Heinrich Lausberg
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DE RETÓRICA
LITERÁRIA
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DB RETÓRICA LITBRÃRIA �oqas311 lib
Lausberg. Hainrich 82.08
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Nasceu em 1912. Estudou nu Univer 1967
aidada de Bonn e Tübisen, tendo feito, ELEHEHTOS OE RETORICA LITERARIA 2 Ed.
nesta última, o aeu doutoramento, em
1937, com uma tese sobre 01 dialectol
da Lucania do Sul. Colaborou, entre
1937 e 1939, DO FratU6silCMs Etymo/o
�sdus W6rurbudi e de 1939 a 1942 no
Tltuallrw Li'lf6'UIU Latituu. Entre 1946 e
1949, ensinou como profcuor enraordi
n.irio de Filoloai• Romlnica, na Univer
aidade de Bonn. a profcuor catedritico
da mesma disciplina em Münstcr, desde
1949.
R. M. Rosado Fernandes
ELEMENTOS
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DE RETORJCA
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LITERARIA
R. M. ROSADO FERNANDES
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R. M. ROSADO FERNANDES
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FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
A"· de Bnm 1 Lisboa
PREFÁCIO
À EDIÇÃO PORTUGUESA
011viute pela sucessão defiguras e de tropos, que serviam para embelezar co1iceitos
e tornar a frase harmónica. Desta maneira, tomava-se 11111 tema, que depois
era tratado, seg1111do os princfpios retóricos da composição, mas acontecia frequen
temente que os a11tores caía111, por parcialidade e excesso de ornato, e111 dise11rsos
ocos e sem matéria, destinados a agradar a assistência� fiíteis. Foi esta a co11Se
quência desse culto pela retórica.
Foi essa a ca11sa que levou à abolição do próprio est11do da Retórica, sobre
tudo 110 nosso sée11lo e já e111.fi11s do sée11lo passado. ]11/gava-se q11e pelo desa
parecimento de tal disciplina se deixaria de p8r em perigo o bom gosto e a inte
gridade mental das gerações de est11da11tes do estilo. Apesar desta atitude
intransigente, conti1111a, ainda hoje, a ser impossível ignorar a Retórica, co1110
8 9
arte da palavra, co1110 prrropLx� -dxv-11, owpada especial111e11te co111 a expressão que o 111es1110 A. escreveu sobre asfontes da Retórica antiga e sobre a e11ol11çiio das
da li11g11age111 l111111a11a e tratando siste111àtica111ente dos processos de omar, co111 co11cepções co11ceme11tes a esta discipli11a, da antiguidade aos nossos dias. Esse
propriedade, a palavra e o pe11sa111e11/o. Ora 11ão luí q11e duvidar: estes processos tratado, o Handbuch der literarischen Rhetorik, Max H11eber, A11111i
constit11e111 a própria essência da linguage111. que, 1961, 2 vols., é o resultado de 111uitos anos de i11vestigação e de lcimra
Tal estado de coisas, forçou as uovas gerações, tanto de A1e.stres, como de de fo11tes. De111011stra ao 111es1110 tempo gra11de erudição e existência de .fi110
est11dantes, ta11to de críticos, co1110 de escritores e criadores, a procurarem sol11çõcs j11fzo crftico. A preparação li11g11fstica do se11 A. e a orie11tação q11e seg11iu
para a téwica da palavra. Como não se queria ou11ir falar em retórica - esta - a qual, como jtÍ dissemos, vai na esteira da de C11rti11s -, lc11ara111-110 à
adq11irira mesmo 11111 sentido pejorati110 -, forjara111-se 11ários s11ced�11eos desta realização desta s11111a retórica, dos Elemente der literarischen Rhetorik,
matéria, todos eles modemame11te abrangidos pela Estilfstica, que 11ai conhecer que toma a matéria mais próxi111a do leitor 11or111al e do cst11dic1so da literat11ra,
a111plo incremento nos 111eados deste século e que, mercê do progresso 11os co11he ao aparecer l'/11 edição mais ma11useável.
ci111e11tos ling11fsticos e gra111aticais, fa111iliares nos que a pratica111, poderá pe11etrar Os Elementos de Retórica Literária, por mim traduzidos, e q11e apare
finame11te 11a análise do estilo dos a11tores. Sendo, pois, 11m 111eio de crítica cem agora 11a 3.ª ed. ale111ã e 11a 2.ª ed. portuguesa, tê111 a grande 11a11tage111
literária é a Estilística também um instrumento para o aperfeiçoamento de apresentar os princípios teóricos da Retórica clássica, co11ti11uada depois
do sentido estético, visto ser realizada sobre o texto dos q11e melhor escreve111 pela s11a i11terpretação Re11asce11tista, ao lado de sólidos fi111dame11tos práti
e criam. Podia, na verdade, ser considerada como nor111ativa, pela assimilação cos, que 11os são atestados, mais concretamente, pelos i111í111eros exemplos que
q11e impõe, dos bons a11tores. No entanto, ho1111e q11e inventar e c1111l1r1r no11n se 11os oferece/li. O A. teve o cuidado de nos proporcio11ar exe111plijicação
terminologia, novos critérios, e vemos, com s11rpresa, q11e em muitos trabalhos retórica, que 11ai desde a literatura grega, co111 Homero e111 primeiro lugar, desde
de estilística penetram subreptlciamente ter111os q11e, até então, só tinham perten a literatura latina, sobretudo, com Virgílio e Cícero, i1 literatura alemã, e111 que
cido à Retórica. Ba11idos, porém, dos ma1111ais desta ciência, tinham sido acolhidos se distinguem Goethe e Schiller, à literatura italiana, co111 Da11te, e muito
pelos que se ocupavam da Estilística. Viu-se final111e11te e com razão q11e a especialmente às literaturas i11glesa e francesa: a primeira, com exempfos tirados
ciência literária só lucraria com a colaboração das d11as ciências da ling11agem e, de Shakespeare e de Milto11; a seg1111da, com exemplificação tirada de Racine,
modemamente, depois dos traball1os de Curti11s e seu discfpulo H. Lm1sberg, Comeille, e11/re os antigos, de Camus, Gide e Sartre, entre os modemos. Ve111os
o A. que apresentamos e traduzimos, chego11-se n conclusão, de que a Estilís se111pre com surpresa a permanência de 111uitas fórmulas retóricas, que vêm da
tica era Jimda111e11tal para o estudo projimdo de todos os recursos ling11fsticos a11tiguidade até aos nossos dias, e só este facto, justificaria, penso e11, o traba
de q11e o escritor dispõe, mas de que a Retórica auxilia11a ta111bém a co111preender lho apresentado.
melhor o 111ícleo tradicional q11e existe, co1110 s11bstrato, 11a líug11a de q11alquer Creio que a seg1111da edição portuguesa (corrigida cspecialme11te, au111e11-
artista. Os processos retóricos são assimilados, de geração em geração, por tada e prefaciada agora pelo Prof Lausberg) vem a propósito, se 11os dermos
todos os que lêem e escrevem, e são assimilados, muitas vezes, inco11scie11te111ente. conta do panora111a dos estudos estilísticos e111 Portugal e 110 Brasil, tal w1110
A Retórica dos te111pos 111odemos não é 111ais cultivada como finalidade em 110-lo apresenta o Prof H. Hatzfeld 1• No momento em que se levaram a cabo
si própria e apresenta-se, com grande 11tilidade, para 111elhor se compreendere111 i111portn11tes estudos estilísticos, co1110 os de 111aria de Lourdes Belchior Po11tes,
as 111aneiras, co1110 o escritor tenta esteticamente valorizar o seu estilo. Devido Rodrigues Lapa, Prado Coelho, em Port11gal, Sílvio Elia, Mafioso C�mara
a 11111a ter111i11ologia 111ais fixa e mais tradicional, d o q11e a da Estilística, serve, e outros, 110 Brasil, este livro deverá servir de i11str11111e1110 de trabalho, q11e
por vezes, para caracterizar, com va11tage111, e comentar, com maior propriedade, completará, porventura, a law11a q11e se deparava ao investigador e 111es1110
a obra literária. Bem entendido, que, 11<1 generalidade, não se emprega111 co11S ao crffico literário.
cie11te111e11te os trapos 011 as fig11ras, como 011trora era o caso; mas por ca11Sa da Estas as razões que me levaram a traduzir o texto ale111ão e a decidir-me a
leitura e, porque os próprios meios da ling11age111 h11111a11a conhece111 os se11s completar os exemplos tirados das literaturas estrangeiras, com exemplos tirados
limites, é visível, q11e também os 111odemos são forçados a admitir os velhos da nossa literat11ra. Servirão estes de substitutos válidos para o leitor, que não
priucípios da Retórica e os mes111os processos, que se nos deparam nos a11tores conheça as líng11as estrangeiras, em que estão escritos os outros exe111plos, ao
antigos, 111odificando-os e interpretando-os ao grado da s11a co11cepção artística. mesmo tempo que ta111bé111 são tÍteis para completar os pontos de Retórica tratados.
No q11e diz respeito ao presente livro, corresponde ele aos estudos retó Para conseguir obter 11m 111ícleo significativo de exemplos vi-111eforçado a recorrer
ricos encetados, há já alg11ns anos, pelo Prof H. La11sberg, q11e os i11icio11 com aos 11101111ais de Retórica feitos no século passado e ainda 11este século, co111 11ítida
11m peq11e110 manual de retórica. É este 111es1110 que, modificado, nos aparece
agora. No entanto, 11ão seria o presente trabalho possível sem o notável tratado 1 Vid. art. cit. p. 60.
10 1l
prepo11derância dos 111a111iais de Magne (brasileiro), de Custódio Jesão Barata Para a reco /Ira de exemplos e compilação da bibliografia ti11e de recorrer
(para o P. A. Vieira), de Marques Pereira e de outros. O 111a11110I de Magne ao auxílio dos manuais de bibliografia portuguesa e aos catálogos das Bibliotecas,
prima pela correcção no citar dos AA., assi111 como pela segurança, com q11e 111as socorri-me também da colaboração solícita de amigos e colegas. Quero
dá as definições de figuras e de tropos. de ixar registado o meu agradeci111e11to a todos os que, dl' qualquer 111odo, 111e
Qua11to à selecção de textos, preferi 11at11ra/111ente os 111aü significativos. auxiliaram 11este trabalho.
Veremos a escolha incidir pri11cipalmente em Cn111ões, At1tó11io Ferreira, Em pri111eiro lugar, c11111pre-111e agradecer aos Profs. Delfim Santos e
Bemnrdes, Garrett e Pessoa, 11ão sem que tivesse sido obrigado amiúde a sair Vitorino Ne111ésio que propuseram este livro para ser publicado pela Fundação
deste quadro homogé11eo, por não e11contrar 11os AA. referidos os exemplos Calo11ste G11lbe11kia11, 011de sempre Ji1i atendido com simpatia e i11teresse.
que procurava. Assim não deverá o le itor estranhar q11a11do, ao lado daqueles, Le111bro ta111bé111 os co11sellto� e sugestões do 111eu Ml'stre Prof F. Rebelo
aparecerem Bocage, Paiva de A11drade, José Estêvão, Camilo, etc. Por outro Go11çalves e dos Profs. Prado Coelho e Li11dley Cintra. Assim também muito
lado, se gra11dc 1111mero de exemplos encontrei nas Retóricas publicadas a11te aproveitei da colaboração com o Dr. Rai11er Hess, que comigo reviu a trad11çiio
rior111e11te, 11111itos outros foram encontrados, como o leitor poderá verificar, do ale111iio, e wja eficiê11cia recordo gratamente, e co111 e> meu Amigo Dr. Fritz
pela primeira vez, 11a busca mi1111ciosa e nem sempre agradável por mim reali Berke111eier, que muito 111e a11xilio11 11a pesquisa de exemplos retóricos. De
zada. Durante esta árdua prowra, pude dar-me conta, tal como já disse 110 igual 111odo le111bro a amizade e o auxílio do Dr. Francisco Caeiro, Amigo
i11fcio, da persisté11cia de formas retóricas através dos séculos, o que vem co11So lidar de sempre, e da minha ex-discípula, Dr.ª Maria Gabriela Sn11tos Pal111a,
a minha impressão de que a Retórica é imprescindf vel para co111pree11der o wja dedicação, 110 pri11cípio deste a110 lectivo, me permitiu ter111i11ar a tempo
substrato de todas as produções literárias, porque ela existe latente 110 estilo este manual. Desejo igualme11te teste1111111hnr o 111e11 apreço aos Drs. Snar1edra
de cada escritor. Maclrado e Jorge Peixoto, de Coimbra, e aos meus colegas, Drs. A. H. Oli
Deste modo, já tem o leitor português 11111a Retórica que talvez lhe pudesse veira Marques, C.-H. Frecl1es e A. Coimbra Marti11s, de Lisboa , pelas
fazer falta, pois desde os meados deste século uão mais se tomou a publicar muitas e ríteis informações bibliográficas q11e me forneceram. Aos Livreiros
um manual sobre a matéria. Não quis, 110 entanto, ficar por aqui e levado Srs. Cass11to e ]. C. Silva ( Almmjão ), expri1110 tnmbé111 o 111e11 reconlieci
por certa ambição vou apresentar também 11m breve conspecto dos estudos retó mento pelos exemplares bibliográficos, concernentes à Retórica, q11e puseram à
ricos em Portugal, no qual se verificarão, por certo, inúmeras deficiências, entre minha disposição. Ao Dr. Armando de Gusmão da Biblioteca de Évora, e ao
as quais a excessiva brev idade. Esse estudo será completado por uma biblio Sr. Ass1111ção, Conservador da Biblioteca de Mafra, deixo registados aq11i os
grai f a das pri11cipais obras de Retórica que digam respeito à cultura portuguesa. meus agradecimentos. E, para ter111i11ar, lembro se111pre a presti111osa ajuda q11e
I11feliz111e11te 11ão será essa bibliografia m11ito co111pleta, devido à falta de tempo 110 campo da wltura portuguesa, presta aos investigadores a excelente biblio
que tive na sua elaboração e à ausência, quase sistemática, de bons catálogos teca da Sociedade Científica de Goerres, em cujas instalações é possírtel traba
ideográficos 11as bibliotecas port11g1�esas. Sem tais catálogos não é possível ll1ar com comodidade e verdadeiro espírito cie11tíjico.
pretender realizar qualquer trabalho bibliogrtifico exaustivo.
A todos, e11.fi111, os que me ajudaram, e ciyos 11vmes 11iiv recordar, dirijo
Creio, 110 entanto, que o leitor poderá entrever as possibilidades que se lhe
deparam , quando alguma vez quiser dedicar o seu tempo ao estudo deste capf os meus agradeci111e11tos.
tulo, q11e sempre foi tiio importante 11a formação intelectual dos espíritos portu
Lisboa, 22 de Agosto de 1970.
gueses. Foi-o 110 bom e no mau sentido. Poderão estudar-se ambos.
R. M. Rosado Fernandes
Do ponto de vista tipográfico há que ace11t11ar q11e todos os exemplos portu
g11eses aparecerão e11tre parênteses rectos e em itálico, e que foram, todos eles,
i11trod11zidos pelo tradutor deste trabalho. No caso de lraver outras notas feitas
por 111i111 e que não se refira111, óbvia111e11te, à tradução portuguesa, enco11trar-se-ão
todas seguidas pela tradicio11al abreviatura N. T.
Como já mostrei, a parte inicial, comtitrrída por «Breve llltrodução aos
Estudos Retóricos ew Portugal» e «Bibliografia das Obras de Retórica que,
de Algum Modo, Dizem Respeito à Cr�lhira Portuguesa», é i11teira111e11te
nova, assim co1110 o siio os exe111plos portugueses.
a
BREVE INTRODUÇÃO
AOS ESTUDOS RETÓRICOS
EM PORTUGAL
3 Cí: P. Riché, ob. dt., p. 169 (sobre o csrudo da re1órica vi d. igualmente pp. 78-80, p. 123 e
pp. 536-542);). Leite de Vasconcdos, Da Impart41u:ia do l.Atlm, Lisboa, 1947, p. XJII; M. de lourdes
Flor de Oliveira, •Os Estudos Clássicos cm Portugal., Ro111011i1as, IV,.5 (1962), p. 429, n. 8.
'
14 15
ded11::ir desta i11for111ação, was o adjectivo disertus pode referir-se, co11t11do, temos já de tomar em co11sideração a Universidade de Lisboa- 11os seus
à eloquência que, porventura, caracteriza o sacerdote pace11se. primórdios, Estudo Geral-, fimdada, ao tempo, por D. Dinis 1• Nos
Existia, pois, julgawos 11Ós, u111 substrato retórico que residia precisame11te scriptoria dos referidos mosteiros, copiavam-se tratados q11e permitiam aos
11as escolas ro111a11as da Pe11fns11la, conti11uadas depois pelas escolas 111011acais clérigos a11111e11tare111 o seu cabedal de conlreci111e11tos gramaticais e retóricos,
cristãs. Nele se afirma com particular fulgor a obra do bispo de Sevilha, peln visto gramática, retórica e dialéctica formarem conj1111ta111e11te o que Ala1Í110
prepo11derâ11cia q11e vai ter 11a orie11tação dos estudos retóricos das fi1turas escolas de11omi11011 de trivium 2•
111edievais, 011de não falta111, co1110 11ere111os, exemplares dos vime /i11ros das No que respeita a livros profanos de retórica, dividem-se estes em duas
Ecymologiac. categorias: textos dos grandes escritores da antiguidade, co1110 Cfcero, e 111a1111ais
escolares medievos. Na realidade, Irá q11e co11siderar, em pri111eiro lugar, as
E111 Portugal, circu11screveu-se a retórica dos IDADE MÉ DIA edições de Cfcero conhecidas, tal come> os Duo libri de Recorjca scilicet
le111pos 111edievais, ao exclusivo do111í11io da escolaridade. (Sénilos XII-XV) Tulij 3, me11cio11ados 11u111 inventário de Santa Cruz de Coimbra. De11e111
Ai11da q11e a 11xistência desta disciplina 1ws escolas estes correspo11der, seg1mdo nos parece, aos dois livros que co11stit11em o tratado
medievais ne111 se111pre e11contre 111ençiio nos documentos que dela nos restam, ciceronia110 do De inventione, e datam, conforme A11tó11io Cruz p;es11me,
a verdade é que nos parece excessivamente precipitado o 11ão admitirmos o dos princfpios do século XIII, fins do século XII. Por se11 lado, encontra-se,
ensino da retórica 11essa altura. Te11tá-lo-e111os provar na devida ocasião. entre os ma1111scritos alcobace11ses, um códice do século XV, copiado em gótico,
Falámos de retórica escolar, porque nada conliece111os de verdadeiramente da Rhetorica ad Herennium 4, falsamente atribuída a Cícero e posterior
original, que possa111os i11cluir entre as p11blicações portuguesas desta época, mente considerada como obra de Comifício 5• Este texto, bem co11hecido 11a
à maneira do que, p. ex., acontecia na França e Inglaterra 111edievas, de onde Idade-Média, constituía o que se chamava a Retórica Nova e contrapunha-se
são originários alg1111s autores, formados 11a escola de Cliartres, tais co1110 João ao De invcntione, 011 Retórica Velha 6• Ambos os textos era111 frequentemente
de Salisb1íria 1 e AIão de Li/a 2, cujas obras siio renovadoras e originais. Em utilizados durante a época medieval e foram mes1110 traduzidos por eruditos
Portugal, no entanto, o c11Sino da retórica deve ter-se Jeito, logo de início, e111 italianos e fra11ceses 7. O te.Yto da Retórica a Herénio apresenta-se, no códice
dois sentidos diferentes. O primeiro, de ordem profana, era observado por alcobacense, profi1sa111e11te co111entado em lati111. ]ulgamns que o estudo das
todos os que se ocupavam em escrever e desejavam formar o estilo, ou seja, �losas deste códice poderia ser de extrema utilidade para a a11aliaçãc1 do 1rível
pelos poetas e prosadores da época. Trata-se, portanto, de 11111a mescla de retó escolar alcobacense e para o conhecimento da sua proveniência.
rica e poética, iwbufda talvez de conceitos gra111aticais. O segu11do tinlia co11exão Nas livrarias de a111bos os mosteiros, encontramos além destas obras, os
co111 a arte de pregar e era o fimdamento da técnica da palavra, necessária para escritos de S. Isidoro 8, wja Retórica, era certame11te bem conhecida dos
tomar aptos os sacerdotes na propagação da fé, que por toda a parte do Ocidente
1 Vid. A. Moreira de S:i, O Illfa11U D. Ht11riq11t e a U11ivmidadt, Lisboa, 1960, p. 13 e scgs.;
cristão se incentivava. id., ed. de D. Pedro de Meneses, Orarão Proftrida 110 Estudo Gtral dt Ll.sboa (md. de M. Pinto de
Para a nossa fi11alidade, interessa-nos sobretudo conhecer e111 que direcção Meneses), Lisboa, 1964, p. 47 e panim.
se orientou o e11Sino da retórica e111 Portugal, durante o perfodo medieval. Temos 2 E. R. Curriw, ob. cit., pp. 47 e segs .. 52, 55, etc.; Sandys, ob. tit .. I, pp. 471-479.
assi111 de observar logo de i11ício quais as espécies bibliográficas que, da Idade 3 A. Cru:r., ob. cit., pp. 193, 205.
CCCLXXX l l l ,
-Média, chegaram até nós. Os dois gra11des centros de ensino que melhor se • C&d. Altob. começa no fi. 298. um cb 2.• metade do séc.. xv.
285
conhecem na história da atltrtra portuguesa 111edieva, são os mosteiros de Santa
5 Vid. Oxford Classical Dictio11 ary, 1950, s. v. Rhetorita ad Htrt1111i11m.
Cruz de Coimbra 3 e de Alcobaça 4• Em época posterior, no sécrrlo XW, 6 Vid. Joseph Piei, Li�ro tfo.1 O.freios de Marco Tullio Ciceram, o qual tomou tm li11guagem o
Ifa11/t D. Pttfro, Coimbra, 1948, p. X, n. 3; Mcncndcz Pcbyo, Hí.stóri.i dt las ldtas Esrlcti as m E.rpaiia,
1, p. 469, n. 2.
1 Sandys, ob. cit., 1, pp. 537-542; E. R. Curriw, ob. tit., pp. 86-87.
7 No séc. xm Fr. Guidotto da Bologm traduziu a RLtórica a Htr�11io. Por sua vez, cerca de 1265,
2 Sandys, ob. clt., 1, pp. 553-554; E. R. Curtiw, ob. cit., pp. 127-131.
Druncrto Lacini traduziu o livro 1 do De i1111e11tio11e e cm 1282, Jun de Harenc, cm Acre, trashdou
3 Vid. Ancónio José Suaiva, História da Cultura em Portu_�al, 3 vols .. Lisboa, 1955, 1, p. 87 e
p2r.1 francês. as duas retóricas; cf., Piei, ob. tit., ibid.
segs.; M. de lourdes Flor de Oliveira, art. tit., p. 429 e scgs.; António Cru:r., Sauta Cniz de Coimbra
8 A retóricn csú compreendida no livro 1, 1-21. Quanto 20 códice de Santa Cru:r. de Coimbra,
11a Cultura Portu.�utsa da tdadr Mldia, vol. 1, Ob.1tr1111fõtS sobre o •Scriptorium• r 0.1 Es111tfos Clau.strais,
vid. A. Cruz, ob. cit., 1, pp. 183-184; tma--sc do códice 17 d� Santa Cruz.-Dibl. Públ. Mun.
Porto, 1964.
do Porto 21. Quanto a Alcobaça, tr.lt:i-se do códice, cm letra fr.mcesa do século xm, cód. alcob.
• V id. A. J. Saraiva, ob. cit., 1, pp. 87-93; A. F. de At:ildc e Melo, Ttrve11tário dos Códirrs
CC!){
A/cobaceusu, 5 vols., Lisboa, 1930-1932; A. Aruelmo, Os Cótfirt.1 Alcobaw1us tia Bibliottca Nacio11al
-1 - C.Jditts Por11w1eus, Lísbo3, 1926. 446 (cf. f1111t11tário, 16).
16 17
clérigos que ali aprendimn. Ao lado destes códices, aparece111, be111 entendido, c11carar, co111 certa precaução, a hipótese emitida por António José Saraiva 1,
outros em que se reproduzem obras pura111ente gramaticais, mas que servia111, de q11e a data tardia do códice alcobace11se e o silêncio feito pelo cronista do
de certo modo, de iniciação nos que se dedicavam à aprendizage111 dos princfpios mosteiro a respeito de obras de retórica, seriam provas para a ausência de estudos
retóricos. Nos doí( 111osteiros lia-se Prisciano 1, wjos trabalhos gra111aticais, retóricos 11a preparação pré-universitária. Haveria, portanto, estudos grama
lançavam, não raro, algu11111 luz sobre os problemas das figuras e dos trapos ticais e dialécticos, 111as não retóricos.
na composição latina. Também é de incl111r entre estas obras, que serviam comCl Julgamos ser esta qfirmação demasiado arriscada. Só a existê11cia da obra
que à propedêutica da retórica, o Grecismus de Eberhard de Bét/11111e (t 1212) 2• de S. Isidoro, ciljo capítulo de retórica é muito completo, podia permitir o e11si110
Parece, à primeira vista, que este tratado gramatical, ciljo nome provém do desta discipli11a. Nele estavam i11cluídos exemplos breves mas fi111da111entais
facto de ter 11m capítulo dedicado às palavras latinas de origem grega, não tem para a compree11siio dos ornatos de estilo, e, nas suas linhas básicas, estava
qualquer ligação com a retórica. Muito embora seja 11111 repositório gramatical, delineada a teoria da eloquência. Deste modo, o e11sino da retórica, ainda que
nele podemos encontrar certa matéria retórica, tal como a teoria dos tropos e rudimentar, podia ser levado a cabo, mesmo q11e 11ão existissem, como de facto
figurns, que ajudava os estudantes a for111are111 o seu estilo, unindo a correcção 11iio existem, os textos clássicos de Virgílio, Cícero, etc. Estes eram substi
gramatical com a beleza estilística. A popularidade deste autor era tão grande, tuídos pelos exemplos espalhados pela obra de S. Isidoro, o que 11ão 11os deve
que, entre os códices alcobacenses, se encontram três exemplares, bastante 111a1111- admirar, pois sabemos que o conhecimento dos textos antigos 11a Idade-Média só
seados, da sua obra. Acresce a frio o fado de existir ig11a/111e11te a seu lado 11m rara111ente era feito e111 primeira mão. Consolida ainda esta nossa hipótese o
comentário m1óni1110 e muito pormeuorizado, ciljo estudo poderia abrir certos fado de ter existido em Sa11ta Cruz u111 códice do século XIII do De inven
horizo11tes q11anto ao ensino alcobaceuse, en1 especial, e medievo, em geral, tionc ciceroniano.
além de que traria importante contributo para o conhecimento do próprio Não ficam, entretanto, por aqui os argu111entos que militam em favor do
Grecismus 3• que assevera111os. Não pode111os esquecer as artes pracdicandi e os sem1011ários
Ainda podemos considerar como elemento sewndário para a aprendizagem que do Port11gnl medievo até nós cliegaram 2. Os clérigos-estudantes dos mosteiros
da retórica, mas mesmo assim importante, o próprio dicionário de Pápias 4, e11contravnm 11esses elementos bibliogrtflicos ampla 111atéria para formularem os
que figura tanto na biblioteca de Santa Cruz, como na de Alcobaça, e era funda seus ser111ões, tal como 11os mostra Joaquim de Carrlflll10: cO sermão medieval
mental para o( estudantes de lati11idade. Neste léxico depara-se-nos, efecti- foi uma co111posição que obedeceu a regras e preceitos, dista11te da prédica
11ame11te, a explicação de alg11111as .figuras de retórica (vid. p. ex., s. v. anti simples das primeiras gerações cristãs e das rajadas eloquentes do século XVII
phrasis). e dos que se llie seg11ira111» 3• Na verdade, existem 11as /Íll rarias eclesiásticas
Parece, por consequência, que o livro de Cícero do mosteiro de Santa da Idade-Média as mais célebres Artes pracdicandi: a de Alão de Li/a 4,
Cruz, e mesmo o códice tardio da Retórica a Hcrénio do 111osteiro de Alco
baça, assim como a existência, e111 ambos os mosteiros, das Etymologiae de
S. Isidoro, para não falar já nos outros ma1111ais citados, deve111 levar-nos a 1 A. J. S:1raiva, Hi1tória da Cultura tm Portugal, 1, pp. 90-91: cNio hi indicio de cm Portugal
se ter csrudado o coajuoto das sete ancs liberais. Nos raros textos que aos fic:iram 2cerc:i do ensino
pré-univcnitírio cm Portugal s6 encontramos refcrênáas 2 duas disciplinas do tdvio ... : a gr.amá
CD COI tic:i e a lógica ou dialfrtio. Sio =as disciplinas mencionadas por Fr. M4auel da Espcnnç:i como
1 /u obras de Prisciaoo, copiadas no século XV, encontram� nos c6d. alcob. 51 e 78"" constituindo o curso fundado em Alcobaça cm 1269. O cruiao da colcgiada de Guinur.lcs apcn.u
iodub a gram4úca•. A gramática era uaivcnalmcatc cnsiruda. A este úcto contrapõe A. J. Saraiva
Quanto ao mosteiro de Saot2 Cruz, vid. A. Cntz., ob. til., p. 206.
a p. 92 •o momo não se pode dizer a respeito da retórica, que não é mencionada pelo já ciiado
2
CCCXCVI cronisu da ordem (de Alcobaça), da qwl ru bibliotca não enconrramos veságios anteriormente
Cód. alcob. {s:lo três exempbro)
48/49/50 ao século xv. Desta época é a conhecida Rlldorica ad Hcrt1111i11m ••• mas a data tardi2 do códice inuti
2
'
18 19
a de João de Gales 1 , a de João de la Rochelle 2 e assi111 também alguns sermo Este interesse pela retórica já se fizera sentir algu11s decénios antes das
nários, repertórios de textos, colectâneas de exemplos 3 • Todos estes eleme11tos palavras de D. Pedro de Meneses. De fac/o, t1os fins da Idade-Média inte
servia111 para afinar a técnica oratória dos pregadores e 11ão era111 111ais que ressaram-se os letrados pelo texto de Cfcero, promove11do algumas traduções.
o veículo que levava da apre11dizage111 teórica dos preceitos para a sua aplicação É assim que surge, por exemplo, a tradução do De Officiis, feita pelo Infa11te
prática, co111 o fi111 de co11ve11cer e se possível converter os ouvintes às verdades D. Pedro 1, e foi igua/111et1te por it1iciativa da Jamflia real, devido especialmeute
etemas do cristia11ismo. a D. Duarte, que o Bispo de Burgos, D. Af onso de Cartageua, traduziu para
Vemos agora que as escolas 111011ásticas disp1111ha111 de 111eios suficie11tes castelhano a obra cicero11iat1a do De invenrione, cujo prólogo, escrito pelo
para e11sinar u111a das disciplinas mais importantes do triviwn, a qual, �10 tradutor, é documeuto fimdameutal para o co11hecimet1to das ideias literárias
e11ta11to, 11iio é me11cio11ada pelo cronista de Alcobaça, tal como 11ota, e 111111to daquele e assim també111 para a coucepçiio da retórica como meio de criação
bem, At1tó11io José Saraiva. Esta 0111issiio pode explicar-se talvez, pelo facto literária 2• D. D11arte mostra, por s11a vez, co11hecer a Poética de Aristóteles 3 ,
de 11iio figurar a retórica, co1110 discipli11a à parte, 111as tão-só como complemento e Vasco Fema11des de L11ce11a 4 refere-se 1111111 discurso, chamado da Obediência,
importante do e11Sino da gramática. Veremos q11e 11a U11iversidad� medieval ao Tratado do Orador, pois cita, uas cortes de Évora de 1481, a Retórica
o mestre de retórica ta111bé111 ammula as funções de mestre de gra111at1ca _ e q11e,
de Cícero. O mesmo Iufante D. Pedro, trad11tor do De Officüs, cita, por
além disso, a retórica 11iio é citada, em determinada época, como disdplina com seu lado, o Liber Declamationwn de Sé11eca-o-Retor 5•
existéticia independente. Tudo si to uos indica a i11.ft11ê11cia i11directa da retórica na me11talidade
Ejectivame11te, 110 século XV, e co111 maior precisão, em 1432, enco11tra-se medieval, fac/o que se e11co11tra repetidas vezes nos contextos aparentemente
a retórica i11cluída 11os programas de estudos da U11iversidade de Lsi boa. Assim 111ais alheios a tal discipli11a. É este o caso que se observa 110 Boosco Ddey
també111 a encontramos em 1504, para desaparecer, conforme vemos pelos toso 6, obra do século XV, em q11e vemos aparecer como perso11agens a D. Cfcero
Estatutos Manuelinos, em 1508 4• De qualquer modo, tão grande era a sua e a D. Q11i11tiliano.
i111portâ11cia 11aformação dos espíritos letrados da época, que o Infante D. Henrique Vem a propósito relatar 11111 caso parecido, que se 11os depara "ª Poética
instituiu, por testamento, uma verba para ma11ter 11a U11iversidade de Lisboa q11e precede o Cancioneiro da Biblioteca Nacional; colectâ11ea feita 110
{1431) uma cadeira de Retórica s, e D. Pedro de Meneses, t111111a oração profe séc11lo XVI, mas sobre um origi11al do século XIV1• Diz o se11 autor, ao deji11ir
rida "º Estudo Geral de Lisboa, chama à Retórica - e isto no dealbar do o gé11ero poético das ca11tigas de escámio: cCa11tigas d'escameo son aq11elas que os
século XVI -, «virgem formosíssima, dig11íssi111a e elegantíssi11w, que ifaz trobadoresfazem q11ere11do dizer mal d'alg11em eu elas; e dizeu-lho por palavras
imortais os home11s dig11os de imortalidade» 6• cubertas, q11e hajat1 dous e11te11dimentos pera lhe lo 11011 e11te11derem ligeirame11te;
e estas palavras chamam os clerigos «eq11i vocatio»». Este termo está 11Jtidat11ente
1 Dr artt pratdicandi, nu. da Aadcmia das Ciências de Lisboa, 5,22-3. Vid. Joaquim de ligado à retórica, 011de se est11da1"'m os verba aequivoca, que, 11este co11texto, ser
Cuvalho, art. ór., p. 15, o. 12.
vem à dissimulatio retórica, 11a medida em que encobrem a ironia propositada ª·
2 Cf. Th.-M. Clurbnd, Artts Pratdco11
i di. Coutrib11tion à l'/1istoirt de lo Rl1ltorq11t
i ou Moym
Age, Paris-Otuwa, 1936, pp. 62-64. Dt artt pratdicot1 dl, Biblioteca Nacional de Lisboa, c6d. 130,
1 Vid. p. 15, n. 6.
cxx
fu. 180-185 ; talvl'z seja também de atribuir ao mesmo autor o ccld. olcob. -- (dos fim do séc. xm), 2 Vid. Picl, Livro dos Officios, pp. Xll-XIII; M. Mco.éndcz Pdayo, ob. cir., 1, pp. 469,
n. 2,
5 489-494 (onde se publica o pr6logo). Esu obra cocontra-5e m:musaita no Escuri3J. Cf. igualmcmc
cm que hi um Proctsms atribuldo a João de Rupclla, que Joaquim de Carvalho identifia, com cenas A. Cruz ob. cit., 1, p. 205.
reservas, com a Fom10 pratdico11 di ou Ars conficitndi smnonts do mesmo autor (art. cit., P· 15, n. 13). 3 Vid. Corrêa de Oliveira e Saa\•l'dra Mach:ido, Tt.\1os Mtditt•ois Port11g11rses, Coimbra, 1964,
l Vid. Joaquim de Carvalho, ort. cit., pp. 15-16, o. 14-20. C( a Bibliografia, PP· 33-35. p. 691.
4 Cf. A. Moreira de Sá, na introdução a O. Pedro de Meneses, OrOfão Pro/trida 110 Estudo • ld., ibid.
Geral dt Lisboa, Lisboa, 1964, p. 47. 5 A. d:1 Cosu Pimpl!o, Hist. do Llr. Mtditvol, Coimbra, 1947, 1, p. 423.
s A. Moreira de Sá, O Infolllt D. Ht11riq11t t a U11iversidodt, Lisboa, 1960, p. 64 e scgs .
6 Cf. Mirio M.1rtins, Estudos dt Littrat11ro Mtdirval, Dnga, 1956, p. 135 e possim.
(cm 1400 e 1418 não figura a rct6rica entre as wscipUnas ensinadas, p. 66); A.]. Saraiva, ob. cit., 7 Vid. A. J. Saraiva & Óscar lopcs, HiJt. do Lit. Port., Porto, 4.• cd., s. d., p. 42; Catido11tiro
p. 405; Marccllo Cal'taoo, Uf6ts dt Hist6rio do Dirrito Port11g11b, Coimbra, 1962, PP· 141 e scgs .
da Biblioteca 1111tygo Colotci-Br1111cutti, edição de Elz:i P 3xcco Machado e J� Pedro Machado, Lisboa,
6 A. Morcin de Sá, ob. cit., na o. 4 , pp. 46 e 97: •Quarum prima se mihi oCfc:rt ilia vc:luti s. d. O pas.so que transcrevemos vem 3 pp. 15-16 (vol. l). Mais ainda e na mesma Po/Jico, encon
formosissima, deccotissinu, clcgaotissima qwcdam uirgo, qwc rhctorica cst. ... Hacc noo solum tramos referência ao cocofdon (vol. I, 29), que também é termo rct6rico, correspondente aos vitia
homioes immortalitatc: dignos immortales facit, scd illorum sivc io rcbus bcllicis gesta sive in do estilo, devido 30 dcsagndávd efeito fonético (coc6Joto).
republica oprimas actioncs co pacto mcmoriac tradit, ut nulla unqwm actas sit ges tarum rcrum 8 Vid. § 428 dos Elt111e11tos dt Rd6rico Lit"ário, de H. L:iusbcrg. Sobre a.s influências da
memoriam dl'lcrura, quanquam ultra bcncdiCl'ndi pcritiam, singulares circa bcncvivendi modum retórica sobre as Polticas mcwevais, vid. E. Faral, Lts Arts Poltiq11ts d11 XJI• tt d11 Xlll• siMt,
pracccptioncs in ca non dcsint>. Paris,' 1924, sobretudo, pp. 48-103.
20 21
Cremos ser a época medieval basta11te rica e111 sugestões respeita11tes aos se perdeu. Não julgamos, co11t11do, que o epigrama 1 citado pelo referido autor
estudos retóricos, mas só 11111 estudo mais pormworizado 11os poderia assegurar seja prova suficiente para tal asserção :
q11a11to a esta convicção. Estamos certos, 110 e11ta11to, de que o estudo ate11to Rlietoricae e11 ego wm scripsissem exordia ce11tu111
dos 111a11uscritos medievais, que dizem respeito à gramática e à retórica, assim Nil dedit auctori ling11a diserta suo.
co1110 o estudo das respectivas glosas, traria, por certo, importante co11trib11to
para o co11hecime11to do e11si110 medieval neste domínio significativo q11e é o O facto de ter escrito rhetoricae . . . cxordia ccntum não 11os leva a
do domínio da palavra com a finalidade da criação literária. admitir que de 11111 ma1111al se tratasse. Podia bem ser que o poeta se referisse
1)nica111e11te a exercfcios retóricos com fins didácticos.
Já 110 fi11alizar da Idade-Média (q11e em Portugal se arrasta um pouco Outros h11ma11istas, 110 e11ta11fo, ficaram 11a tradição como autores de retó
mais do que 11os grandes centros da Europa) e sobre ricas de certa 110111eada. É este o caso de Fernando Soares Homem 2 e de Fr. Diogo
SÉCULO XVI
tudo com o movimento renascentista, ·vai conhecer a Estella, 11avarro de origem, mas nascido em Portugal 3, que nos deixaram retóricas
retórica novo incre111ento. Nova força lhe é i11s11fiada pelo ensino dos h11ma11istas eclesiásticas, tendo-se perdido, todavia, o 111a1111scrito da retórica elaborada pelo
q11e, de agora em dia11te, se inspiram directa111e11te dos bo11s textos clássicos, quer primeiro autor. Dados concretos também existem quanto à produção literária
de Ho111ero e De111Óste11es, quer de Virgílio e de Cícero. Orientam assim o seu de 11111 dos mais notáveis h11111anistas port11g11eses, Aquiles Estaço 4, que nos
estudo pelo contacto directo com a antiguidade e co111 os teorizadores greco deixou uma obra rica em emdição e especializada em co11hccime11tos poético
-latitlos da retórica, tais con10 Arist6teles e Pse11do-Lo11gino ou Cícero e -retóricos. Basta lembrarmos os se11s diversos comentários q11e muito o 11ota
Sé11eca-o-Retor, para não falarmos de muitos outros retores gregos e romanos. bilizaram. Ocupou-se da Poética de Aristóteles, do De oprimo g·enere
Por 11m lado, os textos literários, resultado prático de um co11hecimento escolar oratorwn de Cfcero e muito especialmente da Arte Poética de Horácio, cujo
tra11sfor111ado em arte por meio do talento i11dividual, per111itia111 aos liu111anistas commtário é de impressionante riq11eza, pois q11e o autor 11ão hesita em entrar
for111are111 o estilo, mel/1orá-lo, poli-lo ; por outro, o co11heci111c11to dos retores nos mais diversos domfoios ligados ao culto das litterac humaniores, afiora11do
a11tigos, facilitava111 u111a teorização mais oric11tada, porque mais próxima das com grande frequência os problemas de retórica, discplina, i que, 110 fim de
fontes, o q11e é fàcilmente co111pree11sível, se nos dermos conta de q11e eram esses contas, bem próximo se encontrava da poética, como técnica q11e era da palavra
mesmos retores q11e tinha111 a11xiliado a eloquê11cia antiga a chegar às alturas e da co11strução li11g11fstica do pe11sa111e11to. Ainda se ocupou, ig11al111ente, dos
a que efectiva111e11te chegou. Topica e das Particiones oratoriae, do mesmo Cícero 5•
Preleccio11a-se activa111e11te sobre retórica, 11esta época de novidade e de Lugar de grm1de predomi11n11cia também oa1po11 o nosso h11111a11ista Tomé
111ovi111e11tos intelect11ais, e Portugal 11ão f11gi11 a esse processo. É a retórica Correia, que, tal como Aquiles Estaço, e11si11011 sobreh1do 110 estrangeiro. Do
e11Sinada, nas nossas escolas, por professores nacionais e estrangeiros, e ve111os seu labor científico, resf,1111 alg11mas obras de certa originalidade e i11dicadoras
111es1110 que os 11ossos liu111anistas foram, como q11e em regime de interc�mbio de grande profundidade de co11lieci111entos. Deixo11-nos, como trabalho principal
verdadeiramente europeu, leccionar ta111bé111 nas pri11cipais 1111i versidades euro 11m tratado sobre a eloquência, q11e publicou, q11a11do ensinava em Bolo11/ia,
peias, desde a Espa11ha à Fla11dres, desde a Fra11ça à Itália, o que constituía
1 O epigrama é dedicado Ad Mira11da111 Gcorgi11111 e vem, efcctivamcnte, oo fol. 34 da
o objecto dos seus estudos. Era este objecto, muitas vezes a própria retórica,
Antimoria (BNL, Rcs. 488 P.).
ligada freque11temcnte ao e11sino ge11érico das H1111u111idades. 2 Vid. Barbosa Machado, Bibl. Lts., s. v.; António Salgado Júnior, no artigo �tóricas,
Chegaram até 1wssos dias várias notícias e dowmentos do labor i11telectual do Diào11ário das Literaturas por!ug11esa, Galega e Brasileira, dir. por J. do Prado Coelho, Porto,
e bibliográfico dos l111111a11istas portugueses sobre a matéria de que 11os ocupamos. s. d., p. 688.
Segtmdo a hipótese, a 11osso ver, ainda por comprovar, de Barbosa Machado 1 , 3 Vid. Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v.; Fr. Manuel do Cenáculo, Mt1116rias Húr6ricas
do Minütbio do Piílpito, Lisboa, 1776, l, p. 310; P. SagUez Azcona, Fray Diego dt Este/la, Modo de
teria Aires Barbosa 2 composto u111 111a1111al de retórica, que, ai11da 111a1111scrito,
predicar y Mod11s condo11a11di, Est11dio doctrínal y ediào11 critica, 2 tomos, Madrid, 1951.
1 Vid. Barbosa Machado, Bibliotua Lwita11a, 2.• cd., Lisboa, 1930-35, s. v. Ayres Barbosa: • Vid. B:ubosa Machado, Bibl. Lm., s. v.; José Gomes Branco, U11 U111a11ista Portogbcsc i11
cRJ1etorira da qual faz menção cm hum epigrama escrito a Jorge de Miranda no fim da A11tl111oria Italia - Aq11illl!S Estaço, cm Rclazio11i Storic/1e fra l,Italia e il Portoga/lo, Roma, 1940, pp. 135-148;
foi. 34•. cA propósito da Primeir.i Obr.i de Achilles Statius LusicanuS>, H111na11itas, li (1948-1949). pp. 81-92;
2 Sobre Aires Barbosa, cf. a diss. de Walter de Sousa Medeiros, Aires Barbosa. Escorço •Os Discursos cm Latim do Humanista Aquiles Estaç<»>, E11pl1Tosy11c, 1 (1957), pp. 3-23; A. Morcir.I
biobibliográjico, srguido do ttxto e vasão da A11ti111oría,
Lisboa, 1953 (diss. dactil. da Faculdade de Lclras de S:í, cM:inuscritos e obr.is impressas de Aquiles Estaço>, Arquivo de Bibliografia Port11g11esa.
de Lisboa). Não se faz, nesta obr.i, qualquer refcrénàa à hipótese do humanista ter escrito uma Ili, (1 957), pp. 167-178.
Rl!l6rica; Francisco Ferrcir.i Neves, Vida e Testa111t11to do Hu111a11ista Airts Barbosa, Aveiro. 1948, 5 Vid. Bibliografia de Obras Ret6ricas, p. 36, s. v. Do mesmo assunto se ocupou Fr. André
sep. do vol. XJV do Arquivo do Distrito de Aveiro. da Veiga, de quem fala com grande entusiasmo Fr. Manuel do Cerulculo. ob. dr., 11, pp. 44-45, 61.
22 23
e do mesmo modo chegaram até 11ós os seus estudos sobre poética, que muito uma posterior i1iformação da presença de Vase11 11a 1111iversidade port11g11esa
interessam para o melhor conhecimento das teorias literárias da sua época 1 • 110 livro da Fazenda do Cardeal Infante. Trata-se do Mtimo la11çame11to
Apesar da qualidade científica e literária destes autores, os ma1111ais e do ordenado percebido pelo mestre jla111e11go em 22 de Abril de 1542, com n
livros teóricos por eles publicados niio siio mais do que fases episódicas do estudo i11dicação de que o mesmo e11Si11ara 11a u11iversidade de Évora de 1541 (de
d,1 retórica feito por portugueses. Efectivameute, só depois de meados do S. João) em dia11te 1• Por certo que a obra de Vaseu deve ter servido de livro
século XVI, é que vem impor-se ao 11111ndo escolar de então a retórica de um de texto aos a/1111os que freq11e11tavam os seus cursos de retórica.
jesuíta, o P. Cipriano Soares, espanhol de origem, 111o1s cuja vida decorreu 11a No século XVI era a retórica e11sinada em todas as escolas portuguesas,
sua maior parte em Porlitgal. Tendo c11si11ado 110 colégio de S. Antão em desde o colégio de S. A11tiio em Lisboa e do Colégio das Artes em Coimbra,
Lisboa, e 11as u11iversidades de Coimbra e Évora 2, co11segui11 impor o seu à escola de Braga, onde ensinou Cle11ardo e depois Vase11, e à 1111iversidade
trabalho a todo o e11Sit10 da época, tal como já conseguira o seu confrade de Évora. Sob D. Joiio III ensinava-se ret6rica no colégio fundado pelos
P. Manuel Álvares, que publicou a mais célebre gramática do seu tempo, Jerónimos 110 Mosteiro de Pe11lia Longa, que depois foi transferido para o
que conheceu i111'tmeras edições e foi levada para todo o 1111111do cristiio 011 por mosteiro da Marinha da Costa nas proximidades de G11imariies 2• Este colégio
cristianizar, pelos professores da Companhia de Jesus. Assim também acon ti11ha, em 1534, o privilégio de conferir graus em Artes. Em 1543 é ele i11cor
teceu, em 1110/des mais modestos, ao manual de retórica do P. Soares, que porado na u11iversidade de Coimbra 3• Também 110 Primeiro Regimento,
domi11ará todo o e11si110 da retórica em Portugal, praticamente até à reforma refere11te ao Colégio das Artes 4, promulgado em 1552 por D. Joiio III, se
pombali11a, muito embor!' já a11tes desta se fizessem sentir outras i1ifl.11ê11cias, considerava a retórica adentro das disciplinas de est11do. Segui11do esta mesma
tal como mostrará Vemey 3. orie11tação lemos 11os Estatutos da Universidade de Coimbra 5 de 1559 q11e
Do mesmo modo que as retóricas de autores portugueses foram impressas faziam parte obrigatória do programa para os que se aprese11tavam à lice11cia
110 estra11geiro, geralmente 11as cidades em que esses nossos professores e l111ma- t11ra em Artes as cadeiras de gramática e retórica.
11istas c11si11avam, assim também acontecia com os l111111a11istas cstra11geiros que, Vemos, por co11segui11te, que, muito embora não 11os fosse possível traçar
porventura, interessavam, pelas suas obras, ao e11si110 das escolas portuguesas. um panorama ciramsta11ciado dos programas escolares do séc11lo XVI, o e11si110 da
Vemos que 110 século XVI foram i111pressas em Portugal as retóricas de Fr. Luís retórica deve ter feito parte i11tegra11te do ensino pré-universitário i11corpora11-
de Gr<111ada, de Jacobo Po11ta110, de ]. Ri11gelberg 4, para só falar 11as mais do-se, por certo, 110 e11si110 das humanidades que formavam os espíritos da época.
importantes.
É de mencionar, a propósito deste 111ovi111e11to de i11tercâ111bio cultural, Et1tre a época dos l111ma11stas
i e o século XVIII, e11contra111os 111110 fase
que pode realmente e11trever-se mesmo pelos locais de impressiio das obras, de tra11Siçiio, que algumas 11ovidades traz quanto ao
SÉCULO XVII
o caso deJoão Vaseu, humanista jlame11go de Bruges 5• Vem este mestre e11si11ar ponto de vista retórico. Estuda-se aplicadamente retó-
huma11idades para Braga, a convite de Clenardo, que, por indicação do Cardeal rica e poética 11os gra11des ce11tros de ensi110 de Évora, Coimbra e Lisboa,
D. Henriq11e, o fora co11vidar a Sala111a11ca, onde, por essa altura, lecdo11ava. 011de co11ti1111a a impor-se como livro fimdame11tal o co111pê11dio do P. Soares.
A verdade é que já em 1538 dedica Vaseu o prefácio da sua Colectanca
1 Vid. Uvro da Faunda do Cardeal I1if011tt, fól. 73, na Biblioteca de Évor:i.
Rhetorices ao Cardeal D. Henrique e nesse mesmo a110 parece ter ele chegado 2 Vid. A.J. Saraiva, Hist6ria da Cultura tm Portugal, íl, pp. 186 (Lisboa), 188 (Bnga e S. An�o),
a Braga, qua11do, exadamente Clenardo partia 6 para Marrocos. E11co11tramos 190 (Colégio das Anes cm Coimbn), 208 (Universidade de Évon), 225 (a Rario Srudiorunr de 1586
e 1599 até à reforma pombalina cm 1759; textos escudados 02s cscow).
1 Vid. Barbosa Macliado, Bibl. Lus., s. v.; Mariana A. Machado Santos, tA Teoria Poética 3 Jd., o�. dt., p. 188.
de Tom6 Correia., Misct/8nea de Estudos a )011q11i111 de Carvallio, Figueira da Foz, 1 961, pp. 754-762. • Primriro &gimmto qtie El-rti D. ]oifu 111 tki1 ao Calltgio das Artes no ttmpo 011 qut 11tllt ltram
2 Vid. Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v.; G. Sommervogcl, Bib/iot/1�qut dt la Compag11it os FratlCtzts (1552), art. 3.0: disàplinas de escudo, entre elas a gramática, a retórica e a poesia.
de jls11s, Bruxcllcs-Paris, 1896, VU, 1331-1338; Lcitlo Ferreira, Alplrabdo dos Lnrtts da lnsigut Vid. A. J. Teixeira, Documentos para a Hist6ria dos ]u11itas em Port11gal, Coimbn, 1899, p. 5.
Univtrsidade dt Coimbra dtsdt 1537 tni dia11te, Coimbn, 1937 (t.• cd., 1730), p. 215. 5 Vid. Estallltos da Univtrsidadt dt Coimbra (1559), com introduçio e now de Serafim
3 Luís António Verney, Vtrdadriro Mltado dt Estudar:, ed. A. Salgado Júnior, Cl:Wicos S:I Leite, Coimbra, 1963, pp. 332-333: Dos txamts para os ltcmuados tm Artts, •Acabados os ClClmcs
da Costa, Lisboa, 1950, vol. li, passim. dos bach:ircis par.a lcccnciados, o Reitor hum dia à tarde, que será vespcra de alguma festa, na qual
• Vid. Bibliografia de Obras &t6ri<as, s. vv. se h3:o-de dar as licenças, se ajunt:acl com o Chancclario e os mais examinadores e alli examinarão
5 Vid. M. Gonçalves Cerejeira, O H11111a11is1110 r111 Portugal, Clmardo, Co.imbn, 1926, rodos os ditos bacliarcis, hum e hum, pola ordem que os examimrão, ascntand<>-SC na mesma pcdn,
pp. 1�121 e n.; A. Duarte y Eclicnique, •Apuntcs p3ra 13 biografo dei Mncnro Junn V:iscoo, da gnmmatica, rhetoricn, cm porfi3; e para este exame trará C3da hum versos e oraçio composta
Revista de Arcliivos, Bibliothecas y Muscos, XXHI ( 1 91 9), pp. 5 1 9-535. e depois do sobrcdito provarão de H111na1í1 dadt com gnças honestas>. No cap. ll 9 Cal.a-$c igualmente
6 ld., ob. cit., p. 126. de •dar cadeiras e lcituns de Artes, leitur:i.s de Ffüio (Quintiliano) e de Rctórie:tt, p. 317.
24 25
O e11si110 ministrado pela Compa11liia de Jesus ciret111Screve o âmbito das publi dos bo11s a11tores antigos, de Cícero, de Q11i11tiliano, q11e permitiam formar,
cações. Efectivame11te, é de disdpulos de Jes11ftas 011 mesmo de Jes11ftas que como 11e11/11111s 011tros, o estilo do escritor. E11tra mesmo 11a discussão de peq11e11os
provêm as pri11cipais publicações 110 do111Íllio da retórica e da escolaridade. problemas especificame11te retóricos, em q11e vemos aparecer 11oções como a da
Devemos desde já salie11tar a importâ11cia da obra do P. Fra11cisco de Me11doça 1 , clareza 1 , a da prática e disposição das palavras 2, e dise11tir o emprego
C1bra geral de erudição mas que dedica 11111 excelente capítulo à retórica, trata11do, de palavras a11tigas (arcaísmos) 3, da a11to11omásia, da ironia, da tra11slação 4•
com admirável brevitas e com largo co11lieci111ento dos textos antigos, os Nota-se gra11de solidez de critérios e se11te-se já o germe de novas corre11tes
po11tos fi111d.1111entais desta discipli11a. Assim também merece ser posta c111 lugar literárias q11e fará sair o estudo da retórica do imobilismo e111 q11e estagnava.
de evidência a obra de Fr. Francisco de Sa11to Agosti11lio Macedo que publica, Não é de admirar q11e já se aflorassem 11011os problemas ligados à arte da
110 estrangeiro, a sua obra retórica, assim como deixa alg1111s ma1111scritos, cujo palavra. Na verdade, é 110 séwlo XVI, como bem mostra A. Salgado ]1ínior,
paradeiro se ig nora, sobre poética, orie11ta11do-se, para tal e5tudo, nos pri11cfpios que 11.esta 11tilização da normalização retórica fora do âmbito escolar 011 da
de Aristóteles 2• preparação de pregadores se verifica J abertura do período barroco da l/OSSa
Surgem, poré111, obras de maior origi11alidade, ao lado dos trabalhos 111ais literat11rm 5• Ao lado dos co111pê11dios escolares do P. Soares já se co11s11/tava111
escolares, a que .fizemos breve referência. É o caso da produção literário nas escolas obras modernistas de autoresJra11ceses e italianos, de Jesuítas propc11sos
-retórica do Lice11ciado Ma11uel Pires de Al111eida, que deixou, 111a1111scritas, à defesa do co11ceptismo. Lembremos a este respeito os 110111es do P. Pomey
várias obras de crftica a poesia camoniana, e ig11alme11te outras referentes aos e do P. Luís ]11gfaris 6, c1�;os traba/110! tiveram larga repere11ssão em Pc>rt11gal.
do111f11ios da retórica e da poética. E11co11tra-se mesmo, 110 se11 espólio, 11ma In.ft11ê11cia decisiva também virá a ter, sobret11do nos autores do séwlo q11e se
tradução da Poética de Aristóteles, o que só por si merece a 11ossa ate11ção 3 • segue, a obra do conceptista Manuel Tesauro 1, tal como i11dica A. Salgado
Aplicou-se também o mesmo autor ao estudo dos géneros literários, procura11do ]ií11ior.
contl11ua111e11te, como vemos pelos títulos do que 11os deixou, definir as diversas De resto, depara-se-11os 11a bibliografia da época o mesmo pa11orama de
categorias de poemas, e emitir j11fzos crfticos a respeito de defi11ições de 011/ros sempre: bibliografia escolar sobre retórica, e11tre a q11al podemos assi11alar m11itos
autores. O estudo aprofu11dado da sua obra, tal como já mostra Soares Amora 4, 111a1111scritos prove11ie11tes de Lisboa, de Coi111bra e de É11ora 8, resultado das
poderá ter grande significado para a melhor compree11são do seu século. aulas q11e se mi11istrava111 11os respectivos colégios e 1111iversidades.
