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Tarefa 3 História A (4 a 8 de maio) – João Xisto

1- Interpreta o significado político da Regeneração.


Em 1851, o golpe de Estado do Marechal Saldanha instaurou uma nova etapa política
em Portugal, designada por Regeneração. Este movimento, que se estendeu,
cronologicamente, até à implantação da República (1910) teve um duplo significado:

- pretendia-se o progresso material do país, com o fomento do capitalismo aplicado às


atividades económicas;

- encerrava-se uma longa fase de conflitos entre as facões liberais (a paz social foi
conseguida através da Carta Constitucional, com a revisão que lhe foi introduzida pelo
Ato Adicional de 1852, e da promoção do rotativismo entre os partidos no poder).

2- Explica o empenho do fontismo na política de obras públicas.


A política de Obras Públicas do período da Regeneração foi designada por fontismo devido a
ação do ministro Fontes Pereira de Melo.

Preocupado em recuperar o país do atraso económico, Fontes encetou uma política de


instalação de infraestruturas e equipamentos, tais como estradas, caminhos-de-ferro, carros
elétricos, pontes, portos, telegrafo e telefones.

Vislumbravam-se três grandes vantagens decorrentes do investimento em transportes e meios


de comunicação:

- a criação, pela primeira vez na história portuguesa, de um mercado nacional, fazendo chegar
os produtos a zonas isoladas e estimulando o consumo;

- o incremento agrícola e industrial;

- o alargamento das relações entre Portugal e a Europa evoluída.

Porém, como alertava, então, Oliveira Martins, embora o caminho-de-ferro fosse um meio de
desenvolvimento económico - o "silvo agudo da locomotiva" que nos despertou "do nosso
sono histórico" -, também criou "condições de concorrência para que não estávamos
preparados".

3- Caracteriza as linhas de força do desenvolvimento económico da


Regeneração.
1. Revolução dos transportes - esperava-se que a política de instalação de meios de transporte
e de comunicação levasse a todo o país um progresso geral. Assim, apostou-se na construção
rodoviária e na expansão da rede ferroviária (em cerca de 50 anos, desde a ligação de Lisboa
ao Carregado, em 1856, as vias férreas cobriram o território nacional). Construíram-se pontes
(por exemplo, a ponte D. Luís, no Porto) e portos (nomeadamente, o porto de Leixões).
2. Livre-cambismo - o fomento económico assentou na doutrina livre-cambista, expressa na
pauta alfandegária de 1852. Fontes Pereira de Melo (o qual, alem de ministro das Obras
Públicas, foi, também, ministro da Fazenda) era um acérrimo defensor da redução das tarifas
aduaneiras, argumentando que:

- só a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer a produção


portuguesa;

- a entrada de certos produtos industriais estrangeiros (que Portugal não produzia) a


preços mais baixos beneficiava o consumidor;

- a diminuição das tarifas contribuía para a redução do contrabando.

3. Exploração da agricultura orientada para a exportação - a aplicação do liberalismo


económico favoreceu a especialização em certos produtos agrícolas de boa aceitação no
estrangeiro como, por exemplo, os vinhos e a cortiça. A aplicação do capitalismo ao sector
agrícola passou por uma série de inovações, nomeadamente:

- o desbravamento de terras (arroteamentos);

- a redução do pousio;

- a abolição dos pastos comuns;

- a introdução de maquinaria nos trabalhos agrícolas (sobretudo no Centro e Sul do


país, pois no Norte a terra é mais fragmentada e irregular);

- o uso de adubos químicos (produzidos nacionalmente, devido ao desenvolvimento da


indústria química).

4. Arranque industrial - apesar do atraso económico de Portugal em relação aos países


desenvolvidos da Europa, registaram-se alguns progressos a nível industrial:

- difusão da máquina a vapor;

- desenvolvimento de diversos sectores da indústria (nomeadamente cortiças,


conservas de peixe e tabacos);

- criação de unidades industriais e concentração empresarial em alguns sectores (por


exemplo, no têxtil);

- aumento da população operária, sobretudo no Norte do país (apesar de se tratar


maioritariamente de mão-de-obra não qualificada);

- criação de sociedades anónimas;

- aplicação da energia elétrica à indústria (já no seculo XX).

No entanto, a economia portuguesa padecia de alguns problemas de base que impediram o


crescimento industrial :

- a falta de certas matérias-primas no território nacional (por exemplo, o algodão);

- a carência de população ativa no sector secundário (totalizava apenas cerca de 20%,


em 1890);

- a falta de formação do operariado e do patronato;


- a orientação dos investimentos particulares para as atividades especulativas e para o
sector imobiliário, em detrimento das atividades produtivas;

- a dependência do capital estrangeiro.

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