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1 - Introdução.
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise exploratória sobre a prática de confronto de
padrões no ensino de negociação com o uso de filmes.
1
V. Mathias et allii (1994), para uma análise mais detalhada deste problema.
2
Bazerman & Neale (1995) discutem a diferença entre experiência e perícia (v. cap. 12).
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Como pondera Ellis (1994): “ ‘One of the problems that business has is that new employees come in with a school mind-
set’, says GE Capital Corp. Senior Vice-President James A . Colica. ‘They don’t understand things, they just repeat them
by rote.’”
4
Ou, em outras palavras, falta fazer a ponte entre conhecimento ‘primário’ (a teoria, o que se aprende a partir dos livros)
e conhecimento ‘secundário’ (a verificação dos limites e da aplicabilidade da teoria à prática; (Russo & Schoemaker,
1989).
melhor. Parte-se do entendimento de que é possível melhorar o desempenho como
negociador através da memorização de certos fatos associados àquelas recomendações.
Uma vez que o que sabemos basicamente toma a forma de histórias (Schank, 1990), parece
lícito supor que o ensino de negociação por meio de exemplos e de histórias ou casos pode ser
um caminho produtivo para discutir e incorporar a teoria ao repertório cognitivo do aprendiz.
Com efeito, tal caminho em geral é muito usado, consistindo basicamente de narrativas de
exemplos ou histórias por parte do professor, ou então do uso de casos escritos para discussão
em classe.
Pesquisas têm demonstrado que, comparado a métodos diretivos de ensino, sob certas
condições o emprego do caso pode contribuir para que o aprendizado se dê com maior
retenção. Não se trata de problema destituído de importância: quando a aula expositiva é o
modo dominante de ensino, os alunos esquecem até 50% do conteúdo aprendido em alguns
meses (Garvin, 1991).
São variadas as formas pelas quais um caso pode ser empregado como ferramenta de aula:
- Exposição;
- teorização de um conceito;
- ilustração de uma situação;
- coreografia (Rangan, 1995).
Um outro modo de transmitir histórias e casos é usar filmes.
Optamos por traduzir “pattern matching” por “confronto de padrões”. A expressão pressupõe
que padrões sejam antes reconhecidos, e depois cotejados. O termo “pattern” em inglês tem
um significado rico: modelo, plano, classe, tipo, amostra, modo regular de agir ou fazer, rota
prescrita ou previsível e outros (Guralnik, 1986). Um padrão pode ser entendido como um
arranjo específico e não casual de objetos ou elementos que podem ser encontrados tanto na
teoria quanto na realidade5. Neste trabalho estaremos interessados no ‘modo regular de agir
ou fazer’, que está presente em situações de negociação e é neste sentido que nos referiremos
a ‘padrões de negociação’.
Praticamos reconhecimento de padrões todos os dias, sob diversas formas6. Seja no plano dos
conceitos, dos eventos ou dos processos, cada pessoa dispõe na mente de um repertório
comparável a um estoque de padrões. Pela interação com o mundo real, tal estoque está em
contínua reformulação e as possibilidades de leitura da realidade são infinitas.
Na medida em que auxilia na filtragem e na renovação desse repertório, o uso de filmes
contribui para ampliar o arsenal de que o sujeito da aprendizagem pode lançar mão para lidar
com diferentes situações.
Pela confrontação entre padrões de constructos e observações da realidade pode-se avançar na
validação desses constructos; caso porém se esteja lidando com conceitos já validados, o
avanço pode se dar na familiaridade com a aplicação desses conceitos. A tarefa de um
pesquisador normal, no sentido kuhniano, reside em tentar confirmar na observação da
realidade os padrões que sabe existirem na teoria7 para atestar sua correção, corrigi-la ou
reformulá-la. De um aluno em situação de aprendizado pode-se esperar que encontre na
5
Trochim (1997) comenta que as teorias implicam certos padrões, mas não se confundem com eles. As teorias não se
encontram fora da realidade, mas pertencem à dimensão das idéias.