Na obra de Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia, entre11ê-se já
uma te11tativa para levar os co11liecime11tos retóricos a u111a aplicação prática 5, Temos de esperar pelo séc11lo seguinte para vermos e11tão surgir 11111 verda
que não some11te escolar. O autor owpa-se, tal como jáfizera Pires de Almeida, deiro re11ascimento da retórica, q11e se mm1ifesta 11ão
SÉCULO XI/Til
mas com intuito diverso, dos estilos literários e da 11u111eira de os wltivar com so111e11te em est11dos de carácter p11ra111ente escolar,
propriedade. Vemos clarame11te, 110 meio de um estilo coloquial à moda de mas também em traballws, q11e, muito embora te11/iam w11/io ace11tuadame11te
Cfcero, que o autor conhece bem os aspectos didácticos da retórica e que sabe didáctico, 11ão deixam, por isso, de te11tar a formação dos espíritos e11ja atit11de
assimilá-los com mestria à criação literária. Era isto que fi111dame11talme11te literária e gosto estilfstico procuram melhorar. Deste modo, ao lado de traba
devia sempre pretender-se. Não dispe11sa, tão-pouco, Rodrigues Lobo a leitura lhos retóricos com .finalidade profa11a ou eclesiástica, e11contram-se te11tativas
de esclarecimento q1u111to à matéria em q11estão, e há de 110110, tal como 110 lu1n1a-
1 Vid. Bibliografia, p. 39. Cf. Sommcrvogcl, ob. cit., V, 901. 11ismo, 11ma aproximação das Jo11tes. Esta aproximação é criada por meio da
i .
Vid Barbosa Micludo, Bibl. Lw., s. v. Bibliografia, p. 39. edição em latim 011 em 11emáwlo dos a11tores a11tigos, sobretudo de Cícero e de
J Vid. Anl6nio Augusto Soares Amora, Ma1111tl Pira dt Almrida - 11111 critico i11ldi10 dt Camõts, Qui11tilia110. Mas, como veremos, esse movi111e11to 11ão ficará por aí; a Poética
São Paulo, 1955, p. 16, no Prefdcio, p. 1, diz o autor que a tr:iduçio cilwtr.idao da Poltica de Aris
de Aristóteles e o Tratado do Sublime de Pse11do-úmgi110, virão aumcmtar
t6tdcs, é •incontcstàvclmente boa.. C( Bibliografia, p. 38.
• Ob. cit., p. 24: tNilo quero c.ugerar a importância de Pires de Almcid;i; mas ainda mesmo
evitando exageros, nilo creio ser possível continuar os estudos camoni:mos e a história d:a cultur.i 1 Vid. pp. 19-21.
portuguesa seiscentista sem levu cm devida e merecida considcraç-lo a obra do exigente e erudito 2 Vid. PP· 66-72.
critico cborcnsco. J Vid. p. 68.
s Edições cm 1619, 1630, 1670, etc. Utilizámos a cd.içio de 1723 (vid. Bibliografia, p. 39). • Vid. p. 67.
Cf. especialmente os diálogos UI, VUI, IX. A. Salgado júnior, art. cit., p. 688 : �Parece que a primciri 5 Art. cit., p. 688.
obr.i cm que possamos di.slinguir alguma preocupação de levar um ou outro ponto da Rct6cic:i 6 Vid. Bibliografia, pp. 39 e 40.
a uma aplicação fori do 5mbito escolar (sem que por s
i so deixe de ter car:lcter did:lctico) teria sido 7 Vid. 11. 5.
a Corte 11a Aldtiao. s Vid. Bibliografia, pp. 37-40.
26 27
as possibilidades de co11lieci111e11to directo dos textos a11tigos, visto terem sido e ao estilo, e11tra11do 11a diswssão de aspectos 11111ito i11ti111a111e11te ligados a
traduzidas nesta mesma época. téwica da palavra e da pers11asão: por 11m lado, owpa-se dos trapos, da elecrio
A11tes, porém, de vermos realizado este 111ovÍ111ento de aproximação dos vcrborum, da diferença e11tre tropa e figura, do color rhctoricus, etc. 1 ;
tratadistas a11tigos, s11rge 11m 111ovime11to q11e enco11frara o se1J germe 110 século por outro, owpa-se da estrutura da obra e dos meios que a tomam vrílida do
a11terior, 11as obras dos a11tores conceptistas. De facto, e111 co11ti1111ação do impulso po11to de vista literário 2• Tudo isto ve111 aco111pa11/iado de crítica ao ensino e
já i11iciado por Pomey, J11glaris e sobretudo Ma1111el Tesauro, i11iciaram-se, 11a de sugestões para o 111elliorar substa11cialme11te. Cre111os poder res11111ir a atitude
Academia dos A11Ó11imos, c11rsos de caráder retórico, professados por Fra11cisco de Verney defi11i11do-a co1110 tentativa de aproximação q11a11to aos ideais e1tro
Leitão Ferreira e Lo11re11ço Botelho Soto-Maior 1• Esses cursos foram depois peus literário-retóricos, e esforço por introduzir 11111 método 111ais seguro, por
publicados e11tre 1 718 e 1 721 e co11stit11em u111 docu111e11to precioso para a que 111ais eq11ilibrado, 110 est11do dos modelos e dos mestres.
atestação do movi111e11to conceptista 11a nossa formação literária. No e11t.111to, Esta mesma atit11de aberta aos ideais europeus é reprcse11tada por outros
este wovi111e11to 11ão e11co11tro11 o eco q11e desejava ter e, por isso, vemos que, pedagogos, co1110 José Nu11es Ribeiro Sm1cl1es, q11c, em 1 760 3, também prccr>11iza
11os meados do séc11lo, voltam a/g1111S autores a co11siderare111 como fimdame11tal o ensino da retórica, em 11ovos 1110/des, 110 eusi110 pré-1111iversitário; Vila lobos
o retomo aos textos clássicos, tal como acima já demos a e11te11der. Esta reacção de Vasco11celos, que também afi r111a a necessidade do estud<J da eloq11€11ciu 4 ;
tem o seu mais ilustre represe11ta11te em L11ís Arztónio Verney 2, q11e demonstra e Martinho de Mendonça, q11e aponta a retórica como 11ecessária 11a ed11caçãa
extraordinário bom-se11so ao ma11ter-se n11111a li11ha i11ter111édia, e111 que te11ta de 11111 111eni110 nobre 5• Ao lado destes a11tores qtte te11ta111 estabelecer 11or111as
combinar a tradição clássica a11tig a de Cícero e Q11i11tiliano, com as teorias das e dar novas orie11tações pedagógicas para a for111açiio do gosto retórico, a fi111
modernas correntes retóricas frm1cesns, representadas neste caso pela obra célebre de melliorar a qualidade da criação literária, e11co11tra111os 11111itos outros 110111es
de Lm11y, cryos preceitos Vemey aceita e até copia 3• Podemos ver, 11ns notas de er11ditas que se ocuparam em p11blicar compêndios de retórica, 1111s, q11e, ni11da
bibliográficas que mais adiante aprese11taremos, a i11.fl11ê11cia de autores franceses 111a111tscritos, se perderam, outros, q11e chegaram até 11ós. Tal é o caso de A11dré
e11tre nós, como atestam as trad11ções que deles se fizera111 4• N1111es da Sil11<1, Caetm10 Barbosa, Estevão do Couto, Gregório de Arez
Foi, 11a realidade, a publicação do Verdadeiro Método de Estudar, da Mota e Leite, de Oratoria11os, co1110 os PP. António Pereira, Ma1111el
em 1 746 5, q11e veio trazer a orientação 111ais segura aos est11dos da retórica Monteiro, Manuel Tavares, de 110111es ilustres e eruditos como os de Pedro
em Portugal e mesmo à s11a aplicação prática.. O seu autor, Oratoriano e, José da Fonseca, Cândido L11sita110, Jcró11i1110 Soares Barbosa. Estes Mtimos
porta11to, com uma formação difere11te da dos Jes11ítas, faz uma crítica ao ensino ocuparam-se 11a tarefa meritória de darem a conhecer ao público português e
co11temporâ11eo da retórica e ataca, sem piedade, a eloq11ê11cia, sobretudo sagrada, e111 trad11çiio, a Arte Poética de Horácio, de trasladarem para 11emáwlo
da sua época. Critica principalmente, e parece-nos com razão, o mau-gosto Qui11tilia110 (sobretudo os três primeiros livros, porque 11111is importantes para
e a falta de propriedade (o decorum ou 7tpe7tov retóricos) dos seus co11te111- o fim em vista) 6, de tomare111, enfim, a antiguidade retórica 111ais próxi111a
porâneos. O seu juízo crítico a.flora todos os problemas atinentes à retórica do leitor português, tal como preco11izara Luís António Vemey. O próprio
Tratado do Sublime é traduzido do Grego por Custódio José de Oliveira
1
5
Vid. Bibliogr'!fia, pp. 43 e 3.
2 C( :i ed. citad:i na p. 54. Julgamos extremamente lúcido o jufao que Vemey aprcsent:i
sobre o que pensa da Retórica. Parec��nos que, 11111/atis 11111ta11âís, as suas paJavras ainda hoje poderiam 1 Vid. vol. U, pp. 66-68 (tropas, electio 11trborum, diferença entre trapo e figura; 71 (cofor
ser escritas e seguidas ; vol. TI, pp . 62-64- •Já disse ao prindpio que, sendo a Rctóric:i arte de persuadir, rl1eroricus) . Quanto à crítica aos sermões contemporâneos, vid. pp. 9 e segs. No que diz respeito
tinha lugar cm todo o discurso que seja proferido com este fim. Do que se segue que a Rcrório ao seu juízo sobre a retórica da époc:i, vid. p. 140: •Que seria d.o Mundo Retórico, se todos os
tem tanta extensão, quanta qualquer língua; o que muitos não entendem, ainda dos que lêcm as homens um dia :ibrissem os olhos ! Eu seguro :i V. P. que, de cem mil livros que se acham ncsc:i
Retóricas. Parece paradoxo a muitos destes enfarinhados nos estudos dizer-ie que numa carta, matéria, pouquíssimos se poderiam con.servar, e alguns deles, só por fazer favor aos seus autorcn.
que é cscrit.a com estilo simples, numa poesia, na i
Históra e num discurso f.imiliar, etc., deve t er 2 Vid. vol. n, pp. 83 e segs.
lugar a Retório. i to provém de entenderem que a Retórica consiste em figuras mui desusadas,
E s 3 José Nunes Ribeiro Sanches, Cartas sabrt a Ed11ttJfâo da Moâdndt, Colónfa, 1 760; cd. moderna,
tropas mui estudados, etc., e assim parece-lhe que não se cas:i uma coisa com outr:i ... Não há Coimbra, Imprensa da Universidade, 1922. Cf. cspccialmcnce a p. 163.
llngua neste mundo tão fecunda de palavras, que possa exprimir todas as ideias do entendimento ... 4 João Rosado de Vilalobos e Vasconcelos, O Perfeito Pedagogo, Lisboa, 1íp. RoUandiana, 1782.
Daqui nasceu a necessidade de servir-se de algum modo de exprimir que, ainda que não diga tudo, C( cspeciaJmente pp. 267 e segs.
exàte diversas ideias no entendimento, e poupe o rrabalho de proferir muitas paJavraso. 5 Maninho de Mendonça de Pina e de Proença, Apo111ammlos para a Ed11U1fiio de 1111111 111r11i110
3 Vid. as abundantes notas que A. SaJgado Júnior dcdio à influência de Lamy sobre Vcrney. Nobrt, Lisboa, na Officina de Joseph António da Silva, 1784; ed. moderna e crítica de Joaquim
Vid. vol. TI, p. 62 e segs. Qu:into a Lamy, àt:unos a ed. na bibliografia, p. 50. Ferreira Gomes, Coimbc:i, 1964. Cf. especi:ilmcntc pp . 360-366.
� Vid. Bibliografia, pp. 41-55. 6 As obras publicadas pelos autores citados neste passo encontram-se na Bibliogro.fia, sob os
s Vid. A . Salgado Júnior, art. cit., p. 689. seus respcctivos nomes.
28 29
e assi111 també111 a Poética de Aristóteles é vertida e111 português por Ricardo Vemey e com a sua prosa tersa. Damos alg1111s desses te111as, par11 que o leitor
Raimu//do Nogueira 1 • Cremos serem estes factos de gra//de sig//ificado para possa avaliar, do que se versava nos actos solenes de exame, presididos, na maior
o rumo dos estudos retóricos /lesta época. parte dos casos que co11hece111os, pelos Cónegos Regulares D. Luís da Se11hora
De facto, a retórica, as mais das vezes associada à poética, é e11si11ada e111 do Carmo e D. Joaquim de Guadalupe:
todas as escolas portugues11s de preparação pré-1111iversitária, como vemos pelos J) Deje11de Fra11cisco José Maria de Brito a questão honorária i11ti
muitos regulame11tos de estudos 2 que, se publicara111, /lesta época, a//tes e depois t11lada : «Se o Emi11e11tissimo Se11ltt>r Cardeal Patriarca he ai11da mais amado
da reforma po111bali11a de 1 772. Interessa sobretudo pôr em relevo os estudos de pela virtude, do que respeitado pela Autlwridade ?11 1 •
retórica levados a cabo 110 Real Colégio dos Nobres e 110 Real Colégio 2) Ma1111el J11ácio Marti11s Pa111plo11a é posto dia11te da questão preli
de Mafra. É possfvel que haja outros tão i111porta11tes, 111as são estes que minar : «ÜS oradores são necessários n Igreja e ao Estado• '.! .
melhor podemos co11liecer, 110 actual estado da investigação. 3) Máxi1110 José de Carvalho de111011stra : «Qua11to se illustrão as Scie11cias
Na verdade, chegaram até 11Ós imímeras Conclusões impressas de retórica wm a Protecção dos sobera11os» 3•
e poética, defa11didas por ca11didatos a exame 11essns matfrias. Do Real Colégio 4) A11tó11io e Joaquim de Faria da Costa Abreu Guião têm de pro111m
dos Nobres, 011de de facto havia 11m professo r de retórica e de poética, co11he ciar-se sobre as segui11tcs questões honorárias : «Se houve Sewlo em Portugal,
ce111os algumas Conclusões impressas, mas limitam-se estas a dar-//os a lista e111 que .fiorecesse ta11fo a bella literatura, quanto 110 felicissimo Rei1iado de
dos 11omes dos c1111didatos que se aprese11taram a exame. Exceptua-se u111 sua Magestade ?11 e «Se para os séwlos futuros terão maior gloria os Oradores,
Programa, em que se fala das partes da retórica, dos seus preceitos e dos c111 os Poetas, oca1pados 11as gra11des Acções d' EI Rei Nosso Se11hon 4•
estilos, etc. 3. 5) Outro tema versado, como questão '1011orária, por Pedro António
O mes1110 11ão aco11rece com as Conclusões prove11ie11tes do Real Colégio Virgolino é : «Q11a11to he de11edora a Republica das Letras n Sabia, e vigila11te
de Mafra. O e1Hi110 de retórica devia ser aí basta11te i11te11so, como pode111os Direcção, com que as promove em Mafra o E111i11entissimo Se11hor Cordial
ver ai11da pelas muitas e escolhidas obras de retórica que se e11co11tram 11a sua da Cu11ha ?• 5.
biblioteca, e, por ex., pelo i11teressa11te docume11to que co11stitui o 111a1111scrito Se estes remas 11os oferecem nítidas sugestões para avaliarmos das impli
de Fr. Sebastião de Sto. António todo ele dedicado ao estudo da retórica 4• cações sociais do e11si110 da retórica, outros 11os aparecem, e siio muitos, que focam
No e11ta11to, são os temas defa11didos 11as referidas Conclusões que mais aspectos pura111e11te teóricos e respeita11tes à mathia e11si11ada. Assim temos :
desperta111 a curiosidade e o i11teresse do leitor moderno, pelo que revela111 do 1) João Dias Pereira Chaves, que demonstra : �Qua11to os Oradort's
espírito da época. São eles o testem1111ho do 11ívcl pouco elevado do e11si110 bem morigerados fazem mais persuasiva a sua eloquê11cia» 6•
e são o espelho fiel de muitos aspectos sociais, bem co11'1ecidos, e11tre os quais 2) A11tó11io da Costa dcfc11de : �Qua11to as obras literárias se aperfeiçoam
11ão hesitamos i11cluir a gra11de subserviê11cia dos espfritos, aliada a autê11tico pela Eloquê11cia» 7, etc.
obsmra11tismo cie11tíjico, que co11trasta viole11ta111e11te com o espírito claro de Vemos, por conseguinte, a i111port1l11cia do diswrso epidfctico 8, 110 e11si110,
fazendo parte das exercitationes retóricas que iriam moldar os espfritos às 11eccs
sidades da 11ida corre11te, quer fosse esta profana ou religiosa.
1 Vid. Bibliografia, p. 51.
2 /11stm(fiks para os Proftssous dt Cra111111atita, Latina, Grega, Htbuia t dt Rlrtlorita, Ordt11adas Todo este furor retórico do séwlo XVIII irá abra11dar gra11de111enJe 110
t 111a11dadas publicar por El-Rey Nosso Sarltor, para uso das &lrolas 11011aI11er1tt fundadas 11tsles R.tinos
séwlo que se /11e segue. Este caracteriza-se em gra11de U
t st111 Domfoios, Lisbo2, Officin2 de Miguel Rodrigues, 1759; Pla110 dos Estudos para a CongrtgQfão S ÉC LO XJX
dos Rtligiosos da Ordtm Tm:rira dt S. Fra11cisto do Rri110 dt Portugal, Lisboa, Rl!gi2 Officina Typo parte, por u111 verdadeiro 1111ti-retoricismo, muito
gr2phia, 1769, pp. 2-4 e 55-53 ; Estatutos para o Rtal Colltgio dt N. Smlrora da GrOfa dt Coimbra, embora, tal como diz A. Salgado J1í11ior 9, o Ro111a11tis11w, por mais paradoxal
Coimbr2, 1774 ; Pla110 dos Estudos para a Co11grrgação dt S. Betrto dt Portugal, Lisbo2, Rl!gi2 Of6án2
Typognphia, 1776; este último !! continuado por Pla110 t Rrgula111t11to dos Estudos para a Corrgrtgação • Vid. Bibliografia, p. 43.
de S. lktrto de Portugal, Primcír.i Parte, Lisbo2, Rég. Off. Typ., 1789, pp. 6-7. z Vid. Bibliografia, p. -H.
3 Vid. Bibllograjia, p. 46 ; quanto 20 funáonamento da escola deve consultar-se Rómulo ] Vid. Bibliografia, p. 44.
de Carv:tlho, História da Frmd11fão do Coligia Rtal dos Nobm de Usboa (1761-tm), Coimbr2, 1959; • Vid. Bibliografia, p. 45.
sobretudo pp. 15, 24, 81 e 82-83 (onde fala do cruino da retóric:i) ; Estatutos do Collcgla Rtal dos s Vid. Bibliografia, p. 46.
Nobrts da Corte, e Cidade dt Usboa, Lisboa, Offián:i de Miguel Rodrigues, 1761. 6 Vid. Bibliografia, p. 44.
• Vid., qu311to ao funcion:irnenco do colégio de M.ifra, os Estatutos do Rtal Colltgio dt Mefra,
7 Vid. Bibliografia, p. 44.
Lisboa, Régia 011icina Typographica, tm. A respeito das publicações de Fr. Sebastião de
8 Cf. § 22,3.
Sto. Amónio, consult:ir :1 Bibliografia, p. 53.
9 Art. rlt., p. 689.
30 31
que isso pareça, fosse u111 séwlo de i11te11sificação retórica. Concordamos, sem Retórica, porque «é tão complicado, e exige tal conhecimento do coração /111111a110,
drívida, mas a retórica vai diluir-se e vai tomar-se mais discreta 11a medida que o julgo superior à i11experibicia, e à ligeireza própria da idade dos quinze
em q11e, deixando de ser um fim em si própria, passa a existir e;11 função da ou dezasseis a11os• t •
ob"' litertíria. O mesmo processo se observa 11as leis promulgadas t'º séwlo XIX. Nos
Não se deixou, contudo, de publicar sobre retórica, co11ti1111m1do 111es1110 a decretos de 1836 2, 18443, 1860 4, 1863 5, figura ai11da a retórica, a que
aparecerem publicações sobre eloquência sagrada 1 , e sobretudo trabalhos de chamam agora oratória, e que 11sualme11te aparece ligada à poética. Por fim,
carácter puramente escolar. A mais célebre ret6rica neste ríltimo do111í11io foi o decreto de 1868 6 aboliu a cadeira de Retórica, q11e 11ão voltou a . figurar mais
a de Borges de Figueiredo, que veio a co11hecer i111í111eras edições 2• Ao lado dela nos planos do estudo liceal. De agora em dia11te ficou ela adstrita ao ensino
aparecem obras com outro carácter, com valor mais literário, co1110 a tradução da gramática e ao comentário dos textos literários das aulas de português.
feita por meio do francês, do Tratado do Sublime, levada a cabo por Filinto
Elfsio 3 • E11co11tra111os ai11da o Ensaio sobre a Crítica de Pope, traduzido O 11osso século tem descouhecido pràticame11te o e11si110 da retórica. Conce-
pela Marquesa de Aloma 4• bida como disciplina em si, é ela já quase impe11sá11el, É U X
S C LO X
Apesar de ainda 11ão ter sido aba11do11ada a retórica, como discipli11a obri e ainda há quem a olhe com horror, esquecidos, por
gatória 110 e11si110, a verdade é que começou desde já a sofrer ataques dos escri certo, de q11e o descrédito em que a retórica acabou por cair 11iiofoi devido à disci
tores mais progressivos, que viam 11ela, tal como Ramalho Ortigão 5, uma pli11a em si, que é 1ítil e continua a estar nosJi111da111e11tos da técnica da linguagem,
disciplina feita para pedantes. Eis ao que o abuso da retórica pela retórica mas sim à i11compree11são dos que a e11si11avam e a praticavam. A verdade é
tinha levado. No e11ta11to, ainda resistiu a discipli11a de retórica dura11t1 alg11111as q11e a retórica actual co11ti11ua ligad11 à tradiçiio da a11tiguidade e do re11asci
décadas, apoiada por a/gu11S autores que se ornparam de educação. Assim, me11to. Não cremos ser possfoel desligá-la desse substrato q11e afi11al é o subs
admite111 o seu e11si110 Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque 6, em 1823, trato da própria wlt11ra europeia. Em Portugal houve ainda alg11111as publi
e Almeida Garrett 1, em 1829 {proscrevendo, porém, a explicação de Qui11ti cações sobre retórica, disfarçadas sob o nome de Estilísticas, co11w, p. ex., os
lia110 e Horácio), e igual111e11te a incluem 11os estudos da Fawldade de Filosofia trabalhos de Fema11des Ag11do 7 e de José Agosti11/10 8• De resto siio os estudos
e Artes ou dos Liceus alguns escritos, como Estudos cm Portugal s, de 1834, estilísticos que mais wltivam os autores, servindo-se como é natural da termi-
e o Projecto de Lei 9 concebido por Guilherme ]. A. Pegado, de 1835, 110/ogia retórica. Lembremos a este propósito os trabalhos portugueses, que
O Mentor da Mocidade de Manuel Borges Cameiro 10, em 1844, m11ito seg11em a orie11taçiio lançada por C11rti11s, e q11e tão bem foram examinados
embora em 1835 um autor cujas i11iciais são ]. A. B. proscrevesse o e11si110 da no rece11te est11do de H. Hatzfeld 9 Cremos ser 11ecessário voltarmos às
1 Vid. as obras ci1a�s na Bibliografia, pp. 55-58. 1 J. A. D.. Rtflexões sobre a Ed11COfÕO Pilblica, Lisboa, Tipogr:ifia de Filipe de Néri, 1835. p. 12.
i Vid. Bibliografia, p. 56. 3 Dwtto de 17 de Novembro de 1836. RcfonJU d3 instruç.to, que criou os liceus e inclui,
3 Víd. Bibliografia, p. 56. no plano de estudos (ut. 38, § 9) a Or:atória, a Poétic e a Lircr:atura Clássíci, cspccialmcntc a
• Vid. Bibliografia, p. 57. Portuguesa. É a reforma de Passos Manuel
5 Cf. no Prefdrio, p. 7, o texro ci�do cm epígr.afe. 3 Decreto de 20 de Stttmbro dt 1844. Reforma da iumuç.to, leva� a cibo por Costa Cabral,
6 Luís da Silva Mou.zinho de Albuquerque, ldeas sobre o &1abtleci111e1t1 o da úistruqão Ptlblica que t:imbém inclui nos Liceus o ensino � Or:atória e � Poétic, muito especialmente d:i porrugucsa.
tkdicadas à NOfào Por111g11rsa t efJtrtcidas a sms Rrprtm11a111ts. Paris, A. Dobéc, 1823. Na p. 24 fala • Dt<reto dt 10 de Abril tk 1860. Reforma � ínsrruçlto sccund:íria, que inclui no plano de
do ensino da Retóric que deve ser ministr:1do por um professor de Lógic e de Rc:tóric. estudos a Oratória, :i Poétici e a Litcr:atW'3, espc:cialmemc :i porrugucsa. A po=ria de 1 3 de Outubro
7 Almci� Garrett, Da Ed11COfiül, 2. • cd., Porto, Viúva Mor<'. 1867 (1.• cd., Paris. 1829). de 1860, public� par.a a exccuçio mqudc decreto, menciona só Or:atóri2 e Poétic.
Na p. 241 d:í c-omo necesúrios os estudos de poesia e eloquênciJ. 5 Derreio dt 9 de Stttmbro dt 1863. No e-urso dos Liccw d:i t.• Cl3S5C inclui-se Or:atória e
6 &tudos tm Portugal, Lisboa, Típogr.úi:i de José füptist:a Mor:ando, 1834. Cf. p. 17, cm Poétic:i no plano de estudos rcspcctivo. O e-urso dos Liceus � 2• d3S5C inclui as mesmas disciplinas.
que aconselha o estudo da Retóric e d:i Poétic na F:icul�de de Filosofia e Artes. 6 Decreto de 31 de Dezembro de 1868, que ficou sem efeito por dctcrminaçio do an. 1.0
9 Guilherme J. A. Pegado, Projeào de Ltl de Orga11lz1Jfào Ctral da U11ivmldadt dt P&1rt11gal, d.i ena de lei de Setembro de 1869, :iboliu a c:idcir:a de Retóric, que mo nuis volur.I a figurar
drdicado à NOfiiO Portuguesa r efltraido ao Corpo .Ugi
slativo, Coimbr:a, Imprensa da Uoivcrsi�dc, 1835 nos planos de estudos liC'C3is. A distribuição de 23 de Setembro de ISn j:í nfo incluía Rctórici.
(estudo da Retórica nos Liceus, p. XJll, 13. junumeme - [aJ como j� sugcrin indirecramcnce 7 Vid. Bibliografia, p. 58.
Mouzinho de Albuquerque, n. 6 -, c-om o d:i Lógíc, e ensino da Eloquênci:i e Poesia, na Facul 8 Vid. Bibliografia, p. 58.
dade de Letr:is, p. 31). 9 Helmut Hatzfcld, •Stilistische Studicn in Portuga.1 und ín Drasllien•, in A1ifsiitzc z11r port11-
'º Manuel Dorges Carneiro, O Mmtor da Mocidade ou Cartas sobre Ed11caçiio, Lisbo:i, lmprenSJ .�icsisc/1c11 K11/t11rgcsc/1id11e (Port11giaisc/1e Forscl11111grm drr Cõmsgcstllsc/1afl), Emc Reihc, 2 Dand ( 1 961).
NJciooal. 18+1 (preconiza o estudo d3 Reróric e Eloquência nas pp. 9 e scgs., e 1 1 0 e scgs.). pp. 203-220. Cf. p. 203: .Oie romanischen Undcr stccken tr:aditiommãssig vicl tiefcr in der
32
fontes, para co11seg11ir111os co111pree11der 111ellior o q11e 11a realidade está 110 fim
dame11to do estilo e da técnica da li11g11age111. É a altura de estilística e retó
rica se co111bi11are111 para 11ma melhor compreensão dos textos e i11e11itli11el111e11tc
para tomarc111 co1iscie11tes processos retóricos, q11e até agora, i11co11fessá11eis, se
afir111a111 cada 11ez mais como 11ecessários e próprios à li11g11age111 /111111a11a.
Eles a 1110/da111 e a podem polir, pelo omato, pela clareza, e pela estrutura da BIBLIOGRAFIA DAS OBRAS DE RETÓRICA
frase e do pe11sa111e11to. QUE, DE ALGUM MODO,
DIZEM RESPEITO A CULTURA PORTUGUESA
IDADE MÉDIA
3
34
35
BAC, ms. 5,22-3. Há outros repositórios de •exemplos-, citados por J.-H. de Mcsnil o. f. m. (t cerca 1300), autor, segundo parece, da obra que encerra
Welter, L'e:v:emplum da11s la Littérature religieuse et didactique d11 Moye11 Age, CXXN
o ms. do Cód. alcob., ---zo- ·
Paris, 1927, p. 501. Fala deles, como existindo na BNL nos ms. 36, 37, 244
e 291 (do séc. xv) e na Torre do Tombo, ms. 266, fls. 137-171 (séc. XIV). Remete Tractatiu de diversis materiis praedicnbilib11s, ordi11atis i11 septe111 partes sea111d11111 septem
para Roma11ia X, p. 334 e XI, pp. 381-390 (cf. Joaquim de Carvalho, Os
dona Spirit11s Sa11cti, BNL, Cód. alcob., CCLV
�· •
Contem apenas o tratado
Sermões de Gil Vice11te, p. 16, n. 20; vid. adiante, p. 59).
1De dono timoriSt (fls. 1-42 v.) •.
CXXXIV CXXXV
Disti11ctio11el nd praedicatores 11tiles, BNL, Cód. alcob., e 25 -- · Esta
6
obra será impressa cm Veneza, por Bartolocci, em 1 603. SÉCULO XVI
GALES, João de - De arte praedica11di, BAC, ms. 5,22-3.
IlARBOSA, Aires - Rl1et1>rica ? Vid. lutrod11ção, p. 2 1 .
S. lsIOORO DI! Sev1L HA - Origi11es ou Etymologiae, BPMP, ms. 21 (Cód. 17 de CORREIA, Tomé - De eloq11e11tia libri q11i11q11e. Pri11111s agit de Rl1etorica, eloq11e11tia
CCIX et orntio11c i11 co1111111111i. Seamdus de ratio11e i1111e11ie11di. Terti11s de Dispositione.
Sauta Cruz) ; BNL, Cód. nlcob., .
446 Q11art11l de dig11itate ct differe11tin eloc11tio11is. Q11iut11s de memoria, et pro111111-
tiatio11e. Dononiae apud Alexandrum Benatiwn, 1591. Segundo Barbosa
LILA, Alão de - De arte praedica11di. Referida no inventário de S. Clemente, feito Machado, Biblioteca Lusitana, s. v., este livro foi dedicado ao Senado de
por Fr. João da Póvoa cm 1474: huum tractado magistri alani de arte praedi Bolonha, quando o A. ditava Retórica, na Universidade.
candi. Vid. Magalhães Basto, Memórias Soltas e I11ve11tários do oratório de De loto eo Poematis genere, q11od Epigramma vulgo diciwr, et de iis, q11ae
S. Clemente das Peuluts e do Mosteiro de N. Sr.ª de Matozi111tos, dos séo1los XIV ad i/111d perti11e11t, libel/11s. Venetiis, apud Franciscum Zilettum, 1 569. Obra
e XV, por Fr. João da Póvoa e outros . . . Porto, 1940, p. 72, cit. apud Joaquim dedicada a D. Sebastião, rei de Portugal (BNL).
de Carvalho, Os Sermões de Gil Vicente (vid. adiante, p. 59), p. 15, n. 11.
A obra de Alão de Lila foi publicada na Patrologia Latina de Migne, vol. CCX, De elegia, ad a111plissi11111111 Cardi11ale111 Scipio11e111 Go11zag,1 fibel/11s. Bononiae,
com o título, S11111111n de arte praedicntoria. apud Alexandrum Bcnatium, 1590 (BNL).
[11 libmm de Arte Poetica Horatii ('Xpla11atio11es. Vcnetiis, apud Franciscum
PÁPIAS - Papiae vorab11lari11111 lati1111111 trib11s partib11s distrib11t11111, saiptum a11110 1 500, de Franciscis, 1587.
per Fr. Alplto11s11m do Lo11riçal, Mo11acl111111 Cistercie11se111 . . . BNL, Cód. alcob.,
CCCXCll-CCCXCIV De a11tiq11itate dig11itateq11e poesis et Poetanim differe11tia. Saiu no Glob11s
; BPMP, ms. 30 (Cód. 8 de Santa Cruz). Ca1101111111, et arca11om111 li11g11ae sa11ctae, ac divi11ae script11rae, de Fr. Luís de
-124-426
S. Francisco, publicado cm Roma, 1686 (BNL). Foi publicado moderna
CD
mente o estudo de T. Correia por Mariana Amélia Machado Santos, que
Sl ;
PRISClANO - Gramáticn Lati11a (lustit11tio11es gra111111aticae}, BNL, Cód. nlc1>b.,
faz preceder o texto latino de um estudo preliminar: •A Teoria Poética de
Tratados Gramaticais de Priscia110 Cesarie11se : De comlr11cti1111e, De barbarismo, Tomé Correia•, Miscelanea de Estudos a ]oaq11i111 de Cnrvallto, Figueira da
CD! Foz, 1961, pp. 754-768 (texto latino pp. 763-768).
De aae11tib11s, BNL, Cód. alcob., 78. Os códices estão valorizados por
1 Quanto aos códices alcobacciucs, consult:ir sobretudo A. F. de Auldc e Melo. Tttvr11ttlrio
inúmeras glosas, cujo estudo interessaria, talvez, fazer.
dos Cddim Alcobact'l1srs. Lisboa, Dibliorcc:i Nacional, 19�1932.
36 37
COUTO, Estevão do (S. J.) - Epitome Rhetorices, ms. Cf. Barbosa Machado, Bibl. PONTANUS, jacobo - Progy11111.1!111at11111 lati11itatis sive dialogon1111 seledomm libri duo.
Lus., s. v.; Sommcrvogcl, Il, 1588. AJ 11s11111 primae & sea111d1e1 sc/1.1l3e gro111111afices, Olysiponc, Ex Officina AJexandri
de Siqueyra, 1 597 (BPE). C( Fr. M. do Cenáculo, Memórias (vid. adiante,
EsTAÇO, Aquiles - (vid. Introdução, p. 21, n. 4) Acl1illis Statii Lusitaui sylvulae duae. p. 43) , II, p. 76.
Quib11s adi1111cta s1111t, Praefactio i11 Topica Cicero11is, & Oratio Quolubetica eiusdem.
lovanii, Excudebat lacobus Batius, 1547 (Bibl. Royale de Bclgique, Bruxelas). RlNCBLBERC, Joaquim R11etorica, Co1ümi,1icac, apud joannem Barreáum, ct
-
Joannem Alvarum, 1550 (DPE e BGUC) Cf. Cenáculo, Mem. (vid. p . 43),
M. T. Cic. ad Trebati11111 Iurillomult11111 Topica. 111 eade111 Bart/1. Latomi U, p. 65.
e11arratio11e�. Ph. Mela11chtlio11is, & Ch. Hege11dorp/1i11i lCholia. Am. Goveo11i
Co111111e11tarius. Quibus additum est Acl1illis Statii l.usita11i ad aliomm co111111e111a SOARES, Cipriano (S. J.} - De arte rlietiJrica libri IU, ex Aristotele, Cicero11c & Q11i11-
tio11es epidoma, Parisiis, apud Thomam Richardum, 1 549. tili11110 praecip11e deprompti. A11t/1ore Cypria110 SiJarez, S. ]., Conimbricae,
Acl1illis Statii Lusita11i Castigatio11es ac Expla11atio11es i11 Topica M. Tu/li Cin.• apud Joannem Bacrerium, 1562. Outras edições : Lisboa, João Fernando,
ro11is, Lovanii, apud Scrvatíum Sasscnium, 1 552. 1579, 1 6 1 1 , 1620; Coimbra, João Barreiro, 1575, 1 59i'.>, etc. No séc. xvm :
D . Cypriani Soares, S. ]. De Arte rl1etorica libri Ili, e.� A1istotele, Cicerone &
Appe11dimlne explm1atio1111111 Aclrillis Statii Lusita11i i11 libros Ires M. T11//i Cicero11is Q11i11tilia110 proecip11e deprompti. Ab eode111 autlrore recogu & 11111/tis i11 locis
De optimo ge11ere oratomm, Topira, De fato, atq11e Obser11atio11es aliamm, Antuer loa1pleta1i. Coimbra, Tip. do Colégio das Artes, S. J., 1710.
piae, apud Martinwn Nutiwn, 1553. Do séc. xvn existe na BPE um manuscrito intitulado : Fascimlus ex Cypri1111i
Co111111e11tarii iu libras Ires Af. T111/i Ciccro11is de opti1110 ge11ere oraton1111, Parisiis, C)(Il[
Viridnrio decerptllS sive RJ1eforicne co111pe11di11111. Cod. a fl. 129, 16 folhas 4.0•
apud Vascosanum, 1551, e Lovanii, apud Servatium Sasseruum, 1 552. 1-27
Acllillis Statii L11sito11i, i11 Q. Horatii Flacci poeticam co111111e11torii, Anruerpiae, As divisões são em metáforas de jardim. Segundo Cunha Rivara, trata-se
apud Marrinum Nutium, 1 553 (BPE). de Wll resumo do livro de Soares. Cf. Sommervogcl, vrr. 1331-1338;
l11trod11ção, p. 22.
Co111111c11tarii i11 Aristotelis Poeticam ? Segundo a hipótese de .Barbosa Machado,
Bibl. L11s., s. v. Trntndo latiuo de dialectica e rlietorica applicada ao foro j11dicial; BPE, Cod. cxm
1-10
a fl. 46, 169 folllas. Cunha Rivara, ll, p. 12.
EsTELLA, Fr. Diego (nascido em Porrugal, embora oriundo de Navarra ; vid. Iutro
dução, p. 21) - De ratio11e co11cio111111di, sive Rl1etorica ecclesiastica, Salmanticae, VA Etr, João - Joanncs Vasaeus, Collecta11ea Rlietorices, Salmanticae, 1538, (BPE).
apud Joan. Baptistam a Terra Nova, 1 576; Venctiis, 1596; Coloniac, apud Dedicatória : A111plissi1110 Praes11li et sere11issi1110 Priucipi ac Do111i110 D. Hemiai
Amoldum Myllium, 1586; Lugduni, 1 592. Jufa111i Port11galli, feita em Salamanca, 1538. Cf. l11trod11ção, p. 22.
P. Sagücz Azcona, Fray Diego de Estella, Modo de wedicor y Mod11s co11cio111111di,
Est11dio doctri11al y edicio11 critica, 2 tomos, Madrid, 195 1 . VEIGA, André - Fr. Manuel do Cenáculo, Memórias, IJ, p. 61, fala do Padre Veiga
e das «notas que ele fez às Partições Oratórias, e ao segtmdo livro do Orador.
Gouvllli\, António dc- vid. s. v. Esuço, Aquiles ; M. T. Cic. ad Trebatium I11risco11- Para aprofundar e entender nos lugares dificultosos o espírito do primeiro
s11/t11111 Topica. Ju eade111 Bart/1. Lato111i e11arrationes . . . A111. Go11ea11i Co111111e11tori11s. Retórico dos Gregos, Aristóteles, se valeu do texto Grego, como lhe seria
necessário, e que teria presentes as raras traduções de Aristóteles, que apare
GRAN ADA, Fr. Luís de - Ecclesias1icoe Rl1etoricae sive de ratio11e co11cio11a11di libri sex, ceram até ao tempo em que ele compôs as suas notas-.
"'"" pri11111111 i11 /11ce111 editi. Olysipone, exc. Antonius Riberius, exp. Ioannis
Hispani Bibliopolae, 1576 ( 1575) . Nova cd. cm Lisboa, 1762.
SÉCULO XVll
HO.M.EM, Fernando Soares - Rlretorica Ecclesiastica para Pregadores, ms. Diz Barbosa
Machado, Bibl. L11s., s. v. que econservava cm seu poder esta obra Jeronymo
ABREU, Mariana de - Rl1etorica Afodema, ms. Citada por Barbosa Machado,
Soarc.s, Prior de Ourem, filho do autor, do qual faz memória o P. D. Ant.
Bibl. L11s., s. v.
Caetano de Sousa, Hist. Ge11. da Casa Real PiJrt11gal, Vl, 6, cap. 18, p. 306•.
IAClilA, Iozé (ou Joseph Zaclüa}, (viveu no séc. xv1 ) - Clavis Tl1al11111dica co111plede11s ALMHI>A, Bernardo de (S. J.) - Fo11s eloq11e11tiae ad maiorem, ac faciliorem Scholns-
formulas, loca dialectica, et rhetorica priscoru111 Hebraeom111 cum i11terpretafio11e 1icom111 q11aq11111q11e de re omate, cf apposite loq11e11di 11511111. Co11ti11ef Sy11opsi11
lati1111, Lcidac, 1634. Rlietoricarum l11stit11tio1111111, Temari11111 La11rea111 Poetices, L11cema111 Dioge11es,
si11e Hominis, & H111111111i corporis parfi11111 disposifio11e111, Pec11liares 1111i111adver
LISBOA, Fr. Nazário de Ars Rlietoricae Clllll glossa, ms. Segundo Barbosa Machado,
- sio11es i11 Lati1111111 sm11011e111, etc., . . . Romac, Typis Fabii de Falco, 1664 (.BNL).
Bibl. Lus., s. v., co11Scrvava-se na Livraria de Alcobaça.
J\/i11ervae Pa11opli11e ad 111aiore111, ac faciliorem Scl1olasticom111 q1111m111q11e de re
P!NflEtRO, D. Antón;o - Co111111e11farii et a1111ofatio11es i11 Mar<. Fabi11111 Q11i11tilia1111111 de /oq11c11di 11su111, cimata ex variis A111/1oru111 ftoribus. Romae, Typis Tacobi
Insti111tio11ibm, Venetiis, 1 567, Parisiis, 1 569. Dragondclli, s. d. (BNL).
38 39
Al.Mm>A, Manuel Pires de - Encontram-se as obras deste A. entre os manuscr:icos JUGLAIUS, Luís (S. J.) - Ariad11e Rl1etom111 Ma1111J11ceiis ad Eloq11e111iam Adolesce11tes,
da Livraria do Duque de Cadaval : BCC, 1096 A-D. As que dizem respeito ed. de 1657. Sendo o autor italiano, teve, contudo, grande influência em
à Retórica são as seguintes : Portugal. Chegou mesmo · a fazer-se uma edição, de que há noócia. Foi
Pi11t11m e Poesia : vol. 1, 1096-A, As. 50-104. impressa cm Évora, «cam facultatc Superiorum, ex Typographia Acadcmiae,
Lomçam Poelica : vol. I, 1096-A, fls. 340-348. Anno Domini 1714•. Vid. a ed. de Verncy, feita por A. Salgado Júnior, II,
p. 58, n. 6 (e( adiante, p. 54).
Defi11içam da Poesia, tirada do Tasso 110 disc. 1 do Poema heroico, vol. 1, 1096-A,
B.s. 398-403. LEYTE, Gregorio de Arcz da Motta e - RJ1etorica Por111g11eza. Ms. Cit. por Barbosa
Defi11ição da Epopeia, sua i11lerprelaçam, e disti11çii de s1111s partes, etc., vol. 1, Machado, Bibl. L11S., s. v.
109<rA, Rs. 404-409.
Louo, Francisco Rodrigues - Obras Polfticns, Moraes e Metricas do insigne ... Lisboa
Do Ro111a11ço, 011 Livro de Bata/Ira, e dos Livr<Js de Cavalaria, vol. 1, 1096-A, Oriental, na Off. Ferrcyriana, 1 723 (vid. Introd11ção, p. 24).
fis. 524-529.
Poeticn de Aristoleles. Trad11zida e il/11strnda por o Licenciado Manocl Pirez
Luz, Fr. Tomás da - Arte Poeticn Lnti11a, ms. ; A11acepl1aleosis Poelica, ms. ; Viri
dari11111 Poelin1111, ms. Obras citadas por Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v.
d'Alrncida, vol. r, 1096-A, A. 546-616. É a primeira tradução em língua
ponugucsa. Cf. também Inocêncio, VlJ, p. 353.
Disa11so sobre o Poema Heroico, vol. l, 1096-A, Bs. 629-63511 . MAcrno, António de (S. J.) - Tlieses Rl1etoricae varia eniditioue referiai! i11 11rbe
Correcções da Arte Poetica de Pires de Almeida, vol. I, 1096-A, As. 659-663: F1111d1alensi, Insulae Madcrae, 1637. Sommervogcl, V, p. 243, 1 .
corrccçõcs feitas por um amigo.
A11otaç&s sobre o episódio elo So11!to ele D. Mmmel (Lusíadas}, vol. 1, 1096-A, MACEDO, Francisco de (S. J.) - Viridari11111 Eloq11e11tiac rlietorics
i /lorib11s disti11cl11111.
fls. 662v.-663. Exccllcntissimo D. D. Carolo Borgiae Aragonio ... Viridiano Anthologo
Eloqrtencia, Rl1etorica, e Poetica, vol. U, 1096-B, fis. 1-48, 49-58. P. Francisco de Macedo Societatis Jcsu Matritensis Collcgii Rhetore Regio.
Vid. o importante estudo de António A. Soares Amora, Ma1111el Pires de Viridarius Antonius Turrianus D. C. Q. Exhibendum integro dic (16 Julii),
Almeida - 11111 cr{tico i11édi10 de Camões, São Paulo, 1955, que contém a biblio 1628. Sommervogel, V, p. 245.
grafia completa de Pires de Almeida, assim como a pp. 108-175, uma anto MAcwo, Fr. Francisco de Santo Agostinho - T!teses rlieloricae omui er11di1io11e
logia dos passos mais significativos do mesmo A.
refertae, Matriti, 1628.
Liber de ge11erib11s et differe111iis stili 111111 RJ1etorici, 111111 Poelici, 111111 Historiei,
ANDRADE, Paulo Nogueira de - Arte Poética L11sita11n, ms. Citado por .Barbosa
111111 Epistolaris. Ms.
Machado, Bibl. Lus., s. v.
Scie111ia Rl1etorica, escrita em Madrid. Ms.
ArrAYDE, D. António, 1.° Conde de Castro Daire - Arte Poética, ms. Existe Vid. Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. ; Inocêncio, Ll,322, VIT, 87- 1 1 2, IX,
na BA, 46-VITI-37, 63 A., algumas não preenchidas. 246, xvm. 199.
CARVALHO, Luiz Affonso - Cis11e de Apollo : de las excelle11cias, dig11idad y todo lo MATOS, Manuel de - Lnco11is11111s Eloq11e11tiae pro i1LStrue11dis, ac refim111111dis orato
que ai Arte Poetica, e versi./icatoria perte11ece; los metl1odos y estilos q11e c11 sr1s obras
deve seguir e/ Poeta. EI decoro, e/ adomo de fig11rns q11e Jeve11 te11er, y todo lo mas
rib11s, BPE, Cod. �� da A. 143. São prelccçõcs de retórica, Rivara, 11, 13.
a ln Poesia tocn111e, significado por el Cisr1e, i11sig11ia preclara de los Poetas, Medina
dei Campo por Juan Godinez de Millis, 1602 (BA). Trata-se de um aucor MarooçA, Francisco de (S. ).} - Instil11lio11es Rl1etoricae ad q11a11t11m 111axi111a111
de língua espanhola, mas filho de pais portugueses, como diz Barbosa Machado, fieri pot11it brevitatem, perspiniitatem, atq11e ordi11e111 revocnlae. Opera Patris Fran
Bibl. Lus., s. v. cisci de Mcndoça Olysiponcnsis, Societatis Jesu. Doct. Tbeol. Olim in
Conimbriccnsi Academia primario Eloqucntiae magist. postea in Eborcnsi
CHRlsTO, Fr. André de -]11izo Poetico do M. R. P. M. F. A11Jré de Clrristo (Expo divinorum oraculorum interprete. NUllc dcnuo in usum candidatorum, qui
sitor da Poética de Aristóteles na Academia dos Generosos de Lisboa), 68 pp. in Maiorcensi Academia Socictatis Icsu Eloquentiac vocaverunt excussae.
incluídas em Virgi11idos 011 Vida da Virgem Senhora Nossa, . . . por Manoel Anno 1674. Mallorca, impr. de Rafad Moya y Tomas, 53 pp.
Mendez de Barbuda e Vasconcelos, Lisboa, na Of[ de Diogo Soares de
Viridari11m Sacra ac profa11ae enidi1io11 s,
i Leão, Cardon, 1632; Colónia, apud.
Bulhoens, 1667 (BNL).
C�·
Pet. Henningium, 1650. Liber VI - Flores tloq11e111iae; liber VII - De Florib11s
Dia/ogiJia Rl1e1oricae, BPE, Cod. Rivara, Il, 13. Rl1etoricae. Vid. também Breve rlietorices co111pencli11111 e R/1etorices com111e11-
tatio11es Jicln.scalicae (Gocrres}. Cf. Sonunervogel, V, 90 1 , 7.
GRACIAN, Lorci1ço - Arte de i11ge11io. Tratado de ln Ag11dez e11 que se explica11 todos MENDONÇA, João de - Prelecções de Rl1etorica (em latim) feitas sobre as do Padre Cypri11110
los modos, e Jifererrcias de co11ceptos, por Lorcnço Gracian, dedicado a D. Ioam Soares com mais Jifi1são, etr., ditadas no anno de 1626 na primeira classe e
da Costa, Conde de Soure, Lisboa, Na Offi.cina Craesbecckiana, 1659. Por cxrr
Simão Anrunes de Almeyda. appostiladas por . . . BPE, Cod. da B. 153, 23 folhas; Rivara, 11, 13.
1 _3
40 41
MENEZES, D. Francisco Xavier de- trad. de Boileau, Arte Poética (1697) publ. cm ÉCULO xvm
Lisboa, Tipographia Rollandiana, 1818.
ANTÓNIO, Miguel - O Pregador i11struido. as qualid11des 11eressÁrias para bi'm e;i;erccr
NUNES, Thomazia - ova Arte de Bem Fallor, ms. Vid. Barbosa Mad1ado, Bibl.
o seu 111i11isrério - primeira parte. E ua rltetorica errlesias1ica proporciounda à
L11s., s. v. eloq11e11cia do pufpito - segu11da parte. Obra 11iio só 1Í1il, mas 11ccessifria àquellcs
Orpltea Rl1etorices. Cltitera i11 q11i11que c/1ord11s seu portes distribut11 et eloq11cmine plectro ecclesiasricos, que sem maiores eswdos /11f pouco cxercitào ou prere11de111 exercirar
emod11/at11 (São prelecções de retórica), BPE, Cod. e�. 1 vol. de 27 fls. o 111i11islerio da prédica. Coimbra, Regia Typ. da Universidade, 1791.
Rltetoriru111 Co11viviu111, BPE, Cod. ��;l a, B. 114, 15 As. (Segundo Riva.ra, trata-se
Da Rlictorica, pp. 99-116.
Apo11ta111e11/os sobre arte oratória, DA, 49-IlI-2033.
de um tratadinho de retórica, cujos títulos nas divisões dos capítulos são cm
metáfora de banquete). AQUlNO, Tomás José de - Delicioso jardim de Retórica, Tripartido t•111 clega11/es
estí111cias (saiu anónimo), Lisboa, 17.50 (BNL - L 12906 P).
RoBOREDO, Amaro de - 1Uerliodo grammatical para todas as /i11guas. Co11sta de
3 partes. 1 . Gra111111atira exemplificada 11a portuguesa e latina. 2. Copia de pala ARCOTE, Jerónimo Contador de - Regras da U11g1111 portuguesa, cspcllw da lí11g11a
vras e."1:e111plificada 11as lati11as, artificio experimemado para e11te11der latim em poucos latina, l . • cd., anónima, é publicada em Lisboa, por Mathias Pereira da Silva
meses. 3. Frase exemplificada 11a lati11a, em que se exercitam as sy11taxes ordi11arias e João Antunes Pedroso, 1721 ; 2. • ed., cm 1725.
e collocação rlietorica , Lisboa, Pedro Craesbecck, 1619. . CXIll
De artt• rlzetorrces, BPE, Cod. - - - 3 1 vol. com 4 Rs. Cm1ha Rivara, 11, p. 12
SILVA, André Nunes - Arte de R/1etorica, ms. Vid. Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v. 1-
diz que dc,·c tratar-se de cópia de obra amiga de jesuíta.
�I a,
. CXJCIII
SlLVEIRA, Affonso eh (S. J.) - Rlrerorrca, BPE Cod. n. 0 5. Vid. Cunha C
2_25 Artis Rl1croricae libri quiuqut', IlPE, Cod. 333 pp.
Rivara, 11,13; Sommervogel, Vll,12 10. Há iguaLncme uma explanação
mais abreviada do mesmo A. ao tratado antecedente: FasciC11lus ex selectio AZEVEDO, Manuel de (S. J.) - Ars poetica exemplis illustrata, inter Arcadcs, NicaJtdro
CXXlll Jassco, Vcnctiis, apud Heredes Constantini, 17 1 (BNL, BPE).
rib11s eloq11e11tiae florib11s colfectus, DPE, n.º 6.
2_25 Poeticae Fawltatis Ampltiteatn1111 i11 quo omu igeuae cruditic>uis spat.1mlat• poli
SousA , D. Manuel Caetano de - Pltanis Cicero11ia11a, ms. É uma colecção de tiorib11s exlribc11t11r i11gc11iis, diri.'le11te, P. Mag. Emmanuclc de Azevedo, ocict.
frases tiradas das obras de Cícero. Jesu, Rhetoriccs Professore, explanaturus joannes Teixeira de Carvalho ...
De Cicero11e i111ita11do, eiusq11e laudibus, ms. E.borcnsi Academia spcccantc in Aula Regia, integra dics 24 Maij . . . , Eborac,
Ars co11ficiemli epigrammata. Segundo Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v. . . ., c.x Typographia Acadcmiac, 1740 (BNL).
Estes dois opúsculos estão juntos nwna Arte Poética anónima escrita na mesma
língua. BARBOSA, D. Caetano - Rlrctorica ecclesiastica acrrrate, cogitc1teq11e cxt1rata, ms Citado .
A.1111/yse dos L11si11d11s de L11iz de C11111ões divillida vor se11s ca11tos com observações CASTRO, João Baptista de - Espellr<> da eloq11eucia porrugucza illuslradn pelas exem
críticas sobre cnda um d'elles. Obra póstuma do A., Coimbra, Imprensa da plares luzes do verdadeiro sol de eloque11cia o ve11eravel Pndre A11to11io Vieyrn dn
Universidade, 1859. Co111pmr l1ia de jesus, Lisboa por Anronio Pedrozo Galrão, 1734.
Discurso sobre 11 11ecessid11de da eloquê11ci11 110 11so da vida, ms. Referido por Homem Rlretorico ou Tratado de Rlietorica, exemplificado todo COlll os s�·rmões
Inocêncio, X, 136, como inédito.
Ob.servações pocticas e rlietorirns nos quatro vri1 11âros livn>s da E11eida de Virgilio
do Pndrc A. Vieira, BPE, Cod. �� d. Cf. Cunha R.ivara, IJ, 13.
(obra inédita). CASTRO, Júlio de Mello e - Série de discursos epidícticos reunidos num ms. da
A1111/yse e observações rl1etoricas ao diswrso de Cicero a favor do poeta Arcl1ias DA, 51-V-40. Eis alguns títulos :
(obra inédita). As. 93-9411. - Qual lie mais atractivaa formosura ou o e11t('lldi111c11to. Deffe11deçe
que o e11tc11di111e11to.
Prelecçíio sobre a defi11 içíi11 de rlietorica (obra n
i édita). As. 94-97v. - Deffe11deçc que a fim11osura.
Temas deste género são defendidos c m fls. 98-100; I0011-l02v.; 10211.-105.
i
BARATA , Custód o Jcsão - Vid. Castro, João Baptista de
CENÁCULO, Fr. Manuel do - Cuidados Literários do prelado de Beja em graç11 Jo seu
BAR!, D. Thoma Li sbonae, ex
- Rhetorica Ecclesiastica ad lyro1111111 i11stit11tfo11e111, bispado, Lisboa, Ferreira, 1791.
Ty pis Rcgalibus Silvianis, 1752; Coimbra, 1786. Só no séc. xvm foi este A.
publicado em Portugal, muico embora a 1 . • ed. da sua obra tivesse apare i ioso da Ordem tcrcdra
Memorias liistoricas do mi11isterio do pulpito. Por um relg
cido em Nápoles em 1691, havendo outra de 1724, (BNL, BAC). de S. Francisco, Lisboa, na Regia Officina Typographica, 1776. Divide-m-se
as Memorias em quatro partes : 1. • - Qualidades e propagação da doutrina;
BARROS, Fr. Pamalcon de - Compe11di11m ar/is rlietoricae, ms . (B NL, F. G. 5814). 2. • - Eloquência dos autores sagrados até à restauração das letras ; 3.•- Apên
dice «Da oratória sagrada em Portugal•; 4. • - Disci piina da Igreja no exer
BEM, D. Thomaz Caetano do - Eloque11tiae sacrae 1Hstit111io11es, ms. (BNL, F. G. 3159). cício da oratória sagrada. Depois vem: Discurso acerca do rninistério do
pulpito, dividido cm 2 partes: 1 . • - Materias que fazem o objecto dos
BtUTl:AU, Rafael - Vocabulário Português e Lati110, Coimbra, Colégio das Artes pregadores; 2.• - Ministeáo do pulpito enquanto a forma. Termina com o
da Companhia de Jesus, 1712-1728, 10 vols. •Cat.ilogo dos livros por onde se pode formar o novo orador-.
