As lendas do folclore Brasileiro são histórias que ouvimos de Avós, ouvimos que tal amigo viu, as
vezes nos mesmos já tivemos alguma experiência de, por exemplo, estar andando no mato e ouvir ou assovio, ou ir visitar aquele parente
distante que mora próximo a uma mata e as vezes ver luzes ou ouvir contos e relatos dos moradores locais. O fato é que todas essas
histórias, reais ou não, nos remetem ao tempo de infância, tempo em que víamos Sítio do Pica-Pau amarelo, que sentavamos em frente aos
mais velhos para ouvir seus histórias. E é esse convite que fazemos a vocês hoje, voltem ao passado, e entrem na floresta com a gente para
conhecer o Saci,Curipira e Caipora. Mergulhem para conhecer o Boto e a Iara e se emocionem com o Negrinho do Pastoreiro. Afinal a maior
magia ainda é a imaginação.
Iara
Folclore de origem indígena mais precisamente da região Amazônica, Iara também é conhecida através da lenda da Mãe d’agua. O nome
Iara ou Yara vem do indígena e significa “aquela que mora nas águas”. Conhecida como a bela sereia guardiã das águas dos rios. Com
grandes cabelos negros e de uma beleza extraordinária, Iara atrai os homens através da sua melodia.
Lenda
A história conta que, além de uma beleza invejável a jovem Iara possuía grande força e coragem o que fazia com que seus irmãos tivessem
raiva dela. Por essa razão, armaram um plano para matá-la. Ao contrário do que todos pensavam, no momento da batalha, Iara inverte a
situação e mata seus irmãos.
Com medo da punição do seu pai, Pajé da tribo, Iara resolve fugir da aldeia. Entretanto, o pai dela a encontra e a joga no rio. Os peixes
resolvem ajudar a jovem índia e a levaram para a beira do rio, transformando-a em sereia.
A lenda diz que a sereia usava do seu canto doce para hipnotizar os homens e atraí-los para as profundezas dos rios. Acreditam que os
homens que conseguem escapar do seu canto, ficam loucos e só podem ser curados por um Pajé (curandeiro).
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Boto cor-de-rosa
Lenda de origem metade cristã e metade africana porém originada no sul do país.
Conta a lenda que nos tempos da escravidão, um fazendeiro muito malvado machucava os escravos.
Em um dia de inverno, o fazendeiro mandou um menino escravo de quatorze anos pastorear os cavalos que acabava comprar. No final do dia,
ao contar os cavalos, faltava um. O fazendeiro então pegou seu chicote e deu uma surra no menino que sangrou muito. Mesmo machucado, o
fazendeiro fez o garoto ir atrás do cavalo que fugiu. O menino encontrou o animal, mas não conseguiu pegá-lo.
Voltando para a fazenda, o menino levou outra surra e como ato de crueldade o fazendeiro o amarrou nu em cima de um formigueiro.
No dia seguinte, o algoz foi ver o estado do corpo do menino e qual foi a surpresa ao ver que o corpo do menino estava sem nenhuma marca.
Ao lado dele estava Nossa senhora da Aparecida e mais adiante deles todos os cavalos, inclusive o que estava sumido.
O garoto beijou a mão da santa, montou no cavalo que havia sumido e partu conduzindo os outros animais.
Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fosse qualquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a
quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e
deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou /sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e
vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.
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Preso por sete anos entre um nó e outro do bambu, o Ŷaci-ŷaterê de pele morena nasce de dentro das taquaras do bambuzal. Quando
morrem, aos setenta e sete anos, ainda com cara de moleque, viram orelha de pau ou cogumelo venenoso. Sua mãe é a Mãe Natureza.
Para os indígena, o Saci possui duas pernas e até um rabicho. Endiabrado, coloca as tribos de pernas para o ar.
A chegada dos negros e a influência africana deu novas características a esse personagem do folclore brasileiro.
Nossos índios transformaram sua aparência, mas ainda permaneceu uma criança danada. Nesse contexto histórico de escravidão, o Saci
torna-se um negrinho fumante de “pito” e sem uma perna, perdida tragicamente num jogo de capoeira.
Da mitologia européia herdou um gorro vermelho cheio de poderes.
Esperto, brincalhão e muito desobediente, o Saci faz todo tipo de estripulias com pessoas e animais.
