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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA


BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

JHONATAN DE ABREU SOARES PONTES

ANÁLISE DINÂMICA DE CONVERSORES CC-CC BOOST-FLYBACK


DE ELEVADO GANHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA
2018
JHONATAN DE ABREU SOARES PONTES

ANÁLISE DINÂMICA DE CONVERSORES CC-CC BOOST-FLYBACK


DE ELEVADO GANHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresen-


tado como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Engenharia
Elétrica, do Departamento acadêmico de
eletrônica, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Eloi Agostini Junior

PONTA GROSSA
2018
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Ponta Grossa
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Departamento acadêmico de eletrônica
Bacharelado em Engenharia Elétrica

TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DINÂMICA DE CONVERSORES CC-CC BOOST-FLYBACK DE ELEVADO


GANHO
por
JHONATAN DE ABREU SOARES PONTES

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 5 de dezembro de 2018


como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica.
O(A) candidato(a) foi arguido(a) pela Banca Examinadora composta pelos professo-
res abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho
aprovado.

Prof. Dr. Eloi Agostini Junior


Orientador

Prof. Mesc. Júlio Cesar Guimaraes Prof. Dr. Máuricio dos Santos Kaster
Membro Titular Membro Titular

Prof. Dr. Josmar Ivanqui Prof. Msc. Jeferson José Gomes


Responsável pelos TCC Coordenador do Curso

-O Termo de Aprovação encontra-se na na Coordenação do Curso-


AGRADECIMENTOS

Este trabalho não poderia ser realizado sem a ajuda de diversas pessoas às
quais presto minha homenagem. Certamente esses parágrafos não irão atender a
todas as pessoas que fizeram parte dessa importante fase de minha vida. Portanto,
desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre estas palavras, mas
elas podem estar certas que fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.
Agradeço primeiramente a Deus por ter conseguido tal conquista, por sempre
ter estado ao meu lado nos momentos mais difíceis e pela realização de um sonho.
A minha família, pelo carinho, incentivo e apoio em todos os momentos da
minha vida. Em especial a minha mãe Marcilene que sempre acreditou, apoiou e me
incentivou nos momentos mais difíceis e complicados.
Ao meu orientador Prof. Dr. Eloi Agostini Junior, pela paciência, dedicação no
ensino que me mostrou os caminhos a serem seguidos e pela confiança depositada.
Agradeço pelo apoio, auxílio e atenção nos momentos em que precisei.
A todos os professores e colegas do departamento, que ajudaram de forma
direta e indireta na conclusão deste trabalho.
A UTFPR-PG por conceder espaço físico e material necessário para realiza-
ção do trabalho.
Enfim, a todos os que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
RESUMO

PONTES, Jhonatan de Abreu Soares. Análise dinâmica de conversores CC-CC


Boost-Flyback de elevado ganho. 2018. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharelado em Engenharia Elétrica) – Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Ponta Grossa, 2018.

Este trabalho tem por objetivo modelar o comportamento dinâmico dos conversores
CC-CC boost-flyback convencional e com comutação suave. Esta análise se justifica
pela necessidade de se controlar variáveis de interesse, tais como tensão e corrente,
em aplicações que requerem elevado ganho de tensão, como por exemplo em siste-
mas de processamento de energia renovável. Os resultados são validados em am-
biente de simulação numérica e também a partir de testes experimentais com dois
protótipos com potência de 500 W, tensão de entrada de 48 V, tensão de saída de 400
V e frequência de comutação de 100 kHz. Também é verificada a operação em malha
fechada dos conversores utilizando-se um compensador PI com filtro passa-baixas,
com o intuito de manter a tensão de saída regulada em 400 V.

Palavras-chave: Conversores CC-CC. Elevado ganho. Boost-flyback . Energia solar.


Comutação suave.
ABSTRACT

PONTES, Jhonatan de Abreu Soares. Dynamic analysis of high gain


Boost-Flyback DC-DC converters. 2018. 58 p. Final Coursework (Bachelor’s
Degree in Electrical Engineering) – Federal University of Technology – Paraná. Ponta
Grossa, 2018.

This study has the purpose of modeling the dynamic behavior of the conventional and
soft-switching boost-flyback DC-DC converters. This analysis is justified by the need of
controlling key system variables, such as voltage and current, in applications requiring
a high step-up ratio, as for example in renewable energy processing. The results are
validated using a simulation software and from the testing of two prototypes with a
nominal 500 W output power , 48 V input voltage, 400 V output voltage and switching
100 kHz frequency. The closed-loop operation is also verified using a PI compensator
plus a low pass filter, aiming to keep the output voltage regulated at 400 V.

Keywords: DC-DC converters. High gain. Boost-flyback . Solar energy. Smooth swit-
ching.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Geração de energia elétrica por região no mundo. . . . . . . . . . . 11


Figura 2 – Comparação da produção de eletricidade por tipo de combustível da
OCDE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Figura 3 – Emissão de 𝐶𝑂2 (Milhões de toneladas de 𝐶𝑂2 ). . . . . . . . . . . . 13
Figura 4 – Capacidade de geração de eletricidade por fonte na União Européia,
1995-2015 (GW). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 5 – Estágio de potência do conversor boost. . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 6 – Estágio de potência do conversor flyback. . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 7 – Estágio de potência do conversor boost-flyback convencional. . . . 18
Figura 8 – Estágio de potência do conversor Boost-Flyback com comutação su-
ave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 9 – Diagrama de blocos de um sistema em malha aberta. . . . . . . . . 21
Figura 10 – Diagrama de blocos de um sistema em malha fechada. . . . . . . . 21
Figura 11 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 com ondulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 12 – Ondulação de corrente magnetizante 𝐼𝐿𝑚 desprezada . . . . . . . . 25
Figura 13 – Balanço de energia no indutor 𝐿𝑚 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 14 – Corrente média no diodo flyback. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 15 – Corrente no capacitor 𝐶𝑓 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 16 – Corrente no capacitor 𝐶𝑏 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 17 – Circuito simulado para validação do modelo boost-flyback convenci-
onal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 18 – Modelo validado do boost-flyback convencional. . . . . . . . . . . . 32
Figura 19 – Gráfico lugar das raízes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 20 – Diagrama de Bode. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 21 – Resposta ao degrau. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 22 – Circuito simulado boost-flyback convencional. . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 23 – Resposta ao degrau na referência no conversor boost-flyback con-
vencional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 24 – Fotografia do protótipo de 500 W do conversor boost-flyback con-
vencional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 25 – Degrau de 580𝛺 para 380𝛺. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 26 – Degrau de 380𝛺 para 580𝛺 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 27 – Referência de 350V para 400V com carga fixa. . . . . . . . . . . . . 37
Figura 28 – Referência de 400V para 350V com carga fixa. . . . . . . . . . . . . 37
Figura 29 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 com ondulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 30 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 sem ondulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 31 – Balanço de energia no indutor 𝐿𝑚 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 32 – Corrente no interruptor 𝑆2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 33 – Corrente no capacitor 𝐶𝑓 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 34 – Corrente no capacitor 𝐶𝑏 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 35 – Circuito simulado para validação do modelo boost-flyback com co-
mutação suave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 36 – Modelo validado do boost-flyback com comutação suave. . . . . . . 46
Figura 37 – Gráfico lugar das raízes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 38 – Diagrama de Bode. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 39 – Resposta ao degrau. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 40 – Circuito simulado boost-flyback com comutação suave. . . . . . . . 48
Figura 41 – Resposta ao degrau no conversor boost-flyback com comutação su-
ave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 42 – Fotografia do protótipo de 500 W do conversor boost-flyback com
comutação suave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 43 – Degrau de 580𝛺 para 380𝛺. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 44 – Degrau de 380𝛺 para 580𝛺 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 45 – Referência de 350V para 400V com carga fixa. . . . . . . . . . . . . 51
Figura 46 – Referência de 400V para 350V com carga fixa. . . . . . . . . . . . . 51
Figura 47 – Esquema elétrico do conversor boost-flyback convencional. . . . . . 56
Figura 48 – Esquema elétrico do conversor boost-flyback com comutação suave. 58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros de projeto do conversorboost-flyback convencional. . . 30


Tabela 2 – Coeficientes das funções de transferência. . . . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 3 – Parâmetros de projeto conversor boost-flyback com comutação suave. 45
Tabela 4 – Coeficientes das funções de transferência. . . . . . . . . . . . . . . 45
Tabela 5 – Componentes utilizados no conversor boost-flyback convencional. . 57
Tabela 6 – Componentes utilizados no conversor boost-flyback com comutação
suave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 D ELIMITAÇÃO DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 P ROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 H IPÓTESE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 O BJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4.2 Objetivo específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5 J USTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 M ÉTODO DA PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 C ONVERSORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 C OMUTAÇÃO SUAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 A NÁLISE DINÂMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.1 Controle clássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.2 Controladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3 ANÁLISE DINÂMICA DOS CONVERSORES BOOST-FLYBACK
CONVENCIONAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.1 E STÁTICA APROXIMADA DO CONVERSOR boost-flyback CONVENCIONAL 24
3.2 P ERTURBAÇÕES DAS ETAPAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO . . . . . . . 27
3.3 VALORES MÉDIOS DE TENSÃO E CORRENTE PARA UM PERÍODO DE
COMUTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 M ODELO MATEMÁTICO E VALIDAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 P ROJETO DO CONTROLADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.6 R ESULTADOS EXPERIMENTAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4 ANÁLISE DINÂMICA DO CONVERSOR BOOST-FLYBACK COM
COMUTAÇÃO SUAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.1 E STÁTICA APROXIMADA DO CONVERSOR boost-flyback COM COMUTA -
ÇÃO SUAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2 P ERTURBAÇÕES DAS ETAPAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO . . . . . . . 41
4.3 VALORES MÉDIOS DE TENSÃO E CORRENTE PARA UM PERÍODO DE
COMUTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4 M ODELO MATEMÁTICO E VALIDAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.5 P ROJETO DO CONTROLADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.6 R ESULTADOS EXPERIMENTAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
ANEXOS 55
ANEXO A – ESQUEMAS ELÉTRICOS DOS CONVERSORES
BOOST-FLYBACK CONVENCIONAL E BOOST-
FLYBACK COM COMUTAÇÃO SUAVE . . . . . . . . . 56
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A energia sempre foi um recurso de grande importância para o ser humano.