6
Bush (1996) refere-se à atividade de leitura como um processo de pattern matching que envolve múltiplos níveis:
“Elementary features (letters and words) activate specific neuronal elements in visual cortex, tuned to respond to precisely
these stimuli. (...) The process of understanding is neurally the same process as perception - matching input patterns to
already existing patterns in each cortical area”.
realidade padrões que consiga associar com os da teoria que esteja a estudar. A confrontação
de padrões corresponderá, em ambos os casos, à tentativa de vincular um padrão teórico e um
observado na realidade. Na figura 1 temos que a tarefa de conversão de idéias em padrões
teóricos precisa ser completada pela organização de dados observados em padrões de
observação, para que a comparação entre ambos seja possível.
Campo teórico
TEORIAS, IDÉIAS E CONCEPÇÕES
PADRÃO TEÓRICO
CONFRONTO
Campo da observação
PADRÃO OBSERVADO
OBSERVAÇÕES, MENSURAÇÕES
(INFORMAÇÕES)
Quer tenhamos consciência disso ou não, a tarefa de comparar teoria e fenômenos se faz por
meio do mapeamento de um sistema de conceitos, análise dos dados disponíveis e
7
Volz (1996) descreve pattern matching como simplesmente um confronto entre quaisquer padrões; “(...) in the case of
evaluation, the patterns are those of the theory as visualized and the outcome revealed in the post-tests”.
estabelecimento de relações entre os conceitos mapeados e os dados analisados com vistas ao
reconhecimento e à comparação de padrões eventualmente existentes.
Reconhecer e confrontar padrões são práticas significativamente discutidas e disseminadas já
há algum tempo nas ciências físicas; na área das ciências humanas seu uso sistemático é
menos comum, muito embora tenha sido preconizado há algum tempo8. Yin (1989: 33) se
refere ao uso de “pattern matching” como uma idéia de Donald Campbell: “... whereby
several pieces of information from the same case may be related to some theoretical
proposition.”
Exemplos do emprego de pattern matching estão presentes na biologia molecular 9, na
construção de linguagens de programação10, no projeto de softwares para mapeamento de
conceitos11, na resolução de problemas geométricos12 e na inteligência artificial13 , só para
citar algumas possibilidades concretas e de fácil entendimento.
Em um grau elevado de abstração, por outro lado, podemos situar o reconhecimento de
padrões como idéias presentes em formas refinadas de construção e representação mental.
Uma modalidade especialmente complexa da interpretação de conjuntos de signos de uma
obra (uma novela, um romance ou um filme, por exemplo) está na percepção de metáforas
como parte da mensagem, a partir de certos padrões que são tratados pelo interpretador como
indícios dotados de significado simbólico. Elementos da obra podem ser entendidos, por
exemplo, como manifestações da cultura; podem estar a expressar, com limitações, traços da
ética dominante e servir de base para seu próprio questionamento. Nesse caso a perspectiva
escolhida pelo autor para interpretação, sua visão de mundo e os objetivos da análise
compõem um conjunto ao qual o conteúdo está inextricavelmente ligado14. Conquanto
subjetiva, a interpretação e suas conclusões não são exclusivas do autor: o observador da
realidade estará operando de forma científica se, dentre outras coisas, suas constatações
8
Na área de humanas, ao que nos consta, uma das primeiras citações sobre o potencial do uso deste método de análise
deve-se a Bateson (1972). Note-se, entretanto, que este autor refere-se ao uso de “pattern matching” de um modo geral e
pouco preciso em vários trechos do livro citado. Em um livro posterior, este autor faz a seguinte pergunta: “What pattern
connects the crab to the lobster and the orchid to the primrose and all the four to them and me? And me to you? And all
the six of us to the amoeba in one direction and to the back-ward schizophrenic in another?” (Bateson, 1979; pág. 8).
Neste contexto, o autor está-se referindo ao “pattern wich connects”, que corresponde à grande relação sistêmica
existente, neste caso, a todas as formas de vida.
9
É o caso do Stefan Kurtz Project, no Arizona. V. URL: <http://cs.arizona.edu/personnel/kurtz.html>.
10
Um exemplo é a Refus Functional Programming Language. V. URL: <http://cognac.informatik.uni-
kl.de/persons/reinhard
/refus.abstract.html>.
11
Um exemplo de software concebido para esse fim é o Metamorph:“Metamorph locates intersections of concepts in text
(...)”. V. URL: <http://www.vais.net/~ppptac/meta.htm>.
