitacional
Déficit Habitacional
Domicílios Vagos
Déficit Habitacional
Domicílios Vagos
Relativo (%)
Relativo (%)
Cidade
Cidade
Domicílios em
“Aglomerados
% Domicílios em
% Domicílios Vagos
Subnormais”
Domicílios Vagos
“Aglomerados
Subnormais”
Cidade
Domicílios em
“Aglomerados
% Domicílios precários em
Subnormais”
Domicílios precários e
improvisados
“Aglomerados
Subnormais”
Cidade
BIBLIOGRAFIA CITADA
DAVIS, M. Planeta Favela; tradução Beatriz Medina. São Paulo: Boitempo, edição revista:
fevereiro de 2011
Fundação João Pinheiro. Aplicativo Déficit Habitacional no Brasil. Ministério das Cidades,
2004.
SÃO PAULO. Prefeitura Municipal. A cidade informal no Século 21/ Exposição Museu na
Casa Brasileira. São Paulo: HABI – Superintendência da habitação Popular/ Secretaria
Municipal de Habitação, 2010.
STROZEMBERG, P. Alguém tem receio de ser multado na favela? In. O que é favela,
afinal? / organizador: Jailson de Souza e Silva. – Rio de Janeiro: Observatório de Favelas do
Rio de Janeiro, 2009