e Literatura
Professor
Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada – 02
9º Ano | 2º Bimestre
Habilidades Associadas
1. Identificar narrador, foco narrativo, espaço, tempo, personagens e conflito.
2. Identificar os elementos do enredo: apresentação, complicação, clímax e desfecho.
3. Identificar os usos dos discursos direto e indireto.
4. Identificar a presença de figuras de palavra, pensamento e de sintaxe nos gêneros estudados.
5. Reconhecer o encadeamento das orações pelo mecanismo da coordenação e reconhecer a
importância da pontuação e da paragrafação.
6. Reconhecer a importância da crônica e do conto na literatura nacional e do conto oral para o povo
indígena e africano; comparando os gêneros em questão.
Apresentação
2
Caro Tutor,
Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 2° Bimestre do Currículo Mínimo de Língua Portuguesa
do 9º Ano do Ensino Fundamental. Estas atividades correspondem aos estudos durante
o período de um mês.
A nossa proposta é que você atue como tutor na realização destas atividades
com a turma, estimulando a autonomia dos alunos nessa empreitada, mediando as
trocas de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você estimular o desenvolvimento da
disciplina e independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional de
nossos alunos no mundo do conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades, os alunos vão estudar os gêneros textuais crônica e
conto. Eles vão aprender a identificar os elementos da narrativa e do enredo e
aprenderão a distinguir texto ficcional de não ficcional. Ao final, verão a relevância da
crônica e do conto para a literatura nacional e do conto oral para o povo indígena e
africano.
Para os assuntos abordados em cada bimestre, vamos apresentar algumas
relações diretas com todos os materiais que estão disponibilizados em nosso portal
eletrônico Conexão Professor, fornecendo diversos recursos de apoio pedagógico para o
Professor Tutor.
Este documento apresenta 06 (seis) aulas. As aulas podem ser compostas por
uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e
atividades respectivas. Leia o texto e, em seguida, resolva as Atividades propostas. As
Atividades são referentes a dois tempos de aula. Para reforçar a aprendizagem, propõe-
se, ainda, uma avaliação e uma pesquisa sobre o assunto.
3
Sumário
Introdução .......................................................................................... 03
Objetivos Gerais .................................................................................. 05
Materiais de Apoio Pedagógico .......................................................... 05
Orientação Didático-Pedagógica ........................................................ 06
Aula 1: Texto ficcional e não ficcional ................................................. 07
Aula 2: A estrutura da narrativa........................................................... 13
Aula 3: Discursos direto e indireto ...................................................... 20
Aula 4: As figuras de linguagem nos textos ......................................... 26
Aula 5: Pontuação e paragrafação ...................................................... 32
Aula 6: Gêneros importantes ............................................................. 39
Avaliação ............................................................................................ 45
Pesquisa ............................................................................................... 49
Referências ......................................................................................... 52
4
Objetivos Gerais
5
42, 44, 64, 65,
Aula 6 --- ---
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Orientação Didático-Pedagógica
6
Aula 1: Texto ficcional e não ficcional
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A crônica geralmente apresenta fatos e acontecimentos contemporâneos
narrados sob a perspectiva de quem os escreve. É um gênero de texto importante para
a literatura nacional, já que é muito comum encontrarmos crônicas em jornais,
revistas, livros e internet.
As crônicas podem tratar de diversos temas e possuir diferentes propósitos.
Geralmente, para construir sua crônica, o cronista apoia-se em fatos comuns do
cotidiano e, boa parte das vezes, com um toque de humor. Também é muito comum o
autor apresentar sua opinião em relação ao fato que está narrando na crônica.
Atividade Comentada 1
Nesta atividade, propomos que você leia dois gêneros textuais distintos, mas
com características em comum: uma notícia e uma crônica. Em seguida, responda às
atividades 1 a 5.
TEXTO 1:
Polícia Rodoviária Estadual prende idosa por contrabando de medicamentos
do Paraguai
Uma mulher de 64 anos foi presa em flagrante pelo crime de contrabando de
medicamentos do Paraguai, por volta 20h30 de quarta-feira (29/08/2012), na rodovia
PR-317, próximo ao posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Floresta.
Segundo a PRE, foram encontradas no casaco e na bagagem da idosa, 500
cartelas, totalizando 10 mil comprimidos, do medicamento Pramil, para disfunção
erétil, além de dez cartelas, ou 160 comprimidos, de Disobesi-M, para emagrecer e
para eliminar o sono e a fadiga. A senhora estava em um ônibus que realizava o
trecho Foz do Iguaçu – Belo Horizonte.