Com o advento da Revolução Industrial ela passa a ter uma importância ainda maior
à medida que a indústria começa a desenvolver cada vez mais rápido. Ao longo dos
anos a demanda por energia aumenta para manter a economia e indústria em cres-
cente desenvolvimento. Para tanto é preciso ter uma matriz energética bem robusta
e diversificada, a partir da Figura 1 obtida junto ao Anuário Estatístico de Energia
Elétrica de 2017, feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) (ENERGETICA,
2017). É possível confirmar tal fato, uma vez que as regiões com maior geração e
consumo de energia elétrica são as regiões mais desenvolvidas economicamente.

Figura 1 – Geração de energia elétrica por região no


mundo.

Fonte: U.S Energy Information Administration (EIA);


Elaboração:Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
2017.
12

A International Energy Agency (IEA) traz um estudo visto na Figura 2, onde é


apresentado um comparativo entre os anos de 2017 e 2018 das matrizes energéticas
dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). É visto que os derivados fósseis como carvão e gás natural ocupam uma
grande parcela da matriz energética destes países. Mesmo com um pequeno aumento
na utilização de energias renováveis no ano de 2018 fica clara a grande dependência
de recursos fósseis. Tal fato é um problema a longo prazo, uma vez que o petróleo e
seus derivados são recursos escassos e poluentes.

Figura 2 – Comparação da produção de eletricidade por


tipo de combustível da OCDE.

Fonte: International Energy Agency (IEA), 2018.

Segundo o atlas de energia da IEA as emissões de gases 𝐶𝑂2 pela com-


bustão de combustíveis fósseis teve valores extremamente elevados no ano de 2015
(AGENCY, 2017). Tal efeito se deve à grande dependência dos países de uma ma-
triz energética baseada em derivados fósseis como visto na Figura 3. Tal dependência
traz diversos efeitos negativos como a agressão ao meio ambiente através da emissão
de gases poluentes. Então é necessário estruturar uma matriz energética com maior
diversidade de fontes energéticas. As energias renováveis além de não se esgotarem
com o passar do tempo como energia eólica, biomassa, solar entre outras elas não
agridem o meio ambiente, por isso tornam-se boas opções para uma matriz energética
diversificada e bem estruturada.
Segundo um estudo feito pela International Renewable Energy Agency
(IRENA) o consumo de energias fósseis vem se estagnando desde de 2010 e o de
fontes renováveis vem aumentando de forma considerável (AGENCY, 2018). Este au-
13

Figura 3 – Emissão de 𝐶𝑂2 (Milhões de toneladas de


𝐶𝑂2 ).

Fonte: International Energy Agency (IEA), 2018.

mento é visto na Figura 4, que elucida a capacidade de gerar eletricidade por fonte na
União Européia no intervalo de 1995 até 2015.

Figura 4 – Capacidade de geração de eletricidade por


fonte na União Européia, 1995-2015 (GW).

Fonte: International Renewable Energy Agency


(IRENA), 2018.

A necessidade em diversificar as matrizes energéticas tem impactado na co-


munidade cientifica no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias capazes
de processar a energia proveniente de fontes limpas de forma mais eficiente. A ener-
gia elétrica obtida a partir de sistemas renováveis necessita de uma etapa para ser
processada devidamente. Em sistemas fotovoltaicos onde a energia elétrica é gerada
a partir da radiação solar é preciso de uma etapa para elevar os níveis de tensão de
tal forma que ela possa ser injetada na rede elétrica (CASARO, 2010). Por tanto atual-
mente há um grande interesse no estudo de conversores de elevado ganho, pois estes
14

fornecem alto ganho e eficiência no processo de energia sem que ocorra degradação
de rendimento (TSENG; LIANG, 2004).

1.2 PROBLEMA

O problema em questão tem por base na análise dinâmica de duas topolo-


gias de conversores CC-CC com elevado ganho e rendimento aplicadas no processa-
mento de eletricidade a partir da energia solar. A pesquisa é justificada pelo fato das
topologias convencionais de conversores CC-CC elevadores sofrerem degradação de
rendimento quando sujeitas a situações de elevado ganho (TSENG; LIANG, 2004).

1.3 HIPÓTESE

A utilização da topologia boost-flyback em uma situação de ganho de tensão


elevada é uma proposta para obter elevado rendimento em sistemas de conversão de
energia não isolados. Ao fazer uso de técnicas de comutação sob tensão nula (ZVS,
do inglês Zero Voltage Switching) resulta no conversor boost-flyback com comutação
suave, permite obter um rendimento maior que a topologia convencional (TEODORO,
2016; TSENG; LIANG, 2004; KOO; YOUN, 2004; LIANG; TSENG, 2005; TATTIWONG;
BUNLAKSANANUSORN, 2015; COSTA; ANDERSEN, 2015).

1.4 OBJETIVOS

O trabalho tem como principal objetivo obter o modelo matemático de dois


conversores CC-CC de elevados ganho e rendimento denominados boost-flyback con-
vencional e boost-flyback com comutação suave. Então em posse dos modelos propor
um controlador utilizando técnicas de controle clássico para atuar no sistema de forma
a mantê-lo operando da maneira qual foi projetado. O projeto trata-se da continuidade
da análise estática dos mesmos conversores realizados no trabalho de conclusão de
curso da colega Stefany Teodoro. Os detalhes podem ser vistos em Teodoro (2016).
15

1.4.1 Objetivo geral

Procurar agregar conhecimento científico em conversores integrados, uma vez


que o estudo se baseia em duas topologias básicas que são os conversores boost e
flyback.

1.4.2 Objetivo específico

Conhecer o comportamento das tensões e correntes em cada período de co-


mutação ao se aplicar um determinado distúrbio. Obter um modelo matemático em
torno do ponto de equilíbrio que permita projetar um controlador para manter os con-
versores operando de forma adequada.

1.5 JUSTIFICATIVA

O tema agrega elevado conhecimento técnico e científico. Alem de ser um


assunto de grande valor para o meio acadêmico uma vez que há uma grande demanda
por energias renováveis e alternativas que permita o processamento de energia com
o menor desperdício possível.

1.6 MÉTODO DA PESQUISA

Foi feito um levantamento bibliográfico de trabalhos relevantes relacionados


com o tema. São encontrados alguns artigos e ainda o trabalho de conclusão de curso
de uma colega da Universidade Tecnológica Federal do Paraná de Ponta Grossa com
o tema de Conversores CC-CC boost-flyback de elevados ganho e rendimento de
Teodoro (2016). O trabalho tem foco na análise estática dos conversores boost-flyback
convencional e boost-flyback com comutação suave.
Foi ainda possível identificar alguns trabalhos interessantes no que se diz res-
peito a modelagem e construção de conversores integrados boost-flyback. Como em
Spiazzi et al. (2010) e Spiazzi, Mattavelli e Costabeber (2009) onde é mencionado o
fato da topologia estudada sofrer oscilações parasitas causadas pelas indutâncias de
dispersão do transformador e capacitância parasita do diodo.
Utilizar conversores do tipo boost é uma prática muito comum quando é ne-
16

cessário um ganho de tensão. A combinação das topologias boost e flyback permite


alcançar um elevado ganho e rendimento, como será visto ao longo do trabalho. A su-
jestão de utilizar técninas de comutação suave na topologia boost-flyback é presente
em diversos estudos para reduzir as perdas por comutação em elevada frequência,
consequentemente elevando ganho e rendimento do circuito proposto (KOO; YOUN,
2004).
Após leitura e estudo da bibliografia uma análise matemática criteriosa de am-
bos conversores é feita. Tem-se o objetivo de obter um modelo no qual seja possível
conhecer o comportamento das tensões e correntes dos conversores quando sub-
metidos a determinados distúrbios (ondulações de tensão e corrente, variações de
frequência e etc). Então propor um controlador utilizando técnicas de controle clássico
que permita os conversores operarem em malha fechada. Para tanto se utiliza alguns
softwares como Mathcad e Maple para auxiliar nas soluções matemáticas. As valida-
ções dos resultados obtidos matematicamente são feitas através dos software Psim e
Matlab muito utilizados durante a graduação.
.
17

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CONVERSORES

Um conversor é um dispositivo que processa energia elétrica, seja essa contí-


nua ou alternada para contínua ou alternada com níveis de tensão e corrente distintos.
Existem diversas topologias com diferentes configurações e características, mas todas
com a mesma funcionalidade de processar energia elétrica com o maior rendimento
possível.
Em energias renováveis, como a solar por exemplo, os níveis de tensão mé-
dios gerados possuem valores baixos e contínuos. Para que a energia possa ser devi-
damente processada e injetada na rede elétrica é necessário que os níveis de tensão
sejam elevados para então passarem por um estágio inversor e somente assim serem
conectados à rede elétrica e chegar ao consumidor final.
Portanto, conversores do tipo boost são muito utilizados para tais aplicações,
pois sua configuração permite fornecer um valor médio de tensão maior em sua saída.
Topologias simples e convencionais como boost e flyback vistos nas Figuras 5 e 6
possuem um problema quando começam a operar com elevado ganho. Com o tempo
tendem a sofrer elevada degradação em seu rendimento (TSENG; LIANG, 2004). No
caso do conversor boost isso se deve aos altos valores da tensão e corrente no in-
terruptor e perdas na recuperação reversa do diodo, ao operar no modo de condução
contínua (SPIAZZI; MATTAVELLI; COSTABEBER, 2009). Há ainda o fato de que para
se obter maiores ganhos de tensão é necessário trabalhar cada vez mais próximo de
uma razão cíclica unitária, o que gera problemas na sua implementação.

