Você está na página 1de 62

PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

APRESENTAÇÃO

Nessa disciplina faremos uma abordagem sobre a contextualização histórica


dos conceitos de proteção ambiental e da tutela legal sobre o meio ambiente ao
longo dos últimos anos. Ainda, será apresentada uma reflexão sobre os conceitos
básicos de meio ambiente, proteção ambiental e uma abordagem introdutória sobre
as ferramentas e metodologias de gerenciamento ambiental aplicáveis na
atualidade. Esta visão nos dará condições de compreender as finalidades e
aplicações práticas da Gestão Ambiental, os mecanismos de desenvolvimento limpo
mais indicados para cada situação em que esta for empregada, bem como, nos
facilitará o entendimento quanto às questões que envolvem a sustentabilidade e o
desenvolvimento responsável das sociedades atuais.
Faremos uma análise sobre o desenvolvimento de tecnologias para a
redução de custos ambientais, poluição e impactos ambientais, gerenciamento dos
resíduos com vistas à redução e reuso destes materiais, discutiremos o uso
responsável dos recursos naturais renováveis e não renováveis e por fim,
compreenderemos a importância da educação ambiental na formação da
consciência crítica para o enfrentamento das questões ambientais e sociais que se
apresentam nos dias atuais.
A sustentabilidade e os mecanismos de desenvolvimento limpo são temas
intrínsecos da Gestão Ambiental, fundamentados em princípios e critérios que
buscam encontrar equilíbrio entre a necessidade de aumento na produção e
produtividade dos bens e serviços demandados pela sociedade em contrapartida à
redução da poluição ambiental e otimização no uso dos recursos naturais. Justifica-
se a preocupação com o desenvolvimento atual, a fim de garantir a disponibilidade
destes recursos naturais, indispensáveis à sobrevivência humana, também para as
futuras gerações.
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 4

2. CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE .................................................................... 9

2.1 ECOSSISTEMA ..................................................................................................................... 10


2.2 CICLO HIDROLÓGICO.......................................................................................................... 11
2.3 BIOMA ................................................................................................................................... 12
2.4 BIOSFERA............................................................................................................................. 12
2.5 CICLO BIOLÓGICO ............................................................................................................... 12
2.6 FAUNA E FLORA .................................................................................................................. 13
2.7 POLUIÇÃO AMBIENTAL ....................................................................................................... 14
2.8 RECURSOS NATURAIS........................................................................................................ 15
2.9 RESÍDUOS ............................................................................................................................ 15
2.10 RESILIÊNCIA ECOLÓGICA ........................................................................................... 16
3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................................ 18

3.1 SUSTENTABILIDADE ............................................................................................................ 18


3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................. 19
3.3 PLANO E PLANEJAMENTO BUSCANDO A SUSTENTABILIDADE....................................... 20
3.4 CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO ................................ 21
4. GESTÃO AMBIENTAL ...................................................................................... 22

5. GRANDES QUESTÕES AMBIENTAIS ............................................................. 25

5.1 POLUIÇÃO AMBIENTAL E IMPACTO AMBIENTAL ............................................................... 25


5.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, POLUIÇÃO DO AR .................................................................. 25
5.3 POLUIÇÃO HÍDRICA, POLUIÇÃO DAS ÁGUAS .................................................................... 28
5.4 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................. 29
5.4.1 PADRÕES DE LANÇAMENTO E DE QUALIDADE DO CORPO RECEPTOR..................... 29
5.5 RESÍDUOS SÓLIDOS E CONTAMINAÇÃO DO SOLO .......................................................... 31
5.5.1 RESÍDUOS SÓLIDOS CLASSIFICAÇÃO ............................................................................ 35
5.6 ACIDENTES AMBIENTAIS ..................................................................................................... 36
6. RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS ....................... 40

7. CONSERVAÇÃO DA NATUREZA .................................................................... 42


PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

7.1 A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA DO PONTO DE VISTA DE SISTEMAS DE GESTÃO


AMBIENTAL .......................................................................................................................... 43
7.2 A AÇÃO DO CICLO ECONÔMICO SOBRE A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA .................. 45
8. MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO ............................................ 47

8.1 GASES DE EFEITO ESTUFA E CAPTURA DE CARBONO ................................................... 48


8.2 PROJETOS DE MDL .............................................................................................................. 49
8.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ......................................................................................... 49
8.3.1 VIABILIDADE ECONOMICA ................................................................................................ 49
8.3.2 VIABILIDADE INSTITUCIONAL ........................................................................................... 50
8.3.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................................................................... 50
8.3.4 COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO RESPONSÁVEL ..................................... 51
9. EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................ 52

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 56


PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

1. INTRODUÇÃO

Para contextualizarmos as práticas de gestão das questões ambientais, quais


sejam os fundamentos da sustentabilidade e dos mecanismos de desenvolvimento
limpo, na atualidade, iniciaremos com uma breve reflexão acerca da evolução histórica
do entendimento dos conceitos de proteção ambiental que foram sendo assimilados pelo
ser humano ao longo do tempo.
Embora seja consenso de que o ser humano sempre teve o conhecimento
instintivo de que o meio ambiente natural é essencialmente necessário para sua
sobrevivência, em uma análise do contexto histórico da matéria ambiental, concluí-se
que, apenas recentemente, a proteção ao meio ambiente tornou-se uma preocupação
real para as sociedades. E que neste caminho de conscientização diversas fases foram
sendo superadas de acordo com os adventos dos conhecimentos, científico e
tecnológico, gerados e da evolução da tutela legal dos recursos naturais nas
sociedades.
Anteriormente ao século XX havia uma verdadeira falta de consciência quanto
ao dever de proteção e respeito à natureza. O desconhecimento quanto aos fenômenos
naturais e o impacto do homem no meio em que vivia acarretavam em uma falsa certeza
de inesgotabilidade daqueles recursos naturais até então abundantes (Jaques, 2014). A
partir do advento da Revolução Industrial e da introdução do Capitalismo, o qual tinha
como premissa básica a produção em massa e uso indiscriminado dos recursos
naturais, começaram a surgir sinais de que a exploração desmedida poderia trazer
algum tipo de desequilíbrio ao meio ambiente, o que poderia no futuro vir a afetar a
sociedade. Entretanto, naquela época, não havia uma consciência formada de que os
desequilíbrios ambientais estariam sendo causados pelo homem, acreditava-se que o
meio ambiente possuía a capacidade de regeneração total. De acordo com o exposto
por Soares (2003) na etapa evolutiva que a humanidade se encontrava, nenhum grande
pensador teria ousado antepor aos ideais do progresso do homem a necessidade de
conservação da natureza, pelos mesmos motivos, ninguém teria interesse em
condicionar o desenvolvimento industrial e comercial das nações a valores relacionados
ao equilíbrio ambiental.

4
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Embora já houvesse normas legais pontuais e dispersas na área ambiental,


muitas questões apresentavam-se pela falta de soluções técnicas para os problemas
ambientais gerados. Tomando como exemplo a questão dos resíduos gerados cada vez
em maiores quantidades, em função do aumento da produção e severamente agravada
com a industrialização e pela cultura do descarte praticada na sociedade, a falta de
conhecimento técnico e conscientização social acerca dos descartados e a falta de
legislação sobre o tema, contribuiu para a disposição final inadequada de inúmeras
toneladas de resíduos, sólidos, líquidos e gasosos, impactando os recursos ambientais
como o solo, a água, o ar. Contaminações diversas decorreram de uma visão
equivocada a qual considerava que, não importaria a magnitude do impacto, o ambiente
seria capaz de absorvê-lo e voltar às suas condições originais indefinidamente.

Conteúdo Complementar: Vamos analisar um caso de contaminação da água, com


efeitos adversos muito extensos, que foi considerado um dos maiores desastres
ambientais associados à poluição hídrica já ocorrido no planeta, e indicado pelos
especialistas como um caso que teve influência definitiva sobre a comunidade científica
e a opinião pública, dando início às mudanças na tutela legal dos bens ambientais: “A
Doença de Minamata”. Acesse:
(1) Kawanami, S. “A Misteriosa Doença de Minamata”. 2014. Disponível em:
https://www.japaoemfoco.com/a-misteriosa-doenca-de-minamata/;
(2) “Compromisso do Japão na Convenção de Minamata sobre Mercúrio - Lições da
doença de Minamata”.
Disponível em: https://www.env.go.jp/chemi/tmms/suigin_pamphlet_PT.pdf

(3) O site do Ministério da Saúde em http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-


saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/mercurio
(4) O Decreto nº 9.470, de 14 de agosto de 2018. Promulga a Convenção de Minamata
sobre Mercúrio, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

2018/2018/decreto/D9470.htm
Analisando o que aconteceu em Minamata: Como a contaminação dos Recursos
Hídricos por mercúrio pode ser evitada? O que mudou no cenário mundial em função do
desastre? Qual é o risco dessa contaminação ocorrer novamente nos dias de hoje? A
indústria que se instalou na cidade de Minamata em 1908 despejava os resíduos do
5
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

processo industrial que continham mercúrio na baía. Atualmente, uma indústria que
utiliza mercúrio em seu processo produtivo e gera resíduo contaminado com esse metal
pode descartá-lo no ambiente sem tratamento? Qual a importância da existência de
normativas legais que tutelam o meio ambiente nesse contexto?
Observa-se que em função da contaminação da água ocorrida em Minamata e
seus desdobramentos sobre a saúde da população, houve uma mudança em todo o
mundo quanto ao comportamento de todos os atores envolvidos. Em decorrência do
acidente foi criado um extenso aparato legal, nacional e internacional, a fim de prevenir
novas ocorrências. Podemos concluir que grande foi a evolução na tutela legal sobre os
bens ambientais desde o acidente de Minamata até os dias atuais.

A partir da década de 70, aparecem algumas ferramentas da gestão ambiental


no contexto social, principalmente em decorrência da pressão exercida pela legislação
ambiental que começava a aparecer para regular a tutela sobre os bens ambientais.
Como dito anteriormente, nesta época, uma série de acidentes ambientais e suas
graves consequências trouxeram preocupações quanto aos riscos aos quais a
sociedade estaria exposta, frente à má gestão do meio ambiente, dos processos
produtivos e a geração de poluentes ambientais. Começam a surgir então os primeiros
órgãos de controle ambiental em todo o mundo, regras e leis com foco no controle da
poluição, faziam com que as organizações produtivas passassem a se preocupar com a
conformidade legal das suas atividades conjuntamente à busca por incrementos da
produção. Por todo o mundo leis e regulamentos mais exigentes na tutela do meio
ambiente foram criados nesta época, o que fez surgir, nos anos 80, uma fase
denominada como “Planejamento Ambiental”, onde se acreditava que com um
planejamento adequado os impactos ambientais poderiam ser evitados. O melhor
entendimento deste termo pode ser dado pela inclusão da variável ambiental no
planejamento da organização, pois desta maneira, busca-se a mínima alteração possível
nas atividades desenvolvidas ao mesmo tempo em que se inserem as variáveis relativas
à manutenção e preservação da qualidade ambiental no sistema produtivo de uma
organização.
Na década seguinte, anos 90, as sociedades evoluíram seu conceito de
proteção ambiental para o “Gerenciamento Ambiental”, decorrente da globalização da
economia e disseminação global das informações, surgem as ferramentas de gestão
6
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

como as Séries de Normas ISO, análises de ciclos de vida, auditorias ambientais, entre
outras, onde a questão ambiental passa a ser componente da gestão empresarial.
Ainda na década de 90, durante a Rio 92, a Organização das Nações Unidas
(ONU) estabeleceu a “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima”
(CQNUMC ou, em inglês, UNFCCC, de United Nations Framework Convention On
Climate Change), com o objetivo de definir metas para a redução de emissões de gases
do efeito estufa. Em 1997, os governos de diversos países, em resposta à proposta
brasileira para constituição de um “Fundo de Desenvolvimento Limpo”, adotaram o
Protocolo de Quioto, o qual foi considerado o acordo sobre meio ambiente e
desenvolvimento sustentável de maior projeção já adotado no planeta (Felipetto, 2007).
A partir deste momento a sociedade passou a se preocupar com a adoção de
mecanismos de desenvolvimento limpo durante os ciclos de produção das cadeias
produtivas, através das ferramentas da gestão ambiental.

Conteúdo Complementar: faça a leitura dos artigos:


(5) “Poluição atmosférica e saúde humana, 2001”, disponível em:
www.revistas.usp.br/revusp/article/download/35099/37838/ e
(6) “Histórico ambiental: desastres ambientais e o despertar de um novo pensamento,
2017”, disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142017000100271 e
analise os seguintes acidentes ambientais ocorridos:
- poluição atmosférica: 1930, Vale de Meuse, Bélgica – 60 mortes e cerca de 6000
pessoas doentes;
- poluição atmosférica: 1948, cidade de Donora, Pensilvânia – 20 mortes
- poluição atmosférica: 1952, Londres – 4 mil mortes
- poluição hídrica: 1956 - Baía de Minamata no Japão - 3.000 pessoas afetadas e 1.800
mortes.
Analise suas causas, extensões e prováveis influências sobre a comunidade científica e
principalmente sobre a opinião pública. Avalie as mudanças na percepção social sobre a
necessidade da proteção do meio ambiente e intervenções urgentes na prevenção da
poluição ambiental.