A idosa disse à polícia que a droga seria comercializada na cidade de Barra
Mansa (RJ) entre seus amigos, segundo a PRE.
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A mulher foi encaminhada à delegacia de Polícia Federal (PF) de Maringá por
infração ao Artigo 273 do Código Penal, que trata de falsificação de medicamentos e
prevê pena de 10 anos a 15 anos de prisão.
(Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1292072&tit=PRE-prende-idosa-
por-contrabando-de-medicamentos-do-Paraguai Acesso em: 09 ago. 2013. Com adaptações.)
TEXTO 2:
A velha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava
pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal
da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega
mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
– Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí
atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que
ela adquirira no odontólogo e respondeu:
– É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a
velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o
saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em
frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com
areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando
ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez.
Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O
fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha
e, todas às vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
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– Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo
essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é
contrabandista.
– Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta,
quando o fiscal propôs:
– Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não
apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o
contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
– O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
– Juro – respondeu o fiscal.
– É a lambreta.
(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTE3MzQ5/. Acesso em 06 ago. 2013.)
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Professor, esta atividade tem por objetivo mostrar ao aluno que o material, ou seja,
a temática das crônicas geralmente é abordar fatos cotidianos. Por isso, é importante
estabelecer a diferença entre notícia e crônica, para que o aluno seja capaz de
distinguir texto ficcional de não ficcional.
O quê? (o fato) Uma idosa foi presa pela Enredo: A velhinha atravessava a
PRE contrabandeando medicamentos. alfândega todos os dias com um saco de
areia na lambreta para não levantar
suspeitas de que estava
contrabandeando a lambreta.
Quando? (tempo) Dia 29/08/2012. Tempo: Um mês
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b) Qual é o foco narrativo (1ª pessoa ou 3ª pessoa) em que a história é apresentada?
Resposta: O texto foi narrado em 3ª pessoa.
Resposta comentada: Porque o fiscal garantiu a ela que não aprenderia o produto
contrabandeado, não a levaria presa e a deixaria passar.
Resposta comentada:
As demais expressões coloquiais que aparecem no texto são: “com um bruto saco”;
“Escuta aqui”; “Que diabo”; “maldito saco”; “uai”! “Manjo essa coisa (...) pra burro”;
“Ninguém me tira da cabeça”; “espaia”.
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Aula 2: A estrutura da narrativa
“Uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho foi visitar sua avó que morava
distante e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha
fazer-lhe uma visita, levando alguns doces. O caminho era longo e passava por uma
floresta. O Lobo-Mau, vendo a menina andar sozinha pela floresta, abordou-a no
caminho, fingindo ser amigo, pois sua intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à
casa da avó, Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois achou-a um tanto
diferente de como a conhecia. O Lobo-Mau já tinha comido a velhinha e vestido sua
roupa, meteu-se em sua cama e esperava para dar o bote final na menina. No
momento em que o lobo tentava devorar a menina, um caçador passava pelo local,
ouviu os gritos de Chapeuzinho Vermelho e foi salvá-la. O caçador matou o lobo,
retirou a vovó da barriga do bicho e todos viveram felizes para sempre!”
(Disponível em: http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_4053.html Acesso em 10 ago.
2013. Com adaptações.)
13
Repare que toda essa sequência de ações se estrutura em torno de um conflito,
que é responsável por desencadear toda a narrativa. Geralmente o motivo que gera os
fatos encontra-se, não por acaso, no início da complicação, uma vez que algum
personagem toma uma atitude que desestabiliza o momento inicial, no qual nenhum
evento realmente importante havia acontecido.
Agora, vamos esquematizar no quadro a seguir as partes que compõem a
história de “Chapeuzinho Vermelho”. Observe:
14
Atividade Comentada 2
15
companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto
barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de
entremear o último fio do ponto dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de
pluma, e foi entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que
teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo
os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não
ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
– Uma casa melhor é necessária – disse para a mulher. E parecia justo, agora que
eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os
batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. – Para que ter casa, se
podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que
fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e
escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol.
A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia,
enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e
seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta à
chave, advertiu: – Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de
luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era
tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que
o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom
estar sozinha de novo.
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Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com
novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre,
sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao
contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido.
Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os
criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa
pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e,
espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho
escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o
nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi
passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha
do horizonte.
(Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/1413748. Acesso em 10
ago. 2013.)
