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I - RELATÓRIO
No processo comum supra identificado, após a realização da audiência
de julgamento, foi proferida sentença que decidiu:
1. Julgar a acusação pública procedente e, em consequência:
- Condenar o arguido A. pela prática, em autoria material e na forma
consumada, de um crime de furto simples p. e p. pelo artigo 203º, n.º 1,
do Código Penal, na pena de 250 dias de multa, à taxa diária de 6,00€ ,
perfazendo o montante global de 1500,00€ .
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07/06/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
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Ao recurso do arguido, respondeu a Magistrada do Ministério Público
junto do tribunal recorrido, defendendo a sua improcedência.
Nesta instância o Exmº Procurador-Geral Adjunto emitiu parecer nos
seguintes termos:
«Independentemente da decisão que esta Relação venha a tomar em
relação ao recurso interposto pela lesada/demandante civil, parece-me
que a sentença incorreu em contradição insanável entre a
fundamentação e a decisão, já que na matéria de facto não deu como
provado o valor do prejuízo que foi causado à lesada e na
fundamentação condena o arguido em multa, determinando a pena de
multa, entre outras coisas, o valor do prejuízo causado.
(…) Nesta conformidade sou de parecer que deve ser declarada a
nulidade da sentença e reenviado o processo para que a mesma seja
reparada, mas, caso assim não seja entendido, deverá ser dado parcial
provimento ao recurso quanto à medida concreta da pena aplicada, a
qual deve ser diminuída.»
Cumprido o disposto no n.º 2 do artigo 417º do CPP, não foi obtida
resposta.
Os autos tiveram os vistos legais.
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II- FUNDAMENTAÇÃO
Da sentença recorrida consta o seguinte:
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“ Factos provados
Da acusação pública
1. A ofendida B. é uma sociedade comercial que exerce a actividade de
Operador de Redes de Distribuição, no território continental de
Portugal, em regime de serviço público, sendo titular da concessão
para a exploração da Rede Nacional de Distribuição (RND) de
Energia Eléctrica em Média Tensão (MT) e Alta Tensão (AT), por
concessão do Estado, e da exploração das concessões de distribuição
de energia eléctrica em Baixa Tensão (BT), por concessão dos
municípios.
2. Em data não concretamente apurada, mas situada entre o dia 19 de
Junho de 2017 e o dia 31 de Julho de 2017, o arguido A. concebeu o
plano de estabelecer o fornecimento de energia eléctrica à casa
unicamente, por si habitada, sita na (…).
3. Para a concretização do aludido plano, o arguido, em data não
concretamente apurada, mas situada entre o dia 19 de Junho de 2017 e
o dia 31 de Julho de 2017, de forma, não concretamente apurada,
efectuou uma ligação directa da rede pública de fornecimento de
energia eléctrica à sua casa de habitação, sem que tivesse contrato
activo com qualquer comercializador de energia.
4. A energia eléctrica, assim obtida, foi consumida pelo arguido.
5. No dia 01 de Agosto de 2017, pelas 15 horas e 20 minutos, através
de acção de fiscalização efectuada por funcionários da ofendida, foi
detectada a referida ligação directa, tendo sido elaborado um auto de
inspecção.
6. Nessa sequência, aqueles funcionários desligaram e retiraram todos
os cabos ligados pelo arguido à rede pública de fornecimento de
energia eléctrica.
7. O arguido com a conduta que levou a cabo apropriou-se de um
número não concretamente apurado de quilowatts de energia eléctrica
pertencente à ofendida.
8. O arguido A. actuou de forma livre, voluntária e consciente, com o
propósito de integrar no seu património a referida energia eléctrica
apesar de saber que a mesma não lhe pertencia e que actuava contra a
vontade e sem o consentimento da ofendida, legítima proprietária
daquela.
9. O arguido actuou sempre de forma deliberada, livre e consciente,
bem sabendo que a sua descrita conduta era censurada, proibida e
punida por lei penal.
Das condições pessoais e económicas do arguido:
10. O arguido não tem antecedentes criminais.
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APRECIANDO
O âmbito do recurso define-se pelas conclusões que os recorrentes
extraem da respectiva motivação, de acordo com o estabelecido no
artigo 412º, n.º 1 do CPP, sem prejuízo, contudo, das questões de
conhecimento oficioso.
Nos recursos interpostos, as questões suscitadas são:
a) pela B:
- a validade do pedido de indemnização civil apresentado por correio
electrónico;
b) pelo arguido:
- a errada apreciação da prova, com violação dos princípios da
presunção de inocência e in dubio pro reo;
- subsidiariamente, a redução da pena de multa aplicada.
DESPACHO
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(…)
Pelo ilustre mandatário da B. foi pedida a palavra e, no seu uso, disse:
A B., na qualidade de ofendida neste processo, tendo deduzido pedido
de indemnização cível a 12 de fevereiro de 2019 por e-mail da ordem
dos advogados do mandatário (…), devidamente assinado e validado
pela mesma ordem dos advogados, requer, face ao despacho proferido
pela M.ma Juiz, que seja dada entrada neste momento, que se pretende
apresentar desde já.
Caso assim não se entenda, deverá ser admitido posteriormente, a título
de reparação da vítima em casos especiais, no artigo 83-A do C.P.P., e
para além disso relativamente ao despacho da M.ma Juiz, caso invalide
a admissão do pedido de indemnização cível, essa invalidade, serve
como se não tivéssemos apresentado o pedido de indemnização cível,
ou seja: não deverá ser a B. condenada em taxa de justiça.
Este requerimento encontra-se gravado através do sistema integrado de
gravação digital, disponível na aplicação informática em uso neste
Tribunal, com início às 11:31:05 horas e fim às 11:32:24 horas.
DESPACHO
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PIC.
Porém, não constando o PIC nos autos de acordo com a informação do
Sr. Oficial de Justiça, desconhece-se se o respectivo e-mail foi
efectivamente recebido.
Mas sabe-se que, tendo o PIC sido enviado, tempestivamente, por
correio electrónico para os Serviços do MP do Fundão, o facto de não
se encontrar junto aos autos não pode ser imputável à
lesada/demandante.
Deste modo, a fim de ficar comprovado nos autos o efectivo
recebimento do PIC, deve a lesada/demandante B. ser notificada para,
em prazo a designar, vir juntar aos autos os originais (em suporte de
papel) do PIC que formulou.
Após o que, deverá ser reaberta a audiência de julgamento para
inquirição das testemunhas arroladas, proferindo-se nova sentença em
conformidade.
Fica, assim, prejudicado o recurso interposto pelo arguido.
*****
III- DECISÃO
Face ao exposto, acordam os juízes da secção criminal deste Tribunal
da Relação em:
- Revogar o despacho proferido em sede de audiência de julgamento
(sessão de 30-5-2019 – fls. 105v), que indeferiu liminarmente o PIC
apresentado e, condenou a lesada nas custas do incidente, devendo a
lesada/demandante B. ser notificada para, em prazo a designar, vir
juntar aos autos os originais (em suporte de papel) do PIC que
formulou.
Após o que, deverá ser reaberta a audiência de julgamento para
inquirição das testemunhas arroladas, proferindo-se nova sentença em
conformidade.
Sem tributação.
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[1] - O prazo de 7 dias previsto no n.º 3 do art. 4º, passou para 10 dias,
nos termos do disposto no art. 6º n.º 1, al. b), do DL n.º 329-A/95, de
12 Dez..
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