Podemos resumir de forma simples a transformação da consciência ambiental


7
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

enquanto conceito social em quatro estágios: conscientização – a sociedade percebe a


necessidade de voltar seu olhar para a proteção do meio ambiente; controle da poluição
– as organizações mantém foco no cumprimento das exigências legais e normativas;
planejamento ambiental – passa a haver um controle das variáveis ambientais nos
sistemas de produção; e gerenciamento ambiental – a implementação da gestão
ambiental ocorre com ênfase na prevenção da poluição e proteção ao meio ambiente.
Estes estágios acontecem de maneira interligada e sucessiva, representando a evolução
de uma postura reativa para uma fase adaptativa, culminando com a adoção de uma
atitude pró-ativa em relação ao meio ambiente (Rovere et al. 2001).

8
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

2. CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE

Para entendermos as ferramentas e os processos da sustentabilidade e do


desenvolvimento limpo aplicáveis à Gestão Ambiental, inicialmente, vamos entender o
que seria meio ambiente e qualidade ambiental e alguns conceitos relativos a este
sistema gerencial.
Segundo a Resolução CONAMA 306 de 2002, alterada pela Resolução 381 de
2006, “Meio Ambiente” é um conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege
a vida em todas as suas formas. E define Impacto Ambiental como “qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades
sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a
qualidade dos recursos ambientais”. Ou seja, qualquer mudança que afete o meio
ambiente ou a população pode ser considerada um impacto ambiental, gerando,
portanto, os conflitos entre o desenvolvimento e a preservação do meio.
Verificamos que o art. 3º da Lei 6.938/81, traz um conceito de meio ambiente
muito similar: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Em
uma definição mais técnica, o meio ambiente seria um conjunto de elementos, dentre
estes o ar, a água, o solo e subsolo, a fauna e a flora, funcionando como um sistema
que abriga e dá condições da existência da vida no planeta, ou ainda, o conjunto de
condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres
humanos.

Conteúdo Complementar: Um dos mais importantes dispositivos legais que tutelam o


meio ambiente em nosso país é a Constituição Federal de 1988. Jaques (2014) afirma
que “a Constituição Federal de 1988, apresentou relevante avanço na esfera do Direito
Ambiental, com a previsão de amplos direitos e instrumentos voltados para a tutela do
meio ambiente. Nossa Carta Magna é enfática ao preconizar o direito fundamental ao
meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, bem como em atribuir
competência a todos os entes da federação para a proteção do meio ambiente e
9
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

combate à poluição. Mostra-se, ainda hoje, como texto constitucional de referência


internacional.”
Vejamos o que determinam dois dos principais artigos que versam acerca desta
temática na CF/88. Acesse a nossa Carta Magna (7) em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm e verifique os artigos 23
e 225. Perceba as afirmações feitas por Jaques (2014) o qual conclui que “a finalidade
maior da Constituição de 1988 no tocante à tutela ambiental não consiste única e
simplesmente na garantia do direito à vida humana, mas de uma vida digna, com
qualidade e bem-estar”.

Ainda com apoio nas normativas legais vigentes em nosso país, verificamos que
a conservação da natureza é o “manejo do uso humano da natureza, compreendendo a
preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às
atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações
das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral” (Lei no
9.985/2000, art. 2º, II).
Assim, a partir desse conceito de conservação, alcançamos o conceito de
qualidade ambiental, que, segundo o IBAMA é o estado das condições do meio
ambiente, expressas em termos de indicadores ou índices relacionados com os padrões
de qualidade, que se referem a características variadas, tais como pureza ou poluição
da água e do ar, ruído, acesso aos espaços abertos, os efeitos visuais das áreas
construídas, e os efeitos potenciais que tais características podem ter na saúde física e
mental dos indivíduos.
Dentro da abrangência da qualidade ambiental, objetivo final de qualquer
sistema de gestão ambiental, vamos entender mais especificamente os conceitos
básicos ligados a construção de um conceito geral de meio ambiente.

2.1 ECOSSISTEMA

Ecossistema ou sistema ecológico é a interação entre os organismos vivos e o


ambiente não-vivo, que estão inseparavelmente inter-relacionados e interagem entre si.

10
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

É chamado ecossistema qualquer unidade que abranja todos os organismos que


funcionam em conjunto numa dada área, interagindo com o ambiente físico. Esta
interação torna indispensável à presença de todos os organismos, pois um influencia as
propriedades dos outros. Os ecossistemas são em sua natureza ciclos de energia e de
materiais que compreendem fluxos de comunicação físicos e químicos que interligam
todas as partes e governam ou regulam o sistema como um todo (Odum, 1988).

2.2 CICLO HIDROLÓGICO

A Terra está a uma distância do sol e possui uma atmosfera que permite a
existência dos três estados da água: sólido, líquido e gasoso. Podemos admitir que a
quantidade total de água existente na Terra, tem se mantido constante, desde o
aparecimento do Homem. Toda a água existente na Terra - que constitui a hidrosfera -
distribui-se principalmente nas geleiras, nos oceanos, nas águas subterrâneas, nos rios
e lagos e na atmosfera. A circulação permanente entre estes reservatórios é chamada
de ciclo da água ou ciclo hidrológico. A energia para manter o movimento da água neste
ciclo é fornecida pelo sol e pela força da gravidade.
O ciclo hidrológico pode ser entendido como um gigantesco sistema de
destilação, envolvendo todo o globo. O aquecimento devido à radiação solar provoca a
evaporação contínua da água dos rios e oceanos, que é transportada sob a forma de
vapor para a atmosfera que o transporta para outras regiões. A transferência de água
da superfície do globo para a atmosfera, sob a forma de vapor, dá-se por evaporação
direta, por transpiração das plantas e dos animais e por sublimação (passagem direta da
água da fase sólida para a de vapor). Durante a transferência, parte do vapor de água
condensa-se devido ao arrefecimento e forma nuvens que originam a precipitação. Na
terra sob a forma líquida, a água se dirige a regiões mais baixas pela ação da força da
gravidade através da infiltração e do escorrimento superficial, chegando aos lençóis
subterrâneos ou aos oceanos. A energia solar é a fonte da energia térmica necessária
para a passagem da água das fases líquida e sólida para a fase do vapor; é também a
origem das circulações atmosféricas que transportam vapor de água e deslocam as
nuvens (Andreoli & Ihlenfeld, 1999 e Von Sperling, 1996).

11
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

2.3 BIOMA

O Bioma é um termo largamente usado para denominar um grande biossistema


regional ou subcontinental caracterizado por um tipo principal de vegetação ou outro
aspecto identificador da paisagem (Odum, 1988). Segundo o Ministério do Meio
Ambiente, bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento
de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições
geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma
diversidade biológica própria. O Brasil é formado por seis biomas de características
distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um
desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna, grupos de seres que
coexistem em estado de equilíbrio.

2.4 BIOSFERA

A biosfera é um conjunto de sistemas vivos, que contempla todos os grupos de


seres e a sua interação com o ambiente físico como um todo, que mantém um estado
contínuo no fluxo de energia. São comunidades de organismos que incluem os
ecossistemas, estando estes baseados em padrões de relacionamentos dentro de um
espaço físico que os rodeia, o meio ambiente. Podemos entender ainda a biosfera como
um ecossistema global, onde uma variedade de espécies e organismos interagem entre
si e com o meio físico a sua volta. Por ser a biosfera este conjunto de ambientes da terra
que se relacionam entre si, através de fatores interdependentes, é importante perceber
que a modificação de um fator provoca alteração nos demais e por consequência no
conjunto.

2.5 CICLO BIOLÓGICO

Entende-se por ciclo biológico ou ciclo de vida um conjunto de transformações


pelo qual passam os indivíduos de uma espécie durante o período que compreende a
sua existência. O ciclo biológico é diferenciado de acordo com o organismo em questão,
visto que, a forma como os organismos individuais otimizam a sua sobrevivência, bem

12
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

como, a maneira pela qual os sistemas habitados por estes se modificam, são
particulares a cada população específica. Segundo (Odum, 1988) as populações
possuem características que são propriedades exclusivas do grupo, como por exemplo,
a natalidade, a mortalidade, a distribuição etária, o potencial biótico, a forma de
crescimento, as quais são características diretamente relacionadas à ecologia de cada
população, e determinam um ciclo de vida particular a cada grupo de indivíduos.

2.6 FAUNA E FLORA

Fauna é o conceito relativo a um grupo de animais os quais convivem em um


determinado ambiente ou uma determinada região, sendo que flora, de maneira
semelhante, é um termo utilizado para determinar um conjunto de vegetais agrupados
em uma determinada região.
Mais especificamente, o IAP (2015) apresenta na Portaria 173/2015 as seguintes
definições:
- Fauna doméstica: o conjunto de espécies que, por meio de processos tradicionais e
sistematizados de manejo ou melhoramento zootécnico, tornaram-se dependentes do
homem e do ambiente doméstico, apresentando características biológicas e
comportamentais em estreita relação com ele, podendo apresentar fenótipo variável,
diferente dos espécimes silvestres que as originaram;
- Fauna exótica: o conjunto de espécies cuja distribuição geográfica original não inclui o
território brasileiro ou suas águas jurisdicionadas, excetuando-se as espécies da fauna
doméstica;
- Fauna nativa: o conjunto de espécies cuja distribuição geográfica original inclui o
território brasileiro e suas águas jurisdicionadas. Sinônimo de fauna brasileira.
Como vimos, Flora é um conjunto de espécies vegetais de uma determinada
região e segundo o IAP, estas espécies podem ser conceituadas como:
- Espécie Nativa: planta que é natural, própria da região em que vive, ou seja, que
cresce dentro dos seus limites naturais incluindo a sua área potencial de dispersão;
- Espécie Exótica ou Introduzida: espécie que se estabelece para além da sua área de
distribuição natural, depois de ser transportada e introduzida intencional ou
acidentalmente pelo homem;

13
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

- Espécie Exótica Invasora: é aquela espécie exótica que, sem a intervenção direta do
homem, avança sobre as populações locais e ameaça habitats naturais ou seminaturais,
produzindo impactos ambientais e/ou econômicos e/ou sociais e/ou culturais. As
espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda grande causa mundial de
perda de biodiversidade e requerem uma abordagem ampla e integrada por parte dos
governos;
- Espécie Estabelecida: é aquela espécie exótica que consegue se reproduzir e
estabelecer populações auto-sustentáveis.

2.7 POLUIÇÃO AMBIENTAL

A Lei nº 6.938/1981, a qual Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,


apresenta em seu artigo 3º, entender-se por:

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta


ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,


direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
Segundo conceito apresentado por Fogliatti et at. (2004), entende-se por poluição
ambiental a presença, o lançamento ou a liberação nas águas, no ar ou no solo, de toda
e qualquer matéria ou energia, com intensidade, qualidade, concentração ou com
características em desacordo com os padrões de emissão e padrões de qualidade que
tornem ou possam tornar as águas, o ar ou o solo:
- impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde;
- inconvenientes ao bem estar público;
- nocivos aos materiais, à fauna e à flora;

14
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

- prejudiciais à segurança e às atividades normais da sociedade.

2.8 RECURSOS NATURAIS

Os recursos naturais são os bens utilizados pelo homem para a sua


sobrevivência, entre estes as terras, água e material genético, essenciais para a
produção de alimentos, o desenvolvimento das sociedades e dos meios de vida.
Estes recursos podem ser classificados em renováveis e não renováveis. Os
recursos renováveis, como o próprio nome indica, podem ser utilizados continuamente e
não se esgotam, como por exemplo, a energia eólica e a energia solar. Já aqueles
classificados como não renováveis possuem utilização limitada ao longo do tempo, pois
se espera que sua exploração se esgote, uma vez que a renovação demandaria muito
tempo ou é inexistente, conceito que se aplica ao carvão, ferro, petróleo, entre outros.

2.9 RESÍDUOS

Os resíduos podem ser definidos como restos das atividades humanas,


quaisquer materiais que sobram após uma ação ou processo produtivo, considerados
como inúteis, indesejáveis ou descartáveis.
A Lei nº 12.305 que instituiu a política nacional de resíduos sólidos apresenta a
definição de resíduo sólido como material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam
para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível.
A NBR 10.004:2004 também conceitua os resíduos sólidos como aqueles
resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

15
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede


pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. E traz a classificação
destes de acordo com a sua Periculosidade - característica apresentada pelo resíduo
que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode
apresentar:
a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou
acentuando seus índices;
b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma
inadequada.
Esta mesma norma, NBR 10.004:2004 apresenta ainda a Classificação dos
Resíduos em:
Classe I – Perigosos – Aqueles que apresentam periculosidade, conforme definição do
risco à saúde pública ou risco ao meio ambiente, ou uma das características de:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade ou constem nos
anexos A ou B.
Classe II A – Não inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações de
resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe II
A – Não Inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.
Classe II B – Inertes - Quaisquer resíduos que não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.

2.10 RESILIÊNCIA ECOLÓGICA

A resiliência ou estabilidade ecológica pode ser conceituada como a capacidade


de um sistema restabelecer seu equilíbrio após ter sofrido algum tipo de perturbação ou
distúrbio, é a capacidade de recuperação deste sistema. De acordo com Odum (1988), o
grau da estabilidade ecológica de um sistema varia muito, dependendo do rigor do
ambiente externo além da eficiência dos controles internos. Existem duas formas de
estabilidade: a estabilidade de resistência – a capacidade de se manter estável diante do

16
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

estresse e a estabilidade de elasticidade – a capacidade de recuperar rapidamente. As


duas formas podem estar inversamente relacionadas.

