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Memória física é usada para codificar novas


propriedades em materiais
Com informações da Universidade da Pensilvânia - 20/01/2020

Exemplos de sistemas desordenados, incluindo um conjunto denso de discos, uma rede baseada em compressão, uma folha com furos
desordenados e uma rede aleatória baseada em uma estrutura triangular. [Imagem: Nidhi Pashine et al. - 10.1126/sciadv.aax4215]

Materiais com memória

O conceito de DNA das Coisas, que permite replicar qualquer objeto, pode ser muito mais amplo e
versátil do que se pensava.

Ocorre que certos tipos de materiais têm uma "memória" de como eles foram processados,
armazenados e manipulados - e essa memória ocorre naturalmente, sem precisar inserir neles
moléculas de DNA contendo essas informações. E é também um fenômeno diferente dos materiais
com memória de fase, já em uso em diversas aplicações.

Pesquisadores foram capazes de usar essa memória para controlar como um material envelhece e
codificar propriedades específicas que lhe permitam executar novas funções.

Materiais auxéticos

Uma propriedade importante que os cientistas de materiais gostariam de controlar é como um


material responde quando uma força externa é aplicada. Quando a maioria dos materiais é esticada
em uma direção, eles encolhem perpendicularmente e, quando compactados, expandem
perpendicularmente. Lembre-se de um elástico: Quando ele é esticado, ele torna-se mais fino e,
quando comprimido, torna-se mais grosso.

Os materiais que se comportam de forma oposta a isso - encolhem perpendicularmente quando


compactados e se tornam mais grossos quando esticados - são conhecidos como materiais
auxéticos.

Esses materiais são raros, mas têm uma capacidade superior na absorção de energia de choques e
impactos e são mais resistentes a fraturas, o que os torna promissores para um sem-número de
aplicações.
Nidhi Pashine e seus colegas das universidades da Pensilvânia e de Chicago, nos EUA, tiveram a ideia
de usar a "memória" de um material desordenado das tensões a que ele foi submetido anteriormente
para transformar o material em algo novo. Primeiro, eles fizeram simulações por computador de
materiais normais sob pressão, alterando seletivamente as ligações atômicas para ver quais
mudanças poderiam fazer o material tornar-se auxético. Eles descobriram que, cortando as ligações
ao longo das áreas com maior estresse externo, seria possível criar um material auxético.

Bastou guiar o envelhecimento do material para que ele apresentasse a propriedade de expansão sob
compressão.
[Imagem: Nidhi Pashine et al. - 10.1126/sciadv.aax4215]

Projeto de materiais artificiais

Usando seus cálculos, a equipe pegou um material parecido com isopor e lhe acrescentou "memória"
ao permitir que ele envelhecesse sob tensões específicas. Para tornar o material auxético, eles
aplicaram sobre ele uma pressão constante e deixaram-no envelhecer naturalmente. "Com a coisa
toda sob pressão, ele se ajustou. Ele passou de um material normal para um metamaterial mecânico,"
descreveu a professora Andrea Liu.
Segundo Liu, esse processo incrivelmente simples, mas eficaz, é um passo rumo a um "santo graal"
da ciência dos materiais: Poder criar materiais com estruturas específicas, em nível atômico, sem a
necessidade de equipamentos de alta resolução e sem manipulações na escala atômica.

A desvantagem é que essa abordagem exige muita paciência, enquanto o sistema ganha "memória"
ao envelhecer naturalmente.

Mas esta demonstração também tem uma forte conexão com as estruturas da biologia. Órgãos,
enzimas e redes de filamentos são exemplos naturais de sistemas desordenados difíceis de serem
imitados por versões sintéticas devido à sua complexidade. Agora, os pesquisadores podem usar
essa abordagem mais simples como ponto de partida para criar estruturas artificiais complexas
inspiradas na ampla gama de propriedades vistas na biologia.

Liu afirma que se trata de uma maneira "totalmente diferente" de pensar sobre fazer novos materiais:
"Você começa com um sistema desordenado e, se aplicar as tensões certas, pode fazê-lo sair com as
propriedades que deseja," disse ela.

"Nesta fase, as possibilidades parecem ilimitadas," disse seu colega Sidney Nagel. "Somente com
mais trabalho teórico e experimentação começaremos a entender quais são os limites deste novo
conceito de projeto de materiais".

Fonte:  Site Inovação Tecnológica- www.inovacaotecnologica.com.br


URL: https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=memoria-fisica-usada-
codificar-novas-propriedades

 
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