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Infraestrutura de Transporte

José Mauro Marquez, PhD


Impactos Ambientais nos Sistemas de Transportes
Impactos Ambientais nos Sistemas de Transportes
• O Transporte e o Meio Ambiente
• “Ampliações na malha de transporte ocorrem, em princípio, para atender a
uma demanda efetiva de desenvolvimento social e econômico.” (MMA, 2016)
• Os empreendimentos do Setor de Transporte são, portanto, em geral,
geradores de benefícios sociais e econômicos, que:
• Ampliam a competitividade econômica de uma região,
• Criam novas oportunidades de emprego e renda,
• Melhoram a qualidade de vida das populações por eles atendidas.

• Entretanto, por serem indutoras de desenvolvimento, rodovias, ferrovias,


hidrovias, aeroportos ou portos tendem a induzir a ocupação de suas
margens e de seu entorno por populações que nelas vêm possibilidades de
melhores condições de vida, de trabalho, de produção e de negócios.
Impactos Ambientais nos Sistemas de Transportes
• Ao longo da via vê-se, porém, uma acelerada ocupação humana
desordenada em áreas de baixa densidade populacional ou
desocupada.
• Desde o início da década de 60, o Brasil vem aumentando a
concentração de transporte no modo rodoviário, em detrimento do
ferroviário e hidroviário.
• Os riscos de acidentes ambientais no modo rodoviário são maiores do
que nos outros modos, contaminando recursos hídricos, florestais,
encostas, além de atropelamentos de animais.
• Portanto, o setor de transporte define princípios de importância para
a orientação de licenciamentos dos seus empreendimentos.
Estudos Ambientais de Empreendimentos de Transporte
• Objetivo:
• “Permitir a clara percepção dos impactos potenciais de um empreendimento, de
forma a determinar se a adoção de medidas mitigadoras adequadas irão mitigar os
danos causados à região de sua implantação.”
• Para isso, os estudos ambientais devem:
• Buscar o conhecimento da região
• As características prévias do empreendimento
• Desenvolver estudos especializados para subsidiar a avaliação de impactos
• Delimitação da Área de Influência do empreendimento
• Fazer minuciosos estudos do contorno da Área de Influência do empreendimento
para ter certeza que sua abrangência está adequada
• Evitar situações que provoquem quebras de uniformidade, coerência e objetividade
dos estudos.
Estudos Ambientais de Empreendimentos de Transporte
• Área de Influência é definida como sendo o espaço geográfico
onde se fazem sentir os impactos ambientais de um
empreendimento.
• Ao mesmo tempo, para os estudos ambientais, a Área de
Influência é o território que dá coerência espacial aos estudos
que serão necessários.
• Assim, a Área de Influência não se limita apenas a recursos
naturais, hídricos, florestais, pastagens, plantações e de potencial
erosivo.
• Estudos de qualidade do ar, poluição sonora e visual também
constituem elementos que devem ser considerados quando se
estabelece empreendimentos de transporte.
Erosão do Solo
Avaliação da Significância dos Impactos Ambientais
• Elaboração da Matriz de Identificação dos Impactos
• Impactos ambientais devem ser descritos, quantificados, qualificados e
classificados, dando origem à Matriz Síntese de Impactos, onde os impactos
são mapeados pela sua localização, verificando as relações entre atividades
previstas e áreas de influência.
• Medidas Mitigadoras
• É a indicação de ações objetivas a serem implementadas pelo empreendedor
de forma a evitar, mitigar, compensar ou monitorar cada impacto potencial
detectado na análise.
• Indicadores Ambientais
• Tem seus parâmetros e quantitativos determinados pela situação identificada
no diagnóstico ambiental, em decorrência da Avaliação de Impactos
Ambientais e na definição das Medias Mitigadoras.
Mitigação de Impactos Ambientais
EIA no Brasil

• No Brasil, a lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei


6938/81), instituiu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
como um de seus instrumentos

• O Decreto 88.351/83 regulamentou aquela Lei e determinou


que o EIA deveria ser realizado segundo critérios básicos,
estabelecidos pelo CONAMA, o que viria a ocorrer em 1986,
através da sua Resolução 001/86.
Erosão em Estradas
Definições Básicas
• Impacto Ambiental
• Alteração das propriedades: físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por atividades humanas, afetando:
a saúde, a segurança e o bem-estar;
as atividades sociais e econômicas;
a biota;
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
a qualidade dos recursos ambientais.
Definições Básicas
• Estudo de Impacto Ambiental - EIA
• Atividades científicas e técnicas: diagnóstico ambiental, identificação,
previsão e medição, interpretação e valoração, definição de medidas
mitigadoras e programas de monitoramento.