BORRALHO, Manuel da Fonseca - Luzes dn poesia descobertns 110 orie11te de Apollo CHAVES, João Dias Pereira - E..'l:posiçiio dos Preceitos de Rl1etorica e Poetica, tirados
11os i11fiu.\·os das Muzas. Dividido em três /11us esse11ciais. Luz primeyra : da de Cfccro, Q11i11tilia110, Horacio, Brilemt e outros 1\!lestres de Eloq11ê11cia e Poesia,
medida e co1tso11a11cia da poesia. Luz segu11da : do omnto da poesin e figuras, que s. d., Lisboa (1784).
11ella cabem. Luz terceyra : do espirito da poesia e crecça111 do co11ceyto . . . , Lisboa, CXJT
Off. de Sousa Villela, 1724 (Goe rrcs). Compe11diu111 Rhetoricae, BPE, Cod. 3 a, A. 15, 12 As.
1-1
BoRROMEO, S. Carlos - J11struções da pregação da pa la vra de Deus. Dadas aos prega CoNCE.JÇÃO, Pedro Francisco da - Método breve do retórirn Hércules, cit. por
dt•res por S. Carlos Borromeo . . . Às qunes 11a tradução se aj1111ta lium appe11dix, Sotomaior, Sistema Retórico, p. 1 1 (vid. adiante, p. 53).
co11for111e a 1 11e11 te do sa11cto mtelor . . . por D. Joaquim da Encarnação, Coimbra,
Real Imprensa da Universidade, 1763.
CONCLUSÕES DE RETÓJUCA E POÉTICA
Brcvis Rhetoricac cxplicatio, ms., BA, 49-JIT-252, fls. 1 1 -73v.
REAL COLÉGIO DE MAFRA
CAETANO, Fr. José - Divini verbi Hierologia, sive Ars tlicorico-practica po11dera11di
Sacra111 Scriptura111 per co11cept11.s {ut voca11 t} praedicnbiles, Coimbra, Regajj ANNUNCIAÇÃO, Fr. Francisco da - vid. MADRE DE DEUS, Fr. Feliciano.
Artium Collegio S. J., 1730-35: 1) Tlieo-rlietoris si11 111lncr11111, seu vera effigies
BRfITO, Francisco José Maria -Ao E111i11emissimo Pri11cipc da Tgreja Lusir.11111 . . ,
_
co11cio11atoris e11m1gelici. Opuscu/11111 praevi11111 ad Divi11i verbi Hierologiam, . . . ,
O Senhor Cardial Pntriarca da Santa Igreja de Lisboa, . . . O seu /111111ilde s11l1dit11,
1730; 2) 1730; 3) 1731; 4) 1734; 5) 1 734� 6) Divi11i verbi Hierologiae, sive
afilhado, e liberal111e11te favorecido . . . Presidente D. ]oaqui111 de Guadalupe . . .
sacrae cloq11c11tiae 111e11s11e a11alectn, 1735.
Questiio ho11ortÍri11 : Se o E111i11e11tissi1110 Se11hor Cordial Patriarca Ire ai11da mais
CARDOSO, Simão Crispim Toro - Arte da gra111111at'ica, co111posiça111 de seus preceitos ... amado pela virtude, do que respeitado pela Aiitlioridade? Segue-se uma 1 . • Parte
cm três co111pe11diosns partes dividida : a primeira co111e111 os preceitos da oraçiio referente à Retórica. Chama-se De111011straçíio, e que devia constar de exer
si111plcz, latina e portugueza ; a segunda, da rlietorica ; a terceira, da arte poeticn cícios sobre textos de SaMstio, Lívio, Cfcero, cujos nomes são citados ; a 2.•
latina e 1111lgar. Offerccida para uso do Senhor Joaquim Antonio Marques Parte refere-se à Poética e consta igualmente, na De111011straçiio, de exercícios
pelo seu mestre . . . , Lisboa, .Álvares, 1746. Retórica, nas pp. 105-162. sobre textos de Camões, Ulisseia de Castro, Malaca Co11q11istada, etc. Li�boa,
Rég. Of. Tip., 1775, 1 1 pp. (Consultei este exemplar na Lforaria Histórica
CARVALHO, J. Teixeira - Vid. AZBVl!DO, P. Manuel. Ultra111ari11a, de J. C. Silva).
45
Sala dos Actos do Real Coll. de Mafra nos 1 7 de ]11/lro de 1782. Defende . . .
Presidente, D. Luiz da Senhora do Carmo. Mostra-se primeiro: Q11a11to Ire MELLO, João Caettano de Ao 11111ito alto ... Rei . . . D. Pedro. Co11cl11zoe11s de Rlreto
-
digno objecto da Poesia t1 11irt11de do cidndiio benemérito. Lisboa, Off. Patriarcal rim e Poetim, Prczidente D. Luiz da Senhora do Carmo, Defendendo . . . ,
<lc Francisco Luiz Ameno, 1782, 40 pp. (B NL, 14.3814 v). Julho 17 de Tarde. Affim1a a Questão Preli111i11ar: ser n Eloq11eucit1 igunlme/l/e
11til e podero:n. Lisboa, Na Off de Antonio Rodrigues Galhardo, 1 779,
fERl:IRE, António Romão de Souza da Silva Alte e - A Mai de Deus . . . N. • S. • 1 1 pp. (Liv. Hi)t. Ultr.J .
dn Concciçiio. O., Conclusões de Rlretoricn e Poetica deduzidas de Q11intiliano
e de Horácio. Presidente, D. Joaquim de Guadalupe. Defendente . . . , aos 29 do MENDONÇA, Luiz António Carlos Furtado de - Ewrdcio de Rlictorirn e Poetica . . , .
corrente de tarde. Q11estíio lro11orária : Se a Conceição de Maria Santfssi111t1 he aos 10 de Julho de 1782. Mostra-se primeiro: Como o cidadão bene111erito uecessita
o seu maior p1111eg11rirn? Lisboa, na Rég. Off. Typ., 1774, 7 pp. (Consultada da Rlretori<n para os graves empregos, em que pode ow1pnr-lo a Pátria. Lisboa,
1i.1 Lil'. Hist. Ultr. de J. C. Silva) .
Of( Patriarcal de Francisco Lu.iz Anieno, 1782, 40 pp. (BNL).
46 47
MENEZl!S, D. Jorge - Ao Rei . . . D. José . . . Concl11uies de Rl1ctorica e P&Jctiw, Presi examinados que apresentavam impressos esses Swnários, alguns dos quais em
dente D. Joaquim de Guadalupe. Defendente . . . , dia 27 do corrente de latim. Os Presidentes são, nos documentos que encontrámos, o Dr. Francisco
tarde. Questão honorária : Quanto se tem melhorado a Eloquência em Portugal de Sales (vid. Inocêncio, UI,56-57) , Francisco Xavier de Oliveira e Costa e Pedro
no felicissimo Reinado de Sua Magestade ? Lisboa, Na Rég. Off. Typ., 1773, José da Fonseca. (vid. s. v.). Aprese11tam-sc os nomes confom1e as datas dos
1 1 pp. (Liv. Hist. Ultr.). exames :
S11VA, João António da - Ao . . . Iu/aute D. João por seu amor às letras e 11irtudes,
11 de Julho, de tarde, J803 - Bernardo Pinto de Mcndonç:1 Arracs, Mauocl M:iri:i
Gonçalves da Câmara.
O. Os Preceitos da Rl1etorica e Poetica, tirados de Cicero, Qui11tilia110, Horado,
Boilea11, e outros Mestres da Eloqueucia e p(}esia, para o exame publico . . .
Presidindo D . Luiz da Senhora do Carmo - no dia 1 4 do mês de Julho de 1 7 4
REAL SEMINARIO DO PATRIARCADO
de tarde. J\fostrartf primeiro : Co1110 os Príncipes Be11e111eritos são digno assuuto da
Eloquencia e Poesia. Lisboa, na Off. de Lino da ilva Godinho, 1 784, 43 pp.
Programa. Hiio-de Fazer o seu e.\·ame 1níblico de Rl1etorica Presidindo-lhes s''" Mestre
(BNL, L. 1 . 7482 v).
: ;
o Dr. António Eleutério Caetano de Fig11C1°redo, Os Se 11i1111rist11s do Real Semi11tfri
VJRCOLJNO, Pedro António - Ao Emine11tissiu10 Scuhor Cardinl C1111/ia, Director dos do PatriarcatÍJ, José Madeira, A11tó11io Lourenço da Cmz (Clerigos i11 Minorib11s),
Reaes Estudos de AJafra, Arcebispo de Évora, d() Co11se/11 0 d(} Estad(), lllq11izidor João Madeira, A11tó11io Lv1ire11ço da Cmz, João Fra11cisco, AJ1ró11io Ve11á11cio,
Geral do Sa1111> Officio, Prezide11te da ]1111tn das Co11./irmações, Mi11istro do Gabi11e1e Joaquim Marcelli110, AJ1to11io Bnpti.sta. Na Casa publica dos Exames do mesmo
de sua .\la,gestade Fidelis.simn, etc., etc., etc. C()11c/11sões de Rl1etorica e Poetica. Seminário, aos 1 7 de Julho, de 1792. Lisboa, Na Reg. Off. Typ., 1 792,
Presidente O. Joaquim de Guadalupe. Defende . . ., no Real Coll. de Mafra, 14 pp. (Li11. Hist. Ulir.).
dia 3 do corrente de manhã. Q11estiio himortfrin; Q1111nto he devedora a Republica Co1111ersnções familiares sobre a eloquência do p1ílpito p.Jr l111m religios11 da P. de S.
das Letras à Sabia e vigil1111te Direcçà(), com q11e as promove em Mafra o Emiuen AI. de A., dadas à l11z por /111111 AJ11igo do Alll<"r (Anónimo), Lisboa, Officina
tíssimo Seuhor Cnrdial do C1111ho ? ... Lisboa, Na Off. de Miguel Rodri ·
de Miguel Manescal da Costa, 1762.
gues, 1773 7 pp. Liv. Hist. Ultr).
COSTA, Manuel Ferreira da - Compendio breve dn Arte de Agudeza para os pri11-
Cf. as Co11c/11sõcs, que se encontram na DGUC, s. v. Luis da Senhora do Carmo. cipia11tes e11te11derem Poemas, e comporem versos. Citado por Barbosa Machado,
Bibl. L11s., s. v.
REAL COL�GIO DOS NOllRES CnnvJER, J. D. Louis - Preceitos de Rhetoricn tirados de Aristóteles, Cíccr() e Q11in
tilia110, por . . . , traduzidos em Portug11ez e il/11strados com Notas. Lisboa. Na
Consultámos, por amávd deferência do livreiro Sr. J. C. Silva, na Livraria Of( Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1786. Nova cd. cm Lisboa, na
Histórica Ultramarina, algmis Sumários de Rl1ctorica provenientes do Colégio dos Impressão Régia, 1830.
Nobres. Nada se insere nos mesmos que tenha interesse do ponto de vista ideológico,
para o conhecimento dos temas de retórica. Assim limitarno-nos a dar a lista dos Preceitos retóricos que se 11ão ncltam 110 Cre11ier, BGUC, ms. 1 5 1 9.
48 49
ENCAllNAÇÃO, Fr. Joaqtúm da - vid. BoRROMCO, S. Carlos . Tratndo dos affectos e cost11111es oratorios, considerados a respeito de eloq11e1icia,
dividido em duas p11rtes. Lisboa. Rég. Off. Typ., 1776; Reimpresso, ibid.,
E11s11ios de Eloq11211ci11 Sobre Diversos Ass111 1tos /11teress1111tes, Lisboa, Na Regia
1 786, 1793.
Officina Typographica, 1791.
Arte Poetica de Q. Horado Flacco. Epistola nos Pisões. Traduzida em portll
E1111cle11t11 rllt'torices 1111alysis (E"<cmplos cm português, espanhol e latim), ms., BNL, guez e illustrada com escolhidas 110/as dos autigos e modernos i11terpretes e com /111111
FG. 8.044. co111111ent11rio critico sobre os preceitos poeticos, lições vari11s, e i11tellige11cia dos lugnres
difficultosos, por . . . Lisboa. Na Off. de Simão Thaddeo Ferreira, 1790.
EPlíANIA, Manuel da - Verdadeiro Me rliodo de pregnr. Pmtirndo l'lll v11ric1s omçoe11s
fimebres, ser111oe11s pmiegyricos e disrursll.( 11111rae� de profiss11e11s religiosns, Lisboa, Instituições rethrricas de Qui11tilin110, vid. s. v. VASCONCELOS, João R.
Tip. da Silva, 1759. de VilaJobos e
Críticas a esta obra cm Gnzeta Litertfrfo, Junho de 1762 e cm Fr. Manuel de
F.R.EI.R.E, Francisco José (Cândido Lusitano) - Arte Poétim, 011 Regras d11 verdndeira
Figueiredo, Pnlestrn Or11t6ri11, Lisboa, Off. de Jn:ício Nogucir:i Xisto, 1759-62,
PoesÍll em gemi, e de todns 11s st111s especies principais, tratadas com j11izo crítico.
II, pp. 77-94.
Lisboa, por Francisco Luiz Ameno, 1748. Reimpresso, ibid., 1759.
Fé.NFLON - Diálogos sobre 11 elvquéucia em gemi t' a do plÍ/pito cm pnrtiwlar, esaitos Jl/11stmçiio critica n 11111a car/11, que 11111 pliilologo de Hesp1111/i11 escreveu a outro de
em 11 /f11gu11 fra11cesa pelo i/lustrissimo . . Francisco Salignac F61clon .. , trad11-
. .
Lisboa 11ccrc11 de certos Elogios lnpidnres. Trnfa-se t11111bé111 em s1111111111 do livro
zidos em portugue::, Lisboa, Antonio Rodrigues Galhardo, 1761. imitulado • Verdadeiro Método d'Est11d11r• e l11rg11111e11te sobre o bom gosto 1111
eloque11ci11. Lisboa, por Miguel Rodrigues, 1751.
f.ERRORA , Francisco Leitão - Nova Arte de Ctmceitos, que c11111 o 1(111/o de Lições
Acade111ic11s, 11a p11blirn Arndemin dos A11011y111os de Lisboa, dictm•a e explica va. 1\111ximas sobre a Arfe Oratoria, extr11/1idas dns doutrinru dos a11tigos mestres.
Lisboa, António Pcdrozo Galram, 1718-21, 2 vols. Lisboa. N a Off. de Francisco Luiz Ameno, 1759.
FFRRrtllA, Manocl de Oliveira Arte da Eloq11é11ci11 P11rtug11eza ou jardim Rhetorico,
- Q. Horocio Flncco . Arte Poetica. Trad11zid11 e illristrada em portug11ez por
ms. Segundo Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. obteve este rrabalho as Candido Lusitano, Lisboa. Off. Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1 758.
licenças necessárias para a impressão em 1734. Reimpresso em Lisboa. Tip. Rollandiana, 1784, 1883.
F1cUErnEDO, António Pereira de Reflexões St>lire o modt> co111e1 se dr11r e11si11ar 11 Diccionnrio Poetico para 11so dos que pri11cipÍ11111 a e.wrcitnr-se 11a Poesia Port11g11eza.
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-
Obr11 ig1111/111e11te Wil ao orndor pri11cipi1111te. Lisboa, por Francisco Luiz Ameno,
Rhetorira, ms., BPE, Cod. N.0 8, autógrafo. 1765, 2 vols. Reimpresso em seguuda edição au111e11t11da com mais de mil plirrues,
Elr111e11tos da i11ve11ção e ltJmção rhetorim, ou pri11cipfos da cloq11e11cia, il/11strados cujns vão e111 letra differe1t1 e. Lisboa, Na Off. de Simão Thadco Ferreira, 1794,
co111 breves 110/as. Lisboa. Na Off. de Francisco Luiz Ameno, 1759. 3.ª cd., ibid., 1820.
Espírito da Li11gua e Eloq11e11cia portug11ez11, cxtmli ido d11s Decadas do iusigne Reflexões sobre 11 li11gua port11g11eza. Escritas por . . . Publicadns com 11/g1111111s
111111ot11ções pela Sociedade prop11g11dora dos conliecimelltos 11teis. Lisboa, Tip. da
cscriptor João de Barros, e reduzido a 11111 Diaio11ario critico d.1s s1111s palavras e
phmses 11111is especinis, co11firm11d11s, ou illustradns .. . Saiu no tomo JT, das l\fem6rÍlls Sociedade propagadora dos conhecimentos úteis, 1842. Revist11 de Portugal, 1I
de Liller1111ura da Acndemia Renl dns Scie11ci11s, pp. 1 1 1-226. (1943), pp. 174-176; ill (1943), 15-17, 107-108, 153-156; IV (1944), 5-6,
Vid. Comp2ndfo d11 11id11 e esaitos de A11t<111io Pm:ira de Figueiredc1, ms., 366-371 ; V (1944), 71-73, 137-142, 198-203, 264-267, 358-360 ; VI (1944-5),
BNL, F. G. 9842. 59-62, 130-132, 205-207; 345-347; VII (1945), 52-56, 142-145; vm (1945),
47- 49, 1 1 2 - 1 1 3, 191 - 193; IX ( 1946), 101 - 107, 1 28 - 1 34, 208 - 212;
FrGUEIREDO, Manuel - Pnlestrns d11 Oratória S11grada, onde se disa1te111 os fi111dame11tos
X (1946), 35-38, 72-75, 123-127, 178-180; XI (1947), 25-3 1 , 102-106, 142-145,
dos difere11tes métodos. Lisboa, Officin:i de Inácio Nogueira Xisto, 1759-1762, 185-189; XIl (1947), 1 1-15; Xlll (1948), 100-105, 129-133, 202-205, 243-
2 vols. -246 ; 308-310; XIV (1949), 31-35, 100-102, 1 1 5-117, 223-228, 303-306,
FONSECA, João Nepomuceno Perdigão de - Qui11tilia110 11011a111e11te traduzido e 338-340, 382-386; XV (1950), 68-70, 9..J-97, 143-148, 178-181, 213-218,
explicndo. Dedicado a Fr. Manuel do Cenáculo. É em forma de diálogo cnrre 241-244, 286-288, 309-315; XVI (1951), 37-40, 102-106, 228-230, 260-261,
cxm 297-300 ; XVII (1952), 31-33, 66-68, 162-168, 188-191, 234-238, 308-310,
mestre e discípulo, ms., BPE, Cod. -- . Traz no fim um •Tratado dos 347-351 xvm (1953), 30-35, 71-74, 102-101, 134-140, 192-198;
1-3
affcctos e costumes oratórios•. Manuscrito autógrafo. Vid. Cun}1a Rivara, Prntica da Eloq11e11cia em um diccio11ario oratorio. Pnra uso dos pri11dpi1111tes q11e
U, 1-t. se exercit11111 11a eloqueucia vulgar. Ordenado por ... e co11s11grndo a El-Rei Nosso
FONSECA, Pedro José da - Ele111e11tos d11 Poética, tir"dos de Aristótelrs, de Hortfcio
e dos 11111is célebres modernos. Lisboa, Manescal da Costa, 1765. Reimpresso,
Senhor, ms. l3PE, Cod. C�· Autógrafo, vid. Cunha R.ivara, II, 13.
A eloque11cia cliristã composta em francês pelo P. Gibert S. ]., ms, vid. Inocêncio, MAGALHÃES, Manuel Luís de - Co111pendio gra111111ntical dn ellypse e outras fig11rns,
II, 4 1 1 . as q11aes adomão a oração lnti11n. Trad. da do11trina de Broct11se. E j1111tame11te
/rum appendix tÍ cerca do modo de virgular a oração, t! /rum breve tratado da medição
Bom gosto litterarfo, dirigido à Mocidade Port11g11eza 110 estudo dns Srie11cins, e Anes,
drs versos co11for111e Jovence. Lisboa, Ameno, 1783; Outra cd., Lisboa, lmp.
ms. Cit. por Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.
Regia, 18o.t.
Discursos Poeticos, em que i//11stro nlg1111s Jogares dn minlra Arte Poetica, ms. Cit.
MARIA, Fr. Joseph de Jesus - Rhetorica Lusitanico-Lati11a, nu., cit. por Barbosa
por Barbosa Machado, ibid.
Machado, Bibl. Lus., s. v.
Cartas Poeticns e Criticas, em que se discorre de nlgu11S partimlnres da Poesia, Arte Poetica, e111 que se ensi11n a 111edidn de todo o Renero de verso, ms., cit. por
e refaz j11izo sobre diversos Poetas, ms. Segundo Inocêncio, IT, 41 1 , existe este Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.
manuscrito na BPE.
MELO, D. Francisco Manuel de - Feira dos Anexi11s. Obra post/1111110 de D. Fra11cisco
Manuel de Melo Agora dada à luz pela pri111eirn vez. Edição dirigida e revista por
FREITAS, Miguel Joachino de - Arte de Pregar, 011 o verdadeiro modo de Pregar, Ii111oce11cio Fra11cisco da Si/110. Lisboa, Livraria de A. M. Pereira Editor, 1 875,
11 Portuguez, �or ...
segundo o Espírito do Evn11ge/110. Traduzida de Fra11cez e�
Lisboa. Na Off. da Musica e da Religião de Malta, debaoco da protecçaoiana,
dos ed., 1916.
2.•
Patriarchas São Domingos e São Francisco, 1739; 2.• ed., Tip. Rolland Ma.Lo,Francisco de Pina e de - Tlieatro da c:loq11e11cin, ou Arte de rhetoricn. F1mdada
1 777. nos preceitos dos 111ellrores oradores gregos e latinos . . . Offerccida ... por Antonio
da Silva e Costa. Lisboa, Borges de Sousa, 1766.
GmERT - Rl1etoricn 011 Regras dn eloque11cia por . . . traduzida do frmrcez, Porto, por
António Alvarcz Ribeiro, 1 789, 2 vols. MENDES, Am6nio Felix - Ewgesis Rl1etorica sacra propliann do sermão dns Exequias
da Co11dessa de Atalnyn recitado pelo Padre António dos Reys da Co11grtgação
HENRIQUES, Manuel Martins - Ameni flores dicendi, e."+:: viridariis 1111tlron1111 maxima do Oratorio, e111 que se expõe o nrtiffcio rlietorico do sermão, ms., cit. por Barbosa
wra decerpri iu 11St1111 E11srbii Coellio de Pace Cnietnni. Collegi
t Emmanuel Machado, Bibl. Lus., s. v.,
Martins Henriques publicus grammatices praeceptor U1ysipone, ms. BPE, Cod. Arte Poética-Lusitn111>-Lati11n para 11so dos curiosos de poesia, recitada 110 Academia
CXII fl. 27, 54 fls. Vid. Rivara, li, 1 2 . L11Sita111>-Lati11n, 4, ms., cit. por Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.
a
1-31 MENESES, Bento Rodrigo Pereira de Sotomaior e - CtJ111pc11dio r/1etorico, ou Arte
completa de rlretorica com metlrodo fncil, para toda a pessoa curiosa, sem freq11e111nr
INÁCJA, Margarida - Apologia a favor do P.e Amó11io Vieira, 1 7�7. (Verdadeiro ns nulas, saber n arte da eloq11c11cin. Toda comp. das 111ais sabias doutri11as dos
autor: Luís Gonçalves Pinheiro apud cat. leilão Costa Bapmta). mellrorcs autores, q11e escre11erão desta i111portn11tc scieucin de fnlnr bem . . . Lisboa,
Justnuçõe11s pnrn os Professores de Grammaticn i.Ari11a, Grega, Hebra c
i a e de Rl1etorica,
Ferreira, 1794.
Ordenadas e 111a11dadas publicar por Efrey Nosso Smlror, Para o uso das Escolas MESQ UITA E QUADROS, José Caetano de - Instruções de rl1etorica e eloquendn dndns
11ovnme11te fimdadas nestes Reinos, e seus Domfuios. Lisboa. Na o�
de Miguel nos se111inaristas do semi11ario do Patricarcado, Lisboa, na Regia Offic. Typ., 1795.
Rodrigues, Impressor do Eminentíssimo Se11hor Cardial Pamarca, 1759.
Apomamentos sobre o estudo da retórica, por José Caetano de i\fesquita, Professor
de Retórica 110 Colégio dos Nobres, ms., BGUC., 143, fls. 13.
LAMY, B. - LA Rlré1oriq11e ou l'Art de pnrler, 6.•éd. augmentée d'un discours préli
minaire sur son usage et de ses Réflex.ions sur l'Art Poétique. La Haye, 1737. lutrodução no estudo da retórica, nu., DNL., Rcs. F. G. 6359.
PEREIRA, P. António - Ele111eutos dn i11 vença111 e lomçn111 Retorica 011 Pri11cipios dn SANTANA, Manuel de - Conversações familiares sobre a eloque11cia do p11lpito. 011de,
Eloquencia escritos, e ilustrados co111 breves Notns. Lisboa. Na Off. Patriarcal seg1111do as doutrinas dos santos padres e melhores mestres, se instrue em os pri11cipais
de Francisco Luiz Ameno, 1 759. preceitos da oratoria diristã qualquer e(C/esiastico, que prete11der ser perfeito ministro
Ele111e11tos de Rl1etoricn pnrn uso dns Escolns dn Congregnçiio do Oratório, ms., da palavra. Por /111111 religioso da P. de S. M. da A. Dadas à luz por /111111 amigo
cir. por Barbosa Mad1ado, Bibl. Lus., s. v. do a11thor. Lisboa, Manescal da Costa, 1762.
PEREIRA, António das Neves - Mechnnica das pnlavrns e111 ordem à har111tmin do SANTO ANTÓNIO, Sebastião de - Ensaios de Eloque11cia sobre diversos asm111ptos
discurso eloquente, tn11to em prosa, co1110 em verso. Lisboa, Regia Of( Tip., 1787. interessa11tes, Lisboa, Na Regia Of.ficina Typografica, 1791.
Exame critico sobre qunl seja o uso prudente das paln1m1s de que se serviram os 11ossos E11saio de Rhetorica co11for111e o methodo e Doutrina de Q11i11tilia110 e ns Reflexões
bons esaiptores dos sewlos XV e XVI, e deixnra111 esquecer os que se seg11ira111 até dos ÂJ1thores mais Celebres q11e trataram desta matcria. Lisboa, Na Of.ficina
ao prese11te. Inserto no tomo TV das Memorias de Literatura Portugueza da Luisiana, 1779.
Academ.ia Real das Sciencias de pág. 339 até 446, e continuado no tomo V
Rhetorica em Portuguez (incompleto; autógrafo}, ms. Bibl. de Mafra, R-1-Ql-18
de pág. 152 até 252.
(2-20-5-14).
E11snio sobre a philologia port11g11eza por meio cio exame e compnraçiio da lomçào
e estilo dos nossos mais insig11es poetas q11e florescera111 110 sewlo XVI . . . no tomo V SANTOS, José Veríssimo dos - Historia Critica da Composiçiio Oratoria, Do11de se
das Memórias de Literatura Pom1gueza da Academia Real das Sciencias de dá em compe11dio as regras, que nesta parte da Rl1etorica deixarão escriptas Aristo
págs. 1 a 1 5 1 . teles, Cícero, Q11i11tilia110, Balleux: Com /111111a dissertação dos pri11cipios gerais
do Numero, applicados à Li11gua Portuguesa, Coimbra, Na Real officiaa da
PERElll A , Bento Rodrigo - Compe11dio Rl1etorico, Lisboa, 1 794. Universidade, 1773.
PEREIRA, Mariano José - Vid. VISITAÇÃO, Fr. António da.
SÃo Josn, Paulino de - Biblioteca secreta de pregadores, fundada e erigida 110 breviario
Pnu;s, Sebastião - De Eloq11c11tia Orntoria, ms., cit. por Custódio Jesam Barata . e missal roma110 ... pelo M. R. P. Fr. Paulino de S. Joseph ... traduzida da /i11gua
Espelho da Eloquencia, p. 139. italia11a, 11a 11ossn port11g11eza por Fr. Mn11oel de S. Joa111 Baptisra . . . Lisboa,
Mancscal da Costa, 1727.
PORTEUA, Machias Rodrigues - Cartapacio de Syllaba e figuras conforme a ordem
dos mais Cartapacios de Grammatica ordenado para melhor comodo dos E.st11dantes SÃO MIGUEL, Jacinto de - Arte de prégar, 011 verdadeiro modo de prégar seg1111do o
desta Fawldade 11os pateos da Co111pa11f1ia de Jesus, Lisboa, por Antonio Pedroso espirito do Eva11gelho. Trad. de fra11cez em portug11ez, 1 . • ed., Lisboa, na Oflic.
Galrão, 1738 (BPE). da Mus., 1739; nova ed., corr., em. e augm. de bum discurso preliminar
sobre a eloquencia, Lisboa, Off. Rollandiana, 1777 (Goerrcs).
PROENÇA, Martinho de Mendonça de Pina e de - Apo11tamentos para n Eáucaçiio
de /111111 me11i110 11obre, Lisboa. Na Off. de Joseph António da Silva, 1784. SÃO PEDRO, Fr. Manuel de - Caderno da retorica de Fr. i\la11uel de S. Pedro, ms.,
Nova edição, Joaquim Ferreira Gomes, Marti11ho de ;'1e11donça e a sua obra Peda BGUC, 892.
gógica, com n ed. crft. dos Apontamento, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1964. SILVA, José da Cruz - .AJ1alyse rhetorica da oração de Cicero a fovor do poeta Are/tias,
QUINTlllANO - Morei Fabii Q11i11tilia11i Instit11tio1111111 Oratoriantm Libri duodecim CX
por . . . estudante de rhetorica, ms., BPE, Cod. a.
Ad 11s11m scholan1111 . . . N1111c demw ]ussu Regis Fidelissimi ]oseplii I insta11ratis 1-1 1
Bo11an1111 Arti11111 St11diis, Ad L11sitn11orum adolesce11ti11m bo11111n i11 /11cem editi,
SorOMAYOR, Lourenço Botelho - Systemn R/1etorico, rausas da cloquc11cia dictadas
Olyssipone, Apud Michaclem Rodriguczium, 1 759-1 760, 2 vols.; outra
e dedicadas à Academia dos .AJ1011y111os de Lisboa, por um a11ó11imo seu Academico,
ed., 1760.
Lisboa, por Mathlas Pereira da Sylva e João Antunes Pedrozo, 1719.
Vid. BARBOSA, Jerónimo Soares
Outras obras inédiras de que há notícia (\rid. Barbosa Machado, Bibl. Lus.,
FoNSECA, P. José da
s. v.).
LISBONENSE, Vicente
Orador de Repe11te
NEPOMUCENO, João
Tratado do E.stilo Académico
V ASCONCE.llOS, João Rosado de Vilalobos e
Tratado do Estilo Epistolar.
54 55
SOUSA, António Correa - Arte de Rhetorica, ms. Vid. Barbosa Machado, Bibl. Vaoso, P. Joseph {S. J.) - Ge11iale R/1etorices Topiari11111 i11 elegantes Areolas tripar
L11s., s. v. tit11111 et 011111ige11is Eloquentiae ftoset11is co11ci1111atu111, Ulissipone, apud haeredes
Antonii Pedrozo Galeão, 1744 {BNL).
SusPENSTUS, Demetrius: Syuopse do Tratado da efoo1ção de De111etrio S11spe11sio, por
Fr. José da Encarnação Guedes ou Sebastião Guedes de Albuquerque, vid. VER.NEY, Luís António - Verdadeiro Método de Estudar, ed. António Salgado
Inocêncio, Vll, 217. O livro em quest.1o é : Júnior, Col. Clássicos Sá da Costa, Lisboa, 1949-1952, 5 vols. O Vol. II
Eloq11e11tiae Prael11dia se11 Co111pe11di11111 eor11111 q11ib11s i11sti111i & c.-.:erci sole11t, trata da Retórica. A 1 . • ed. é de 1 746.
q11i litteris /111111a11ioribus da11t operam, & Rhetoricae illitia11t11r; ex Aristotele, T11/lio,
Q11i11tilia110, aliisq11e probatis attthoribus collect11111, Venetiis, apud Antonium VmrRA, P. António - Atribuem-se-lhe falsamente as seguintes obras (vid. Sommer
Bartoli, 1733. vogel, VIII, 669,22) :
Rethorica Sagrada 011 Arte de Pregar, 11ova111e11te descoberta entre outros frag111e111os
TAVARES, P. Manoel - Breve Rl1ctorices compe11di11111. Cir. por Barbosa Machado, littcrarios do Grande P. A. Vieira da Compa11hia de ]es11s ... dada à /11z pam utili
Bibl. L11s., s. v. dade e tyroci11io dos Pregadores por Guilherme José de Carvalho Bandeira,
Lisboa. Na Officina de Luiz José Correa de Lemos, 1745. Há uma tradução
Teatro /iteraria 011 origem crítica das letras. o qual se dá litmtn idea clara do priucipio
espanhola (Goerres).
das Scieucias. Offerecido tl curiosa mocidade, por seu A. F. J. D. S. L., M. B.,
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1) Gra1111ftirn, pp. 19-39 ; 2) Retórica (aristotélica), pp. 41-60; 3) DidtÍcticn,
pp. 61-80. BGUC
A Rnzifo Animada S11111ário de A11tropologia, Lisboa, Livraria Bertrand, s. d. (Os elementos que apresentamos fornm am:\vclmente fornecidos pelo Sr.
{1 956, data da Introdução). Capítulos sobre Poética, pp. 77-86, e Retórica, Dr. Jorge Peixoto).
pp. 87-93. Bre11e Rlretorices rm11peudiu111, n.0 75.
64
n. = nota.
p. = página.
p. ex. = por exemplo.
[Pessoa = Fernando Pessoa: M = Mensagem; C = Cancioneiro;
AC = Poemas de Alberto Caeiro; RR = Odes de Ricardo
Reis; PC = Poesias de Álvaro de Campos].
Piccol. = Schiller, Die Piccolonúni.
PL = (Migne, Patrologia Latina, quando se trata de um texto
lat.; quando, porém, o que se lê é em inglês, temos então =
segs. = e se.guintes.
Sch. = Schiller.
Sh = Shakespeare.
ShOxf = W. Little - C. T. Onions, The Shorter Oxford English
Dictionary, Third Edition, Oxford, 1959.
LISTA DOS AUTORES PORTUGUESES CITADOS
lt
1 PARTE
momento emprega essa forma, da mesma maneira que um motorista rios para o ouvime. Os sentimentos (§ 70) do ouvinte são agitados, por
não precisa de ter presente na consciência, de modo aplicado, quantos consequência, med.iante a anáfora insistente (§ 265) ou a interrogação
cilindros tem o motor e como este funciona. A aplicação do sistema retórica (§ 445), empregadas pelo sujeito falante, sem que aquele precise
torna-se «mecânica» e perm.ite assim um «estado imediato• vivencial da de dominar empiricamente estas ou de as conhecer do ponto de vista
expressão discursiva. retóric�colar. O conhecimento das formas retóricas, por parte do
A retórica escolar (§ 20) pode entrever o mccarúsmo real das formas ouvinte, pode até diminuir o efeito, que por meio destas formas o orador
retóricas, se bem que, muitas vezes, este não seja aplicado consciente pretende, visto que este efeito está, desde agora cm diante, submetido
mente pelo sujeito falante. Do mesmo modo, a Linguística, para além ao «contrôle» do ouvinte.
da experiência dirccta do sujeito falante, põe a descoberto as formas 4) Entre formas linguísticas (alinea 2) e retóricas (alínea 3) também
linguísticas (gramaticais, lexicais), de que ele não tem consciência. existe (embora com transições pouco 1útidas) uma diferença, no que diz
A aprendizagem da língua (materna) efcctua-se normalmente sem respeito à necessária informação do ouvinte. Ao passo que o ouvinte
um conhecim.cnto consciente da estrutura gramatical e lexical da língua deve estar informado completamente (ainda que não o esteja, ncccssà
respectiva e, portanto, através de um.a via empírica. De igual maneira, riamcnte, do ponto de vista científico) sobre as formas linguísticas, pode
a aprendizagem necessária da retórica (maturai») (§ 3) para cada indivíduo, muito bem o sujeito falante ter a intenção de dissimular (§ 428), como
que participe activam.cnte na vida de uma sociedade, faz-se sem conhe se fossem formas reais, as formas retóricas que emprega, para se assegurar
cimento consciente da estrutura da retórica e, portanto, através de uma do seu efeito sobre o ouvinte. O donúnio prárico e também o conhe
via empírica. - Estes dois factos, contudo, não contradizem a realidade cimento teórico das formas retóricas consideram-se como objccto do
(ainda que latente) das próprias estruturas linguísticas e retóricas. Linguís sujeito falante e não do ouvinte. - Esta diferença de informação, entre
tica e retórica escolar têm exactamente como finalidade o conhecimento sujeito falante e ouvinte, é válida igualmente para a literatura e poesia:
desta realidade, quase sempre latente para a consciência dos que falam o público deve estar informado sobre a situação (alfaca 1) (a qual corres
e dos que ouvem.
ponde ao discurso de uso repetido: § 14) e deve do minar o sistema
Deve ficar assente que formas linguísticas e retóricas são apenas
linguístico da obra destinada à leitura, ao passo que o domínio ou
«formaS» que são carregadas, por intermédio da intenção (vol11ntas)
conhecimento teórico das fomrns retóricas empregadas pelo poeta não
actual do sujeito falante, com conteúdos que exercem efeito, nessa mesma
são exigidos ao público. Por seu lado, o filólogo não só deixa, segtmdo
altura, sobre o ouvinte, sendo eles os únicos que interessam a quem fala
a intenção do poeta, a obra agir sobre si próprio, tal como aquela age
e a quem ouve (sobretudo no discurso de uso único: § 1 1). As formas
sobre o público a quem o poeta se dirige, como também observa, além
são, assim, simples recipientes de um conteúdo que é relevante conforme
de tudo isso, a obra do poeta como objecto de conhecimento: ele tentará,
a situação.
desta maneira, também conhecer as formas retóricas empregadas pelo
O efeito actual, que os conrcúdos devem exercer sobre o ouvinte e
poeta, como instrumentos do efeito pretendido. O presente manual,
que corresponde à intenção do sujeito falante, depende de duas condições:
partindo de uma multiplicidade das tais formas retóricas, compõe, retros
1) O ouvinte tem de encontrar-se, actual e activamente, numa
pectivan1ente, uma cai.-xa de instrumentos, que se destina a ser uma
situação comum à do sujeito falante, a qual tem interesse para o ouvinte
primeira orientação dos filólogos que se iniciam.
(§ 4).
2) O ouvinte tem de dominar, pelo menos empiricamente, as
mesmas formas linguísticas (gramaticais, lexicais), que o sujeito falante.
Só assim, pode, p. ex., um imperativo, empregado pelo sujeito falante,
exercer sobre o ouvinte um efeito correspondente à intenção do mesmo
sujeito. Além disso, o ouvinte também pode reconhecer, do ponto de
vista linguístico, o imperativo, como a forma gramatical de «Írnpera
rivoit; este conhecimento pouco awncnta o efeito da forma, mas, por
outro lado, também não o diminui.
3) Por seu turno, o domínio empírico ou um conhecimento teórico
das formas retóricas empregadas pelo sujeito falante, não são necessá-
.. .
I Capítulo
O «discurso em geral�
(§§ 3-19)
7. O total dos discursos proferidos pelos interessados na situação se concretizam socialmente como actos processuais (§ 7) e nas quais ele
(§ 6) e pelo árbitro da situação (§ 5), com o fim de modificar esta mesma, deve intervir como orador (§ 8). - Também discursos partidários, profe
chama-se cacto processual. ou (quando a situação é apenas moderada ridos diante de um tribunal (§§ 2 ; 20-45) são discursos de uso único.
mente perigosa) «conversação». - Este fenómeno da ocasionalidade também aparece na própria língua
A arte do acto processual formou-se cscolarmente como cdialéctica.t. (§§ 106 ; 137, 1 ; 1 77, 1 n.).
A retórica, como arte relacionada com o discurso individual, é, propria
mente por esse motivo, uma parte da dialéctica, na medida cm que o
discurso individual é orientado com vistas à situação e ao acto processual II) Discurso de uso repetido (§§ 14-19)
que da situação se ocupa. Cf. § 370.
. No acto processual (§ 7) aparecem. três géneros de discursos: 14. O discurso de uso repetido (§ 10) é um discurso que é pronw1-
1) A questão acerca da situação (q11aestio : § 31) é posta (sem que, ciado pelo mesmo orador, ou por oradores que rcspectivamente se
c.."Xpressamente, seja necessário, para a apresentação da situação, um dis alternam, cm situações típicas (festivas), que se repetem periodicamente
curso próprio) por qualquer participante da situação, que se interesse por ou não periodicamente. A utilidade desse discurso, para a dominação
que a questão seja posta com clareza. dessas situações típicas (dentro de uma ordem social pressuposta como
2) Os discursos partidários dos interessados na situação (§ 6). constante), mantém-se inalterada de uma vez para sempre.
3) O discurso de decisão proferido pelo árbitro da situação (§ 5). 15. Cada sociedade de suficiente intensidade social conhece estes
9. O discurso é dete rminado, como discurso, não pelo seu tamanho, discursos de uso repetido, os quais são um instrumento social para manter
mas sim pela intenção (vol1111tas) de modificar a situação (§§ 5-6), intenção conscientes a complexidade e a continuidade da ordem social e, frequen
pretendida pelo sujeito falante, e pela totalidade pretendida (11ol1111tas) temente, o carácter forçosamente social da c>ristência hwnana em geral.
pelo sttjeito falante (i. é, pela opinião do sujeito falaJ1te, que, no fim do 16. Podem distinguir-se três géneros de discursos de uso repetido
discurso, pretende, falando da situação, ter feito todo o possível e tudo (p. ex., no Antigo Testamento ainda se apresentam bastante aparentados):
o que correspondia à finalidade de modificar a mesma). O csim» de 1) Leis, como normas da lei sacra] (litúrgicas) ou da lei profana ;
um noivo como discurso de decisão (§ 8,3) num acto (processual) de 2) Fórmulas para a fL"ação legal de actos da lei sacra! (litúrgicos)
casamento (§ 7) é um discurso, tal como o é um discurso partidário de e da lei profana. Estas fórmulas desenvolvem-se e tomam a forma de
várias horas feito por mn advogado diante de um tribunal (§ 6). discursos estercotjpados, com o fim de evocação repetível de actos da
10. O cdiscurso cm geral» (§ 3) divide-se, no que diz respeito ao consciência colectiva, que contam, como relevantes, do ponto de vista
condicionalismo da situação e à «frequência de uso• que com este se veri social. Estes discursos estereotipados correspondem na sua raiz, ao que,
fica, em duas classes : «discurso de uso único» (§§ 11-13) e «discurso nas sociedades com ordem social menos estrita, se conhece como «lite
de uso repetido• (§§ 14-19). ratura.. e «poesia».
1 7. Do uso repetido resulta a necessidade de se conservarem os
1) Discurso de uso único (§§ 1 1-13) discursos pela escrita ou então na memória de uma classe de funcionários
disso mesmo incumbidos. Desta conservação nasce uma «tradição de
1 1 . O discurso de uso único (§ 10) é um discurso que pertence discursos de uso reperidm, que, no tocante à literatura e à poesia, aparece
a um dos três géneros do discurso (§ 8) e que é proferido, uma só vez, como «tradição literária.. (cf. § 106).
pelo sujeito falante, orador numa determinada situação histórica (do À tradição pertence, ao lado da conservação, o fenómeno da
domínio privado ou público), com a intenção de modificar essa situação ; «Variação• que já se realiza nas variações possíveis da articulação da
a sua função, que corresponde à intenção (vo/1111fas) do orador, extingue-se, mesma redacção, por meio de diferentes oradores, e que pode reves
por completo, durante a referida situação. tir-se de vários graus de intensidade (p. ex., na modernização de uma
12. A descrição do «discurso cm geral•, nos §§ 3-9, diz respeito redacção para uma sociedade lliterada).
ao «discurso de uso único» (§ 1 1). 18. A intenção de modificar a situação (§§ 3 ; 14) encontra-se
13. É incontável o número de «discursos de uso ÚJÚC01>, desde o convencionalizada, como típica, no discurso de uso repetido, pois que
aparecimento da Htuiunidade, visto que cada indivíduo fica compro também as situações, que devem ser alteradas pelos discursos de uso
metido, durante a sua vida, em situações que lhe dizem respeito, as quais repetido, contam como situações típicas.
G
82
assembleia do povo, árbitro da situação (§ 5), escolha que se faz entre no processo penal, como domínio socialmente mais precário dos actos
várias possibilidades respeitantes a futuras acções políticas (p. ex., no processuais (§ 7) e dos discursos (§ 3), pode constituir, para o fenómeno
que diz respeito a lU1U declaração de gucna contra um estado vizinho). sociaJ mais comum das acções processuais e dos discursos, o caso para
Aparece uma variante paradoxal (§ 37,1) da situação deliberativa (§ 4), digmático, que põe e>.'tremamente em relevo todos os fenómenos que
quando a escolha que se deve efcctuar entre duas possibilidades, tem surgem : quem estiver exercitado, no discurso judicial, poderá tam
consequências cm cada uma dessas possibilidades, consequências essas bém, pelo discurso, dominar situações não judiciais.
que contradizem o interesse partidário (§ 65) . Esta variante chama-se 26. A retórica escolar, para os mais avançados, cultivou especial
«dilemm:u (8t).1jµµ1X-rov) fr. dilemme; ingl. dille111111a; csp. e port. dilema. mente o género epidíctico (§ 22,3), que mais se aproxima da poesia
3) O género epidíctico ([ou demonstrativo] êrn8EL>mxàv (§ 1 6,3), na medida em que a festividade pode ser concebida como situação
yévoç, ge1111s de111onstrativ11111 ), com as funções de louvor e de censura, normal do discurso festivo, como sintação que se repete (§ 24) e na medida
tem como caso paradigmático o discurso festivo, em honra de uma cm que a confirmação da situação, pelo discurso cpidíctico (§ 24), caracte
pessoa que deve ser celebrada (e, portanto, louvada), pronunciado por rizada pelo tom festivo e elevado, encontra o seu género análogo na
um orador, para isso mesmo contratado. - C( agora V. Buchheit, função da poesia (§ 16,3), que se caracteriza pelo tom elevado e genera
Untersuchungen zur Theorie des Genos Epideiktikon von Gorgias bis lizante.
Aristoteles, Mwúquc, 1960. A isto acresce que a exercitação escolar da retórica (§ 470) até faz
23. Os géneros judicial (§ 22,1) e deliberativo (§ 22,2) visam (§ 3) que os géneros judicial e deliberativo (§ 22,1-2) se assemelhem ao género
uma a1teração da situação (§§ 3-5), que vai realizar-se de maneira pragmá cpidíctico e à Literatura (§ 1 6,3), visto que, na e.�ercitação, não se depara
tica (i. é, no decorrer, exterior e socialmente relevante, dos aconteci qualquer situação séria (§ 23) do ponto de vista pragmático e que, por
mentos), pois que a possibilidade de uma a1teração da situação (que tem outro lado, a repetição dos exercícios e a sua genera1ização («lugar comwm,
de ser levada a cabo peJo árbitro da situação, por conseguinte, pelo juiz § 83), assim como a conservação e a repetida declamação escolar de
ou pela assembleia do povo [§ 22, 1-2]) é dada pelo estado do acto proces discursos históricos de uso único (Demóstcncs e Cícero), considerados,
suaJ (§ 7). A possibilidade, da situação se a1tcrar, aparece, no plano do como modelares (como testemwl.hos do domínio típico de situações
pensamento, como questão referente à situação (res d11bia = q11aestio), hwnanas), implicam um «uso repetido• (§§ 1 4 ;24).
p. ex., como a questão «Se Tício cfcctuou o roubo de que é acusado• (§ 22, 1) 27. A influência mais ou menos forte da retórica escolar, sobre a
ou como a questão «Se a presente assembleia do povo deve declarar a literatura e a poesia (cm grego, claramente constatável desde Euópides,
guerra ao rei Filipe da Macedónia» (§ 22,2). C( ainda §§ 25; 31.
- cm latim, pelo menos desde Ovídio e, nas literaturas modernas, desde
24. O género cpidíctico (§ 22,3), por seu lado, considera a intenção o seu início) (§ 16,3), passa, deste modo, pelo género cpidíctico (§ 26)
de alterar a situação (intenção essa fw1damentalmente necessária como e pela exercitação (§ 470), processo durante o quaJ o género judiciaJ
função do discurso : § 3), como dada na própria intenção do orador, que (§ 25) contribuiu com a compreensão de muitos objectos literários,
pretende confirmar wna situação pressuposta como constante (res certa) como fenómenos análogos a assuntos jurídicos.
atribuindo-lhe um valor (louvando ou censurando). Da constância
pressuposta na situação resulta a possibilidade do uso repetido do discurso II) Os preceitos técnicos (§§ 28-45)
epidíctico (§ 14).
A alternativa partidária, entre louvor e censura, realiza-se muito mais 28. A retórica escolar regulamentou (§ 21) a produção dos discursos
raramente num acto processual (§ 7), do que as alternativas entre acusação partidários (oratio, ÀÓyoç), especialmente para o caso paradigmático
e defesa (§ 22, 1), ou entre o aconselhar e o desaconselhar (§ 22,2). Uma (§ 25) do género judicial (§ 22, 1), por meio de preceitos (praecepta, reg11/ae),
reunião festiva, que manda louvar uma personagem por um orador, espe que se dividem numa teoria da matéria (§§ 29-38) e numa teoria da
cia]mcntc contratado para essa festa, evitará a entrada de um scgw1do ora elaboração (§§ 39-45).
dor que, porventura, viesse censurar essa mesma personagem. Assin1, a alter
nativa entre louvor e censura não se realiza dentro de um acto processua1, «Artet {ttxVYJ, ars) é a faculdade possuída por wn indivíduo e compro
mas, quando muito, num isolamento jocoso de acções processuais sérias. vada na prática (8óv�µtç, Jawltas; Ü:Lç, firma facilitas, habit11s), com o
25. Na retórica escolar elementar, o maior interesse incidiu sobre fim de levar a cabo, com sucesso e repetidas vezes, empresas importantes
o género judicial (§ 22, 1), visto guc o domínio dos assuntos jurídicos do ponto de vista social (ou que são, pelo menos, assim consideradas por
convenção). Essas empresas, que podem ser repetidas sem restrição,
86 87
visam, ao serem realizadas, a perfeição (àpz-ój , virtus) e neste caso, todavia, 1) A questão da situação (§§ 31-33)
nem pertencem aos processos determinados pela natureza (cpú<rn.;, natura),
nem são deixadas ao acaso (ru;cl), casus) e, tão-pouco, devem ser co11Si 31. A questão da situação (§ 8,1) resulta para o juiz (§ 30) do estado
deradas como prodígios propriamente ditos (-.épcx-.cx, prodigia, 111iracula ) . do acto processual (§§ 7 ; 30). No caso paradigmático do processo penal
- A respeito das artes sublimes, vid. § 162. (§§ 22, 1 ; 28) distinguem-se quatro classes de questões da situação (stat11s,
A arte toma-se objecto de ensino (§ 2), pelo facto do mestre ensinar co11stit11tio, su111111a q11aestio; <M"tX<n�) :
os seus jovens sucessores (os alunos). A arte como objccto de ensino é 1) No stat11s tra11slatio11is (can quaestio iure intendatun) levanta-se
um sistema constituído pela experiência (êµ.1mptrx, us11s), que o mestre o problema da justificação da questão (e, com isto, do processo) em
adquiriu na sua própria criação arástica e no ensino de regras doutriná geral e, sobretudo, da competência do juiz, visto que o acusado a.firma
rias (7tcxpcxyyéõ.cxu, regulae, praccepta) formuladas e pensadas poste a não-competência dele e requer a transferência (translatio) do processo
riormente de forma lógica, e, assim também, ordenadas consequente para um outro j uiz (MSt 1,7,695-736). - A tra11slatio recebe urna especial
mente, com o fim de levar a cabo, com sucesso, a realização artística. fw1damentação por meio da a11ticategoria (àv-rLxcx-niyoptcx), que consiste
A perfeição (virt11s, àpz-ój) de uma realização artística consiste no na «contra-acusação» : o acusado acusa o acusador ou o juiz de um delito,
sucesso, relevante para a sociedade, obtido pelo efeito pretendido que lhes tira a posição legal indispensável para as funções de acusação
(vo/1111tas) por quem a empreende. A perfeição de um discurso parti e jurisdição. Materialmente, a contra-acusação pode incidir sobre o
dário consiste no sucesso da persuasão (§ 6). - A falta da virt11s é designada mesmo delito que foi imputado ao acusado pelo acusador.
por vício (11iti11111, >-..o:xla). - No que diz respeito aos vícios e à licença 2) No status co11iect11rae (can fecerit») levanta-se o problema da
cf. §§ 94-95. realidade do delito no que diz respeito ao acusado (cse o acusado
A retórica (§ 2 ; p·r,-:-opLx·� -.é-1.vl), ars rhetorica) é dcfmida por ars be11e cometeu o delito que lhe é imputado•), visto que o acusado afirma
dice11di (§ 92,2), designando beue a virtus específica do discurso parti não ter cometido o delito (mon feci:t; MS t 1 ,7,935 !eh liabe es 11icl1t geta11).
dário, constituída pelo sucesso da persuasão (§ 6). Esta virt11s geral do - À pergunta ca11 Jecerit» subordinam-se, como loci (§ 4 1 : a perso11a, ah
discurso partidário realiza-se, de um modo específico, cm cada fase da i11strr111umto, a ca11sa), as perguntas «a11 voluerit» e ca11 pot11eritt. A pergunta
elaboração (§ 39) e em cada pane (§ 43) do discurso. A virt11s geral do «an voluerit» (ca11 velit») é generalizada como pergunta, em que se
discurso pode, neste caso, ser até identificada como apt11111 (§ 48), que inquire quanto à intenção de uma pessoa (cse ele me ama») e tem
visa o sucesso da persuasão. larga representação literária como «eo11iect11ra vo/1111tatis.,. («coniectura
animi»).
A) A teoria da matéria (§§ 29-38) 3) No status fi11itio11is («an hoc fccerit») levanta-se o problema do
termo juridicatnente relevante que se deve dar ao delito cometido
29. A matéria (materia, ÚÃ"IJ), que, na sua qualidade de tarefa imposta e que já foi confessado (cse se trata de homicídio volw:1tário ou involun
visando a elaboração (§§ 39; 470,2), também se chama «tema> (the111n, tário•) (§§ 154, 1 ; 379), visto que o acusado reivindica para o seu delito
Oéµ.a), é fornecida ao advogado, no processo penal (§ 22,1), pelo partido um outro termo (.feci, sed non hoo), que muda a qualificação jurídica
que ele representa (§ 6). (§ 31,4) do mesmo delito.
O orador deve ser capaz de compreender (i11tellectio) todas as maté 4) No status q11alitatis («1111 iure fécerit») levanta-se o problema da
rias. Esta potencialidade universal do orador é wna das causas que deram qualificação jurídica do delito, visto que o seu autor não reconhece
azo à entrada da retórica na literatura (§ 27). a intenção criminosa do seu delito, o qual reconhece, no entanto, como
30. Como a alteração da situação (§ 3) depende do árbitro da tendo sido cometido, por si próprio («fcci, sed iure:t). Neste status, o autor
situação (do juiz: § 23) (§ 5), o orador deve conhecer (i11tellectio) a questão do delito alega um conflito de normas (§ 33,4), perante o qual ele se
da situação (§§ 31-33), a qual se põe a partir do estado do acto processual, teria encontrado no momento do delito, e o qual pretende ter resolvido
assim como o grau de credibilidade do ponto de vista partidário (§§ 34-38) seguindo a regra da lex pote11tior. Quanto a esta pretendida /ex potentior,
que o orador representa na questão da situação. distinguem-se vários graus de evidência :
A situação complexa (§ 4) contém, portanto, a questão básica da a) A qualitas absoluta tem o mais forte grau de evidência da /ex
situação, para a configuração do discurso, a qual é concretizada (§ 31) no pote11tior («deve obedecer-se mais a Deus do que aos homens : Plat.
stat11s (fr. état de la questio11, ingl. tlze state ofthe case, tport. estado da questão]). apol. 17 p. 29; Act. 5,29).
88 89
b) Na q11alitas ass11111ptiva são alegadas, para o delito (ass11111ere), 2) No stat11s a111big11itatis (c( § 33, 1) levanta-se o problema do
razões de desculpa mais fracas. Nesta circunst�ncia, justifica-se o delito significado (jurldicamentc rclcvame) que o legislador entendeu (vol1111tas),
em si (ex) ou apenas o autor do delito (�) : na rcdacção da lei (script11m), no caso de esta ser ambígua, cm conse
ex) O delito em si é justificado pelo autor das seguintes maneiras: quência de uma evidente falta de precisão linguística na formulação
1') Apresentando-o na refatio como castigo merecido por aquele (§ 1 32,2) .
a quem o seu delito atingiu («fcci, scd mcruit»). Assim justificam os 3) No status syllogis111i levanta-se o problema da possibilidade de
seus delitos Orestes (Quine. 3, 1 1 ,4) , Horácio (Liv. 1 ,26,3-5 ; Com., uma extensão, por analogia jurídica, do significado (juridicamente rele
Horace 4,6,1323-1324) , Milão (Cic. Mil. 4,1 1 ) , Maria Stuart vante) que o legislador entendeu (110/1111tas) na redacção da lei (p. ex., csc
(MSt 1,7,934-951) ; [Pacheco (A Castro, 2, pp. 246-2�7)] . a lei, que o. legislador formulou expressamente para o parricida, pode
II') Apresentando-o, na comparatio, como útil (utile) para o bem ser anàlogamcntc aplicada ao matricid:u).
comum («feci, sed profui») ; MSt 1 ,7,797-798; [A Castro, 4, p. 286) . 4) No status co11trarinri1111 leg11111 levanta-se o problema da aplicabi
�) O autor do delito defende-se, como pessoa, repudiando o seu lidade de leis, no caso de subsistir, entre os conteúdos (110/1111/ns) de duas
delito das seguintes maneiras: ou mais leis, uma contradição juridicamente relevante. - Este stnt11s é,
I') Apresentando-se, na remotio, como mero instrumento executivo muito especialmente no donúnio deliberativo (§ 22,2) , o caso paradigmá
de uma força tirânica, a quem atribui a culpa («fcci, scd alter me impulit tico do «conflito de obrigações•, que se revolve srguindo a «regrn
ut facerem»). Estas forças tirânicas podem ser: indivíduos (Hitler; da mais forte obrigação à lei• (11tra /ex pote11tior). - C( §§ 31,4;
Gen. 3, 12) , colectividadc (MSt 4,9,3082) , coisas personificadas (o vinho, 93-94 ; 102.
o amor: Plaut. Aul. 4,10,745; R llI 1,2,180-181 ) .