17
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.1 SUSTENTABILIDADE

O conceito de “desenvolvimento sustentável” evoluiu bastante desde suas


primeiras formulações surgidas na década de 1980. Sua mais conhecida definição é
“suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações
futuras de suprir as suas” (Brundtland, 1987).
Algumas definições de sustentabilidade vão além da relação ser humano e meio
ambiente, abrangendo também aspectos econômicos, sociais e culturais. Ignacy Sachs
(1993) é um importante teórico que, ao abordar a questão do desenvolvimento
sustentável, propõe que, no planejamento das estratégias de ecodesenvolvimento,
sejam consideradas simultaneamente as dimensões sociais, econômicas, ecológicas,
espaciais e culturais da sustentabilidade. É um processo que postula a necessidade de
fundar novos modos de produção e estilos de vida nas condições e potencialidades
ecológicas de cada região, respeitando-se a diversidade étnica de seus habitantes com
vistas a uma gestão participativa dos recursos naturais.
Há diversas controvérsias em relação à questão da sustentabilidade, por
exemplo, alguns grupos ambientalistas não conseguem acreditar que seja possível uma
conciliação do desenvolvimento com a preservação ambiental. Não é no que acredita
Cavalcanti (2003), afirmando que “existe uma combinação suportável de recursos para
realização do processo econômico, a qual pressupõe que os ecossistemas operam
dentro de uma amplitude capaz de conciliar condições econômicas e ambientais”.
Nota-se que o assunto abrange mais do que questões técnicas e econômicas,
provocando na população uma reflexão ética, “uma ética de responsabilidade solidária
em face da crise ecológica da civilização técnico-científica”. Assim, a sociedade
desenvolve um novo sistema de valores e passa a pressionar as organizações, tanto
públicas quanto privadas, a buscarem alternativas que cumpram com a filosofia de
responsabilidade com as gerações futuras.
O cumprimento das legislações ambientais é um item que os empreendimentos
incorporaram aos seus negócios pela pressão dos novos valores, e além do aspecto
legal, foram desenvolvidas ferramentas de controle ambiental, que não são obrigatórias,

18
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

mas, são utilizadas para demonstrar o compromisso das empresas com a


sustentabilidade, como certificações ambientais, florestais, ISO’s, entre outros.
Medir o desempenho das ações que interferem no meio ambiente, gerando
impactos sobre o mesmo, é um fator necessário para o gerenciamento público e o
direcionamento de ações das empresas privadas. A ocupação dos territórios pelas
atividades dos seres humanos pode determinar a qualidade de vida de suas populações.
Embora os sistemas produtivos gerem maior ou menor intensidade de uso dos recursos
naturais, a vida do homem na terra depende de um grau de equilíbrio entre os sistemas
de ocupação e os sistemas ambientais. As decisões sobre como alcançar esse equilíbrio
serão determinantes para a continuidade do desenvolvimento e permanência do homem
no planeta. O desenvolvimento a ser alcançado depende do grau de liberdade
alcançado pelas populações e sua possibilidade de intervenção sobre as políticas
públicas (Leal, 2009). No entanto, os impactos sobre o meio ambiente podem não ter
reversibilidade. Segundo Almeida (2007), a forma pela qual os sistemas naturais
respondem a impactos, planejados ou não, depende de suas características de
estabilidade. Uma visão equivocada, mas ainda prevalecente, considera que, não
importa a magnitude do impacto, o sistema voltará às suas condições originais assim
que cessem os fatores do estresse.

3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Em se tratando de qualidade de vida, a qualidade de vida pode ser definida


como sensação íntima de conforto, bem-estar ou felicidade no desempenho de funções
físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade da sua família, do seu trabalho e dos
valores da comunidade à qual pertence (Nobre, 1994). Essa definição é generalista,
aplicando-se qualquer pessoa, seja ela fisicamente incapacitada, atleta de elite,
operário, escriturário, bailarina, idoso, jovem, entre outros tantos. Pode-se utilizar como
sinônimo de desenvolvimento sustentável, desenvolvimento responsável, pois a
sustentabilidade é um conceito de fácil entendimento, porém de difícil aplicação,
principalmente sobre nosso formato de produção e uso dos recursos naturais.
A partir do crescimento do movimento ambientalista na década de 1970, o
questionamento dos modelos de bem-estar predatórios agregou, à noção de conforto,
bem-estar e qualidade de vida, a perspectiva da ecologia humana - que trata do
19
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

ambiente biogeoquímico, no qual vivem o indivíduo e a população; e o conjunto das


relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a própria natureza.
Esse conceito se apoia na ideia de excelência das condições de vida e de
desenvolvimento sustentável e não a dimensão evolucionista de uma escalada cada vez
maior de conforto, consumo e bem-estar em que vivemos hoje (Witier, 1997).
Para atender, portanto, as exigências de qualidade de vida, respeitando a
capacidade suporte do planeta, mudanças nas atitudes e práticas pessoais são
necessárias, assim como as comunidades devem cuidar do seu próprio meio-ambiente,
e em um âmbito global, geração de estrutura governamental para integração do
desenvolvimento e conservação, além do comprometimento na formação de alianças
globais para a proteção ambiental.

3.3 PLANO E PLANEJAMENTO BUSCANDO A SUSTENTABILIDADE

O planejamento ambiental é complexo até mesmo para ser definido.


Planejamento pode ser entendido como processo de raciocínio onde se deve enfrentar,
de maneira criativa as situações que se apresentam. O planejamento difere da lei, da
política, da administração, mas deve estar estreitamente ligado e associado aos três
para o fim de desempenhar suas tarefas.
O planejamento ambiental pode ser entendido pelo esforço da civilização na
direção da preservação e conservação dos recursos ambientais de um território, com
vistas a sua própria sobrevivência. Parte de um princípio de valoração e conservação
das bases naturais de um dado território como base de auto-sustentação da vida e das
interações que o mantém (Franco, 2000).
A realização de um planejamento passa por determinadas etapas:
a) Identificação e descrição do sistema
b) Definição dos objetivos
c) Geração de soluções que satisfaçam os objetivos sem violar as restrições do sistema
d) Seleção da melhor solução que satisfaça os objetivos
e) Execução e controle
Como Metodologia de Planejamento Ambiental Sustentável existem a Linha da
Demanda (os estudos tem por objetivo a população para definir os objetivos do

20
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

planejamento) e a Linha da Oferta (os estudos tem por objetivo o meio em que se
desenvolvem as atividades da população).

3.4 CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

Em 1992, Stephan Schmidheiny, Presidente do –WBCSD, apresentou a Rio-92,


seu relatório “Mudando o Rumo”, apresentando o conceito de ecoeficiência, afirmando
que o crescimento econômico limpo e equitativo, que faz parte da natureza do
desenvolvimento saudável, requer o uso mais eficiente dos recursos, adaptando o
processo de harmonia da empresa às mudanças do contexto, de acordo com as
necessidades emergentes da sociedade.
Schmidheiny (1992) ainda afirma que as empresas mais competitivas são
aquelas que são capazes de produzir bens e serviços de excelente qualidade e, ao
mesmo tempo, reduzir o consumo de recursos e poluição.
De forma conclusiva, é notável que as ações de manutenção e controle da
qualidade ambiental, estão evoluindo ao mesmo passo dos temas de desenvolvimento
humano, o que de forma simplificada pode ser traduzido em desenvolvimento
sustentável, porém, ainda há muito a ser feito no sentido de reduzir o nível de consumo
de recursos naturais, e recuperar os danos ambientais causados, o se mostra, portanto
como o grande desafio não só para esta geração, mas também para a próxima, pois o
grau de degradação ambiental não é passível de ser revertido em um curto período de
tempo.

21
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

4. GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental, segundo Silva & Pessoa (2013) diz respeito à maneira de
gerir a utilização dos recursos naturais, com vistas a minimizar os impactos gerados pelo
o homem enquanto ser social. Uma vez que esses impactos gerados pelo homem se
assentam sob três variáveis que estão inter-relacionadas e que são: a diversidade dos
recursos extraídos do ambiente natural, a velocidade de extração dos recursos, que
permitem ou não sua reposição e as formas variadas e distintas na disposição e
tratamento dos resíduos produzidos.
O conceito básico de gestão ambiental, apresentado por diversos autores está
sempre relacionado à identificação de riscos ambientais, desenvolvimento de
metodologias e aplicação prática de procedimentos objetivando a prevenção de
ocorrências relacionadas ao meio ambiente, e atendimento emergencial eficiente caso
ocorram, dentro do sistema gerencial de uma organização. É uma estratégia adotada
pela organização, dentro da sua estrutura administrativa, para melhor gerenciar seu
desempenho ambiental, controlar e reduzir os impactos decorrentes de seu processo
produtivo ou produto.
Viterbo (1998) define a gestão ambiental como a forma através da qual uma
organização administra as relações entre as suas atividades e o meio ambiente que as
abriga, observadas as expectativas das partes interessadas, como parte da gestão pela
qualidade total. Somente através de melhorias em produtos, processos e serviços serão
obtidas reduções nos impactos ambientais por eles causados. Já Rovere et al. (2001),
apresentam a gestão ambiental como conjunto inter-relacionado de políticas, práticas e
procedimentos organizacionais, técnicos e administrativos de uma empresa que objetiva
melhor desempenho ambiental, bem como a redução de seus impactos ambientais.
Assim, independente da definição que estivermos avaliando, é importante
perceber que o foco da gestão ambiental é sempre a empresa e não o meio ambiente de
forma direta. As práticas de gestão são desenvolvidas para serem implantadas no
contexto gerencial de uma organização, e a partir do sucesso dessa implementação e da
eficiência destas práticas gerenciais o meio ambiente passa estar protegido, de maneira
indireta. Entretanto, este foco de atuação na empresa não deixa de representar um
grande avanço na proteção do meio ambiente, pois a incorporação da gestão
empresarial incluindo os princípios da prevenção das práticas poluidoras e de
22
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

degradação ambiental, é o objetivo final das sociedades e consumidores conscientes.


Ainda analisado o que propõe Rovere et al. (2001), os autores fundamentam a gestão
ambiental em cinco princípios básicos:
1 – conhecimento do que deve ser feito, comprometimento com o sistema de
gestão ambiental e definição de uma política ambiental para a organização;
2- elaboração de um plano de ação para atender aos requisitos da política
ambiental;
3 – garantia de condições para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais
da empresa e implementação de ferramentas de sustentação necessárias;
4 – realização de avaliações quali-quantitativas periódicas de conformidade
ambiental;
5 – revisão e aperfeiçoamento constante de todas as ações ambientais para
assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa.

Conforme já vimos no primeiro capítulo, no qual analisamos a evolução histórica


da proteção ambiental, podemos situar o surgimento das práticas de gestão ambiental
no contexto empresarial, a partir da necessidade da adoção de uma postura pró-ativa
em relação às questões ambientais em virtude do aumento da pressão do mercado e
também da consciência do próprio setor produtivo acerca das suas responsabilidades
socioambientais. Os empresários perceberam que além das vantagens comerciais
advindas do atendimento a consumidores conscientes, o aperfeiçoamento da estrutura
produtiva trazia a redução do custo ambiental, que se refletia em maior eficiência
produtiva, gerando economia de insumos, energia, eliminando desperdícios, custos com
tratamento e disposição de resíduos, atendimento a dispositivos legais, minimizando
riscos com saúde e segurança, entre outros benefícios. Surgiu ainda uma nova postura,
baseada na responsabilidade ambiental, a qual alterou as prioridades das organizações,
substituindo as preocupações com multas e autuações, pela busca da valorização da
imagem da empresa. Muito embora os instrumentos da gestão ambiental tenham sofrido
uma influencia significativa daqueles advindos das políticas públicas de meio ambiente.
O poder público, representado pelas agências ambientais criou um aparato legal
rigoroso para tutelar o meio ambiente, o que exigiu das organizações respostas
gerenciais a estas novas exigências ambientais.
Normas ambientais internacionais, como as da série ISO 14000, e o
23
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

estabelecimento de conceitos como Responsabilidade Ambiental Corporativa, Ciclo de


Vida dos Produtos, Logística Reversa, Ecoeficiência, Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo são exemplos de ações no meio empresarial, através das quais a Gestão
Ambiental tornou-se uma ferramenta para desenvolvimento responsável.
A certificação começou a ocupar espaço no planejamento estratégico das
organizações, tornando-se um fator de referência na qualidade do produto ou serviço
para o mercado consumidor. Podemos concluir que a inclusão das variáveis ambientais
dentro do sistema de gestão da organização, é forma de apresentação da qualidade do
produto ou serviço e que a certificação ambiental ou a aplicação de um selo ambiental
aparece como uma maneira de garantir essa conformidade ambiental de um produto,
processo ou serviço. Desta forma, a certificação veio para garantir o cumprimento e
observância a todo um conjunto de exigências, instruções, normativas e dispositivos
legais por uma empresa ou organização.

Conteúdo Complementar: A ABNT publicou 2 cartilhas intituladas:


(8) Introdução à ABNT NBR ISO 14001:2015 e (9) ABNT ISO 14001:2015 Principais
Benefícios, disponíveis em: http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-
iso-14001 Acesse estes documentos e conheça mais sobre a norma internacional de
sistemas de gestão ambiental.