Entre todas essas características uma é unânime: sua personalidade travessa. Algumas pessoas acreditam que ele é mau outros dizem que
ele é apenas um garoto traquino que adora fazer pequenas travessuras, mas sem o intuito de fazer o mal, apenas de se divertir. Seja como for
diz a lenda que ele é muito peralta. Adora assustar os animais, prendê-los, criar situações embaraçosas para as pessoas, esconder objetos,
derrubar e quebrar as coisas, entre outras danações.
Diz a lenda que ele não é apenas um brincalhão ou um espírito mau. Tratar-se-ia de um exímio conhecedor das propriedades medicinais das
ervas e raízes da floresta. Se alguém precisa entrar na mata e pegar algo, portanto, tem que pedir autorização do Saci, pois entrando sem
permissão cairá inevitavelmente em suas armadilhas.
Também, suas traquinagens tinham como objetivo atrapalhar a entrada dos intrusos na mata, ou seja, no território indígena. Era
provavelmente uma forma encontrada pelos nativos de resguardar seu território da invasão dos indesejados homens brancos.
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CURUPIRA.
Um menino pequeno, de cabelo de fogo e com os pés virados para trás, para confundir os caçadores. Seu objetivo é proteger a natureza e os
animais, e para fazer isso ele pode ser bem perigoso.
Essa criatura usa de mil artimanhas para enganar a percepção dos caçadores, usando gritos, gemidos, ou fazendo com que eles pensem que
estão na trilha de um animal selvagem, só que na verdade estão perseguindo o próprio Curupira, que faz com que eles se percam na floresta.
Ele também encanta os caçadores para que eles andem em círculos e não consigam achar a saída da mata.
Porém o Curupira tem um ponto fraco: ele é extremamente curioso. Então para que os caçadores consigam escapar, eles devem pegar uma
corda e dar um nó, escondendo muito bem a sua ponta. Isso deixa o Curupira tão curioso sobre a ponta escondida, que ele se senta para
desfazer o nó e acaba esquecendo da pessoa, que se livra do encanto e consegue encontrar o caminho pra casa.
Mas ele não protege os animais apenas impedindo os caçadores. Quando uma tempestade está chegando, o Curupira atravessa a floresta
batendo nos troncos das árvores para verificar se elas são fortes para suportar a tempestade. Se ele percebe que uma árvore pode ser
derrubada pelo vento, ele adverte os animais para que eles não fiquem perto delas.
O Curupira também é chamado de senhor das árvores, porque ele protege os animais e a floresta, e entre os mitos indígenas o do Curupira é
sem dúvida o mais antigo, pois já era contado pela população indígena que habitava o Brasil no período pré-colombiano.
Sua história começou com os Nauas, que os contou aos Caraíbas e depois aos Tupis e Guaranis. Em 1560, o Padre José de Anchieta já
escrevia sobre a lenda do Curupira, descrevendo a criatura como “o demônio que acomete os índios”.
O Curupira é uma criatura de personalidade muito complexa. Muitas vezes ele aparece como um justiceiro, defendendo a natureza dos
caçadores e seringueiros, e agindo de forma impiedosa com quem maltrata sua casa.
Ele era muito temido tanto pelos índios quanto pelos navegantes, que o consideravam extremamente perigoso, e por isso sempre ofereciam
fumo e cachaça para tentar agradá-lo.
O motivo de tanto medo é porque ele não só faz as pessoas se perderem na floresta, mas também pode torturar e matar a quem o
desrespeitar.
A lenda também conta que o Curupira rouba crianças, levando-as para a floresta para brincar com ele. Ele enfeitiça essas crianças, que fogem
com ele e só retornam depois de sete anos, quando começam a se tornar adultos e não são mais interessantes para a criatura.
Apesar do medo e fascínio que ele desperta, a história do Curupira pode ser resumida como um mito da proteção da natureza. Esse ser,
representado por um menino, é uma força sobrenatural que defende as plantas e os animais da caça, da pesca e da extração de recursos feita
pelos homens, e por isso foi tão importante na época dos descobrimentos quanto ainda é hoje, sendo uma marca inesquecível na cultura
brasileira, e especialmente útil para a conscientização ambiental em crianças e adultos.
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A Lenda da Mula-sem-cabeça
Era uma vez, numa pequena cidadezinha do interior, uma mulher muito linda que se apaixonou pelo padre de sua paróquia. E este, não
resistindo aos seus encantos, se entregou.