II') Alegando, na co11cessio, razões de desculpa mais fracas, a saber :
A') Na purgatio, afirma a sua boa intenção (bo11a vo/1111/as, bo1111s 2) A credibilidade (§§ 34-38)
a11im11s), quando praticou o delito (MSt 4,6,2938) e apresenta o delito
como influenciado por circunst�cias casuais. Estas circunstâncias casuais 3�. A credibilidade (probabile, credibile, 11erisi111ile; m0exvóv, m0ixvÓ't'"1J c;)
podem situar-se ou no meio ambiente (acontecimentos da natureza : do ponto de vista partidário (§ 30) defendido pelo orador, depende da
casus, Jort1111a, necessitas) ou na limüação da natureza humana (error). opinião (ô�ex, opi11io) do juiz. Podemos aqui distinguir duas fases da
B') Concede, na deprecatio (§ 443) , que agiu com má intenção credibilidade (alcerávcl): 1) a credibilidade preliminar do ponto de vista
(mala 11olr111tas, 111a/11s a11i11111s), mas pede uma sentença leve, que só traria partidário antes do começo do discurso (podem distinguir-se: grau
vantagens, mesmo para o juiz, dando a considerar os seus diversos méritos médio [§ 35] , grau elevado [§ 36] , vários graus fracos [§ 37 ]) ; - 2) a crcdi
(passados ou futuros) em prol do bem comum. biHdade do ponto de vista partidário obtida, depois de acabar o discurso,
32. O género deliberativo (§ 22,2) aparece, anàlogamentc, as mais pelo esforço oratório de «tornar crível• (§ 65) . - Se wna materia, apre
das vezes, no status co11iect11rae (§ 31,2) (csc se deve praticar determinada sentada com parcialidade, só obtiver nos ouvintes um grau médio (§ 35)
coisa»). O género epidíctico (§ 22,3) aparece, anàlogamente, as mais das ou fraco (§ 37) de credibilidade preliminar, consiste neste caso a função
vezes, no status qualitatis (§ 31,4: «Se uma coisa é bela ou feiv) do discurso em obter para o seu próprio ponto de vista partidário
e no status fi11itio11is (§ 31,3 : «caracterização de um indivíduo que se (§§ 40; 43) e pela persuasão (§§ 6; 65) um alto grau de credibili
vai louvan). dade (§ 36) .
33. Da alegação de textos jurídicos (§ 16,1 ) , que é necessária no 35. Um grau médio de credibilidade (§ 34) encontra-se na
processo penal (§ 22,1 ) e que também aparece no género deliberativo «questão real» (&µq>lôo�ov axTiµex, ge1111s d11bi11111), porque o próprio partido
(§ 22,2) , resultam quatro questões suplementares (status legales) com vista e o partido contrário disfrutam de uma credibilidade quase igual (p. ex.,
à interpretação dos textos : nos officia de acusação e de defesa de um réu, cuja culpa, na opinião do
1 ) No status scripti et uo/1111tatis levanta-se o problema do signi juiz, não está nem provada nem refutada: «questão cm aberto•).
ficado (relevante juridicamente) que o legislador entendeu (vol1111tas) 36. Um grau elevado de credibilidade (§ 34; tvôo�o·J cr_iijµex,
na rcdacção da lei (script11m), caso haja discordância dos partidos acerca pertence ao partido que representa uma opinião partidá
ge1111s lio11est11111)
do significado juridicamente relevante. - Nesta circunstância, o status ria que, de antemão, está de acordo com a opinião do juiz (p. ex., no
a111biguitatis (§ 33,2) é um caso especial. officium de acusação contra um réu, cuja culpa já está provada).
90 91
37. Graus fracos de credibilidade (§ 34) têm: respeita ao gc1111s obswri1111 mostra, p. ex., na literatura científica de vulga
1) A defesa de uma opinião partidária, que mão coincidet com a rização (FontcnclJe) 1, o efeito de uma irradiação social eficaz.
opinião do juiz (mxp&.8o�ov az.Yjf.14), processo no qual se pode distinguir
o que fere o sentido da verdade por parte do juiz {ge1111s admirable, p. ex., B) A teoria da elaboração (§§ 39-45)
na defesa de uma tese intelectualmente absurda ou, com toda a evidência,
enganadora), do que fere o seu sentido ético (ge1111s t11rpe, p. ex., na defesa 39. A elaboração {tratactio) da matéria distingue cinco fases para a
de um réu, com toda a evidência, culpado ou de uma tese, com toda a elaboração do discurso : i1111e11tio (§§ 40-43), dispositio (§ 44), elowtiv (§ 44),
evidência, contrária à moral). Uma variante especial do absurdo que se memoria (§ 45), pro111111tiatio (§ 45), estando i11vc11tio, dispositio e clowtio
verifica na materia aparece no dilema (§ 22,2). - O paradoxo intelec intimamente ligadas (§§ 43; 46).
tual aparece não só como materia, mas também como fenómeno de 40. A primeira fase da elaboração (§ 39) é a i1111e11tio, i. é, o acto
estranhamento (§ 84) e, portanto, como pensamento que o orador
W1l de encontrar pensamentos (res) adequados (apt11111: § 48) à matéria (§ 29),
encontra na i1wc11tio (§ 40) ou como figura de pensamento ou de conforme o interesse do partido representado (§ 22; 111ilitas ca11sac), pen
palavra (§§ 239; 263). Os fenómenos paradoxais da elaboração estão samentos que servem corno instrumentos intelectuais (§ 67) e afoctivos
compreendidos no awt11111 dice11di gemis (§ 166,6; cf. também § 89,2). (§ 68) para obter, pela persuasão (§ 6) do juiz, a vitória do partido reprc-
Deste género fazem parte, p. ex. : a ironia (§§ 232 até 243; 426-430), entado. Esta persuasão, cm si mesma, consegue-se pela criação de um
a ênfase (§§ 208-210; 419), a lítotes (§ 21 1), a hipérbole (§§ 212; 421), grau de credibilidade elevado (§ 34), mesmo quando a materia cm si
certas perífrases (§§ 1 86 ; 420), o oximoro (§ 389), o zeugma scm�ntica desfrutava, de antemão, apenas de um grau muito baixo de credi
mcnte complicado (§ 325), o quiasma (§ 392) e fenómenos afins do bilidade.
ordo artificia/is (§ 53, 2a). A i1111e11tio não é compreendida como wn processo de criação (como
2) Opiniões partidárias, que representam assuntos sem impor cm certas teorias poéticas dos tempos modernos), mas sim como um
tância (de reduzido interesse para a sociedade) (&8o�ov ax,Yj µo:, ge1111s encontrar por meio da recordação (análoga à conccpção platónica do
h11111ile ). saber) : os pensamentos, aptos para o discurso, já existem, no subcons
3) Opiniões partidárias, cuja credibilidade apenas pode ser provada ciente ou na scmi-consciência do orador, como copia remm, e só precisam
por meio de raciocínios científicos, os quais ultrapassam as capacidades de ser despertados por uma hábil téc1úca mnemónica e mantidos, o mais
intelectuais do juiz (8uaito:po:xol..oú0Y)'70V yévoç, ge1111s obsc11r11111) . possível, conscientes por meio de uma exercitação permanente (§ 470).
38. A representação de graus fracos de credibilidade (§ 37) é muito Neste caso, a memória é compreendi.da como uma totalidade espacial,
difícil para o orador e é, por isso mesmo, muito apropriada para servir por cujas diferentes divisões (clugarcs-.: TÓ7tot, Toei) os diferentes pensa
de matéria de exercitação (§ 470). Quem aprendeu a defender bem, mentos estão distribtúdos. Por meio de perguntas adequadas (análogas
na exercitação, uma coisa inacreditável, será capaz de, com facilidade, ao método de pergw1tar socrático), os pensamentos escondidos nos
aplicar na prática, numa «questão real• (§ 35), todos os meios de foei são chamados à recordação. - A preexistência geral dos pensamentos,
persuasão. que se devem encontrar, não exclui uma originalidade {i11ge11i11m) do
As exercitações escolares, porém, conduziram igualmente à trans orador e do artista.
ferência artística, para a realidade, de graus de fraca credibilidade e de 41. As perguntas pelos pensamentos escondidos nos Toei (§ 40)
tal maneira que as causas injustas podiam vencer as causas justas. Foi foram reunidas, desde o século XII (Fara] p. 150), no hcx5mctro:
contra esta transferência do ge1111s t11rpe (§ 37, 1) para a realidade social,
que Platão teve de lutar. - Esta transferência para a literatura tem, quis, q11id, 11bi, q11ib11s a11xiliis, wr, q110111odo, q11a11do ?
no tocante ao ge1111s ad111irabile 11el t11rpe (§ 37,1) wn efeito lúdico (Lessing,
Lob der Faulheit) 1 ou provocatório; no que respeita no ge1111s h11111ile Estes loei e, assim tambén1, os pensamentos encontrados por estas perguntas,
produz, p. ex., na novela picaresca, um certo realismo social e no que chamam-se lows a persona, loc11s a rc, lows a loco, loms ab i11stm111e11to,
loc11s a ca11sa, lows a modo, loc11s a tcmporc.
' Vid. o verd3dciro •dogio d3 loucurn•, fci10 por F. PcssoJ, M=gcm, 111, As Quinas,
s.• PP· 12-13: Louco, sim louco, porque quiz gra11dtzn I Qual a Sortt a uilo dá.. I Mi11/10 lo11t11ra, outros
.
q11t mt a tomrm / Com o q11r 11rlla ia. / Srm n fo11mrn q11t l P /1p111r111 / Mais q11t brsta sadia, / Carlalfrr 1 Temos, n.1 litcruura ponugu=, o aso d.1 obra do P. Teodoro de Almcid3, •Rccr.·açilo
odiar/o que pro<rio? (N. T.). FilosófiC"a>, que é uma ten111tiV3 de divuJg3ção da filosofo. (N. T.).
92 93
Acrescenta-se ainda a pergunta pela afinidade de conceitos (adi1111ctum), de afectos) e provas patéticas (abalando com graus violentos de afectos).
que se divide em lows a simili (comparação), loms a cot1trario (comparação - A parte da arg11111e11tatio que impugna a argumentação do adversário,
com o contrário) e dois loci a si111ili impari, a saber, o loms a maiore ad chama-se rej11tatio.
111i1111s (dedução) e o lows a minore ad 111ai11s (indução). - Quanto à apli 3) A parte final (breve) (peroratio) corresponde à co11cl11sio (§ 370)
cação dos loci, cf. §§ 42; 71 ; 75,2; 78 ; 175; 185; 192,1 ; 193; 198; 216-234. e apresenta, doravante, como certo aquilo que foi provado (§ 43,2) na
42. Os loci (§ 41) podem ser aplicados a dois domínios de situações: arg11111e11tatio. Apoiando-se nesta certeza, o orador convida o juiz a pro
1) Ao domínio da situação do delito (a avaliar no ge1111s i11diciale: nunciar uma sentença favorável ao partido representado por ele. A pero
§ 22,1), sendo q11is (§ 41) o autor do delito ou uma outra pessoa implicada ratio tem, por conseguinte, duas funções:
no mesmo. a) A constatação do grau de certeza obtida faz-se :
2) Ao domínio da situação do próprio discurso, sendo q11is (§ 41) «) Pela constatação (§ 370,3) da concordância entre propositio e
o juiz, o orador do partido contrário, ou o próprio orador que discursa. co11c/11sio;
- O tratamento do discurso no próprio discurso (§§ 378-384; 435-440) �) Pela repetição e acumulação, formuladas brevemente, de provas
chama-se na linguística estrutural «métalaugage». idóneas da arg11me11tatio (recapit11latio : § 296,2).
43. A i11ve11tio (§ 40) não pode separar-se (§ 39), de antemão, da b) A suscitação de afectos favoráveis ao partido (§ 68) tem a fina
disposítio (§ 44), na medida em que as diferentes partes (§ 52,2a) do discurso lidade de dar ao juiz um impulso para pronunciar uma sentença favorável
exigem pensamentos diferentes: ao partido.
1) A parte inicial (breve) do discurso (exordí11111, prooe111í11111) deve 44. A dispositio (§ 39) é tratada nos §§ 46-90, a elowtio (§ 39) nos
atrair a atenção, a boa aceitação e a benevolência do juiz para a causa §§ 91-469 do presente manual.
partidária defendida no discurso (i11dicem attent11111, doei/em, benevolrmi 45. A quarta fase de elaboração (§ 39) é a memoria (a memorização
parare), o que é sobretudo difícil nos graus fracos de credibilidade do discurso) tendo a teoria da memorização, que concebe em moldes
(§ 37). espaciais, as suas consequências retroactivas na disposição de obras literá
2) A parte central do discurso tem como modelo a sequência
proposítío+ratio11es (§ 370) : rias, p. ex., na preferência pelo habitual esquema quinquepartido (§52,2),
a) A propositio, que está anteposta, tem como função a comuni como auxilio da memória (por causa dos cinco dedos da mão). - A quinta
cação (docere : § 67, 1) daquilo que se quer provar pelo discurso parti fase de elaboração (§ 39) é a pro111111tiatio, i. é, a pronunciação de um dis
dário. Ela pode ser completada, ou até totalmente substituída, por duas curso e os gestos concomitantes.
exposições mais ponnenorizadas:
«) Se o conteúdo da comunicação estiver articulado mais porme
norizadamente (segundo «pontos•), segue-se, nesse caso, à propositio
uma partitio (§ 296, 1).
�) Se o conteúdo da comunicação estiver ligado a um pormenor
de wna sequência de acontecimentos (p. a sequência de um facto,
e,"'{ .,
Dispositio
( §§ 46-90)
2) A tripartição de uma totalidade acentua o seu estado comple�o respeito à acção. A epitasis, por seu lado, pode ser subdividida numa
e sem lacwias. As três partes são: princípio {cap11t, initi11111), meio epitasis din�mica e numa catastasis 1 estática (cmomento retardante» ;
{111edi11111), fim (.fi11is). O caso paradigmático é a enumeração (§ 294). que apresenta o resultado da situação). Se à protasis corresponder um
- C( ainda §§ 56,2; 284. acto, à epitasis �ca dois actos, à catastasis um acto e à catastrophe um
52. Os tipos fundamentais (§ 51) podem variar-se : acto, tem-se como resultado o total de cinco actos.
1) As três partes de uma totalidade (§ 51,2) podem ser reagru c) As fases de elaboração do discurso (§ 39) mostram uma bipar
padas para formar um.a bipartição (§ 51,1), se, p. ex., o princípio e o tição (§ 51,1), contrapondo a preparação do discurso à sua pronun
fim forem considerados conjuntamente e opostos, como extremos, ao ciação {prommtiatio : § 45). A preparação do discurso mostra uma
meio (0écnc;, «VT(fü:cnç, aúvfü:cnc;) : Caes. Gall. 1 , 1, 1 Gallia est 011111is oposição entre produção e fixação (111e111oria : § 45). A produção
divisa in partes tres, quamm 1111a111 i11co/1111t Belgae, aliam Aq11ita11i, tertiam mostra urna opos1çao entre os pensamentos e a sua formulação
q11i ipsor11111 li11g11a Celtae, 11ostra Galli apella11t11r; Sap. 7,18 i11iti11111 ct (inventio, .eloe11tio ). Esta oposição é contida pela dispositio que incide
co11s11111111atio11e111 et medietatem tempomm; Fioretti 39 pesei gra11di e piccoli sobre os dois membros.
e 111ezza11i; [Lus., I, 8,1-4 Vós, poderoso Rei, cujo alto Império (totalidade) 53. A ordenação das partes (§ 50) mostra os dois extremos mencio
/ O Sol, logo e111 11asce11do, vê pri111eiro (princípio), / Vê-o ta111bé111 110 meio nados no § 47: o ordo 11at11ralis (1) e o ordo arti.ficialis (2) :
do Hemisfério (meio), / E q11at1do desce o deixa derradeiro (fim) ] . 1) No ordo naturalis vigora a clei dos membros crescentes>
2) Cada parte da bipartição (§ 51, 1) ou da tripartição (§ 51 2) (Quint. 9,4,23 cavend11111, 11c decrescnt oratio). Esta lei pode ser realizada
:
pode ainda ser subdividida em duas ou três partes, chegando-se amm mais no aspecto quantitativo (a) ou mais no aspecto intensivo (b) :
a quadripartições, quinquepartições, etc. : a) Os membros, que, respectivamente, se seguem, são mais com
a) O discurso (§ 43) apresenta wna tripartição no princípio, meio pridos do que os precedentes : Cid 1,3,176 Remplir les bons d'a111011r, et
t: tiro. O princípio e o fim têm sobretudo a função do contacto c�m les 111écl1a11ts d'effroi (§ 349) ; JC 2,1,189 to sports, to 111ild11ess, a11d 11111ch
o público. O princípio estabelece este contacto, e o fim asseg �a o efe� to compa11y (§ 300) ; [Lus. 1, 21,4 Governa o Céu, a Terra e o Mar irado].
do discurso sobre o público. O meio está dedicado à matéria prõpna - Cf. §§ 267,1 a ; 283, 1.
mente dita e está subdividido numa parte instrutiva {propositio ou 11arratio) b) Os membros, que se seguem, são (tendo um comprimento
e numa parte probatória (arg11111e11tatio) (§ 43,2). A arg11111eutatio pode, mais ou menos igual) semânticamente mais intensivos do que os prece
por seu lado, ser subdividida numa probatio, que concretamente pr�va dentes : Phedre 5,1,1404 et la chaste Dia11e, et l'a11g11ste ]1111011, et to11s les
o ponto de vista partidário, e numa ref11tatio, que refuta o ponto de vista die11x e1!fi11 (§ 300) ; [ Garret, Fr. L. de S. 2, 15, p. 100 .Esto11 ... estás ... perdidas,
partidário do adversário. desonradas ... itifames !]. - C( § 283,2.
b) O drama mostra um.a bipartição (§ 51,1), contrapondo o c) As gradações quantitativa e intensiva são paraleJas em casos
enlaçar do nó (ôfotç) ' à catástrofe (catastrophe, x«'t'«a't'po<p�) 2, como como : Cic. Phil. 2,25,63 istis fa11cib11s, istis laterib11s, ista gladiatoria toti11s
sendo esta o desenlaçar do nó {Matç) 3• O enlace pode ser subdividido corporis .firmitate (§ 300) ; [Garret, Fr. L. de S. 1 ,4,p. 40 E11 11iio tenho 11ada,
num.a fase preparatória, ou seja, de infom1ação, que prepara a sirua�o e te11ho saiíde, o/Irai q11e te11/io 11111itn saríde; Lus., rv, 47,8 Gentis, formosas,
(protasis) " e num recrudescimento da situação (epitasis) 5, no que diz fnclitas princesas].
2) O ordo artificia/is aparece:
• fr. 11ot11d •ce qui forme J'intrigue d'unc picce de thé:urc, d'un romano; ingl. k11ol nhc
complication in che pior of a story or drama•; it. 11Mo; esp. 1111do; [port. trcl .a chave da intriga ou
a) Como infracção à lei dos membros crescentes, que se pode, p. ex.,
o enredo de um drama, de um romance>).
fazer, estabelecendo um contraste (paradoxal : § 37,1) entre aumento
2 Fr. ingl. was1rop/1e; it. esp. pon. wihtroft. e diminuição quantitativos: Bér. 1,3,128 Si sa bo11che s'accorde avec la
3 Fr. n
i gl. db1outma11; it. sdoglimmto dtl nodo; esp. port. dumlau. voix p11bliq11e, / s'il est vrai q11'011 /'éleve 011 tr811e de.s Césars f si Titus a par/é,
• Fr. protase oc.xposition du sujet de la pi�; ingl. protasis cthe fine pare of :a play, in which
s'i/ l'épo11se,je pars; [A Castro, 4, p. 277 / Ó Cavaleiros, / q11e as tristes pro-
the charaaers :are introduccdt; it. prótasi ; esp. pr6tasis; [port. pr6tast ee.xposiçio do :assunto de um
pocm:a dramátic°"].
s Fr. rpita1t 1p:artic du poeme dram:atique, qui, vcnant apres la prowc ou c.xposition, concient
' Fr. catastast «partie d'une pi� de thatre ou lc nocud de !'intrigue esc dans coute s.a force• ;
Jes incidcms esscnticls et lc nocud de la piece» ; ingl. tpitasis cthat part of a play where thc pior iogl. catastasis 1thc third pare of the drama, in which the action is bcightcned for the catastropheo ;
thickcnso; it. ryltasi; esp. tpltasis; [port. tpltast •parte do poema dr:1márico, que desenvolve os inci it. ca1às1asi; esp. catihtasis; [port. catihtast ocntrc os Antigos, a terceira parte de uma peça teatral cm
dentes principais e conu!m o enredo da pcçv). que o enredo mais se complica•].
1 00
101
metestes defender, / defe1ulei-111e, que morro i1úusta111e11te. / Se me 11ós nài> como sistema. Tais totalidades são, p. c..x ., a língua, o conteúdo de
defendeis, vós me matais]. - Cf. § 43,3. consciência de um indivíduo num dado momento, a situação num dado
b) Como sobrepujamento da tensão (§ 51 , 1 ) ou da integridade momento (§ 4) e as personagens de um drama, como totalidade de rela
(§ 5 1, 2) da totalidade, o qual se efectua dos modos seguintes: ções interdependentes.
) Atribuindo à totalidade uma abnndincia transbordante : §§ 77,3;
or.
2) A totalidade linear tem, como totalidade, uma direcção no
314,3; 402. espaço (p. ex., uma rua, pela qual se passa) ou no tempo (p. ex,.
�) Qualificando a totalidade de caos heteróclito : §§ 80; 303; uma canção, um discurso, uma frase, uma palavra, um som). - No
325, 334; 392, IA 2c. decurso desta totalidade Linear distinguem-se três partes (tria loca):
3) Membros coordenados quc, cm grupos, se relacionam entre princípio (cap11t, i11iti11m, ápx�). meio (111edi11111, µfoov), e fim (fi11is,
si, podem ser distribuídos «paralelamente» (§ 337, 1-2) ou quiàsticamenteo Í/1111111, TtÀoç).
(§ 392) 1 • 57. Há uma transposição, que parte da circularidade (§ 56,1) para
54. As partes da totalidade são separadas por lioútes estruturais a linearidade (§ 56,2) e vice-versa :
(§ 50). Os limites estruturais podem ser tornados mais nítidos (1) ou 1) Transposições da circularidade para a linearidade são, p. ex.:
mais suaves (2) : a transposição da língua para o discurso, a do conteúdo da situação,
1) Os limites estruturais podem ser tomados mais nítidos pela tal como um partido o entende, para o discurso (§ 3), a de qualquer
detractio (§ 60) dos elementos que tornam os limites estruturais mais conteúdo de consciência para o discurso, o aparecimento sucessivo das
suaves (§ 54,2), de maneira que cada parte da totalidade é caracterizada personagens de um drama (§ 56, 1).
pelo fenómeno do abrupte incoliare. Estes limites 1útidos verificam-se 2) Transposições da linearidade para a circularidade são os resul
sobretudo no estilo violento (§ 468,2). - Cf. também § 328. tados da consciência de totalidades lineares fechadas em si, e assim, p. ex. :
2) Os limites estruturais tomam-se mais suaves pela intercalação o conteúdo de consciência dos juízes, depois de ouvirem um discurso
de uma transitio (tra11sit11s, µs-rci�(Xa�, [port. transição, metábase]), que coin partidário, o conteúdo de consciência do público, depois de ouvir uma
cide, na sua fnnção com o exordi11111 (§ 43,1), na medida cm que o exordi11m tragédia. A pers11asio (§ 6) é, portanto, uma destas transposições: o dis
também é uma transitio, uma tramitio entre a situação (§ 3) e o centro curso é um instrumento linear que serve à intenção de alterar o con
do discurso (§ 43,2). - No decurso de uma 11arratio (§ 43,2) são muitas teúdo de consciência dos juízes. Dos juízes espera-se que, por seu
vezes necessárias tra11Siti011es, quando as personagens da 11arratio se encon lado, transponham o novo conteúdo de consciência, criado pela per
tram em lugares diferentes e quando o fio da narração segue as perso s11asio, por meio da sua sentença (como alteração da situação: § 4),
nagens alternadamente. - Depois de uma digressio (§ 434), a tra11sitio para a continuidade Linear da história, que é uma sucessão de situações.
toma a forma de um «regresso ao asswtto» {redit11s ad retllt). 58. A totalidade linear (§ 56,2) pode ser alterada, dentro da lineari
dade, segundo quatro categorias de alterações: a adiectio (§ 59),
a detractio (§ 60), a tra11s11111tatio (§ 61) e a i11111111tatio (§ 62).
11) Alteração de uma totalidade (§§ 55-63) 59. A adieclio (§ 58; appositio, 7tÀEovocaµ6c;; (port. aposiçãoD é o acres
cimento à totalidade de, pelo menos, um elemento novo, que ainda
55. A matéria (§ 29) é uma totalidade determinada, a qual é inte não fez parte da totalidade. - A adiedio pode ser de natureza quanti
grada pelo orador na totalidade do discurso (§ 39). Há, portanto, uma tativa (1) ou intensiva (2) :
alteração da totalidade. 1) A adiectio quantitativa consiste num acrescimento de um ele
56. Há dois tipos configurativos da totalidade : a totalidade cir mento material (um som, uma sOaba, uma palavra, uma frase, um pensa
cular (1) e a totalidade linear (2) : mento, uma sequência de pensamentos) à totalidade do discurso ou a
1) A totalidade circular não tem, como totalidade, qualquer alguma das suas partes (parte de discurso, frase, palavra). A adiectio
direcção no tempo ou no espaço, mas, pelo contrário, repousa em si, tem nomes diferentes segundo os lugares (tria loca : § 56,2), onde se
faz o acrescimento à totalidade do discurso. A «anteposição» chama-se
1 o !ermo x�aµ.6t; � aplicado à pcrmma dos •coloSt num período quadrimcmbrc (§ 454,2)
prótese, a «interposição• epêntese e a «posposição• paragoge.
(Hcrmog. inv. 4,3,157), mas ramcém era usado para a posição das palavras cm forma de uma cruz
(§ 392, 1), ramo demorutu o uso do rcrmo <r.(�µ.rx ztotaT6v, rcfcrcnrc 1a posiçio das pafavus na
2) A adiectio intensiva consiste no aumento da intensidade do
li. 16,564, no Schol. (L) li. 16.564. efeito e, portanto, na a111plificatio (§ 73).
Ll
102
2) No 11011 vernm co11Si/i11m falta a concordância enrre co11sili11111 A sequência da comwúcação e da prova apresenta ambos os tipos
(a verdadeira vontade semântica efcctuadora) e o conteúdo semântico de sequência da s11biecrio ratio11is e do e11thy111ema (§ 372) concludente.
directamente manifestado no tratamento do tema. Aqui temos, portanto, O centro do domínio c m que se aplica o docere, reside no
uma semântica com dois planos, a qual acarreta o perigo de ser todo ge1111s s11btile (§ 466). Os poetas praticam o dom<', como fmalidade
o discurso mal interpretado (§ 132,2). Como re111edi11m (§ 90) recomenda-se didáctka da poesia (praecipcre, 111011ere, 8�1><fcr.. m•1), dentro da utilidade
a intercalação de sinais (§ 180). - Distinguem-se três variantes de duplo intelectual e moral da mesma (prodesse, idc111ea 11itae dicere; w9o:Ãd:•1,
plano na totalidade do discurso : zp·ljatµ.o/..oysi:v).
a) No d11ct11s s11btilis o orador si.mula (§ 429) ter, no primeiro plano 68. A criação, por meios afectivos, de um consentimento
(thema) , determinada opinião, tendo, contudo, no segundo plano, a também afectivo do árbitro da situação, no que se refere à opinião
intenção (co11sili1m1) de provocar no público uma opinião contrária partidária do orador, parte do princípio de que o consentimento afcctivo
à opinião expressa. O discurso inteiro é, assim, uma ironia de simu é wn impulso seguro que leva à acção e cujo fim é originar a alteração
lação (§ 430,1). Quer como meio de expressão, quer como meio de da situação, alteração essa provocada pelo árbitro da situação (§ 5) e
sinalização, recomenda-se o paradoxo (§ 166,6). - Camus, La Peste I, 7, pretendida pelo orador, partindo-se, igualmente, do princípio de que
p. 4 1 (p. 61) L' importa11t . . . 11'cst pas que cette faço11 de raiso1111er soit bo1111e, o consentimento afectivo pode preencher possíveis lacunas da convicção
mais q11'elleJasse réjléclrir; Liv. 2,32,8; [Eça, Uma Campanha Alegre, I, 38, intelectual (§ 67). - Distinguem-se dois graus de afcctos : etl10s (§ 69)
p. 266. Ora se a missiio de 11m diplomata é comer bem, da11çar bem, 11estir bem, e patlros (§ 70).
parece-11os imítil q11e se lhe peçam pro11as de q11e co11/zece o direito i11temacio11al 69. O grau mais suave de afectos (§ 68), que aparece como um
e história diplomática!]. Cf. também § 166,6.
- estado de :alma permanente e que também pode ser valorizado como
b) No d11ct11s fig11rat11s, o orador serve-se, no discurso inteiro, da carácter (1j0oc;, mores), chama-se et/10s (affict11s mites atq11e cc>111positi;
ênfase de pensamentos (§ 419) ou da alegoria (§ 423), porque o seu pudor -�Ooc;; [port. elos]). A influência afectiva, pretendida e exercida pelo orador
o impede de e,xprirnir-se no d11ct11s simplex. sobre o árbitro da situação, com a finalidade de nele excitar, favorà
c) O d11cJ11s obliq1111s só se distingue do d11ct11s fig11rat11s (§ 66,2) pela velmente ao partido, afcctos suaves, chama-se delcctare (co11cilinre ; -répm:w,
sua motivação : o orador serve-se da ênfase de pensamentos ou da alegoria, YuX«ywye:i:•1), delectatio (vo/11ptas; -�8ov� , tjiuzr.cywy(«), placere (isto espe
porque o medo (p. ex., de um tirano) o impede de se exprimir no d11ct11s cialmente quanto ao actor dramático, que agrada ao público e é 'tplau
simplex. dido). - Este grau afcccivo é especialmente indicado para o e:rnrdi11111
3) O d11ctus 111ixt11s consiste na mistura dos mencionados quatro (§ 43,1), a fim de que se obtenha a benevolência (be11evole11tia) e aparece,
d11ct11s e pode ser considerado como o d11ct11s literàriamcnte mais frequente. além disso, no discurso geralmente como omat11s (§ 1 62).
O centro do domínio, cm que se aplica o et/10s, reside no ge1111s medi11111
(§ 467). A delectatio é geralmente atribuída como função da poesia em
A) A realização intelectual e afccriva da pers11asio (§§ 67-70) geral, sendo considerada (§ 162), como fonte da dclectatio, a iuspectio
comparativa da realidade do ser e da sua reprodução (mimcma) artÍstica.
67. A criação, por meios intelectuais, de uma convicção também Uma variante do ctlros é o ridiwl11m (yéÃoLOv, yc:l .. oi:ov), que pode
intelectual (§ 65) de que é justa a opinião partidária defendida, junco ser inerente à ma/cria (§ 29) {p. ex., na comédia) ou que pode também
do árbitro da situação, pelo orador, parte do princípio de que a convicção ser acrescentado à mnteria, como omat11s de pensamento (§ 163,1) (frsti-
intelectual é um impulso (que leva à acção) importante e talvez já sufi 11itas, urba11itas : § 166,5).
ciente para que se dê a alteração da situação, alteração essa provocada 70. O grau mais violento de afectos (§ 6 ) chama-se pntlros
pelo árbitro da situação (§ 5) e pretendida pelo orador. (affict11s co11eitati; ml6oc;; [port. patos]). A influência afcctiva, pretendida
A influência intelectual, que o orador pretende exercer sobre o e exercida pelo orador sobre o árbitro da situação, com a finalidade de
árbitro da situação, chama-se docere {8tl>OCmmv) e tem dois graus de nele C."Xcitar, favoràvelmente ao partido, afectos violentos, chama-se
intensidade: movcre (co111111011ere; Ê-"/.�÷�aae:w, t!;La-rcfvtu). - Este grau afcctivo é espe
1) A comunicação (dar a conhecer) , p. ex., na propositio e na 11arratio. cialmente indicado para a peroratio (§ 43,3), como impulso imediato,
(§ 43,2). que leva à acção, e que consiste cm que seja pronunciada uma sentença
2) A prova (com função de probare), p. ex., na arg11me11tatio (§ 43,2). favorável ao partido.
106 107
O centro do domínio em que se aplica o patlios, reside no ge1111s 2) O aumento desligado da parcialidade serve para desencadear
1
sublime (§ 468). Na poesia, o pathos é atribuído, como efeito, à tragédia uma vivência estética de valor, por parte do público. Um fenómeno
e certas poesias narrativas (p. ex., à Ilíada). Os efeitos afectivos, que se geral desta vivência de valor é o omatus (§ 1 62) , que é um fenómeno
sentem ao acabar a tragédia, são conúseração e horror (D.toc; x«t qi6�oc;). de estranhamento (§ 84). O mais elevado grau da vivência de valor
Enquanto uma sucessão de acontecimentos ainda não está terminada, é a s11bli111itas (úljioc;) 1.
pertencem ao patlios (na tragédia, na comédia, na narração) os dois afectos 74. A amplificação alargante (§ 72) consiste no alargamento espa
«esperança e medo» (spes et 111et11s), que têm um grau reduzido de cial da expressão, caso se empreguem, para exprimir o awnento (§ 73),
violência 1 • mais pensamentos (res) e mais formulações linguísticas (vaba), do que
seria necessário para uma expressão sem aumento. Tirante o caso da
B) A a111pl!ficatio (§§ 71-83) escolha de sinónimos mais fortes (§ 75 , 1 ) , o aumento resulta, as maJS
7 1 . A amplificatio (exaggeratio; ocóÇ·IJ<Hç; [port. ampl(ficação]) é um das vezes, como alargamento.
awncnto gradual, por meios artísticos, do que é dado, por natureza, 75. Objectos da amplificação são os pensamentos (res). A ampli
aumento esse aplicado no interesse da 11tilitas ca11.sae (§ 65). A amplificatio ficação dos pensamentos tem repercussões sobre a formulação linguís
é, portanto, um meio da parcialidade (§ 66), e isto tanto no domínio tica (verba).
intelectual (§ 67), como no domínio afectivo (§ 68). A fonte dos pensa 1) A amplificação dos verba si11g11/a (§ 99) dá-se, nos seguintes ca os:
mentos para a amplificatio são os loci (§ 41). a) Por uma escolha de sinónimos partidàriamente amplificantes
72. A função principal da amplificação é o awncnto (vertical) (§§ 154,1 ; 172; 214), os quais podem ter uma função agressiva e agra
(§§ 71 ; 73). A execução deste aumento (vertical) pode dar como resul vante (Quine. 8,4, 1 11/ cum e11;11, qtti sit caestts, «occis1111tt, c11111, qui sit i111prob11111,
tado um alargamento (horizontal) da expressão (§ 74). Portanto, o que «latro11e111»... dici11111s) ou uma função (§73,1) defensiva e atenuante
verticalmente se aumenta, é a matéria do discurso (§ 29) ou um pensa (Quint. 5,13,26 pro sordido «pamtm•, pro 111aledico «libcm111» dicere licebit).
mento (§ 40), que serve para o seu tratamento, facto esse que geralmente b) Por i11cre111e11t11111 (§ 77).
acarreta um alargamento da formulação linguística (§ 91). 2) A amplificação de um pensamento contido nmna frase ou de
73. A amplificação por aumento (§ 72) é, originàriamente, um série de pensamentos contidos cm frases (verba co11i1111cta : § 100)
partidária (§ 71), mas pode vir a ser desligada da parcialidade: faz-se pela aplicação dos /oci (§ 41), sendo o pensamento, que se
1) O aumento partidário consiste em que o acusador procure quer amplificar, tomado como 11111teria (§ 29) própria, que deve ser
apresentar o delito do acusado, como um enorme e abominável crime, elaborada. Esta noção, do pensamento a amplificar, dá ocasião a exer
ao passo que o defensor qualifica o mesmo delito, como wi1 erro inofen citar (§ 470,2) e a tornar, desta maneira, independente a amplificação
sivo. A amplificação tem, por conseguinte, duas direcções partidárias: de qualquer pensamento. As amplificações tomadas assim independentes,
a do aumento e a da diminuição. A amplificatio, que diminui, chama-se podem depois ser integradas como excursos (§ 434) no discurso concreto.
111i1111tio (fLEiwa�c;), atte1111atio s11spicio11is (Rhct. Her. 2,2,3). - Os factos Destes cxcursos têm um especial interesse os loci co1111111111es (§ 83).
objectivos são, portanto, «coloridos•, por assim dizer, diferentemente 3) A independência ganha pela amplificação, no exercitamcnto
pelos partidos. A coloração partidária de factos objectivos, é chamada (§ 75,2), leva a que, nos tempos modernos, a «elaboração de uma
color (xpwµ«)2, sobretudo no sentido de diminuição (de mitigação, de matéria. (§ 39) cm geral possa ser chamada «amplificação» : fr. a111plifi
mostrar inofensivo do ponto de vista jurídico). catio11 «développemcm cl'!m texte, d'un sujct; devoir ou un éleve déve
1 Cf. Bérfo. 1,2,21 mo11 cotur agitl / Crainl a11ta11t u mor11t11I q11tjt /'ai souhaitl; 1,2,49 EI qut
loppe un texte, un sujet donnb; ingl. a111pl!ficatitl11 nhe extension of
a simpie statement by rhetorical devices»; it. a111plificazic111c; esp. a111plifi
�w crai11Jrt, Mias! 1m ama/li som tspoir; fawt li 1,5442 F11rd1t 1mJ Hoffi11mg; LA C.utro, 3, p. 261
Porqur trmo ptrd,., o brnr, q11t c.sp,.,o). cació11; [port. ampl!ficaçiio «discurso pelo qual se engrandece o assunto de
2 O termo nlo se aplia s6 no género judiàal (§ 22,1), p:l1'3 a nútigaçlo jurldia da avaliação
dos fuctos, mitig;içfo feita posteriormente, mas t:ambém no género deliberativo (§ 22,2), para a 1 Fr. sublime •ce qu'il y a de grand, d'c:xccllcnt daiu lc stylc, dans lcs scntimcntP; ingl. sublime
avalfaç.to jurldia de uma acçl:o aconselhada (objeccivamcnte má), acçio essa que é minimizada : calculatcd to inspire awc, dccp rcvcrcncc, or lofiy cmotion, by rc.ason of bcaury. v:mncss, or gran
fr. roulrur r.ipparcncc, prétextc, raison paHiéc; mauvaisc raison, mcmongco ; ingl. «:1 show of re:ison, deun; it. s11b//111t •maesd e potcnza di poesia, e sim.•, sub/imitil; csp. sublime t(conccpción mental,
cxcusc, a probablc but rcally falsc plcv; it. colort 1appare11za, prcccsto•; esp. colar •pretexto, motivo, producà6n !iteraria o artlstia) de grandeza y stnsillcz admir:iblcs., sublimidaJ; [port. 111blimet (estilo)
rn6n aparente para hacer una cosa con poco o ningún dcrcchoo; fport. rnr •pretexto, aparencia, que emprega pafavr:u e expressões elevadas, cnérgic::is ou \•ccmcntcs, própria� par:i dar forç:i e g·r:in
disfareetJ. dcz:i aos pcnsamcntOS>, sublimidade].
108 109
que se trata, ou seja, desenvolvendo-o mais, ou adicionando-lhe ornatos, in ipsis t11is im111a11ib11s illis poc11/is lroc tibi accidisset, q11is 11011 turpe d11ceret ?
argumentos, etc., ou exagerando»]. i11 coet11 vero pop11/i Romani. . (§ 77,4) ; [Eça, Uma Campanha Alegre,
.
76. No tocante à execução, distinguem-se quatro genera muplifi 1 , 43, p. 300 Se devemos calar e chorar quando passa uma imperatriz destro-
cationis : incre111cnt11111 (§ 77), comparatio (§ 78), ratioci11atio (§ 79), co11gc 11ada, que silêncio e q11e lágrimas devemos reser11ar q11m1do, 110 E11a11gclho,
ries (§ 80) . passa Maria, 111iie de Jesus, à 110/ta do Calvário ?]
77. O i11cre111e11t11111 ([porc. i11cre111e11to ]; § 76) consiste na designação 79. A ratioci11atio (§ 76) é uma ênfase de pensamento (§ 419), na
linguística, gradualmente ascendente, do objecco a amplificar. Esta qual, a partir das circlll1Stãncias (sig11a) concomitantes, se podem tirar
gama pode ser formada : conclusões, quanto às dimensões do objecto cm si, sem que este racio
1) Pela antÍtesc entre a expressão fraca do partido adverso e a cínio (ratioci11atio) seja levado a cabo (§ 371,2) : Quint. 8,4, 18 cu111 Aeol11s
própria expressão amplificada {11on x, sed y : § 384) : Cic. Verr. 1,1,3,9, a 11111011e rogat11s teav11111 co11versa cuspide montem / imp11/it i11 lat11s, ac venti
11011 e11i111 f11re111, sed ereptorcm, 11011 ad11ltem111, sed exp11g11atore111 p11dicitiae, 11elut ag111i11e facto / ... r111111t» (Acn. 1 ,81), apparet, q11a11ta sit futura te111pestas;
no11 sacrileg11m, sed ftoste111 sacromm religio1111111q11e, no11 sicari11111, sed cr11de [Lus. IV, 28 Deu si11al a trombeta Castclha11a, / Horrendo, fero, inge11te e
lissi11111111 camifice111 civi11111 sociommq11e i11 vestrnm i11dici11111 add11xim11s; temeroso; / 011vi11-o o 111011tc Artabro, e Guadiana / Atrás tomou as águas de
Aen. 6,399404; Ov. met. 10, 20-23 ; [Bernardes, Pão Partido, 1 (1757), medroso; / 011vi11 o Do11ro e a terra Tra11Stagana, / Correo ao mar o Tejo
p. 138 Este 1111111do 11iio é pátria nossa, é desterro; 11iio é morada, é estalagem; duvidoso; / E as mães q11e o som terríbi/ escuitaram, / Ao peito os .filhi11hos
niio é porto, é mar por 011de navegamos; Vieira, XIV, p. 130 11iio dentro, apertaram. Pelos sinais concomitantes pode o leitor avaliar quão grande
seniio fora; 11iio e111 111i111, se11iio defronte de 111i111, está a ca11sa da 111i11/ra co11- será a batalha (N. T.) ].
fi1siio ]. 80. A co11geries (§ 76; auwxOpoLaµ.6c;; [port. co11gérie]) é uma conglo
2) Por uma série, gradualmente ascendente, de sinónimos (§ 283,2: meração de sinónimos (co11geries verbor11111, exaggeratio a sy11011y111is: § 282),
Cic. Vcrr. II 5,66, 170 facinus est vincire civem Ro111m111111, scc/11s verberare, ou de membros de enumeração {co11geries rer11111 : § 294), a qual não ascende
prope parricidi11m 11ccare), ou por uma série, gradualmente ascendente, forçosamente por graus (§ 77,2), mas pode ser também, p. ex., caótica
de acumulações (§§ 295; 300-302), [Lus. 1, 1 1 , 1-2 011vi: q11e 11iio vereis com (§ 53,2).
viis Jaçanftas, / Fantásticas, .fingidas, mentirosas]. 81. Um meio apreciado da amplificação dos pensamentos com
3) PcJa constatação interrogativa (§ 439) da impossibilidade de funções partidárias de argumento (§§ 43,2; 73,1) ou de ornato (§ 73,2)
designação (Cic. Vcrr. TI 5,66, 170 facin11s est vindre civem Ro111a1111111, é a infinitização (§ 82).
scelus verberare, prope parricidi11111, q11id dicam in crucem tollere ?), ou por 82. A in.fi.nitização (§ 81) toma-se compreensível (3) pela oposição
uma correctio insistente (§ 384,6; Quint. 8,4,7 111atre111 t11a111 cecidisti, quid entre q11aestio finita (1) e q11aestio infi11ita (2) :
dicam ampli11s ? matrem t11a111 cecidisti); [c( Eça, Uma Campanha Alegre 1) A q11aestio .fi11ita (q11aestio specialis, lrypot/1esis, ca11sa; úr.66s:aLç)
I, 43, p. 300 (§ 78) ]. - Cf. § 383. é uma matéria (§ 29) concreta (i. é, que se refere a pessoas individuali
4) Pela enumeração sucessiva de circlll1Stâncias agravantes (aumen zadas e a circunstâncias concretas de tempo e de espaço), tal como, por
tativas) : Cic. Phil. 2,25,63 in coet11 vero pop11li Romani, 11egoti11111 p11blicr1111 tanto, as seguintes perguntas: no género judicial (§ 22, 1) cSc Tício assas
gere11s, magister eq11it11111, aii rnctare t11rpe esset, is vo111e11s .fr11stis esetilentis sinou Semprónio» (§ 31,2); no género deliberativo (§ 22,2) «Se Carão
vi1111111 redole11tib11s gre111i11111 s1111111 et totum trib11nal implevit; Voltaire, Dict. faz bem em casar» (§ 32) ; no género epidídico (§ 22,3) «Se Catão é belo»
Phil. s. v. entlrousiasme (Littré, s. v. gradation, 3.0) : II fallait dire: «]e vois (§ 32).
11os cohortes s'01111rir 1111 large cl1emi11 à tra11ers les débris des rochers, a11 111ilie11 2) A q11aestio i11.fi11ita (q11aestio ge11eralis, tiresis, proposit11m; Ofotç)
des armes brisées et s11r des morts entassés.; alors i/ y a11rait de la gradatio11 é uma matéria (§ 29) abstracta (i. é, refere-se a uma classe de pessoas
(§ 258) ; Bér. 1 ,3,77-78 E11 sortant d11 palais . . . [Lus. 1, 88,7-8 Bramando e a circurutincias típicas de tempo e de espaço) , tal como, portanto,
d11ro corre e os olftos cerra, / Derriba, fere e mata, e põe por terra; m, 51,7-8 as seguintes pergwitas: no género judicial (§22, 1 ) «Se é crível que um
Mas o de Luso am�s. co11raça e ma/Ira / Rompe, corta, desfaz, abola e talha]. ébrio seja capaz de cometer um assassínio•; no género deliberativo (§ 22,2)
78. A comparatio ([port. comparaçiio ] ; § 76) corresponde ao locrtS a «Se um jovem faz bem cm casar»; no género epidíctico (§ 22,3) «repreen
111i11e1re ad mai11s (§ 41) e é um esquema de superação, pelo qual um exem são de wn tirano (qualquer) cm. geral» (§ 82,2).
p/11111 (§ 404) (histórico, Literário ou ficácio), que já realiza em grau elevado, 3) As q11aestio11cs i11.fi11itae (§ 82,2) podem, como matéria de exer
é superado pelo objecto tratado agora: Cic. Phil 2,25,63 si i11ter cc11a111 citação (§ 470,2 b), ser mais fàcilmcnte tratadas na escola, que não tem
1 10 111
qualquer contacto com a vida concreta (§ 26), do que as quaestio11es fi11itae de ter valor para a compreensão do passo cm causa, se se tomar cm conta
(§ 82,1). O orador costuma, portanto, ter mais presente na sua memória que o autor tomou finito o topos e o integrou no contexto concreto,
o tratamento de quaestio11es i1!fi11itae, visto que ele aprendeu as quaestio11es onde ele deve exercer a sua função actual, c.xactamcntc como, no donúnio
i11fi11itae na escola. Assim, ver-se-á ele, muitas vezes, na situação de, da gramática, um conjuntivo tem de exercer uma função actual. - C(
para responder a uma quaestio finita, ter de empregar como argumento E. Mertner, Topos und Commonplacc, in: Srrena Anglica, Festschrift für
(§ 43,2) ou como ornaco (§ 81) a elaboração da quaestio i11fi11ita correspon O. Rittcr, cur. G. Dietrich - F. W . Schulze, Halle 1956, pp. 1 78-224 ;
dente: é que as quaestio11es Ji11itae estão, por assim dizer, compreendidas W. Veit, Toposforschung, Ein Forschungsbcricht, in : Deutsche Vier
nas q11aestio11es i11finitae correspondentes. teljahrsschrift für Literaturwissenschaft und Gcistcsgcschichte, Jg. 37, 1 963,
83. O tratamento elucidativo e, as mais das vezes, formulado de PP· 120-163. - Exemplos:
modo argumentativo (§ 365) de uma q11aestio i11fi11ita (§ 82,2), tratamento 1) O topos paradoxal (§§ 37,1 ; 389,3) «p11er seuen (Curtius, Eur.
.
esse que intervém, como argumento ou adorno (§ 81), no tratamento L1 t. pp. 108-1 1 5) encontra-se numa formulação infmita, em Cic.
de uma quaestio fi11ita (§ 82, 1), chama-se lows co1111nu11is (xowoç -r67toç). Cato 1 1 ,38 11t e11im adulesce11tem i11 quo esl se11ile aliq11id, sic se11em i11 q110
C( § 393. - Devido ao seu carácter escolar (§ 82,3), a designação de est aliq11id ad11lesce11tis probo. Na formulação finita, este topos encontra-se
lows co1111111111is adquiriu, nos tempos modernos, o sentido de «pensa em elogios de pessoas (§ 22,3), às quais são atribuídas, já na infância,
mento geral, proveniente dos bancos da escola, exageradamente desen a prudência ou a sabedoria dignas de um velho experimentado; [Eça,
volvido e sem efeito na vida concreta»: fr. lieu com1111111 «idéc usée, Os Maias, pp. 104-105 (Descrição de Eusebiozinho) Quase desde o berço este
rebattuc.t; ingl. co1111nonplace '� placitude»; it. luogo com11ne; esp. lugar notável me11i110 revelara 11m edificante amor por alfarrábios e por todas as coisas
co1111ín; ai. Gemei11platz; [port. lugar com11m «trivialidade, ideia, expres do saber. Ainda gati11ha11a e já a s11a alegria era estar a 11m ca11to, sobre 11ma
são já muito batida»]. esteira, embrulhado 1111111 cobertor, folhea11do i11-fólios, co111 o craniozi11'10 calvo
E . R. Curtius (Eur. Lit. pp. 603-604 s. vv. Topik, Topoi, Topos, de sábio curvado sobre as letras garrafais de boa do11tri11a... (copos com
Toposgcmeinschaft) introduziu a noção de «Topos. [porc. topos] na ciência valor irónico. N . T.)].
literária, e isto no sentido de um «pensamento infinito (na sua forma infi 2) O topos «loct1s amoe1111s» (Curtius, Eur. Lit. pp. 202-206) teria
nita, formulado ou não formulado), pensamento esse que,num determi talvez, com fins didácticos, a seguinte formulação infmita: •Üma cena
nado círculo cultural, por formação escolar e tradição literária(§§ 1 7 ; 106; de paisagem, que consiste numa árvore ou cm várias árvores, num prado,
470, 1), ou pelos efeitos de instâncias educacionais análogas, se tornou pro num riacho corrente ou sussurrante, onde se ouve o canto dos pass�rinhos
priedade tradicional comum de, pc1o menos, certas camadas da sociedade e onde sopra ligeiramente a brisa ; é bonita e alegra o coração dos homens».
(p. ex., só dos poetas) e que, depois, foi aplicado finitamente, por um Por causa dos muitos elementos desta cena de paisagem, o copos pode
autor, à matéria finita por ele tratada, quer muna forma (§ 470,2a) exaus aparecer, como descrição de um determinado lows a111oe1111s, em formu
tiva (expolitio: § 365), quer numa forma abreviada (.alusão»: § 419). Os lação finita, ora (§ 470,Za) brevemente como e1111111eratio (§ 298 ; Lib�o
topoi [port. topos] podem ter cunhes judicial (§ 394) deliberativo (§ 395), or. 1 1 ,200), ora longamente como descriptio (§ 369). (Como e1111111eratio,
cpidíctico (§ 396), gnómico (§§ 398-399) e parabólico (§ 401-403).§ Conde de Monsaraz, Musa Alentejana, Tragédia Rústica, p. 83 Enche
§
Por analogia, podemos também contar entre eles os exemplo ( § 404-406) os campos de paz e saríde / O sol, q11e alegra os cho11pos e as sobreiras, / E aq11ece
tomados tradicionais sob os topos. - O leitor que, não conhecendo o os braços hirtos / Dasfaias alta11eiras / Q11e, emre moitas e loendros / E gra11des
topos, toma a formulação finita encontrada por um autor, por uma tufos de juncais e 111irtos, / À margem se perfilam das ribeiras; como descriptio,
realização perfeitamente original deste escritor, dando-lhe, assim, um Lus. IX, 54 - 63 (especialmente 54 e 55) Tres formosos 011teiros re mostra
valor scm�ntico exagerado, engana-se, da mesma maneira que se engana vão / Erg11idos com soberba graciosa, / Que de gramí11eo esmalte se adornavam,
o leitor, o qual blasé devido ao conhecimento do topos, considera a formu
/ Na fer111osa ilha alegre e deleitosa; / Claras Ja11tes e lf111pidas ma11avam I Do
lação finita que ele encontra nesse aucor, como vacuidade semântica wme, q11e a verdura tem viçosa; / Por e11tre pedras afoas se deriva / A so110-
que nada lhe diz. O topos é uma forma (§ 2), que (como wn recipiente, rosa li11Ja f11gitiva. (55) N11111 vale ame110 q11e os outeiros Je11de, / Vi11/iam
ora com água, ora com vinho ; em cada caso com fw1ção diferente) as claras águas aj1111tar-se, / 011de lia mesa fazem, que se este11de / Tão bela
pode ser enchida com um conteúdo actual e pretendido cm cada caso. quanto pode i111agi11ar-se; / Arvoredo ge11til sobre ela pe11de / Como q11e pronto
O reconhecer que um pensamento (encontrado num texto) corresponde está pera ajeitar-se / Vendo-se do cristal respla11dece11te, / Q11e em si o está
a um topos, tem valor, do ponto de vista histórico, e também não deixa pintm1do propriamente].
1 12 113
11) Estranhamento (§§ 4-90) 1 pelos pensamentos ( § 40), pela elowtio ( § 46) , pela dispositio ( § 39) e pela
pro111111tiatio
(§ 45). Há variantes mais fracas e mais fortes da vivência
84. O estranhamento (-ro �EVLx6v) é o efeito atlllmco exercido do estranhamento : as variantes mais fracas são, p. ex., obádas por meio
no indivíduo pelo inesperado ("6 �É''º" xixt á·r,6e:ç), como fenómeno do docere (§ 67) intelectual e pelo delectare (§ 69) afcctivo, ao passo que
do mundo e>.."terior. Este efeito é um choque psíquico, que se pode as variantes mais fortes são obtidas pelo 111011ere (§ 70) afectivo. - Dentro
realizar de diferentes maneiras e graus. do docere poder-se-ão distinguir duas espécies de estranhamento inte
85. Com o estranhamento (§ 84) confronta a vivência do habirual, lectual :
cuja forma extrema é o tédio (taedi11111, Jastidi11111 ) . Esta vivência é provo 1) Ao docere (§ 67,1) informativo correspondem, como fenómenos
cada pela wuforme e monótona invariabilidade (ôµ.od8•mx) do mw1do de estranhamento, o ge1111s obsc11rr1111 (§ 37,3) e os tropos (§§ 180; 226;
exterior. - Cf. § 47, 1 . 422) e figuras (§ 334) que procuram a obscuritas (§ 132).