24
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

5. GRANDES QUESTÕES AMBIENTAIS

5.1 POLUIÇÃO AMBIENTAL E IMPACTO AMBIENTAL

Entende-se por poluição “... alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades Humanas...” (CONAMA 01/1986 - alterada pelas Resoluções nº
11/1986, nº 05/1987 e nº 237/1997).

5.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, POLUIÇÃO DO AR

Quando se trata de poluição atmosférica, leva-se em consideração a utilização


do ar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a poluição do ar como sendo a
contaminação de ambientes fechados ou abertos por qualquer agente químico, físico ou
biológico que modifique as características naturais da atmosfera.
De acordo com Derisio 2007, o ar é um recurso é utilizado pelas comunidades
de uma maneira não parcimoniosa, pelo fato do mesmo estar disponível livremente sem
que seu uso exija qualquer ônus ou esforço. Além dos usos metabólicos naturais do ar
pelo homem, animais e vegetação e dos benefícios dos fenômenos naturais
meteorológicos, outros usos importantes devem ser acrescentados: comunicação,
transporte, combustão, processos industriais e, principalmente, a utilização do ar como
receptor e transportador de resíduos da atividade humana. Sendo assim, é possível
imaginar o constante impacto ambiental causado sobre este recurso, pela atividade
humana. O mesmo autor define poluição do ar como a presença ou lançamento no
ambiente atmosférico de substâncias em concentrações suficientes para interferir direta
ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar do homem, ou no pleno uso e gozo
de sua propriedade.
Neste sentido, admite-se poluição do ar quando a presença de uma substância
estranha, ou a variação importante na proporção dos seus constituintes, tem
possibilidade de provocar efeitos prejudiciais ou doenças, considerados os
conhecimentos científicos no momento.
A poluição atmosférica pode causar uma série de problemas, sendo estes mais

25
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

relevantes em idosos e crianças, de acordo com Viterbo (1998), entre as doenças que
ocorrem com maior frequência e se associam à poluição do ar estão as lesões
broncopulmonares: bronquites, asma e enfisema pulmonar. Este autor define de forma
simplificada a poluição atmosférica, dividindo-a em três fases, a saber: lançamento dos
poluentes pelas fontes poluidoras (emissão); transporte e difusão dos poluentes na
atmosfera (dispersão); e recepção dos poluentes pelos seres vivos e pelo meio ambiente
(imissão). A dispersão de um poluente na atmosfera depende, em primeiro lugar, das
condições meteorológicas e depois dos parâmetros condições em que se produz essa
emissão na fonte, ou seja, a velocidade, concentração, vazão e temperatura dos gases.
As condições meteorológicas influem decisivamente na dispersão da poluição
atmosférica.
Muitas são as fontes de origem dos agentes poluentes gasosos ou sólidos, que
se encontram em dispersão na atmosfera, entre estas:
- origem natural - causadas por agentes como poeiras, nevoeiro, gases
vulcânicos. Os poluentes de origem natural não são muito lembrados quando se
fala em poluição do ar;
- processos industriais - material particulado ou vapores lançados pelas chaminés
de fábricas, que constituem um dos principais focos poluidores;
- veículos motorizados - principalmente nas grandes metrópoles, causam grande
poluição atmosférica (óxidos de carbono. óxidos de nitrogênio e partículas
sólidas).
Os poluentes atmosféricos mais importantes são o dióxido de enxofre, material
particulado, poluentes minerais, dióxido de carbono, monóxido de carbono,
hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio (Viterbo, 1998).
Apesar do significativo avanço no combate à poluição do ar, as atividades
antrópicas continuam sendo responsáveis por lançar na atmosfera grandes quantidades
de poluentes gasosos e particulados. Já sabemos o poder tóxico desses poluentes e fica
evidente que é necessário o desenvolvimento de tecnologias para atenuar essa espécie
de poluição, principalmente nos setores energético e de transportes. Entre as diversas
atividades antrópicas que afetam a atmosfera, as queimadas e a queima de
combustíveis fósseis, em especial o carvão para geração de energia e derivados do
petróleo, são as que mais contribuem para a poluição atmosférica.
Do ponto de vista legal, a regulamentação atual quanto à qualidade ambiental,
26
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

pode ser embasada na Resolução CONANA 03 de 1990 - complementada pela


Resolução nº 08/1990, que dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no
PRONAR. No artigo 1 desta resolução, está definido que “são padrões de qualidade do
ar as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a
saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à
fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.
Parágrafo único. Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:
I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
II - inconveniente ao bem-estar público;
III - danoso aos materiais, à fauna e flora;
IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade.
De forma conclusiva, é possível afirmar que assim como os demais tipos de
poluição ambiental, a poluição atmosférica é extremamente importante e deve ser alvo
de constante atenção em sistemas de gestão ambiental, sendo que a legislação atual,
através da padronização dos limites dos contaminantes, respalda os sistemas de cotrole
e monitoramento da qualidade ambiental.

Conteúdo Complementar:
Importante observarmos que o ar é um meio fluido onde a poluição se dispersa e ao qual
não é possível estabelecer limites geográficos. Faça a leitura do seguinte artigo:
(10) Cezario, L.F. O caso da fundição trail (trail smelter case) - Estados Unidos x
Canadá: características transfronteiriças dos danos ao meio ambiente e a
responsabilidade internacional do Estado por danos ambientais. Disponível em:
http://conteudojuridico.com.br/artigo,o-caso-da-fundicao-trail-trail-smelter-case-estados-

unidos-x-canada-caracteristicas-transfronteiricas-dos-dan,27121.html
O conhecido Caso da Fundição Trail, considerado como a primeira manifestação pública
de utilização das normas de proteção internacional ao meio ambiente, opôs os Estados
Unidos ao Canadá, numa disputa arbitral que durou cerca de quinze anos. O caso teve
início a partir de queixa apresentada pelo Governo dos Estados Unidos contra o

27
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Governo do Canadá, à Comissão Mista Internacional, onde a empresa canadense


Consolidated Mining And Smelting Co, do ramo de zinco e chumbo, foi acusada de poluir
áreas em território norte-americano. O conflito foi provocado pela poluição do ar com
emissões de dióxido de enxofre ou anidrido sulfuroso. Essa contaminação atmosférica
produziu danos materiais e ambientais do outro lado da fronteira, no Estado de
Washington.

5.3 POLUIÇÃO HÍDRICA, POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

A escassez da água que era considerada no passado recente como uma


hipótese restrita a regiões áridas, assume uma importância estratégica em todas as
regiões do mundo, embora ainda hoje, muitas pessoas ainda não tenham a
compreensão da gravidade da crise que se avizinha. A compreensão da água como
recurso natural renovável, mas limitado foi condensada recentemente na Conferência
Mundial sobre Recursos Hídricos. No contexto atual, os recursos hídricos começam a
ser entendidos como sinônimo de oportunidade de desenvolvimento, e que muito
provavelmente será o grande limitador do crescimento humano (Andreoli et all, 2000).
O crescimento populacional sobre mananciais gera a impermeabilização do solo,
remoção florestal, aumento de lançamento direto de lixo e esgoto e a localização de
aterros sanitários em mananciais. Esta pressão traz como efeitos à qualidade da água, o
aumento da DBO, coliformes e outros contaminantes. Para os mananciais urbanos os
problemas de lixo e esgotamento sanitários são os que mais atuam para a degradação
de mananciais de abastecimento. No caso do esgoto doméstico as ligações clandestinas
poluem diretamente os rios, comprometendo os benefícios dos recursos investidos na
rede de coleta e tratamento de esgotos.
A poluição da água é também uma forma de uso, pois a apropriação da sua
qualidade para diluir determinado efluente, evita o investimento e a operação de
sistemas de tratamento e inviabiliza diversas outras utilizações reduzindo, portanto a sua
disponibilidade a jusante. É importante destacar que esta prática é uma forma pouco
eficiente de utilizá-la, pois é necessária uma quantidade de água muito grande para a
diluição de efluentes.
Os custos sociais decorrentes destas práticas, que reduzem oportunidades de

28
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

desenvolvimento e ampliam os problemas sanitários do nosso País, são na verdade um


subsídio embutido nos custos gerados pela poluição, que está sendo pago pela
sociedade aos poluidores. Logo, a água é considerada poluída quando sua composição
ou seu estado estão de tal modo alterados que já não reúnem condições para serem
utilizadas para os fins aos quais estava destinada naturalmente.

5.4 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA

Os padrões devem ser cumpridos, por força da legislação, pelas entidades


envolvidas com a água a ser utilizada. Os padrões de qualidade da água são definidos
em função do uso previsto para a água.
Em termos práticos, há três tipos de interesse direto no que tange à qualidade
da água: padrões de lançamento no corpo receptor; padrões de qualidade do corpo
receptor e padrões de qualidade para determinado uso imediato (ex. padrões de
potabilidade) (von Sperling, 1996).

5.4.1 PADRÕES DE LANÇAMENTO E DE QUALIDADE DO CORPO RECEPTOR

A Resolução CONAMA no 357/2005 (alterada pelas Resoluções nº 370/2006, nº


397/2008, nº 410/2009 e nº 430/2011, complementada pela Resolução nº 393/2009),
dividiu as águas do território nacional em águas doces (salinidade < 0,5 ‰), salobras
entre 0,5 ‰ e 30 ‰) e salinas (salinidade > 30 ‰). Em função dos usos previstos, as
águas doces foram agrupadas em cinco classes, em que a Classe Especial pressupõe
os usos mais nobres, e a Classe 4, os menos dependentes da qualidade.
A cada uma dessas classes, corresponde uma determinada qualidade a ser
mantida no corpo d’água. Esta qualidade é expressa na forma de padrões, através da
referida Resolução CONAMA. Além dos padrões de qualidade dos corpos receptores, a
Resolução CONAMA apresenta ainda padrões para o lançamento de efluentes nos
corpos d’água.
Ambos os padrões estão de certa forma inter-relacionados. O objetivo de ambos
é a preservação da qualidade no corpo d’água. No entanto, os padrões de lançamento
existem apenas por questão prática, já que é difícil se manter o controle efetivo das

29
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

fontes poluidoras, com base apenas na qualidade do corpo receptor. O inter-


relacionamento entre os dois padrões se dá no sentido de que um efluente, além de
satisfazer os padrões de lançamento, deve proporcionar condições tais no corpo
receptor, de tal forma que a qualidade do mesmo se enquadre dentro dos padrões para
corpos receptores.

Conteúdo Complementar:
Acesse (11) a Resolução CONAMA 357/2005 em:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459 e verifique a qual uso
corresponde cada classe apresentada. Perceba como é importante a qualidade da água
para usos nobres como o abastecimento público e manutenção da saúde da população.
Vejamos ainda uma aplicação prática destes parâmetros. A cidade de Curitiba, PR,
possui em seu território uma importante bacia hidrográfica, a bacia do rio Barigui.
Segundo dados da Prefeitura Municipal, “o rio Barigui tem 60 quilômetros de extensão,
nasce em Almirante Tamandaré, a 15 quilômetros de Curitiba, e atravessa a capital do
Paraná até desaguar no rio Iguaçu, na divisa com Araucária. Percorre 45 quilômetros em
Curitiba. A bacia do Barigui banha 144 quilômetros quadrados do território em 25 dos 75
bairros do município. Ao longo da bacia do Barigui vivem 30% da população de Curitiba,
457.571 habitantes” (PMC, 2007). Na parte média da bacia o uso da terra é urbano com
alta densidade de ocupação, observando-se a presença de vários estabelecimentos
comerciais e de serviços com atividades bastante diversificadas. Na região próxima à
foz, predomina o uso industrial, com a presença da Cidade Industrial de Curitiba, parte
da Cidade Industrial de Araucária e a Refinaria Getúlio Vargas, da Petrobrás. Nesta
região, a presença das indústrias atraiu várias ocupações irregulares que entremeiam as
ocupações residenciais e comerciais regulares da bacia. Por ser considerada uma
bacia urbanizada, sofre muitos desequilíbrios ambientais, consequência de uma
infraestrutura sanitária precária, ocupações irregulares das suas margens, presença de
lixo, desmatamento da sua área de drenagem, alteração da faixa original do rio
(retificação do canal), confinamento do seu leito em alguns trechos e impermeabilização
do solo devido ao processo de urbanização, entre outras causas. O Instituto Ambiental
do Paraná – IAP monitora desde 1992 a qualidade das águas em cerca de 70 trechos de
40 rios da Região Metropolitana de Curitiba, incluindo o Rio Barigui e o relatório (12)
está disponível em:
30
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/boletins/RELATORIO_AGUA/relatorio_RIOS_2005
_2009.pdf
Acesse o relatório e verifique a classificação das águas do rio Barigui em seu trecho
urbano e os parâmetros violados de acordo com o disposto na resolução Conama.
Perceba que a influência do meio urbano faz com que as águas desta bacia estejam
classificadas entre poluídas e extremamente poluídas, estando criticamente degradadas.