Figura 5 – Estágio de potência do conversor boost.

Fonte: Autoria própria.

É válido mencionar que o conversor flyback é uma topologia mais utilizada


18

em baixas potências. Isso se deve ao fato de que o circuito induz elevadas indutâncias
parasitas ao trabalhar com frequências mais elevadas, pois são adicionados circuitos
grampeadores que acabam aumentando as perdas do conversor (KOO; YOUN, 2004).

Figura 6 – Estágio de potência do conversor flyback.

Fonte: Autoria própria.

Ao trabalhar com elevado ganho e rendimento deve-se buscar uma topologia


robusta e capaz de atender tais requisitos. Como visto em trabalhos como Tseng e
Liang (2004), Spiazzi, Mattavelli e Costabeber (2009), Seo et al. (2011), Tattiwong e
Bunlaksananusorn (2015), Luis e Waltrich (2016) onde é feita a integração entre os
conversores boost e flyback com a saída em série. Na Figura 7 é visto o estágio de
potência dessa topologia chamada conversor boost-flyback convencional. Tal estru-
tura possui uma característica interessante que é um novo caminho para a energia
armazenada na indutância de dispersão do transformador graças à existência do di-
odo boost 𝐷𝑏 .

Figura 7 – Estágio de potência do conversor boost-


flyback convencional.

Fonte: Autoria própria.

Outras configurações podem ser adotadas como é o caso da inserção de dois


enrolamentos acoplados para alcançar um elevado ganho de tensão com razões cí-
clicas menores (XU et al., 2014). Uma outra opção é a utilização de técnicas como
a comutação suave, que são propostas para elevar a eficiência dos semicondutores.
19

Na Figura 8 é visto o estágio de potência do conversor boost-flyback com comutação


suave. Além de diminuir o stress sobre os interruptores, a utilização da comutação
suave insere um segundo interruptor 𝑆2 . Isto permite num dado momento a inversão
de sentido da corrente do indutor 𝐿𝑑 . Tal efeito permite um melhor aproveitamento da
energia transferida ao longo de um período de comutação.

Figura 8 – Estágio de potência do conversor Boost-


Flyback com comutação suave.

Fonte: Autoria própria.

2.2 COMUTAÇÃO SUAVE

Com os avanços da tecnologia e contínuo estudo foi possível sugerir novas


técnicas que possibilitem uma melhora significativa na comutação dos semiconduto-
res. Consequentemente melhor aproveitamento da energia que seria perdida durante
o chaveamento dos mesmos. Uma técnica utilizada é a implementação de um circuito
série ressonante, isto possibilita a chamada comutação não dissipativa nas chaves
(BARBI; SOUZA, 1999).
As topologias que utilizam técnicas de comutação suave são denominadas
conversores ressonantes. Estes utilizam ressonância LC, quando a frequência de res-
sonância está acima da frequência de comutação é utilizada a chamada técninca ZCS
(Zero Current Switching). Esta técninca consiste em bloquear os interruptores sob cor-
rente nula. Porém quando a frequência de ressonância está abaixo da de comutação e
utilizada a técninca ZVS (Zero Voltage Switching), os interruptores estão em condução
com tensão nula.
20

Ao elevar muito a frequência de comutação dos interruptores é possível dim-


nuir em peso e volume as topologias, alem de elevar o rendimento. Porem existe um
limite do quanto isto é realmente válido. Quando se eleva muito a frequência de comu-
tação os semicondutores começam a se tornar menos eficientes por conta do tempo
de recuperação reversa. Portanto técnicas de comutação suave são muito importantes
na solução deste problema.

2.3 ANÁLISE DINÂMICA

2.3.1 Controle clássico

No contínuo avanço da tecnologia o controle automático possui um papel fun-


damental. Ele deixa de participar somente de ambientes que necessitam de alta pre-
cisão como aviões caça, satélites espaciais e mísseis para ser parte fundamental de
ambientes industriais e até mesmo ambientes residenciais. Sem o controle automá-
tico não seria possível realizar processos que necessitam de precisão absoluta, ou até
mesmo realizar ações em ambientes hostis para vida humana.
O abrir e fechar de uma válvula no momento errado pode ocasionar acidentes
como a explosão de ambientes industriais. Um controle mal projetado que atue de
forma indevida na razão cíclica de um conversor pode gerar níveis de correntes e ten-
sões que os componentes não suportam levando estes à destruição. Portanto, para
projetar um controle que funcione de forma adequada é preciso conhecer o processo
e a partir disso obter a planta daquilo que se deseja controlar. É dito que planta é qual-
quer objeto físico que se deseja controlar como uma nave, um reator ou até mesmo
um caldeira (OGATA, 1982).
A teoria do controle clássica possui dois tipos de sistema, sendo o malha
aberta e o de malha fechada. É possível observar nas Figuras 9 e 10 dois diagramas
de blocos que representam um sistema em malha aberta e outro em malhar fechada
respectivamente.
Fica claro pela Figura 9 que um sistema em malha aberta possui um sinal
de entrada como referência para um controlador que atua sempre a manter o sinal de
saída da forma desejada. Este sistema não possui realimentação e consequentemente
não tem elevada complexidade para sua implementação. Justamente pelo fato de não
21

Figura 9 – Diagrama de blocos de um sistema em


malha aberta.

Fonte: Autoria própria.

ser realimentado é um sistema pouco preciso.

Figura 10 – Diagrama de blocos de um sistema em


malha fechada.

Fonte: Autoria própria.

A Figura 10 exemplifica um sistema em malha fechada. É possível observar


no diagrama de blocos que este sistema possui realimentação, então há uma correção
da variação da saída em relação à entrada. Com a realimentação existe agora uma
comparação entre a referência de entrada e o valor absoluto da saída, ao se comparar
estes valores é gerado um erro. A partir do erro gerado o controlador mantem o valor
da saída próximo ao valor desejado.
Como dito no livro Ogata (1982) a função do controlador é observar o valor
da saída e a partir disso comparar com a referência desejada, então atuar para man-
ter o resultado da saída próximo ao valor desejado. Existem diversos controladores
sendo alguns deles o controlador proporcional integral (PI), controlador proporcional
derivativo (PD) e o controlador proporcional integral derivativo (PID).

2.3.2 Controladores

Na literatura existem diversos tipos de controladores, alguns um tanto mais


simples e outros mais complexos quanto à implementação. Tudo irá depender da apli-
cação e da necessidade do projetista.
O controlador proporcional integral (PI) nada mais é que um controlador pro-
22

porcional com uma ação integral. A função da ação integral é simplesmente fazer com
que o processo siga com erro nulo um sinal de referência do tipo degrau (OGATA,
1982). Na Expressão 1 é possível observar o modelo matemático do sinal do contro-
lador.

(︂ ∫︁ )︂
1
𝑢(𝑡) = 𝐾 𝑒(𝑡) + 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 (1)
𝑇𝑖
Um controlador proporcional derivativo (PD) possui uma ação derivativa com-
binada com uma ação proporcional. Ela possui a função de se adiantar a ação controle
para que o processo possa reagir mais rápido (OGATA, 1982). A Expressão 2 demons-
tra claramente o sinal do controlador PD.

(︂ )︂
𝑑𝑒(𝑡)
𝑢(𝑡) = 𝐾 𝑒(𝑡) + 𝑇𝑑 (2)
𝑑𝑡
Ao combinar as ações do controlador PI com o PD é possível produzir um
terceiro controlador denominado controlador proporcional integral derivativo (PID). A
ação integral é relacionada com a precisão do sistema tendo como função manter o
erro nulo em regime permanente. Como o PI possui um efeito desestabilizador ele é
balanceado com a ação derivativa que aumenta a estabilidade do sistema enquanto
torna a resposta do sistema mais rápida (OGATA, 1982). A Expressão 3 demonstra o
sinal de um controlador PID onde 𝑇𝑖 é a constante de tempo integral, 𝑇𝑑 representa a
constante de tempo derivativo e 𝐾𝑝 , 𝐾𝑖 e 𝐾𝑑 são os ganhos proporcional, integral e
derivativo respectivamente.

∫︁
1 𝑑𝑒(𝑡)
𝑢(𝑡) = 𝐾𝑝 𝑒(𝑡) + 𝐾𝑖 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 + 𝐾𝑑 𝑇𝑑 + 𝑢0 (3)
𝑇 𝑑𝑡
Então para projetar um controlador da melhor forma primeiro é necessário
ter em mãos o modelo matemático da planta que deverá ser controlada. É preciso
fazer o estudo da dinâmica do processo e como ele reagirá no momento em que
for introduzida certa pertubação no sistema. Pertubações em um conversor podem
ser inserções de ruídos ou baixas frequências, ondulações de tensão e corrente que
podem ser inseridas ao longo do funcionamento do conversor. Também pode ser dito
que uma perturbação é toda componente que retira a planta do seu ponto de equilíbrio.
Para se obter a função de transferência dos conversores é feita sua mode-
lagem em pequenos sinais. A partir da análise matemática, e consequentemente o
23

modelo em pequenos sinais, é feita a validação via software. Consequentemente é


possível propor uma malha de controle a partir de técnicas de controle clássico para
assegurar o devido funcionamento do sistema. O processo foi feito para o conversor
boost-flyback convencional e o conversor boost-flyback com comutação suave.
24

3 ANÁLISE DINÂMICA DOS CONVERSORES BOOST-FLYBACK CONVENCIO-


NAL.