12
Uma aplicação a problemas de geometria pode ser encontrada em URL:<http://www.dei.unipd.it/english/rpd/activities
/cj/concepts/F.2.2.html>.
13
Teixeira (1996) qualifica a inteligência artificial como uma disciplina em crise, pela incapacidade de reconhecer
padrões visuais.
14
Matthew Shirts(1997), ao comparar dois filmes, faz comentário bem-humorado quanto às diferenças de
perspectiva no reconhecimento da expressão metafórica de elementos culturais. Ele próprio faz referência a
artigo de Roberto da Matta que mostra pela análise de uma narrativa romanceada a ambigüidade como
característica da cultura brasileira.
obedecerem ao princípio epistemológico da consensibilidade15, isto é, deverá ser capaz de
reconhecer padrões também reconhecíveis por outras pessoas.
Uma aplicação muito apropriada, embora não rotulada como “pattern matching”, foi a
apresentada por Zusman (1994) em análise de filmes que teve por base de referência o
arcabouço de conceitos freudianos; nesse estudo, procedeu à decodificação das mensagens
contidas em cenas e na estrutura narrativa tendo por base um sistema de conceitos
preexistente e consagrado.
Em atividades de aprendizado, há situações que requerem antes enquadramento que análise;
nelas, é menos necessário descobrir vínculos causais, explicar fenômenos ou entender
processos do que reconhecer padrões capazes de orientar ações.
A aplicação do conhecimento adquirido pela educação requer, por sua vez, o reconhecimento
de situações, eventos ou processos para os quais um tipo de ação seja apropriado e a
comparação deles com o conjunto de alternativas práticas disponíveis. Estamos nos referindo
à detecção de condições mínimas para que certa prática se verifique e também à percepção de
nuances e traços distintivos de uma situação que um indivíduo não preparado poderia ter
dificuldade em perceber. A decisão por certo curso de ação deve partir da escolha do tipo
(gênero) e da modalidade (específica) de ação requerida, a qual se faz baseada em certos
indícios que requerem alguma espécie de preparo anterior.
Percebem-se vantagens no emprego consciente de instrumentos para que o reconhecimento e
o confronto de padrões se dêem de forma organizada; o pressuposto, no caso de negociação, é
que existem regularidades que podem ser descobertas pelo aprendiz se for suficientemente
ensinado quanto à maneira de o fazer. Uma das vantagens de instrumentalizar o uso do
reconhecimento e o confronto de padrões como método de análise é que esse processo
permite transferir para o aprendiz parte da responsabilidade pela aquisição de conhecimento,
incentivando assim o aprendizado ativo.
O processo de enquadramento de situações em um arcabouço conceitual pode ser subdividido
em cinco processos mentais distintos, a saber: (1) pré-seleção do objeto; (2) reconhecimento;
(3) comparação; (4) mensuração do grau de semelhança; (5) indexação. Para levar a cabo
esses processos mentais, a instrumentalização de um processo de pattern matching pode ser
pensada do seguinte modo:
a) Inicialmente é necessário um conjunto de esforços prévios de conceptualização,
situados fora do contexto da situação, mas organizados de forma a ser possível para o
aprendiz lidar com os conceitos;
b) a organização dos conceitos sob a forma de mapeamento, de maneira a facilitar o
trabalho posterior de detecção de padrões;
c) a triagem dos dados, tendo por referencial um padrão preliminar menos seletivo;
d) o registro sistemático e detalhado dos dados disponíveis;
e) comparação sistemática entre os conceitos mapeados e cada situação registrada;
f) detecção de relações, por similaridade, entre conceitos e situações;
g) avaliação organizada das semelhanças entre conceitos e situações;
h) esforço de síntese, sob a forma de retorno interativo ao arcabouço que serviu como
estrutura de referência para avaliação dos padrões encontrados em termos de convergência e
buscando construir um quadro de contextualização.
Acredita-se que seqüência semelhante de passos possa ser empregada na análise de
fenômenos, situações ou processos de espécie variada. Seja quantitativa ou qualitativa a
pesquisa, caberão ao pesquisador os cuidados quanto ao emprego de formas confiáveis de
15
Mariconda (1996) explica que a tese da consensibilidade perceptual se apóia “numa faculdade comum a todos os
homens: a capacidade de reconhecimento de padrões”. Diz ainda que “é consensual (objetivo) o que pode ser testado por
qualquer um”.
representação da realidade e quanto ao emprego de um processo de mapeamento de conceitos
que não distorça o arcabouço original.