5.5 RESÍDUOS SÓLIDOS E CONTAMINAÇÃO DO SOLO

Os resíduos sólidos constituem hoje uma das grandes preocupações ambientais


do mundo moderno. As sociedades de consumo avançam de forma a destruir os
recursos naturais, e os bens, em geral têm vida útil limitada, transformando-se cedo ou
tarde em lixo, com cujas quantidades crescentes não se sabe o que fazer.
Até o final da década de 60, não havia grande preocupação com a questão dos
resíduos industriais nem com relação ao volume gerado, nem a respeito de como e onde
eles deveriam ser descartados. Dessa época em diante, com a industrialização
crescente dos países em desenvolvimento, a constatação de que o meio ambiente
poderia ser destruído pelo excesso de poluição e a ocorrência de acidentes relacionados
à disposição inadequada de resíduos de todos os tipos, ficou evidente a necessidade de
medidas destinadas a redução e controle da poluição industrial.
Os resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) são produtos inevitáveis dos
processos econômico-sociais de que dependemos. Assim como no metabolismo dos
seres vivos, nossas sociedades transformam insumos em bens, em serviços e em
alguns subprodutos que precisam ser “eliminados”.
Dos pontos de vista sanitário e ambiental, a adoção de soluções inadequadas
para o problema do lixo faz com que seus efeitos indesejáveis se agravem: os riscos de
contaminação do solo, do ar e da água, a proliferação de vetores e de doenças e a
catação. Com a maior concentração de pessoas nas cidades e o aumento da produção
individual de lixo, os locais de tratamento e destinação final devem inspirar maiores
cuidados, de modo a não tornar irreversíveis os danos ambientais daí decorrentes.
Atualmente, a existência de lixões (vazadores), locais onde são descarregados
os resíduos sem quaisquer cuidados, representa uma grave ameaça à saúde pública e

31
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

ao meio ambiente. Dados do IBGE apresentam a situação de tratamento e disposição


final dos resíduos sólidos em todo o país. A maior parte dos municípios brasileiros
dispõe seus resíduos em lixões, locais nos quais os resíduos são descarregados sem
nenhum controle ambiental (Felipetto, 2007).
Do lado econômico, a produção exagerada de lixo e a disposição final sem
critérios representam um desperdício de materiais e de energia. Em condições
adequadas, estes materiais poderiam ser reutilizados, diminuindo assim:
- o consumo dos recursos naturais;
- a necessidade de tratar, armazenar e eliminar os dejetos;
- os riscos para a saúde e para o meio ambiente.
O reaproveitamento destes resíduos. Observando critérios sanitários e sendo
economicamente viável, representa novas oportunidades de trabalho e de renda para
milhares de pessoas.
Entretanto, como resultado da herança histórica no tratamento dado aos
resíduos pelas sociedades, podemos afirmar que “a despeito do crescente interesse
pelas questões ambientais, as questões relacionadas ao lixo não são ainda
adequadamente tratadas, apesar de decisivas para o ordenamento urbano. Não fazem
parte de nossa agenda de cultura geral” (Eigenheer, 2009). O comportamento de isolar o
lixo criou a atual situação: população que não conhece a realidade sobre o tema e por
consequência não auxilia na redução da geração, nem tampouco, nas questões de
separação e encaminhamento para o seu reaproveitamento.

Conteúdo Complementar:
“Curitiba, PR, está entre as cidades mais limpas do mundo, de acordo com o
levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Sua operação conta com
cerca de 2 mil funcionários que fazem a coleta do lixo de 100% dos domicílios da cidade.
Todos os meses, são coletados cerca de 50 mil toneladas de resíduos em todos os
serviços de limpeza urbana, ou 41.500 toneladas na coleta domiciliar” (Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, 2018). Ao avaliar essa informação, imagina-se
que o problema dos resíduos sólidos no município de Curitiba está resolvido, que a
população foi conscientizada corretamente e que a gestão destes resíduos é exemplo
para o país. Entretanto, não é bem assim.
(13) Leia o artigo da Prefeitura de Curitiba intitulado “30% do material enviado para a
32
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

coleta seletiva é rejeitado” em: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/30-do-material-


enviado-para-a-coleta-seletiva-e-rejeitado/31104
O texto diz que Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em média 30% do
montante enviado para a coleta seletiva é rejeitado devido a separação incorreta e
contaminação. O material é rejeitado e percorre todo o trajeto de volta até o aterro
sanitário comum, o que encarece e sobrecarrega o processo. Isso significa que a
população por desconhecimento ou por descaso, não está agindo corretamente, ou seja,
a sociedade não está cumprindo seu papel na responsabilidade compartilhada quanto à
gestão dos resíduos. Se é assim na cidade de Curitiba, modelo de gestão urbana
segundo a ONU, qual deve ser a situação em cidades menos desenvolvidas ou que
ainda não implantaram seus planos de saneamento básico ou não possuem ferramentas
de gestão de resíduos? Reflita como você, cidadão responsável, age quanto aos
resíduos gerados na sua casa ou no seu ambiente de trabalho.

Um sério problema quanto à disposição final inadequada de resíduos sólidos, é


a contaminação do solo. O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito
dinâmico. Tem como componentes principais a fase sólida (matéria mineral e matéria
orgânica), e a água e o ar na designada componente "não sólida". O solo deve ser
encarado como uma interface entre o ar e a água (entre a atmosfera e a hidrosfera),
sendo imprescindível à produção de biomassa. Assim, o solo não é inerte, o mero local
onde assentamos os pés, o simples suporte para habitações e outras infraestruturas
indispensáveis ao Homem. Ainda hoje, muitos ainda veem o solo com sendo se “latão
de lixo", provocando danos irreversíveis ao meio ambiente.
A contaminação do solo está diretamente relacionada com o seu uso e
ocupação. Solos destinados a uso urbanos, para as atividades agrícola, pecuária e
industrial tem tido como consequência elevados níveis de contaminação. De fato, a
estes usos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes
no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos
perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas
resultantes das várias atividades, entre outros. Assim, ao longo dos últimos anos, têm
sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas, rurais
e/ou industriais.
A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma
33
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afetada (solo,
águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na
origem de problemas de saúde pública.
É preciso desenvolver mecanismos que convertam materiais potencialmente
poluentes em produtos que não agridam o meio ambiente e se possível que possam
ajudar na sua recuperação. A racionalização do uso das matérias primas, separação
correta e destinação adequada dos resíduos, reaproveitamento de materiais que antes
eram descartados, são algumas das maneiras de minimizar os danos ao meio ambiente
e buscar um equilíbrio entre as questões sociais, econômicas e ambientais.
Um exemplo dessas ações mitigadoras seria a Gestão Sustentável do Lodo de
Esgoto Urbano e Dejetos Suínos. O lodo se caracteriza como um biossólido, ou seja, um
resíduo orgânico, de origem urbana, rural ou industrial que apresenta potencial de
reutilização no ambiente, devido às características como teores de matéria orgânica e
nutrientes (Secco, 2003). Os biossólidos possuem, até hoje, destinos como: descargas
em corpos d’água, acúmulo em lagoas de contenção, deposição em aterros sanitários,
queima em fornos, material para construção civil e inclusive como fonte de nutrientes e
matéria orgânica.
O aproveitamento do lodo no solo apresenta-se como uma alternativa de retorno
dos nutrientes que foram perdidos ou retirados do solo através dos vegetais, fechando
um ciclo que antes não se completava. Com a disposição do lodo de esgoto ou dejetos
de suínos no solo, a exploração dos recursos naturais acaba sendo, em partes,
compensada com o retorno desses nutrientes, obtendo-se assim, um destino correto
para o resíduo e uma recuperação do solo degradado (Secco, 2007).
Obviamente, o solo não é um depósito de resíduos, é necessário que haja
vantagens agronômicas também na disposição do lodo, e nenhum risco de
contaminação ao meio ambiente ou ao ser humano. Ou seja, o destino do resíduo deve
ser economicamente viável e ambientalmente correto. Como justificativa agronômica
para sua utilização pode ser a substituição do calcário, correção da acidez do solo,
adição de nutrientes e adição de matéria orgânica (Secco, 2007).
A Resolução CONAMA 375 de agosto de 2006 (Retificada pela Resolução nº
380/2006), define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto
gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá
outras providências. Em seu Artigo 7º deixa claro que:
34
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

“A caracterização do lodo de esgoto ou produto derivado a ser aplicado deve incluir os


seguintes aspectos:
I - potencial agronômico;
II - substâncias inorgânicas e orgânicas potencialmente tóxicas;
III - indicadores bacteriológicos e agentes patogênicos, e;
IV - estabilidade.”

Conteúdo Complementar:
A Secretaria do Meio Ambiente do Paraná (Sema) estimava que no ano de 2006
existissem 1.150 toneladas do inseticida organoclorado hexaclorociclobenzeno,
popularmente conhecido como BHC, estocados nas propriedades rurais do Paraná.
Oficialmente, eram reconhecidas apenas 150 toneladas, até porque não havia um
cadastro de todos os produtores que estocam esse produto. O veneno é altamente
tóxico para humanos e meio ambiente. A lei Federal 7802 de 11 de julho de 1989 proibiu
definitivamente o uso do BHC no Brasil, e os estoques do produto devem ter sido
recolhidos e incinerados. Acesse as seguintes notícias: (14) “BHC está com os dias
contados no Paraná”; disponível em:
http://diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=20694&secao=Colunas%2
0Assinadas
E (15) “Paraná estoca 1.150 toneladas de BHC - Veneno altamente tóxico está
armazenado em condições precárias em dezenas de propriedades”; disponível em:
https://www.agrolink.com.br/noticias/parana-estoca-1-150-toneladas-de-bhc_49259.html
Reflita sobre as seguintes questões: o BCH estocado de maneira incorreta pode ter
contaminado os solos? As noticias não abordam essa questão de contaminação do solo.
O plano de recolhimento e incineração do BCH deveria ter preconizado medidas de
remediação em caso de contaminação dos solos onde este estava estocado? A partir
dos solos, o BHC pode ter atingidos corpos hídricos?

5.5.1 RESÍDUOS SÓLIDOS CLASSIFICAÇÃO

A norma NBR 10004 Classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública, indicando quais resíduos devem ter manuseio e mais

35
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

rigidamente controlados. Os resíduos são agrupados destinação em três classes:


Resíduos Classe I PERIGOSOS os resíduos perigosos (Classe I) apresentam
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade, podendo
representar risco para a saúde pública, provocar mortalidade ou incidência de doenças,
além de causar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos
de forma inadequada.
Resíduos Classe II A NÃO INERTES são classificados como não inertes os resíduos
sólidos ou mistura de resíduos sólidos que não se enquadrem l e Il B Estes resíduos
podem ter propriedades de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em
água Resíduos
Classe II B INERTES são classificados como resíduos inertes os resíduos misturas de
resíduos sólidos que, submetidos ao teste de solubilização (NBR 10006) não tenham
nenhum de seus constituintes solubilizados concentrações superiores aos definidos
listagem da norma NBR 10005 ("Padrões para teste de solubilização").

5.6 ACIDENTES AMBIENTAIS

Pode-se definir um acidente ambiental, com sendo um acontecimento, um fato


inesperado e indesejado que pode causar, direta ou indiretamente, danos ao meio
ambiente e à saúde.
Esses acontecimentos perturbam o equilíbrio da natureza e, normalmente, estão
associados também a prejuízos econômicos (IBAMA, 2016).
Os acidentes podem ser causados pela própria natureza, como é o caso dos
vulcões, raios, ciclones, etc. Porém, na maioria das vezes, são causados pelo próprio
homem. São os acidentes “tecnológicos”.
Os naturais então, são causados por fenômenos da natureza, cuja maioria dos
casos independe das intervenções do homem. Incluem-se nesta categoria os
terremotos, os maremotos, os furacões. Já os chamados tecnológicos, são aqueles
gerados em decorrência das atividades desenvolvidas pelo homem, tais como os
acidentes nucleares, vazamentos durante a manipulação de substâncias químicas, entre
outros. Os acidentes envolvendo produtos químicos perigosos devem ser atendidos por
pessoal técnico qualificado e com uso de equipamentos apropriados para este fim.