Num primeiro momento é feita uma análise estática aproximada do conversor


boost-flyback convencional, sendo desconsiderada qualquer ondulação da corrente
magnetizante (𝐼𝐿𝑚 ). Tal consideração permite obter as durações de cada etapa e a
partir daí as perturbações das etapas levando em conta o ponto de equilíbrio. Em se-
guida os valores médios de tensão e corrente podem ser obtidos para um período de
comutação na indutância magnetizante e capacitores de saída. Todas as considera-
ções permitem obter as funções de transferência do conversor boost-flyback convenci-
onal que relacionam a corrente magnetizante e as tensões de saída pela razão cíclica
respectivamente. A partir do modelo matemático do conversor é possível propor um
controlador que permita o protótipo operar em malha fechada e finalmente a validação
prática do mesmo.

3.1 ESTÁTICA APROXIMADA DO CONVERSOR BOOST-FLYBACK CONVENCIO-


NAL

Para obter o modelo de pequenos sinais do conversor boost-flyback convenci-


onal a corrente na indutância magnetizante é considerada constante, diferentemente
da abordagem adotada por Teodoro (2016). Como será demonstrado neste trabalho,
tal simplificação produz resultados adequados caso haja um baixo nível de ondulação
na corrente 𝐼𝐿𝑚 . Nas Figuras 11 e 12 são vistas as correntes 𝐼𝐿𝑚 e 𝐼𝐿𝑑 antes e depois
da análise simplificada assim como cada etapa de duração. O software utilizado para
gerar as formas de onda é Psim 9.1.1.
Da análise aproximada da corrente 𝐼𝐿𝑚 é obtido um sistema com as Equações
de 1 a 7. A solução do sistema para os seguintes parâmetros ∆𝑡1 , ∆𝑡2 , ∆𝑡3 , ∆𝑡4 , 𝑉𝐶𝑏 ,
𝑉𝐶𝑓 e 𝐼𝐿𝑚 fornece a duração de cada etapa do conversor. As Equações 4 e 5 são
obtidas a partir do comportamento da corrente 𝐼𝐿𝑑 durante a primeira e terceira etapa
respectivamente.

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓
𝐼𝐿𝑚 − ∆𝑡1 + =0 (4)
𝐿𝑑 𝑛𝐿𝑑
25

Figura 11 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 com ondulação.

Fonte: (TEODORO, 2016).

Figura 12 – Ondulação de corrente magnetizante 𝐼𝐿𝑚


desprezada .

Fonte: Autoria própria.

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑏
𝐼𝐿𝑚 − ∆𝑡3 + − =0 (5)
𝐿𝑑 𝑛𝐿𝑑 𝐿𝑑
As Equações 6 e 7 são obtidas a partir do modulador do conversor. Já a Equa-
ção 8 é resultado da aplicação da lei das malhas na saída do conversor.

𝐷
∆𝑡1 + ∆𝑡2 = (6)
𝑓𝑠

(1 − 𝐷)
∆𝑡3 + ∆𝑡4 = (7)
𝑓𝑠

𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 = 𝑉0 (8)


26

A Figura 13 mostra a forma de onda da tensão no indutor 𝐿𝑚 . A Equação 9 é


resultado do cálculo do balanço energético do indutor 𝐿𝑚 , que consiste da resolução
da integral sobre a curva vista na Figura 13.

Figura 13 – Balanço de energia no indutor 𝐿𝑚 .

Fonte: Autoria própria.

(︁ )︁
−𝑉𝑐𝑓 1
𝑛 𝑓𝑠
− ∆𝑡2 + 𝑉𝑖𝑛 ∆𝑡2 = 0 (9)

Na Figura 14 é vista corrente 𝐼𝐷𝑓 que representa o comportamento da corrente


no diodo flyback na análise simplificada. Do cálculo do seu valor médio é obtida a
Equação 10.

Figura 14 – Corrente média no diodo flyback.

Fonte: Autoria própria.


27

∆𝑡3 𝐼𝐿𝑚 𝑓𝑠
𝐼𝐷𝑓 = (10)
2
As Equações 11 a 14 fornecem as soluções para o sistema anterior uma vez
que 𝐼𝐿𝑚 , 𝑉𝐶𝑓 e 𝑉𝐶𝑏 são estados do sistema. Delas são obtidas as durações de cada
etapa de operação do conversor. É válido mencionar que a corrente 𝐼𝐿𝑑 é desconside-
rada como estado da análise por possuir uma dinâmica muito maior que a frequência
de comutação.

𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑛
∆𝑡1 = (11)
𝑛𝑉𝑖𝑛 + 𝑉𝑐𝑓

𝐷 𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑛
∆𝑡2 = − (12)
𝑓𝑠 𝑛𝑉𝑖𝑛 + 𝑉𝑐𝑓

𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑛
∆𝑡3 = (13)
−𝑛𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑓 + 𝑛𝑉𝑐𝑏

1−𝐷 𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑛
∆𝑡4 = − (14)
𝑓𝑠 (−𝑛𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑓 + 𝑛𝑉𝑐𝑏 )

3.2 PERTURBAÇÕES DAS ETAPAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio é o ponto no qual o conversor deve operar em condi-


ções nominais. À medida que pertubações são inseridas, o conversor irá operar des-
locado deste ponto, sendo que conhecer o comportamento transitório na sua resposta
a eventuais perturbações é de fundamental interesse para o adequado projeto de com-
pensadores. A partir das durações de cada etapa obtidas anteriormente, obtêm-se as
perturbações em torno do ponto de equilíbrio. As Equações 15 a 18 são resultado da
linearização das Equações de 11 a 14 no ponto de equilíbrio.

∧ ∧
∧ −𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑓 𝐿𝑑 𝑖𝐿𝑚
∆ 𝑡1 = (︁ )︁2 + (︂ )︂ (15)
𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓
𝑉𝑖𝑛 + 𝑛 𝑉𝑖𝑛 +
𝑛
∧ ∧ ∧
∧ 𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑓 𝐿𝑑 𝑖𝐿𝑚 𝑑
∆ 𝑡2 = (︂ )︂2 − (︂ )︂ +
(16)
𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓 𝑓 𝑠
𝑉𝑖𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 +
𝑛 𝑛
28

∧ ∧ ∧
∧ 𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑓 𝑛𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑏 𝐿𝑑 𝑖 𝐿𝑚
∆ 𝑡3 = (︂ )︂2 + (︂ )︂2 + (︂ (17)
)︂
𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓
𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 −
𝑛 𝑛 𝑛

∧ ∧ ∧ ∧
∧ −𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑓 𝑛𝐿𝑑 𝐼𝐿𝑚 𝑣 𝑐𝑏 𝐿𝑑 𝑖 𝐿𝑚
𝑑
∆ 𝑡4 = (︂ )︂2 + (︂ )︂2 − (︂ )︂ −
(18)
𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑓 𝑓𝑠
𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 − 𝑉𝑖𝑛 −
𝑛 𝑛 𝑛
As novas variáveis com chapéu representam o disturbio inserido no sistema.

3.3 VALORES MÉDIOS DE TENSÃO E CORRENTE PARA UM PERÍODO DE CO-


MUTAÇÃO

Para obter o modelo matemático é necessária a obtenção dos valores médios


de tensão e corrente para um período de comutação na indutância magnetizante e ca-
pacitores de saída. Neste procedimento 𝐿𝑑 é desconsiderado por possuir um elevado
ripple e ainda a tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛 é considerada constante. Salienta-se que, ape-
sar da dinâmica de 𝐿𝑑 ser desprezada, esta indutância possui influência na dinâmica
uma vez que está diretamente relacionada com as durações das etapas de operação
do conversor, como pode ser verificado no conjunto de Equações 15 - 18.
A partir da Figura 13 pode-se obter o valor médio de tensão no indutor 𝐿𝑚 . O
resultado da análise é visto na Equação 19.

(︂ )︂
𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 1
𝑉𝐿𝑚 = 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 ∆𝑡2 − − ∆𝑡2 (19)
𝑛 𝑓𝑠
Ao observar a Equação 19 é possível concluir que trata-se de uma expressão
não linear, logo é preciso utilizar recursos matemáticos para linearizar a expressão. O
resultado é visto na Equação 20.

∧ (︂ )︂
𝑑 𝑖𝐿𝑚 𝑉𝑐𝑓 ∧ 1 ∧
𝐿𝑚 = 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 + ∆𝑡2 + (−1 + 𝑓𝑠 ∆𝑡2 ) 𝑣𝑐𝑓 (20)
𝑑𝑡 𝑛 𝑛
O mesmo procedimento é repetido para corrente no capacitor 𝐶𝑓 . A evolução
da corrente para um período de comutação é observada na Figura 15. Na Equação 21
tem-se o valor médio da corrente.

(︂ )︂ (︂ )︂
𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 1
𝐼𝑐𝑓 = − + − ∆𝑡2 + ∆𝑡4 (21)
𝑅 2𝑛 𝑓𝑠
29

Figura 15 – Corrente no capacitor 𝐶𝑓 .

