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~ AFROCENTRICIDADE: NOTAS SOBRE UMA POSICAO DISCIPLINAR ‘Molefi Kete Asante DEFINIGAO I atoctnicarelere-sessencalmente propos epstemolbiea lugar. Tendo sido os aiicanos'deslocados em termos cultural, psco- “Tigo, econdmicosehistricos ¢ importante que qualquer avalagao de ‘suas condigoesem qualquer pais ea felta com base em um localizagso ‘entrada na Aca esa dispora, Comecamos coma visio de que a ao- ‘etrcdade wm tipo de pensamenta, praca eperspectoa que perce os ‘areanos como sujetos agents de fndmenosatuando sobre sua propria Image eutural ede acordo com seus préprios interes humanos. Apresentar uma defini nao significa exauriro poder de um con- ‘cto. Na verdade, pode crar novas dificuldades, a menos que essa de- ‘nigaosej explicada de maneita a eluidara idea. A aftocentrcidade ‘uma questdo de localizcio precisamente porque os afieanns vém tuando na margem da expriénca eurocénrica. Muito doque estua- ‘mos sobrea histéria,a cultura literatura, inguistice pots ou a ‘economia afeicanas fo orquestrado do ponto de wsta dos interesses eu- ropes. Quer te tate de economia, quer de histori, politica, geogratia ‘ou arte os aficaniostém sido vistos como petiférios em relacto ai ida tda como teal® Nos Estados Unidos, esse descentramentoafe- 2 to tanto osafticanos quanto os brancos. Assim, oflar da affocents- dace como uma redefincio radia, procuramos reorientat os alcanos ‘uma posigao centrada (Asante, 1998). CoNscIENTIZAGKO Aalrocentricidade emerplu como processo de conscientizagao politica ‘de um powo que enisin margem da educagio, da are, da eiéneta, da ‘economia, da comunicagio e da tecnologia tal come definidas pelos ‘eurocéniricos. Se bem sucedido,o processo de recentalizar esse povo ‘clara uma nova realidade eabira um novo capitulo na liberagso da mente dos afrcanos. ra essa. a esperanca quando publiqul Aftocentr- ‘ldade em 1980 objetivo ea desferirum golpe na falta de coneciéncia, “na fala ce conscléncta apenas da opressio que slremos, as m= boi das vitérias posses, Seria concebivel analsar relagBes humanas, Interagdes multicultural, textos, endmenos e eventos, bem como ae bertagio africana, da perspectia de uma nova orientado para 0 aos (0 propéaito fo, desde sempre, criar espago para eevee humanoe ‘onsclentes que estando centados, se comprometem com equllbio rental. A idein de conscientizago esténo centro da afrocentricidade por ser oque a torna diferente da alicanhlade. Pode-se praticar os wos ‘costumes acanos sm por iso ser aioctntric.Afrocentricdade éa conscentzagdo sobre aagéncia dos poves africanos. ssa a chave para 4 reorientacio ea recenttalizagao, de modo que a pessoa possa atuar comoagente, endo como vitima ou dependent. (0 conceiro DE AGENCIA ‘Um agente, em nossos termos, & um ser humano eapaz de agir de forma independente em fungdo de seus interesses. Ja agincla € a ca- Bacidade de dispor dos recursos psicoligios e culturais necesérios ara. avango da iberdade humana. Em uma situagio de falta de Uber dade, opresao erepressao racial a dela ava no interior do concelto eageesune posto de deving, Qual nde pro de sr a aoceeldadet Quando consieramos quests to conenin coveto «ori Gur evar partes tis Na ame tera occa Je aga em ops wo de os mosque seenconta dagen em gunlgur stan se can wa descartiad oma so preagpisa em 5 orm. er undamentamentecompromtio com 2 norto de avec i vem ets como mentee em con mo ation esas 0 es fe anal em sug dc sa rr ue cans sa opr fortes faces mas de sai que ee aain ers, Quan eno ext ees ‘ej daria -e npr oma € er maria p= +r Tome se por expo eet de Rober ngs re aie cm qu taht dei ein daqeleconnente ve toma maf que aoe um hoe Bano em elo a cares te mbar de aftcans No hi anc em nena dss aetna? ed ques soigat da Aia cena deve- researc deLingstne? Nahar oes forma de borat Umivple comes? wan tem sido ejaon mo stems de domino ra brane Nt seta apenas de argalizagan as de ober de eiimsene