86. A qualidade mais geral do inesperado (§ 84), no nnmdo exterior, 2) Ao docere que tenta provar (§ 67,2; probare) correspondem,
é a variação (varietas, variatio; µ.e:-rix�o)dJ) : a variação, q uc se opõe à como fen6menos de estranhamento, o ge11us ad111irabile (§ 37,1) e os trapos
invariabilidade (§ 85), provoca a vivência do estranhamento (§ 84). e figuras que procuram o paradoxo, muito especialmente a hipérbole
87. Como •mundo exteriont (§§ 84-86) entenda-se, no contexto (§§ 212; 241) e a ironia (§§ 232; 426) .
por nós apresentado, o discurso que exerce sobre o público o efeito 90. Um.a mtenção demasiado forte, por parte do orador, cm provo
do estranhamento. car, perante o público, o estranhamento, no que diz respeito ao meio
88. No sentido mais Jato, a vivência do estranhamento, propor ambiente e ao género do discurso (§ 89,3), chama-se a11dacia, a11dere.
cion.ada pelo discurso (§ 87), consiste, por consequência, cm qualquer Há fenómenos do a11dacior omat11s (§ 1 64). - Entre a intenção do orador
acréscimo de conhecimentos (§ 67) e de vivências afectivas. de provocar o estranhamento e o estranhamento por parte do público
Neste caso, naturalmente, os linútes entre o esperável e o inespe pode haver, como medianeiro, um re111edi11111 (tchpe:uµ.«). O re111edi11111
rado (§ 84) são pouco nítidos. A maior partes das vezes não se espera pode consistir :
a completa invariabilidade (§ 85), mas sim uma certa quantidade conven 1) Numa referência directa à situação do discurso (§ 435), confes
cional de variação (§ 86), ou seja de acréscimo de conhecimentos e de sando o orador a sua a11dacie1 (co1ifess11111 : § 436) e pedindo desculpa ao
vivências afectivas. Caso a vivência da variação ultrapassar a ta1 quanti público pelo estranhamento que lhe impôs. Esta desculpa (p. ex., com
dade convencional do que cm média é de esperar, apresenta-se então, a forma «Si licet dicere») chama-se correctio e pode preceder as palavras
nltidamcntc, a verdadeira vivência do estranhamento. chocantes como praecede11s correctio (7tpo8L6p0c..icnç [port. prodiortose ]), 1
A medida do esperável e, com ela, a medida do estranhamento pos ou então pode scg1úr-sc-lhcs como s11perioris rei correctio (bn8t6p6c..icnç
sível, é, naturalmente dependente, do ponto de vista social, do meio [port. epidiortose V 2•
a que o público pertence e, assitn também, do género do discurso. 2)Na colocação discreta das paJavras, que causam. o estranha
A poesia procura um estranhamento próprio e lúdico, que, dentro do mento, num contc."Xto que o não provoca, p. ex., no zeugma (§ 325)
seu género, lhe corresponda (dirigida ao sentimento estético: § 73,2) e a semilnticamcnte complicado ou na ênfase (§§ 208; 419).
ele sacrifica a medida da credibilidade (§ 47,2), a qual p. ex., o discurso Por outro lado, wn estranhamento (comedido) é também um
jurídico é forçado a observar diante do tribWlal (§ 43,2). O orador parti re111edi11111 contra a monotonia (§ 85).
dário, diante do tribwuJ, deve até afastar-se, absolutamente, da poesia
(§ 459,1).
89. A vivência do estranhamento pode ser provocada pela própria
matéria (§ 34) e pelos fenómenos da elaboração (§ 39), especialmente
1 i troduzido por
Com o termo t'Stra11/1n111e1110 pretendemos tnduzir o ai. lltrfrt111d1111s, n 1 [Vieira, vm, 187 t ali (st l Udto co1111iarar as coisas peq11r11as (01/1 as grat1dt'S) St vi11 11111 lastimoso
D�rtolt Drccht n3 literatura akml com o significado de •o qut" tom• um• cois� enr:mh••· rt·troto do Dilllvio 1111ivcrsal (N. T.)].
Devido, portanto, 'º seu sentido predominantemente ac1ivo, fomos forçados a 3bandonar o 2 l Vieira, 1. 527 Fazem-se 11utn Corte 11111i1as cousas por rrspeitos? Niio ptrg11111ti bem. Faz-st
termo rstr.111/irza, mais corrente na noss:a lín!lua, m•s cujas implic•ç&-s scmântic:is contêm cm nlg11ma co11sa 11rsta Corte, q11c 11iio seja por rtspeitos 7; Docage, Sonetos, 366,9-1O Dt11oto i11censaáor
si sobretudo um aspccto passivo (N. T.). de mil deidades / (Digo de moças mil). (N. T.)J.
8
III PARTE
Elocutio
<§§ 91-469)
2) O viti11111 da «demasia> (um:p�oÃ'ÍJ) apresenta um grande número com um cavalo determinado (§ 138) : esta passagem a acto estreita, por
de faculdades ifacultas: § 28), mas a intenção artística não é guiada pelo tanto, a ligação semântica. Por outro lado, ainda subsiste a possibilid:.tde
i11dici11111 (§ 46) e, por isso, compraz-se no exagero da realização, a qual, de, na passagem a acto, alargar a ligação semântica, como, p. ex., quando
muito embora esteja dentro da virt11s, conduz, neste caso de exagero, o sujeito falante denomina um homem, que faz um trabalho pesado,
ao viti11111, visto passar para além da medida do apt11111 (§ 48). No labor como «cavak1• (§ 228). A passagem a acto dá ao sujeito falante,
artístico, este exagero da realização da virtus, quando carece de i11dici11111, por conseguinte, a possibilidade de uma variação mais livre, ainda
chama-se mala ajfectatio (xcxx6�'Y)ÀO'J). que não completamente arbitrária (§ 2,1), da ligação linguisticamcute
96. A clowtio (§ 91) apresenta uma multiplicidade, dirigida no fixada entre o corpo e o contctído de palavra. - O conteúdo é denomi
sentido do apt11111 (§ 464), de possibilidades linguísticas de expressão, nado res (quando se considera; com mais intensidade, o conteúdo de
as quais foram sistematizadas como ge11era eloc11tio11is (§ 465). Cf. também consciência que o sujeito falante quer transrnitir ao ouvinte, ou quando
fr. la11gage «maniere de s'exprimer quant atLx mots, à la diction; maniere se considera mesmo a correspondência desse conteúdo de consciência
de s'exprimcr au égard au sens, aux intcntions» ; ingl. la11g11age «manner que se encontra fora da pr6pria consciência [portanto, o «cavalo)) real,
or style of cxprcssiom; it. li11g11aggio; csp. lcng11ajc; [port. ling1111ge111 que corresponde ao conteúdo de consciência «cavalo•]) ou é denominado
«expressão do pensamento por meio da palavra>]. vol1111tas (quando se comidera mais a intenção semântica do sujeito falante).
97. A observação de que a eloet1tio, como expressão linguística, O sujeito falante dispõe, na sua memória (memoria), de uma copia
não tem apenas um apt11111 para a res (§§ 91 ; 96) expressa, mas também verborum («provisão de palavras>) , a qual é um depósito de materiais
para o que se quer e..xprimir (sendo peculiar, neste último, uma variação disponíveis para a obra (de arte) (o discurso).
mais ou menos determinável de meios de expressão), pcrnúte que se Para a sua aplicação no discurso concreto, o autor (orador) faz,
empregue a palavra stil11s, que propriamente servia para designar o respectivamente, uma selecção (dirigida no sentido do apt11111 : § 48)
«estiletet de quem escrevia, como termo para a cvariação• da eloet1tio dos materiais linguisticamemc disponíveis, à qual se chama electio verborr1111
(geu11s cloet1fio11is: § 465), nomeadamente : (éY.Ãoylj -rwv 6voµli-rwv). Como escolha, que é, de entre várias possibili
1) primeiramente (e correspondendo ao sentido primitivo de dades, a electio pertence ao i11dici11111 (§ 46), sendo, portanto, uma parte
um autor (ou,
stil11s) , para a cvariação da eloc11tio, que é característica de da dispositio. - C( ainda § 472, electio.
indo mais além, de um grupo de autores, de uma época)•, (Macr. A copia verbomm também é um depósito, no que diz respeito à sua apli
Sat. 5,1,16; 6,3,9) ; cação no discurso, da i11111111tatio verborr1111 (§ 169,2). - Mais reduzida do que
2) cm seguida, para uma «variação da elowtio cm geral (ge1111s a copia verborum lingulsticamente disponível, é o conjunto de palavras
elowtionis)» (Plin. epist. 7,9,7). empregadas, de facto, por um autor nos seus opera (palavras que se escolhe
98. A eloetttio diz respeito a dois donúnios importantes da formação ram para aquele acto) : fr. lexiq11e censemble des mots propres à un auteun;
linguística : às palavras isoladas (verba si11g11la; § 99) e às palavras na ingl. vocab11lary «the range of language of a particular persom; ir. vocabo
construção frásica (verba co11i1111cta; § 100). l�rio ele voei usa te da un autore»; esp. léxico «caudal di voces, modismos y
99. Os verba si11g11la (§ 98) têm, respectivamente, um corpo de giros de un autor>, [port. léxico «dicionário da linguagem particular de
palavra (1) ou um conteúdo (2) : um autor> (Enc.), vocabulário «Conjunto de vocábulos de um modo geral,
1) O corpo de palavra (que, no sentido restrito, se pode chamar ou referido aos vocábulos especialmente empregados, p. ex., o vocabulário
«vcrb11111•) é a materialidade do signo linguístico, a qual se realiza, foneri de Eça de Queirós, etc.»]. Estas palavras pertencem ao estilo pessoal (§97).
camcnce, por meio do som articulado e percepúvcl, modo este que pode 100. No que diz respeito aos verba coni1111cta (§ 98) dispõe igualmente
ser substituído pela escrita, i. é, por meio de letras. o orador (autor), na sua memória (§ 99), de um tesouro de possibili
2) O conteúdo é a finalidade pretendida pelo sujeito falante com a dades para a formação de grupos de palavras, e é a partir desse tesouro
designação, finalidade que corresponde ao corpo de palavra. A ligação que ele faz a sua selecção, tomando em linha de conta o apt11111 (§ 48).
entre corpo e conteúdo de palavra está fi.xada, respectivamente, cm Este tesouro chama-se copia fig11rarr1111 (§ 47,4). - As possibilidades de
cada língua para cada corpo de palavra, se bem que os limites dessa formação, de que um autor, de facto, se aproveita, são, no que se lhe
fixação sejam pouco 1útidos. O sttjeito falante põe em acto esta ligação refere, tão características como as palavras isoladas (§ 99) que ele emprega.
fixada na língua, no momento em que, p. ex., de relaciona o corpo de 101. Nos parágrafos seguintes, tratar-se-á das 11irtutes elowtio11is
palavra ccavalo», que, na língua, se refere a todos os cavalos possíveis, (§§ 102-464) e dos genera eloc11tio11is (§§ 465-469).
I Capítulo
Virtutes elocutionis
(§§ 102-464)
106. Para o discurso a proferir oralmente (§ 45) , considera-se como 108. Os erros contra a p11ritas (§ 107) podem aparecer como licença
basilar, o uso linguístico oral (§ 105). - Para a literatura e poesia fornece (§ 94). Como o ensino da gramática (§ 92,1) compreendia leituras de
a tradição literária, por seu lado (§ 17), um uso linguístico fixado pela textos de uso repetido (§§ 1 4-19) classificados pela tradição literária
escrita e que varia conforme os géneros literários. Assim há normas com bons para a formação cultural e, como, além disso, esses textos
da co11s11et1ulo que diferem do uso actual da língua fa lada: de uso repetido muitas vezes provinham de um meio social diferente,
1) A a11ctoritas (&.Ç(wµ11., �(wcrn;; [port. a11toridade]) é o uso linguístico, notaram professores e alunos inúmeras divergências, que esses textos
considerado como norma, de autores de reconhecido valor (clássicos), cm si continham, cm relação ao uso linguístico (§ 104) que era ensinado
ou seja uma determinação da co11s11et11do, orientada historicamente para nos cursos de gramática nomiativa. Os professores explicavam essas
a tradição literária. Esta orientação historicizanrc contém, muitas vezes, em divergências, como lice11tia poetarum (§94) , que era justificada pela a11ctoritas
si uma condenação do uso linguístico actual e empírico (§ 105). Exemplos (§ 106,1) dos poetas e escritores : os barbarismos e solccismos (§ 1 07,1),
para esta vigência da a11ctoritas são o ciccronianismo moderno, desde que ao aluno eram imputados como erros, tinham de ser, na leitura
Petrarca, a fi..,ação da língua escrita italiana dos sécs. xvu-xvru, fundada de autores consagrados, aceites e desculpados (§ 94), como mctaplasmos
nos modelos literários do séc. XJV, e a fo<ação da língua escrita francesa (§ 1 1 8), tropas (§ 1 1 7) e figuras gramaticais (§ 126,2), e tinham de ser
do séc. XVIII, fundada nos modelos literários do séc. XVII, considerado admirados, como virt11s (apt11111 : § 46-l) : Mar. Vicrorin., gramm. frg.
como clássico. p. 35, 1 6 111111q11a111 ergo soloecis11111s exwsari potest : si a 11c1bis per i111prrule11tia111
2) A 11et11stas (<Xpxcxrcrµóc;, -.o &.px_cxrxov xwoc;; [port. arca s f 1110]) _fiat, 11iti11111 est; si a poetis 11cl oratorib11s affictate dicat11r, _fig11ra lorntic111is
consiste no emprego de formas linguísticas arcaicas, especialmente para cl appellat11r graece cr1.'ij. µ.o:. - Ibid. p. 37,3 barbaris11111s 11111/0 modo exwsari
obter a 11raiestas (§ 166,9) poética. Por conseguinte, também pode ultra potest: si a 11obis per i111prude11tia111 fiat, 11iti11111 est; si a poetiç 11e/ orarorilms,
passar a continuidade da tradição literária (§ 106,1) e ligar-se a modelos virt11s lowtio11is et appellatrtr graece µi::"t"cxnÀcxcrµóc;.
que na tradição já não vivem. A diferença entre ela e a a11ctoritas (§ 106,1) A p11ritas está em íntima ligação com a perspirnitas (§ 130), pois,
é, de resto, pouco definida e consiste, p. ex., no facto de a a11ctoritas caso aquela não for observada, também esta última, frequentemente,
procurar a distinção social (§§ 105; 166,4), ao passo que à 11et11stas está corre pengo.
inerente a intenção de um estranhamento (§ 84) mais acentuado.
107. Contra a p11ritas pode pecar-se por insuficiência ou por demasia
A) fo vcrbis si11g11lis (§§ 109-124)
(§ 95) :
1) O erro da insuficiência consiste no barbaris11111s (§ 1 18) e no
109. No domfrúo dos 11erba si11g11/a (§ 99), a palavra isolada pode
soloecis11111s (§ 126,1).
ser considerada, cm relação à p11ritas (§ 103), como wn todo (§§ 1 1 0-J 17)
2) O erro da demasia consiste na prtritas afcctada (§ 95,2), que aparece
ou consoante as partes que a compõem (§§ 1 1 8-124).
como «purismo• e em duas variantes :
a) O escritor ou poeta é um purista, que dá lugar inferior à impor
tância das restantes virtudes (§ 102), especialmente das do omat11s (§ 162) J) A palavra isolada, como um todo (§§ 110-1 1 7)
e da 111aiestas (§ 166,9) própria à poesia, cm favor da p11ritas (que, neste
caso, não está necessàriamentc, exagerada cm si mesma) : um tal purista 1 10. A palavra isolada, como wi1 todo (§ 108), está sob o domínio
não faz, deste modo, uso da lice11tia pocfaru111 (§ 94), cxactamcnte no da elcctio verborum (§ 99) e, portanto, tam�bém sob o domúúo da i11111111fatio
momento em que se devia servir desta lice11tia, para obter outras virt11tes verborw11 (§ 169,2).
próprias do género literário. - O poeta francês Malhcrbc tem o culto, 1 1 1. À exigência da p11ritas (§ 103) corresponde o 11erb11111 propri11111
p. ex., pela tendência de um tal purismo, ele que transportou para a (xúpwv óvoµ.o:), i. é, um corpo de palavra (§ 99,1), que pertence às exis
poesia os preceitos da prosa. tências idiomáticas dos corpos de palavra da língua cm questão e que
b) O escritor ou poeta é um purista, porque se atém severamente fornece ao orador o conteúdo linguístico (§ 99,2), que normalmente
à a11ctoritas e, em favor desta, despreza a co11s11et11do viva (mtúto especial caracteriza esse corpo de palavra no sistema da língua cm causa.
mente os estrangeirismos e neologismos, que nesta penetraram, assim 1 1 2. Contra a p11ritas chocam, no tocante às palavras isoladas:
como as construções estrangeiras ou inovadoras). Este purismo é perti 1) Corpos de palavras não idiomáticos (§§ 1 13- 1 1 6; 171).
nente, p. c..x., no tocante à língua literária italiana dos sécs. XVI-XIX. 2) Conteúdos de palavra não idiomáticos (§ 1 1 7).
122 123
1 13. Pode ser uma palavra de corpo de palavra não idiomático mos do latim e os latinismos das línguas modernas. - Quanto à «Smo
(§ 1 12,1) : nimia glosantc», vid. § 284.
1 ) Uma palavra, que não c.'";ste cm nenhuma língua, ou então que Posição especial dentro dos cstrangcmsmos têm as «palavras impor
jamais existiu: o uso de tal palavra designa-se como barbaris11111s (vid. tadas por tradução)) (que aparecem primeiramente como «neologismos•:
•
t Em port. b;I t:imbém que considerar o m.�gionalismo•, o qu:il, muito embor.i não seja de 1 Fr. colq11t •ttansposition d"un mot ou d'un.e construction (§ 126) d"une l:lllguc: dans une
origem dialectal, provém de domínios linguísticos diversos da Ungua norm:il. Vid. p. ex., Fialho, auttc:> (Cf. Ch. fülly, Linguistique généralc ct linguistique fr:mç:iisc:, 31950, p. 377); ingl. ralk ;
Contos (3.• cd.), p. 174 a nol'idade promrtia. No11id11dt, signific:i, como é habitual no AJcntejo, csp. it. calco ; [port. dtcolquej. -Car.ictcdstia é :i reprodução, muitas vezes crr:tda semântic;1 111cnte,
a produção, nova, de frutos, que estão para ser colhidos, podendo ser os frutos, :is azciron:is como :i que se faz do gr. a;!n��IX"Í) cc�se indiating the thing c;iusc:d by thc \'erb1 pelo lat. nm•sa
ou :is uvas. (N. T.). tí1111s (S 173).
124 125
histórico-geográfico e, portanto, «artificiais., tais como : fr. avecq11e 3) A supressão do fim da palavra chama-se apocope (à.r.o:v.o7ÓJ ; [port.
(§ 122,3) , je frémi (§ 123,3) . apócope ]). Neste tipo integram-se ow (Od. 1,392; parece que está empre
121. A alteração metaplásrica de corpos de palavra divide-se gado em vez de OWfL!X, mas, na realidade, é posslvelmcnte um advérbio
(§§ 122-124) segundo as quatro categorias de alteração (§ 58) . de lugar), mage (Acn. 10,481 ; por magis), Acl1illi (Acn. 1,30; por Achillis).
122. A adiectio metaplástica (§§ 59; 121 ; cf. Ar. poet. 21-22 - Nas línguas modernas usa-se frequentemente a apócope como meta
p. 1458 a-b) Jparccc cm três lugares (§ 59,1) da palavra : plasmo favorável à rima (§ 124) : it. pe (Purg. 33,8 por pede; rimando
1 ) A anteposição chama-se prosthesis, prothesis (7tp6afü:cnç, itp60c:aLç ; com me), fé (Purg. 7,8 por fede; rimando com se), fé (Purg. 1 2,45 por
[port. prótese]). Neste tipo integram-se as formas poético arcaicas (§ 106,2) fece; rimando com te; assim também Inf. 4,60) ; fr. eu cor ( Éto urdi 1,4,146;
twv (li. 1,290; por c:lv), g11aft1s (Erm. Cic. div. I,20,41 ; por 11at11s) ; esp. rimando com trésor; por e11core, sendo e11cor, propriamente, uma antiga
amatar (como palavra composta usada na poesia por 111atar); [port. ali111par forma prévocálica (i. é, usada antes, de palavra começada por vogal
(Lus. II, 42,5 As lágrimas fite ali111pa; por limpar)]. (N. T.]). - No fr. usa-se frequentemente, como mcraplasmo, na
2) A interposição chama-se epenthesis {t7tév6c:aLç; [port. epêntese]). 1 . • pcss. do ind. e na 2. • pess. do in1perat. dos verbos, a antiga forma
Neste tipo integram-se as formas poético-arcaicas (§ 106,2) n·fjÀ"l)LIÍOE(J) sem -s ( Étourdi 1,4,182 je sai rimando com blessé; 3,2,989 voi rimando
(U. 1, 1 ; por TI 11/,Etoou), Mavors {Acn. 8,630; por Mars), ind11perator com 111oi). Isto conduz à formação de metaplasmos «artificiam (§ 120)
(Lucr. 4,967; por i111perator); it. 11ivMa (por viMa); csp. coró11ica (por como je Jréwi (É tourdi 2,4,571 rimando com e11dor111i; por Jrémis); [port.
crónica) ; [port. Mavorte (Lus. I,41,3; por Marte), despois (Lus. ill,5,8; co (Lus. I,21,3, I,75,7; por com), w11i (Lus. I,85,4; por 11111ito; cf. l,86,6
por depois)]. 11111itos ]).
3) A posposição chama-se paragoge (mxpcxywyYj; [port. paragoge ]). 124. A i11111111tatio mctaplástica (§§ 62; 121 ) aparece como dialectismo
Neste tipo integram-se as formas poético-arcaicas (§ 106,2) otwvo'Lat tradicionalmente (§ 106,1 ) característico de um género literário (Od. 1,2
(LI. 1,5 ; por otwvo'i:c;), ad111ittier {Acn. 9,231 ; por ad111itti); fr. j11sq11cs Tpo(71ç por Tpo(«ç), ou como arcaísmo (Aen. 1 ,254 olli por illi): c( §§ 106,2 ;
(Baj. 1 ,4,387; por j11sq11e); it. fi1e (Inf. 25,58; por jr)), virt11te (Inf. 1,104; 1 1 5,3. - Nas línguas modernas o metaplasmo de origem dialcctal é
por virtr)); esp. i11.felice (por infeliz) 1 ; [porr. prod11ze (Lus. 11,4,2, 1.X,58,2; empregado como metaplasmo favorável à rima (cf. § 123,3) : fr. filio/e
por prod11zD. A proximidade de, p. ex., e11core e e11cor (§ 123,3) possibi
- (Étourdi 4,5,1567 rimando com parole; picardismo por fille11le); it.
lita metaplasmos «artificiais. (§ 120) como o de avecq11e (Tart. 5,1,1615) 1111i (Inf. 9,20 rimando com fi1i; sicilianismo por 11oi), fome (ln( 10,69
por avec. rimando com 110111e; bolonhcsismo por l11111e); (cm port. aparece este fenó
123. A detractio metaplástica (§§ 60; 12 1) aparece cm três lugares meno, p. ex., na poesia popular, cm que vemos o dialectismo biio (por bo111)
da palavra (§ 60,1 ) : a rimar com li111iio. Não conhecemos c.xemplos literários (N. T.)].
1) A supressão do itúcio da palavra chama-se apltaeresis (&q>cx(pc:atç; - Neste ripo integram-se também rimas alemãs como kõ1111e11 / verbre1111e11
[port. aférese]). Neste tipo integram-se «L"I) «terra» (Od. 1,41 ; parece {Goethe, Faust 1,365) , 11eige / Scl1111erze11sreiche (ibid. 3587), muito embora
que está empregada cm vez de y«("I) , mas, na realidade, é outra palavra), o metaplasmo não seja vis[vcl na escrita. (Em port. temos rcspectivamente
d�m «deixar cair cm gotas- (Od. 4,153; parece que está empregada em casos similares cm Pessoa, Autopsicografia, pp. 97-98, escreve / te11e e
vez de t.d�c:w, mas, na realidade, é outra palavra), tem11ere (Aen. 6,620; roda / corda. Para o último exemplo cf. rambém Lus. X, 88,4 e 6 lzorre11do
por co11te11111ere), mittere (Ter. Ad. 185; por omittere); ingl. 'tis (JC 1,2,54; / t11rb11le11to (N. T.)].
por it is) ; [port. tirando (Lm. I,91,1 ; por atirando) ].
2) A supressão de wn elemento pertencente à sucessão fonética B) Ili 11erbis co11i1111cris (§§ 125-129)
interior da palavra chama-se syncope (crur.1.07ÓJ; [port. síncope]). Neste
tipo integram-se -:-l7t"':E (II. 6,254; por ·rC 7toTE), repost11111 (Aen. 1,26; 125. No domínio dos verba co11i1mcta (§ 100) corresponde a p11ritns
por reposir11111); it. spirto (Inf. 26,47; por spirito); esp. espirt11 (por espfrit11); (§ 103) à sintaxe idiomàticamcntc correcta.
ingl. deceir/d QC 1,2,37; por deceived); (port. i(111)111igo (Lus. JV,29,6; por 126. O desvio que se faça da sintaxe corrccta (§ 125) chama-se:
i11imigo]). 1) Como erro (§ 95) : soloecisw11s (aoÀo�x�aµ.6c;; [port. soleciswoD·
t Na poesia csp. arc:iic:i, nos romanços, até no dia de boje, é n paragogc uma po55ibilidade 2) Como licença (§ 94) : figura, schewa (CT't_�µ.ix) «figura gramatical»
usual (primitivamente condicionada pelo dialecto) de alternar muitos fins de palavr:i. [O mesmo é (ge1111s �rammatic11111 schewat11m). Dentro deste tipo conca-sc também,
v:Uido para os romanços portugueses (N. T.)). muitas vezes, o metaplasmo (§ 120) . Por outro lado, também não é
126 127
rútido o limite entre figuras gramaticais (§§ 127-1 29) e as figuras de ser crível. A credibilidade, por seu lado, conduz ao sucesso da persuasão
palavra, propriamente retóricas (§§ 239-362). (§ 6). A perspicuitas é, portanto, uma condição do sucesso do discurso.
127. Costuma incluir-se, entre as figuras de retórica (§§ 126,2; 239), A perspicuitas tem duas esferas de realização : os pensamentos (1) e a
as figuras da adicctio, da detractio e da tra11sm11tntiv (§ 58), quando respei formulação linguística (2) :
tantes ao donúnio dos verba C(l/li1111ctn (§ 125). As figuras gramaticais da 1) A clareza dos pensamentos consiste na suficiente diferenciação
i111m11tatio (§ 58) dizem respeito aos domínios gramaticais das classes de (oposição) e no suficiente encadeamento dos pensamentos, que (como
palavras (§ 128) e da formação das formas (§ 129), enquanto as figuras retó res) desenvolvem a materia (§ 40) e que devem provocar o sucesso do
ricas da i11111111tatio são representadas pelos sinónimos e tropos (§§ 170-236). discurso (§ 6). Esta clareza pertence, por conseguinte, ao domínio da
128. Os sc/1cmatn per partes oratio11is consistem na i11111111tntio das i11veutio (§ 40) e da dispositio (§§ 46-90), que se refere aos pensamentos.
classes de palavras (§ 127) e da seguinte maneira: Ela é tradicionalmente tratada, as mais das vezes, com a uarratio (§ 43,2),
1) Na troca de classes de palavras, p. ex., no emprego do neutro e isto juntamente com a sua finalidade funcional e partidária de criar
do adjcctivo em vez do advérbio (Aen. 7,399 torr111111q11e repe11te clama!); a credibilidade (probabile, § 43,2).
2) No emprego, idiomàricamentc incorrecto, de partículas impor 2) A clareza da formulação linguística (ser1110 111a11ifest11s, scri110
tantes no aspecto sintáctico, p. ex., na construção conjuncional sed e11im apert11s; crat:qr�c; Ãé�Lc;) é a continuação da clareza dos pensamentos no
(Acn. 1,19; Quint. 9,3,14). donúnio da elocutio. Esta clareza é obtida, se, o que o orador quer dizer
129. Os scltemata per nccide11tia partib11s oratio11is consistem na i11111111- (volimtas) , for compreendido pelo ouvinte, tanto no domínio da totalidade
tntio das formas declináveis (§ 127). Podem distinguir-se : da 111ateria (§ 29), que se refere dircctamente ao sucesso do discurso (§ 6),
1) Sche111n per ge11era (Gcorg. 1 ,1 83 Clettlis cnpti... tnlpnc; Ecl. 8,28 como no domínio das res (§ 40), transformadas cm materia e até em cada
timidi. . . da11111ne) . frase e na sua estrutura. Daqui resulta para a elocutio um tratamento
2) Sche111a per 1111111eros (§ 192; Aen. 1,212 pars i11 fmsta secn11t). da clareza iu vcrbis si11g11lis (§§ 134-159) e i11 verbis co11i111ictis (§ 160-161).
3) Sclie111a per cns11s, que também se chama n11tiptosis (&.v-rbt-rcucnc;; 131. Os erros (§ 95), que se cometem contra a perspicuitns (§ 130),
[port. nllfiptose ]) e que, p. ex., consiste no emprego do abl. pelo dat. podem consistir na insuficiência (§132) e na demasia (§ 133).
(Aen. 6,727; cf. Scrv. ad loc.), no emprego do dativo pelo ablativo 132. O erro da insuficiência (§§ 95, 1 ; 131) cm res (§ 130,1)
(Ecl. 5,8 tibi cerlet ), no emprego do acusativo grego de relação em latim. e verba (§ 130,2), que se comete contra a perspicuitns, chama-se obscuritas
(Aen. 1 ,320 1111dn ge1111 11odoq11e si1111s collecta jl11e11tes; 9,478 ; 12,606; 3,545 ; (cnrn-re:w6v) e aparece em duas variantes :
5,309), na hypnllage ndiectivi (§ 315), no emprego do dat. pelo ac. 1) Há urna obsc11ritns sem. direcção, caso o tc.:>.."to não permitir,
(Tell 4,3, 1609 Ar�f dieser Bn11k vo11 Stci11 1vill ich wicli setze11 ). de maneira alguma, a sua compreensão, tal com.o acontece, cm casos
4) Schema per trmpora (p. ex., o presente histórico; § 369). extremos, por causa de estar redigido numa língua estrangeira, ou, no
5) Sche111a per modos (p. ex., no emprego do ind. pclo conj.: tocante à prommtiatio (§ 45), devido ao orador falar muito baixo. Mas
Aen. 1 1 , 1 1 2 11ec 11c11i, 11isi fatn lowm ... dedisse11t) . este género de obscuritas aparece também fora destes casos extremos e
6) Schewa i11co11venie11tiae, que consiste na construção sintáctica também em. textos escritüs.
de frases que não podem concordar do ponto de vista sintáctico-semân 2) Há uma obswritas indecisa quanto à direcção, caso o tc.'<to
tico (p. ex., no zeugma e na hypnllage adiectivi: § 315; 324). deixar em aberto duas (ou mais) possibilidades de compreensão, as quais
se contradizem de maneira relevante para o interesse partidário (§ 46)
ou também, sem uma tal relevância, quer por causa da ambiguidade
li) Perspicuitas (§§ 130-161) de palavras isoladas (§ 145), quer devido à ambiguidade da sintaxe
130. A perspicuitns (ao:<pf,'JZ�o:) 1 consiste na compreensibilidade (§ 16 1 , 2) . Esta ambiguidade chama-se a111big11itas (n111phibolin, &µ<p1�ol.te<).
intclcctuaJ do discurso. A compreensibilidade intelectual é, ela própria, Cf. § 33,2.
condição prévia da credibilidade: só aquilo, que é compreendido, pode 133. Os dois géneros de obsc11ritas (§ 132) podem aparecer como
erros (§ 95) e como licença (§ 94).
1 Fr. clnrtl mcttcté, cn parlam des id�cs et dcs cxprcssionS>; ingl. clramtss, ptrspimity •clC2mcss
A obsmritas (parcial ou gradual), que aparece como licença, é uma
of statcmcni or cxposition•; ir. c/Jiarezza, perspimitil ; esp. daridad, perspicuidad; [port. dareza, perspi
cuidade «clareza na explic.i<jão, expressão e limpidez de cstilo»].-Cf. H. Wcinrich, Zcit5chrifft f'ur
Íilllção das duas outras virh1tes (omat11s e apt11111: § 102). É que tuna perspi
ronmi. Philol. n, 1961, pp. 528-5-H. c11itas exagerada pode parecer uma /111111ilitas elocutio11is (§ 464), não ade-
128 129
quada ao género literário ou ao público ; tem de ser evitada por um cada coisa correspondia uma única palavra e a cada palavra uma única
certo grau de obswritas. coisa. Este caso ideal de relação unívoca chama-se relação «Ull.Ívoca
A obsc11ritas, como licença, julga o público, que, por isso, se sente individual..
honrado, capaz de desempenhar um certo grau de colaboração na obra 136. Este caso ideal (§ 135) é aparentemente obtido nos notnes
do artista. Este corúcrc à sua obra certas obscuridades e del.xa ao público próprios (110111e11 propri11111, xúpto'' Õ•Joµ«). Porém, nomes próprios que
a elaboração do estádio final da obra : a clarc2a, que a obra depois adquire, designem exclusiva e individualmente uma coisa ou pessoa [talvez Estoril
é, dessa maneira, o fruto do trabalho do público. A obswritas, cuja para designar uma estação balneária perto de Lisboa {N. T.)] 1 são raros e
solução é deixada ao público, é um fenómeno do estranhamento (§ 84). de uma frequência limitada no discurso, o que está relacionado com o
A obscuritas é particularmente procurada no preciosismo (§ 166,4). facto de que uma distribuição da designação de tudo o que é, cm
Os tropos (§ 174) constituem especialmente uma obswritas indecisa palavras individuais, nem corresponde à própria realidade nem à neces
quanto à direcção (§ 132,2), a qual serve, dentro do omat11s, ao estra11lia- sidade da dominação humana da realidade (§ 137).
111e11to (§ 84), ao passo que, p. ex., cm sentenças oraculares, eles servem, Além disso, é provável que cada nome próprio, numa altura qualquer,
como meios de táctica oratória (dissi11111latio : § 430,2). seja utilizado para a designação de outras coisas ou pessoas e entre,
Há, portanto, para certos géneros literários a possibilidade de uma assim, ainda mais na equivocidade (§ 152). Muitas pessoas, p. ex.,
demasia (§ 131), quanto à perspicuitas : enquanto, p. ex., num discurso que têm o nome de Pedro, nada mais têm em comum a não ser
partidário (§ 6), é geralmente imprescindível o mais alto grau de perspi o mesmo nome. O nome próprio equívoco distingue-se, desta
witas, este mesmo grau máximo de perspicuiras faria de certas obras maneira, do apelativo unívoco, que visa uma comunidade real de
poéticas, por causa da l111111ilitas (§ -+64), verdadeiras sensaborias. indivíduos (§ 138).
Para certos nomes próprios que são comwtS a vários indivíduos,
pode defender-se a opinião de que a comunidade não está só no nome,
A) !11 11erbis si11g11/is (§§ 1 2+-1 59) mas também num campo de uma realidade especial, p. ex., no padroado
do apóstolo Pedro, que vale para todos os portadores do nome de Pedro
134. Nos 11erba si11g11/a (§ 1 30,2) a perspicuitas é obtida, caso a palavra e que lhes corúerc um carácter particular. Uma variante desta comunidade
isolada, proferida (ou cscrira) pelo orador designar, com sucesso (§ 1 30,2), é também visada na antonomásia inversa (§ 207). - Esta densificação
a coisa (res) pretendida, 110/1111tate, por este (§ 99,2) e, de tal maneira da realidade, referente à comunidade dos portadores do mesmo nome
que essa mesma palavra isolada rcprodu2, quando é ouvida com segu próprio, é contrária ao nominalismo, que nega até a realidade dos
rança pelo ouvinte (ou lida pelo leitor), a mesma coisa, como conteúdo universais (§ 141 ,2). - Seja como for: o facto de o mesmo nome próprio
de imaginação. A segurança desta relação entre a palavra isolada que ser usado por vários indivíduos, impede a ideal unívocidade individual
é dita e a que é ouvida, chama-se «relação wúvoca• (§§ 135-141) . À relação (§ 1 35).
unívoca contrapõem-se as relações não-unívocas (§§ 142-159). 137. Se cada coisa individual fosse designada por um nome próprio
As relações, que, nos parágrafos seguintes (§§ 1 35-159), são cons unívoco individual (§ 1 36), tal facto daria à língua um carácter muito
tatadas para a classe de palavras dos substantivos, podem ser transpostas caótico (RSpr 1, p. 15) devido ao seguinte:
anàJogamentc para outras classes de palavras. 1) Porque a riqueza e a mudança do corpo linguístico poria em
perigo a função social da língua (efectivamente, com cada maçã, que
se comesse, ficaria inutilizada uma palavra : § 177,1);
1) A relação unívoca (§§ 1 35-141) 2) Porque uma tal língua não tomaria em conta a realidade dos
universais (classes, géneros) e, de uma maneira geral, a ordem do ser,
135. O caso ideal de uma •relação wúvoca» (§ 1 34), asseguradora a qual deve ser aceite como real, ou pelo menos a necessidade humana
da perspiwitas, seria obtido, se cada w11a das coisas (res) ou pessoas, de uma donúnação do ser.
visadas (110/1111/as) pelo orador, fossem designadas por uma palavra 1 38. Daqui resulta (§ 137) a necessidade de uma designação dos
(11erb111u) que, na cous11et11do (§ 104), só correspondesse a essa mesma coisa wúversais. As palavras que designam os universais e que podem ser
ou essa mesma pessoa, e se o ouvinte reproduzisse a coordenação
dessa palavra com a coisa visada, porque, na língua cm questão, a 1 O A. co01idcra o topónimo E11pt1,1 cidade belga d:is proximidades de Aat.hcn (N. T.).
9
130 131
utilizadas para as concretizações individuais dos universais, chamam-se 2) Apelativos (§ 138} são considerados apelativo-unívocos (§ 138}
apelativoD (110111e11 appellativ11111, r.po<rtjyopLxov 6voi-ux} 1 • para coisas individuais ou pessoas individuais da classe que o apelativo
O caso normal (abstraindo dos nomes próprios: §136} de uma relação designa. A indicação da coisa individual ou pessoa individual, que é
unívoca (§ 134} é, portanto, a relação apelativo-unívo� a qual con visada pela designação da classe, faz-se pelo contexto («Situação•) linguís
siste em que a comunicação, entre o sujeito falante e o ouvinte (§ 134), tico e extra-linguístico, sobretudo por meio de sinais (§ 150} actualizantcs
se faça por intermédio de wn apelativo que visa a coisa, relação essa e individualizantes, como o artigo, um pronome demonstrativo ou
que é comum, segundo o género, a todas as concretizações individua;s um advérbio («esta maçã aqui»). - Os apelativos devem, além disso,
possíveis da classe. satisfazer à p11ritas, que põe, como condição, os verba propria (§ 1 1 1}.
Para exemplificar os processos de comunicação, é preferível substi 3) A substituição (i11111111tntio : § 169,2) de um nome próprio unívoco
tuir a duplicidade sujeito falante / ouvinte (§ 134} pela dupla realização, (alínea 1), ou de um apelativo unívoco (alínea 2), por meio de uma outra
no discurso, do mesmo corpo de palavra. Se o sujeito falante visar, designação, pode ser realizada por um sinónimo (§ 170} ou por um tropo
portanto, na dupla utilização do mesmo corpo de palavra («maçã»} para (§ 174}. O tropo :fica afectado por uma equivocidade (§ 145), que é
coisas individuais diferentes (duas maçãs}, o que é comum, segundo o permitid a pela licença :
género, a estas coisas, temos diante de nós uma palavra, que, no tocante n) A substituição de um nome próprio unívoco («Homero.} por
a estas coisas, é apelativo-unívoca. O apelativo «maçã» é, portanto, um apelativo («O poeta.) é uma antonomásia (§ 204) .
nos dois corpos linguísticos cesta maçã aqui> / caquela maçã acolá>, uma b) A substituição de um apelativo, que serve para designar a
•palavra apelativo-unívoca», caso as coisas apresentadas como maçãs classe ou um indivíduo dessa classe (ca maçã», caquela maçã, ali.), por
forem realmente maçãs. O acréscimo, que indica o apelativo, é geral meio de um apelativo, que designa o género («o fruta., «aquele fruto,
mente suprimido, de maneira que miaçã», no exemplo, é simplesmente ali•), é uma sinédoque (§ 194}.
designada como «palavra unívoca> (1mivoe11m, cruvwvuµ.ov [LSc s. v., II)}. 141. Na prática das línguas pressupõe-se, filosoficamente, um
- Cf. § 142,1. crealismo• (1) dos universais (classe, género, etc.), ao passo que o nomi
139. O emprego de palavras apelativo-unívocas (§ 138}, que nalismo (2) e o conceptualismo (3) limitam a realidade dos universais
sublinha melhor o carácter da univocidade, encontra-se na função predi numa medida que não pode ser acompanhada por um conhecedor médio
cativa (cf. também § 141,3}. Nesta função, uma palavra apelativo-unívoca da língua:
pode ser empregada em dois graus: 1} O crealismo• atribui à comunidade dos indivíduos (§ 138),
1} A designação de classe, apelativo-unívoca, é, como nome predi que é expressa pela unívocidade dos apelativos, uma realidade (qualquer
cativo, comum a várias coisas individuais da classe : «esta coisa é uma que seja a sua descrição}.
maçã», caquela coisa também é uma maçã». 2} O cnominalismo• compreende os apelativos, que, na opinião
2} A designação de género, apelativo-unívoca, é como nome dos realistas, são unívocos (§ 138), só como 110111i11a propria equívocos
predicativo, comum a várias classes (supra-individuais) da coisa : •a maçã (§ 136) : para um nominalista extremo, uma maçã tem tanto cm comum
é um fruto», «a pêra também é um fruto». com outra maçã, como dois portadores quaisquer do nome Pedro (§ 126)
140. Fora da função prcdicativa (§ 139), para o valor unívoco têm, mas só neste nome, alguma coisa em comum, sendo de acrescentar
de palavras, que assegura a perspiC11itas (§ 134), tem validade o seguinte : que, p. ex., também um cão poderia ser portador do nome de Pedro.
1) Nomes próprios (§ 136} são unívocos (§ 135}, na medida em - Cf. § 152.
que não são equívocos (§ 136} devido à sua aplicação eventual para coisas 3) É medianeiro entre o realismo e o nominalismo o cconceptua
e pessoas diferentes no mesmo meio ambiente e contexto. lismo•, que atribui aos universais pelo menos uma realidade conceptual,
que, como tal, está limitada à função predicativa (§ 139).
1 Fr. 110111 'º'"'"'"' cnom qui convicnt 3 tous les individus de la m€me espke», s11b.sla11t�
apptllatlf, apptlla1if; ing. commo11 (tum) o:applicable to cach individual of a dass or group>, oppdative 2) As relações não unívocas (§§ 142-159}
1101111, appdali11t; it. no111t con11mt, nomt apptlla!ivo, apptllati110; esp. 11ombre común, nombre aptla/ivo,
aptlativo, 110111brt gt11bico ; (port. apdati110 edcsignativo do nome ou o próprio nome: aplicável a qual 142. Para a determinação das relações não unívocas (§ 134) pode
partir-se do princípio de que a relação apelativo-unívoca é definida pelo
quer componente de uma espécie ou classe e que também se chama substa11ti110 ou 11omt: mesa, rio,
monte, homc:m sio iubstanúvos ou rromts apdativos ou co m111]1.11 . facto de dois (ou mais) corpos de palavra (§ 138) concordarem tanto na
132 133
forma do próprio corpo de palavra, como também no conteúdo con a) Se a substituição se fizer dentro do quadro convencional, o resul
ceptual, que é comum a diversas coisas individuais. Daqui resultam, tado é um tropo (p. c..-x . , a substituição de «herói» por «leão•, de cvalente»
portanto, para a relação de dois corpos de palavra e dos conteúdos con por «cobarde»; §§ 174-236).
ceptuais, que com eles estão relacionados, as seguintes possibilidades: b) Se a substituição se fizer fou do quadro convencional, então
1) Na relação unívoca (§ 138), concordam dois (ou mais) corpos haverá urna obswritas viciosa (p. ex., na substituição de «herói» por «porta
de palavra tanto na forma dos corpos de palavra, como nos conteúdos de armário» ou por tpoup:u), embora haja, com certeza, poetas, que
conceptuais que estes corpos de palavra exprimem: Rhet. min. p. 591,12 tentam enveredar por caminhos não trilhados (§§ 176, 1 ; 385,3).
ilia a11te111, q11ae et 110111i11e et defi11itio11e (conteúdo conceptual) co11sentiimt, 144. Nos parágrafos seguintes (§§ 145-159), serão tratadas as três
1111 ivoca dici111t11r. relações não unívocas (§ 142,2-4), observando-se cada uma separa
2) Na relação equívoca (§ 145), concordam dois (ou mais) corpos damente.
de palavra na forma dos corpos de palavra, mas não nos conteúdos
conceptuais, que estes corpos de palavra exprimem : Rhet. mio p. 591, 20, .
aeq11i11oca s1111t dieta, q11od, q11am11is defi11itio11ib11s (conteúdos conceptuais) a) Relação eqwvoca (§§ 145-152)
diste11t, aeq110 ta111e11 11ocab11lo 11011c11pe11h1r.
3) Na relação multívoca (§ 153), concordam dois (ou mais) 145. Uma relação eqwvoca (§ 142,2) consiste, p. ex., entre as pala
corpos de palavra nos conteúdos conceptuais que estes corpos de palavra vras francesas vers cvermes» e vers cversoS»: as duas palavras são (na ter
exprimem, mas não na forma dos corpos de palavra: Rhet. nún. p. 591,9, minologia latina) «eqwvocaS», ou (na terminologia grega) «homónimas»
illa vero, q11ae defi11itio11e (conteúdo conceptual) co11gn11111t, 110111i11ib11s separa11- (aequivocum, homonymum, óµwvuµov) 1 Cf. ainda § 143,3. -
t11r, 11111/tivoca 110111i11a11t11r, ui stmt «gladius-, «ensis». Cf. Plat. Prot. p. 329 c-d. 146. A univocidade (§ 142,1), que corresponde à situação, é uma
4) Na relação diversívoca (§ 157), não concordam os dois (ou condição do discurso (§ 134), que, por sua vez, corresponde à fwição
mais) corpos de palavra nem na forma dos corpos de palavra, nem tão que a língua tem de se fazer compreender. A equivocidade (homonímia),
-pouco no conteúdo conceptual, que esses corpos de palavra exprimem: pelo contrário, põe em perigo a perspie11itas do discurso e não corresponde,
Rhet. mio. p. 591, 16 ilia 11ero, q11ae 11eq11e 110111i11e i1111g1111t11r 11eq11e defi11itio11e
.
por consequência, à função que a língua tem de se fazer compreender.
(conteúdo conceptual) co11se11ti1111t, l111i11s111odi s11111 q11ae 011111ino a se discrepe11t: Assim, a equivocidade é interpretada como um fenómeno caótico do
haec 11oca11h1r diversivoca, 111 est «ig11is, aer, aq11a, terra»; his e11i111 11eq11e eade111 acaso (Ar. eth. Nic. 1,6,12 p. 1096 b &r.o "t"Ú)'..YJi;), referente ao sistema
110111i11a s1111t 11eq11e ide111 ter111i11i (definições). Cf. Plat. Prot. p. 329 c-d. lingwstico em questão. Para o pensamento histórico, este acaso é um
143. Para a perspiwitas (§ 134), deve fazer-se a experiência por fenómeno da história linguística concreta : a equivocidade deriva-se
meio da substituição (i11111111tatio : § 169,2) : de urna mudança do conteúdo (§ 147) e de uma mudança do corpo de
1) Quanto à relação unívoca (§ 142,1), tem a substituição, como palavra (§ 148). A paronomásia (§ 277) é uma equivocidade parcial.
-
resultado, a identidade do corpo de palavra e do significado da palavra, 147. O conteúdo de palavra (o significado de palavra) altera-se
de maneira que a perspiwitas fica mantida da melhor maneira (§ 134) : (§ 146) por meio dos tropos (§ 174), que trazem consigo uma equi
a palavra •maçã» pode se.r substituída pela palavra «maçã», sem dar origem vocidade do corpo de palavra. Esta. equivocidade aparece nos seguintes
a um mal-entendido. casos:
2) Quanto à relação multívoca (§ 142,3), a perspirnitas também 1) Entre o conteúdo do 11erb11m propri11111 e o conteúdo do tropo
não corre perigo (§ 154), se bem que se possa recear um desvio, dentro (Jat.Jerrum «ferro como meta!./«espadat [como tropo poético: § 174; 197];
de outros campos: a palavra «cavalo» pode ser substitwda, sem grande
mal-entendido, pela palavra «roei.nu. 1 Exemplos par.a homonimia trópica (S 147): Ot'.Iycç cabras; ondaso; m11.sm/us •pequeno
raro; múscul0t; fr. ptlolo11 movclo; pclotJ0t; ingl. ""'"� trato ; carne musculosa.o; (port. palmo
3) Quanto à relação eqwvoca (§ 142,2), resulta, no caso de uma
superfície inferior da mão; ramo de palmeirv.J Exemplos pu-a a homonimia originada pela
substituição (possível para o ouvinte), um a obsrnritas, indecisa no tocante coincid�ncia d e diversos corpos d e p a l a v r a (§ 148): cixT7j 1promont6rio, trig0t; moros11J
à direcção (§ 132,2). «teimoso (de mos); duradoiro (de moro)>, cat/11111 •cinzel ; cém; fr. '1ollt 1molho (p. ex., de rabanetes) ;
4) Quanto à relação d.iversívoca (§ 142,4), resultam, no caso de bota ; es�cie de barril•, pà� «tirar o pêlo (de poil), descascar (de pta11)•; ingl. l>ottlt •garrafa; molho
(p. c:x. de palh3)>; (port. canto •canção> (de ca11tar). dngulo de: uru3 = ou de uma mesa> (prove
substituição, dois tipos de obswritas (§ 132,1) sem direcção (ou indecisos
quanto à direcção): niente de origc:m controversa)].
134 135
fr. la111e climina de fac:»/«onda que se estreita à maneira da limina de intermédio da palavra equívoca (Quint. 8,2,13: disti11g11ere). Há dois
wna fac:» [como tropo habitualizado: §§ 178; 228). sinais que servem para essa diferenciação (§ 180) :
2) Entre vários conteúdos trópicos do mesmo corpo de palavra 1) O sinal mais geral é a situação do discurso (§ 4), que é dada
(«gémeos, como dois irmãos, ou como músculo da perruu, «Gémeos, pelo discurso e juntamente com o discurso, tal como a situação dentro
como signo astral.). do discurso (o contexto). A situação do discurso e o contexto decidem,
148. A transformação dos corpos de palavra (§ 146) pode conduzir p. ex., no caso do fr., se [le �e11) (§ 148) significa ccadeiaS» ou «car
à igualdade fonética (frequentemente também gráfica) de dois (ou vários) valhos..
corpos de palavra genetica e semânticamente diferentes. A transformação 2) Quando o sinal mais geral (alínea l) não é considerado suficiente,
pode consistir: 1) na alteração da composição fonética dos corpos de então o sujeito falante reforçará expressamente o contexto (alínea 1),
pala.Yra («Lautwandel» RSpr, §129): fr. vers •versos/vermes» (§ 145); por meio de acrescentamentos, que têm o valor de um sinal : comentará
[le se11] eles chênes les chênes» (Bally, p. 392); - 2) no aumento do (Quint. 8,2,13: interpretari), glosando (§ 284), o corpo de pa1avra equívoco
conteúdo do corpo de palavra por meio de empréstimo (fr. ca11011 [le s.,e11], por meio de um sinónimo (§ 170) ou de um tropo (§ 174; les
«cânone/canhão») e de criação recente (fr. dépister «retrouver la piste» chê11es, ces bea11x arbres [sinédoque, § 194]). [No exemplo, tirado de
[ constnúdo por imitação de déco11 vrir)/cdé courner de la piste» [construído Castilho (§ 149,2, n.1), vemos que o autor reforça o corpo de palavra
segundo o modelo de déro11ter)). equívoco por meio de um sinónimo: filou . . . pegou-lhe (N. T.)].
149. A equivocidade (§§ 147-148) de ambas as classes constitui 151. Quando o sinal mais geral (§ 150,1) não é considerado sufi
um erro (§ 95) contra a perspimitas (§ 132), podendo, no entanto (como ciente e, por outro lado, o comentário glosante (§ 150,2) é considerado
todos os erros), em consequência de uma licença (§ 94), encontrar apli complicado em demasia (p. e.'X".,devido à necessidade de empregar fre
cação como recurso aróstico assim como pode encontrar «cura» na língua quentemente o conteúdo de palavra, ao qual teria sempre de acres
de todos os dias (§ 178; necessitas) por meio da situação do discurso (§ 150). centar-se uma interpretação), então evita-se a palavra equívoca
Como recurso artístico utiliza-se: (Quint. 8,2, 13: vitare) , que é substituída por uma outra palavra que
1) A equivocidade, condicionada pelo conteúdo de palavra (§ 147), não corre o perigo da equivocidade, ou que, pelo menos, o corre em
a fim de obter estranhamento estético (omat11s : § 164) ou estranhamento menor grau (i11111111tatio : § 1 69,2). A outra palavra pode ser :
determinado pela táctica do discurso (dissimulatio: § 430,2), e ocasio 1) Um sinónimo (§ 170) ;
nada também por necessidade (11ccessitas: § 177). 2) Um tropo, especialmente quando a equivocidade é condicionada
2) A equivocidade, condicionada pelo corpo de palavra (§ 148), pelo corpo de palavra (§ 148), de modo que, por conseguinte, uma
a fim de obter o gracejo (ridic11l11111: § 69) 1 e o estranhamento que serve classe de equivocidade (§ 147,2) seja curada por outra classe de equivo
à táctica do discurso (dissi11mlatio : § 430,2). cidade (§ 147,1). Foi este o caminho seguido, p. ex., pelo dialecto gascão,
150. A equivocidade necessita, quando é empregada como recurso que substituiu a palavra *gat «galo• ( < gallus) por uma metáfora social
artístico, a fim de obter estranhamento estético, ou quando é empregada 11ig11ier «alcaide ( < vicarius), porque gat ( < cattu) já significava «gato-..
por necessidade (§ 149,1), de uma certa atenuação (re111edi11111: § 90), - Cf. §§ 178,2 b; 179.
que garanta a perspicuitas. Esta atenuação é um sinal (§ 180), que serve 152. São equívocos (§ 136) os nomes próprios, que são comuns
para distinguir o conteúdo de palavra, que se pretendeu, do conteúdo a vários portadores, sem que esses portadores, no entanto, tenham algo
de palavra que nã.o se pretendeu, mas que, no entanto, se evocou por mais de comum senão o nome. A equivocidade, todavia, cura-se frequen
temente por meio da situação ou por meio do contexto (§ 150) : o nome
1 C( Bally p. T/6 § 453 (calonbour •jogo de p:Uavraso). Exemplos : Mol. Fcmmcs sav. 2,6,491
Pedro, que é comum a muitos portadores, só se refere, p. ex., numa famí
Vt
11
x-t11 lo11tt ta vit olfmsa la grammairt [grãm�]? / Q11i parlt d'o
lftt
rsa gra11d-111�rt ni graml-Frt / ... lia determinada e devido à situação, apenas ao membro, que, na família,
rt-Stt1S par loi; JC 1,1,14 a mmder ofbad solts (esolaso, que tem som igu:a.1
•Crammairti> est prist à co11t tem esse nome. - Cf. § 141,2.
ao de so111s calrmst); 3, 1,207-208 (lrart .veado>, /1earl •coração>) ; (port. ca/m1bo11r corresponde, de
certa maneira, ao trocadilho, no qu:il, todavia, n3o � ncccssirio que as p:Uavns tenham um som
absolutamente igual, p. c.x., Vicir.a, IV, 421 As 111ag11t1a atraem o fe"o t os magnates o ouro. Como b) Relação multívoca (§§ 153-156)
calm1bo11r, podemos comidcrar CMtilho, Sabichonas, Tll,2, p. '106: fi-/o (um soneto) a 111110 tra11ra
...
preta, fusc intcrprec;ida por D. Andrcza da scgwnte maneira: 11111 calemburftliz: ji/011 a tra11ça preta, 153. Uma relação multívoca (§§ 142,3 ; 143,2) existe, p. ex., entre
as palavras lat. gladi11s «espada. e e11sis «espada.: ambas as palavras são
assim como q11m1 diz: ptgo11-llrt por ali (fi-lo do v. fazer e filou do v. filar c:igarnn)]. - Cf. § 166,6.
1 36 137
«Slllonimast (sy11011y11111111 (Scrv. Verg. Aen. 2,128); auvwvuµov). [Ar. e) Relação diversívoca (§§ 157-159)
rhet. 3,27 p. 1405 a), 7toÀuwwµov 1 (cf. Plot. Prot. p. 329 c-d) .
154. A concordância de;- significado (§ 143,2) de palavras sinónimas 157. Uma relação diversívoca (§§ 142,4; 143,4) é possível cm
nunca é, todavia, completo, mas é sim uma ftmção da exigência de várias classes de diversidade.
exactidão, que se determina entre o sujeito falante e o ouvinte (ap/11111 : 1) A diversidade mais restrita consiste na oposição dos géneros
§ 464), exigência essa que também é um fenómeno da situação (§ 4) (p. ex., ig11is, aer, aq11a, terra : § 142,4), que pertencem a uma classe comum
(�horizonte de cspectativa» Errvart1111gsl1orizo11t) . (p. ex., cle111e11ta ). A oposição entre duas classes opostas de um género
A diferença de significado, que inclui também a que existe entre é expressa por meio de duas palavras de significação oposta («belo•/«Íeiot;
sinónimos, chama-se differe11tia (7tcxptxllor.fÍI) e aparece cm dois donúnios: «rico•/«pobre»; «tudo•/madai1). Essas paJavras são designadas, na moderna
1) A diferença de significado pode referir-se ao conteúdo con terminologia como •antónimos• (fr. a11to11y111e «mor gui a un seus opposé
ceptual. Por isso, existe, p. ex., 'entre as palavras «bcnsit e •propriedade», à celui d'un autre» ; ingl. a11to11y111; esp. [rorc. a11tó11i111v «vocábulo de
uma diferença de significado (cf. também § 171). Na linguagem jurídica, significação oposta à de outro•]).
a exigência de exactidão é grande (cf. o status .fi11irio11is: § 31,3) e em har 2) As classes de diversidade mais simples podem desprender-se
monia com a situação (§ 4), de maneira que se tem de pôr cm relevo de roda e qualquer comunidade («poupa, armário, filologia.) e até da
a diferença de significado entre as duas palavras: «bens» e «propriedade» comwudade de classe vocabular («poupa, frcquc11temcntc, dezassete,
não podem ser empregadas como sinónimos, mas têm de distinguir-se louvan).
rigorosamente (i. é, têm de opor-se), de tal modo que sejam francamente 158. A substituição, como tropo (§ 143, 4 a) é possível (§ 175)
contrários (cantónimoS») e, portanto, tenham de ser incluídas no domínio para os géneros de diversidade (§ 157) mais rescritos e para os mais
diversívoco (§ 157). Por seu lado, na linguagem quotidiana, sem implica !atos.