Fonte: Autoria própria.

A Equação 22 é resultado da linearização da Equação 21.

∧ ∧ ∧ ∧ ∧
𝑑 𝑣𝑐𝑓 𝑣𝑐𝑓 𝑣𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡2 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡4 (22)
𝐶𝑓 =− − − +
𝑑𝑡 𝑅 𝑅 2𝑛 2𝑛
Repetindo o processo para o capacitor 𝐶𝑏 , é observado o comportamento da
corrente neste elemento para um período de comutação na Figura 16. A Equação 23
representa a corrente média para um período de comutação em 𝐶𝑏 .
Figura 16 – Corrente no capacitor 𝐶𝑏 .

Fonte: Autoria própria.

𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡3


𝐼𝑐𝑏 = −( )+ (23)
𝑅 2
A Equação 24 é resultado da linearização da Equação 23.
∧ ∧ ∧ ∧ ∧
𝑑 𝑣𝑐𝑏 𝑣𝑐𝑓 𝑣𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡3 𝑓𝑠 ∆𝑡3 𝑖𝐿𝑚 (24)
𝐶𝑏 =− − + +
𝑑𝑡 𝑅 𝑅 2𝑛 2
Com os resultados obtidos nas Equações 20, 22 e 24 tem-se os valores mé-
dios para um período de comutação da tensão no indutor 𝐿𝑚 e as correntes nos ca-
pacitores 𝐶𝑓 e 𝐶𝑏 .
30

3.4 MODELO MATEMÁTICO E VALIDAÇÃO

Ao aplicar as perturbações nas Equações 20, 22 e 24 e utilizar as proprieda-


des da transformada de Laplace têm-se como resultado as Equações 25, 26 e 27.


∧ 𝑉𝑐𝑓 ∧ (𝑓𝑠 ∆𝑡2 − 1) 𝑣𝑐𝑓 (𝑠) (25)
𝑠𝐿𝑚 𝑖𝐿𝑚 (𝑠) = 𝑓𝑆 (𝑉𝑖𝑛 + ) ∆𝑡2 (𝑠) +
𝑛 𝑛

∧ ∧ ∧ ∧
∧ 𝑣𝑐𝑓 (𝑠) 𝑣𝑐𝑏 (𝑠) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡2 (𝑠) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡4 (𝑠) (26)
𝑠𝐶𝑓 𝑣𝐶𝑓 (𝑠) =− − − +
𝑅 𝑅 2𝑛 2𝑛

∧ ∧ ∧ ∧
∧ 𝑣𝑐𝑓 (𝑠) 𝑣𝑐𝑏 (𝑠) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 · ∆𝑡2 (𝑠) 𝑓𝑆 ∆𝑡3 𝑖𝐿𝑚 (𝑠) (27)
𝑠𝐶𝑏 𝑣𝐶𝑏 (𝑠) =− − − +
𝑅 𝑅 2 2
A Tabela 1 fornece os parâmetros de projeto utilizados para análise matemá-
tica e simulação do conversor. Com base nela é feita validação do modelo via cálculo
e simulação.

Tabela 1 – Parâmetros de projeto do conversorboost-flyback convencional.


Referência Valor

𝑉𝑖𝑛 Tensão de entrada 48V


𝑉0 Tensão de saída 400V
𝐹𝑠 Frequência de comutação 100kHz
𝐷 Razão cíclica 0,738
𝐿𝑚 Indutância magnetizante 80,77𝜇H
𝐿𝑑 Indutância auxiliar 5𝜇H
𝑛 Relação de transformação 1,876
𝐶𝑓 Capacitor flyback 2,2𝜇F
𝐶𝑏 Capacitor boost 2,2𝜇F
𝑅 Resistência de saída 320Ω
Fonte: Autoria própria.

Baseado nas condições de projeto é possível obter quatro funções de transfe-


rência que fornecem o modelo matemático do conversor. Elas fornecem o comporta-
mento das tensões de saída e corrente no indutor 𝐿𝑚 pela razão cíclica. A Equação 28
é uma representação geral das funções de transferência, enquanto a Tabela 2 fornece
o valor de cada coeficiente.

𝐵3 𝑠3 + 𝐵2 𝑠2 + 𝐵1 𝑠 + 𝐵0
𝐺𝑆 (𝑠) = (28)
𝐴3 𝑠3 + 𝐴2 𝑠2 + 𝐴1 𝑠 + 𝐴0
31

Tabela 2 – Coeficientes das funções de transferência.


𝑉𝐶𝑓 𝑉𝐶𝑏 𝑉0 𝐼𝐿𝑚

𝐵3 0 0 0 0
𝐵2 -2,3340x1020 0 -2,3340x1020 4,7997x1019
𝐵1 -3,8059x1024 3,4803x1023 -3,4579x1024 1,3026x1024
𝐵0 2,2977x1028 2,2004x1028 4,4981x1028 5,2032x1027
𝐴3 7,5625x1013 7,5625x1013 7,5625x1013 1,5125x1014
𝐴2 1,9227x1018 1,9227x1019 1,9227x1018 3,8454x1018
𝐴1 6,9008x1021 6,9008x1021 6,9008x1021 1,3801x1022
𝐴0 2,8422x1025 2,8422x1025 2,8422x1025 5,6845x1025
Fonte: Autoria própria.

Nas Figuras 17 e 18 é possível ver o circuito utilizado na simulação e a valida-


ção do modelo matemático através da simulação no software Psim respectivamente. É
dado um degrau em determinado momento e então observado o comportamento das
tensões e correntes. Fica evidente que o modelo acompanha a dinâmica do circuito
simulado, validando assim a análise desenvolvida.
Figura 17 – Circuito simulado para validação do mo-
delo boost-flyback convencional.

Fonte: Autoria própria.

3.5 PROJETO DO CONTROLADOR

Para o projeto do controlador é válido dizer que não foi utilizada nenhuma téc-
nica avançada de controle não sendo este o foco do trabalho. Foi proposto um contro-
lador proporcional integral visto na Expressão 29. Tal escolha pode ser justificada pelo
fato de se desejar erro nulo ao degrau, rastreamento de referência e rejeição de ruído.
32

Figura 18 – Modelo validado do boost-flyback con-


vencional.

Fonte: Autoria própria.

A utilização de um controlador proporcional integral derivativo não foi considerada por


conta da ação derivativa deste controlador e a elevada frequência de chaveamento do
conversor. Para futuros trabalhos uma técnica de controle mais elaborada pode vir a
ser implementada.

𝐾𝑝 𝑠 + 𝐾𝑖
𝐶𝑆 (𝑠) = (29)
𝑠
A Expressão 30 representa a planta do sensor de tensão utilizada no trabalho.
Na Expressão 31 é vista a função de transferência de laço aberto que leva em conta
𝐺𝑣𝑑 que representa a planta do conversor considerando a tensão de saída 𝑉0 pela
razão cíclica, o PWM com um delay de 10 us e o sensor de tensão 𝐻𝑣 .

1
𝐻𝑣 (𝑠) = 𝑠 (30)
(1 + 100·103 𝜋
)

𝐹 𝑇 𝐿𝐴(𝑠) = 𝑃 𝑊 𝑀 · 𝐺𝑣𝑑 · 𝐻𝑣 (31)

O próximo passo é elaborar o projeto do compensador utilizando o ambiente


sisotool do Matlab. Nas Figuras 19, 20 e 21 são vistos os resultados do projeto que
são o gráfico lugar das raízes com os polos e zeros do sistema, o diagrama de Bode
com a frequência de cruzamento e margem de fase e a resposta ao degrau. O uso
33

do diagrama de Bode se deve ao fato da necessidade de elevada margem de fase


para o devido funcionamento do projeto. Para este projeto foi requisito um tempo de
estabilização de 2ms.

Figura 19 – Gráfico lugar das raízes.

Fonte: Autoria própria.

Figura 20 – Diagrama de Bode.

Fonte: Autoria própria.

A partir do sisotool são obtidas uma constante proporcional de 7,98x10−5 e


uma constante integral de 1,052. Com o uso do software Psim é feita uma simulação
a partir do circuito visto na Figura 22. Um degrau de 350 V para 400 V é simulado e
então observa-se a ação de controle na Figura 23. Como os resultados obtidos em
simulação são aceitáveis é possível partir para prática e implementar o controle.
34

Figura 21 – Resposta ao degrau.

Fonte: Autoria própria.

Figura 22 – Circuito simulado boost-flyback conven-


cional.

Fonte: Autoria própria.

3.6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Para avaliar o comportamento dinâmico do sistema e validar os resultados


obtidos em simulação alguns experimentos práticos foram realizados com o conversor.
Foi colocado um banco de resistores com valor equivalente a 1,1k𝛺 em paralelo com
uma carga de aproximadamente 580𝛺. A carga de 1,1k𝛺 foi ligada por meio de um
disjuntor de tal forma a ser possível variar a carga na saída de maneira abrupta. A
associação assegurou que o valor nominal da carga do conversor fosse respeitado,
dessa forma prevenindo possíveis acidentes. Assim ao acionar o disjuntor o valor da
35

Figura 23 – Resposta ao degrau na referência no


conversor boost-flyback convencional.

Fonte: Autoria própria.

carga seria de aproximadamente 380𝛺. Uma fotografia do conversor boost-flyback


pode ser vista na Figura 24, assim como esquemas elétricos e dados sobre a topologia
nos anexos no final do trabalho. Foi utilizado um osciloscópio Tektronix DPO3014.

Figura 24 – Fotografia do protótipo de 500 W do con-


versor boost-flyback convencional.