36
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Quando comparadas estas duas formas de ocorrência, verifica-se que os


acidentes ambientais são independentes quanto às suas origens, porém, em
determinadas situações pode haver certa relação entre as elas, como por exemplo, um
evento climático causando danos estruturais, o que poderia gerar danos decorrentes das
alterações desta infraestrutura sobre o meio ambiente. Ao mesmo tempo em que
intervenções antrópicas sobre o meio ambiente podem de certa forma contribuir para a
ocorrência dos acidentes naturais, a exemplo do uso e ocupação irregular do solo
promovendo instabilidade geofísica.
Pode-se considerar que os acidentes naturais, são de difícil prevenção, em
virtude de suas características naturais. Por outro lado, os acidentes de origem antrópica
são previsíveis, já que sua origem é conhecida, neste caso, facilitando a
predeterminação de sistemas de controle e prevenção de danos sobre o meio ambiente.
A previsão de acidentes tecnológicos está diretamente relacionada ao tipo de atividade e
sua origem, o que determina o nível de controle e de gerenciamento necessário para
cada risco ambiental.
Os danos e as consequências dos acidentes ambientais estão associados a
diferentes tipos de impactos no meio ambiente, as pessoas, à saúde pública, ao
patrimônio, o que de forma direta e indireta influirá sobre o sistema econômico, devendo
o risco ambiental ser não apenas gerenciado, mas também trabalhado com vistas as
eliminar toda possibilidade de danos, o que é conseguido através do desenvolvimento
de tecnologias de desenvolvimento mais adequadas à atual realidade e conhecimento
ambiental, e de forma decisiva, o investimento em políticas públicas que possibilitem a
implementação e execução destas ações. Para elucidar essa questão, analisemos um
caso concreto ocorrido no Brasil.
“Em 5 de novembro de 2015 ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, da
mineradora Samarco, em Mariana (MG), o maior desastre socioambiental do país no setor
de mineração, com o lançamento de 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio
ambiente. Os poluentes ultrapassaram a barragem de Santarém, percorrendo 55 km no
rio Gualaxo do Norte até o rio do Carmo, e outros 22 km até o rio Doce. A onda de
rejeitos, composta principalmente por óxido de ferro e sílica, soterrou o subdistrito de
Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição até o litoral do Espírito Santo,
percorrendo 663,2 km de cursos d'água. O Laudo Técnico Preliminar do IBAMA,
concluído em 26 de novembro de 2015, aponta que ‘o nível de impacto foi tão profundo e
37
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

perverso ao longo de diversos estratos ecológicos que é impossível estimar um prazo de


retorno da fauna ao local’. O desastre causou a destruição de 1.469 hectares, incluindo
Áreas de Preservação Permanente (APPs). Foram identificados ao longo do trecho
atingido diversos danos socioambientais: isolamento de áreas habitadas; desalojamento
de comunidades pela destruição de moradias e estruturas urbanas; fragmentação de
habitats; destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa;
mortandade de animais domésticos, silvestres e de produção; restrições à pesca;
dizimação de fauna aquática silvestre em período de defeso; dificuldade de geração de
energia elétrica pelas usinas atingidas; alteração na qualidade e quantidade de água; e
sensação de perigo e desamparo da população em diversos níveis. A força do volume de
rejeitos lançado com o rompimento da barragem também pode ter revolvido e colocado
novamente em suspensão os sedimentos de fundo dos cursos d'água afetados, que pelo
histórico de uso e relatos na literatura já continha metais pesados” (IBAMA, 2016).
Diversos trabalhos científicos publicados desde o acidente de Mariana demonstram o
aumento expressivo na incidência de sinais e sintomas de patologias na população
atingida, relacionadas à degradação ambiental, problemas no fornecimento de água,
contaminação hídrica, contaminação de peixes e outros animais utilizados como alimento,
contaminação do solo, das lavouras, entre muitas outras variáveis. Sintomas como febre,
diarreia, doenças de pele, manchas, doenças nas unhas, queda de cabelo, entre outros,
foram verificados nas populações atingidas, associando a degradação ambiental
decorrente do acidente com efeitos adversos no âmbito biológico, psicológico, social e
econômico da população.
Analisando o referido acidente podemos concluir que da qualidade ambiental
advém a quantidade e salubridade dos recursos naturais disponíveis a serem utilizados
na produção de bens e serviços e na satisfação das necessidades básicas das
sociedades. O mau uso, seja por desconhecimento, imprudência ou em decorrência da
antiga premissa da produção a qualquer custo, afetam o crescimento econômico e a
saúde das populações, salientando aqui a importância da tutela legal sobre os bens e
recursos hídricos. O Estado é obrigado a prestar a tutela jurisdicional aos bens
ambientais, existindo vários instrumentos para a proteção do meio ambiente e o acesso
ao Poder Judiciário, que tem o objetivo principal de garantir um desenvolvimento
ambientalmente seguro e viável, também para as futuras gerações.

38
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Conteúdo Complementar:
Acesse o relatório citado no texto anterior:
(16) “Laudo Técnico Preliminar – Impactos Ambientais Decorrentes do Desastre
Envolvendo o Rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, MG”, (o caso da
Samarco), apresentado pelo IBAMA em 2015, em:
http://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/laudos/laudo_tecnico_preli
minar_Ibama.pdf
Analisando o caso da Barragem da Samarco em Mariana podemos elucidar a questão
que temos abordado quanto a grande abrangência de dispositivos legais e normativos
aplicáveis à proteção ambiental. Verifique durante a leitura do documento as leis,
decretos e normativas que embasaram as conclusões do Laudo. Note que, além das leis
e decretos federais, muitos outros foram necessários para elucidar os danos ambientais
ocorridos, como Portarias do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério da Saúde, do
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Instruções Normativas e
Notas Técnicas do IBAMA, entre outros. Faça uma reflexão de como esses danos estão
relacionados à saúde da população ao longo do tempo, e como tais danos continuam
perdurando até os dias atuais.

39
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

6. RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS

Pode-se iniciar o tema sobre recursos naturais renováveis e não renováveis com
um questionamento. Qual o atual efeito acumulado do consumo humano de recursos
naturais e da geração de resíduos sobre o desenvolvimento da humanidade?
A resposta a esta questão é dada de forma intuitiva e direta, por cientistas e
leigos. O ser humano está gastando mais do que pode. Não deixa de ser verdade. Os
recursos disponíveis no planeta estão em um sistema fechado, nada entre e nada sai,
assim, tanto os recursos quanto os resíduos gerados pela utilização destes, se mantém
no sistema e é sob esta ótica que os recursos são avaliados dentro dos sistemas de
gestão ambiental.
A questão principal é que os recursos naturais são limitados e, portanto, não
existe crescimento infinito. A melhoria das condições de vida deve, portanto, ser obtida
sem aumento do consumo, mudando-se o paradigma dominante. Este conceito é
precursor da análise sobre a disponibilidade de recursos naturais, renováveis e não
renováveis.
Esta realidade não é novidade, já há algum tempo, cientistas e pesquisadores
tem reconhecido a necessidade de levar em conta os efeitos da atividade econômica
humana sobre os recursos naturais não renováveis. Uma alternativa está em reduzir,
progressivamente, o impacto ecológico e a intensidade da retirada dos recursos naturais
até atingir um nível compatível com a capacidade reconhecida de carga do planeta.
Atualmente, face aos grandes desafios ambientais e humanos faz-se necessário
o desenvolvimento de planos que nos ajudem a transformar nossos modos de produção
e de consumo, equiparando-os aos recursos naturais disponíveis. Trata-se de uma
mudança substancial de modo de vida, de mudança de posturas quanto à estrutura e às
dimensões de um modelo de desenvolvimento, aliados a políticas públicas que
subsidiem sua implantação e condução garantida.
Portanto, recursos naturais são elementos que estão disponíveis a serem
utilizados pelo homem, seja para uso direto ou como matéria prima ou combustível.
Os recursos naturais podem ser renováveis e não renováveis, sendo que o que
os diferencia é a capacidade de regeneração ou sua esgotabilidade no sistema.
Renováveis, como o termo sugere, são aqueles com capacidade de manutenção
pela sua própria natureza, a exemplo à energia solar, o vento e todos os recursos que
40
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

estão à disposição para serem utilizados sem que seu consumo reduza sua
disponibilidade.
Já recursos naturais não renováveis são aqueles que estão disponíveis para
uso, porém após seu consumo, in natura ou transformado, deixam de existir, reduzindo
assim sua disponibilidade no planeta. O maior exemplo deste tipo de recurso natural são
os minerais, sendo dentre eles, nossa principal matriz energética, o petróleo, é o recurso
natural não renovável de maior preocupação, devido à grande dependência deste
mineral pela humanidade.
No que tange sistemas de gestão ambiental, o uso de recursos naturais é o
grande desafio de cada novo sistema organizacional, considerando o objetivo e a
necessidade energética de cada atividade. O foco principal sobre os recursos naturais,
quando da implantação de sistemas de gestão ambiental, está no conceito dos três R’s –
Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Alguns recursos naturais não são passíveis de serem substituídos, seja porque
ainda não existe substituto no mesmo nível da demanda tecnológica, seja por que o
custo da tecnologia ainda não suporta a substituição do recurso, nestes casos, a saída é
reduzir o consumo assegurando ao menos um aumento da longevidade deste, enquanto
se busca alternativa para solucionar o problema.
De forma conclusiva, devemos admitir que este tema mereça atenção especial,
e que não existe ainda uma fórmula que transforme os recursos naturais não renováveis
em renováveis, desta forma, cabe ao gestor a visão integrada do sistema, a busca por
alternativas de substituição por materiais e processos renováveis e quando não
possível, ao menos a redução do consumo, enquanto não se tem outra alternativa.

41
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

7. CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

A conservação da natureza está atrelada ao fato que a atual imposição da


sociedade ao ser humano tem causado um aumento de produção o qual a natureza não
é capaz de suportar.
Da mesma forma que o ser humano está sendo pressionado pela eficiência, o
meio ambiente está sendo pressionado para atender as demandas materiais e para
receber os resíduos gerados por este modelo produtivo, voltado exclusivamente para o
consumo.
Esta situação atual, muito acima dos limites que o ambiente é capaz de suportar,
tem impactos imediatos e em longo prazo, tanto sobre a eficiência econômica como
sobre a sustentabilidade ambiental.
A saída é buscar mecanismos de manutenção e controle da qualidade
ambiental, para o que é necessário além do entendimento sobre os aspectos de uso dos
recursos naturais, conceitos sobre Manutenção da Qualidade Ambiental, diferindo, por
exemplo, ações preservacionistas de conservacionistas.
Preservação Ambiental pode ser definida com sendo a ação de proteger, contra
a modificação e qualquer forma de dano ou degradação, um ecossistema, uma área
geográfica definida ou espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, adotando as
medidas preventivas legalmente necessárias e as medidas de vigilância adequadas.
"Prevenção de ações futuras que possam afetar um ecossistema" (USDT, 1980).
Já quando se trata de conservação, o conceito aplica-se à utilização racional de
um recurso qualquer, de modo a se obter um rendimento considerado bom, garantindo-
se, entretanto, sua renovação ou sua auto sustentação. Assim, a conservação do solo é
compreendida como a sua exploração agrícola, adotando se técnicas de proteção contra
erosão e redução de fertilidade. Analogamente, a conservação ambiental quer dizer o
uso apropriado do meio ambiente, dentro dos limites capazes de manter sua qualidade e
seu equilíbrio, em níveis aceitáveis. Assim, podemos dizer que tratam-se da proteção de
recursos naturais renováveis e seu manejo para utilização sustentada buscando o
melhor rendimento.
As ações conservacionistas devem estar de acordo com o previsto nos planos
de desenvolvimento, segundo as leis vigentes, e se orienta a manter o equilíbrio
ecológico.
42
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

7.1 A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA DO PONTO DE VISTA DE SISTEMAS DE


GESTÃO AMBIENTAL

Alteração Ambiental (segundo a NBR ISO:14001) é classificada como sendo


“qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo ou
em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”. É a alteração
significativa no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou
atividade, em qualquer um ou mais de seus componentes naturais, provocadas pela
ação humana.
Sob o ponto de vista legal, temos como definição de alteração ambiental
(segundo a Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86 - alterada pelas Resoluções nº
11/1986, nº 05/1987 e nº 237/1997) - qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: (I) a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas;
(III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade
dos recursos ambientais.
Na mesma linha, devemos também considerar o conceito de Dano Ambiental,
que pode ser definido como prejuízo ao meio ambiente. Dano ambiental é a lesão aos
recursos ambientais, com consequente degradação – alteração adversa ou in pejus – do
equilíbrio ecológico e da qualidade de vida (MILARÉ, 2001).
A conservação da natureza leva em conta a manutenção da qualidade ambiental
e redução dos riscos de contaminação ambiental. Uma área contaminada pode ser
definida como uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou
contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela
tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma
planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes
podem concentrar-se em subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente,
como por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para
aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não
saturada e saturada.
Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios,
propagando-se por diferentes vias, como o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas e
43
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

superficiais, alterando suas características naturais de qualidade e determinando


impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou
em seus arredores.
Impacto ambiental pode ser classificado como sendo a alteração significativa no
meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade, em
qualquer um ou mais de seus componentes naturais, provocada pela ação humana. O
Impacto Ambiental está associado à alteração ou efeito ambiental considerado
significativo por meio da avaliação da proposta/projeto de um determinado
empreendimento ou atividade, podendo ser negativo ou positivo. O objetivo de se
estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as consequências de
algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado
ambiente que poderá receber a execução de projetos ou ações, nas fases de
planejamento, implantação e, mais tarde, na sua operação e assim prever os
mecanismos necessários para preservação da natureza.
Em se conhecendo os impactos e os possíveis danos ao meio ambiente, busca-
se o controle da poluição ambiental. A poluição do meio ambiente tornou-se assunto de
interesse público em todas as partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos
vêm sendo afetados pelos problemas ambientais; também as nações em
desenvolvimento começam a sofrer os graves impactos da poluição. Isso decorre de um
rápido crescimento econômico associado à exploração de recursos naturais até então
intocáveis. Ao lado dos crescentes problemas provocados pela contaminação do meio
ambiente, estão os processos de produção utilizados para extrair matérias-primas para
transformá-las numa multiplicidade de produtos para fins de consumo em escala
internacional. Embora se registrem progressos no setor das técnicas de controle da
poluição para vários desses campos da indústria de extração e de transformação, ainda
não se chegou a métodos que propiciem um controle absoluto.
É inegável, porém, a urgência de adotarem-se outras medidas de controle, a fim
de assegurar a não ocorrência de prejuízos irreparáveis, sob o ponto de vista do meio
ambiente, mesmo nas áreas menos desenvolvidas.
Diante da necessidade de controle, torna-se lógico que se deve considerar a
melhor tecnologia disponível quando ela oferecer vantagens significativas em
comparação com outras técnicas, entretanto, a fim de identificá-la e aplicá-la, é
indispensável contar com informações que definam as condições de aplicabilidade e
44
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

desenvolvimento da tecnologia de controle da poluição. As considerações econômicas


exercem um grande papel, quando se trata de definir a melhor tecnologia disponível.