cu siaead, sus tvidade sua imager. mae Hae nat dei a peronallae espa ¢ mater da pesos ana enn portant, deveserconsiene tar aed a ree nun eaparhenomia densa Em um ceo nis € wn elena ngs maser our seta de ener reaiade entgors etnies eels consaldas totentiage ni € lin, & por lao gue os mento cont tues doraemon so sora debate, eben sea ua: wrens ya nveniaga foes No utero dx propo a Coat do shemas chad, sj, exter el was ‘SiaTabatrment tm dstites da cue dade Aino ae ntocentesiade naan ounce se camino pra caer con stems ean no manda CARACTERISTICAS MINIMAS ‘Tenho sustentdo que as caractersticas minimas para um afrocntrco devem incluie: 1) interesse pela locaizacao peal 2)compromisso com a descoberta do ligar do aficano como sy 8) defesa dos elementos ultras aicanos: 4) compromisse com 0 ‘namento léie; 5) compromisso.com uma nora naratva da istéra ‘Africa. Danjuma Sinue Modupe (2008) apresentou a mais completa lagio de elementos constitintes da alrocenrcidade:vontade cog ‘comunal, desenvolvimento aficano, matiz de consent, I psiguica,resgate cultura, africanidade, personalsmo africana, ‘rocéntric,estrutura cncetualaftoctntrc,integridade da estrus causa leo, mitgacdo, consruos tericos,distngdeseriticas teri lion estutural, consiéncla viorosa eperspectiva afrocéneca Interesse pela localizagto psicoligica ‘Trata-se de uma ideia fondamentalmente perspectiista, Para © centita a anise de uma pessoa com frequéncla se relaciona com lugar onde sua mente esté situada, Por exemplo, normalmente € pas sive determina se uma pessoa est locallzada em uma posicao cera ‘em relagao ao mundo afticano pelo mode como ela se relaciona com a Informagio aficana. Se elas relere sos aicanos como “outros pero ‘bemos que os vé como diferentes de si mesma. Essa uma das formas elas quais funciona 0 deslocamento, Evidentemente, sea pesoa no afrleana mas tenta fazer uma andlisearocdntria,o que se observa 6 sua capacidade de olhar 0s fendmenos do ponto de vista dos préprios aicanos, Quem tenta construir um currcul eseoat, uma prtiea de servigo soca ou uma literatura afiocenttados deve prestar tengo lo- calizago psicolgea ou cultural "Locallzagao no sentido aftcentriea, refere-se a0 lugar psicl6= co, cltura, histérieo ou indvidual ocupad por uma pessoa em dado ‘momento da hstria. Assim, estar em uma loalizagio¢ estar fincado, temporaria ou permanentemente, em determinado espago. Quando 0 Aatrocentrsia afirma ser necesstlo descobrie a localizagio de alguém, 96 refere al 0 sa, Com ce desu ipsa circus quer ilarmente vido nos casosem que os: srtemas,tpieos eas preocupagoes-relerer-se ideas e bs atv tes dos aicanos. Co “frcmos tem se dado com base naqllo que pensar, fazem ecizem 0s ‘europea, e nio no que 0s propels aricanos pensam, ‘promisso de encontrar o ugar do aftcano como sueito em sae a saber se essa pessoa est em um lugar central ou mara mn respelto& sua cultura. Uma pessoa oprimida esti deslocads va gpera de uma localzagdocentad nas experincis do opres- fo petcebe. Memmi, Uma ver. que o colonizado est fora do feito ¢ mals sujet da histéria® (Memmi, 1991, p. 92). Bi ae ‘0 abjetivo do afrocentrista é manter 0 africano dentro, ¢ 0 “compromisso coma descoberta do lugar do africano como sujeito atocentrita eth prencupa em descobrir, em todo lugar © quale cia, a posi de sujelto da pessoa afiana. Isso part- assuntossgnficathos ~ se muita equenca, a diseussio dos fendmenos zen fam. pert do atocenis & demenstr um ft cm Dose mado, pop do oe te ia. on mote, org came en oe dela nn fequmeente dexter ns ier ent © Tretsomor one dsgpms ee Emborscamoscapees de dete ro qucapenam Germ dadomonens, no podem sabe do que Tc aseramanha. And ami, devemos ro compro de dena eso um conc ou una ea acon eA sets a et evento en Defesa dos elementos culturas africanos defender osvalores ele tos cultura aficanos como parte do projeto humane. No se pode Assumir wma ovientacio vltada para a agenciaaltcana sem respeltar imensao