Vocabulário:
Pender: inclinar-se; estar pendurado
Lançadeira: peça de tear por onde passa o fio da tecelagem
Penumbra: sombra incompleta; meia-luz
Pente: peça onde se encaixam as balas de uma arma; peça onde passam os fios de um
tecido
Entremear: misturar; intercalar
Emplumado: enfeitado com plumas ou penas
Aprumado: alinhado
Batente: rebaixo onde janela e porta se encaixam ao fechar
Estrebaria: lugar onde se recolhem cavalos e arreios
Capricho: desejo, extravagância
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2) Em que espaço os fatos ocorrem?
Resposta comentada: Uma parte da história na casa da moça tecelã, uma pequena
parte na casa nova e a outra parte no palácio que ela havia tecido.
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Com o passar do tempo, ela se sente só e decide tecer um
marido. Foi feliz, por um tempo, até o marido descobrir o poder
de seu tear. E em nada mais pensou a não ser nas coisas que ele
poderia lhe dar. Primeiramente, pede-lhe uma casa melhor, e a
COMPLICAÇÃO
moça a faz. Não satisfeito, pede-lhe um castelo com vários
cômodos, escadarias, estrebarias e cavalos. A moça tecia e se
entristecia, não tendo mais tempo para chamar o sol ou a chuva.
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Aula 3: Discursos direto e indireto
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O Lobo-Mau já tinha comido a velhinha e vestido sua roupa, meteu-se em sua
cama e esperava para dar o bote final na menina. No momento em que o lobo tentava
devorar a menina, ela gritou:
─ Socorro, socorro, me ajudem, o lobo malvado quer me devorar! Estou aqui na
casa da vovó! Por favor, alguém me salve!
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O mecânico garantiu: O mecânico garantiu que consertaria a
- Eu consertarei a moto. moto.
Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo
- Duvido que a assembléia aprove a O sindicalista disse-lhe que duvidava que
proposta – disse-lhe o sindicalista. a assembléia aprovasse a proposta do
governo.
Futuro do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo
A garota disse: A garota disse que só sairia quando ele
- Só sairei quando ele chegar. chegasse.
Imperativo Imperfeito do Subjuntivo
- Passe-me o sal – pediu-me ela. Ela pediu-me que lhe passasse o sal.
PRONOMES
eu, nós, você(s), senhor(a)(s) ele(s), ela(s)
A garota afirmou: A garota afirmou que ela amava ler.
- Eu amo ler.
meu(s), minha(s), nosso(a)(s) seu(s), sua(s) dele(a)(s)
- Meus pais participarão da campanha – O menino disse que seus pais
disse o menino. participariam da campanha.
este(a)(s), isto, isso aquele(a)(s), aquilo
- Isso lhe pertence? – perguntou Ele(a) perguntou se aquilo lhe pertencia.
ADVÉRBIOS
ontem, hoje, amanhã no dia anterior, naquele dia, no dia
- Hoje não posso atendê-lo – disse o seguinte
dentista. O dentista disse que naquele dia não
podia atendê-lo.
aqui, cá, aí ali, lá
- Não entro mais aqui! – afirmou Ivo. Ivo afirmou que não entrava mais ali.
Disponível em www.ceciliakemel.com.br/sala_aluno/dd_di.doc Acesso em 08 ago. 2013.
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Atividade Comentada 3
O HOMEM TROCADO
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Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram
felizes.
- Por quê?
- Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que
não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples
apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.
- Não era para trocar de sexo?
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Resposta comentada: Os verbos dicendi que aparecem no texto são: “Ele pergunta se
foi tudo bem.”; “- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.” “E conta que os
enganos começaram...”; “...quando ouvira o médico dizer...”; “ - Apendicite? -
perguntou hesitante.”
5) Observe o fragmento: “Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com
outro. Não foram felizes.” Reescreva-o, passando para o discurso direto.
Resposta comentada: Professor, sugira ao aluno que consulte a tabela que consta no
início deste caderno sobre as principais mudanças linguísticas que ocorrem na
transposição do discurso direto para o indireto.
Discurso direto:
“- Conheci minha mulher por engano. Ela me confundiu com outro. Não fomos
felizes”.
6) Agora você deverá passar o trecho a seguir para o discurso indireto: “- Há anos que
a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar
mais de R$ 3 mil.”
Resposta comentada: Discurso indireto: “Há anos que a conta de telefone dele vinha
com cifras incríveis. No mês passado teve que pagar mais de R$ 3 mil.”