7.2 A AÇÃO DO CICLO ECONÔMICO SOBRE A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

Certos fatores regionais, tais como a capacitação da mão de obra e custos de


energia, e outros aspectos desempenham um importante papel, quando se trata de
decidir se uma tecnologia é ou não viável. A necessidade de uma informação técnica
vital e de análise econômica traz uma grande responsabilidade para os governos dos
países em desenvolvimento que desejam controlar e regularizar os problemas da
poluição industrial.
Na maior parte dos casos, não se dispõe de dados relativos aos processos
industriais, especialmente no que toca às novas indústrias que possam estar se
instalando no país.
Existem indícios, por exemplo, de que muitas empresas de grande porte tendem
a se transferir para áreas sem padrões rígidos de controle, instalando-se em países em
desenvolvimento que, na busca de investimentos econômicos, aceitam a poluição como
um mal necessário.
Enquanto alguns fatores como mão de obra barata e abundante, incentivos
econômicos, etc., são frequentemente de grande importância quando se trata de
selecionar a localização para essas empresas, a necessidade do controle de poluição,
ou a ausência desse requisito, torna-se um parâmetro de crescente importância nesta
decisão.
A falta de exigência, em relação ao controle, na maioria dos países em
desenvolvimento, implica em que a tecnologia existente seja aceitável.
Desse modo, haverá pouco ou nenhum incentivo por parte das empresas, a fim
de desenvolver novas tecnologias menos poluentes e mais adequadas ao complexo de
recursos disponíveis em países em que se localizam, uma vez que o país em
desenvolvimento não pode adotar, arbitrariamente, uma linha de exigência de controle
rígido, deve encontrar, a fim de encorajar o investimento estrangeiro, um novo meio de
abordar o problema que implique em minimizar a ocorrência de poluição ambiental.
A proteção do meio ambiente contra os agentes poluidores de origem industrial é
um problema complexo para os países em desenvolvimento.
45
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Conclusivamente, a conservação da natureza passa por diversos fatores


decisórios que podem em alguns momentos dificultar a implementação das melhores
tecnologias de controle e manutenção da qualidade ambiental, porém, a implantação de
sistemas de gestão ambiental reduzem os riscos ambientais e assegurando a correta
utilização dos recursos, e por consequência a melhor qualidade ambiental possível,
buscando equilíbrio entre o desenvolvimento e o meio ambiente.

46
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

8. MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Ao longo da nossa reflexão, já entendemos a Gestão Ambiental como


ferramenta do sistema produtivo de uma organização para melhorar resultados
ambientais, agora, para alcançar este desafio de aumentar constantemente a produção,
imposição do crescimento populacional que demanda incrementos constantes de bens e
serviços, é preciso voltar nosso olhar para ferramentas de proteção ambiental tais como
os fundamentos do desenvolvimento limpo, como conduta de apoio ao adequado
gerenciamento de questões ambientais.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um importante instrumento
para a participação de países em desenvolvimento no esforço global para a mitigação
dos impactos causados pelos gases de efeito estufa. É ainda considerado fundamental
para que sejam atingidos os objetivos da CQNUMC, não só por proporcionar a mitigação
dos efeitos da mudança climática, mas também por promover o desenvolvimento
sustentável dos países em desenvolvimento, local de implantação dos projetos MDL.
A partir da Conferência do Rio, a comunidade internacional se debruçou sobre
esse amplo complexo científico-econômico-tecnológico-diplomático relacionado à
mudança do clima. Foi estabelecida a Convenção do Clima, e no seu âmbito, o
Protocolo de Quioto, que define mecanismos de mercado que, de forma inédita no
cenário internacional, tentam enquadrar responsabilidades e obrigações das diversas
partes, abrindo oportunidades de desenvolvimento social e econômico sustentável. Tais
mecanismos, para serem plenamente aproveitados, necessitam de ferramentas e
instrumentos institucionais. Um dos mecanismos de flexibilização estabelecido é o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o único aplicável a países em
desenvolvimento, como o Brasil (CGEE, 2010).
Ainda segundo CGEE (2010), a lógica do MDL é que, sob a óptica do
empresário e de governos dos países do que negociam essas Reduções Certificadas de
Emissões (RCE), essa é uma opção financeiramente mais atraente do que as
alternativas de efetuar ele próprio a redução de emissões (sem que isso isente esses
países de também realizar internamente programas de reduções de emissões), ou pagar
uma eventual multa prevista pelos órgãos competentes de seu país ou região (como
ocorre no mercado do bloco europeu). Para o empresário do país, o desenvolvimento do
projeto de MDL é interessante porque os recursos da venda das RCE representam um
47
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

recurso adicional para obter tecnologias para reduzir as emissões de GEE e promover a
sustentabilidade do seu empreendimento. Sob o ponto de vista dos governos envolvidos,
os recursos associados à transação das RCE são vistos como forma de expressão da
cooperação internacional para o cumprimento da obrigação de transferir recursos
financeiros, visando auxiliar a implementação de programas de mitigação de emissões
em países que não constam do Anexo I. Sob o aspecto ambiental argumenta-se que o
MDL beneficia o meio ambiente promovendo o desenvolvimento de projetos que
reduzem as emissões dos Gases de Efeito Estufa na atmosfera terrestre.

8.1 GASES DE EFEITO ESTUFA E CAPTURA DE CARBONO

O Protocolo de Quioto e, portanto, o seu Mecanismo de Desenvolvimento Limpo,


trata, principalmente, das emissões dos seguintes gases que devem ser reduzidos e
expressos em dióxido de carbono equivalentes: dióxido de carbono (CO2); metano
(CH4); óxido nitroso (N2O); hidrofluorocarbonos (HFC); perfluorocarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6). As quantidades relativas a reduções de emissão de gases
de efeito estufa e/ou remoções de CO2 atribuídas a uma atividade de projeto resultam
em RCEs medidas em toneladas de dióxido de carbono equivalente. Ao prever que o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) pode contemplar reduções de emissões
de diferentes GEE, foi definida uma equivalência que permite expressar as emissões de
qualquer outro GEE em termos de toneladas de dióxido de carbono equivalente. Essa
equivalência é denominada Potencial de Aquecimento Global em horizonte de 100 anos
(GWP100). A equivalência é obtida pela estimativa do valor relativo do total de energia
de aquecimento resultante da emissão de uma tonelada de um gás e de uma tonelada
de dióxido de carbono, cem anos após a emissão (Felipetto, 2007).
As principais atividades humanas que geram emissões de GEE são: geração de
energia pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural),
desmatamento e produção de cimento, que produzem emissões de dióxido de carbono;
decomposição anaeróbica de matéria orgânica, que produz emissões de metano em
aterros sanitários e na pecuária; uso de fertilizantes nitrogenados, que produz emissões
de óxido nitroso; e processos industriais que produzem emissões de perfluorocarbonos,
hidrofluorocarbonos e hexafluoreto de enxofre (CGEE, 2010).

48
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

8.2 PROJETOS DE MDL

Para que resultem em RCEs, as atividades de projeto do MDL devem,


necessariamente, passar pelas etapas do Ciclo do Projeto relacionadas a seguir:
1. Elaboração do Documento de Concepção do Projeto (DCP ou, em inglês,
PDD, de Project Design Documento);
2. Validação pela Entidade Operacional Designada;
3. Aprovação pela Autoridade Nacional Designada;
4. Registro no Conselho Executivo do MDL;
5. Monitoramento;
6. Verificação e certificação pela Entidade Operacional Designada;
7. Emissão das RCEs pelo Conselho Executivo do MDL.

A linha de base de uma atividade de projeto do MDL é o cenário que representa


as emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes que ocorreriam na ausência
da atividade de projeto proposta, incluindo as emissões de todos os gases, setores e
categorias de fontes listados no Anexo A do Protocolo de Quioto que aconteçam dentro
do limite do projeto. Esse cenário de linha de base serve de referência tanto para a
verificação da adicionalidade como para a quantificação das RCEs decorrentes das
atividades de projeto do MDL.
As RCEs serão calculadas pela diferença entre as emissões no cenário de linha
de base e as emissões verificadas em decorrência das atividades de projeto, incluindo
as fugas (Felipetto, 2007).

8.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

8.3.1 VIABILIDADE ECONOMICA

O estudo da viabilidade econômica é fundamental para a tomada de decisão de


qualquer projeto do MDL. A decisão de investimento deve ser muito bem estruturada e
embasada, a fim de evitar a perda de recursos e a inviabilidade de projetos. Nem todos
os projetos elegíveis para o MDL têm viabilidade econômica. Para se definir se um
empreendimento é viável economicamente, muitas questões devem ser estudadas e a

49
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

avaliação correta é uma ferramenta importantíssima nesse processo. Os principais


fatores que influenciam os preços dos créditos de carbono são: confiabilidade do
responsável e viabilidade do projeto; confiança na capacidade de gestão do projeto e na
entrega dos créditos; estrutura do contrato; benefícios ambientais e sociais subjacentes,
e estágio do projeto (Abifadel, 2005).
Porém, o mercado de carbono é bastante volátil, o que faz com que existam
diferenças relevantes de preços em diferentes períodos do ano. Uma análise dos
fundamentos do mercado de carbono e do histórico de preços deve ser efetuada quando
da avaliação da viabilidade de um projeto (Felipetto, 2007).

8.3.2 VIABILIDADE INSTITUCIONAL

Dentre os principais efeitos adversos sinalizados pela elevação da temperatura


da Terra nos últimos 100 anos e já percebidos nos dias atuais, tem-se o aumento do
nível do mar; a alteração do suprimento de água doce; o aumento da intensidade dos
ciclones, com tempestades e inundações violentas; doenças transmitidas por águas
contaminadas; extinções de espécies e mortes por ondas de calor, além de impactos na
agricultura. Diante desta situação, uma atitude de enfrentamento e de equacionamento
desse problema crítico, que atinge a todos, pode trazer grandes benefícios à imagem da
empresa privada e da instituição pública. A decisão de investimento em projetos do
MDL, portanto, é estratégica e não deve visar simplesmente ao ganho econômico, mas
sim a todos os benefícios intangíveis (Abifadel, 2005).

8.3.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL

Os projetos do MDL devem agregar a problemática das mudanças climáticas à


questões socioambientais importantes e de difícil resolução como a inclusão social e a
geração de emprego e renda.
Nas comunidades do entorno deve ser desenvolvido um trabalho interativo, que
faça com que os próprios moradores participem da implantação do empreendimento,
tornando-se corresponsáveis. Educação ambiental nas escolas, treinamentos
específicos para atingir demandas locais de qualificação, políticas de emprego para os

50
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

habitantes da região do entorno são algumas das ações importantes para que o
empreendimento seja sustentável e para que efetivamente melhore a qualidade de vida
dessa população (Felipetto, 2007).

8.3.4 COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO RESPONSÁVEL

A partir do entendimento de que o problema ambiental começa no ser humano,


pode-se modificar ou construir o valor do meio ambiente. No momento em que a
preservação do meio ambiente estiver dentro do pressuposto ético da sociedade, há
possibilidade de mudanças na forma da tomada de posse da natureza, garantindo assim
a manutenção da própria existência humana. O Protocolo de Quioto apresenta-se como
um importante acordo internacional relacionado à proteção do meio ambiente e
comprometido com o desenvolvimento responsável. Seu objetivo primordial é minimizar
as emissões globais de gases de efeito estufa para a atmosfera e garantir a
sobrevivência do ser humano na Terra. Para isso, o Protocolo utiliza mecanismos
financeiros como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Felipetto, 2007), já estudado
anteriormente.
Observa-se que, nas situações de emissões, atitudes de prevenção dos efeitos
negativos sobrevindos da mudança do clima que esteja por vir podem minimizar seus
danos. Dado o fato de o dano da mudança do clima ocorrer poucas décadas após a
emissão dos GEE é possível haver substituição de um comportamento emissor realizado
no passado por ações de reduções de emissão que venham a representar uma
diminuição proporcional da concentração de GEE na atmosfera, diminuindo os impactos
ambientais negativos.
Uma conduta consciente do ser humano para com o meio ambiente, com a
adoção de atitudes e compromissos ambientais assumidos verdadeiramente pelas
instituições, só poder ser alcançada através da Educação Ambiental. A capacitação das
sociedades que permitirá a adoção de ações protecionistas efetivas aos bens ambientais
deve ser feita através do instrumento da Educação Ambiental, o qual permite que as
pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades da gestão ambiental,
assumindo a tão desejada postura pró-ativa em relação à problemática ambiental
apresentada nas sociedades atuais.