erativa da personalidade africana e dat um lugat ela. 180 "ao significa que todas a cols aficanasaejam boas ou ites mas que ” nore some ona rongta aguilo que 0s aicanos fizeram ¢ fazem representa a cratividade 12. Tudo isso remete oo fato de que muitos intlectuas ¢ esr {do pasado desprezaram as eragdes africana, fossem elas na msl yoscono “owpan” passer sos lugares em que eticanoobém poderianos np «andloeerainando eas de compesns do conta de can ley ai por rm dierertesconuades cla cana Deste mod, sta automo busca ire da nguagem de nega dos te como agents na estrada isi da propia An Ase. Josh Aca ots aoa a decegt oental= com ene tom mero limitada de peneadees progress redriamy caros condo deers inden infer nlo-umano a case COM se Coeeem parte a hei humana © cv algunas stungdesselvgens Eas conutbules ero a sir da hatin cana sind dominam em certo cos oun problema no mundo intelectual ena Mera sad © penameno soe we engje no proceso de develar ico convencional dh ‘na danga ou na ate, fssem na ciéncia, como alg diferente do rest dda humanidade. Era ume aude inegavelmente racsta, e qualquer in terpretacdo ou anise de elementos ox contibuiges culturas aia. nos que negue esses clement ¢ suspeita O affocentrisa, contudo usa todos os elementos linguistics, pica 6gcos,socolgcoseilosicos para defender os valores cultura af ‘anos. Diante de argumentos contéros a valores, habitos, costumes, teligia,comportamentos ou pensamentoafrcanos, oafocentita en ‘contra, tanto quanto possve, a auténtica compreensio aficana esses ‘elementos, sem impor interpretagdes eurocénvicas ow ndo-africanay, Isso permite que ofnelectual tena uma avalagso nitida do ‘cultura aficano.om questo. Compromisso como refinamento Kéxieo ‘Tipicamente,o affocentrista deseja saber se nguagem usada em un temto 6 baseada naidela dos africanos como sujetos, ist & seo ese tor tem alguma compreensao da natureza da realdade afficana. ‘exemplo, quando um inglés ou um norte-americano chama uma € africans de “choupana’ est deturpando 8 reaidade, O afro aborda # questio do espago de moradia dos aficanos do ponto d sta darealidade africana. idea de casa na lingua ingesa faz ‘mir um prédio modemo, com cozinha,bankweirose reas de recreagty ‘mas o conceito africana é diferente, Asim, a easa deve ser concebida como um conjunto de estruturas em que uma é usada para dorml ‘uta para armazenar bens e objetos de uso doméstico e outa, sind, para receber convidados. A cozinha ea drea de ecreagio estdo em es pcos diferentes do utlizado para dorm. Portanto, é importante qué, 0 avalar asidelascultuais africana, 2 pessoa preste muita stenglo 80 tipo de linguagem que est sendo usado. No caso dos domitios afr ano, deve-seprimelio perguntaro nome que eles propos atibuemt 10 lugar em que dormem. Essa € nica forma de vitar 0 uso de t= 0 presamir que o afrocentrisa tena claeza para perceber que das obrigacdes fundamentals do intelectual ¢avaliarasituagéo de entao inter de maneia adequada. Com respelto 8 itera- Astra, economia e a0 comportamento afteanos, 08 autores ctntleo sempre colocaram a lrca em um hag inferior em rela qualquer campo de pesquisa, numa deliberadafalsficago do e- istic. Fo! uma das maloresconspiagoes da histérla mundial, grande nimero de autres, um apés 0 outr, adotou um acordo 0 em dois sentidos, Primero eles deveriam marginalizar a Afica tara que produziam, para formar 0 cinane do conhecimento que se presume universal. Segundo, quand a literatura exis por exemplo os textos dos gregos antgos~ parece enaltecer a a ou falar dela com respetoe admirago, os autores deveriam re- ‘esse respeito ou enalteciment,rebaixando.a Aficanaescala de do cinone. Vemos a rales mals profundas desee problema no odo Kemet, hlstria clisica do gto. os * Depois da conquisa do Fito por Napotedo e Dominique Vian) ‘Denon, imprimiu-se ao conhecimento da Africa uma orienta totale mente diferente. De repente, fos apresentados a um novo campo da investgasio