ções com o direito, é pequena a exigência de cxacridão, de tal forma 159. A relação divcrsívoca emprega-se nas figuras da acumulação
que cbens• e «propriedade» podem ser empregados como sinónimos. (§§ 293-316; 345), processo pelo qual o alargamento das classes de diver
- Quanto à substituição sinoním.ica partidária, cf. §§ 75, 1 ; 172. sidade (§ 1 57,2) provoca a complicação semântica do zeugma (§ 325).
2) Mesmo quando não devia existir uma diferença de significado - Cf. também § 173,2.
no conteúdo conceptual, é possível uma diferença cm relação à co11s11ct1�do
linguística (§§ 104-106). Esta diferença pode ser usada como estranha .B) fo verbis co11i1111ctis (§§ 160-161)
mento (§ 84) e pode usar-se como função dos ge11era elowtio11is (§ 465).
Por esse motivo, o lar. e11sis pertence a um ge1111s elowtio11is mais elevado 160. Nos verba co11i111rcta (§ 130,2) atinge-se a perspic11itas, 110 momento
(poético) , do que a palavra corrente gladius (§ 1 53) . - Cf. § 171. cm que a perspicuitas, já dada nos verba si11g11/a (§ 1 34), é expressa de tal
155. Se uma palavra unívoca for substituída por um sinónimo modo, por meio da realização de frases e grupos de frases, que o con
(§§ 143,2; 151,1), nessa altura, esse sinónimo vai contra a perspic11itas teúdo (res) da intenção de comunicar (vo/1111tas) , por parte do sujeito
(§ 134), desde o momento que o seu conteúdo conceptual não corresponda falante, é entendido (§ 47,1) pelo ouvinte, como pane ftmcional da
às exigências de exactidão pedidas pela situação (§ 154,1). O sinónimo intenção total do discurso (� 6).
vai contra o ap/11111 (§ 464), quando não corresponder (§ 154,2) ao ge1111s 161. A obscuritas (§ 132), como erro contra a perspicuitas (§ 95)
dicendi (§ 465), pretendido pelo orador ou esperado pelo ouvinte. e como licença (§ 94), aparece, no tocante aos verba co11i1111cta, cm duas
156. Quanto ao emprego dos sinónimos cf. §§ 170-173; 282-285; variantes :
343; 352. 1) A obsc11ritas sem direcção (§ 132,1) surge especialmente, por
meio da 111ixt11ra verbor11111 (§ 334), que é considerada, na prosa, como
erro, mas que, na poesia, é utilizada como um meio para obter o estra
nhamento.
1 Exemplos : fr. péri/ f da11gcr, fimeste f fatal, mor/ / tripas; ingl. sl!l'pcm f s11akc, s/1ip f vessel,
2) A obscuritas, indecisa quanto à direcção (§ 132,2), pode surgir
por causa da colocação dos vocábulos (ordo; § 329) ou por causa de
glad f /1appy, lokill f to s/ay / to sla11ghtl!I'; ir.fimeslo ffala/e, ca11dido f bia11co, diswrmc f par/are ffa11cl/arr, complicações idiomáticas especiais. Uma destas complicações aparece
11cmmt110 f ttemulir; ai. Pfcrd f Ross / Ga11/; (port. brmico f a/1•0 f c811dido f 11f1m1, mortt f falcdmrnto, 110 lat. acwsativ11111 cr1111 i11.fi11itivo, pois que esta construção não dei.'l:a
frmuto f fatal].
138 139
reconhecer a diferença entre sujeito e complemento objecto do infini 164. Na intenção, com que se procura o efeito, e nesse mesmo
tivo. - Como licença (§ 94), é esta classe de obsc11ritas utilizada a favor efeito, é o omatus um estranhamento (§ 84) com as funções do delectare
da táctica do discurso (§ 430,2) (com a finalidade da dissi11111latio), nas e do movere (§§ 69-70). Os graus mais elevados de estranhamento são
sentenças oraculares (Enn. Cic. div. 2,56,6 aio te, Aeacida, Romauos considerados como a11dacior omat11s (§§ 90; 212; 231).
vi11cere posse) 1. 1 65. Como todas as virt11tes (§ 95), está o omat11s colocado entre o
vití11111 da insuficiência (oratio í11omata) e o vítium da demasia (mala
ill) Ornatus (§§ 162-463) aJfcctatio, xcxx6C·l)À0\1). Cf § 166,4.
166. Distinguem-se várias qualidades de omat11s (cf Hadb. § 540),
162. Uma perspic11itas (§ 130) suficiente é necessana para cada que podem ser consideradas, como variantes dos genera clowtio11is f§ 465),
expressão linguística (a não ser que se queira desistir de toda e qualquer em relação ao omat11s, p. ex. :
perspicuitas, devido a especiais intenções de provocar o estranhamento 1) O «ornato vigorosoi> (rob11r; sern10 robustus, fi>rtis, valid11s, S1llid11s;
com finalidade artística : § 84). Em contrapartida, é o omatus (cult11s omat11s virilis, Jortis, sa11ct11s; 11ervos11m dice11di ge1111S; Êvtpyc:�oc) corresponde,
atq11e ornat11s, oratio omata, exomatio, dignitas; xÓafLoc;, Y..a-raaxw·�) um pouco mais ou menos, a uma variante do gem1s sublime (§ 468). O vigor
luxo do discurso : ele tem, como finalidade, a beleza da expressão lin realiza-se pela aplicação dos meios do omat11S com efeito forte (que servem
guística. especialmente para reproduzir) e pela co111posítio (§§ 369; 432 ; 442; 457-463)
O omat11s corresponde (aptm11; § 464) à necessidade, que todo o mais dura. Evita-se a mala a!Jectatío (§ 165) preciosa.
homem (tanto sujeito falante, como ouvinte) sente, de que haja beleza 2) O «ornato ma.is suave» quer transmitir uma experiência não
nas expressões humanas da vida e na apresentação do próprio homem fatigante do Belo e corresponde, pouco mais ou menos, a uma variante
em geral. Deste modo, o omat11s, com a sua intenção criadora, atinge do getms medi11111 (§ 467). É designado como grafia (xcíp�) ou s11a11itas
o donÚJÚo das artes elevadas (§§ 28 ; 73,2; 93). {í11c1111dítas, d11lcit11do, d11lcedo; y),uxÚT"l)ç).
No donúnio das artes elevadas, tem o artista a intenção de obter, 3) A elega11tia aparece em duas variantes :
com as suas realizações artísticas, a formação mllm.ética» (reconstruinte, a) A elega11tia simples é considerada, como concedida juntamente
generalizante, que eleva depois de ter evidenciado) de conteúdos, que com as virtudes da p11ritas (§ 103) e da perspiet1itas (§ 130), correspondendo,
adaram a existência, e das mais altas aspirações da natureza humana. portanto, ao ge1111s subtile (§ 466), e é atribuída, p. e.x., ao estilo de César.
Como artes elevadas podem ser considerados os diversos graus magistrais b) A exwlta elega11tia (Quint. 6,3,20) possui uma certa medida
de perfeição em certas artes que criam obras (escultura, pintura, poesia, de grafia (srtpra,2) e, portanto, pertence ao ge1111s 111edi11111 (§ 467).
composição musical) e nas outras artes que reproduzem obras (recitação, e) Quando se toma em especial atenção uma composirio (§§ 448-463)
representação teatral, interpretação musical, dança). agradável, sobretudo no domínio fonético (§§ 457-463), chama-se também
163. A necessidade de beleza do omat11s (§ 162), tanto se refere aos à eleg�cia co11cinnítas (co11ci1111it11do, sermo co11ci111111s) . C( co11cim1íty
pensamentos {res; § 40), como à formulação linguística (verba ; § 91). «studied elegance of style», co11ci1111011s ccaracterized by studied elegance
Existe, portanto, um omatus de pensamento (1) e um omatus de palavra (2) : of styb; it. concinnità «armonia semplice ed elegante dello stile»; esp.
1) O omatus de pensamento (sente11tiarut11 exomatio) é uma função conci110 «(lenguaje) armonioso, numeroso, elegante,., co11cinídad; (port.
do aptum (§ 48) relativo ao pensamento e pertence propriamente, como co11ci11idade (palavra que, muito embora não esteja atestada, se pode
fenómeno rc1acionado com os pensamentos {res) , à i11ventio (§ 40) e à adaptar a partir do latin1 (N. T.)]. - No uso linguístico alemão a
dispositio (§ 46). Contudo, dele se trata tradicionalmente na elocutio, «Konzinnitãt» refere-se, as mais das vezes, especialmente ao fenómeno
sob a rubrica cfi.guras de pensamento• (§ 363). do paralelismo (§ 337) 1•
2) O omatlls de palavra (verbor11111 exornatio) diz respeito aos fenó 4) O nitor (nitíd11111 ge1111s) 2 «distinção elegante» está próximo
menos dos verba si11g11la (§§ 168-236) e, dentro dos fenómenos dos verba da gratia e da elegautia (supra, 2,3,b) e consiste especialmente em evitar
coui1mcta, às figuras de palavra (§§ 239-362) e à composítio (§§ 448-463) .
' A expressão latina apresenta-se ambígua, porque existem dois acusacivos cm posiçio con 1 A noção relacionada com o paralelismo simétrico da frase aparece nitidamente na inter
tígua, rt (Atatida), Ro111a11os, e seguidos dos infinitivos vÍJJCat, posse. Deste modo a tradução pode pretll\10 pon. de illcontirmlt4S como cdisscmctria» (N. T.).
z O fr. 11etlttl 1clareza• (com o adj. 11e! •clar0t) é uma designação da pmpiwit4S (§ 130), pois
ser: ecligo que tu podes vencer os Romanos> ou cdigo que os Romanos te podem vcncen. Os resul
tados , do, como é evidente, o mais antagónicos posslvd (N. T.). que o adj. 11tr perdeu, do ponto de vista histórico-linguístíco, 2 significaç:ro de cbriU1:inco e agora
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o vulgar (§ 464,2) . - O 11itor exagerado pela 111ala affectatio (§ 165) dá, do omat11s como co11dime11t11111 (co11dita oratio, co11dit11s serr110) • - De
como resultado, o preciosismo ( va11itas) 1• outros domínios da imagem tiraram-se para o omat11s os termos habituais
5) O lzilare (laet11111) dicc11di gc1111s (fr. sty lr e11jo11é) caracteriza-se de cflores. do discurso (verbomm se11te11tiam111q11e flores) 2 e •luzes• do
pela 11rba11itas e Jestivitas espirituosas (§ 69) . E uma variante do ge1111s discurso (l11111i11a oratio11is) 3• - Também. color (Cic. Brut. 87,298; de
111edi11111 (§ 467) e pode combinar-se com o ge1111s ac11t11111 (infra, 6). or. 3,25,100) se emprega como designação de omat11s.
6) O ac11111111 dice11di ge1111s serve-se de meios, que, do ponto de vista
intelectual, provocam o estranhamento (§ 84), sendo, portanto, paradoxais A) ln verbis singulis (§§ 168-236)
(§ 37,1 ) , no que diz respeito aos pensamentos (csubtilezas de pensamento•)
e à língua (•subtilezas de linguagem») 2• O ouvinte é convidado a fazer 168. O omat11s i11 11erbis si11g11lis posit11s (§ 163,2) tem, como base,
o seu próprio raciocínio: ele tem de lançar uma ponte entre o paradoxo o verb1m1 propri11111 (§ 111 ) et 1mivomm (§ 138) , que s:itisfaz as exigências
e o significado pretendido. Se o ouvinte conseguir levar a cabo esta da p1uitas e da perspicuitas. O omat11s, como estranhamento (§ 164) permite
tarefa, alegra-se então quanto à sua ÍH.teligência e toma-se, deste modo, uma licença (§ 94) , que justifica o seu desvio da p11ritns (do 11erb11111 pro
«cúmplice de pensamentos• do autor. - Cf. § 37, 1 ; 419. pri11111) e da perspiwitas (do 11erb11111 1111ivow111) .
7) O copios11111 dice11di ge1111s pode pertencer ao ge1111s medi11111 (§ 467) Nos parágrafos seguintes (§§ 169-236) , o raciocínio e o material
ou ao ge1111s grande (§ 468) e consiste na preferência por meios de paradigmático referem-se predominantemente aos nomes (principalmente
expressão «alongantes» (§§ 59; 72) , como a perífrase (§§ 186; 420) , as substantivos), muito embora os fenómenos em si não estejam ligados
.figuras da adiectio (§§ 240; 364) , o isocolo (§ 336) e a construção dos ao donúnio nominal.
períodos (§ 452) . 169. O desvio quanto à p11ritas e quanto à perspiwitas (§ 168) diz
8) O acc11rat11111 dice11di ge1111s consiste na observação estrita dos respeito ao seguinte :
praecepta, correspondendo, portanto, pouco mais ou menos ao ge1111s 1) Na poesia, às partes do corpo de palavra (§§ 1 1 8-1 24).
s11btile (§ 466) : frequentemente evita o omat11s cm geral e, de qualquer 2) Na poesia e na prosa, ao corpo de palavra como um todo.
maneira, a mala a!Jectatio (§ 165) . O verb11111 propri11111 et 1111ivow111 (§ 168) pode ser substituído (i11111111-
9) A poesia caracteriza-se pelo estranhamento que lhe é peculiar tntio : § 62) :
(§ 84) e o qual corresponde, em grande parte, ao omat11s. Como quali a) Por um corpo de palavra, que, de antemão, tem um conteúdo
dade de estilo, atribui-se (§§ 102; 106,2; 107,2 a; 115; 120) ao omat11s semântico igual ao da palavra substituída (§§ 153-1 56) ; portanto, mediante
de diversos géneros poéticos (como drama, epos e também géneros um sinónimo (§§ 170-173) .
líricos) a maiestas (dig11itas; ae:µ,16-r'1)c;). b) Por um corpo de palavra, que não tem, de antemão, significado
1 O) Especialmente em relação ao estranhamento intelectual (obsw igual ao da palavra substituída (§§ 153-156) ; portanco, mediante um
ritas : § 132) distingue-se, na Idade-Média (Faral p. 89) , entre o omat11s trapo (§§ 174-236) .
facilis, menos exigente, e o omat11s d!{ficilis, ma.is exigente.
1 Como ccondimcntoo designa.se sobretudo o oma111s de pensamento que é cowtituldo
167. O omat11s (§ 162) deve a sua designação às preparações ador pelo gracejo (§ 166,6): ltport ti ftsti11itate condita oratio. - Cf. também sal •intdcctual acutcncss,
nadas de um banquete, no qual o próprio discurso é concebido como wit, ciÃc;>; fr. sd cce qu'il y a de fin, de vif, de piquant da.m Ies discoun, d3Jl.! un ouvragc d'esprit»;
iguaria a consumir. A este domínio pertence também a designação ingl. salt opoignancy of cxprcssion; pungcnt wit»; it. S41t; csp. [port. sal •graça, finu:n de espírito;
malícia espirituosa; o que hi de picante ou de ntencional
i numa palavra ou fraso] .
2 Fr. jltur oomemcnt, embcllisscment, parurc d'un style flcuri•, sryle Jlturi «Stylc rcmpli
apenas significa •puro, daroo. Entre o fr. trtllttl e o bt. 11itor não C.'liste qualquer rdação contínua, d'omcruentso; ingl. jlou1ers comamcnu of spccch•, Jlowertd cabounding in flowcn of spcech;
quanto à qualidade do estilo. flori<!>; it. .ftort cvcnustà, elcganza dei parbre., fiori rtllorici (pottici) aicercatczza dei discono (dclla
1 Fr. prlciositl caffcctation dans Ie bngageo; ingl. prtciosity caffcctation of rctinemcnt or dis poesia)•; csp. dtdr {tcliar) jlow •requebrar-; (port. •ornamento poético do discuno:jlom de n:tó
i thc wc of languagoo; it. preziosità oriccrcatCZZ2, dcgat122 peregrina affctatv; csp.
dinctiou csp. n ric;u] . - Cf. também o gnrus jloridurn (§ 467).
111tli11drt ; (port. prtciosismo ocx:agcrada ddicadeza e subtilaa no falar e escrev er-] . - Cf. § 133. 3 Fr. lmniht du discours •nom piuorcsquc dono!! par lcs ancieru rbéteun aux figures et au.'I
2 Fr. poi11tt otrait subtil, rcchcrché; jcu de mow, ji11tssc •qwlité de cc qui cst fin, c'cst.à-dirc omemcnts du scylcio; ingl. lig/1ts •graces ofstylco; (port. luzes tem o mesmo significado, como podemos
de cc qui a Ic nractcre d'une élcgante dclicatcsso, aign •(p. ex. épigramme) qui piquco: ingl. slrarp verificar cm certos tfrulos: Luzts da poesia dtso1bt11as 110 Orinrtt de Apollo 11os i1!ff11xos das Musas
•acute or pcnctr.1ting in intcllect or pcrception•; it. a<1110, sottílt, acwrzza, sottiglitzza, fiuaza ; esp. divididas tin trts lnzts tsm1dais. Luz primeira, da medida t co11sa111í11âa da Potsia. l.J1z segu11da, do omato
agudo, agudeza; (port. subtil, subtileza •.finura, delicadeza ou agudeza de csplrito ou dos sentidos>] . da potsia t fig11ras qut ntlla cabtin. l.J1z ltrctira, do tspfrito da potsia t trrtcçam do co11cty10, por M:inocl
- Cf. SS 167, n. 1 ; 274; 286.292. da Fonseca Borralho, Lisboa Oriental, na Oflicina de Fdippc de Sowa Villda, 1724] .
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142 14
(§§ 1 1 2,1 ; 1 1 3-1 16; 154,2) . diversívoco (§ 157) e é um fenómeno caótico da técnica de tradução.
O desvio sinonínúco do verb11111 1111ivow111 (§ 170,2) dá, como resul Uma metalepse, que desce gradualmente, encontra-se em Faust
tado, inexactidões dentro do conteúdo de palavra (§ 154,1) , as quais 1, 1,1224-1237 para Ioh. 1,1 : cWort, Sinn (vis), Kraft, Tat» (•palavra
ou correspondem a uma e.xigência pressuposta, branda quanto à exac [verboJ, sentido, força, acto•). 2 Como erro é a metalepse característica
tidão (§ 154) , ou então são empregadas pelo sujeito falante, na tácrica de muitos decalques (§ 166, n.) : «l-.ta-:Lx� > acwsativ11s.
do discurso, como amplificação partidária (§§ 75,1 ; 154,1 ). Os sinó
-
deste contexto, é paJavra absolutamente sinónima (Quint. 8,6,37) : o uso das �aot 0()(l(, que os antigos identificavam com as Eq11llladu. /u palavras ô�úç e Oo6c; são
sinónimas, quando significam •r:lpido.. Neste caso, po�m. trata-se do sentido •pontcagudo,
escarpado• que se encontra imicamcntc cm btúi; e não cm 606�,. Houve, pois. confwlo com
1 � imprópria a substituição de X dpCl>v, nome próprio referido a um Centawo, por "Haaw1, o primeiro sentido. Daí 3 metalc:psc (N. T.).
comparativo de xax6c;, porque zdpCl>v só é sinónimo de ljaaC1>v, quando empregado como com 2 As palavns indk:idzs servem para traduzir a frase de S. Joio, 1, 1 : lo prforipio trai
pamivo de x«x6; = mau (N. T.). Vl'rbwn (N. T.).
144 1 45
seu smonuno, tira-se dos donúnios semânticos repartidos pelos loci (§ 41). de wna conumidade linguística cm geral : a substituição toma-se, cada
Distinguem-se dois domínios semânticos mais importantes: vez mais uma necessidade (11ece.ssitns). Podem distinguir-se diversas
1) O corpo de paJavra (§ 1 74), empregado tropicamente, pode formas desta necessidade:
tirar-se de um domínio semântico, que está directamente aparentado 1) Uma certa necessidade apresenta o npt11111 (§ 464) social, que
(«homem») com o da paJavra que se vai substituir («guerreiro»). bane certos 11erbn proprin do uso («tabw)) 1 substituindo-os por tropas
Tropos desta espécie chamam-se «tropos de alteração de limite» («Onde é que posso lavar as mãos ?») 2•
(§§ 1 84-225). 2) Surge uma necessidade mais rigorosa, quando existe uma coisa,
2) O corpo de palavra (§ 174) . empregado tropicamentc, pode que, não possuindo designação, também não encontra na cons11et11do
tirar-se de um domínio semântico, que não está directamente aparen um corpo de palavra (verb11111 propri11111) que lhe corresponda. Neste
tado («leão»; § 174) com o da palavra que vai subsácuir-se («guerreiro»). caso dispõem-se das seguintes possibilidades de designação :
Tropos desta cspé.:ie chamam-se «tropos de_ salto» 1 (§§ 226-236). n) De um estrangeirismo ou de um neologismo (§§ 1 1 3-1 1 5) .
3) Enquanto os tropos acima compendiados (§ 175,1-2) conhecem, b} De um tropo (§ 178).
no contexto, uma ponte semântica, que se deixa concretizar como frase 178. Um tropo (§ 1 77,2b), que não coexiste com um verb11111 prc>
enunciativa (§ 183,1), é a metalepse (§ 173) um tropo, que procura o pri11111 que sirva para designar uma coisa, que de designação precisa, tropo
seu estranhamento, fora do contexto, na ocasional sinonímia de um esse que, pelo contrário, ocupa, na co11s11et11do, o lugar de um 11erb11111 pro
corpo de palavra. prium, chama-se catnchresis (nb11sio; Y.tX"t"tX;(f>Y)Gtç; [port. cntncrese, nb11são ])3.
1 76. Quanto à relação com a co11s11et11do (§ 104) é ela diferente, Uma catacrese de tal género é, p. e.,., a designação de «pernas» para as extre
segundo o caso de cada um dos tropos concretos: midades da mesa. A palavra «perna» tem, portanto, duas sigrúficações (que
1) Há tropos, que hic et 11t111c se inventam no discurso {p. ex., num para aqui interessam) : como verb11111 propri11111, significa a «extremidade
poema, por um poeta), pelo facto da substituição, descrita no § 175, de um ser vivo», como catacrese, a «C}.. °trernidadc de uma mesa».
ser empregada, pela primeira vez, para um conteúdo pretendido de A co11s11et11do, contém pois, para o corpo de palavra «perna» uma duplici
palavra, devido à substituição do corpo de palavra habitual, por meio dade semântica (i. é., uma equivocidade que respectivamentc se esclarece
de um determinado corpo trópico de palavra. Neste caso, ainda pode com a situação: § 147), que se encontra entre verb11111 propri11111 e tropo.
distinguir-se entre duas modificações de «priJ.1iaridade»: A necessidade (necessitas; § 1 77), que leva à catacrese, é um fenó
" ) A pri.inaridade pode existir realmente segundo a consciência geral. meno da pobreza (i11opia) do sistema linguístico, que é falho de um
b) A primaridade pode corresponder a uma opinião (errada) do corpo de palavra para uma coisa que necessita de designação. A i11opin
sujeito falante, ou a uma opinião (errada) do ouvinte, enquanto, 1ia reali pode ter duas causas:
dade histórica, esse tropo, empregado pelo sujeito falante, já é, há muito 1) A i11opia pode ser originária, i. é, apareceu ao mesmo tempo
usual. que a necessidade de designação, o que, p. ex., se pode dizer a respeito
e) Decisiva para o grau de estranhamento (§ 84) correspondente do caso da «perna de mesai1.
à primaridade é a opinião (mesmo que historicamente errada) dos ouvintes,
pois que são estes que decidem sobre a co11s11et11do. 1 Fr. tabo11 •cspecc d'interdiction prononcéc sur un lieu, un objct ou une pcrsonnc par
2) Há tropos que se tomaram parte habitual da cc111s11et11do e que les prctrcs ou Jes chcú cn Polynésiet, ingl. taboo cprohibition or interdiction generally of the use
or practicc of anything>. it. csp. [port. 1ab11 crcstrição ou proibiçio da prátic:i de cercos actos, por
até correspondem ao npt11111 (§ 464) dos inúmeros ge11ern eloc11tio11is (§ 465),
motivos mais ou menos misteriosos, em lig:tçào com a moral, com as superstições, ctc.•J. - Por
tendo mesmo chegado à co11s11et11do oral da linguagem familiar, que ciw:i do rabu podem ser normalmente tiradas palavras do vocabulá.rio vivo, ou seja, •inutilizadaS>
possui não apenas verbn proprin (§ 1 1 1 ), mas também im'nneros tropos, (§ 137,1).
que servem (Wartburg, Ein( pp. 144-146) para a substituição dos verba 2 /\ substituição de uma palavra proibidn por rabu chama-se •cufcmismoo (§ 430,2); Aen. 3,57
proprin, a fim. de obter variação, ou para a satisfação de especiais neces a11ri sacra James; lob 5,5 be11tdixeri11t; fr. mailrt des /1a111a oc11vres •bourrcaUt; fport. Hcrc., Lendas
sidades (p. ex., afectivas) de expressão (§§ 86; 88). e Narrativas, H, p. 134, cão ti11/ioso tdcm6ni0t ].
3 Exemplos: yl.waatX <língua, idioma•, /111g11a, fr. la11g11t, ir. /i11g11a, csp. lmg11a, port. /f11g11a;
1 77. O grau de habitualização (§ 176,2) de w.n tropo pode ser r:oúi; cpé, pé de uma mesa, de uma cima., prs, fr. pied, ngl.f i oot, csp. pit, ai. F1us; fr. lts bras d'1111
extremamente grande num ge1111s elowtio11is (§ 465) ou na co11s11et11do fa11teuil cos braços de wna poltrona>, ingl. 1/1t arms of a c/iair, ai. dit Arme eines Swtls; fr. 1111 c/1t11a/
ferri d'argtm, al/er à c/1e11al siir 1111 báto11 ; it. .Jcffnre 1111 cavalo co11 ferri d'argttrto; mttlcrsi a cavalo di 1111
1 Com tropos dt salto pretende traduzir-se a expressão ntroduzicb
i pelo /\.: Sprrmglroptu (N. T.). asillo; [port. ftrrar 11111 ca11alo com ferraduras de ouro, ir a cavalo 1111111 b11ffo].
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2) A inopia pode surgir somente, como fenómeno secundário, 182. Os tropos têm, quanto às figuras de pensamento (§ 363),
devido a uma equivocidade do corpo de palavra usual até então na duas espécies de relações : há figuras de pensamento, que fomentam
língua, e isto, em consequência de uma modificação histórico-linguística (§ 183) mais exaustivamente a ligação entre 11erb11111 propri11111, eliminado
do corpo de palavra. Assim resultou uma equivocidade deste género pelo tropo, e a palavra trópica (§ 174), e há também tropos de pensa
(§ 148) no fr. quanto ao corpo de palavra 111011dre, que, por �uivocidade, mento (§ 417).
tanto tinha de representar cmoer- (molere) como cmungm (mulgere� . 183. O desenvolvimento majs cx�austivo da ligação (§ 182), que
Dependerá do «grau de .fixação• do corpo de palavra, qual dos dois se estende entre o 11erb11m propri11111, eliminado pelo tropo, e a palavra
corpos de palavra é substituído : trópica, aparece em duas funções :
.
a) O corpo de palavra fr. 111011dre •moer- (< molere» estava mais 1) A função enunciativa (predicativa) comenta a Jjgação como
fixo do que o de *111011dre cmungin ( < mulgere), visto que o resultado frase : «Um guerreiro é um leão• (§ 174). - Cf. § 175,3.
fonético 111011dre só se teria realizado devido à dcspalatalização (RSpr. 2) A função aposicional, com funções de ornamento, põe a palavra
§ 509) do grupo fonético que aparece com-lger- : �i10/ere já tID?ª• portanto, trópica, como comentário, (csinorúmia glosante»: § 284), ao lado do
atingido a forma 111011dre, enquanto 11111/gere amda evolwa para essa 11erb11111 proprium: «um guerreiro, francamente, um leão• (§ 174) ; Chénier,
mesma forma. Antes que 11111/gere tivesse atingido a forma 111011dre La jeune Tarentine 1-2 Ple11rez, doux alcyo11s I ó 1101tS, oisea11x sacrés, / oisea11x
foi substituída pelo tropo traire (§ 179). . chers à Tliétis, doux alcyo11s ple11rez (§ 189,1); Aen. 1 ,607-608 in .freta
b) O corpo de palavra do gasc. gat «gato• ( < gattu) esta�� i:na1s dum fi1111ii c11rre11t. . . , semper (§ 189,3) ; [Vieira, XI, 319 Helena, aq11ela
fixo do que o de *gat «galo• ( <gallu), visto que a forma gat cgato• Jª �a famosa e formosa grega, filha de Tf11daro, rei da Lacónia, por Ctyo roubo foi
sido atingida, quando gallu evoluiu para essa mesma forma. A subsn destmída TróinJ.
tuição, por meio de um tropo, deu-se antes de atingir essa tal forma
(§ 151,2).
e) A possibilidade de uma substituição catacrética provém do a) Tropos de alteração de limite (§§ 184-225)
facto da co11S11et11do possuir, ao lado dos verba propria, uma reserva de tropos
que já se tornaram habituais, e que servem para a variação e satisfação 1 84. Nos tropos de alteração de limite (§ 175,1), consiste a substi
de certas necessidades de expressão (§ 176,2). tuição por um tropo (§ 1 74) na deslocação vicinal dos limites do conteúdo
179. Assim como há duas formas de tropos, assim também há conceptual de um corpo de palavra. Esta alteração pode dar-se no plano
duas formas de catacrese (§ 178) : do conteúdo conceptual (§§ 185-215), ou pode abandonar esse mesmo
1) Na catacresc de alteração de limite (§ 175,1), um conteúdo a plano (§§ 216-225) .
denominar é designado por um tropo de alteração de limite (§§ 1 ��225),
portanto, mediante uma cpalavra normal, que está na sua proxurudade
a) Alteração no plano do conteúdo conceptual (§§ 1 85-215)
semântica e na sua esfera de acção• (Wartburg, Einf. p. 146). Neste
tipo integram-se, p. ex., as catacreses ling11a cidiomat (§ 178,n.) e fr. 1 85. Entre o conteúdo entendido proprie e pertencente ao corpo
traire cmungin (como verbum propri11111 cpuxar, o que é uma das partes de palavra empregado, e o conteúdo trópico que se pretende (§ 174),
do mungir: § 200) por *moudre (§ 178,2 a). pode existir uma relação, que decorre no plano do conteúdo conceptual
2) Na catacrese de salto (§ 175,2), um conteúdo a d�ominar é (§ 1 84). Esta relação, ora está mais ao serviço do omat11s (1), ora mais
designado por um tropo de salto (§§ 226-236), portanto, mediante uma ao serviço da ampl!ficatio por aumento (2) :
cpalavra-satélitet (Wartburg, Einf. p. 145). Neste tipo integram-se as 1) Servem mais ao omat11s (§ 162) os tropos da peri&ase e da
catacreses «perna• para a «extremidade de uma mesa. (§ 178) e gasc. sinédoque:
11ig11ier calcaidet para cgalm (§ 151,2). a) A perífrase (§§ 186-191) diz respeito ao loet1s a re (§§ 41 ; 175)
1 80. O tropo (§ 174) está acometido de uma equivocidade (§ 147), e responde à pergunta quid ?. - A perífrase é um caso limite do tropo
que só pode curar-se por meio de um sinal (§ 150). Alguns tropos (ênfase, (§ 174) cm geral, enquanto, no caso ideal, mostra a completa corres
ironia, lítotcs) conhecem sinais da prommtiatio (§§ 45 ; 209; 21 1 ; 234 ; 472: pondência entre o conteúdo conceptual do 11erb11111 propri11111 e o da expres
pro111111tiatio, sinal). - C( também § 194. são trópica (§ 188), podendo, por conseguinte, valorizar-se como sinó
181. Quanto aos tropos compósitos, cf. § 235. nimo (§ 169, 2a).
148 149
méticos da actualidade; Pessoa, Passagem das Horas P. C., p. 306 ó fome O plano do conteúdo conceptual encerra vários limites, que podem
abstracta das coisas]. ser afectados pela sinédoque: os limites entre género e espécie (§§ 194; 199),
4) Como sinédoque (§ 192) ou metonímia (§ 216) tendentes à entre parte e todo (§§ 195; 200), entre matéria fabricada e matéria prima
abstracção : Mol. Préc. rid. 6 les com111odités de la conversation «as cadeiras»; (§ 197). - A sy11ecdoche per 1111111eros (§§ 196; 201) também pode ser enten
Femm. sav. 1,1,1 le bea11 nom de filie est 1111 titre .. / dont vous vortlez
. dida como schema per 1111111eros de valor gramatical (§ 129,2). - A relação
q11itter la charmante do11ce11r .. ? «Quereis casar-vos?>.
. de símbolos pode ser interpretada como metonímia ou como siné
190. Como todos os tropos (§§ 174; 177), é a perífrase empre doque (§ 224).
gada: 193. Na sinédoque de longo alcance (§ 192) c.xprime-se, com
1) Como omat11s, para provocar o estranhamento, especialmente fundamento no locus a maiore ad 111il111s (§§ 41 ; 185, 1b ), o mais restrito
na poesia (§§ 164; 189) : Esther 1,1,46 les a11te11rs de mes jours «OS meus pelo mais lato, isto é, a espécie pelo género (§ 194), a parte pelo todo
pais»; (Fénix Renascida, ITI, Panegírico, ao Marquês de Marialva, p. 69 (4) (§ 195), o singular pelo plural (§ 196), a matéria fabricada pela matéria
Se de E11eias 11os ca11fa o Ma11t11a110 / .. . A q11e111 lhe de11 o ser (Anquises, prima (§ 197).
seu pai) do Grego i11sa110 / em seus ombros livrou conipadecido]. 194. A espécie é expressa pelo género (§ 193; ge1111s pro spede) :
2) Como 11ecessitas imposta por conveniências sociais, a fim de 6vri-ro( «homens• (Od. 19, 593), �po-ro( (Od. 1,66), mor/ales (Sall. Cat. 1,5),
evitar verba obsce11a, sordida, h11milia (§ 464) : fr. /'a11i111al q11i se 11011rrit fr. mortels (Bér. 1,4,261), ingl. mortal.s, al. Sterbliche, it. 111ortali, esp. 111ortales,
de glands (Jacques Delille) ele cochon»; 1111 char 1111111eroté (Casimir Dela [port. mortais (Lus. I,65,8 Por subir os mortais da terra ao cé11 )] ; 7tcXCJ1) � x-r(crn;
vigne) .un fiacre>; [port. Lus., II, 37,1-2 C11111 delgado ce11dal as partes cobre «todos os homens> (Marc. 16,15), 0111nis creatura (cf. Greg. M. in evang.
/ De quem vergonha é natural reparo; gado mais asqueroso (porcos) empre hom. 29), fr. toute la créatio11, ingl. every creat11re, al. alie Kreatur, [port.
gado por A. Vieira, segundo Bluteau e Vemey no V. M. E., I, p. 104 toda a criatura] ; q11admpes «equuS» (Quint. 8,6,20). Esta espécie de -
(ed. Sá da Costa)]. sinédoque pode ser entendida como perífrase (§ 188) incompleta.
191. O ciceronianismo novilatino emprega a perífrase para evitar Os limites são pouco rútidos.
termos (p. ex., termos do latim cristão), que não estão atestados em Esta espécie de sinédoque é muito especialmente empregada para
Cícero. No preciosismo poético (§ 188) e social também se evitam evitar, num mesmo contexto, a repetição de uma palavra que designa
expressões correntes (como ccadeir:u, «espelho•, «queijo»; §§ 188; 189, 2-3) a espécie ( variatio : § 86), processo no qual o artigo defuúdo intervém
consideradas como verba humilia (§ 464) e substituídas por perífrases. como sinal de reconhecimento para relembrar a forma que ficou para
- Fundamentalmente a perifrase serve para exprimir o carácter compósito trás (§ 180) : Act. 28, 3-4 �XLOV« . . . xa.e��EV tjç X,ELpoç . CXÚTOÜ wç ae: •
(encoberto pelo vocabulário convencional) da realidade concreta. É a dôov ol �iXp�cxpoL :v.pc:µcíµ.c;vo•1 "'º &ijplov lx tjç x_c:Lpoc; cxú-roü, X'TÀ.
partir disto que a «perífrase da indeterminabilidade» (lat. nescio quid; (vipera . . . , bestia111; fr. 1111e vípere . . . , la bête ; ingl. a viper . . . , the beast; al.
fr. je 11e sais q11oi: § 77, 3) deseja apontar especialmente para o facto eine Natter. . . , das Tier; [port. 11111a víbora . . . , a bicha)]; Inf. 1,32-42 1111a
de não serem suficientes (§ 178: inopia) os meios linguísticos para a lonza. . ., q11elle Jiera alia gaietta pelle (caso em que a frase posta em aposição
reprodução dos matizes da realidade. faz parecer a sinédoque semelhante à perífrase: § 188).
Esta designação, que alarga os limites semânticos, sai da situação
(§§ 4; 180), na qual a atenção do leitor delimita a possibilidade de
II') sy11ecdoche (§§ 192-201) oposição: cmortah está oposto aos «irnortaiS» (os deuses) (Od. 1,66-67),
mas na situação referida significa apenas «homerru, visto que não se
192. A synecdoclre (conceptio, intellectio; auvexaox.� ; (port. si11édoque]) pensa em animais (também mortais) ; «anima]• (na trad. port. bicha)
consiste numa alteração (§ 184) da designação da coisa que se pretende opõe-se aos chomens• (Act. 28,4) e significa na situação acima referida
referir, no plano do conteúdo conceptual (§ 185), processo no qual o apenas wíbor:u, visto que se não pensa noutros animais.
limite do conteúdo conceptual pode ser ultrapassado por essa designação Na linguística histórica é a catacrese (§ 179,1) desta sinédoque conhe
com origem nos tropas (locus a maiore ad 111i1111s: § 185,lb) ou pode não cida como «restrição de sentido» (fr. sevrer «tirar a criança do peito da
ser alcançado por essa mesma designação (lows a 111i11ore ad mai11s: mãe» < separare «separar»). O fundamento da restrição catacrérica assenta
§ 185, 1 b) : há, portanto, uma sinédoque de maior alcance (§ 193) e uma na ligação ao meio social, a qual relaciona o corpo de palavra, empre
sinédoque de menor alcance (§ 198). gado para outros conteúdos de palavra, para um domínio mais restrito
l52 153
do ponto de vista social. Deste modo, o fr. are. sevrer «Separar», foi 198. Na sinédoque de menor alcance (§ 192) o mais lato é
substituído, no uso geral, pelo latinismo da moda (§ 1 16) séparer, enquanto expresso pelo mais delimitado, com fundamento no loc11s a minore ad
a acção de desmamar crianças, que pertence ao donúnio familiar, ficou 111ai11s (§§ 41 ; 185,lb), isto é, o género pela espécie (§ 199), o todo pela
longe da moda latinizante. parte (§ 200), o plural pelo singular (§ 201).
195. A parte é expressa pelo todo (§ 1 93; to/11111 pro parte) nos 199. O género é expresso pela espécie(§ 198; specíes pro gcnere) :
seguintes casos: ãp-.oi; •pelos géneros alimentícios cm geral, neccs ários à manutenção
1) Para provocar o estranhamento poético. (§ 84) : li. 12,137 �óac; da vida11 (Matth. 6,1 1), panis, fr. pai11, ingl. bread, ai. Brot, it. pane, csp.
o:úor.c; •escudos feitos de peles de vaca secas (literalmente, de vacas secas)»; pan, (port. pão]. - Esta sinédoque é motivada pela concepção do mais
Aen. 10, 785 trib11s ... intex/11111 ta11ris op11s «escudo feito com três peles delimitado adaptada à situação (do pão como de wn género alimentício
de touro (literalmente, de três touros)»; Acn. 6,311 11bi frigid11s a111111s tra11s fundamental para uma determinada sociedade, numa determinada situação
po11t11111f11gat (Isid. orig. 1,37, 13 non e11i111 tot11s a111111sfrigid11s est, scdpars mmi, geográfico-histórica), concepção essa entendida con:o tipo (§ 472) do
id est liie111s) ; [Lus. II, 40,1-2 Este povo q11e é 111e11, por q11e111 derra1110 / As mais lato («género alimentício»). - No cocante a texcos de leis, esta
lágri111as (povo representa nesta situação apenas os marinheiros de Vasco sinédoque tem de ser comprovada no status Ji11itio11is (§ 31 ), como estando
da Gama e não o povo português)]. no te.xco : se não for assim, o syllogis11111s (§ 33,3) ex era linguístico fornece
2) Por motivo da economia da expressão, a qual é condicionada uma ligação anaJógica.
pela situação e pelo contexto: Rhet. Hcr. 4,33,44 111 si q11is ei q11i vestit11111 Na linguística histórica é a catacrese (§ 179,1) desta sinédoque conhe
... s11111pt11os11111 ostc11tct, dicat: «ostentas 111ilii divitíaS»; Cic. de or. 3,42, 168 cida como •alargamento de sentido», o quaJ dá à língua a possibilidade
11t c11111 1111<1111 t11r111a111 «eq11itat11111 pop11li Romani» dicí11111s; fr. 1111 boe11f .un de dominar uma realidade, que cm si se modifica e alarga, com funda
morccau de boeuf (dans le langage des restaurateurs)». mento nos corpos de paJavra de que já dispõe: mJ�(c; «caixa de quaJqucr
1 96. O singular é e.'i:presso pelo plural(§ 193; pluralis pro sing11lari) : material (literalmente, apenas de buxo)»; &.v8p(o:c; «estátua humana de
Aen. 9,525 vos, o Calliope, precor, aspirate ca11e11ti; Georg. 2,541 sed 11os qualquer sexo (literaJmcnte, apenas de homem)•; iawlr.ri •lançar qualquer
i111111e11s11111 spatiis co11feci11111s aeq11or; Quint. 8,6,20 Cícero ad Brut11111 «Pop11lo11 objecto (p. ex., uma bola) (literaJmcnte, apenas o dardo)•; aedificare
inq11it «Í111pos11i11111s et ora/ores visi s1111111S»; [Lus. Vl,57,6 Para Londres já •construir quaJquer objccto (p. ex., um cavalo de madeira: Acn. 2, 15)
fazem todos vias (vias por via)]. (litcraJmente, apenas um cdifício).11 ; fr. pl11111e «pena de escrever
197. A matéria fabricada é expressa pela matéria prima (§ 193; (de metal; literalmente, sàmcnte a pena de um pássaro, que era
materia pro opere) : xpuaóc; «armadura dourada» (ll. 8,43) ; a(8'Y)poc; «espada» utilizada para escreven), ingl. pen, ai. Feder, it. pc1111a,' esp. pl11111a,
(ll. 18,34), ferr11m (Quinr. 8,6,20), fr. fer {Pliedre 4,1,1009), ingl. iron, ai. (port. pena].
Eise11, it. ferro, esp. hicrro, [port. ferro (Lus. II,80,3 A ferro e fogo as gentes 200. O todo é expresso pela parte (� 198; pnrs pro to to) a-réyri :
vão mata11do )] ; xr:iAY.6c; «faca» (ll. 1 ,236) ; aes «trombeta» (Aen. 6,165) ; «casa (pràpriamcnte, tecto)» (Aesch. Ag. 518), tect11111 (Aen. 1,627; Cic.
fr. airai11 ccanoru (BoiJcau, Ode sur la prise de Namur), ccloche de or. 3,42,168; Quine. 8,6,20), fr. toit (La Font. Phil. et Baucis 7), ingl.
(Lamartine, Prem. Méd. 5,11); fr. bro11ze •canons• (Lamartine, Prem roof (Sh., As You Like It 2,3,17), ai. Dach, ir. tetto, esp. tec/10, (port. tecto
-Méd. 17,15), «toutc sculpture en bronze11; ingl. bro11ze ca work of (Herc., Opt'isc. l, 109 vir acoutar-se debaixo de nossos tectos )] ; 11111cro •gladiuS»
art, as a statuc, etc., cxecutcd in bronze•; aJ. eine Bronze «eine Statue (Quint. 8,6,20) ; p11ppis maviS» (ibid.) ; fr. voilc «navire, vaisseaU»
aus Bronzet; ir. bronzo «opera d'arte fatta di bronzo», i bronzi •lc arti (Cid 4,3,1274), ingl. sai/ «a ship or otbcr vcsscl, esp. dcscribed by its
glerie», i sacri bronzi ele campane»; esp. bro11ce •estatua o escultura de sail», al. Segel •Schi.ffi, it. vela «nave a vela11, esp. 11ela charco de veJa,
broncc, el canón da anilleria, la campana, el clarin o la trompeta11; (port. nave», [porr. vela «embarcação ... navio•(F. Lopes, D. João 1, 2, p. 201
bronze cPeça de artilharia; canhão. O bronze atroador, artiJharia. Os e herão per todas cento e trinta velas be111 armadas . . .)]. - A substituição do
sinos: o som do bronze... Obra de arte feita de bronzet] ; Acn. 9,72 pi1111 mais lato (do11111s) pelo mais restrito (tcc/11111) é motivada pela função
ftagranti• «archote»; Inf. 3,93 pi1í leve legno («barco•) ; [Lus. I,27,2 . . . co111e decisiva que, dentro da situação, o mais restrito desempenha dentro
te11do / O d11vidoso mar 1111111 lenho lc11e {le11ho charco»)]. 1 do mais lato 1 .
1 Encontn1mos também casos cm que a matéria prima é cxprcss:i pela matéria fabric:ida, como.
1 Assim também sinédoqucs deste género: Vicir.1, 1. 1064 Q11n11tas primmwas ,,,,,, passaria
p. ex., no port. pão= seara e trigo, Vid. F. Lopes, D. João I, 2, p. 41 r que daly r11trasc 110 por 11ós (primnvtra por 0110). [N. T.J.
Rd110 dt Port11gnl a tallrnr as 1d11has t piits t faztr todo o mal. . . ; p. 454 11011idndt dt pão [N. T.].
154 155
Na linguística histórica é conhecida a catacrese (§ 179, 1) desta siné c11111 •Judas-; Phedre 1, 1, 14 /a mer q11e vit tomber lcare «o mar vizinho a Samos•;
doque como calargamento de sentido•, o qual permite à língua uma PL 1,4 011e greater Ma11 (cCristo•) ; 1,36 the motlier of ma11ki11d («Eva») ; 1 ,444
possibilidade de desvio em certas relações históricas (§§ 178; 179,1). tlrat uxorio11s Ki11g, wlrose lreart ... fel/ the Jdols Joul («Salomão•) ; ln( 4, 131
201. O plural é expresso pelo singular (§ 198; si11gularis pro il maestro di color che sa11110 ( cAristótclest) ; Petrarca, son. 114 il bcl paese
plurali) , quando importa mais a categoria colectiva, do que as variantes cl1'Appe1111i11 parte, il mar circonda e l'Alpe («a Itália») ; Goethe, Venetian.
individuais ou o grande número, sendo, neste caso, muito importante Epigr. 43 die 11ept1111iscl1e Stadt ( eVeneza>) ; [ Lus. 1,65,1-2 A lei tenho d'aquele
o donúnio militar. a cujo império / obedece o 11isíbil e o i1111isíbil; Vl,75,3-4 a gt'llte chama / Aquele
1) Nwn. 14,25 (hebr.) ó 'AµocÃ-�Y. xcxl ó Xcx•Jo:wii:oç, Amalecites que a salvar o 1111111do veio (•Cristo•) ]. - O lugar preferido para a aplicação
et Cha11a11ae11s, fr. l'Amalécite et le Ca11a11ée11, ingl. the Amalecite and the da antonomásia é o proénúo (exordi11m: § 43,1) de poesias descritivas,
Clia11aa11ite, ai. der Amalekiter 1111d der Kana11ãer, [port. o A111alecita e o onde o tropo da perífrase serve ao protagonista (Od. 1,1 ; Aen 1,1 ;
Ca11a11eu ]; Gcorg. 3,46 haud sews ac patriis Ro111ar111s i11 art11is; Quint. 8,6,20 [Lus. 1 , 1 ]) .
Roma1111s proelio victor; Boil. Art. 2,182 Le Fra11çais, 11é 111ali11, forma /e 2) O estranhamento pode ser mais motivado pela variação condi
va11deville; MSt 1 ,6,560 der Brite; [port. Lus. VII, 5,1 Vede'lo duro inglês]. cionada pelo contexto (cf. § 194) : Od. 1, 27-28 Z·'l''º:; M µzy&.potaw . . . /
- A sinédoque da dcsigna�o de nacionalidade é ainda hoje corrente . . . ncx-:-1jp !Xv8wv -rc: 6ewv ..e («ZcUS») ; Aen. 1 , 58 1 Ae11ea11 compellat
em todas as lfaguas europeias. Achates: / Nate dea . . . ; Du Bellay, Regr. 31 comme Ulyssc . . . / 011 co111111e
2) Aen. 2,20 11ter11111 < eq11i > ... ar111ato milite co111ple11t.; [Lus. 1 ,8,6 cest11y-là q11i co11quit la toiso11 («Jasão•: para evitar a sequência de dois
jugo e vit11pério / Do torpe Ismaelita cavaleiro (por cavaleiros)]. nomes próprios e para observar a lei dos membros crescentes [§ 53]) ;
[ Lus. 1, 37,3-4, 38,1-2 (Marte) se pós diante / de J1ípiter... e disse assi:
«Ü Padre, a wjo império / T11do aquilo obedece q11e criaste].
III') a11to110111asia (§§ 202-207) 3) A própria perífrase tem todas as liberdades da perífrase não
científica (§ 188), podendo, por conseguinte, também revestir-se de
202. A a11to11omasia (pro11omi11atio; !XVTovoµ.cxa(cx ; [port. a11to11omásia]) particularidades metorúm.icas (§ 223) : Androm. 1, 1, 16 111a triste amitié
é uma variante (§ 185, lc), aplicada aos nomes próprios (§ 136), da perí «cu, triste amigo tew; [Garret, F. L. de S., 3,6, p. 126 111e11 a111or «meu
frase (§ 186) e da sinédoque (§ 192). amado»].
203. Na terminologia da retórica antiga designa-se por a11to11omásia 206. O nome próprio (§ 204) é substituído por .wn apelativo
apenas a substituição de um nome próprio por uma perífrase ou por (§ 138) que corresponde à sinédoque (como grau de redução da
um apelativo («tropo que está cm vez de um nome»). O facto, porém, perífrase : § 194) e que, de modo geral, intervém como epíteto
de que a substituição de um nome próprio por um apelativo (§ 206) cmbdczador (§§ 183; 310,2) do nome próprio. Esta antonomásia
é um fenómeno (species pro i11di11id110) análogo à sinédoque gem1s pro aplica-se :
specie (§ 194) levou, nos tempos modernos, G. ]. Vossius a transpor a 1) Mais com intenção poética de provocar o estranhamento :
reversibilidade possível na sinédoque (species pro ge11ere : § 199) anàlo Ku6Épetcx «Afrodite> (Od. 8,288; 18,193), Cytlrerea (Aen. 1,257), fr.
gamcnte para a antonomásia (individ1111m pro specie), conservando-lhe, Cythérée, [port. Citereia (Lus. 1,34, 1 Estas causas moviam Citereia )]; Tydides
contudo, o termo de a11to11omásia. «Diomedes> (Aen. 1,97). - Também aparece como emprego proernial
204. A antonomásia propriamente dita (§ 203) consiste na (§ 205,1) : Bér. 1,1,6 la reine.
substituição de um nome próprio por uma perífrase (§ 205) ou por wn 2) Mais com a intenção de variar o contexto (cf. § 19�): Aen.
apelativo (§ 206). 1,663 <Ve11u.s> his... adfat11r Amarem: Nate. . . ; Rol. 3988 l'empere...
205. O nome próprio (§ 204) é substituído por uma perífrase Caries ... li emperere . . . , li reis; Bér. 1,3,63 Béré11ice . . . , La rei11e; [Lus.
(§ 186) que, de modo geral, aparece como aposição ao nome próprio, ll,36,4-6 Com quem Amor bri11cava e 11ào se via / ... I 011de o Minino as
com fins de embelezamento (§§ 183,2; 282). O motivo principal da almas acendia].
substituição é o estranhamento (§ 164) : 3) Mais como cn.igma dissimulador (§ 428) : JC 1,3,72-78 a n1an I
1) O estranhamento pode ser mais motivado pela intenção poética
(§ 89) ou pelo tabu (§ 177,1): II. 1,9 Arrroüc; xcxl Âtoc; u[6c; •Apolo•; most like this dreadjid 11ight... 11 'Tis Caesar tirai yo11 111ea11; 4,3,40 a mad111a11
Aen. 1,65 div11111 pater atq11e lio111i1111m rex •Júpitcn; Mattb. 26,48 q11i tradidit («CassiUS») ; [Garrett, F. L. de S., 3,5, p. 118 Romeiro, q11e111 és t11 ? - Ninguém,
Telmo; ninguém, se 11e111 jtf tu me conheces !]
156 157
207. A antonomásia Vossiânica (§ 203) consiste na substituição 10,1 ,25 Demosthenes, . . . Ho111erus s11111mi. . . s1111t, lw111i11es ta111e11 ( ut.ão sem
de um apelativo (§ 1 38) por um nome próprio (§ 136), portanto, na defeitoS») ; Mol., Mis. 1 , 1 ,69 ]e 11e11:x· q11e /' o/l soit homme («leal») ; ingl.
inversão da amonomásia descrita no § 206. O nome próprio é, neste ma11 «m prcgnant sense : an adult male eminencly cndowed with manly
caso, uma pessoa ou coisa, que na história ou na mitologia era um qualitie�; aJ. ei11 Mm111 «zuverlassig, aufrecht» ; it. 1101110 <!llomo con lc
exemplo excepcionaJ (tipo, exe111plrt111 : § 404) da qualidade que se desig sue qualità di mente in pieno sviluppo e vigore; uomo con le fiacchezze
nar com o apelativo que é substitwdo («alusão» : § 404) : 'Acppol>h-IJ dclla sua natura» ; esp. var611 «hombrc de respccco, autoridad u otras
«beleza>>, Tɵ'lt"I) «liudo vale», lat. Te111pe, ingl. Te111pe «any delightful prendas»; Faust 1,1 ,940 Híer bi" ich Mc//sch, flÍer darf ich's sei//; Sh.,
ruraJ spot», [port. Te111pe •lugar gracioso e ameno»] ; fr. ce je1111e Mars J. C. 5,5,75 This 1vas a ma11 ! ; [port. homem «o que tem a coragem, o valor,
(Cid 4,2, 1 1 58 «este jovem guerreiro», ingl. Mars «great warrioD>, [port. a firmeza de ânimo própria do homem forte• (Camilo, Caveira do
Marte «guerreiro, chefe de exército, cabo de guerra] ; fr. V11lcain «ÍOr Mártir, 3.• ed., 234 Chora, sê frauco, sê homem), varão «homem respei
gerom, ingl. V11lcm1 «a blacksmith»; Préc. rid. 9 1111 A111ilcar «amant gai et tável. (Bernardes, Nova Floresta, V,9 11111 venerável varão)]. C[ §§ 288-292.
spirituel� «Segundo uma personagem da C/é/ie de Scudéry) ; Tart. 1,5,349 209. O perigo de que a ênfase (também como figura de pensa
1111 Catclll, [port. 11111 Catão «virtuoso cm extremo, austero» (Ramalho, mento : § 419) seja mal compreendida (§ 208) e considerada como cnWl
As Farpas, IX, p. 139 e segs. a respeito de Alexandre Herculano) ]; ciação supérflua, desde que considerada no sentido próprio (proprie),
MSt 1, 1 ,84 diese Helena 3,4,2374 ci11e listigc Ar111ida 4,3,2710 der Atlas leva a que a ponham expressamelLte cm realce na pro111111tíatio (§§ 45 ; 180)
des Staats. por meio de sinais da vox (intensidade, tom) e dos gestos, i. é, «entendida
enfàticament�. Para o orador e para o actor a ênfase semântica (§ 208)
identifica-se, desta maneira, com «um aumento de intensidade da voz
IV') e111pl1asis (§§ 208-210) e dos gestosi;. Nas línguas modernas, a palavra «ênfase» toma exacta
mente esta significação originada na linguagem técnica dos actores,
208. A e111pfl(lsis (é!µcpocatç ; [port. ê11fase D 1 designa uma característica processo este em que finalmente já se pode abstrair da existência de uma
por meio de um conceito, que contém essa característica, como caracte ênfase (§ 208) semântica (a qual originàriamente era condição neces
rística (§ 1 85,2a), sem que, no entanto, a exprima: sária) : fr. empl/(lse «exagération dans le ton, la voi.x, le geste» ; ingl. cwpl/(lsis
A ênfase está assim aparentada com a sinédoque de longo alcance «.stress of voice laid on a word or phrase to indicatc its implicd meaning
(§ 194) e com a antonomásia propriamente dita (§ 204). A superfluidade (§ 208) , or simply to mark its in1portance» ; it. e11fasi �calorc, spcsso
(l111wilitas : § 464) serve como sinal contextual (§ 180) e semântico da csagerato, nei gesri e nella voce» ; esp. é11fasis •ÍUcrza de expresión o de
enw1ciação, quando se quis conceber esta proprie (pelo conceito total) : entonación con que se quiere realzar la importancia de lo que se
a ennnciação homo est ille (§ 209) é supérflua, quando se considera o dice o se Ice; afectación en la expresión, cn el tono dela voz o en cl gesto» ;
conceito total homo, como conteúdo da enunciação. Esta superfluidade [port. ê11f(l5e •força solene, empolada, afectada de expressão, oral ou escrita,
é um desafio para encontrar atrás da enunciação algo de mais preciso ou de entonação, com que se pretende realçar a importância do que se
quanto ao conteúdo: pretende-se sim evocar uma característica própria diz ou lê»]; ai. E111pll(lse «Eindringlichkeit, Nachdruck: ...
ao homem «fraco, capaz de se enganan. - Cf. ainda § 210.