51
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

9. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente a Educação Ambiental pode ser


definida como processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A educação ambiental vem ser mais uma ferramenta utilizada dentro da Gestão
Ambiental para incluir conceitos de proteção ao meio ambiente na vida das sociedades.
Conforme refletimos anteriormente, alcançamos um estado social onde impera a ética
ambiental através da implementação da Educação Ambiental, como processo que busca
despertar a preocupação individual e coletiva sobre as questões ambientais.
A questão da educação como importantíssima ferramenta de gestão ambiental já
foi reconhecida no princípio da fundamentação da proteção ambiental no mundo, como
vimos no início de nosso estudo, o que ocorreu a partir da Conferência da Organização
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia em
1972. Este importante evento mundial já reconheceu o desenvolvimento da Educação
Ambiental como elemento crítico para o combate à crise ambiental no mundo.
É importante perceber que, com a evolução dos conhecimentos acerca do meio
ambiente que ocorreu daquela época para a atual, as definições e conceitos sobre todas
as questões ambientais foram se modificando, tornando-se mais abrangentes, incluindo
novos desafios e incorporando novos fatos, novas tecnologias. Seguindo a mesma
lógica, a Educação Ambiental também deixou de ser concebida com ênfase em apenas
um dos seus aspectos, que é o ecológico, e passou a incorporar outros conceitos mais
abrangentes, como aqueles fornecidos em função de conhecimentos em economia,
comportamento social, ética, política, avanços científicos, tecnológicos e culturais. Não
faria sentido abordar os problemas ambientais em um processo educacional de modo
isolado, pois no contexto atual em que vivemos, de informações globalizadas, as aflições
das populações humanas são transversais, multidimensionais e planetárias.
Uma atividade de Educação Ambiental deve ser conduzida como um processo
contínuo, no qual os indivíduos e comunidades envolvidas adquiram conhecimentos,
valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir,
individualmente e coletivamente, tendo como princípio básico o respeito a todas as
52
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

espécies de vida. Assim, deve ser pensada a educação ambiental na prática para as
sociedades atuais, como ferramenta da gestão ambiental que tem o objetivo de
desenvolver a consciência crítica para o enfrentamento das questões ambientais e
sociais, com ênfase no desenvolvimento e nas relações indivíduos-natureza e ambiente-
desenvolvimento, visto que o meio ambiente não pode ser dissociado do fator social que
coexiste com ele e como já discutimos anteriormente, a gestão ambiental tem foco em
adequações de processos produtivos, sendo o ambiente beneficiado de forma indireta.
Concluímos que a sociedade tem os mais diversos instrumentos para integrar-se
na conservação e preservação dos recursos naturais, se assim o quiser. E esta
participação é de grande importância, visto que a responsabilidade compartilhada na
gestão dos bens ambientais é dever da sociedade e está pautada no benefício comum.

Conteúdo Complementar:
Todo cidadão pode participar da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico
do município em que reside, essa é uma exigência da Lei Federal 11.445/2007 (Lei do
Saneamento), que estabelece a obrigatoriedade da elaboração da Política e do Plano de
Saneamento Básico pelo titular do serviço dos municípios brasileiros e disponibilização
do texto à população em consulta prévia à sua aprovação, bem como, acolhimento de
demandas locais, reclamações, sugestões, críticas e contribuições advindas da
participação social. As consultas públicas são realizadas online por meio da
disponibilização de formulários para a população, que devem ser preenchidos com as
ponderações e sugestões e em reuniões presenciais, nas quais os técnicos apresentam
o Plano de Saneamento e discutem com a população as questões pertinentes. Acesse
os links a seguir e verifique exemplos destas consultas públicas, bem como verifique
como ocorreu a consulta pública do Plano de Saneamento Básico no município em que
você reside.
http://www.maringa.pr.gov.br/saneamento/
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/consulta-publica-smma/1111

Importante analisarmos aqui para construção do conhecimento acerca de uma


educação para a Gestão Ambiental, a diferenciação entre Educação Conservacionista e
Educação Ambiental.
Vamos tomar como base as reflexões de Layrargues (2012) sobre as
53
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

características destas duas propostas de educação. Segundo o autor, a principal


característica da Educação Conservacionista é o foco no ambiente não humano. Daí ser
também intitulada como “o estudo da natureza”, aborda basicamente as ciências
naturais como conteúdo a transmitir, e a sua principal mensagem é mostrar ao educando
os impactos decorrentes das atividades humanas na natureza, para então enfatizar os
meios tecnológicos capazes de enfrentá-los. Entendendo o problema ambiental como
fruto de um desconhecimento dos princípios ecológicos que gera “maus
comportamentos”, caberia à educação conservacionista, atuar como um instrumento de
socialização humana perante a natureza, criar “bons comportamentos”. Atuando neste
viés educacional são pensados apenas os impactos ambientais decorrentes das
atividades humanas, desenvolvendo atividades educativas que versam sobre questões
relativas aos efeitos dos processos degradadores do meio ambiente, como por exemplo,
processos erosivos associados ao pastoreio excessivo no campo ou então à expansão
urbana descontrolada, seja subindo as encostas dos morros da cidade, ou invadindo as
margens dos corpos d’água. Dessa forma, as práticas desenvolvidas mostram o
processo da erosão dos solos, deslizamentos de encostas, assoreamento dos rios e
enchentes nas cidades.
Todavia, procedendo assim, o enfoque está voltado para as consequências, ao
invés de serem propostas intervenções nas causas do problema. Esta metodologia não
se aplica aos princípios da Gestão Ambiental, pois como já verificamos em nosso
estudo, a estratégia do gerenciamento ambiental tem foco principal na prevenção,
através da identificação de possíveis causas geradoras de impactos ambientais, o que
se denomina relação aspecto-impacto, e proposição de medidas, sobretudo preventivas
para evitar a ocorrência de danos ambientais.
Retomando a análise feita por Layrargues (2012), o autor esclarece que, por
outro lado, a educação ambiental insere o ambiente humano em suas considerações,
sobretudo o urbano, promovendo uma maior articulação entre o mundo natural e o
mundo social. Com isso, transcende a perspectiva da abordagem de conteúdos
meramente biologizantes das ciências naturais e engloba aspectos socioeconômicos,
políticos e culturais das ciências sociais e humanas.
Já nesta metodologia de educação, diferentemente, procura enfocar as relações
de causa dos problemas ambiental como decorrentes de processos sociais. O processo
educativo tem objetivo de proporcionar, entre outros fatores, a construção de valores e a
54
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades voltadas para a participação


responsável na gestão ambiental. Onde o educador ambiental deve enveredar-se pela
delimitação das relações sociais, pela identificação dos conflitos de uso dos recursos
naturais e pela elaboração e implementação de políticas públicas. Ressalta-se que se a
educação ambiental quer realmente transformar a realidade, não basta investir apenas
na mudança de comportamentos, mas criar o entendimento de que os homens podem
optar por comportamentos, atitudes e ações políticas em direção a um projeto de
sociedade baseado na eficiência econômica, prudência ecológica e justiça social
(Layrargues, 2012).
Desta forma, podemos concluir que a Educação Ambiental é um importante
instrumento da Gestão Ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam
e participem das atividades de gestão ambiental, assumindo aquela, já descrita e
comentada, postura pró-ativa em relação à problemática ambiental, premissa essencial
ao gerenciamento integral dos recursos naturais com vistas à preservação ambiental.

55
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIFADEL, M.F.G. Mecanismo de desenvolvimento limpo: as ferramentas


presentes no mercado internacional e o desenvolvimento sustentável. Rio de
Janeiro, 2005. Monografia (Graduação). Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro,
2005.

ABNT – NBR 1004:2004. Resíduos Sólidos: Classificação.

Almeida, F. O mundo dos negócios e o meio ambiente no século 21. In: Meio
ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

Altieri, M. A. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. 2. ed. Rio


de Janeiro: PTA- FASE, 1989.

Andreoli, C. V.; Dalarmi, O.; Lara, A. I.; Andreoli, F. D. N. Limites ao


desenvolvimento da região metropolitana de Curitiba, impostos pela escassez de
água. IX Simpósio Luso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (SILUBESA).
Porto Seguro/BA. 2000.(aprovado para apresentação no SILUBESA - 09 a 14 de abril de
2000).

Baron, R. The tyranny of noise. New York: St. Martin´s Press, 1970.

Berrien, F.K. The effects of noise. Psychological Bull., n. 43, p. 141 – 161, 1946

Brundtland, H. G. Our Common Future (The Brundtland Report). Oxford: Oxford


University Press, 1987.

Caporal, F. R. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília:


MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.

56
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Cavalcanti, C. (org.) Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade


sustentável. São Paulo: Cortez; Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. 4ª ed.

CGEE. Manual de capacitação sobre mudança climática e projetos de mecanismo


de desenvolvimento limpo (MDL). Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos
Estratégicos, 2010.

CONAMA - Resolução nº 01, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e


diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental.
Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf

CONANA - Resolução nº 03 de 1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar.


Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100

CONAMA – Resolução no 20 de 1986. Estabelece a classificação das águas. Disponível


em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html

CONAMA - Resolução nº 306 de 2002. Estabelece os requisitos mínimos e o termo de


referência para realização de auditorias ambientais. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30602.html

CONAMA - Resolução no 375 de 2006. Define critérios e procedimentos, para o uso


agrícola de lodos de esgoto. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37506.pdf

Cones, J.D.; Hayes, S.C. Envionmental problems / behavioral solutions. New York:
Cambridge University Press, 1984.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível Em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

57
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Derisio, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. São Paulo: Signus


Editora, 2007.

Eigenheer, E. M. A História do Lixo: A Limpeza Urbana Através dos Tempos. Rio de


Janeiro: Editora Campus, 2009.

Felipetto, A.V.M. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: conceito, planejamento e


oportunidades. Rio de Janeiro: IBAM, 2007.

Fiorillo, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

Fogliatti, M. C. Avaliação de impactos ambientais: aplicação aos sistemas de


transportes. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

IBAMA. Qualidade Ambiental. disponível em:


http://www.ibama.gov.br/rqma/qualidade-ambiental

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.


Rompimento da Barragem de Fundão: Documentos relacionados ao desastre da
Samarco em Mariana/MG. 2016. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/recuperacao-
ambiental/rompimento-da-barragem-de-fundao-desastre-da-samarco/documentos-
relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg Acesso em: 03 de setembro de
2018.

Jacobi, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de


Pesquisa, n. 118, mar/2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/cp/n118/16834.pdf

Jaques, M. D. A tutela internacional do meio ambiente: um contexto histórico. Belo


Horizonte: Veredas do Direito, 2014, v.11, n.22, p.299-315.

Layrargues, P. P. Educação para a gestão ambiental: a cidadania no enfrentamento


político dos conflitos socioambientais. 2012. Disponível em
58
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

http://ambiental.adv.br/ufvjm/ea2012-1cidadania.pdf

Leal, C.T.; Peixe, B.C.S. Estudo dos indicadores de sustentabilidade ambiental no


Paraná com recorte para os recursos hídricos utilizando o geoprocessamento,
Gestão de Políticas Públicas no Paraná, 2009.

Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio


Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm
Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm

Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

MILARÉ, E. Direito do Ambiente. Doutrina – prática – jurisprudência – glossário. 2.


ed. São Paulo: RT, 2001.

Ministério do Meio Ambiente. Conceitos de educação ambiental. Disponível em:


http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental

Moraes, L. C. S. Curso de direito ambiental. São Paulo: Atlas, 2002.

Nobre M.R.C., Lemos C.L.N.; Domingues R.Z.I.; Gabriades R. Qualidade de vida,


educação em saúde e prevenção de doenças. Qualimetria 1994; 6: 56-9.

Odum, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

Rovere, E. L.; D’Avignon, A. Pierre, C. V.; Kligerman, D. C.; Silva, H. V. O.; Barata, M. M.
L.; Malheiros, T. M. M. Manual de auditoria ambiental. Rio de Janeiro: Qualitymark,
59
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

2001.

Sauvé, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa,


São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, maio/ago. 2005.

Schmidheiny, S. Mudando o Rumo, disponível em:


http://www.stephanschmidheiny.com/files/file/books/P-6-1-
Mudando%20o%20Rumbo_port.pdf, 1992.

Secco, R. C. Disponibilidade de Zinco Derivado de Lodo de Esgoto Urbano e de


Dejeito de Suínos Estabilizados pelo Processo N-Viro num Cambissolo háplico do
segundo planalto paranaense cultivado com milho, 2003. Tese Mestrado em
Programa de Pós-graduação em Agronomia, Área de Concentração Ciência do Solo -
Universidade Federal do Paraná.

Secco, R. C. Fitodisponibilidade de Zinco, Cobre, Cromo e Níquel de Lodo de


Esgoto (N-Viro Soil) e de Dejeitos de Suínos Aplicados Superficialmente a
Latossolo Vermelho Sob Plantio Direto, 2007. Tese Doutorado em Programa de Pós-
graduação em Agronomia, Área de Concentração Produção Vegetal - Universidade
Federal do Paraná.

Silva M. R.; Pessoa, Z. S. Educação como Instrumento de Gestão Ambiental numa


Perspectiva Transdisciplinar. 2013.
Disponível em http://cchla.ufrn.br/rmnatal/artigo/artigo19.pdf

Sirvinskas, L. P. Manual de direito ambiental. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

Soares, G. F. S. A proteção internacional do meio ambiente. Imprenta: Barueri,


Manole, 2003, 204p.

Stander, L.; Theodoro, L. Environmental regulatory calculations handbook. New


Jersey: John Wiley & Sons, 2008.

60
PÓS-GRADUAÇÃO UFPR

Viterbo Junior, E. Sistema Integrado de Gestão Ambiental. São Paulo: Aquariana,


1998.

Von Sperling, M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos.


Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 1996.

Witier PL. La qualité de vie. Revue Prevenir, 1997.

http://www.mma.gov.br/biomas

http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1405

http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1267

61

Você também pode gostar