humana, exiptologi. Quando Champollion deciroua eye critados antigo egpcos, «Europa angou-se& empreitada de desmon« ficanidade da hist egpca, bem como da hiséraaficana na “qucestaserelaciona ao vale do Nilo, Otinico rio do continentealtcang: {Que se toroa parte da experiéncia eropela fl o Nilo, Foi como sea Europa o dvesse retirado da Ate, mit por mili, para despelde Jona paisagem europea. Todas as contribuigdesaficanas do vale do Nilo tomaram contibuiges europelas, ea Europa lew inicio tare de confundir 0 mundo quanto & natureza do antigo Eto, Tratase da tnalor de todas as falsiicagies~ © aquela que aparece nas discuss sobce as grandes cvlzagoes da antguidade. 4 Fito versus Grécia ‘ ‘Um dos mitos mais permanente a sustentar a hegemonia europe talver sla o da origem grega da civilizago. Agora se tem demonstado {que esse fo um exagero cometido por intelectual desejosos de provar Superioridade europeia. A obm Atenas nega, de Martin Berna (I Gemolua ideia de que a Grécia antecedew a Abia, paricularm Fo, em termos de eilizacio. ‘0 que Bernal fee em relagao a orig grega da cliizagioy ‘Anta Diop jshavia feo com respeito &cullzacaoem gral (Diop, 19 $m outraspalavas, Diop demonstou que a origem africans da ago era um fata, no uma flecdo. Mas tarde ele mostrou, usando déncias extaidas de textos artigos experimentosclentfcns © Cultura, que 0s antgos egipciostinham a pee escura (Diop, 19 ‘0 mais importante é que, desde a morte de Diop, em 1985, vém chO= ‘vendo evidéncias de que sas teoias estavam cortetas (Poe, 1998)-Com “eto, agora sabemos com ainda mals seguranca que aorigem dara yhumana ocorreu no continenteaicano, como tem sk ‘por muitas pesqulsas nos dikimos anes. Além disso, a biologia most ‘que. DNA mitocondral de todos os seres humans fem origem ma ‘mulher que viveu durentos mil anos ts na Aca oriental. ayes epumentos que mo elm apresetados i iui anos Pitas mane om energnoso mundo ang primo ayn reciente tina ina ane drape cm oni som lr Pst, Homera Deore, Demers, Ansan cate Tl, Pigs nigra © mito uo gegore- ee vera na Aen (ante Marre, 2000) 4 cue parte Bear fryumens que os egcln ram acanos de pele nog, toe povam ov depoimenton de Herédo, Artes, Deore BN gents anyents 6 qs tole te evince deat eva onte arcana. Bs weola monogentsca da oie humana, Bien maior ee ns atinos anos em fang de numernas lescobertascientificas. Ao mesmo tempo, mostou-se falsaa teria pollcnétics, segundo a qual os teres humans teriam aparecido s Imultaneamente em diversos locals. Agora & possvel comprovar que As frmagSes de Chel Anta Diop eram proftcas. Ele compreendeu a5. Interconexdes entre os afrcanos, asim como a relagto do resto do mundo com a Atica Reescrever a histéria se orna um desafio para os intelectuls ao: {ebntrcos que dominam a linguagem antiga. Também &fato que nao Sepode emprecnder a historiegratia de comunidades alia Juma sériainvervencao intelectual da parte de estudiosos que, com lum olharafrocentrado, vio resgatar 0 ensino sobre a Aica das gar. Bas deaniroplognscujo nico props ¢, ao que parece, desenvol- Wersua ética da comparacio. A kdela de comparacio ndo é necessa- Fiamentea fone dos equivocos eurocéntrcos, mas no duvido que Sej.um fator concorrene. Gentes nenhum nga quae anon origensa Ain on ero ponto de partis de todo discurso sobre o rumo da histria Pisses 0 Kemet ents retamente eaconadoe liga dx ciiagbes Ress Caro rea ora, akan, Cong, Ze Bau. Bo que sabe os. mas hd muito x desvendar porque s6recentemente nosso fco de hudos se voliou para a Africa em si mesma. No passadoestudavarnos a isn sua relaio coms Europe nio como as cure aficans se pen sohsvam entero modelo de pesqusn clonal apeiiondo meses © ngleses. Se os inglesesestudavam a Aiea oekdentale bservavam os akan faziam iso como se 0 povo de Gana nto tvese faci com os baule da Costa do Mafim. O mesmo fziam os france- es, estuando os bale mas no os ahan-asante. Isso produ tm tipo de pesquisa direconada, que no