Fonte: (TEODORO, 2016).

Num dado momento com carga de 580𝛺, 400V na saída e 48V na entrada o
36

disjuntor é acionado fazendo a carga variar para 380𝛺. Na Figura 25 é visto o compor-
tamento da tensão e corrente na carga logo após o acionamento do disjuntor assim
como a ação de controle, corrigindo a razão cíclica para regular a tensão na saída do
conversor, prevenindo assim picos de corrente destrutivos.

Figura 25 – Degrau de 580𝛺 para 380𝛺.

Fonte: Autoria própria.

Em seguida um degrau positivo é dado, ou seja, ocorre uma variação abrupta


de carga de 380𝛺 para 580𝛺. Tal ação tem como consequência um pico de tensão
na saída e consequentemente achatamento da corrente. A ação de controle atua cor-
rigindo a razão cíclica, permitindo que o conversor torne a operar da forma que foi
projetado. Tal efeito é visto na Figura 26.

Figura 26 – Degrau de 380𝛺 para 580𝛺

Fonte: Autoria própria.

Um segundo experimento consiste em avaliar a resposta do conversor com


respeito a variações da tensão de alimentação. Então mantendo a carga fixa foi vari-
37

ada a referência de 350V para 400V. Observa-se na Figura 27 que o controle atua da
forma como foi projetado com um tempo de resposta de aproximadamente 2 ms.

Figura 27 – Referência de 350V para 400V com carga


fixa.

Fonte: Autoria própria.

Em seguida é dado um degrau de 400V para 350V com carga fixa e observa-
se a dinâmica do processo na Figura 28. O resultado é satisfatório, pois o controle
atua da forma desejada estabilizando a tensão de saída para valores aceitáveis.

Figura 28 – Referência de 400V para 350V com carga


fixa.

Fonte: Autoria própria.

Deve ser mencionado que a pequena ondulação de tensão e corrente nos re-
sultados experimentais se deve a problemas com a fonte linear do laboratório. Foi feita
uma fonte linear a partir de um autotransformador ajustável, porém mesmo utilizando
um filtro capacitivo de valor elevado um pequeno resíduo de ondulação com o dobro
de frequência da rede elétrica (120 Hz) pôde ser observado.
38

4 ANÁLISE DINÂMICA DO CONVERSOR BOOST-FLYBACK COM COMUTAÇÃO


SUAVE

A última etapa do trabalho tem por base a mesma análise feita no conversor
boost-flyback, sendo desconsiderada qualquer ondulação da corrente magnetizante.
Em seguida uma análise estática aproximada do conversor boost-flyback com comu-
tação suave é realizada. A partir do resultado obtido é possível análisar o comporta-
mento do conversor levando em conta seu ponto de equilíbrio. Em seguida os valores
médios de tensão e corrente podem ser obtidos para um período de comutação na
indutância magnetizante e capacitores de saída. Todas as considerações possibilitam
chegar nas funções de transferência do conversor e projetar um controlador capaz de
controlar a planta para validação prática.

4.1 ESTÁTICA APROXIMADA DO CONVERSOR BOOST-FLYBACK COM COMU-


TAÇÃO SUAVE.

Para obter o modelo de pequenos sinais do conversor boost-flyback com co-


mutação suave o procedimento da análise anterior é repetido. Na Figura 29 é vista a
forma de onda da corrente 𝐼𝐿𝑚 considerando sua ondulação. A análise aproximada é
baseada na Figura 30 onde é vista a forma de onda da corrente 𝐼𝐿𝑚 desprezando sua
ondulação. Uma análise estática não simplificada foi apresentada em Teodoro (2016),
sendo que para simplificar a análise dinâmica optou-se por desprezar a ondulação de
𝐼𝐿𝑚 .
Da análise aproximada da corrente 𝐼𝐿𝑚 é obtido um sistema com as Equações
de 32 a 40. A solução do sistema para os seguintes parâmetros ∆𝑡1 , ∆𝑡2 , ∆𝑡4 , ∆𝑡5 ,
∆𝑡7 , 𝑉𝐶𝑏 , 𝑉𝐶𝑓 , 𝐼𝐿𝑚 e 𝐼𝑚𝑖𝑛 fornece a duração de cada etapa do conversor. As Equações
30 a 33 são obtidas a partir do comportamento da corrente 𝐼𝐿𝑑 durante a quarta, quinta
e sétima etapas respectivamente.

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓
𝐼𝐿𝑚 − + ∆𝑡1 = 0 (32)
𝐿𝑑 𝐿𝑑 𝑛

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑏
𝐼𝐿𝑚 − − − + ∆𝑡4 = 0 (33)
𝐿𝑑 𝐿𝑑 𝑛 𝐿𝑑
39

Figura 29 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 com ondulação.

Fonte: (TEODORO, 2016).

Figura 30 – Corrente 𝐼𝐿𝑚 sem ondulação.

Fonte: Autoria própria.

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓 𝑉𝑐𝑏
𝐼min − − − + ∆𝑡5 = 0 (34)
𝐿𝑑 𝐿𝑑 𝑛 𝐿𝑑

(︂ )︂
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑐𝑓
𝐼min − + ∆𝑡7 = 0 (35)
𝐿𝑑 𝐿𝑑 · 𝑛
As Equações 36 e 37 são obtidas a partir do modulador do conversor.
40

Aplicando-se a lei das malhas na saída do conversor, obtém-se a Equação 38.

𝐷
∆𝑡1 + ∆𝑡2 + ∆𝑡7 = (36)
𝑓𝑠

(1 − 𝐷)
∆𝑡4 + ∆𝑡5 = (37)
𝑓𝑠

𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 = 𝑉0 (38)

Do balanço de energia do indutor 𝐿𝑚 é possível obter a Equação 40. Sua


forma de onda é vista na Figura 31.

Figura 31 – Balanço de energia no indutor 𝐿𝑚 .

Fonte: Autoria própria.

A última equação do sistema é obtida a partir da corrente no interruptor 𝑆2


observada na Figura 32. O resultado da análise é obtido na Equação 40.
As Equações 41 a 46 fornecem as soluções para o sistema anterior. Delas
são obtidas as durações de cada etapa de operação do conversor. É válido mencio-
nar que 𝐿𝑑 é desconsiderado como parâmetro da análise por possuir uma dinâmica
mais rápida que o período de comutação. Entretanto, mesmo sem adicionar polo ao
sistema, sua presença influencia indiretamente a dinâmica do conversor, uma vez que
as durações das etapas dependem deste parâmetro, como observado no conjunto de
Equações 41 a 45.

(︂ )︂
𝑉𝑐𝑓 1
− ∆𝑡2 + ∆𝑡2 𝑉𝑖𝑛 = 0 (39)
𝑛 𝑓𝑠
41

Figura 32 – Corrente no interruptor 𝑆2 .

Fonte: Autoria própria.

(︂ )︂ (︂ )︂
1 1
𝐼𝐿𝑚 𝑛∆𝑡4 − + ∆𝑡2 − 𝐼min 𝑛∆𝑡5 + − ∆𝑡2 = 0 (40)
𝑓𝑠 𝑓𝑠

𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛
∆𝑡1 = (41)
𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛

1 (−𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝐷𝑉𝑐𝑏 𝑛)
∆𝑡2 = + (42)
𝑓𝑠 𝑓𝑠 (𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛)

𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛
∆𝑡4 = − (43)
𝑉𝑐𝑓 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛

(1 − 𝐷) 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛
∆𝑡5 = +
𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛 (44)

(1 − 𝐷) (−𝐷𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑐𝑏 𝑛 − 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛)


∆𝑡7 = + (45)
𝑓𝑠 𝑓𝑠 (𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛)

(−𝑉𝑐𝑓 + 𝐷𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 𝑛 − 𝑉𝑖𝑛 𝑛 − 𝐷𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝐷𝑉𝑖𝑛 𝑛)


𝐼𝑀 𝑖𝑛 = −𝐼𝐿𝑚 + (46)
𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛

4.2 PERTURBAÇÕES DAS ETAPAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO

A partir das durações de cada etapa obtidas anteriormente, obtêm-se as per-


turbações em torno do ponto de equilíbrio. As Equações 47 a 52 são resultado da
42

linearização das Equações de 41 a 46.