Espere um pouco. Foi assim mesmo? Talvez tenha sido assim:Certa vez, um padre da paróquia de um distante povoado, se apaixonou pela
mais bela de suas fiéis e ela não resistindo à paixão, se entregou a ele.
Ou ainda, aconteceu simplesmente assim: Um homem e uma mulher se amaram. Mas, devido a ele ser padre, os amantes foram
amaldiçoados.
E desse modo surgiu a lenda da Mula-Sem-Cabeça.
Naquela época a culpa recaia sempre sobre a mulher. Geralmente a mulher era a pecadora, a bruxa malvada que seduzia o padre.
Posteriormente, o padre também acabou por pagar o seu quinhão diante da moral cristã. E é por isso que a lenda ganhou muitos nomes
como: Burrinha do Padre; Padre-Sem-Cabeça; Mula Preta; e Marola, no México.
Sua origem remonta o tempo medieval da "caça as bruxas". Os portugueses trouxeram essa história para o Brasil por volta do século XVI. Há
versões dessa lenda em muitos países tais como Argentina, Espanha, México, etc.Sabe-se que a versão norte americana do
Cavaleiro-Sem-Cabeça, é apontada como uma variação do mesmo tema.
A Mula-Sem-Cabeça se originou da mitologia dos povos da Península Ibérica e foi trazida de lá, pelos espanhóis e portugueses. Sobretudo,
essa lenda que se tornou popular é oriunda do paganismo latente de algumas práticas populares da época.
Ela foi adaptada pela sociedade judaico-cristã a fim de moralizar comportamentos que seriam inaceitáveis pela nova sociedade emergente.
Daí também ela ser equiparada às lendas das bruxas na Europa Ocidental.
Escolheu-se a mula e não outro animal qualquer por que ela representa o meio de locomoção de uso exclusivo dos padres do século XII.
Aqui no Brasil ela é mais popular nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, embora seja conhecida por todo o país.
A Mula –Sem- Cabeça faz suas aparições nos povoados e naquelas pequenas cidades onde há uma praça em frente à igreja e as casas ao
seu redor.
Em toda passagem de quinta-feira para sexta-feira (dia dedicado, nas culturas pagãs, às deusas do amor) ela escolhe uma encruzilhada e ali
se transforma na besta.
Ao voltar a si, a mulher amaldiçoada estará completamente nua, suada e exalando um forte cheiro de enxofre em alusão ao demônio que
quando surge deixa no ar o cheiro desse elemento químico.
Se acaso alguém passar correndo diante de uma cruz bem a meia-noite, a Mula-Sem- Cabeça aparece e vai atrás, trotando com seus cascos
de prata e mesmo que se diga que ela não tem cabeça, dá para ouvir o som de seu relinchar e o fogo saindo de suas ventas. De acordo com
aqueles que já a viram, é um espetáculo apavorante.
Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa e outras vezes seu galopar é acompanhado por longos relinchos.
Sua mente também sofre alterações, assim, mesmo que ela tenha sido uma mulher de modos delicados, com a transformação, ela
enlouquece, mata o gado, assusta as pessoas, destrói e faz confusão.
Na noite em que se transforma, deverá percorrer sete povoados a partir daquele onde ocorreu o pecado e se de repente, alguém cruzar seu
caminho, terá seus olhos, unhas e dedos devidamente arrancados, por isso, reza a crença do povo, que ao vê-la deve-se deitar de bruços no
chão e esconder bem os olhos, as unhas e os dentes para não ser atacado.
Quando surgir alguém com muita coragem, o que ainda não aconteceu,e tirar os freios de ferro de sua boca, o encanto será desfeito e a
Mula-Sem-Cabeça voltará a ser uma pessoa totalmente livre da maldição. Grata, ela se casará com seu bem feitor.
Existe uma lenda que dá a Deusa Lua Jaci um caráter masculino. Nela, antes de conhecer Guaraci, Jaci descia de vez em quando para
buscar alguma bela mulher e transformá-la em uma estrela para lhe fazer companhia. Ouvindo aquilo, uma bela índia chamada Naiá
apaixonou-se por Jaci e quis também virar estrela para brilhar ao lado de Jaci. Durante o dia, bravos guerreiros tentaram cortejar Naiá, mas
era tudo em vão, pois ela recusava todos os pedidos de casamento. E mal podia esperar a noite chegar para sair e admirar Jaci, que parecia
ignorar a pobre Naiá. Esperava sua subida e descida no horizonte e já perto da alvorada saía correndo em sentido oposto ao Sol para tentar
alcançar a Lua. Corria e corria até cair ofegante no meio da floresta. Noite apos noite, a tentativa de Naiá se repetia, até que adoeceu.