permite ao pesquisador entender as inter-relagdes com culturasadjacents ou contiguas.Aabordagem afro- ‘enttada jd comesou a mudar esse ipo de pesquisa € os trabalhos de hnumerosos intlectuais devern see vstos como eontnbulgdes a um re- hnascimento Tahargane” da pesquissatticana, PRESSUPOSTOS (0 que apresenteianteriormente sto os requists minimos para abor- dar qualquer assunto de maneiraafrcénteca. Mas também tive de as: ‘sumir alguns pressupostos a respeito de metodologia que sio impor. antes ao interogarmos os fats reltivos as experiéncas de vida dos afrieanos. ‘O primero aspecto que se deve enfatzar 60 que significa “africano [Nao se trata de um temo essencaista, ou sea, no € algo que se bax see implesmente no ‘sangue” 10s enes" Muito mais do que ss ‘um construto de conhecimento.Basicamente, um aticano uma} ‘soa que participa dos quinhentos anos deresisténcia a dominagto ropa, Por vezes pode ter parcipado sem saber que o fazia, mas 6 ‘que entia a consientizagto, Sé quem &conscientemente afrcano ~ ‘aloriza a necessidade de resist aniguilagdo cultural, politica e ‘nomica~ est corretamentena arena da afrocentricidade Nao sg {que os outros no sejam africanos, apenas que no so aoc “Assim, ser afrocentrsta¢reivindica parentesco com alutae ‘tic da justiga conte tadas as formas de opressio humana. Em rivelflamos dos aftcanos como individuos que sustentam 0 ft seus ancestas teem vindo da Alia para as Amérieas,o Caribe e partes do mundo durant os ttimos quinhentos anos. uma co Aaicana interna, ssim como uma conexao externa. Os que vive ‘ho continent constuem a conexso interns; os que viver fora dle conexo externa. Os brancos do contnenteaticano que nunca param da resstneadopresso, dominag 0 hegemoniabranca, she, ‘om feito, nio-aticanos.Ofao de residirna Aiea, porsis6, nto tana iguém africano. No final, argumentamos que « consciénci, e no a biologi, cetermina nossa abordagem dos dados.F desse lugar que toda anilise procede Para 0 afrocentrista nao existe um antlugat, Ou se esté envohido ‘com uma poscdo ou com outa. No se pode estar mam lugar que no existe, J que todos os lugares sto posigdes. Nao posso conceber uma amtperspectiva porque, ndo importa 0 que eu percebs, estou cupenda ‘um gar uma posgdo, mesme que essa perspectiva seja chamada de antiperspectva |B uma poderosa dca de comunicagd eimeragio entre sujeitos, 0 oust estabelece que a agenca africana 6 compardvel ade qual ser humano, Se wct quisr falar de ciécia,flaremos de ciel. uise falar de astronomia falaremos de astronomia. Os sfticanos ser visos como atores no palo planer, no como eidadios seguna classe. Os quinhentos anos de dominagao europea inter- ram nossa marcha em direc ao progresso, mas no consegu pagar as coniribuigdes dos milhares de anos de hstria anteriores alos europeus ao continent afrcano, \ihimes anos tem havido um tremendo ataque & produsio aca- ican. Esa agressio integra um padrdo secular em relagio 195, que nunca escravizaram, colonizaram ou dominaram, srupo de pessoa simplesmente em fungi de sua condi bi ‘Destina-se a evtar que os africanos afimem de forma posiva seus valores e seus costumes. A visdesantesprtuase pré- 40 Ocdente levaram 0 mand, mals de uma ver, bea da S certo quea tecnologia ocidental nao salvar o planeta na épossivel que ela apresse sua aniquilagde. A corrupgto do pla ‘© envenenamento do ar eda dguaaté« maianga de pessoas }como vita colsteras da guerra, asta osetimente de er senta& porta do mundo oeidentl. Os seres humanes habi- !ndimenos de wezenios mil anos 0 hominideos estveram menos de sei mithoes de anos, Do feito que 4s coisas andar, lesdeque pemaneceremos por outros trezentos mil anos [Nao podemos entega dre flosice do planeta iqueleseujag «oes de ambi edestuigao ameagam aniquilar-nos, “oda as expeiéncas sfticanas 0 dignas de estudo. Quand o alge cent fala de toda as experiencia aicanas, nto se wata de uma dé laragao que represente apenas pono de vista pariareal. Em