∧ ∧
∧ 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛𝑣 𝐶𝑓 𝐿𝑑 𝑛 𝑖 𝐿𝑚 (47)
∆𝑡1 = − +
(𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛) 𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛
∧ ∧ ∧
∧(𝑉𝑐𝑏 𝑛 − 𝑛𝑉𝑐𝑏 𝐷)𝑣 𝐶𝑓 (𝐷𝑛 − 𝑛) 𝑣𝑐𝑏 𝑉𝐶𝑏 𝑛 𝑑
∆𝑡2 = + + (48)
𝑓𝑠 (𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛) 𝑓𝑠 (𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛) 𝑓𝑠 (𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛)

∧ ∧ ∧
∧ 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛𝑣 𝑐𝑓 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛𝑣 𝑐𝑏 𝐿𝑑 𝑛 𝑖 𝐿𝑚 (49)
∆𝑡4 = − −
(−𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓 ) (−𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓 ) 𝑉𝑖𝑛 𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓

∧ ∧ ∧ ∧
∧ −𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛𝑣 𝑐𝑓 𝐼𝐿𝑚 𝐿𝑑 𝑛𝑣 𝑐𝑏 𝐿𝑑 𝑛 𝑖 𝐿𝑚 𝑑 (50)
∆𝑡5 = + + −
(−𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓 ) (−𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑖𝑛 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓 ) 𝑉𝑖𝑛 𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑉𝑐𝑓 𝑓𝑠

∧ ∧ ∧
∧ (𝐼𝐿𝑚 𝑛𝐿𝑑 𝑓𝑠 + 𝐷𝑉𝑐𝑏 𝑛 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛)𝑓𝑠 𝑣 𝑐𝑓 (𝑛 − 𝐷𝑛) 𝑣 𝑐𝑏 𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛 𝑖𝐿𝑚
∆𝑡7 = + − +
(𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 + 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 𝑛) 𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 + 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 𝑛 𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 + 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 𝑛 (51)
1 𝑛𝑉𝑐𝑏 ∧
+( − ) 𝑑
𝑓𝑠 𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 + 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 𝑛

∧ ∧ ∧
∧ (𝐷 − 1) 𝑣 𝑐𝑓 (𝑛 − 𝐷𝑛) 𝑣 𝑐𝑏 ∧ (𝑉𝑐𝑓 − 𝑉𝑐𝑏 𝑛 + 𝑛𝑉𝑖𝑛 ) 𝑑 (52)
𝑖min = + − 𝑖𝐿𝑚 +
𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛 𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛 𝐿𝑑 𝑓𝑠 𝑛

4.3 VALORES MÉDIOS DE TENSÃO E CORRENTE PARA UM PERÍODO DE CO-


MUTAÇÃO

Da mesma forma que na análise do conversor boost-flyback convencional é


preciso obter os valores médios de tensão e corrente para um período de comutação
na indutância magnetizante e capacitores de saída. É lembrado que 𝐿𝑑 é desconsi-
derado por possuir um elevado ripple e ainda a tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛 é considerada
constante.
A partir da Figura 31 pode-se obter o valor médio de tensão no indutor 𝐿𝑚 . O
resultado da análise é visto na Equação 53.
Ao observar a Equação 53 é possível concluir que trata-se de uma expressão
não linear, logo é preciso utilizar de recursos matemáticos para linearizar a expressão.
O resultado é visto na Equação 54.

(︂ )︂
𝑓𝑠 𝑉𝑐𝑓 1
𝑉𝐿𝑚 = 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 ∆𝑡2 − − ∆𝑡2 (53)
𝑛 𝑓𝑠
43

∧ (︂ )︂
𝑑 𝑖𝐿𝑚 𝑉𝑐𝑓 ∧ 1 ∧
𝐿𝑚 = 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 + ∆𝑡2 + (−1 + 𝑓𝑠 ∆𝑡2 ) 𝑣𝑐𝑓 (54)
𝑑𝑡 𝑛 𝑛
O mesmo é repetido para corrente no capacitor 𝐶𝑓 . A corrente para um período
de comutação é observada na Figura 33. Na Equação 55 tem-se o valor médio da
corrente.
Figura 33 – Corrente no capacitor 𝐶𝑓 .

Fonte: Autoria própria.

(︂ )︂
𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚
𝐼𝑐𝑓 = − + (∆𝑡1 + ∆𝑡4 ) + (∆𝑡5 + ∆𝑡7 ) (55)
𝑅 2𝑛 𝑛

A Equação 56 é resultado da linearização da Equação 55.


∧ ∧ ∧
𝑑 𝑣𝑐𝑓 (𝑣𝑐𝑓 + 𝑣𝑐𝑏 ) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∧ ∧ 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∧ ∧
𝐶𝑓 =− + (∆𝑡1 + ∆𝑡4 ) + (∆𝑡5 + ∆𝑡7 )+
𝑑𝑡
(︂ 𝑅 2𝑛)︂ 𝑛 (56)
𝑓𝑠 ∆𝑡1 + ∆𝑡4 ∧
+ + ∆𝑡5 + ∆𝑡7 𝑖𝐿𝑚
𝑛 2

Repetindo o processo para o capacitor 𝐶𝑏 , é observada a corrente neste ele-


mento para um período de comutação na Figura 34. A Equação 57 representa a cor-
rente média para um período de comutação em 𝐶𝑏 .

(︂ )︂
𝑉𝑐𝑓 + 𝑉𝑐𝑏 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡4 𝑓𝑠 𝐼min ∆𝑡5
𝐼𝑐𝑏 = − + − (57)
𝑅 2𝑛 2
A Equação 58 é resultado da linearização da Equação 57.

∧ ∧ ∧ ∧ ∧ ∧ ∧
𝑑 𝑣𝑐𝑏 (𝑣𝑐𝑓 + 𝑣𝑐𝑏 ) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡4 𝑓𝑠 𝐼min ∆𝑡5 𝑓𝑠 ∆𝑡4 𝑖𝐿𝑚 𝑓𝑠 ∆𝑡5 𝑖min (58)
𝐶𝑏 =− + − + −
𝑑𝑡 𝑅 2𝑛 2 2𝑛 2
44

Figura 34 – Corrente no capacitor 𝐶𝑏 .

Fonte: Autoria própria.

Com os resultados obtidos nas Equações 54, 56 e 58 tem-se os valores mé-


dios para um período de comutação da tensão no indutor 𝐿𝑚 e as correntes nos ca-
pacitores 𝐶𝑓 e 𝐶𝑏 .

4.4 MODELO MATEMÁTICO E VALIDAÇÃO

Ao aplicar as perturbações nas Equações 54, 56 e 58 e utilizar as proprieda-


des da transformada de Laplace têm-se como resultado as Equações 59, 60 e 61.

(︂ )︂ ∧
∧ 𝑉𝑐𝑓 1 ∧
𝑠𝐿𝑚 𝑖𝐿𝑚 (𝑠) = 𝑓𝑠 𝑉𝑖𝑛 + ∆𝑡2 (𝑠) + (−1 + 𝑓𝑠 ∆𝑡2 ) 𝑣𝑐𝑓 (𝑠) (59)
𝑛 𝑛

∧ ∧
∧ (𝑣𝑐𝑓 (𝑠) + 𝑣𝑐𝑏 (𝑠)) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∧ ∧ 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∧ ∧
=−
𝑠𝐶𝑓 𝑣𝑐𝑓 (𝑠) + (∆𝑡1 (𝑠) + ∆𝑡4 (𝑠)) + (∆𝑡5 (𝑠) + ∆𝑡7 (𝑠))+
(︂ 𝑅 2𝑛 )︂ 𝑛
𝑓𝑠 ∆𝑡1 + ∆𝑡4 ∧
+ ( + ∆𝑡5 + ∆𝑡7 ) 𝑖𝐿𝑚 (𝑠)
𝑛 2
(60)

∧ ∧ ∧ ∧ ∧
∧ (𝑣𝑐𝑓 (𝑠) + 𝑣𝑐𝑏 (𝑠)) 𝑓𝑠 𝐼𝐿𝑚 ∆𝑡4 (𝑠) 𝑓𝑠 𝐼min ∆𝑡5 (𝑠) 𝑓𝑠 ∆𝑡4 𝑖𝐿𝑚 (𝑠)
𝑠𝐶𝑏 𝑣𝑐𝑏=− + − + −

𝑅 2𝑛 2 2𝑛 (61)
𝑓𝑠 ∆𝑡5 𝑖min (𝑠)

2
A Tabela 3 fornece os parâmetros de projeto utilizados para análise matemá-
tica e simulação do conversor. Com base nela é feita validação do modelo via cálculo
e simulação.
45

Tabela 3 – Parâmetros de projeto conversor boost-flyback com comutação suave.


Referência Valor

𝑉𝑖𝑛 Tensão de entrada 48V


𝑉0 Tensão de saída 400V
𝐹𝑠 Frequência de comutação 100kHz
𝐷 Razão cíclica 0,68
𝐿𝑚 Indutância magnetizante 56,756𝜇H
𝐿𝑑 Indutância auxiliar 3𝜇H
𝑛 Relação de transformação 3,226
𝐶𝑓 Capacitor flyback 2,2𝜇F
𝐶𝑏 Capacitor boost 2,2𝜇F
𝑅 Resistência de saída 320Ω
Fonte: Autoria própria.

A partir das condições de projeto é possível obter três funções de transfe-


rências que fornecem o modelo matemático do conversor. Elas fornecem o comporta-
mento das tensões de saída e corrente no indutor 𝐿𝑚 pela razão cíclica. A Equação 62
é uma representação geral das funções de transferência, enquanto a Tabela 4 fornece
o valor de cada coeficiente.

𝐵3 𝑠3 + 𝐵2 𝑠2 + 𝐵1 𝑠 + 𝐵0
𝐺𝑆 (𝑠) = (62)
𝐴3 𝑠3 + 𝐴2 𝑠2 + 𝐴1 𝑠 + 𝐴0

Tabela 4 – Coeficientes das funções de transferência.


𝑉𝐶𝑓 𝑉𝐶𝑏 𝑉0 𝐼𝐿𝑚

𝐵3 0 0 0 0
𝐵2 -3,1085x1020 4,3243x1020 4,0335x106 9,1367x1019
𝐵1 3,3407x1024 1,6783x1025 2,687x1011 5,2643x1024
𝐵0 9,9583x1029 2,3404x1029 1,0658x1016 1,5969x1028
𝐴3 1,3734x1014 6,8674x1013 1 3,4337x1013
𝐴2 9,7463x1018 4,8731x1018 70964,7589 2,4365x1018
𝐴1 9,513x1022 4,7565x1022 6,9266x108 2,3782x1022
𝐴0 9,9186x1026 4,9593x1026 7,2214x1012 2,4796x1026
Fonte: Autoria própria.