De tanto ser ignorada por Jaci, a moça começou a se definhar. Mesmo doente, não havia uma noite que não fugisse para ir em busca da Lua.
Numa dessas vezes, a índia caiu cansada à beira de um lago. Quando acordou, teve um susto e quase não acreditou: o reflexo da Lua nas
águas claras do lago a fizeram exultar de felicidade! Naiá, em sua inocência, pensou que a Lua tinha vindo se banhar no lago e permitir que
fosse tocada. Não dava para acreditar! Finalmente estava ali, bem próxima de suas mãos. Naiá não teve dúvidas: mergulhou nas águas
profundas, mas acabou se afogando.
E a deusa avistou. Jaci, tudo presenciara em silêncio, e não quis interferir. Mas, de súbito, apiedou-se da jovem que findará por conhecer o
amor, e que conheceu a sensação de nunca ser amada. Também mulher, a Lua sentiu as dores da índia e julgou por bem imortalizá-la, não
na terra, não nos céus, mas sobre o leito das águas.
Assim surgiu a estrela dos rios, cujas folhas espalmadas refletem as luzes dos céus e cujas pétalas exalam o perfume dos amores mais
impossíveis e das dores imponderáveis. Sua beleza reflete a alma de toda mulher que se afoga nas águas do seu próprio ser e cuja força é
capaz de fazer florir, nessas mesma águas, uma Vitória que seja Régia
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Caipora
A Caipora, também chamada de “Caipora do Mato”, é uma figura do folclore brasileiro, considerada a protetora dos animais e guardiã das
florestas.
Note que ela pode ser representada por um homem ou uma mulher. Isso vai variar de acordo com a região em que a lenda é relatada.
Sua origem está na mitologia indígena Tupi-guarani. Do tupi, a palavra “caipora” (caapora) significa “habitante do mato”.
Quando sente que algum caçador entra na floresta com intenções de abater animais, ela solta altos uivos e gritos assustando esses homens.
Sua intenção é cuidar desses animais e proteger o ambiente. Reza a lenda que sua força é maior nos dias santos e nos finais de semana.
Caipora é uma índia anã, com cabelos vermelhos e orelhas pontiagudas. Existem versões em que seu corpo é todo vermelho e noutras,
verde.
Ela vive nua nas florestas e tem o poder de dominar e ressuscitar os animais. Seu intuito principal é defender o ecossistema e, portanto, faz
armadilhas e confunde os caçadores.
Mediante diversos ruídos, ela distrai os caçadores oferecendo pistas falsas até que eles se perdem na floresta.
Além disso, ela tem o poder de controlar os animais e, por isso, os espanta quando sente que algo de mal pode acontecer.
Por outro lado, há relatos distintos para designar essa personagem folclórica. Noutras versões, a caipora é descrita como sendo um homem
baixo, de pele escura e muito peluda. Ele surge montado num porco do mato e sempre tem uma vara consigo.
Curioso notar que a Caipora fuma. Assim, com o objetivo de agradá-la e poderem caçar tranquilamente nas florestas, alguns caçadores levam
fumo de corda para ela. Na lenda, eles devem deixar o fumo próximo ao tronco de uma árvore.
Embora ela permita que eles cacem naquele dia, fica proibido abater fêmeas que estão prenhas.
Ainda existem versões em que a Caipora tem semelhança com o Saci-Pererê e anda numa perna só. Em outras, ela tem os pés voltados para
trás igual ao Curupira. Por isso, em alguns locais do Brasil, ela é confundida com o Curupira.
Alguns estudiosos afirmam que a Caipora surgiu da lenda do Curupira. Ou seja, para eles ela é uma derivação dessa personagem folclórica.
Quanto a isso, podemos notar aspectos similares entre as duas figuras, como por exemplo, serem protetores da floresta.
Ambos lutam pela preservação do ambiente e costumam assustar ou mesmo pregar peças nos caçadores, madeireiros, exploradores, etc.
Na versão em que Caipora é um homem, ele é considerado primo do Curupira.
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Matinta Pereira
A Matinta Pereira é uma ave de vida misteriosa e cujo assobio nunca se sabe de onde vem. Dizem que ela é o Saci Pererê em uma de suas
formas.