• Relatório de Impacto Ambiental – RIMA


• Documento que consolida o conteúdo do EIA de forma clara e concisa e em
linguagem acessível à população, esclarecendo os impactos negativos e
positivos causados pelo empreendimento em questão.
Projetos Sujeitos a Elaboração de EIA-RIMA
• Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
• Ferrovias;
• Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
• Aeroportos;
• Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
• Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
• Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
• Extração de combustível fóssil;
• Extração de minério, inclusive os de classe II;
• Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
• Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte da energia primária,
acima de 10MW;
A importância do EIA

• O EIA deve ser um processo sequencial, começando com a descrição do


sistema natural e antrópico, prosseguindo na análise dos efeitos de
projetos de desenvolvimento sobre eles e, finalmente, apresentação de
alternativas e de medidas visando minimizá-los ou mesmo eliminá-los.
Tudo de forma que se possa tomar uma decisão, política, sobre o projeto.
• O EIA é valioso, por contribuir para uma maior informação imparcial sobre
um determinado projeto, permitindo que o público possa orientar mais
corretamente sua posição em relação a ele, com menos emotividade,
sabendo eliminar a influência tanto de grupos políticos como de grupos
econômicos
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• INFORMAÇÕES GERAIS
• Nome, razão social, endereço, etc.
• Histórico do empreendimento
• Nacionalidade de origem e das tecnologias
• Porte e tipos de atividades desenvolvidas
• Objetivos e justificativas
• no contexto econômico-social do país, região, estado e município
• Localização geográfica, vias de acesso
• Etapas de implantação
• Empreendimentos associados e/ou similares

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
• Para cada uma das fases (planejamento, implantação, operação
e desativação):
• Objetivos e justificativas do projeto, sua relação e
compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais;
• A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e
locacionais, especificando: área de influência, matérias primas,
mão-de-obra, fontes de energia, processos e técnica
operacionais, prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia, geração de empregos.

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ÁREA DE INFLUÊNCIA (AI)
• Limitação geográfica das áreas:
diretamente afetada (DA) e
indiretamente afetada (IA)
• Sempre considerar a bacia hidrográfica onde se
localiza o empreendimento como unidade básica
para a AIDA
• Apresentar justificativas para a determinação das AI’s
• Ilustrar através de mapeamento
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA AI
• Caracterização atual do ambiente natural, ou seja,
antes da implantação do projeto, considerando:
• as variáveis suscetíveis de sofrer direta ou indiretamente
efeitos em todas as fases do projeto;
• os fatores ambientais físicos, biológicos e antrópicos, de
acordo com o tipo e porte do empreendimento;
• informações cartográficas com as AI’s em escalas
compatíveis com o nível de detalhamento dos fatores
ambientais considerados.

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA AI
• Meio físico: subsolo, as águas, o ar e o clima
• condições meteorológicas e o clima
• qualidade do ar;
• níveis de ruído;
• caracterização geológica e geomorfológica;
• usos e aptidões dos solos;
• recursos hídricos:
• hidrologia superficial;
• hidrogeologia;
• oceanografia física;
• qualidade das águas;
• usos das águas.
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA AI
• Meio biológico e os ecossistemas naturais: fauna e flora
• Ecossistemas terrestres
• descrição da cobertura vegetal
• descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-
flora
• Ecossistemas aquáticos
• mapeamento da populações aquáticas
• identificação de espécies indicadoras biológicas
• Ecossistemas de transição
• banhados, manguezais, brejos, pântanos, entre outros.
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA AI
• Meio Antrópico ou socioeconômico
• Dinâmica populacional
• Uso e ocupação do solo
• Nível de vida
• Estrutura produtiva e de serviços
• Organização social

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
• Identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos em todas
as fases do projeto e para cada um dos fatores ambientais pertinentes.
• De acordo com a AI e com os fatores ambientais considerados, o impacto
ambiental pode ser:
direto e indireto;
benéfico e adverso;
temporários, permanentes e cíclicos;
imediatos, a médio e a longo prazo;
reversíveis e irreversíveis
locais e regionais

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
o Avaliação da inter-relação e da magnitude
o Metodologias utilizadas:
 Análise custo-benefício;
 Método “ad hoc” (grupo multidisciplinar)
 Listas de checagem/controle (“Check Lists” - identifica consequências) ;
 Matrizes de interação (Matriz de Leopold);
 Análise de Rede (“NetWorks”);
 Mapeamento por superposição (“over-lays”)
 Modelagem