Nas Figuras 35 e 36 observa-se o circuito utilizado na simulação e a validação


do modelo matemático através de simulação no software Psim respectivamente. É
dado um degrau em determinado momento e então observado o comportamento das
tensões e correntes. Fica evidente que o modelo acompanha a dinâmica do protótipo.
Portanto todo cálculo para o modelo anterior é válido.
46

Figura 35 – Circuito simulado para validação do mo-


delo boost-flyback com comutação su-
ave.

Fonte: Autoria própria.

Figura 36 – Modelo validado do boost-flyback com


comutação suave.

Fonte: Autoria própria.

4.5 PROJETO DO CONTROLADOR

Para o controlador é repetido o processo anterior mais uma vez. É válido re-
forçar que não foi utilizada nenhuma técnica avançada de controle não sendo este o
foco do trabalho. Foi utilizado o mesmo controlador proporcional integral visto na Ex-
pressão 29. Tal escolha pode se justifica pela mesma situação anterior, pois se deseja
erro nulo ao degrau, rastreamento de referência e rejeição de ruído.
O mesmo sensor da Expressão 30 é utilizada, assim como a função de trans-
ferência de laço aberto na Expressão 31.
47

O projeto do compensador é realizado com o ambiente sisotool do Matlab. Nas


Figuras 37, 38 e 39 são observados os resultados do projeto que são o gráfico lugar
das raízes com os polos e zeros do sistema, o diagrama de Bode com a frequência de
cruzamento e margem de fase e a resposta ao degrau. O uso do diagrama de Bode se
deve ao fato da necessidade de elevada margem de fase para o devido funcionamento
do projeto. Foi requisito um tempo de estabilização de 2 ms.
Figura 37 – Gráfico lugar das raízes.

Fonte: Autoria própria.

Figura 38 – Diagrama de Bode.

Fonte: Autoria própria.

A partir do sisotool é escolhido uma constante proporcional de 6,2x10−5 e uma


constante integral de 1. Com o uso do software Psim é feita uma simulação a partir
do circuito visto na Figura 40. Um degrau de 350V para 400V é simulado e então
observa-se a ação de controle na Figura 41.
48

Figura 39 – Resposta ao degrau.

Fonte: Autoria própria.

Figura 40 – Circuito simulado boost-flyback com co-


mutação suave.

Fonte: Autoria própria.

Figura 41 – Resposta ao degrau no conversor boost-


flyback com comutação suave.

Fonte: Autoria própria.

Como os resultados obtidos em simulação são aceitáveis é possível partir para


prática e implementar o controle.
49

4.6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Para avaliar o comportamento dinâmico do sistema e validar os resultados


obtidos em simulação o mesmo procedimento do protótipo anterior é repetido. Foi co-
locado um banco de resistores com valor equivalente a 1,1k𝛺 em paralelo com uma
carga de aproximadamente 580𝛺. A carga de 1,1k𝛺 foi ligada por meio de um disjuntor
de tal forma que foi possível variar a carga na saída de maneira abrupta. A associa-
ção assegurou que o valor nominal da carga do conversor fosse respeitado, dessa
forma prevenindo possíveis acidentes. Ao acionar o disjuntor o valor da carga seria de
aproximadamente 380𝛺, não correndo o risco do valor ser menor que o valor nominal
pra carga de 320𝛺. A Figura 42 é uma fotografia retirada do conversor boost-flyback
com comutação suave, assim como esquemas elétricos e dados sobre a topologia nos
anexos no final do trabalho. Foi utilizado para as medições um osciloscópio Tektronix
DPO3014.
Figura 42 – Fotografia do protótipo de 500 W do con-
versor boost-flyback com comutação su-
ave.

Fonte: (TEODORO, 2016).

Num dado momento com carga de 580𝛺, 400V na saída e 48V na entrada o
disjuntor é acionado fazendo a carga variar para 380𝛺. Na Figura 43 é visto o com-
50

portamento da tensão e corrente na carga após o acionamento do disjuntor assim


como a ação de controle corrigindo a razão cíclica para regular a tensão na saída do
conversor, prevenindo assim picos de corrente destrutivos.

Figura 43 – Degrau de 580𝛺 para 380𝛺.

Fonte: Autoria própria.

Em outro momento um degrau positivo é dado, ocorre uma variação abrupta


de carga de 380𝛺 para 580𝛺. Tal ação faz surgir um pico de tensão na saída e con-
sequentemente achatamento da corrente. Mais uma vez o controle atua corrigindo a
razão cíclica, permitindo que o conversor torne a operar da forma que foi projetado.
Tal efeito é visto na Figura 44.

Figura 44 – Degrau de 380𝛺 para 580𝛺

Fonte: Autoria própria.

Mantendo a carga fixa foi variada a referência de 350V para 400V. Observa-
se na Figura 45 que o controle atua da forma como foi projetado com um tempo de
resposta de aproximadamente 2 ms.
51

Figura 45 – Referência de 350V para 400V com carga


fixa.

Fonte: Autoria própria.

Em seguida é dado um degrau de 400V para 350V com carga fixa e observa-
se a dinâmica na Figura 46. O resultado é satisfatório, pois o controle atua da forma
desejada estabilizando a tensão de saída para valores aceitáveis.

Figura 46 – Referência de 400V para 350V com carga


fixa.

Fonte: Autoria própria.

Novamente é valido ressaltar que a pequena ondulação de tensão e corrente


nos resultados experimentais se deve a fonte linear. Foi feita uma fonte linear a partir
de um autotransformador ajustável, porém mesmo utilizando um filtro capacitivo de
valor elevado um pequeno resíduo de ondulação com o dobro de frequência da rede
elétrica (120 Hz) pôde ser observado.
52

5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Com base em estudos feitos é nítida a necessidade de tecnologias capazes


de processar energia com maior rendimento e ganho. Uma vez que a demanda por
energias renováveis vem crescendo ao longo do tempo, em especifico a solar que é
muito mais fácil de ser utilizada pelas pessoas. Sendo assim, o projeto como um todo
tem um impacto positivo no estudo de energias renováveis.
A análise dinâmica de dois conversores denominados boost-flyback conven-
cional e boost-flyback com comutação suave ambos de elevado ganho foi proposta.
A partir da modelagem realizada foi possível chegar ao modelo dos dois converso-
res. Em seguida, os modelos dinâmicos foram validados em ambientes de simulação,
fornecendo o subsídio necessário para o projeto dos compensadores.
A partir dos resultados obtidos nos experimentos práticos é correto afirmar
que o projeto foi bem sucedido. Medições realizadas em laboratório corroboraram a
operação dos sistemas de controle. Entretanto, ainda há margem para a melhoria dos
compensadores, cujo projeto não era o foco principal do trabalho. Uma possível me-
lhora seria um projeto mais elaborado para o controle utilizando técnicas mais avança-
das. Uma proposta para trabalhos futuros seria utilizar controle adaptativo e verificar
possíveis otimizações nos conversores.
53

REFERÊNCIAS

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217–225, 2005. Citado na página 14.
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integrated boost-flyback converter. In: IEEE. Industrial Electronics Society, IECON
2015-41st Annual Conference of the IEEE. [S.l.], 2015. p. 003491–003496. Citado
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TEODORO, Stefany Huendy. Conversores CC-CC boost-flyback de elevados


ganho e rendimento. 2016. Dissertação (B.S. thesis) — Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2016. Citado 11 vezes nas páginas 14, 15, 24, 25, 35, 38, 39, 49,
56, 57 e 58.

TSENG, KC; LIANG, Tsorng-Juu. Novel high-efficiency step-up converter. IEE


Proceedings-Electric Power Applications, IET, v. 151, n. 2, p. 182–190, 2004.
Citado 3 vezes nas páginas 14, 17 e 18.

XU, Duo et al. A novel two winding coupled-inductor step-up voltage gain boost-
flyback converter. In: IEEE. Power Electronics and Application Conference and
Exposition (PEAC), 2014 International. [S.l.], 2014. p. 1–5. Citado na página 18.
ANEXOS
56

ANEXO A – ESQUEMAS ELÉTRICOS DOS CONVERSORES BOOST-FLYBACK


CONVENCIONAL E BOOST-FLYBACK COM COMUTAÇÃO SUAVE

Figura 47 – Esquema elétrico do conversor boost-


flyback convencional.

Fonte: (TEODORO, 2016)


57

Tabela 5 – Componentes utilizados no conversor boost-flyback convencional.


Parâmetros Componente

𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 e 𝐶4 2,2 µF x 450V Polipropileno


𝐶5 e 𝐶6 2,2 µF x 630V Polipropileno
𝐶7 100 µF x 50V Eletrolítico
𝐶8 e 𝐶9 100 nF Cerâmico
𝐶10 5,6 µF x 1600V Polipropileno
𝑅1 10 kW
𝑅2 170 kW
𝐷𝑓 𝑒𝐷𝑏 C3D06060A
𝐷1 MUR1100
𝑆1 STW75NF30
Fonte: (TEODORO, 2016).

Tabela 6 – Componentes utilizados no conversor boost-flyback com comutação suave.


Parâmetros Componente

𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 e 𝐶4 2,2 µF x 450V Polipropileno


𝐶5 e 𝐶6 2,2 µF x 630V Polipropileno
𝐶7 100 µF x 50V Eletrolítico
𝐶8 e 𝐶9 100 nF Cerâmico
𝐶10 5,6 µF x 1600V Polipropileno
𝑅1 10 kW
𝑅2 170 kW
𝐷𝑓 𝑒𝐷𝑏 C3D06060A
𝐷1 MUR1100
𝑆1 STW75NF30
Fonte: (TEODORO, 2016).
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Figura 48 – Esquema elétrico do conversor boost-


flyback com comutação suave.

Fonte: (TEODORO, 2016)

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