Aparece de noite nas vilas, cidades, povoados, atravessando o espaço com seu grito arrepiante. Ninguém sabe onde a Matinta mora. É
crença entre paraenses e amazonenses que existem velhas com o poder de transformar-se em Matintas. Assim, ouvindo seu grito os
moradores prometem, em voz alta, fumo.
Pela manhã, é quase certo que uma velha mendiga irá aparecer pedindo esmolas. É a Matinta que vem cobrar a promessa feita.
Outras vezes assume a forma de uma velha vestida de preto, com o rosto parcialmente coberto. Prefere sair nas noites escuras, sem lua.
Quando vê alguma pessoa sozinha, ela dá um assobio ou grito estridente, cujo som lembra a palavra: "Matinta Perêra..."
Não se sabe ao certo a origem da lenda, muitos dizem que se trata de uma feiticeira que usa da magia para se transformar em matinta. Os
mais velhos diziam que a sina de transformação seria hereditária, ou seja passaria de mãe para filha. No caso de não haver herdeira para a
sina matinta, a dona da maldição se esconde na floresta e espera que uma mulher passe por lá. Quando uma mulher finalmente passa, então
ela pergunta: "quem quer?". Se a moça responder: "eu quero!" então ela se torna ainda naquela noite a Matinta Perera
Para os índios Tupinambás esta ave, era a mensageira das coisas do outro mundo, e que trazia notícias dos parentes mortos. Era chamada
de Matintaperera.
Para se descobrir quem é a Matinta Pereira, a pessoa ao ouvir o seu grito ou assobio deve convidá-la para vir à sua casa pela manhã para
tomar café.
No dia seguinte, a primeira pessoa que chegar pedindo café ou fumo é a Matinta Pereira. Acredita-se que ela possua poderes sobrenaturais e
que seus feitiços possam causar dores ou doenças nas pessoas.
Em alguns lugares, se apresenta como um velho, a cabeça amarrada com um pano ou lenço, como se fosse uma pessoa doente, indo de
porta em porta, também a pedir tabaco.
Um ponto em comum em todas as versões encontradas, é que se trata de um indivíduo nômade, que anda a gritar, ou com seu assobio de
pássaro, ou a tocar uma flauta, sempre a pedir tabaco. No Tupi encontramos Mata como significado de coisa grande, e mati para coisa
pequena. No nosso caso da Matinta-Pereira, o mati significa um ente misterioso, nem ave, nem quadrúpede, nem serpente, mas tendo de
todos estes alguma coisa.
Mora nas ruínas, junto com onças, corujas e cobras.
Há na região Norte, sociedades secretas femininas chamadas de Tapereiras, que o povo chama de Mati-taperereiras. Às vezes usam do
medo que provocam na população para obterem vantagens. Conta-se que garotos de 10 a 14 anos, como serventes e nas noites sem luar,
saem a gritar imitanto a Matinta-pereira. O povo assustado fecha as portas e janelas, e todos se calam para não atrair o "demônio" para suas
casas.
Nos dias seguintes a essa noite, todos sabem que durante o dia chegará às suas portas uma velha a pedir tabaco. Nesse caso é melhor dar,
tabaco ou charutos, e mais alguma coisa para comer. Insatisfeita tentará entrar na casa; Satisfeita ela irá embora sem causar mal algum aos
moradores.
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A Lenda de Maní
Diz a lenda tupi que, certa vez, uma índia teve uma linda filhinha, a quem deu o nome de Mani. A menina era muito bonita e de pele bem clara,
alegre e falante, e era amada por todos.
Mani parecia esconder um mistério, era uma menina muito diferente do restante das crianças, vivia sorrindo e transmitindo alegria para as
pessoas da tribo.
Certo dia, porém, a indiazinha não conseguiu se levantar da rede. Toda a tribo ficou alvoroçada. O pajé correu pra acudir, levou ervas e
bebidas, fez muitas rezas.
Mesmo assim, nem as rezas do pajé, nem os segredos da mata virgem, nem as águas profundas e muito menos a banha de animais raros
puderam evitar a morte de Mani.
A menina morreu com um longo sorriso no rosto. Os pais resolveram enterrá-la na própria oca onde moravam, pois isso era costume dos
índios tupi. Regaram a cova com água, mas também com muitas lágrimas, devido à saudade da menina.