4 - O uso de filmes.
O uso de filmes em educação e em treinamento é antigo. Sua forma mais comum é o emprego
de filmes concebidos e produzidos especificamente para fins de treinamento e/ou ensino.
Usam-se também obras cinematográficas para o mesmo fim. Filmes como ‘Doze homens e
uma sentença’ (para mostrar a mudança de ponto de vista e negociações) ou ‘Almas em
chamas’ (para mostrar problemas relacionados com liderança) vêm sendo utilizados há muito
tempo16. Da mesma forma, usam-se cenas de diferentes filmes de cinema para ilustrar ou
basear a discussão acerca de certo assunto (Oliveira, 1996; 1997).
Neste caso, por questão de economia, optamos por apresentar um sumário apenas das
cenas diretamente relacionadas com a análise em pauta.
Os entendimentos sobre a construção da bomba atômica e seu lançamento envolveram
grande número de negociações, que ganham sentido se entendidas em seu conjunto.
Apresentamos a seguir uma breve indicação das principais cenas do filme, que facilitará para
o leitor a tarefa de se situar em relação ao contexto das situações escolhidas para análise. Para
identificação das cenas, escolhemos um sistema de codificação formado por três termos
indexadores, separados por um ponto, como segue:
Exemplo: Cena V. 17.1251 - Quinta cena, iniciada aos dezessete minutos, aos 1251
giros da fita.
CENA DESCRIÇÃO SUMÁRIA
V. 17. 1251 Coronel Groves, do Exército dos EUA, é indicado para
organizar a operação de pesquisa. Pede para ser nomeado
general, o que facilitaria o processo. É-lhe sugerido criar uma
comissão com sete a nove pessoas; prefere que sejam somente
três.
X. 31. 2048 Cogita-se desenvolver a bomba em Chicago. Groves é alertado
para os supostos riscos da empreitada.
XI. 33. 2048 Groves comunica ao cientista uma nova política: não deverão
mais discutir uns com os outros as descobertas. Szilard se
revolta, e Groves recorda que o único objetivo ali é construir a
bomba.
XXVI. 88. 4517 Cogitado o uso de escudos explosivos no processo de implosão.
Formam-se novas equipes, com mais pessoas e equipamento.
XXX. 106. 950 Cientistas sugerem a possibilidade de que a bomba não seja
usada. Groves dá a medida de seu comprometimento: dois anos
e US$ 2 bilhões.
XL. 121. 1830 Anunciada a rendição da Alemanha. Surge a idéia de
bombardear o Japão. Estudam-se alternativas. Groves confirma
a continuidade da guerra.
XLII. 124.2040 Cientistas pedem ao governo que esclareça a posição quanto ao
lançamento da bomba. Analisa-se o tempo que a União
Soviética levaria para desenvolver a bomba. Pondera-se que a
Checoslováquia possui urânio. Discutem-se prós e contras de
divulgar a existência da bomba. Comentam-se os US$ 2 bilhões
gastos no projeto e o poder dissuasivo da bomba em relação aos
soviéticos.
XLIII. 128. 2250 Em reunião da comissão, Oppenheimer fala do poder de
destruição da bomba de plutônio, e dos estudos sobre a bomba
de hidrogênio. Estuda-se a possibilidade de convidar cientistas
russos para um teste. Estudam-se as conseqüências de lançar a
bomba no Japão, e a possibilidade de um aviso anterior ao
lançamento (que é descartada por acabar com o efeito surpresa).
Cogita-se fazer uma demonstração.
XLVII. 145. 2990 Estuda-se a possibilidade de fazer demonstração da bomba para
induzir os japoneses à rendição. Oppenheimer comenta a
possibilidade de falha. Estuda-se a possibilidade de dar um
aviso prévio acerca do bombardeio, rejeitada. Decide-se que
não haverá demonstração nem aviso prévio e que a rendição
deverá ser incondicional. Comenta-se que os japoneses são
dados a atos irracionais (suicídio em massa). Surge a estimativa
de 1 milhão de baixas em caso de invasão ao Japão, sobre a qual
pairam dúvidas. Decidem-se os termos do relatório para o
Presidente.