25
Aula 4: As figuras de linguagem nos textos
26
Para responder a essa pergunta, inicialmente precisamos verificar que as
palavras possuem mais de um significado dependendo do contexto em que são
utilizadas. Vamos ver dois exemplos:
27
Conceito: é a figura de linguagem que consiste no
Metáfora emprego de uma palavra com sentido que não lhe é
comum ou próprio, sendo esse novo sentido resultante
de uma relação de semelhança, de intersecção entre
dois termos. Exemplo:
Exemplo: O pavão é um arco-íris de plumas.
Toda profissão tem seus espinhos.
Conceito: é a figura de linguagem que consiste em
Comparação aproximar dois seres em razão de alguma semelhança
existente entre eles, de modo que as características de
um sejam atribuídas ao outro, e sempre por meio de
um elemento comparativo expresso (explícito): como,
tal qual, semelhante a, que nem, etc.
Exemplo: O pavão é como um arco-íris de plumas.
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Apesar de seu uso constante na linguagem poética, as figuras de linguagem,
sobretudo a metáfora, não são exclusivas da linguagem literária. A metáfora pode
estar presente nas conversas do dia a dia, em anúncios publicitários, na linguagem dos
quadrinhos, nas letras de música, reportagem, notícias, textos científicos, didáticos,
etc. Elas representam uma forma que os seres humanos criaram a fim de organizar e
expressar seu mundo; fazem parte da nossa vida diária na linguagem e no
pensamento.
Atividade Comentada 4
1) Identifique a frase que está em sentido próprio, comum, e a que está em sentido
figurado. Para isso, escreva (P) para PRÓPRIO e (F) para FIGURADO.
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Agora, leia o conto a seguir para responder à questão proposta.
E vem o sol
João Anzanello Carrascoza
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Disse apenas: Quer brincar? Queria. O sol renasceu nele. Há tanto tempo precisava
desse novo amigo.
31
Aula 5: Pontuação e da paragrafação
32
Já em c, embora as orações possuam independência sintática, entre “Os índios
ouvem” e “contam histórias” foi usada a conjunção “e” para estabelecer a ligação
entre as orações. Essas são as chamadas orações coordenadas sindéticas, com síndeto
(com conjunção).
As orações coordenadas não exercem funções sintáticas umas sobre as outras,
mas exercem dependência semântica, ou seja, de sentido, entre si. Quando o
encadeamento de orações é feito por intermédio de conectivos ou conjunções e
dependendo do valor semântico que introduzem, temos as orações coordenadas
sindéticas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. Exemplo:
d. Alguns povos africanos passam suas histórias novas às gerações, pois não
possuem escrita.
Repare que temos duas orações independentes: “Alguns povos africanos passam
suas histórias novas às gerações” e “pois não possuem escrita”. Entretanto, a
conjunção “pois” une as duas orações estabelecendo entre elas uma relação semântica
de explicação, justificando o motivo pelo qual alguns povos africanos transmitem suas
histórias às novas gerações: não possuem escrita (explicação, justificativa)
Como mostra o quadro a seguir, as orações coordenadas sindéticas se dividem
em cinco tipos, dependendo do valor semântico das conjunções que as introduzem.
Relacionam orações de modo que a segunda
estabeleça uma ideia de acréscimo em relação à
primeira.
33
Conjunções: logo, pois, portanto, então.
Locuções conjuntivas: por isso, por conseguinte,
por consequência.
Além das conjunções, que são responsáveis pela coesão e coerência nos textos,
os sinais de pontuação são outro recurso da linguagem escrita que desempenham
funções importantes nos enunciados, pois carregam consigo valores semânticos
importantes, dependendo do contexto em que são utilizados. Já os parágrafos
constituem unidades temáticas importantes e que, quando bem articulados,
contribuem para a progressão temática do texto.
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Atividade Comentada 5
O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia antigamente
no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.
Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos
riachos e caçavam sempre juntos.
Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades
para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo com que aos
animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.
Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte
calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.
– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de
fogo - disse o lobo.
– Fogo?- perguntou o cachorro.
– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados - respondeu o chacal com
água na boca.
– E quem vai buscar o fogo?- tornou a perguntar o cachorro.
– Você!- responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para o
cão.
De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro
jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a
cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa
boa.
O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus pontudos
que protegia a aldeia dos ataques dos leões. A notícia, e das cabanas saía um cheiro
gostoso. O cachorro entrou numa delas e viu uma mulher dando de comer se distrair
para ele pegar um tição.
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Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a mulher,
sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as passava para
uma tigela de barro.
Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do
mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto comia, a
criança se aproximou e acariciou o seu pêlo. Então, o cão disse para si mesmo:
– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me dando
ordens. Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou
morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.