Passados alguns dias, no local em que ela foi enterrada, nasceu uma bonita planta. As folhas eram viçosas, e a raiz era escura por fora e
branquinha por dentro, lembrando a cor da pele de Mani.
A mãe chamou o arbusto de maniva, em homenagem à filha. Os índios passaram a utilizar a tal planta para fabricar farinha e cauim, uma
bebida de gosto forte. A planta ficou conhecida também como mandioca, mistura de Mani e oca (casa de índio). Por ser tão útil, tornou-se
símbolo de alegria e abundância para os índios – das folhas às raízes.
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Em algumas culturas, acredita-se que o lobisomem somente se transforma numa encruzilhada nas noites de sexta-feira e, ao amanhecer,
retorna à encruzilhada para se transformar em homem novamente.
Em outras regiões, acredita-se que o oitavo filho, com aparência pálida, orelhas grandes e nariz avantajado, provavelmente se tornará
lobisomem.
Por sua vez, há crenças que indicam que o lobisomem corresponde ao sétimo filho de um casal em que os anteriores sejam todos mulheres.
Quando isso acontece, acredita-se que o menino se tornará um lobisomem a partir da puberdade.
Isso quer dizer que o aniversário de 13 anos marcará o primeiro momento de transformação, o que acontecerá até ao final de sua vida em
todas as noites de lua cheia. Ao amanhecer, a criatura retorna às suas características de homem.
Há versões da lenda em que o lobisomem prefere raptar bebês não batizados e, por isso, muitas famílias batizam suas crianças rapidamente.
Por essa perspectiva, se a criança não for batizada, está propensa a virar um lobisomem.
Para combater o lobisomem, consoante a lenda, o indivíduo deve atingi-lo com objetos e balas feitos de prata ou o fogo.
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Uirapuru - Vedadeiro
O Uirapuru-verdadeiro é uma ave canora conhecida pelo seu canto particularmente elaborado, o que justifica que também seja conhecido
vulgarmente como músico ou corneta. É reconhecido, também, apenas por Uirapuru ou Arapuru, Guirapuru, Rendeira, Tangará ou Virapuru. O
termo é originário da língua Tupi-guarani "wirapu 'ru" e aplica-se ainda a outros Trogloditíneos e Pipríneos Amazônicos. É famoso pelo seu
canto e pelas lendas que o envolvem. É usado como talismã para trazer sorte na vida e no amor, sendo empalhado ou utilizado a sua pele.
A LENDA
Uirapuru é um ser mitológico, descrito como homem transformado em pássaro que os índios brasileiros consideram o rei do amor.
Diz-se que um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa de um grande cacique e, por não poder aproximar-se dela, pediu a Tupã que o
transformasse em um pássaro. Tupã atendeu seu desejo transformando-lhe em um pássaro vermelho-telha que à noite cantava para sua
amada.
Entretanto, quem notou fora o cacique que, fascinado, perseguiu o pássaro para prendê-lo, mas o Uirapuru se escondeu nas entranhas da
floresta e o cacique por lá se perdeu.
À noite o Uirapuru canta para sua amada, esperando que ela descubra seu canto.
Amuleto
O Uirapuru é considerado um amuleto capaz de proporcionar felicidade no amor, nos negócios e sorte
Unhudo
PRINCIPAIS HABILIDADES
Super-Força
Existe uma lenda muito antiga na cidade de Dois Córregos, no interior de São Paulo que aborda uma criatura que é uma espécie de
morto-vivo com roupas em péssimo estado, possuindo unhas grandes, e um chapéu de palha como acessório.
As histórias alegam que ele mora em uma das cavernas da Pedra Branca, em uma protuberância que fica bem próxima à divisa entre os
Mineiros do Tietê e os Dois Córregos. O Unhudo costuma atacar todos os que entram na mata com propósito ruim.
Certa vez, um rapaz foi apanhar jabuticabas e recebeu um tapa da criatura, quando acordou, estava do outro lado do Rio Tietê. O Unhudo
desperta medo principalmente em pessoas da zona rural, isso fez com que se tornasse a lenda mais famosa de Dois Córregos, e talvez uma
das mais famosas de todo o estado de São Paulo. É presumido que a visão que todos tem de uma criatura horrenda e tenebrosa, faz com que
essa lenda passe de geração para geração.
Observações
Apesar da lenda existir desde o começo do Século 20, foi somente no fim do mesmo que ela começou a se disseminar pela cultura brasileira
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