tl texto, as mulheres nao sao relegadas ao segundo plano, como acon ro pensamento oidental. Iso provém do Tato de elas terem sido Icegrante de todas a elturasaicanes desde o nici dos tempos. ‘servando as sociedadesaficanas da antguidade, 6 difclencontae _guma.em que as mulheres naoccupassem alas posigies Por exempla, rainhas que governaram o Kemet, o Punt ea Nibla -e mais dea _governaram eso pals representam 0s mab antgos exemplos de nantes do sexo feminino, Com efeko, oprimeiro intercimbio enve ‘hres goverantes ocorreu durante a XVII dinastia, quando se esta leceram eagoesciplomaticas entre 9 Kemet e Punt. Mulherese hom ‘ong importincia na construgoafocentrad do conheclment “Também se presume a exstncia de uma rlacao homéloga e estudo dos fendmenos afficanos eo da humanldade. Somos parte hhumaniéade e, portanto, onde quer que as pessoas se declarem canas, estamos envolvids na eviagdo de conhecimento, Assim, 4 centicdade reconhece e respeita a natureza twansitia do eu = ‘conta o eu, masa favor da pessoa. De fato, pode-se até declarar afrocentrieidade se dedica fundamentalmente a0 eu coletv0 6 tant, esté proaivamente engsjada na eragio e reriagao da em grande escala, 0 que os africanos fazem no Brasil, na Colombia Costa Rice, na Ncarigua, no Panama, na Veneruela, nos Estados dos, na Nig, em Gana, em Camardes, no Congo ena Franga & {de uma ascenso gerale coleiva& conscincia, na medida em que! ‘nha como objetivo o process delibertaco. Tia visio aocéntriea, todo conhecimento deve ser emancip Como romper as grades da prisio que mantém os seres human servidio mental? Como fazer asic em stuacoes nas quis i injus> ‘icat Como cia condigoes de iberdade quando os poderes governan= ‘es negam ao povo os recursos par avidat Essissio quests creas ‘de um paradigms do progress para iberagto 104 10 aocentismo no sto 0s dados, mas a orintagdo para eles & “com abordamos 0s femenos. Por wezes 0s exteosafrmam que os ocensintas no aptesentaram dados sobre este ou aquele assuntn. Brrapontam que ees arevem de informagoes sobre determinado tema, Cis om afocetrisas, espondemos que muita vezesni0sio0sda- Mosc esto em quest, mas modo como as pessoas os interpreta, tome percebem aqulo com que se defrontam e como analsam os te- hase valores afrieanos contidos nesses dados. Se voce ndo abordar os dado deforma core, provavelmente chegar.aconclusoes equivoca- ida. Alm do mats, altura ds vrios ataques aos afrocentrstas debxa {lato que algumas pessoas presumem que, nao havendo evidéncias, por txcmplo, de que os aleianos da regiso do Congo ineragiram com 06 {4 repo do Nil, signifies que isso no aconteceu Nao 6 assim, poisa, auséncis de evidencia no constitu evdéncia da auséncta, nnecessri dizer também que a historia nao ¢a afocentricidade, {6 uma discipina no interior de sua propria esfera, Ela possu ceros ibutos, pressupostos, métodos e objetivos que podem ou nao set ompatives com os da arocentricdade. Os debates sobre a histori. fgrafa corridos nos tltimos anos se devem aos crescentes desatos da Hisorigraiaafrocéntrica (Keita, 2001) As implicagses desea trans formagao sto enormes e nao se pode negi-las essencial para nés alla as noas orientagdes para os dads, as quais esto criando uma robusta dsciplins intelectual que hd multe dow a histrla para tds. Tss0 nto significa que nia deva haver expresses de interese ou ate: (08 algumas contibuigdes-chave dos modes histércos, mas quea Bocentricidae imps novos eritéios para pesquisa de documentos, fnerpretacao de estos orientagao quate aos dados (Conyers, 2009), {Uma das razes pelas quals Ama Mazama (2003) clamou por um Im- Perativo afrocénrco &« fato de termos estado muito ocupados em Meeseobrr» Europe para ulrapassamos as esata rons ident. Nosso abjetvo como lntelectuais €fornecer 10 mundo Sanalise mals vilidae valiosa possvel dos fendmenosafrleanos. sso, Rnitca que devemos abandonar muitos elements da pesquis hi rics prtcutarmente sua exagerada énlase nos textos escrtos ein Motivar novas maneras de deslindaro significado da vida dos ates Novos DESAFIOS ‘Uma das tarefas mats desafiadoras¢ desmascarar a nosio de ave poste es partcularstas so universas. A Europa desflou sua cultura coma ‘norma por tanto tempo que os alicanoseasiticos detam de perceber a experinclaeuropela, sea ela da Ldade Média, sea de Shakespeare ou Homer, assim como os conceitoseuropeus de Beleza, como apenas age pectos partculares, e no univesas, da experiéncia humana, sam ter implicagBes para outs clturas. 