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA AI
• Meio Antrópico ou socioeconômico
• Dinâmica populacional
• Uso e ocupação do solo
• Nível de vida
• Estrutura produtiva e de serviços
• Organização social

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
• Identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos
em todas as fases do projeto e para cada um dos fatores
ambientais pertinentes.
• De acordo com a AI e com os fatores ambientais considerados,
o impacto ambiental pode ser:
• direto e indireto;
• benéfico e adverso;
• temporários, permanentes e cíclicos;
• imediatos, a médio e a longo prazo;
• reversíveis e irreversíveis
• locais e regionais
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
oAvaliação da inter-relação e da magnitude
• Metodologias utilizadas:
Análise custo-benefício;
Método “ad hoc” (grupo multidisciplinar)
Listas de checagem/controle (“Check Lists” - identifica
consequências);
Matrizes de interação (Matriz de Leopold);
Análise de Rede (“NetWorks”);
Mapeamento por superposição (“over-lays”)
Modelagem
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Matriz de Leopold
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
o Apresentação final:
• Síntese conclusiva
 relevância de cada fase: planejamento, implantação, operação e
desativação
 identificação, previsão da magnitude e interpretação, no caso da
possibilidade de acidentes
• Descrição detalhada - p/ cada fator ambiental
 impactos sobre o meio físico
 impactos sobre o meio biológico
 impactos sobre o meio antrópico

• Para cada análise: mencionar métodos e técnicas de previsão


aplicados
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS
• Neste item deverão ser apresentados os programas de
acompanhamento da evolução dos impactos ambientais positivos e
negativos causados pelo empreendimento, considerando-se as fases de
planejamento, de implementação, operação e desativação e quando for
o caso, de acidentes.
• Indicar e justificar:
os parâmetros selecionados para avaliação;
a rede de amostragem proposta;
os métodos de coleta e análise das amostragens;
periodicidade das amostragens para cada parâmetro, de acordo com os
fatores ambientais;
os métodos a serem empregados para o armazenamento e tratamento
dos dados.
Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL
• O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA refletirá as
conclusões do Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
• Suas informações técnicas devem ser expressas em
linguagem acessível ao público, ilustradas por mapas com
escalas adequadas, quadros, gráficos e outras técnicas de
comunicação visual, de modo que possam entender
claramente as possíveis consequências ambientais do
projeto e suas alternativas, comparando as vantagens e
desvantagens de cada uma delas.

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Diretrizes para a Elaboração do EIA - RIMA
• RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL
 Objetivos e justificativas do projeto;
 Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e
locacionais;
 Síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico;
 Descrição dos impactos ambientais;
 Caracterização da qualidade ambiental futura da AI;
 Descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras;
 Programa de acompanhamento e monitoramento;
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável.

Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental


Conclusões do EIA – RIMA
• De maneira geral o EIA foi criado principalmente com o intuito de ser um
instrumento poderoso no planejamento e implementação de
empreendimentos, visão alternativa ao mero ponto de vista o econômico.
• Tamanho e tempo de execução não garantem um EIA de qualidade.
• A qualidade do trabalho está diretamente ligada à responsabilidade e
competência da equipe que o desenvolve. Entretanto, o tempo de
observação dos ambientes naturais pode ser fundamental para se
compreender a sazonalidade dos fenômenos que nele ocorrem.
• O ponto crucial desse contexto é a forma como são elaborados e a
relevância de suas proposições e indagações, assim como a objetividade da
proposta, visando atender os aspectos bióticos e abióticos, procurando
alternativas para garantir às gerações futuras sua sobrevivência.
Continuação...
• A inserção deste instrumento dentro de uma estrutura de
planejamento municipal ou estadual também é fator
potencializador de seus benefícios assim como a capacidade de
avaliação do órgão ambiental para evitar que o EIA se torne mero
passaporte burocrático para aprovação de projetos com impacto
ambiental.
• Assim como um empreendimento pode trazer benefícios à
comunidade, empregos diretos e indiretos, por exemplo, pode
poluir as bacias de captação que constituem um impacto nocivo.
• Assim, espera-se que da análise de um EIA surjam as alternativas
adequadas e que a população participe conscientemente das
decisões sobre alterações do meio ambiente que a cerca.
Fonte: FEPAM-Fundação Estadual de Proteção Ambiental

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