E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso
que o lobo e chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo primo fujão.
a) “Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim (1), matavam a sede nos
riachos (2) e caçavam sempre juntos (3).”
Resposta: (1) independente (2) independente (3) independente
c) “Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte
calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.” (5)
Resposta: (5) dependente
d) “E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso
que o lobo e chacal ficam uivando na floresta (6), chamando pelo primo fujão.”
Resposta: (6) dependente
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e) “De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo,(7) não teve outro
jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos.(8)
Resposta: (7) dependente (8) independente
a) Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades
para encontrar o que comer.
Resposta comentada: A conjunção “mas” estabelece relação semântica de oposição,
adversidade.
b) Dali, a mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e
as passava para uma tigela de barro.
Resposta comentada: A conjunção “e” estabelece relação semântica de adição,
soma.
“De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro
jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a
cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa
boa.”
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c) Reescreva o trecho em destaque, criando uma justificativa diferente da do texto.
Resposta comentada: Professor, esta é apenas uma das muitas sugestões de
respostas possíveis:
De acordo com a tradição africana, o cão, que dos três, era o animal com o menor
porte físico, não teve outro jeito, porque não podia competir com o chacal e o lobo.
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Aula 6: Gêneros importantes
A Crônica
A palavra “crônica” vem do grego “khrónos” e significa “tempo”. É um gênero
textual que existe desde a Antiguidade e vem sofrendo transformações ao longo do
tempo. Os primeiros cronistas relatavam, principalmente, acontecimentos históricos
relacionados a pessoas de linhagem nobre, como reis, rainhas, imperadores, etc.
Inicialmente, a crônica tinha por finalidade narrar histórias maravilhosas e
lendárias, conhecidas como cronicões medievais. Entretanto, foi ao longo da tradição
humanista portuguesa que o cronista passou a ser reconhecido como um escritor
profissional. Nesse período, foi merecedor de destaque Fernão Lopes, cronista-mor da
Torre do Tombo, que tinha como incumbência registrar a história dos reis de Portugal.
Nesse sentido, a crônica poderia ser considerada como uma forma preliminar da
historiografia moderna.
Também de autoria de um português é o texto considerado como a primeira
crônica redigida no Brasil. A Carta de Pero Vaz de Caminha, endereçada a D. Manuel,
não simplesmente contém o registro da “descoberta” de nossas terras: figura como a
primeira crônica nacional. A carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel assinala o
momento em que, pela primeira vez, a paisagem brasileira desperta o entusiasmo de
um cronista, oferecendo-lhe matéria para o texto que seria considerado a nossa
certidão de nascimento.
Ainda que o texto tivesse uma finalidade específica – dar ao rei de Portugal
“boas novas” da terra encontrada – e que tenha recebido o nome de Carta a El Rey
Dom Manuel, não se pode negar que é uma recriação artística e engenhosa da
realidade e, por essa razão, salientou Jorge de Sá que a Carta de Caminha é “criação de
um cronista no melhor sentido literário do termo”.
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Teria nascido aí uma das grandes vocações da crônica no Brasil, ou seja,
“registrar o circunstancial”. Muito já se discutiu a respeito daquela que é considerada a
Certidão de Nascimento do país, mas aqui ela apenas foi citada para demonstrar que
um dos seus principais traços característicos remonta à literatura informativa. A
crônica seria, então, uma recriação da realidade em pequenas doses. Pequenas
porque, de fato, a curta extensão é uma de suas marcas, mas não é uma caracterização
suficiente para torná-la singular.
No Brasil, a crônica contemporânea é um gênero que se consolidou em torno
do século XIX, com o desenvolvimento da imprensa. A partir dessa época, muitos
escritores passaram a registrar a vida social, a política, os costumes e fatos do
cotidiano publicando seus escritos em jornais. Ou seja, de um modo geral, importantes
escritores começam a usar as crônicas para registrar, de modo ora mais literário, ora
mais jornalístico, os acontecimentos cotidianos de sua época.
Grandes nomes de nossa literatura escreveram crônicas em jornais: José de
Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Raul
Pompéia. Machado de Assis, por exemplo, trabalhava no jornal ao mesmo tempo em
que cuidava de sua produção literária. Ao entrelaçar notícia e ficção, encontrou formas
para a produção de crônicas, escritas com uma linguagem em tom coloquial, como se
o autor estivesse em conversa íntima com o leitor, como ocorre em seus romances.