Esta realização por sinais da voz e dos gestos avança de tal modo
Exemplos: Quint. 8,3,86 est i11 v11lgarib11s q11oq11e verbis empl/(lsis :
para o primeiro plano, que a palavra «ênfase», consequentemente, pode
«Vimm esse oportet (um homem total e à altura da situação) • ct «'101110 est ser exclusivamente aplicada, como «aumento da expressão cm geral»,
ille (apenas mn homem fraco e capaz de enganar-se)•, e/ «vi11e11d11111 est e isto no donúnio da elowtio (portanto, abstraindo da pro111111tíatio ), de
(abrir caminho na vida)»; adeo similis est arti pler11111q11e 11(1f11ra (§ 176,2) ;
modo que pràticamente coincide com a «hipérbole» (§ 212) ou com a
«metáfora mais ousada» (§ 231) : fr. e111phase «exagération dans l'expression ;
1 lngl. 1'1t1pl1a.si.J ca figure of spcech in which more is implicd than is actu:llly said; a meaning
figure qui consiste à employer un mot qui a beaucoup de force (comme:
convcyed by implicatioru (antiquado); csp. l11Ja1is «figura que consiste cn dar a entender mis de
lo que rc:ilmcmc se expressa con las palabr::is empicadas para dcár alguna cosa; (port. bifau •Proprie
e11jlammé de colere, pcrd11 de dettes), et qui, nc différant pas de la métaphorc,
dade de c-crtos termos fazerem compreender mais do que exprimem direct3mcnrco]. - A ênfase de l'hyperbole, ne mériterait pas de porter un nom particulien (Boil.,
(e rambém os seus tropos de pensamento: S 419) é compreemlida pclo •entendimento do que se Art 1 ,203) ; ingl. emphasis «Yigour of expression» ; it. e11fasi «modo esage
implica• (bttvoe:i:v, s11bi11trlltgrrt si1ba11dirr), o que deve clisringuir-se do •entend imento que rato di csprimere anchc per iscritto il proprio pensierm ; ai. Emp/l(lsc; [port.
completa. (S 317, n.).
ênfase «maneira empolada, exagerada ou afcctada de falar ou escrever»].
158 159
210. Nas línguas modernas é designada 1 a •ênfase semântica. 213. Há que distinguir a hipérbole pura (§ 214) da hipérbole combi
(§§ 208; 419) como cPragnanz (gravidez)•: ingl. preg11a11cy c(in ref. co nada com outros tropos (§ 215).
specch , words, acrions, etc.) latent capaciry to produce rcsults; poten 214. A hipérbole pura (§ 213) é um sobrepujamento gradual do
tiallityt; preg11a11t •(or words, symbolic acts, etc.) full of meaning; verb11m propri1m1 et 1mivoc11m (§ 168) para além da credibilidade (§ 212).
suggesring more than is expressed» (HmJ. 2,2,212), preg11<111t co11structio11 Esta hipérbole é, por conseguinte, uma continuação dos sinónimos
«(in grammar or rhetoric )a construction in which more is implied than partidàriamente amplificantes, continuação que ultrapassa os limites
the words exprcss• (§ 419); it. preg11a11te c(parola, significa to) che contiene da credibilidade (§§ 75, 1 ; 154, 1 : 172). É especialmente aplicada a cate
senso ulterior, oltre ai primo• (desde Davanzati) ; esp. palabra prenada gorias espaciais: Aen. 1, 103 fi11ct11sque ad sidera tollit; 1 , 162 ge111i11iq11e
«dicho que incluye en si más sentido que el que manifiesta, y se deja 111i11a11t11r / i11 cael11m scopuli; Rhet. Her. 4,33,44 q11odsi co11cordia111 reti11e
al discurso dei qu..: lo oyet; [port. pala11ras pre11hes (Cf. Bluteau, Voe. bim11s i11 civitate, imperii 111ag11it11di11e solis atq11e occasu 111etie111ur; [ Lus. II,
Port. e Lat., s. v. prenhe) ]. Uma substituição ai. para «ênfase•, como
-
91,5 A grita· se aleva11ta ao céu da ge11te; VT, 76, 1-4 Agora sobre as 1111ve11s
indicação réa1ica para o teatro (§ 209), é «Bedeutung» (significado: os s11bia111 / as 011das de Neptuno Jiirib1111do, / agora a 11er parece q11e desciam
MSt 3,2,2151), cbedeutungsvoll» (si l?11ificativo : MSt 1 ,8,1046). / às fntimas e11trat1has do profi111do]. Quanto ao tropo de pensamento,
-
vid. § 421.
215. A hipérbole (§ 213) combinada com outros tropos <§ 236)
V') litotes (§ 211) é especialmente aplicada a categorias não espaciais (§ 214). Aparecem
sobretudo (quanto ao rropo de pensamento, vid. § 421):
21 1. A litotes (exadversio; ÀL't'Ó'n)c;, &'1-:&V«VTlwmc;; tport. lftotes]) é 1) A hipérbole metafórica (§ 288) : at8�pttev �":'op (LI. 24,205) ;
uma ironia da dissimulação (§ 428) com valor perifrástico (§ 186), que praecordia ferrea (Ov. epist. 12,183); fr. 1111 coeur de for (Racine, Théb.
consiste cm obter um grau superlativo pela negação do contrário 3,4,777) cun coeur dur, impitoyable, inflemble.; ingl. iro11-hearred «extre
(§ 185,2a) : mão pequeno• significa •muito grande- (§ 180). mely hard-hearted ; unfeeling ; cruel.; it. di ferro «duro come il ferro;
Exemplos: II. 15, 1 1 ; Od. 5,43 ouô' &7tl6'1)at ôt<Xwropoc;. I Cor. 1 1 ,22
-
crudele; spietato•; esp. volimtad de hierro ela muy enérgica e inflexibl�;
Êv ":'OÚT�> oúx Êr.ocww. Quint. 10,1,12 «Seio•: «11011 ig11oro• et «no11 me
-
[port. vontade de ferro C'VOntade muito forte que se considera inabalável
Ji1git» et •11on me praeteriti.; Carm. de fig. 164 11011 parva est res q11a de pelas circunstincias adversas-].
agit11r; Cid 3,4,963 Va, je 11e te liais poi;1t; Bérénice 1,3,92 No11, Arsace, 2) A hipérbole irónica (§ 232), na qual se exagera, de maneira
jamais je 11e /'ai 111oim haiê; ingl. a citize11 of 110 mea11 city ca citizen of a provocante, a crítica ao partido contrário: Cid 2,3,465 111011 â111e . . . y fera
famous city», A. is 1101a 111a11 to be 11eglected (EB, s. v. litotes) ; [port. 11ào ig11oro, /' i111possible; [Vieira, V, 75 Tão delicada e mimosa era a sua co11sciê11cia, que
11ào raro. F. Lopes, D. João 1, Pró!. o que a allgii11s escrevet1do 11iio 11ego11; 11iio só a picavam os escriíp11/os próprios, senão também os alheios].
D. Fernando, p. 274, ele partic> ledo, sem ela ficar triste; Bocage, Sone
tos, 366,4 11ariz alto 110 meio e 11iio pequeno].
�) Alterações fora do plano do conteúdo conceptual
VI') liyperbole (§§ 212-215) 111eto11ymia (§§ 216-225)
212. A liyperbole (s11perlatio; Ú7ttp�ot.� ; fport. hipérbole]) é uma 216. A meto11y111in (de110111i11atio; µ,o:-rwvui.r-la, Ú7t!X.ÀÀ«YÍJ ; [port. 111eto
amplificação crescente (§ 185,2b) aplicad:i nos verba si11g11la e isto com ní111ia]) consiste numa alteração da denominação fora do plano do conteúdo
evidente intenção de provocar estranhamento para além da credibilidade conceptual (§§ 1 84-185). Esta alteração movimenta-se nos planos que
(§§ 37,1 ; 185,2b). O tropo, que pertence ao a11dacior omat11s (§ 90), correspondem à implicação de um fenómeno da realidade com as reali
tem efeitos poético-evocativos (§ 73,2) e serve, na retórica, para despertar dades que o rodeiam, as quais estão enumeradas no hexâmetro sobre
pateticamente (§ 70) no público afectos partidários (§ 73,1) e, na poesia, a invenção (§ 41). Para a metorúmia surgem as seguintes implicações
para a criação afectiva de imagens que ultrapassam a realidade. (§§ 217-224), como fundamentos da denominação.
217. Na implicação real (§ 216) da causa e efeito (§ 41 : q11ibHs a11xiliis,
1 O signjficado ai. das palavr;u cPrãgmm:t, prãgnantt transformou-se, hoje cm dia, cm
wr? ) , é dado o fundamento para a denominação do efeito, (219), por
•brevidade cheia de �ntido; cxacto-. meio da causa (§ 218), e por meio do efeito para a denominação da causa.
160 161
21 8. Na denominação do efeito pela causa (§ 2 1 7) pode a causa carm. 1 ,4,13 pai/ida 111ors •morte que faz pálido• (Quint. 8,6,27)1 ;
ser consritwda por uma pessoa (1) ou por uma coisa (2) : Quint. 8, 6, 27 praeceps ira «ira que leva a procedimento precipitado• ;
1 ) Quando a causa é uma pessoa, aparecem: [Lus. m, 83,5-6 A pálida doença lhe tocava / comfria mão o corpo enfraquecido
a) O autor pela sua obra : Vergili11111 legere •carmina Vcrgili legcre», «doença que faz pálido•].
fr. /ire Virgile, ingl. to read Virgil, it. leggere Virgilic>, esp. leer a Virgilio, b) Substantivos (c( § 218, 2b) : Acn. 10,140 v11/11era dirigere cpro- ·
ai. Ver,(!il lese11, [port. ler Virgílio (Lus. V ,96,7 Litl Alexandre a Homero )J. jécteis que provocam fcrid�.
b) A divindade (como criadora ou como força protectora) cm 220. Na implicação real (§ 216) de continente e conteúdo (§ 41 :
vez do donúnio cm que exerce as suas funções (•metonímia mitológica•) : rrbi?) é dado o fundamento, para a designação do conteúdo, pelo conti
..Ap·l)ç •bacaJha•, •guerra» (LI. 2,381), Mars (Acn. 6, 1 65), fr. ingl. ai. Mars, nente (§ 221) e para a denomi.t1ação do continente, pelo conteúdo (§ 222) .
it. esp. port. Marte [(Garrett, Catão 5, 6, p. 197 s11ste11tm1do, co11t11do, 221. O conteúdo e>q>rcsso pelo continente (§ 220) pode consistir
o Marte adverso)] ; Btflqoç «vi.ttlio» (Eur., Iph. Aul. 1061), Bacclirrs (Ecl. cm coisas (1) ou em pessoas (2) :
5,69), Liber (Cic. nat. deor. 3,23,60), fr. ingl. ai. Baccl111s, it. Bacco, (port. 1) Um conteúdo formado por uma coisa consiste, p. ex., numa
Baco (11111igo de Baco «amigo do vinJ10•) ] ; �-IJµ·�'rlJP <cccreal, pão» (Tryph. expressão como «beber um copo» (= «beber o líquido que está contido
trop. 6 Spcngel II p. 195,23), Ceres (Acn. 1, 1 77), fr. Céres, ai. Ceres. num copo•) : 7to-.-Íjptov (Matth. 20,22), calix, pow/111/l; fr. calice, co11pe,
it. Cerere, [port. Ceres]; Nept111111s <cmar> (Gcorg. 4,29), fr. Ncpt1111e, ingl, vcrre; ingl. wp, glass; it. coppa, biccl1iere ; csp. copa, vaso; [port. cálice,
Nept1111e, ai. Nept1111, it. Nctt11110, csp. Ncpt11110, [port. Nept11110 (Lus. copo, taça]. - Também pertence a este processo a subsricuição pela parte
IV, 84,3-4 011de o licor 111ist11ra a brm1ca areia / co' o salgado Nept11110 o do corpo (xo:p8C«, cor; fr. coe11r; mgl. lieart; al. Herz; ir. cuore; esp. corazó11;
doce Tejo)]; ''Hcp��a-:-oç cfogo» (LI. 2,426), V11/cm111s (Acn. 7,77), ingl. V11/c1111, r port. coração]), das capacidades ou circWlStftncias espirituais que conven
[port. V11/cm10 (Lus. I,??,1-2 Esta11a o Padre ali s11bli111e e di110, / q11e vibra cional mente se localizam nessa parte do corpo («coragem•, -compaixão•).
os faros raios de V11/ca1w; I,68,3)]. 2) Um conteúdo formado por nn1a pessoa (ou um conteúdo
c) O proprietário (como construtor ou possuidor) pela casa ou análogo a este) consiste, p. ex., numa expressão como curia -senatUSt
pela propriedade, o inventor pelo invento : Ae1L. 2,31 1 iam proxi11111s (Cic. de or. 3,42,167), tl1eatr11//I plmulit (Isid. orig. 1,37,8), prata //111gi1111t
ardct Vcaleg011 (•a casa de Ucalegonte») ; fr. 1111e Citroi!11 rum automóvel (Isid. orig. 1,37,8 d11111 ... liic bo11es m11gim1t) , ar111is !ta/ia 11011 potest vi11ci
fabricado pela firma Citroen», etc. [port. 11111 Veiga <ccavalo criado no (Rhet. Her. 4,32,43) ; fr. /e VatiCLm <cO Papa e os seus colaboradores•
Ribatejo pela casa Veiga da Golegã]. ingl. the Vatica11, ai. der Vatika11, it. i/ Vaticn110, csp. e/ Vatica110, fport.
2) Uma coisa aparece como causa, nos seguintes casos: o Vaticm10 (igualmente a assembleia, o trib1111al. N. T.)].
a) Em ftmção adjecciva : Aen. 5,8 1 7 sp1111ur11tia fre11a «freios que 222. O exemplo de Acn. 2,311 (§ 218, lc} pode ser comiderado
estão espumantes devido à saliva dos cavalos• (Serv. ad loc. «spumas como a expressão do continente pelo conteúdo.
movcntia» ; lsid. orig. 1,37,10); 223. Na implicação real (§ 216) do portador da qualidade e da
b) Em função substantiva, na qual o tropo é chamado metalepsis qualidade (§ 41 : q110111odo ?) . é dado pela qualidade o ftmdamento para
([port. 111etalepse] ; Isid. orig. 1,37,7; Beda p. 612,25 Rhet. min..) : Ps. 127,2 a denominação abstracta do portador dessa qualidade: vici11itas cpessoas
labores 111a1111111u t11ar11111 111a11d11cnbis •O fruto do teu trabalho•. que vivem na vizinhança• (Cic. Verr. II, 4,44,96), fr. voisi11age cles voisinSl-,
219. Na denominação da causa pelo efeito (§ 217) pode a causa ingl. 11etglibo11rl1ood ctbe people living near to a certain place», it. vici11ato
ser uma pessoa (1) ou uma coisa (2) : cvicini., esp. veci11dad; [port. 11izi11ha11ça «proximidade de pessoas, que
1) No tocante à causa pessoal, aparecem : habitam perto umas das outraSt] ; lat. dirimere iras cafastar os que estão
a) Ü contrário da metonímia 111.Í tológica (§ 218, 1 b) : ür'JOÇ «Dioniso», inflamados pela ira.t (Liv. 1 , 13,2) ; ma triste amitié «eu, triste amigo
«Baco• (Orph. frg. 216) , Vi1111111 (Rbet. Her. 4,32,43) ;fr11ges cCcres• (ibid.) ; teu, [111e11 a//lor «meu amadot] (§ 205,3) . - C( § 428,2.
b) O contrário da mctorumia feita com o proprietário (§ 218, 1 c) : 224. Na implicação real (§ 216) de fenómeno e símbolo (signum,
sarisae «Os MaccdónioS» (Rhct. Hcr. 4,32,43; !porque os Macedónios aúµ�o/..ov ; [port. stg110, sílllbolo]} sociais, o fundamento (§ 41: q11ib11s a11xiliis ?)
usavam. chuços chamados sarisae, vid. Luc. Phars. 8,298) (N. T.) ]. para a denominação concreta de um fenómeno social é dado pelo seu
2) No cocante a causas formadas por coisas, aparecem :
a) Adjectivos (c( § 218,2 a): Rhet. Her. 4,32,43 «desidiosa111• arfem 1 A personificação «Morre pálida., que, devido ao contexto se lhe assemclh.:a, é uma metá
dici11111s, q11ia desidiosos facit, et frig11s «pigru111•, q11ia pigros e.f{icit; Hor. fora (§ 228).
li
162 163
símbolo instrumental (ou convencional) : toga «pax•, arma «bellunu (Cic. cante à situação do facto (ou, no ge1ms iudiciale, à situação do delito:
de or. 3,42,167); Cic. off. 1 ,22,77 ceda11t arma togae; Menteur 1,1,1 /ai § 42,1), enquanto, na ironía, o mesmo locus a simili se emprega no domínio
quitté la robe («carreira civil») po11r 1' épée ( «c:irreira militar») ; ingl. ar111s respeitante à situação do discurso (§ 42,2).
«the pracrice or profession of arn1S»; it. le anlli «l 'arte della guerra»;
esp. armas «profesión militar»; [port. armas «tudo o que diz respeito à
guerra»; seguir as armas «escolher a profissão militan] ; fr. aosse «poder
) metaphora (§§ 228-231)
oc
episcopal ou abacial (nas coisas do mundo)>, ai. Kri111111istab, [port. 228. A metaphora (tra11slatio ; µ.t-roc<popiX; [port. metáfora]) é a substi
Vieira, XIII, 186 Não é meu intento dizer que são mais poderosos para com tuição {i11111111/atio : § 174) de um verb11111 propriu111 («guerreiro») por urna
Deus os barretes (poder clerical), que os báculos (poder episcopal)]; fr. la palavra, cujo significado entendido proprie, está numa relação de seme
calotte «les prêtes, le clergb; ax'ij1t't"pov «poder (real)» (Il. 6,159), sceptrum lhança (si111ilitudo : § 401) com o significado proprie da palavra substituída
(Aen. 1,78), fr. sceptre, ingl. sceptre, al. Szepter, [port. ceptro «autoridade («leão.: § 226).
real» (Vieira, ill,323 a restituição do alheio . . . não !Ó obriga aos súbditos e A metáfora, por esse motivo, é definida também como «comparação
particulares, se11ão também aos ceptros-)]. - Cf. também § 192. abreviada», na qual o que é comparado é identificado com a palavra
225. Os limites entre metonímia e metáfora (§ 228) são pouco que lhe é semelhante. À comparação (si111ilir11do) «Aquiles lutava como
nítidos, pois que a metonímia abandona o plano do conteúdo concept �l um leão» corresponde a metáfora «Aquiles era um leão na batalha».
(§216) e então entre alteração (§ 216) e salto (§ 226) não pode rna1s 229. Exemplos: Arist. Pax 1189 oíxot µ.ev ÀÉoY't"tç;, �v µ.iXxr18'cV.wrttxtç;
estabelecer-se diferença nítida: (Petron. 44,4 domi leo11es, Joris 1mlpes). - Fr. lio11 «homme hardi et coura
1) Decisivo para a metonímia é a participação real do domínio geux», re11ard «hom.me rusé» ; ingl. lio11 «courageous persoru,fox ca crafty
do proprie no domínio dos tropos (§ 216), enquanto a metáfora (§ 228) mam ; it. leo11e «uomo forte e coraggioso», volpe cpersona asturissima e
tem como fundamento uma pura relação de pensamento entre dorrúnios. maliziosa.; esp. león «hombre audaz, imperioso y valicnte», zorra «persona
Na concepção mágica, contudo, reside no fundamento da deno�ção astuta y solapada»; [port. leão «indivíduo arrojado, valente, audav, raposa
metafórica uma participação real, pois Aquiles quando é denommado (dial. zorro ou zorra) «pessoa fina, sagaz e matreira.].
«leão» é, porque realmente tomou a natureza de leão (§ 228), de modo 230. As metáforas, como tropos de palavra, pertCll;Cern respecti
que a metáfora apresenta uma metonímia de valor mágico. vamente a campos de imagem mais vastos, nos quais os dois domínios
2) O abandono do plano do conteúdo conceptual na metonímia do ser se ordenam entre si numa relação de semelhança. Os campos
provoca analogias susceptíveis de ampl�cação entre o plano da noção de imagem realizam-se mais Jatamente na figura de pensamento da
do proprie e o plano da noção de tropo, de modo que a metonímia pode alegoria (§ 423).
ser alargada até à alegoria (§ 423). Alegorias desta sorte são feitas sobre 231. Quando, numa metáfora, a relação entre os campos de imagem
tudo para a metonímia mitológica (Ter. Eun. 732 sine Cerere et Libero (§ 230), que escolheu o sujeito falante, for pouco usual na co11S11etudo
friget Ve1111s) e para a metonímia simbólica (Menteur, 1,1,1 : § 224). (§ 104) do meio social (aptum: § 464) ou do ge1111s elomtionis (§ 465) e se,
por conseguinte, for muito grande o estranhamento (§§ 84; 162), 'consi
b) Tropos de salto (§§ 226-234) dera-se então essa metáfora, como «trazida de longe» (simile longe duct1m1):
uma metáfora desta qualidade pertence ao a11dacior omat11s (§ 90).
226. Os tropos de salto (§ 175,2) mostram respectivamente,
entre o significado proprie da palavra substituída («guerreiro»: § 174)
�) iro11ia (§§ 232-234)
e o significado proprie da palavra que tràpicamente a substitui (t.leã0»:
§ 174), ou uma relação de semelhança (metáfora: «guerreiro / leão»: 232. A iro11ia (si11111latio, ill11sio, per11111tatio ex contrario d11cta ;
§§ 228-231) ou uma relação de contrários (ironia : «Valente / cobarde»: dpcuvdoc, tÍvTl<ppoccnç;; (port. ironia, antifrase]), como tropo de palavra
§§ 232-234). (quanto ao tropo de pensamento, vid. § 426), é a utilização do vocabu
227. Os tropos de salto são tirados do lows a simili (§ 41), processo lário que o partido contrário (§ 42,2) emprega para os fins partidários
em que o si111ile, no caso da metáfora (§ 228), é a imagem da compa (§ 65), com a firme convicção de que o público reconhecerá a incredi
ração, ao passo que, no caso da ironia (§ 232), o si111ile é o contrário (co11- bilidade desse vocabulário. Deste modo, a credibilidade, do partido
trari11111) : na metáfora, o locus a simili emprega-se no domínio respei- que o orador defende, é mais reforçada e de tal modo que, como resul-
1 64 165
tado final, as palavras irónicas são compreendidas nwu sentido que é distinguem-se as figuras de pensamento (§§ 363-447), que originàriamente
contrário (co11trari11111: § 227) ao seu sentido próprio. pertencem à i11ve11tio, das figuras de palavra (§§ 239-362), que essencial
233. Exemplos: Eur. Medea 509 1'0Ly<Íp µE fLOCY.tXp ttXv �6·1)xtXç.
.•• •.. mente pertencem à elocutio.
- Cic. Cluent. 33,91 e. Verres, praetor 11rba1111s, homo SatlCfllS et dilige11s;
Andromaque 5,5,1620 je me11rs co11tent; Sh., J. Caesar 3,2,99 A11d Br11t11s a) .figurae elocutionis (§§ 239-362)
is an ho11orable ma11 1 ; Tell 1, 1,97 Und mit der Axt hab ich il1111's Bad geseg11et;
[Vieira, XII, 153 Sobret11do cabem 11111as mãos muito lavadas e 11111a co11sciê11cia 239. As figuras de palavra (fig11rae elocutio11is, ,.« tjc; t..É�Ec..> ç ªX.�[..t«TtX)
muito pura, VIII, 100 Uma cabeça recostada sobre 11111a pedra e tão 111i111osa- dizem respeito à formação lingwstica (verba; §§ 91 ; 238) e consistem
111ente agasalhada]. na transformação desta, por meio das categorias (§ 58) da adiectio, detractio,
234. O sinal (§ 1 80) geral da ironia é o contexto. Como a ironia /ransm11tatio. Também a substituição por sinónimos (§§ 170-173) e os
(como co11trari1u11 referente a uma parte: § 232) está muito especialmente tropos (§§ 174-236) podem contar-se entre as figuras de palavra, pois
exposta ao perigo da incompreensão (à obsmritas, indecisa quanto à que surgem cm virtude da categoria da i11111111tatio (§§ 58; 1 69,2).
sua direcção : § 132,2), o sinal do contexto é, com certa preferência,
posto em maior evidência por meio da pro111mtiatio (§ 1 80). o:) .fig11rae per adiectio11e111 (§§ 240-316)
c) Tropos compósitos (§§ 235-236) 240. A adiectio (§§ 59; 239) aparece como repetição do igual
(§§ 241-292) e como acumulação do diferente (§§ 293-316).
235. Os dez tropos (§§ 173; 186-234: metalepse, perífrase, siné Repetição e acumulação têm lugar dentro de um grupo de palavras
doque, antonomásia, ênfase, lítotes, hipérbole, metonímia, metáfora, unitário e superordenado, e isto (§ 51,2) tanto no seu começo, como
ironia) podem combinar-se entre si. Tropos comp6sitos são p. ex. : no seu meio, como no seu fim.
1) Os tropos provenientes de combinação metafórica : perífrase A totalidade dos grupos de palavras superordenados pode, neste
(§ 1 89,3), sinédoque (§ 195,1), antonomásia Vossiânica (§ 207), hipérbole caso, ser de natureza sintáctica ou métrica. Como princípio, meio e fim
(§ 215,1), metonínúa (§ 225,2), ironia (§ 229). de um grupo de palavras superordenado, também podem �ervir o prin
2) Os tropos provenientes de combinação irónica: lítotes (como com cípio, o meio e o fim de uma totalidade sintáctica (proposição, período,
binação de perífrase e ironia com dissimulação : § 211 ), hipérbole (§ 215,1). colo, coma unitário: §§ 451-456) ou princípio, meio e fim, de uma tota
236. A combinação dos tropos é muito corrente, quanto ao omat11s lidade métrica (estrofe, grupo de versos, verso, meio verso). Neste caso
d!(ficilis (§ 166, 10) e, neste aspecto, mui to especialmente na época do as totalidades sintáctica e métrica não precisam de ser concordantes (§ 263)
barroco. na sua e>.."tensão como totalidades (portanto, dentro dos seus linútes).
A repetição e a acumulação, dentro de um grupo de palavras unitário
B) ln verbis coniunctis (§§ 237-463) e superordenado, aparecem em dois tipos de agrupamento : os membros
repetidos ou acumulados podem estar em contacto entre si (§§ 243-258;
237. O omat11s i11 verbis conirmctis posit11s (§ 163,2) consiste nas 274; 295) ou podem estar distanciados uns dos outros(§§ 259-273; 274; 295).
figuras (§§ 238-447) e na compositio (§§ 448-463). A repetição e a acumulação de frases inteiras originam. figuras de
pensamento (§§ 266-406).
1) figurae (§§ 238-447) Se os membros da repetição ou da acumulação estiverem coorde
nados sint.1cticamente (§§ 244-249; 265-266 ; 268-271 ; 277-280 ; 282-285;
238. As figuras são um fenómeno da dispositio (§ 74,2), que dá 289-291 ; 294-307 ; 320-326; 339-361 ; 366-377), então a estrutura sintáctica
forma à matéria prima da i11ve11tio (§ 40) e da clowtio (§ 91). Portanto, dos membros pode formar-se assindética (1) ou sindeticamente (2) :
1) A construção assindética chama-se asy11deto11 (§ 328).
2) A construção sindética aparece na sua forma pura como polis
1 /\ afirmaç2o /10/lourablt ma11 a respeito de Bruto não é, primeinmentc., reconhecida como
ironia (3,2,87), mas sim como afinmçã.o séria (§ 430,2). Depois insiste-se, repetidas vezes, nesta
síndeto (§ 267) e também, no caso de dois membros coordenados, como
afirmação (3,2,92,99, 104,129,132) e dcscobrl'HC cntio, por um conrexto que é paradoxal (§ 37,1), colocação única de uma conjunção (MSt 1 , 1 ,41 zu ho.ffen 1md zu 111age11 :
que se mta de ironia. § 300) . O significado das conjunções coordenadas pode ser: copulativo
166 167
{et, 11eq11e ), disjuntivo (atlt, vel) , adversativo (sed, a11t, ta111e11), causal
(11a111), conclusivo (ergo). Destes casos, as conjunções causais e conclu a') ge111inatio (§§ 244-249)
sivas aparecem, de preferência, cm membros verbais. - Todos os signi
ficados podem também ser expressos assindeticamente (§ 328). 244. A geminatio {iteratio, repetitio; Ê7tCX'lcXÀ1J�Lç, 7t«À�oy (cx ; [port.
3) Frequentemente é a construção mista, assindético-sindética, na epm1alepse, repetição, palilogia]) consiste na repetição textual (§ 242) de uma
qual, em mais do que dois membros coordenados, apenas os dois últimos parte da frase (palavra isolada ou grupo de palavras), em contacto, (§ 243),
aparecem ligados por uma conjunção (JC 3, 1 , 126 Bnit11s is 11oble, rvise, dando-se em lugar indiferente {no princípio, no meio, no fim) do grupo
valia11t, and honest; [ Lus. IV, 28,1-2 Deu si11al a trombeta castellza11a, / lzorre11do, de palavras unitário e superordenado (§ 240) , o qual pode ser, em si,
faro, itlge11te e te111eroso] : § 302). A conjunção, que sintàcticarnentc per de natureza sintáctica ou métrica.
tencia ao último membro, alonga esse membro e permite assim a manu Do ponto de vista terminológico, distingue-se muitas vezes entre a
tenção da lei dos membros crescentes (§§ 53,1 ; 283,1 ; 301 , 1 ; 302,1). repetição da palavra isolada (como iteratio=7t«ÀtÀÀoy(cx) e repetição de
grupo de palavras (repetitio=bta.vcD.11o/tç).
A ge111i11atio consiste, as mais das vezes, na composição dupla (dupli
1') Figuras de repetição (§§ 241-292)
cação). Também aparece a composição tripla e múltipla: RJ 4,5,49
241. A repetição do igual (§ 240) é a colocação repetida, dentro O ivoejul, rvoeJ11l, 1voeJ11l dny (para dar carácter à maneira expansiva de
do discurso, de uma parte frásica que já fora empregada. Serve assim falar da ama) ; 4,5,52.
à a111plificatio (§ 71) afectiva. Neste caso é de distinguir a igualdade 245. Os três lugares (§ 244) do todo superordenado originam três
completa (§§ 242-273) da igualdade branda (§§ 274 até 292). O abran tipos de geminatio (§§ 246-248) .
damento da igualdade é um fenómeno de transição para a acumulação 246. A ge111i11atio no princípio (§ 245), ou seja do tipo /xx . . . /, aparece,
(§ 240). As figuras de repetição detêm o fluir da informação e dão nos seguintes exemplos, para o todo sintáctico ou métrico <§ 244) : Eur.
tempo para que se tSaboreie> afcctivamente a informação apresentada Troad. 804-806 / lf3cxç lf3cxç -.<i) -ro�oip6pcp auwxpL- / CM"tÓwv <Xµ. 'AMµ.1Jvcxç
como importante. yóvcp / "IÃLO'I "1Ãwv bmépa(J)v 7t6Àw /. - Aen. 9,427 / 111e, me, ads11111 q11i feci;
Cid 3,3,799 / Ple11rez, ple11rez, mes ye11x; JC 1 , 1 ,61 / Go,go,good co1111try111e11;
A') Repetição de partes de frase iguais (§§ 242-273) MSt 1 ,5,386 Geh ! Geh ! T11 rvas er sagt ! ; Purg. 31,5 di, di se q11esto e vero;
Calderón, Duende 1,917 I D11endecillo, d11endecillo; [Lus. m, 84,7-8 Q11e
242. A igualdade completa (§ 241) das frases repetidas (palavra
sempre 110 se11 rei110 chamarão / «Afonso, Afo11so11 os ecos mas em vão; Vieira,
simples ou grupos de palavras) diz ao mesmo tempo respeito, tanto
Vill,133 Chegai, chegai covardes, q11e Xar1ier para vós não há mister mãos].
ao corpo de palavra, como ao conteúdo desta.
- Cid 3,3,829; Polyeucte 5,5,1785; Phedre 5,3,1442 ;JC 2,1 ,304; 3,2,258 ;
De resto, também a igualdade, aparentemente completa, se realiza
4,3,59 (138, 232, 273) ; 5,2, 1 ; 5,3,12 {90) ; 5,5,30; RJ 4,5,49 (54,62) ;
como desigualdade, nos seguintes casos:
MSt 3,2,2168 ; 3,3,2173; 3,4,241 1 (2445) ; 3,5,2455; 3,8,2607; 4,4,2762 ;
1) Na medida em que, cm relação ao corpo de palavra, a colo
5,10,3861 {3862).
cação de uma parte da frase em segundo lugar se realiza, as mais das
247. A ge111inatio no meio (§ 245), ou seja do tipo / . . . xx . . . /, aparece
vezes, com urna prommtiatio (§ 45) aumentativa (§ 73), a qual não é,
nos seguintes exemplos para o todo sintáctico ou métrico (§ 244) : Eur.
de modo algum, completamente idêntica à da frase colocada em primeiro
Troad. 806 (§ 246) ; Ecl. 3, 79 / et lo11g11m eformose, vnle, vale», i11q11it, •lollm;
lugar.
Polyeucte 5,5,1719 Pere barbare, acheve, aclzeve to11 011vrage; JC 2,2, 102
2) Na medida em que, cm relação ao conteúdo de palavra, a repe
for my dear, dear /ove; MSt 3,3,2201 Dara11s kam1 11i111111er, 11i111mer Gutes
tição traz consigo um enriquecimento afectivo (§ 68) .
ko111meu; [Lus. II, 61,2 Dizendo : F11ge, fuge, Lusitano]. - JC 3,2,229;
A repetição pode dar-se, dentro de um grupo de palavras (§ 240),
RJ 4,5,51 (57,61) ; MSt 4,5,286 1 ; 5,1,3351.
por contacto (§§ 243-258) ou a distfuicia (§§ 259-273) .
É frequente a introdução, de u m grupo de palavras (§ 244) ordenado,
por meio de uma interjeição monossilábica : Ecl. 2,69 /a, Corydon, Corydo11;
1 )
' Repetição por contacto (§§ 243-258)
JC 4,3,41 / O ye gods ! ye gods!; MSt 3,1 ,2087 / O Da11k, Dn11k; [A Castro,
243. A repetição por contacto (§ 242) aparece como ge111i11atio 4, p. 276 O/z triste, triste ! 111eu senhor, não me ouves ?]. - RJ 4,5,49; MSt
(§§ 244-249), red11plicatio (§§ 250-255) e gradatio (§§ 256-258) . 3,4,2412; 3,6,2524; 4,4,275 1 ; 5,1 ,3362; 5,10,3866.
168 169
248. A ge111i11atio no fim (§ 245), ou seja do tipo / . . . xx /, aparece c) Um adjectivo: RJ 4,5,46 B11t 011e, poor 011e; [Garrett, F. L. de
como expressão em que se insiste, ao separarem-se pessoas, que partem S. 2,2, p. 72 Olr, meu pai, 111e11 querido pai!].
para outro lugar : JC 3,2,258 / ... Come a111ay, a111ay ! ; MSt 5,9,3796
/ . . . Lebt wohl ! Lebt wohl ! /; [Garrett, F. L. de S., 3,5, p. 122 Tel1110, dá-me b') red11plicatio (§§ 250-255)
11111 abraço. Adeus, adeus, até . . . ; Camões, X,7, p. 1 1 1 / . . . Adeus, adeus !]
249. O contacto (§ 244) pode abrandar-se pela interposição de 250. A anadiplose (red11plicatio; chix8hrÃ<UaLç, hravix8hrt.<UaLç,
uma pequena parte da frase, que se não repete (sepnratio, i11teriectio; e7tixvixa-rpoç>� ; [port. a11adiplose, epa11adiplose]) consiste na repetição do
8tixxo1"j, 8Lo:crroÀ� ; [port. diácope]). Podem aparecer cm interposição: último membro de um grupo de palavras (sintácrico ou métrico; § 240),
1) Partes de frase sintàcticamente indepcndcntes: no princípio do grupo de palavras (sintáctico ou métrico; § 243) que
a) Um vocativo: Georg. 4,447 seis, Proteus, seis ipse; Cid 2,3,444 se lhe segue.
Apaise, ma Clii111e11e, apaise ra douleur; ]C 3,2,238 Yet hear me, co1111try111e11; A figura é, por conseguinte, do tipo ... x/x ...
yet lzear 111e speak; MSt 3,8,2611 Flielzt, Mortimer ! Flielzt ! ; [A Castro, A realização lexical apresenta muitas vezes nomes próprios, mas
4, p. 274 Eu tre1110, Se11hor, tremo / de me ver a11te ti; Vieira, II, 183 Ide também apresenta apelativos e verbos. Por vezes, o abrandamento do
por dia11fe pois, glorioso Ve11cedor, ide por dia11te]. - Androm. 1,1,121 ; contacto (cf. § 249), tal como pode constatar-se, leva a figura para as
Bér. 1,3, 1 10; Phedre 2,6,715; 5,3,1435; 5,6, 1547 ; JC 2,1 ,5 ; 5,1,1 1 1 ; 5,3,1 prmdmidades da anáfora (§ 265). Também pode constatar-se a reali
(9,1 1 , 103) ; 5,5,43; MSt 1,6,594. zação poliptótica (§ 280).
b) Um imperativo interjeccional : Georg. 4,358 duc, age, duc ad 11os; 251. O membro repetido (§ 250), ora desempenha frn1ção a.posi
[Garrett, F. L. de S., 3,11 , p. 133 Não sou; dize, 111e11 pai, 11iio sou]. cional no primeiro grupo de paJavras (§ 252), ora está integrado sintàcri
c ) Uma frase parentética (§ 414), por meio da qual a figura se camente no segundo grupo de palavras (§ 253).
aproxima da anáfora (§ 265) em transposição pouco nítida : Cic. Phil, 252. A repetição aposicional (§ 251) é continuada:
2,26,64 bo11a C11. Pompei (111iserr1111 me I co11s11111ptis e11i111 lacri111is ta111e11 i11jixus 1) Por uma oração relativa: Ecl. 10,72 vos hacc Jaeietis 111nxi1110
a11i1110 liaeret dolor) bo11a, i11quam, C11. Pompei; Esther 1 , 1,83 Esther, disais-je, Gal/o, / Gal/o c11i11s amor ta11t11111 milii creseir i11 horas; Brit. 2,2,494 Vous
Esther da11s la pourpre est assise; PL 1,27 Say Jirsf, for Heav' 11 liides 11othi11g 11e11ez de ba1111ir /e s11perbe Palias, / Palias do111 vous sa11cz ·q11'elle so11tie11t
from tl1y view / nor the deep Tract of Hei/, say jirst . . . ; MSt 5,7,3748 Ni111111 /'a11dace; Henriade 2, 192; [Lus. VI, 98,6-7 Desprezador das lto11ras c di11/1eiro,
lii11 das Bl1tt, es ist fiir dicl1 vergosse11 ! Ni111111 hi11 ! ; [ Garrett, Camões, / das lro11ras e di11heiro, que a ve11tura / forjo11 e 11iio virtude justa e dura;
IV, 2, p. 48 Irei si111, ro111pe o vate, co11ti1111a11do, / alto o discurso que até ali A Castro, 1 , p. 207 Cos olhos lhe ace11di 110 peito Jogo, / fogo, que se111pre
11a 111e11te / co11sigo 111edita11do revolvera : / Irei sim; Pessoa, PC, p. 364, ardeo, e i11da arde agora]. - Abrandamento do contacto(§ 250), apresentam
Eu, cheio de todos os ca11saços / qua11tos o 1111111do pode dar. - / E11 . . . ]. II. 2,849; Od. 1,22; Ap. Rhod. 1,87.
2) Partes da frase que, sintàcticamcnte, pertencem ao primeiro 2) Por uma aposição: Ecl. 6,20 Addit se socia111 ti111idisque supcrve11it
membro: Aegle, / Aeglc, Naiadw11 p11lcl1erri111a; [Gonzaga, Marília, 27,1-2 Vou retratar
a) Um. advérbio : Phedre 1,1,17 Q11i sait méme, q11i sait si; MSt a Marília, / a Marília meus amores]. - Abrandamento de contacto (§ 250)
5,1 ,3555 Jetzt e11dlicl1, jetzt am Morge11; [Lus. lll,119,1 T11 só, t11, puro apresenta Hcnriade 1,150.
amor com força crua]. Phedre 2,2,510; 4,6,1304; Androm. 3,6,919. 3) Por membros coordenados mais longos: Aen. 6,495 Deiplrob11111
b) Um substantivo: Aen. 2,602 divu111 i11cle111e11tia, div11111. vidi lacerum crudeliter ora, / ora ma1111sq11e ambas; Du BeUay, Regrets 25
3) Partes da frase que, sintàcticamcnte, pertencem ao segundo Qua11d pour 11e11ir ici j' aba11do1111ai la Fra11cc, / la Fra11cc et 111011 A11jou;
membro: Claudel, La Vierge à Midi: ]e vie11s seulemC11t, Mere, 11011s rcgarder, / vous
a) Uma conjunção: Cic. Cat. 1,2,4 vivis, er vivis 1u111 ad .. . ; ]C 5,1 , regarder, ple11rer de bo11he11r; RJ 4,4,46 (§ 262) ; (Bernardim, É cl. 2 que
1 17 for evcr, a11d for evcr; Goethe, Vcilchen 3 a Acl1, aber acl1 ; [Garrett, era perdido de amores / por u111a 111oça Joana : / Joar1a patas guardava / pela
Camões, Il,10, p. 32 Terrível, cr11delíssi111a I E terrível / a 11erdade será . . . ]. ribeira do Tejo . . . ].
b) Um advérbio aumentativo: Anouilh, Eurydice 1, p. 314 (Pieccs 253. A repetição integrada (§ 251) apresenta, para com a relação
Noires, 1947) Ellc va vous paraltre étra11g e: tres étra11ge, 111ê111e ; Sartre, recíproca de ambos os grupos de palavras, ora uma dependência sintácrica
Séquestrés, 3,3 Co11te11t, tres co11te11t, pe11t-bre ; MSt 5, 10,3872 Es rvird e recíproca dos grupos de palavras (§ 254), ora a sua independência
still, ga11z still. sirw\ctica (§ 255).
170 171
Hase sitzt auf einer Wiese . . . (cf. H. Weinrich, Tragische und Komische
Elemente in Racines cAndromaquet, M ünster 1958). 2' ) Repetição a distância (§§ 259-273)
4) A cadeia de instâncias jurídicas {Cic. Mil. 23,61 ) está fllllda
mcntada na lentidão dos trânútes da instância e na importância de cada 259. A repetição a distância aparece como sinal-limite de grupos
instância cm si. O mesmo se verifica na cadeia dos meios e finalidades de palavras (§ 240) e isto como enquadramento de um grupo de pala
do Escada (Tac. hist. 4,74,1 ) . vras (§ 261 até 263) , e também como marcação paralela dos limites de
5) A cadeia de acções, que se processa cronologicamente, é uma grupos de palavras, que se seguem uns aos outros (§§ 264-273) .
variante, despojada de imagem, da .figura : Dcmosth. 18, l 79; Carm. O grupo de palavras sintáctico e o grupo de palavras métrico (§ 240)
de .fig. 65; Cl. Marot, Chanson 3 / Dieu des amants, de mort me garde : / me não precisam, neste caso, de concordarem quanto aos limites (§ 263) .
gardant, d<>1111e-111oi bonheur; / et me le d01111anf pre11ds ta darde . ; Littré . . 260. A distância dentro do grupo de paJavras, que, por conse
(s. v. concaténation) : tout re11aissait po11r s'embellir, tout s 'embellissait pour guinte, aparece segundo o tipo /x . . . x ... / ou / . . . x . . . x . . . / ou / ... x . . . x /, dá
plairc; [Lucena, Vida de S. Fr. Xavier, TI, p. 699 011de o bom exemplo ongem a variantes da ge111i11atio (anàlogamcntc ao § 249) , que ora se
cnln11do avisa, avisando e111e11da, e e111e11da11do afeiç�a ]. aproxima mais do enquadramento (§ 261 ), ora da marcação paralela
6) A cadeia lógica de juízos, que se chama sorites (acup(r'lç; (§ 264) .
fr. it. s<>rite; ingl. esp. [port. sorites D1. está fundamcncada pela importância
incrente a cada juízo de per si : Iob, 1, 1-2 (apoia-se no Gen. 1,1-2 [§ 255,3 ),
como, p. ex., a ligação com «e» indica, no seu valor fonético hebr.) ; a ') Repetição como enquadramento : redditio (§§ 261-263)
[ Pessoa, AC, p. 148 Sou um guardador de rebanhos. / O rebanho é os 111e11s
pensa111e11tos / e os meus pe11sa111entos siio todos sensações]. No cónúco - 261. Ü ciclo (redditio, i11c/11sÍO; Y.ÚY.ÀOÇ, 7tpOaom68oalÇ, rna'Ja8L1tÀWalÇ;
toma-se a sorites cm «cadeia abstrusa de juízos.: Mol., Don Juan 5,2, [port. epa11adiplose, ciclo ]) consiste no enquadramento (§ 259,1) de um
/'/10111111e est en ce monde ainsi que /' oisea11 s11r la branc/1e; la brmiche est grupo de palavras por igual membro da frase (palavra ou grupo de
attachée à /'arbre; qui s'a/tache à /'arbre, suit de bons préceptes . . . [A. J. Silva, palavras).
An.fitriiio (vol. li), p. 177, SARAMAGO. . .. 11ão a enxerga? MERCÚRIO. O tipo desta .figttra é, por consequência, / x ... x /.
Enxerga é pare11ta da albarda; albarda é collSa de burro ; e veio-me chamar Na realização aparecem abrandamentos por meio do polipcoto
outra 11cz burro]. (§ 280) , da paronomásia orgânica (§ 279) , da substituição sinonímica
258. Nos tempos modernos, o termo •clímax, gradação» 2 é empre ou trópica (§ 1 69,2) e por meio do ligeiro desvio da posição do limite
gado num sentido mais lato, e isto não só para o «clímax, que de cada {p. ex., por mcio da anteposição de um artigo antes da primeira palavra).
vez começa de novo» (rclativam.en.te raro) (§ 256) , mas também, além - No que diz respeito à estrutura devem distinguir-se o ciclo sintáctico
disso para cada sequência de palavras isoladas ou grupos de palavras, (§ 262) e o ciclo métrico (§ 263) .
desde o momento cm que essa sequência mostre nitidamente urna ampli 262. O ciclo sintáctico (§ 261 ; que na poesia, dentro do verso ou
.ficação (§ 77) : para a sinonímia ampli.ficante (§ 283,2) , para a repetitio do duplo verso, é, a maior parte da vezes, métrico) , apresenta as estru
crebra se11te11tiae amplificante (§ 367) , para a acumulação ampli.ficante turas seguintes :
(§§ 77,4; 295; 369) . O clímax descendente chama-se «anticlíman. 1 ) A correspondência das partes interiores dá a .figura do quiasma
(§ 392) : Dcmosth. 10 (Phil. 4) , 73 aol µ.tv ycXp f,v y.J.btrl)ç ó itttT"Í) p,
1 O modelo cb soritts � a sequmc:ia •prtmnisS4 mirrar / prarmis<a maio,.. no silogismo (§ 370): e:Lru:p f,'1 óµ.oloç aoL Ioh. 14,1 m<Tt"EÚEn: Etç -:à'' 0E6v, x�t dç ʵ.e
-
2 Fr. gradatio11 •figure par laqudlc on accumulc plusicws tCJmcs ou plusicurs idécs qui
man:úe:-.E. - ; Aen. 1 1 ,358 / ips11111 obteste11111r ve11ia111que oremus ab ipso / ;
cnchéri�ni l'une sur l'aurreo, <lima.>: •gndatioo•; iogl. climax •a figure in which a numbcr of pro Polycuctc 5,2,1549 U11 c/1rétie11 11e crai11t rie11, 11e dissimule rie11 : / aux
posirions or idt"as are set forth in a series in which cach rises abovc tbe prccediog in force; gracbrio[IJ>, ye11x de tout le monde il rst toujo11rs c/1rétie11; JC 4,3,18 Rcmembcr March,
a
gradatiorr tclim xo ; it. gradaziot1r •figura per la quale si riuniscono piu voci sim.ili che vanno via via the ides of March re111c111ber; MSt 4,5,2865 Ich will i/111 11icht sc/111 . Sagt
crescendo di dfic:icia e d'imcnsitàt, clímax •gndaz.ioo<:9; esp. gradació11 •figura que consiste cn juntar ihm, dass ich i/111 / 11icht sehe11 will. - Ioh. 17, 1 6 ; Chénier (§ 183,2) ;
cn d discurso palabras o fra.scs que, con rcspecto a ru signific:ici6n, vayan como a•ccndiendo o dcsccn
dicndo por grados, de modo que cada una de cllas eicprcsc: algo m�s o :ilgo menos que la anterior>,
]C 1,3,90; 2,2,58; 3,1,6-7; 5,4,7; RJ 4,5,46; MSt 1 ,6,680; [ Pessoa, A C.,
climax •gndac:ióru; [port. gradt!fãO •aumen10 ou diminuição sucessiva e gradual•, rlíma.>: •espécie
p. 180 O 11at11ral é o agradável só por ser natural; RR, p. 222 / Somos de111ais
de graduação, figura pela qual o discurso se eleva ou desce, como por dcgnUSt]. sr olharmos em quem somos /).
174 175
2) Posposição insistente apresenta Cic. Verr. II, 5,45,1 19 multi et And do yo11 11otv put 011 yo11r best attire ? / And do yo11 1101v cull 0111 a holiday ? /
graves dolores i11ve11ti pare11tib11s et propi11q11is 11111lti. Anteposição predi And do yo11 11otv stre111 flo111ers in his 111ay ? / ; MSt 1 ,4,336 / Kein O/ir me/ir
cariva apresenta Phedre 4,6,1 302 Mortelle, subissez le sort d'u11e mortelle. fiir der Fre1111di11 War111111gssti111111e, / kein A11g fiir das, ""'s tvohlstã11dig 111ar.
Anteposição interjeicional apresenta JC 1, 1,1 home, you idle creat11res, - Od. 1,50-51 ; 5,331-332; Cid 2,6,661-663; 3,2,778-779 ; 3,3,795-796;
get you liome: Aparentado com isto está Hm.I. 1,5,106; [Garrett, Camões, l, Horace 4,5,1301 até 1304; Bér. 1 ,4,225-226; JC 1 ,3,63-66 (91-92) ; 2,1,172-
21, pp. 24-25 Estra11/10 eu ! . . . Quase / sou e 11iio sou estranho]. -173 (307-308) ; 3, 1 , 1 28 até 219; 3,2,8-9; RJ 4,5,46-47; MSt 1,2,228-229 ;
3) A função semântica e geral desta figura é a ampli.ficatio afectiva 1,7,825-826 (889-890) ; 2,2,1 1 65-1 166; 4,3,2728-2729; 5,7,3747-3749;
(§ 241) dentro da qual há campo para a expressão do retomo (Bér. 1 ,3,57), 5,9,3813 até 3814; ln( 3,1-3; ( Lus. VI, 64,5-8 Q11al do cavalo voa, que
da reciprocidade (MSt 1,6,680), da consequência imanente ao destino niio dece; / Q11al, do cavalo em terra da11do, geme; / Q11al vermelhas as
(Phedre 4,6,1302), da relação cíclica entre finito, infinito (como s11biectio armas faz de brancas; / Q11al cos pe11acl1os elmo aço11ta as a11cas ; Pessoa,
raticmis: § 372) e finito (JC 2,2,28-29). PC, p. 266 Vem, vagamente / vem, le11e111e11te / vem, sàzi11/io, solene, com
263. O ciclo (§ 261) apenas métrico (e não· sintáctico) aparece as 111iios cafdas; p. 267 Ao Orie11te po111poso e fa11ático e quente, / Ao Oriente
como repetição de insistência (Aen. 3,435), como anáfora sintáctica excessivo q11e e11 11111ica verei; / Ao Orie11te budista, bra111â11ico, sintofsta, / Ao
(Georg. 4,306), como epífora sintáctica (Od. 1,347-348), como ciclo Orie11te que t11do o que 11Ós 11ão temos. . . ].
desde o princípio do verso ao meio do verso (Georg. 3,46-48). Do 2) Anáfora entre o princípio e meio do verso : Ecl. 10,42 lric gelidi
mesmo modo, aparece o ciclo sintáctico como anáfora métrica fontes, hic 11101/ia prata, Lycori; Horace 4,2,1105 trop Jaible po11r eux tous,
(Ecl. 4, 24-25). trop jort pour c/iacim d'e11x; j C 2, 1 ,245 yet J i11sisted, yet JOU a11s111erd 110/;
MSt 1 , 1 ,7 11oclt Kostbarkeite11, 11oc/1 ge!teime Sclrãtze - Aen. 7,712;
Polyeucte 3,5,1010; JC 1 ,3,93-94; MSt 5,1 ,3409; [ Garrett, Camões, 1,2,
b') Repetição como marcação paralela de pausa (§§ 264-273)
p. 12 Salve, Britânia ! Salve, flor dos mares ; Pessoa, C, p. 105 Niio sinto,
264. A marcação paralela dos limites ( 259) pode surgir no prin 11iio so11 triste].
cípio de grupos paralelos de palavras (§§ 265-267) ou no fim destes 3) Anáfora com a repetição do verso inteiro: JC 2,1,292-295 ;
(§§ 268-270) ou ao mesmo tempo no seu princípio e igualmente no seu [Pessoa, PC, p. 356 Lisboa com suas casas / de várias cores, / Lisboa com suas
fim (§§ 271-273). Quanto à relação entre os grupos sinrácticos de pala casas / de várias cores, / etc. ; p. 367 Todas as cartas de a111or são / ridfwlas. /
vras e os grupos métricos de palavras, cf. § 240. Niio seriam cartas de amor se 11iio fossem / ridfwlas, etc.].