0 que on alrocentintasd vem sempre ritear &ofensiva particular que pojeta a Buropa’ 0 padrio pelo qual se deve jugar o esto do mundo, Nenfuma cul Particular pode se arrogar essa prerrogatva, A afrocentrcidade ty ‘rticar todas a relvindicagtes exaperadas dos particulars. © ps ressaltar que ndo é necesirio parecer-se com a cultura europel sercvizado ou humano! ‘Ahegemonia europea, tanto na roupa,na mods, naarte ena ‘quanto na economi,é de fat um momento histéreo, mas nao salista, Com isso ndo negamos que, com o impulso da global Burops e 01 Estados Unidos stem procurando cultivar uma form posigao hegemdnica no mundo. ‘Outro desafio que nos contontaé 0 dscurso em tomo do {do multiculturalism numa nado industrial heterogenea. O sobre multicultural tern texture rica porque seu tema & pr rente no mundo modemo, Se dissermos que “multicultural” se simplesmente a “muita eulturas; teremos um bom ponto de p pera uma discussdo sobre a socedade. Se “muitasculturas” deve} ‘referente, porque entio, numa sociedade heterogénea,temos ap ‘mogio da hegemonia de wma monocultura? O maior perigo de’ nnagaoeterogénea fala de abertura ts multicultuas existentes seu Interior. 0 afrocentstasustenta que a cultura europea deve Vista como estando ao lado © ndo acima, das outras culturas da cledade. Alga que mantém unida a socledade nio pode ser ‘io forgada da hegemonia, mas antes a aceltagto dseutida de var ‘cones, simbolos e institugées similares que tém sido empregados ‘melhor interesse de todas as pessoas. Multiculturalism, portant cultura branca acima ou frente das outras, mas a eragio de um, 1 para todas as culturas. A reciprocidade ¢ o mateo desea nove Intelectual e police, J que ninguém fica para ds nem ora Entrar na arena da vida 6 descobriz, como o bom futeboista, fe fraquezas de cada uma das culturasprotagonisas que com, todo coletvo. 'A despeito dos muitos desafios que confrontam a sociedade con- ranea, 4 afocentricdade se estabelece como uma vigorosa intelectual ainhada com 0 melhor do pensamento afodgicn. feito, Karenga (2002 p. 346) coloca adequadamente a situagio ynar que esa Inca ¢ Incessante dos estudon Aiana &comtnuar a de mantras que efimem sua misso ginal e fundamen ena assim refiam su capacidade esx compromiso de am continuamente o dmbito de suas preocupagdes para enfentar problemétca ¢compreensbesnointelor da dscipina ecm mundo em perpésa dance, ‘que seja © impulo terico predominante no futuro, estou que a afocentiidade val moldar os interesses de longo prazo mpo. Ao aceitar odesaflo do campo de “ampliar o ambito de suas pagéeso afocentrisa também busca novas vas para exami. fendmenos culturas, ecodmicos e poticos fra da América do otelectuns do Bras, Venezuela, Peru, Clémbia, Nova Eseéci, Guatemala, Guiana, Surname, Costa Rica, Antilhas e outos com grandes populagtesahicanas arescentaro novos fatosc se expandir eampliar nossas preacupagbes. (2on3, . 18) afrma que ‘nto seré surpresa a afrocentrc- 0 abracar idea da incompltude cultural aficana.” Evie @Posicdo de Mazama se ancora na convcgto de que os at Feconectarse a mati cultural que oferece ajuda para nos a hegeronia europea Nao ha iia em aceltar a dead aiianos,apos quinhentos anos de deslocamento, devam cont Tmanalizados.Macama propésaideia de que a aicalogia uma iscipina dedicada a renascenea do mundo aricano, Assim, no 6 umgh

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