Pode-se, além disso, trazer à luz o tom de crítica que muitos desses autores
imprimem em seus textos também. Além de entreter o leitor com histórias leves, bem
humoradas, a crítica social é também uma constante nesses textos.
O Conto
Os contos são narrativas cuja origem é de difícil precisão. Fato é que contar
histórias constitui-se em hábito comum às civilizações, mesmo em culturas ágrafas
(sem escrita), nas quais essas histórias sobreviveram através dos tempos por conta da
transmissão oral.
Esse tipo de narrativa foi fortemente influenciada pelos europeus, que nos
trouxeram contos representativos de sua multifacetada cultura, talvez com maior
força que outros povos, por ser uma “cultura dominante”. Para isso, muito contribuiu
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o fato de grande parte de suas narrativas terem sido publicadas em livros, não
dependendo da oralidade para a sua sobrevivência.
Ressalta-se, também, que, além dos contos publicados em livros, muitos contos
de tradição oral, popularizados, através de fábulas, “causos” e até mesmo cantigas de
rodas, têm origem europeia. Essa herança popular enriquece o cenário literário
brasileiro e tem grande importância na formação cultural do nosso país.
Os contos ditos populares, especificamente, obedecem a uma moral e,
didaticamente, levantam discussões sobre conflitos humanos. Pelo convite à reflexão
sobre a vida concreta, o trabalho com esse gênero revela-se estimulante, pois o conto
ultrapassa a narrativa de aspectos mágicos, fantásticos ou de encantamento.
Os contos da tradição oral, em diferentes sociedades, assumiram diversas
formas. No Brasil, apresentam aspectos bastante diversificados – tendo sido
classificados como contos de exemplo, de animais, de encantamento, cômicos,
religiosos, adivinhação, acumulativos, etiológicos, demônio logrado e ciclo da morte.
Esses contos foram fundamentais para a difusão e popularização das culturas indígena
e africana no nosso país. No entanto, é necessário esclarecer que, nesses povos, o
conto tem papel fundamental na transmissão dos ensinamentos, pois ultrapassam o
lúdico e ampliam o conhecimento através do seu caráter didático.
Em relação ao conto oral, é preciso lembrar que as narrativas indígenas e as
africanas sustentaram-se por séculos, na oralidade, por meio da transmissão de
histórias verdadeiras de antepassados, narrativas de guerras, fatos antigos ou, até
mesmo, ficcionais. A tradição da transmissão oral foi mantida de geração em geração,
e muitas foram recuperadas e/ou reescritas, o que permitiu que os contos indígenas e
africanos conseguissem chegar aos dias atuais.
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Atividade Comentada 6
Agora você vai ler um conto de tradição indígena. Em seguida, faça o que se
pede.
Como nasceram as estrelas do céu
Algumas índias foram colher milho para fazer pão para seus maridos. Um
indiozinho seguiu a mãe e, ao vê-las fazendo pão, roubou um monte de milho.
Chamou seus amigos e foram pedir para a avó fazer pão para eles também.
Mas as mães sentiram a falta do milho e começaram a procurar. Os meninos,
depois que comeram o pão, resolveram fugir. Para que a avó não contasse o que
tinham feito, cortaram-lhe a língua. Então, fugiram para o mato. Chamaram o colibri e
pediram para que amarrasse lá no céu o maior cipó que encontrasse.
Assim feito, começaram a subir.
As mães voltaram para a tribo para procurar o milho. Então, perceberam que as
crianças não estavam lá.
Desesperadas, perguntaram para a avó o que tinha acontecido. Mas essa não
podia responder.
Então, uma das mães olhou para o céu e viu os meninos subindo pelo cipó.
As mães correram e imploraram para que voltassem, mas os meninos não
obedeceram.
Então, elas decidiram subir no cipó também.
Mas os indiozinhos cortaram-no e as mães caíram. Ao chocarem-se contra o
chão, transformaram-se em animais selvagens.
Os meninos malvados foram punidos por sua crueldade.
Como castigo, tiveram que olhar fixamente todas as noites para a terra, para ver o
que aconteceu com suas mães. Seus olhos, sempre abertos, são as estrelas.
Disponível em: http://www.velhobruxo.tns.ufsc.br/Lenda022.html Acesso em 11 ago. 2013.
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1) Agora, preencha o quadro abaixo apontando os elementos da narrativa que
aparecem no conto.
Resposta comentada: Professor, nessa questão, o aluno deve atentar para o fato de
que, em sociedades ágrafas, isto é, sem escrita, a transmissão cultural se dá por meio
da oralidade.