XLVIII. 148. 3100 EUA dominam a situação, uma vez que o bloqueio militar do
Japão funciona a contento. Discute-se o número de baixas
previstas no caso de invasão do Japão. Compara-se com invasão
das Filipinas. Cogita-se o bloqueio, que é visto como ato
covarde. Analisa-se a possibilidade de avisar aos japoneses da
existência da bomba. Estuda-se a alternativa de oferecer termos
honrados de rendição. Ressalta-se o fato de que foram gastos
três anos e US$ 2 bilhões. Estabelece-se que o objetivo é acabar
com a guerra o mais breve possível, salvando a vida de
americanos. Alguém sugere que a decisão está sendo
direcionada por preconceito e pela mágoa com a invasão de
Pearl Harbor.
Escolhemos para comentário as seguintes cenas, a que atribuímos nomes para facilitar a
identificação:
Cena Nome
V. 17. 1251 Montando a Equipe
X. 31. 2048 Encontro em Chicago
XI. 33. 2048 Discurso sobre o Método
XXVI. 88. 4517 Novos Rumos
XXX. 106. 950 Nova Ancoragem
XL. 121. 1830 A Guerra Continua
XLII. 124. 2040 Analisando a Situação
XLIII. 128. 2250 Avaliando as Conseqüências
XLVII. 145. 2990 Discutindo Alternativas
XLVIII. 148. 3100 Ponderando Implicações
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Como notação de referência, usamos a sigla “BN”, que significa: “Bazerman e Neale (1995). Negociando
Racionalmente.”
TABELA DE REFERÊNCIA CRUZADA: BN X SITUAÇÕES DE NEGOCIAÇÃO
8 - Conclusões e Recomendações.
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A quantidade de informações (“chunks”) que um indivíduo pode absorver na memória de curto prazo é de 7 em média
(7+2 ou 7-2), segundo George Miller(1956), citado em Hayes(1989). Alguns indivíduos, entretanto, possuem uma
capacidade bem maior, o que os torna potenciais programadores excepcionais de software, por exemplo (Cringely,
1996).
O treinamento no reconhecimento e no confronto de padrões pode ainda contribuir para que
o aprendiz adquira consciência de que a postura diante de situações reais pode ser
beneficiada pela construção de um quadro de referência organizado que facilite o
enquadramento de situações com base nos indícios que poderá perceber.
A prática no reconhecimento e no confronto de padrões proporcionada pela experiência
didática com filmes pode ainda contribuir para que o aprendiz adquira consciência da
importância de:
n não misturar funções mentais de reconhecimento, seleção, comparação e análise;
n reconhecer padrões como função mental distinta e que pode ser executada de forma
consciente, deliberada e não casual;
n trabalhar com uma hierarquia de padrões, na qual um padrão geral coexiste com outros
padrões subordinados;
n usar um instrumental para sistematização do tratamento de situações.
Há cuidados a tomar quanto à escolha de filmes para fins educativos. O processo terá a
ganhar, por exemplo, se o aluno conhecer os objetivos do que está fazendo. Filmes mal
escolhidos, estruturas de referência mal delineadas ou teoricamente pobres ou ainda uma
orientação pouco clara quanto àquilo que o aluno deve procurar, podem comprometer a
eficácia do emprego de filmes no processo de ensino-aprendizagem.
Podemos perceber a realidade tanto pela detecção de diferenças como pelo assinalamento de
regularidades e semelhanças. Uma vez que a compreensão de fenômenos se dá a partir do
reconhecimento de padrões (que podem estar ou não estruturados em teorias), ter como
diagnosticar a suficiência dos arcabouços conceituais disponíveis a partir do sucesso ou do
fracasso no reconhecimento desses padrões pode ajudar a evidenciar a necessidade de uma
nova perspectiva para o entendimento dos fenômenos estudados. A percepção dessa
necessidade é fundamental para a construção do conhecimento em geral; tanto para
confirmar quanto para negar a forma vigente de entender e compreender a realidade.
Neste sentido, o esforço na criação e no aprimoramento de instrumental e metodologias para
o processo de reconhecer e confrontar padrões deve trazer ganhos para os métodos de
ensino e de pesquisa.
9 - Bibliografia.