AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PORTELA E MOSCAVIDE Escola Secundária da Portela
Português – 12º ano 2019/20 Escola EB 2,3 Gaspar Correia
Ficha de Gramática – Funções sintáticas Escola EB1 Catela Gomes Escola EB1/JI Quinta da Alegria Escola EB1/JI Portela Nome ____________________________________________ N.º ______ Turma______ Data ___/____/2020 Classificação________________________ Prof.ª ______________
Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados no texto.
O Magistério de Caeiro Fernando Pessoa apresenta-nos (a) Caeiro como o centro do seu «drama em gente», o primeiros dos heterónimos, não só porque teria sido o que surgiu antes dos demais, mas também porque foi aquele que todos eles, assim como Pessoa, passaram a considerar o mestre. Como aos outros, a Caeiro foram atribuídos contornos biográficos (b) (por exemplo, 5 é-nos relatado que nasceu e morreu em Lisboa, mas que viveu grande parte da sua vida numa quinta do Ribatejo (c), tendo estudado pouco) e o mais relevante de entre eles é a sua morte precoce (1888-1915). Mestre cedo desaparecido (d), torna-se para os seus discípulos – sobretudo Ricardo Reis, Álvaro de Campos e António Mora – objeto de celebração e homenagem (e). Apresentam-no como o grande libertador, a cura para a 1 doença de existirem. Muitos são os textos em que desenvolvem leituras da sua poesia (f), 0 ponto irradiante a partir do qual cada um deles firma o seu trajeto poético e metafísico (g). O magistério de Caeiro funda-se na sua singularidade. A poesia de Pessoa, em nome próprio e nas outras assinaturas que (h) usou, mostra-nos sujeitos dilacerados pela angústia de se sentirem conscientes da sua consciência (i) e assim dolorosamente afastados da realidade exterior, condenados à evidência da impossibilidade de um sentido para o que existe. Para muitos dos grandes modernos, como para Pessoa e os seus outros 1 heterónimos, o «eu» é estrangeiro a si mesmo e o mundo está irremediavelmente distante (j). Dentro da 5 constelação heteronímica, a excecionalidade de Caeiro (k) reside na natureza radical dos seus versos que (l) dizem a procura da visão plena e inquestionada das coisas e, assim, da possibilidade de uma relação real entre sujeito e objeto. Deste modo, a poesia de Caeiro inaugura um território especulativo que visa anular o núcleo metafísico do universo poético pessoano, obsessivamente [é] dominado pela ausência de sentido que vê em tudo (m). Anúncio do encontro consigo e com o mundo, Caeiro aponta a felicidade de saber ver a pura existência das 2 coisas (n). A sua poesia dá a ver um projeto epistemológico e ético que deseja superar o que dilacera o sujeito (o). 0 A defendida «aprendizagem de desaprender» consiste em suspender o pensamento e a consciência (p), elegendo as sensações como modo de apreensão direta (q) da realidade (r). Caeiro diz atingir uma relação imediata com o mundo porque vê com perfeita nitidez a sua natureza e compreende a sua lição (s): cada coisa é só o que é, na sua absoluta diferença e irrepetibilidade, sem nenhuma verdade transcendente, e o contentamento está em saber aceitar com a mesma inocência o que existe e o que desaparece. Eis uma paz que é o avesso de Pessoa. Mas fica 2 desde logo explícito (t) o seu ponto paradoxal (u): «Há metafísica bastante em não pensar em nada», explica 5 Caeiro, poeta assim bastante metafísico. Como dizer esta maneira de pensar o não pensar? Caeiro busca uma poesia simples e evidente (v), que afaste toda a ganga retórica que torna as coisas no que elas não são (w). Essa procura implica aprender a desaprender a poesia, os seus artifícios e os seus excessos. Os poemas mostram o constante esforço de encontrar as palavras justas, que possam dizer a existência na sua nudez (x). [...] 3 Cada poema de Caeiro é uma maneira diferente de dizer o seu postulado: às vezes os versos condensam 0 lapidarmente todo o seu credo (y), outras estendem-se em explicações programáticas; às vezes são as imagens a definir a verdade entrevista, outras é uma pequena narrativa a dizê-la. Em todos podemos ler a urgência em mostrar-se aos outros como aquele que soube a verdade, foi feliz (z) e deixou escrita a notícia da sua felicidade. PATRÍCIO, Rita, 2015. “O Magistério de Caeiro”, in Poesia de Alberto Caeiro, Expresso-Alêtheia Editores (pp. 4-7) 3 5
O CO é um compl. Do VERBO VS O CNome é um compl de um NOME