Como os povos indígenas não possuíam uma ciência desenvolvida como a
nossa, eles explicavam os fenômenos físicos de outra maneira, sobretudo por meio
do sobrenatural. A ausência da escrita, no entanto, não impossibilitou que os povos
sem escrita deixassem de analisar aspectos do seu cotidiano ou deixassem de criar
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“teorias” sobre eles. Nesse sentido, o que diferencia as sociedades ágrafas das
sociedades grafocêntricas – que possuem escrita – é a maneira de transmitir as
informações. Dessa forma, ressalta-se a importância capital que a tradição oral tinha
para esses povos, já que era a única forma que possuíam para transmitir e garantir a
continuidade de sua cultura.
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Avaliação
Caro(a) aluno(a),
Agora que você estudou as seis aulas deste bimestre, está preparado para testar
os conhecimentos adquiridos ao longo destas quatro semanas! A seguir, você deverá
responder às questões propostas. Elas foram formuladas, de acordo com as
habilidades trabalhadas neste caderno. Bom trabalho e boa prova!
Nesta atividade, propomos que você leia uma divertida crônica de Luis Fernando
Veríssimo.
João e Maria
Esta é uma daquelas histórias que as pessoas juram que aconteceram, não faz
muito sentido, com um amigo delas. Há anos você ouve a mesma história, sempre com
a garantia de que aconteceu mesmo. Há pouco, com um amigo. Nesta versão o amigo
se chama João e a mulher se chama Maria, para simplificar.
O João começou a desconfiar das constantes conversas da Maria com José,
amigo do casal. Volta e meia o João pegava a Maria e o Zé cochichando, e quando se
aproximava deles, eles paravam.
- O que vocês dois tanto conversam?
- Nada.
Ou a Maria estava falando ao telefone e, quando o João chegava, dizia - "Não
posso agora" e desligava.
- Quem era?
- Ninguém.
Não foi uma nem duas vezes. Durante semanas, o ninguém ligou muito. E um
dia a Maria anunciou que precisava viajar. Sua vó Nica. No interior. Muito mal. Nas
últimas. Precisava vê-la. Iria na sexta de manhã e voltaria no domingo.
- Logo na sexta, Maria?
- Por quê? Que que tem na sexta?
- Nada.
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João telefonou para a sogra e perguntou como ia a vó Nica.
- A mamãe? Deve estar bem. Foi com o grupo dela fazer compras no Paraguai.
Maria só levou uma pequena sacola na viagem. Claro, pensou João. Só o que
iria precisar, no hotel em que se encontraria com o Zé para um fim de semana de
amor. No fim da tarde, só para confirmar, João telefonou do seu escritório para o
escritório do Zé. Não, o seu José não estava. Tinha saído cedo e avisado que não
voltaria. Muito bem, pensou João. Muito bem. Era assim que ela queria? Pois muito
bem. Ele se vingaria. Levaria uma mulher para casa. Sim, para casa. Uma mulher, não.
Duas. Fariam um “maneger a troi”, ou como quer que se chame aquilo - na cama do
casal!
Na boate, já bêbado, João perguntou para as duas mulheres, Vanessa e Gisele:
- Sabem que dia é hoje?
- Fala, filhote - disse Vanessa.
- O meu aniversário. E sabe que presente a minha mulher me deu?
- O quê? (Gisele)
- Cornos! E com o Zé. Com o Zé!
- Sempre tem um Zé - filosofou a Vanessa.
João desconfiara que uma das duas mulheres era um travesti, mas ao chegarem
a casa, ele não se lembrava mais qual. Decretou que os três tirariam a roupa antes de
entrar na casa. As mulheres toparam. Quando João conseguiu acertar o buraco da
fechadura e abrir a porta, a Gisele tinha pulado nas suas costas e se pendurado no seu
pescoço, e a Vanessa tentava pegar o seu p., e era assim que eles estavam quando as
luzes da casa se acenderam e todos que estavam lá para a festa de aniversário que a
Maria e o José tinham passado semanas planejando gritaram:
- “S-U-R-P-R-E-S-A!!!”.
Disponível em: http://macroscopio.blogspot.com.br/2007/05/um-conto-de-lus-fernando-verssimo-joo-
e.html Acesso em 06 ago. 2013.
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b) Em que espaço os fatos ocorrem?
Resposta: Na casa de Maria e João e uma pequena parte na boate.
3) Qual é o conflito gerador do enredo, ou seja, que fato gera toda a história?
Resposta: As constantes conversas de Maria e José ao telefone.
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- A mamãe? Deve estar bem. Foi com o grupo dela fazer compras no Paraguai.”
Reescreva-o, passando para o discurso indireto.
Resposta comentada: “João telefonou para a sogra e perguntou como ia a vó Nica. A
sogra respondeu que a mãe devia estar bem, pois tinha ido com o grupo dela fazer
compras no Paraguai.”
5) Observe o trecho: “João desconfiara que uma das duas mulheres era um travesti,
mas ao chegarem a casa, ele não se lembrava mais qual.”
a) Que ideia é introduzida pela conjunção “mas”?
Resposta: Ideia de oposição, adversidade.
“João desconfiara que uma das duas mulheres era um travesti, porém, todavia,
contudo, no entanto ao chegarem a casa, ele não se lembrava mais qual.”
6) Você deve ter percebido que a crônica “João e Maria” não apresenta um desfecho.
Sua tarefa agora será redigir um parágrafo de desfecho para o texto, de modo a
solucionar o conflito. Imagine qual seria a reação de Maria, de José dos convidados e
do próprio João diante daquela cena bizarra. Como você imagina que, de fato, seria o
final dessa história?
Professor, oriente os alunos para que eles não produzam um parágrafo muito
extenso, já que se trata do final da história. Outro detalhe importante é que o
desfecho deve ser coerente com o restante da narrativa. Portanto, avalie os critérios:
extensão do parágrafo e sua coerência em relação à crônica.
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Pesquisa
Esta história é do tempo em que o porco morava com o dentuço do seu tio, o
javali, lá no meio da mata africana.
Os dois passavam as manhãs, alegres e despreocupados, fuçando o chão em
busca de frutas e raízes. À tardinha, depois de ficarem horas e horas se banhando e
chafurdando nas águas dos inumeráveis rios que cortam a profundeza da selva,
regressavam à casa, situada no oco de uma árvore muito velha, para tirarem uma
longa soneca.
O javali adorava a vida ao ar livre. Graças aos seus pontiagudos e afiados dentes,
não era incomodado, nem mesmo pelo poderoso rei da selva: o leão, que o tratava
com todo respeito.
Mas o porco, muito preguiçoso, vivia reclamando de tudo. Um dia, ele chegou
perto do tio e anunciou:
- Eu quero morar na aldeia dos homens.
- O quê?- respondeu o surpreso javali. – As pessoas que moram naquelas
estranhas cabanas cobertas de palha não gostam de bichos. Vão te prender. – avisou.
- Estou cansado de comer só frutas e raízes todos os dias - protestou o porco.
- Não faça isso, sobrinho pediu o javali. – Aqui nós vivemos em liberdade e junto
à natureza - aconselhou o mais velho.
O porco, que vivia sonhando saborear as guloseimas dos caldeirões fumegantes
das mulheres, não deu ouvidos às advertências do tio e partiu no dia seguinte.
A viagem até a aldeia dos homens foi longa, penosa e cheia de perigos. Mas o
guloso, farejando a comida no ar, acabou chegando a um grande povoado.
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As crianças do vilarejo, assim que avistaram o animal, foram correndo chamar os
adultos. Os homens, armados de paus e porretes, pegaram o pobre do porco e o
colocaram dentro de um cercado.
Desde esse dia ele vive preso no chiqueiro comendo restos de comida e,
lamentando a sua sorte, choraminga dia e noite:
- Bem que meu tio disse para eu não vir para a aldeia dos homens.
Disponível em: http://docenciaonlinesaberespedagogicos.blogspot.com.br/2012/10/alguns-
contos-africanos.html Acesso em 11 ago. 2013.
Após a leitura do conto, você deverá imaginar outra versão que explique o fato
de os porcos atualmente viveram no chiqueiro.
Lembre-se, você escreverá um conto. Portanto, sua narrativa deve conter
personagens, tempo, espaço, narrador e ter apresentação, complicação, clímax e
desfecho. Você poderá utilizar discurso direto e indireto ou indireto apenas, se quiser.
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Orientações para correção
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Referências
[2] ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. 5 ed. São
Paulo: Contexto, 2004.
[3] INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione,
1997.
[4] KOCH, Ingedore. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto,
2006.
[7] SOUZA, L. et al. A metáfora na escola: uma conversa com o professor. Monografia
de Especialização. Curso de Especialização em Ensino de Língua Portuguesa.
Universidade Federal de Juiz de fora, 2005.
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Equipe de Elaboração
COORDENADORES DO PROJETO
PROFESSORES ELABORADORES
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