4) Anáfora em diversos 1 ugares do verso : Aen. 3,470 (490) ; 7,
712-713 (759 até 760) ; Ecl. 10,42-43; Cid 1 ,4,241-243; JC 1,3,9;
o:') a11apltora (§§ 265-267)
PL 4,919-920; MSt 5,1,3365-3367; [A Castro, 1, p. 209 Castro 11a boca,
265. A a11apltora (repetitio, relat11111, refatio; &vo:q>opcí, E'ltc>:vo:q>op!l, Castro 11 'alma, Castro / em toda a parte; Pessoa, PC, p. 304 Q11e sigo por
Êm�oÃ-lj ; [port. a11áfora V consiste na repetição de wna parte da 011tra estrada, por outro sonho, por outro mundo].
frase no início de grupos de palavras (§§ 259; 264) , que se sucedem. 5) Anáfora sintáctica em prosa : Ioh. 14,27; 15,1 1 ; [ Vieira, I, 646
O tipo desta figura é, portanto, / x . . . / x . . . Divertia-os a ambição; divertia-os o interesse; divertia-os a soberba; di11ertia-os
Quanto a abrandamentos aparecem : o poliptoto (§ 280), a parono a autoridade e ostentação própria).
másia orgânica (§ 279), a substituição (disi1111ctio : § 352), sinonímica ou 267. Como forma especial da anáfora ou (para o caso de conjun
trópica (§ 1 69,2), e um cerro desvio mínimo da posição inicial. ções pospostas, como ':'E, que) da epífora (§ 268) pode ser considerado
266. No que diz respeito às relações (§ 240) sintácticas e métricas o polysyndeto11 (111ultii11g11111, 7tOÀuaúv8e:-.ov; [port. polissfudeto ]), que consiste
pode distinguir-se : na estrutura sindética (§ 240) de membros coordenados, de sorte que são
1) Anáfora entre inícios de versos que se sucedem e a qual é, ao respectivamente acompanhados por uma coujunção de significado igual
mesmo tempo, anáfora sintáctica: Od. 4,184 / xÃix"Le: µtv 'Apyd·'l 'EÃÉYIJ, (e, na maior parte dos casos, de igual corpo de palavra) o primeiro e o
�toe; ê.y-,-.e:yixuLo:, / úix"LE 8e T-1JÃɵ.«:X6c; � x.ixt 'A-rpe:t8·1Jc; Me:vÉÀo:oc; / ; segundo membros, quando se trata de dois membros (et . . . ct . . . )
Aen. 6,700 / ter co11at11s ibi collo dare braccltia circ11111, / ter frustra com e, quando se trata de mais de dois membros, todos os membros, sem
pre11sa 11w1111s eff11git imago; Cid 1,6,319 / M'cs- 111 do1111é po11r ve11ger 9 ue se tenha de incluir necessàriamente o primeiro membro (. . . ct . . . ct . . . ).
mon !to1111c11r ? / M'es - t11 do1111é pour perdre 111a Clrime11e ? / ; JC 1 , 1 ,53 / E possível wn abrandamento sinonímico (p. ex., na troca entre q11e / et:
176 177
Aen. 4,558-599). O polissíndeto é uma figura do ge1111s copiosu111 (§ 1 66,7), b) No polissíndeto mulóvoco, que, segundo indica o sentido, apenas
a qual contém diversas variantes (§ 328) : surge como polysyndetou cop11lativum (positivo ou negativo) (§ 240,2),
1) Quanto à extensão dos membros ligados pelo polissíndeto, os membros são respectivamente corpos de palavras diferentes para res
podem distinguir-se três tipos: iguais (§ 1 53) : JC 3,1,45 (§ 285) ; [Lus. III, 51,8 (§ 285) ].
a) O polissíndcto de palavra isolada (§ 456), cujos 1.'iltimos membros, c) Também é possível a mistura do polissíndeto diversívoco com
devido à lei dos membros crescentes (§ 53,la), são frequentemente alar o multívoco: Sch. Taucher 611 (§ 297) ; [Vieira, XIV, 104 (§ 297) ).
gados cm grupos comáticos de palavras (§ 267, lb) : U. 2,479-498;
Georg. 3,344-345 tect11111q11e lnre111q11e / amiaq11e A111yclae11111q11e ca11e111
� ) epiphora (§§ 268-270)
Cressamq11e p/1<1retra111; Aen. 4,558-559; Esther 1,5,318 011 égorge à lafois les '
e11fa11ts, les vieillards (assíndeto : § 328), / et la soe11r, et /e fr?re, / et la fille et 268. A epiphora (desitio, co11 versio, co11vers11m, reversio; brnpop<X,
ln 111ere; ]C 3,1 ,45 (§ 285) ; 2,1 ,252 (§ 302) ; Inf. 33, 141 e 111a11gia e bee e &v-rtcnpocp-f), Êmcr-rpocp·� ; [port. eplforn ]) consiste na repetição de uma
dor111e e veste pa1111i; Sch. Taucher 6a (§ 297) ; (Lus. IX, 84,4 Dt: louro e parte da frase no fim de grupos de palavras que se seguem (§§ 259; 264) .
de ottro e flores ab1111da11tes; A. Ferreira, Elegia 7,6 (I, p. 170) Sttspira, O tipo desta figura é, portanto, / . . . x / . . .x / .
e chora, e cm1ça, e ge111e, e stta; Vieira, J, 94 a serpente 11aq11ele tempo esfml(I 269. Quanto às possibilidades de abrandamento é anàlogamente
vÍl!a, e a11dava, e comia, e batalhava, e veucia, e tri1111fml(/ I· · válido o que se disse no § 265.
b) O polissíndeto comático de grupos de palavras (§ 456) : Cic. 270. No que diz respeito a relações métricas e sintácticas (§ 240),
Cat. 1 ,9,22 11t te attt pttdor 1111q11a111 a t11rpit11di11e attt 111et11s a periwlo a11t podem distinguir-se :
ratio aJiirore revocaverit; Phedre 5, 1 ,1404 (§ 300) ; [Lus. J, 88, 7-8 Bramando 1) Epífora sintáctica : Od. 1 ,347-348 (§ 263) ; Georg. 3,46-48 (§ 263) ;
dttro corre e os ollzos cerra, / derriba fere e mata, e põe por terra; l, 30, 3-4 Ioh. 1 7, 1 8 ; Rhet. Her. 4, 13, 1 9 Poe11os pop11/11s Romantts iustitia vicit,
Mas Marte ... ou porq11e o amor mitigo o obrigava I 011 porque a ge11te forte ar111is vicit, liberalitate vicit; Cic. Phil. 1 , 10,24; ShOxf (s. v. epistrophe)
o merecia]. 1ve are bom to sorrorv, pass 01tr time i11 sorrotv, e11d 011r days i11 sorrorv;
c) O polissíndeto composto de colos (§ 455) : Rut. Lup. 2, 1 5 110111 JC 2,1,186-187; 3,2,87-88 (com epífora no fim do verso) ; MSt 1 ,6,87
et 1111tlt11m desiderare ege11tis est sig1111111, et 11ihil pnrcere egestatis est i11iti11111; Jhr iiberrascht mich 11icht, / crschreckt 111ich niclzt; (Pessoa, PC, p. 261 T11do
Georg. I,86-93; [Pessoa, AC, p. 158 Falava da j11stiça e da l11ta para lzaver o q11e passa, t11do o que pass11 e 111111ca passa; p. 338 Não durmo, nem espero
justiça / e dos operários que sofrem, / e do traballzo co11stm1te, e dos que tê111 dor111ir. / Nem 11a 11wrte espero dormir; Vieira, XII, 206 Que meio vos parece
fome, / E dos ricos, q11e só têm costas para isso. / E olhando para mi111 11i11-111e que se pode dar para um homem em toda a sua vida ter pão sem 111111ca lhe haver
lágri111as 11os olhos / e sorriu com agrado . . . ; Vieira, VII, 1 1 Saí do Padre, de faltar? Será por ve11t11ra aju11tar mais ? Lavrar mais ? Negociar mais ?
e vim ao 1111111do (diz o 111es1110 Cristo), e agora deixo 011tra vez o 1111111do Desvelar 11iais ? Poupar mais ? Adular mais ?]
e V(ltt no Padre ]. 2) Epíforas de fins de verso (sem correspondência sintáctica) :
2) No que diz respeito à relação c,-xprcssa dos membros, podem Od. 1,346-347.
distinguir-se o polissíndeto diversívoco (a) do polissíndeto mulcívoco (b) : 3) Em fr. é censurada a epífora (Hbd. § 631) devido à compositio
a) No polissíndeto diversívoco são os membros respecrivamente (§ 448), vitso que acemua de modo desagradável a acentuação final
res diferentes (§ :1 57,1). Neste caso podem, consoante a maneira da incrente à &ase francesa.
ligação, distinguir-se (§ 240,2) os seguintes tipos (dentro da terminologia
moderna) :
) O polysy11dcto/l cop11/ativ11111 (e1111111erativ11111) (positivo ou negativo)
a.
y') complexio (§§ 271-273)
adiciona os membros: Gcorg. 3,344-345 (§ 267, 1 a) ; Ov. met. 15, 271. A complexio (co11exio, co11ex11m, com1111111io; cruµ:ir/,ox-fi, crúvfü:crtc;,
871 -872 (§ 302,1 ) ; [Lus. IX, 84,4 (§ 267,la)]. xotv6't'"l)c; ; [port. símploce, complexão ]) é a combinação da anáfora (§ 265)
�) O polysy11deto11 s11111111ativ11111 adiciona os membros e junta à com a epífora (§ 268). No tocante ao conteúdo, pode esta figura apa
adição, princípio ou no fim, a noção colcctiva (§§ 300-301) : Phedrc
110
recer como exq11isitio (§ 433).
5, 1,1404 (§ 300) ; ( Lus. H ,34,3-4 (§ 300) ). O tipo desta figura é, portanto, / x . . . y / x . . .y /.
y) O polysy11deto11 disi1111ctiv11111 põe os membros à escolha: Cic. 272. Quanto às possibilidades de abrandamento é anàlogamente
Cat. 1 ,9,22 (§ 267,lb) ; [ Lus. I, 30,3-4 (§ 267, lb)]. válido o que se disse nos §§ 266, 269.
12
178 179
273. Exemplos: Rhet. Her. 4, 14,20 quem se11atus damnarit, quem a') Abrandamento da igualdade no tocante a uma parte do corpo
pop11l11s dam11arit, quem 011111i11111 existimatio da11111arit, eu111 vos se11te11tiis de palavra (§§ 276-281)
vestris absolvatis? ; Cic. Mil. 22,59 quis eos postulavit ? Appius; quis
produxit ? Appi11s; 1111de ? ab Appio (§ 433) ; [Pessoa, PC, p. 311 Cavalgada 276. o abrandamento da igualdade do corpo de palavra somente
alada de mim por cima de todas as coisas, / cavalgada estalada de mim por baixo numa parte desse mesmo corpo (§ 275) dá-se devido às quatro catego
de todas as coisas, / cavalgada alada e estalada de mim por causa de todas as rias de alteração (§ 58). Esta alteração do corpo de palavra tem igual
coisas; Vieira, XII, 204 Que faz o lavrador 11a terra corta11do com o arado, mente, como consequência, uma alteração do significado de palavra :
cavando, regando, mo11dando, semeando ? Busca pão. Que faz o soldado na ca111- (§ 274: «jogo de palavras-).
pa11!1<1, carregado deferro, vigiando, pelejando, derramando o sangue ? Busca pão. A alteração do corpo de palavra pode consistir numa alteração
Que faz o navegante 110 mar iça11do, amai11a11do, so11dat1do, lutmido com as ondas orgânica ( 1) fundamentada no sistema linguístico, ou numa alteração
e com os ve11tos ? Busca pão; I,638 Andais ... 1ri11gué111 ati11a com a poria, etc.). inorgânica (2) que esbarra, devido ao estranhamento (§ 84), contra o
sistema linguístico:
B') Repetição de partes de frase em igualdade abrandada (§§ 274-292) 1) A alteração orgânica aparece como a1111omi11atio (§ 279), como
polyptoto11 (§ 280) e como figura etimológica (§ 281).
274. O abrandamento da igualdade das partes de frase (§ 241) 2) A alteração inorgânica aparece como a11110111i11atio (§ 278).
repetidas pode relacionar-se com o corpo de palavra (§§ 275-285) e com
o significado de palavra (§§ 286-292).
Na igualdade abrandada todos os tipos de repetição (§ 242) são ot ') am1omi11atio (§§ 277-279)
possíveis, ou seja a repetição em contacto (§§ 243-258 : ge111i11<1tio, redupli
catio, gradatio) e a repetição a distância (§§ 259-273: redditio, a11aphora, 277. A paronomásia (mmomi11atio, alfidio, de11omi11atio, s11pparile,
epiplrora, complexio). A distinção entre estes tipos de repetição já não levis i11111111tatio; 7totpovofJ.«aLoc, 7totp�x·'lar.ç; [port. paro11omásia, pareq11ese])
será apresentada, com regularidade, no que se segue (§§ 275 até 292). é um jogo de palavras (§ 276) respeitante à significação da palavra, o qual
As figuras de igualdade abrandada (§§ 275-292) são compreendidas surge devido à alteração de uma parte do corpo de palavra, processo no
sob o termo traductio «jogo de palavras- 1, na medida em que conserva qual frequentemente corresponde a wna alteração, quase imperceptível,
uma relação de semelhança entre os corpos de palavras, o que se dá, do corpo de palavra uma surpreendente («que provoca estranhamento•:
por conseguinte, com a exclusão da sinonímia (§§ 282 até 285). A trad11ctio § 276), «paradoxal• alteração do significado de palavra. As alterações
é um fenómeno do awtum (§ 166,6), enquanto a sinorúm.ia é um fenómeno podem ser inorgânicas (§§ 276,2; 278) ou orgânicas (§§ 276,1 ; 279).
do copios11111 (§ 166,7). 278. A alteração inorgânica (§ 277) do corpo de palavra cria entre
o corpo de palavra primitivo e o corpo de palavra alterado uma ligação
1 ') Abrandamento da igualdade do corpo de palavra (§§ 275-285) (pseudo-) etimológica, na medida em que, entre os dois corpos de palavra
275. O abrandamento da igualdade do corpo de palavra (§ 274) e suas significações, é constatado um parentesco, ao mesmo tempo que
pode dizer respeito ou a uma parte somente do corpo de palavra uma diferença. Neste tipo podem acentuar-se:
(§§ 276-281 ) , ou a todo o corpo de palavra (§§ 282-285). 1) A diferença de significado: Is. 5,7 (hebr.) ; Zon. scbem. IIl,
p. 168, Spengcl ou 't"'ijv óM.x�v, <VJ..a 't'Yjv cpu)..codr"· Thuc. 1 , 1 10 ;
-
1 Fr. jeu de mots cnom génériquc de toutcs lcs phra.scs ou l'on abuse de la rcssemblance du Quint 9,3,73 No11 exigo 11/ immoriaris legatio11i: immorare ! ; Ter. Andr. 218;
soo dcs mor:st, calembour tjeu de mots fondé sur des mots se rcsscmblant par le soo, différant de senso;
ingl. p1111 cthe use of a word in such a way as to suggcst two or more meanings, or the use of two
Ter. Heaut. 356; Cic. Att. 1 , 13,2 facie 111agis q11a111 facetiis / ridiculus;
or more words ofthe sarne sound with diffcrent meaningl, so as to produce a humorow cffea ; a play Gautier, L'Art Les die11x e11x-mêmes me11re11t, / mais les vers so11verai11s
on wordsi ; [port. caltmbur •Jogo de palavras, pela semelhança do som, que dá lugar a equívocos ou / deme11re11t; RJ 3,3,41 This may .flies do, rvhe11 Jrom tlris 11111st .fiy; 3,4,8
troc:idilhoso, jogo de palavras tttOCldilho, frase anfibológic:io, trocadillio •jogo de pabvras, por ormto These limes of rvoe afford 110 time to 11100; Sch., Wall. La.ger 8,500 Kiimmert
ou por gracejo, que consiste no emprego de expressões amblguaso]. Compreendem-se também sich melrr 11111 de11 Krrrg ais de11 Krieg; [Lus. Ill,91,6 Por causa dos privados
as figuras do abrandarucnto da igualdade rcspcit:mte a uma parrc do corpo de palavr:i (§§ 276-281)
e as figuras da igualdade da significação da palavn (§§ 286-292). (Vid. A. J. Silva, Anfitrião
foi privado; IV,21,1 D'esta arte a gente força e esforça N11110; Vieira, V I , 1 1 8
(vol. li), p. 183 MERCÚJUO. Na so/fa do amor 11ão 1111 parrlhiro CORNUCÓPIA. Ntm o llllll 11omt Em muitas partes to1Ma o navio porto à porta do seu dono; VIII,171 Experi-
se potft partir q11t l 11111/10 duro]. 111e11tei q11c tão 11ecessária era a do11tri11a cristã 11os Paços, co1110 11as praças,
180 181
e nos estrados como nas estradas; Xlll,8 nesta forçosa e não forçada sepultura; Med. 513; Ter. Hec. 350 sola soli); Cic. Deiot. 4,12 q11a11t11m 110111e11 eí1ts
IX,441 F1111do11-se e Jundo11-o David na vitória da sua fu11da]. ji1erít, q11a11tae opes, q11a11ta ... gloria, q11a11ti lto11ores; Du Bellay, Ant.
2) O parentesco de significação : Gen. 18,27 (hebr.) ; 11. 6,201-202 ; de Rome 6 Rome se11le po11voit à Rome ressembler, / Rome se11le po11voit
Od. 1,242 cforro c;, &;rua-.oc;; 24,465-466 (cf. Xen. Hell. 7,1,41); Romefaire trembler; Bér. 1,2,32 p11ísq11'i/ Ja11t partir, parto11s sa11s fui déplaire;
Rom. 1,29 cp66vou, cp6vou; 1,31 <lcruvbt-ouc;, &cruv6é-.ouc;; Tib. 1, 10,2 3,1,736; 1,5,313 sa11s l'atte11dre et sa11s être atte11due; RJ 4,1,125 Love give
q11a111 ferus et vere Jerrerts ille Juit; Cic. Att. 1,13,2 parvo a11i1110 me stre11gtlt ! a11d strength shall help afford (§ 255) ; 4,5,45 co11f11sio11's wre
et pravo; Gautier, L'Art Lutte avec le carrore, avec le paros dur / et rare; lives 11ot / i11 tlrese co11ji1sio11s; MSt 3,3,2190 rve1111 Hass dem Hass begegnet;
RJ 4,5,58 O !ove! O life (com subsequente correctio para salientar a dife 3,6,2576 Veriveg11er Die11st belol111t sich a11cl1 verivege11; Sch., Carlos 5,3,4723
rença : § 384, lb); [ Vieira, XI, 466 111as 11iio tremas, 11em temas; Xll, 153 das hat eí11 Fre1111d flir seí11e11 Fre1111d geta11; [ Lus., 1,106, 1-4 No mar ta11ta
Tremer ? Temer]. tormenta e tanto dano, / tantas vezes a morte apercebida ! / Na terra ta11ta
279. A alteração orgânica (§ 277) do corpo de palavra, por meio guerra, ta11to e11ga110 / ta11ta 11ecessidade avorrecida; Pessoa, PC, p. 255 Um
de fenómenos que criam palavras, serve, como paronomásia, para a Orie11te, ao oriente, do Orie11te; Vieira, 1,781 E11q11a11to se 11os oferece a 111z,
produção de um significado alterado de palavra, ainda que este signi crede na luz, para q11e sejais filhos da 111z ].
ficado lhe seja aparentado. Neste tipo podem acentuar-se:
1) A diferença de significado: Thuc. 2,62,3 µ.� q>povfiµ.«-rt µ.6vo''•
wà. xotl XQt't"otq>povfiµ.«-rL. - Rhet. Her. 4,21 ,29 lric sibi posset temperare, y') figura etymologica (§ 281)
si 11111ori mallet obtemperare; Quint. 9,3, 71 lra11c rei publicae pestem paulisper
repri111i, 11011 i11 perpet1111111 co111pri111i posse; Cid 2,2,418 To11 bras est i11vai11cu 281. A repetição do radical (§ 279), chamada, nos tempos modernos,
mais 11011 pas i11vincible; Bér. 1,2,26 d'1111 voile d'a111itié j'ai couvert 111011 figura etymologica e considerada, na antiguidade, como pertencente à
amour; 1,4,243-244 (a111itié / amour); RJ 4,5,75 in this !ove, you !ove yo11r derivatio (7totpY)yµ.lvov) (§ 280), serve para a intensificação da força semhl
child so ili (§ 291) ; [Lus. VIII, 24,8 Que a coroa de palma ali coroa; Vieira, tica (vis): Luc. 22,15; Ioh.17,26 ; Aen. 6,247 voce vocatis Hecaten;
Xlll,132 O Texto 11ão quer dizer calçada, se11ão calcada]. Georg. 4,108 ire iter; fr. vivre la vie; al. sei11 Lebe11 lebe11;· ingl. th si is 110
2) O parentesco de significado : Aen. 4,565 11011 ji1git hi11c praeceps, life to live; ]C 2,2,16 most lrorrid sigltts see11 by tlte ivatclt; Hml 3,2,1
dum praecipitare potestas ?; Ter. Heaut. 77 ho1110 s11m, hmnani 11il a me alie11u,11 Speak the speec/1; [ Camões, Sonetos, 67,2 (p. 291) Tristezas que 11ão ca11sa111
puto; Bér. 1,1,1 1-13 (a111i / amant) ; 1,3,57 (a111a11t / amour: § 261) ; de causar-me; Lus. V,18,1 Vi clara111e11te visto o l11mo vivo; Pessoa, C,
Baj. 5, 11, 1700 de morts et de 111011rm1ts ... ento11ré; Androm. 4,.5,1312. p. 107 Uma vida q11e é vivida, / e outra vida que é pensada; Vieira, IX,129
vous vous aba11do1111iez m1 crime e11 cri111i11el; ]C 2,1 ,207 B11t 111he11 I tell him viver ""'ª vida divi11a ].
Ire hates flatterers, / Ire says he does, bei11g then tire 111ost flattered; Hml. 3, 1 ,94
that I have lo11ged lo11g to re-deliver; [ Vieira, 1,38-39 Há-de cair com queda,
há-de cair com cadê11cia, há-de cair com caso ]. b') Abrandamento da igualdade no tocante à totalidade do corpo
de palavra: sy11011ymia (§§ 282-285)
W) polyptoton (§ 280)
282. O abrandamento da igualdade, no tocante à totalidade do
280. O polyptoton (figura ex pluribus casibus, variatio, declinatio, corpo de palavra (§ 275), aplicado às .figuras de repetição (§ 274), consiste
derivatio; 7tOÀÚ7t1'W-tov, µz-rot�oÀ�, µz-r<XYJ.tcrn;, 7totpYjyµkvov ; [port. poliptoto]) no emprego de um corpo de palavra completamente diferente para a
jwita-se, frequentemente (§ 277), do ponto de vista termino mesma significação de palavra, no emprego, por conseguinte, de um
lógico, à m1110111i11atio (7totpovoµ.otaCa) e consiste na alteração fle..'<ional sinónimo (§ 169,2a) ou de um trapo (§ 169,2b). Esta «repetição do
do corpo de palavra, a qual se distingue da alteração referente à criação mesmo significado de palavra, por meio de um sinónimo ou de um
de palavras (§ 279) pelo facto de não provocar uma alteração do signi tropa• chama-se sy11011y111ia (exaggeratio a sy11011y111is, co1111111111io 110mi11 si ;
ficado próprio das palavras, mas tão-só uma alteração da perspectiva cruvwvuµ.(ot ; (port. sinonímia]).
sintáctica (§ 276,1). O termo co11geries (cruvot6potaµ.6c;; [port. co11gérie]) diz respeito, ao
Exemplos : Od. 1,3 7toÃÃwv / 1toÀÀ« . ; 1,313 olot q:iCt.ot é;ei:voL
... . .
mesmo tempo, à sinonímia, como também à acumulação coordenante
é;dvotat 8t8oüatv; Soph. Aiax 467 u6voc; µ.6votc; (ibid. 1238; Eur. (§ 294). A sinonímia é uma co11geries verbomm idem sig11ifica11tiu111.
182 183
A sinonímia aparece em todos os tipos de repetição (§ 274). A sino 11011 patiar, 11011 si11am; 2,1,1 abiit, excessit, evasit, empit; Polyeucte 1,3,197
IÚm.ia anafórica e epifórica é também chamada disi1111ctio (§ 352). 11 possédoit mo11 coe11r, mes désirs, ma pe11sée; Androm. 4,5,1386 va, co11rs;
283. A sinonímia apresenta, devido a fundamentar-se na lei da Héraclius, 1,5,290 va, co11rs, 110/e; La Font., Fabl. 2,14,18 1111 souffle, 1111e
dispositio referente aos membros crescentes (§ 53,1), uma sucessão ampli ombre, 1111 rie11 ; Bér. 1,2,32 parto/IS ... retirons-11011s, sorto11s, et . . . allo11s
ficante, na qual a ampli.ficação pode relacionar-se : loiu de ses ye11x; Baj. 4,1,1 146 q11'il m'aime, q11'il m'adore; Cid 3,3,799
1) Com o corpo de palavra e, neste caso, com a sua extensão ple11rez, pleurez, mes ye11x, et Jo11dez-vo11s e11 ea11; ]C 1,3,54 to fear a11d
(111011 coem, mes désirs, 111a pe11sée : § 285) ou com qualquer outra pleni tremble; 1,3, 108 ivhat thraslt is Rome, / 111/wt mbbislt a11d ivliat offal; 1,3, 160
tude acústica (cf. § 240,3) sua característica. to virt11e a11d to ivorthi11ess; 2, 1,65 like a pha11tas111a, or a ltideo11s dream;
2) Com o conteúdo de palavra e, portanto, com a sua intensidade 2,1,82 i11 smiles a11d affability; 2,1,227 witlt 1111tir'd spirits a11dfor111al cottSta11cy;
semântica ( va, co11rs; § 285). A ampli.ficação da intensidade semfultica 2,1,231 110 fig11res 11or 110 Jm1tasies; 3,1 ,45 if 1/1011 dos! be11d a11d pray m1d
por meio da sinonímia pressupõe diferenças semânticas (§ 154) nos faiv11 for hi111; 3,1,81 libcrty, Jreedo111, mui e11Jra11chise111e11t; 4,2,12 regard
sinónimos. As possibilidades de amplificação multiplicam-se devido à a11d lio11011r; 4,3,39 I give way a11d room; RJ 4,5,22 slie's dead, deceased;
utilização dos tropos (§ 282) (va, co11rs, vofe [hipérbole: § 212) : § 285). 4,5,47 011c thi11g to rejoice mtd solace i11; PL 1,147 to s11[fer a11d s11pport 011r
A sucessão amplificante das designações de uma cois:t é uma forma pai11s; 1,265 th'associats a11d coparl11crs of 011r loss; 1,358 Godlike shapes
velada da correctio (§ 384), o que muitas vezes é nítido (La Font. Adonis 440 a11d forms; MSt 1,1,56 i11 sic/1 gehe11 1111d bere11e11; 1,1,58 i11 Ma11gel 1111d
11 11e va pas a11 111011stre, il y co11rt, il y vole) . - Os limites entre a sino Emiedrig1111g ; 1,1,88 ais ei11e Hilfejlel1e11de, Vertriebe11e; 1,1,97 mif Leib
nímia semfulticamente amplificante e a enumeração coordenante (§ 294) 1md Leben; 1,2,145 der Tyra1111ei, der Hãrte; 1,6,585 Iltr iiberrascht 11•icl1
são pouco níridos (Sch., Taucher 6a: § 267,1). - A sinonímia nltidamente 11icht, erscltreckt 111icl1 11icht; 4,9,3101 Erwarte, zõgre, sã11111e; 5,7,3760 Der
amplificante, do ponto de vista semfultico, chama-se, nos tempos modernos Bitterkeit, des Hasses; Sch., Tauchcr (§ 267) ; ( Fr. Luís de Sousa, Vida do
«clíman (§ 258,1). Arcebispo, II, 12, ed. 1890, T, p. 265 Em se trata11do de Deus, era fogo, era
284. A sinorum.ia pode ser estruturada assindética ou sindetica raio, era corisco . . . assim abrasavam, assim feriam, assim pe11etrava111 as suas
mente (§ 240) e aparece frequentemente em formas de três membros palavras; Vieira, XIV,104 Q11a11do os bens voltam as costas,. quando fogem,
(§ 51,2). Muitas vezes encontra-se a aliteração (§ 458). Alguma5 sino q11a11do 11os deixam, q11a11do fi11a/111e11te passaram e se perderam; Lus. I,88,8
nímias tomaram-se fraseologicamcnte habituais numa ou noutra üngua. Derriba, fere e mata, e põe por terra; ill,51,8 Rompe, corta, desfaz, abola
A «sinonímia glosante» é a interpretação (Quint. 8,2,13: -i11lerpretari) e talha (§ 77,4)). - Quanto aos adjectivos vid. §§ 313, 1 ; 314,1.
- muitas vezes anteposta, mas, a maior parte das vezes, posposta -
de uma expressão «obscura» (§ 132), por .intermédio de uma expressão 2') Abrandamento da igualdade do significado de palavra(§§ 286-292)
«mais dara» (§ 130,2). A expressão obscura a interpretar pode ser:
' 1) Um tropo (§ 169,2b), que é interpretado (§ 183,2) por meio 286. O abrandamento da igualdade do significado de palavra
do verb11111 propri11m (§§ 1 1 1 ; 169,2a) ; (§ 274) tem como fwidamcnto a diferença, que pràticamente existe
2) Um estrangeirismo (§� 1 13,2; 116), que é interpretado por meio sempre, entre o membro repetido e o primeiro emprego desse mesmo
de um verb11111 proprii1111 (§§ 1 1 1 ; 169,2a) pertencente à co11s11et11do (§ 104) membro (§ 242). A sinonímia (§ 283,2) mostrou, além disso, as possi
da língua em causa ou por meio de um tropo (§ 169, 2b: especialmente bilidades, increntes ao uso dos sinónimos, os quais apresentam dife
a perífrase e a sinédoque). Cf. o sermão d<' Jonas cm fr. are. : l1abebnt renças de significado de palavra.
11111/t laborét e 11111/t pe11ét; PL 1,797 Jreq11e11t a11d.fi1ll; WaJI. Lager 8,556 co11- Trataremos aqui do caso da igualdade completa ou quase completa
te11ti estofe, e11ch beg11iigt, / stipe11diis vestris, 111it e11rer Lõhmmg ; [ Herculano, do corpo de palavra, quando há diferença de significado de palavra.
Lendas e Narr., II,316 Tomando a postura sublime de 11111 Seekoe11ig, o rei Esta diferença aparece como equivocidade linguística ocasional (§ 287)
do 111ar dos a11tigos sagas da Islâ11dia . . . ] e como ênfase (§§ 288-292).
3) Uma palavra equívoca (§ 145), que é glosada (§ 150,2) por
um sinónimo (§ 169,211) ou por um tropo (§ 169,2b). a') Equivocidadc (§ 287)
285. Exemplos: Gcn. 18,27 wm sim p11/vis et ci11si (§ 278,2) ; Cic.
Cat. 1,3,8 se11sisti11e iliam colo11ia111 ... meis praesidiis, wstodiis, vigiliis esse 287. A diferença de significado devida à cquivocidadc (§§ 145; 286)
1111111ita111 ? nihil agis, 11iltil moliris, 11iliil cogitas q11od .. . ; 1,5,10 11011 foram, é designada com o termo genérico de traductio (§ 274).
184 185
Exemplos: Rhct. Hcr. 4,14,21 ettr ea111 rcm ta111 st11diose wms (2. ª pcss. para o enriquecimento enfático do sinónimo empregado cm segw1do
prcs.), quae tibi 11111/tas dabit curas (ac. plur.) ? . . . 11a111 amari (inf.) i11cimdt1111 lugar: Comeillc, Toison d'Or 3,4,1285 ]e 11'ai q11c des attraits, et vous
est, si c11retur, ne quid i11sit amari (gcn. sing.) ; [ Lus. VIlI,24,8 Que a coroa avez des charmes (§ 382).
(subst.) de palma ali coroa {3. • pcss. pres.) (§ 279, 1) ). 291. A variante da disti11ctio na forma negativa(§ 289) é um paradoxo
evidente (§§ 37,1 ; 389,3c} e aparece cm duas formas:
b') fufase (§§ 288-292) 1) A variante, que desemboca no negativo, esgota enfàticamente
(§ 288) e por meio da repetição negativa, um membro da frase empre
288. A diferença de significado provocada pela ênfase (§ 286) gado positivamente e esgota-o de tal maneira que o membro da frase,
aparece devido ao facto de se enriquecer enfàticamentc (§ 208) o membro colocado em primeiro lugar e positivamente, aparece, de agora cm
da frase repetido, cm comparação com o membro que foi empregado diante, apenas como ironia (§ 232). Há dois tipos de conteúdo a distin
primeiramente. Deve distinguir-se a realização no monólogo (§§ 289- guir:
-291), da realização no diálogo (§ 292). a) O tipo de conteúdo •desmascarante» evidencia, como sendo
destituído de conteúdo, o membro da frase empregado positivamente
) distinctio (§§ 289-291)
ex '
e em primeiro lugar. Ele aparece :
ex) Como expressão de desespero: Aen. 2,354 1111a salus victis 11111/am
289. A distinctio (contentio, cop11latio; �Lexcpopcí, «v,tfo't"excm;, 7tÀox.-fi, sperare sal11te111; Cid 1,2, 135 ma pl11s do11ce cspérance est de perdre /'espoir
aúy-..cpLaLç, &v·nµ.c:..<XOe:aLç ; [port. diáfora, ploce]) 1 é a realização, no (com variatio do corpo de palavra por meio da paronomásia orgânica:
monólogo, da diferença de significado de membros de frase repetidos, § 279,1) ; Baj. 1,4,336 111011 1111iq11e espéra11ce est dans 111011 désespoir {onde
por meio da ênfase da frase que vem em scgwido lugar (§ 288). Pode a negação é expressa por composição vocabular: § 279,1).
distinguir-se um emprego positivo (§ 290) de um negativo (§ 291). �) Como expressão do esvaziamento de sentido, que se dá quanto
290. A distinctio, que se emprega positivamente (§ 289), esgora às relações hwnanas, devido à morte : Ov. mer. 8,231 at pater i11fclix,
enfàticamcnte (§ 288} um membro da frase empregado positivamente, 11ec iam patcr (de Dédalo, quando da morte de Ícaro) ; RJ 4,5,62 O cl1ild!
por meio de repetição positiva : Alcx. schem. IlI. p. 37 Spengel x_cípih1 my so11l, and 11ot 111y child (acerca da morte de Julieta).
fo-.' «Xv0pcu7toç, éíç -.'«vOpcu7toç ri. - Carm. de fig. 5,50-51 ; Rut. y) Como expressão da nulidade do mundo sensorial : Guy du Faur,
Lup. 1 , 12 wi11s aerr111111ae q11e111vis extrari1m1 ho111ine111, 111odo ho111i11e111, Quatrains moraux II ce que t11 vois de /' l10111111e 11 'cst pas /' ho111111e.
co111111overe possent; Enn. fr. (Rut. Lup. 1,12) 111uliere111 : q11id potius dica111 a11t �) Como expressão da invalidade de normas : Cic. Phil. 12,6,14
veri11s q11a111 m11liere111 ! ; Quint. 9,3,66 quando lio1110 hostis, <ta111en> homo ; cum eis Jacta pax 11on erit pa:x, sed pactio servit11tis (nesta frase a ccirrrclio
Ed. 7,70 ex illo Corydou Corydon est te111pore nobis; Gide, Lc Retour de md...» [§ 384] é uma etimologia paronomásrica : § 278, 1); Cic.
l 'Enf. prodigue: la longueur de te111ps q11' il a faliu à /' liomme pour élaborer Pis. 13,30 q11ae /ex privatis lio111i11ib11s esse /ex 11011 videbat11r; RJ 4,5,75
l'homme; Malherbe, Consolation: Et rose, elle a vécu ce que vive11t les i11 tliis lave, yo11 lo11e yo11r clrild so ili.
roses; Polycucte 5,3,1635 u11 pere est to11jours pere, / Rie11 n'eu peut eJfacer e:) Como expressão de revalorização 'partidária (§ 65) do conteúdo
le sacré cnractere; Cid 1,2, 144 Dans le bonheur d' a11truije cl1erche 111011 bo11he11r; de palavra (§ 292) : Cid 2,6,599 votre raiso11 11'est pas raiso11 po11r 111oi;
Camus, Justes I, p. 47 U11 lio111111e est 1111 homme; [Lus. VI, 72,7-8 Vão outros Polyeucte, 3,5,1020 ta11tôt je /e perds po11r 11e me perdre pas (apenas com
dar à bomba não cessando, / À bo111ba, q11e nos imos alagando; Paiva de fraca ênfase).
Andrade, Sermões ll,396 não se enga11a, q11e111 deseja ser lio11rado; mas b) O tipo de conteúdo «dissimulante» (§ 42 ) apresenta a dissi
engana-se, q11e111 busca lio11ra entre gente se111 ho11ra; Garrett, F. L. de S. 1,2, mulação como amplificação do conteúdo positivo de palavra : Quit. 1, 1 l ,3
p. 21 E é 11m bonito livro este ! O te11 valido, aquele nosso li11ro, Telmo). si q11a i11 his ars est dicenti11111, ea prima est, 11e ars esse videat11r.
- Dentro desta figura ainda pode distinguir-se uma sinonímia (§ 282), 2) A variante, que desemboca no positivo, ultrapassa o parco
na qual se aproveita a diferença de significado (§ 1 54) dos sinónimos conteúdo de palavra do membro da frase, colocado cm primeiro lugar,
por meio da plenitude do conteúdo de palavra do membro que vem
1 Fr. diaplrort «figure de rhétociquc ou l'on répctc: un mot djà
é cmployé c:n Jui donnant une em segundo lugar : Rom. 4, 19 'A�poc«µ mxp' ÊÀ7tt8oc Ê7t'ÊÃ7t(8L Ê7t[cr-:e:uae:v.
nouvcllc nuance: de signification•; it. diàfora «figura chc: si fa quando ripctcndo uru parola lc si dà
- Quanto a esta amplificação cristã de conteúdo fraco, c( Luc. 5,5;
signi.ficato diverso dai prim0t; [port. didfora •repetição de uma palavra já empregada, m:u 3 qual Gal. 1,8; Eph. 3,15; I Ioh. 5,4.
e cli modalidade diferente de sentido m repcriçãoe]. - C( § 292. n.
186 187
(§ 328,2c) q11aero ab i11i111icis, si11t11e hacc iuvestigata, comperta, patejácta p. 262 Em vós, ó coisas grandes, banais, 1íteis, imíteis, / Ó coisas todas
(=três membros da acumulação), s11blata, delata, exstincta (=sinonímia modemas; Garrett, Catão 3,7, p. 85 Mi11ha espada, 111e11 braço, os 111e11s
trimcmbrc, como quarto membro da acumulação) ; Sch., Tauchcr 6a soldados, / Tudo está pronto].
(§ 267,2c) Und es ivallet 1111d siedet (=sinonímia bimembre, como primeiro 301. A anteposição (§ 299) da noção colectiva contradiz semân
membro da acumulação) 1111d bra11set 1111d ziscl1t (=sinoninúa bimembre, ticamente a lei dos membros crescentes (53,1), cuja manutenção é obtida,
como segundo membro da acumulação) ; [Vieira, XIV, 104 Q11ando os na medida cm que se põe em relevo o último membro da acumulação.
bens 11olta111 as costas, quando fogem, q11ando se vão, q11ando nos deixam O acto de pôr em relevo, realiza-se das seguintes maneiras (anàlogamcnte
(=sinonímia quadrimcmbre, como primeiro membro da acumulação), § 283) :
q11011do finalmente passarem e se perderam (=sinonímia bimembre, como 1) Pela extensão e plenitude acústica do corpo de palavra,
segundo membro da acumulação)]. a qual também pode ser obtida pelo alongamento, por meio de grupos
de palavras (§ 306), dos últimos membros, e pela introdução, nos últimos
membros, de elementos marginais sinclcticos: Aen. 4,558 omnia Merwrio
( 1) Na a11a11111tst o orador cvoc:i matenas que não faziam prõpriammtc parte do dis si111ilis; voce111q11e coloremq11e / et cri11es .ftavos et 111e111bra decora i11ve11ta.
- Se a enumeração continuar cm membros numerosos, pode nesse
curso. Finge cnt3o lembrar-se de repcncc de um facto que llic parece imporuntc. Vieira,
vm, 215 Agora mt lrmbr11 1111111 11011fotl rirn111st811cia da liist6ria dt Mafiua, q11n11do /1n1•ia dt partir
caso, suceder-lhe, depois de membros previamente alongados, wna
11 armada rontra os Acl1t11s. [N. T.].
..
abreviação dos membros. Esta provoca, de modo impaciente, o estra-
190 191
nhamento (§ 84), quando o enquadramento simáctico, que fecha a enume 11on modo ·a 11dia111 sed etiaw videa111 pla11eque se11tia111; Suet. Iul. 37 ve11i,
ração, traz uma amplificação do ponto de vista semmtico (Baj. 1,1,157- vidi, vici (§ 409,2) ; JC 1 , 1,43 lza11e you climb'd 11p to umlls a11d battle111e11ts, / to
-1 62). - C( ainda § 240,3. torvers a11d 1vi11dorvs, yca, to chim11ey-tops; 2,1 ,252; 3,1,126-1 27; 3,2,212
2) Pela intensidade semântica do conteúdo de palavra, rve'll hear him, 111e ' li follorv hi111, 111e' li die with hi111; RJ 4,5,55 bcg11iled,
valendo o estranhamento (§ 84), como variedade característica da acumu divorced, wro11ged, spited, slai11 ; 4,5,59 despised, distressed, lwted, martyr'd,
lação (mas não da sinonímia : § 283), estranhamento esse devido ao kill'd; 5,3,184 that trembles, sighs and 1vecps; MSt 1, 1,41 zu hoffe11 1111d
zeugma semfu1ticamente complicado (§ 325) : Androm. 2,2,575 To11t zu 111age11; 5,9,3834 verschmiiht, / verrate11; (Pessoa, PC, p. 338 Não durmo,
nous traliit: la voix, /e silence, les yeux; Brit, 2,2,460 Q11i donc ! qui vous jazo, cadáver acordado, se11ti11do ; p. 344 A sensação de arrepio, o medo do 11ovo,
arréte / Seig11eur ? // To11f: Ocfavie, Agrippi11e, B11rrh11s, / Sé11eque, Romc a 11á11sea ].
entiere, et trois a11s de 11ert11s (com amplificação do conceito colectivo 303. A plenitude do todo pode ser expressa pelo conteúdo caótico
posposto [§ 300] Rome entiere); JC 4,3,278 Art tlzo11 a11y thi11g ? / Arf (§§ 53,2b) ; 157,2) da enumeração : Quint. 9,3,48 11111/ier, tyra1111i saeva
tlio11 some god, some a11gel, or some devi/ ?; [Pessoa, PC, p. 261 Tudo o q11e cmdelitas, patris amor, ira praeceps, temeritatis de111e11tia. A este tipo pertence
passa, tudo o que pára 1h 111ontras ! / Co111ercia11te5, vadios, escrocs exagera também a complicação semiutica do zeugma (§§ 301,2; 302,2).
da111e11te bem vestidos; / membros evide11tes de clubes aristocráticos; / esq11álidas 304. Se a pormenorização (§ 297) se limitar a dois (§ 51, 1) membros
fig11ras dâbias; chefes de Ja111flia vagamente felizes]. - A este tipo pertencem antitéticos (§ 389), temos então \<3 maneira polar de e.xpressão», a qual
também as «Sentenças numera.is» (Curtius, Eur. Lit., pp. 499-502 : aparece com o aditamento (§§ 299-301) do conceito coleccivo, ou sem
Zahlenspriic/1c), cujos membros ora são palavras simples, ora grupos ele (§ 302) : Matth. 16,17 aO:.p� x«l «Lµ« (c( JC 3,1 ,67 jlesh a11d blood);
de palavras mais extensos, cujo último membro é, do ponto de vista Cic. nat. deor. 1 ,43, 1 2 1 11emi11e111 . . . 11ec de11111 11ec ho111i11e111; AJe::-.-is 4 1
semântico, o mais importante (p. ex., devido à indicação do sentido d par pri 11 par poeste (cf. Polyeucte 1,1,61 et priere e/ menace; 5,6,1753
grave dos si111ilia [§ 400] apresentados nos membros precedentes); j'ai prié, 111e11acé); Cid 2,3,469 la force ou la pmde11ce (cf. MSt 1,6,661
Prov. 30, 18-18 Iria s1111t difjicilia 111ihi, et qi�art11111 pe11it11s ignoro : via111 11icht Ge1valt, 11icht List) ; JC 1 ,3,87 by sea a11d la11d (e( Sall. Cat. 13,3
aq11ilae in caelo, viam colubri super petra111, 11ia111 11avis i11 medio 111ari, et viam terra 111ariq11e; Liv. 37, 1 1 ,9 mari terraq11e}; JC 2,1,135 or 011r ·cause or 011r
viri i11 adolesce11tia. Cf. § 391,3.
- perfor111ance; PL 1 ,429 dilated or co11de11st, bright or obswre; 1 ,628 past or
302. Se não se considerar o conceito colectivo (§ 297), então prese11t; MSt 1,6,631 nicht of{e11bar 110cl1 heimlich ; [A Castro 4, p. 286
é preservada a lei dos membros crescentes (§ 53, 1), pelo facto de se pôr Daq11i pende / 011 remédio de 11111 rei110, 011 q11eda certa; Camões, Sonetos 1 5
em relevo o último membro da enumeração (§ 301 ,1-2) : (p. 274) Foi 110/1111tária ou foi por inocência; Lus. IV,68,4 de se11 ofício e
1) Por meio da extensão e plenitude acústica do corpo de palavra sa11g11e a obrigação ; VI, 44,4 011 foi opinião 011 Jai po�fia ; 1,5,2; 1,32,2].
(com as variantes indicadas no § 301,1) : Ov. met. 1 5,871 opus cxegi A polaridade contraditório-disjuntiva (a11t x, a11t 11011 x) serve como
q11od 11cc Iovis ira 11cc ig11is / 11ec potcrit fermm nec cdax abolere 11etustas; expressão do dilema (§ 386) : Cid 1,2,124 q11e je 111eurs, s'il ache11e 011 11e
'
Androm. 4,3, 1 153 111es sem1e11ts, mes parj11res, / ma f11ite, mo11 reto11r, 111es s acheve pas; Bér. 2,2,339 ai111ez, ccssez d' être a111011re11x; / La co11r sera
respects, mes i1y11res, / 111011 désespoir, mcs ye11x de pleurs to1Uo11rs 11oyés; to1Uo11rs du parti de 11os 11oc11x; [Lus. IX,81,2-3 Que 011 t11 11iio sofrerás o
Polyeucte 3,5,995 sa11s regret, sal/S 1111m1111re, et sa11s éto1111e111e11t; Bér. 1 ,4,231 peso d' ela, / 011 na virtude de te11 gesto li11do / lhe mudarás a triste e d11ra estrela
des fla111mes, de la Jàim, des f11reurs i11testi11es (com aliteração: § 458) ; (a11t 11on x, a11t x); Vieira, I, 1088 os dias da minha vida (diz Job) 011 e11
1,4,202 111es ple11rs et mes soupirs (cf Cid 2,3,460 de ple11rs et de so11pirs); q11eira 011 11ão queira, hão-se de acabar breve111e11te ].
JC 2, 1, 129 srvear priests and corvards m1d 111c11 ca11telo11s, / old feeble carrio11s 305. o Êv s�<X 8uorv [port. hendíadis] 1 é a expressão de uma
a11d s11ch s11Jferi11g so11/s / that 1velco111e tvrongs; 2, 1 , 197 offa11tas11, of drea111s, acumulação subordinante (§ 308), por meio da forma sintáctica da
a11d cere111011ies; 4,3,202 f11/I of rest, defe11ce, a11d 11i111ble11ess; PL 1,237 ste11cli
m1d smoake; (Pessoa, PC, p. 305 111e11 coração banco de jardim pzíb/ico, lwspc 1 Fr. ht11diadys {11t11díadyi11) •procédé qui consiste à remplacer un nom accompagné d'un
daria, estalagem, calabo11ço 111í111cro q11alq11cr co isa / . . . me11 coração c/11be, adjectif ou d'un complémcm par dcux noms unis au m oycn d'unC' conjonctiom ; ingl. ltmdiadys
ca figure of specch in which a single idca is cxpressed by two words connected by a conjunction,
sala, plateia, capacho, g11ichet, porta/ó, / po11te, ca11cela, excursão, marcha,
e. gr. by two substantives with 1111d instcad of an adjcctive and a substantive:»; it. mdfad;; esp. e11díadis ;
11iage111, leilão, feira, arraial]. - Cf. ainda § 240,3. ai. 1*11diadyoi11; [porc. /1e11dladis •Figura de gramática, que consiste cm expressar por dois substantivos
2) Por meio da intensidade semiutica do conteúdo de palavra ligados pela conjuoç:io t um• ideia que é mais wual exprimir por um s6 subsunrivo acompanhado
(com as variantes indicadas no § 301,2) : Cic. Cat. 1,3,8 q11od 11011 ego
de um adjcctivo atributoe] .
192 193
acumulação coordenante : Georg. 2,192 pateris libn11111s et n11ro cpateris 309. O adiecti1111111 (bt(6zTov, tm6e:w�óv) é uma palavra 1 que,
aureis libamus»; Caes. Gal1. 7,23,5 lioc . . . nd 11tilitnte111 et defa11sio11e111 urbi11111 na frase, pode determinar um substantivo com mais exacridão, e isto
s11111111n111 linbet oppor/1111itnte111; 7,20, 1 1 11ec iam 11ires s11Jficere wi11sq11n111 como atributo (Aen. 1,45 scop11loq11e i11.fixit ac11to ), como adjectivo predi
11ecferre operis labore111 posse (neste casoferre . .. está subordinado, no pensa cativo do sujeito (Aen. 1,35 vela daba11t laeti) e como nome predicativo
mento, a s11fficere) ; R ll1 3,7,187 prize nr1d p11rclinse; 3,7,188 the pitcli do sujeito (Cic. Tusc. 1,6,12 No11 SI/Ili ita hebes, Ili istud nicam).
mui lieiglit (W. Clemen, Kommentar . . . , Gõttingen 1957, p. 217) ; Podem distinguir-se duas possibilidades na relação semântica entre
[ Lus. X,130,1 o/lia o 11111ro e ediflcio '"""" crido (por •muro edificado• o adjectivo e o substantivo que lhe está ligado: o adjectivo pode ter
que, tal como aponta Epifânio Dias, se éontrapõe a 11111ro 11at11ral, como uma função enunciativa (§ 310) que ultrapassa o sentido próprio do
o dos Alpes)]. substantivo, ou pode e,"Xprimir (§ 311) uma parte da significação que é
inerente ao substantivo.
2) distrib11tio (§§ 306-307) 310. Os adjcctivos com função enunciativa (§ 309), que ultrapassa
o sentido próprio do substantivo, podem ser necessários (1) ou desneces
306. A distrib11tio (distrib11ela, desig11atfo; Õl«(pe:atç, µ.e:pLaµóç; [port. sários (2) para tornar semânticamente completo um conte�'to :
distribuição]) é a acumulação coordenante do tipo de agrupamento a 1) É, de qualquer modo, necessário o adjectivo na função de nome
distância (§§ 240; 295). predicativo (§ 309). Mas também as funções do adjectivo predicativo
Os limites, quanto ao tipo de agrupamento em contacto, são feno e do atributo (§ 309) apresentam casos de necessidade, quando, sobretudo,
menológica e terrninologicamente pouco nítidos (§§ 297-298) . As estas funções sintácticas, habitualizadas, conservam semfulticamente o
observações feitas nos §§ 299-305 valem igualmente para a distrib11tio. conteúdo da enunciação relevante de novidade, tendo, portanto, as
- Quanto à mistura entre o tipo de contacto e tipo de distância, c( funções de nomes predicativos semânticos (em casos determinados, em
§§ 301,1 ; 302,1. contextos sintácticos pequenos, dentro do todo frásico-sintáctico) :
307. As distâncias intercaladas entre os membros de acumulação Od. 1,9 «u-rà:p ó -roi:aLv &cpe:D.E-ro 'J6a-rLp.ov �µcxp. - Aen. 1 ,67 geus
coordenados são preenchidas respectivamente por membros de frase i11i111ica mihi Tyrrlte1111111 11avigat aeq11or; Baj. 1 , 1,5 ]adis 1111e mort prompte
análogos: estes membros de preenchimento podem ser iguais entre si, eíit s11ivi cette a11dace; JC 1,1,1 /1ome, yo11 idle crea/11res, get yo11 home !;
quanto ao corpo de palavra (§ 351) ou quanto à significação, (§ 352), MSt 1 , 1 , 1 Welcli 11e11e Dreistigkeit ! ; [Lus. V,43,1-3 Sabe que q11a11tas naus
ou podem distinguir-se, entre si, quanto à significação e, portanto, esta viagem, / q11e t11 fazes fizerem de atrevidas, / inimiga terão esta parage111 ] .
serem mesmo membros de acumulação (§§ 345-349). No tocante à - Os adjccrivos, nesta função, podem não ser incluídos dentro do
colocação de membros correspondentes, encontram-se o paralelismo fenómeno da acumulação (§ 308), visto que são estritamente necessá
(§ 340), o quiasmo (§ 392) e construções mais livres (mistas) . Também rios para tomar completa semântico-sintàcticamente a enunciação e,
são possíveis a desigualdade do número de membros e a intercalação neste caso, são, pelo contrário, fenómenos da formação sintáctica (verba)
de elementos sintácticos marginais. - Encontram-se C.'\':emplos nos da enunciação ( vol1111tas) em geral.
§§ 347-349; 352. 2) Não são necessários os adjectivos que são acrescentados sintàcti
camente a um substantivo, como atributos ou adjectivos predicativos,
B') Acumulação subordinante (§§ 308-316) sem que contenham uma cnw1ciação relevante de novidade para o
contexto semântico. A este ripo pertencem especialmente os adjectivos
308. A acumulação (§ 293) subordinante consiste no acrescenta que servem ao omat11s (§ 162), os quais são chamados, nos termos
mento de membros sintàcticamente subordinados a membros de frase modernos, epitlteta oma11tia; 11. 1,55 Ã<:uxwÃe:voç "Hp"IJ. - Od. 1,38
anteriormente já empregados. Podem acrescentar-se: 1) a verbos, 'Epµ.e:(cxv 7ttµ.1jnxv't'EÇ EÚ<r/.o1tov Apytt<p6VTYjv. - Aen. 1,305 pi11s Ae11eas; 1,222
advérbios e complementos de objccto; - 2) a substantivos, atributos; forte111q11e Gya11 forte111q11e Cloa11tl111111; [A. Ferreira, Poemas Lus., II, 1O,
- 3) a adjectivos, a advérbios. p. 175 Ao pio Troia110; Lus. I,14,7 Alb11q11erq11e terribil, Castro forte;
Tem de omitir-se, neste lugar, o tratamento destas três classes da II,75,4 ge11te fortíssima ].
acumulação subordinante. Trata-se, nos parágrafos seguintes (§§ 309-316),
apenas do atributo adjectivo (vid. supra alínea 2). - Mencionam-se 1 Em língua de limitadas possibilid:idc:s de formação de palavras, tais como o fr., também
se consideram, 112 an:ilisc retórica, como adjcctivos, construções proposicionau, como sa11s tuorlt
outros fenómenos, quando da epiplirasis (§ 377).
(§ 313,1) ou construções absoluw, como lts /armes aux ymx (§ 314,2).
13
194 195
3) Entre ambas as categorias (§ 310,1-2) estão os adjcctivos que 2) Como acumulação (§ 294), com amplificação no corpo de
servem à ampli}icatio partidária (§ 73,1} ou poética (§ 73,2) (como palavra ou no conteúdo de palavra (§ 295) : Od. 1,48 'Oôu<T�L ôo:t<ppovt . , / ..
atributos ou adjcctivos predicativos: § 309), os quais aparecem fre ôuaµ6pci> ; I,395; Caes. Gall. 6,14,3 p11blicis privatisq11e ratio11ib11s (§ 304) ;
quentemente como tropos (§§ 174-236) : Cic. Cat. 1, 10,25 c11piditas Bér. 1, 1,3 ce cabine/, s11perbe et solitaire; 3, 1 ,689 11ne amitié si co11stante et
ejfre11ata; Baj. 1,1,34 1111e he11re11Se victoire; ]C 1,2,62 11oble Br11t11s; si belle (neste caso o subjectivismo, cheio de admiração, do último
MSt 3,4,2437 la111111herzige Gelasse11/ieit; [A Castro 2, p. 248 poderoso adjectivo, tem um efeito amplificante) ; 1,3,105 jottr i/111stre et do11!011re11x
Rei; Lus. 1,8,1]. (§ 304) ; Milr., Psalm 88,10 d 111itlr pale a11d ltollow eyes; [Lus. I,5,1 Dai-111e
311. Entre os epitlieta oma11tia (§ 310,2) poéticos, contam-se também 11111a Jiíria gra11dc e so11orosa; 1,5,3 mas de tuba canora e belicoça; 1,23,8 Com
aqueles adjectivos que exprimem ttma parte da significação já inerente tom de voz co111eça grave e lrorre11do ].
ao substantivo (§ 309) e que, por isso, devem ser considerados como 314. O emprego de três adjectivos (§§ 51,2 ; 312) realiza-se nos
uma variante subordinante da sinonímia (§ 282) : II. 4,434 y&.Ãoc )..e:ux6v. seguintes casos:
- Georg. 3,364 11111ida vi11a; [Lus. 1,19,5; U,20,2 bra11ca eswma ]. 1) Como sinonímia (§§ 282, 313,1) : Od. 1,100 �pL6o, µ.éyot,
312. Se vários adjcctivos estiverem relacionados com um substan a·n�o:p6v; Baj. 3,4,995 je 111e trottvais barbare, i11j11ste, criminei; B uffon,
tivo numa das três funções (§ 309), nesse caso, podem eles estar relacio Discours sur le style 3 p. 14 Te style devie11t Jerme, 11erve11x et co11cis ; . . . le
nados entre si numa relação de sinonímia (§ 282), ou de acumulação style sera difjiis, lâche et trai11a11t; Flaubert, Éduc. 3,5, p. 407 (cur. E. Maynial,
coordenante (§ 294), ou numa relação em que ambas aquelas se misturem Paris 1954) li se se11tait to11t délabré, Ürasé, m1éa11ti; p. 418 lro11te11x, vainw,
(§ 297). Os pedagogos (Quint. 8,6,43) ora proibiram o emprego de écrasé; JC 1,3,130 111ost bloody, Jiery, m1d most terrible; Milt., Samson
vários adjcctivos na função de atributo ou de predicativo (§ 309), ora Ag. 827 impartial, self-severe, i11exorable; R m 1, 1,37 I am s11btle, false,
tomaram esse emprego em regras (la regle des trois adjectifs : Hdb. § 678). a11d trenclrero11s; 1 , 1 , 136 The king is sickly, weak, a11d 111ela11d1oly; 1,2,104
Teria interesse fazer um trabalho que reunisse estes preceitos e sua apli lia 1vas ge11tle, mild a11d virt11011s; Plat. Gorg. p. 485 e, 1; p. 494 e, 5;
cação através dos séculos. [Lus. 1,7, 1 Vós tenro e novo ra1110 florescente; 1 1 , 1-2 . . . Jaça11/ias, / fa11tás
Quanto ao número de vários adjectivos, aparecem mais frequente ticas, fingidas, me11tirosas].
mente os números de dois (§ 313) e de três (§ 314). - Nos parágrafos 2) Como acumulação (§§ 294; 313,2) : Acn. 3,475 coni11gio, A11chisa,
seguintes (§§ 313-314) não se distingue entre as três funções (§ 309). Ve11eris dignate s11perbo, wra deum, bis Pergameis erepte r11i11is; Bér. 1,4,157
- Quanto à alitcração, vid. § 458. 11111et, d1argé de soi11s, et les !armes a11x ye11x; Mauriac, CEuvres compl.
313. O emprego de dois adjccrivos (§ 51,1 ; 312) realiza-se dos 1 , p. 77 Camille s11rvie11t cramoisie, ébo11riffée, odora11te; 10, p. 4 cet lto111111c
seguintes modos: liâlé, liirs11te, mal te1111; RJ 3,5,114 tire gallant, yo1mg, and 11oble ge11tle111a11;
1) Como sinonímia (§ 282), com amplificação no corpo de palavra Hrnl. 3,4,189 a q11ee11, fair, sober, 111ise; 3,1,124 I am very pro11d, reven
ou no conteúdo de palavra (§ 283) : Od. 1,56 µ.cxÃotxoi:aL xotl ottµ.uÃ(oL<n gejitl, a111bitio11s; [ Lus. fV,59,2 gentil.forte, a11i111oso ca11aleiro; lV,71,8 a barba
ÀÓyotaL. Scn. epist. 30, 1 Bass11111 . . . vidi q11ass11111, aetati obl11cta11tem . . . ;
- hirsttta, i11to11Sa, mas comprida].
seis i/111m se111per i11firmi corporis et exs11cti f11isse; Caes. Gal!. 4, 10,4 a feris 3) A amplificação dos três adjcctivos exprime a plenitude transbor
barbarisqtte 11atio11ib11s; Bér. 1,3,64 se11le et sa11s escorte; Brit. 1,1,3 sa11s dante (§ 53, 2b), quer na sinonímia {RJ 4,5,43 acwrst, 1111happy, wretd1ed,
suite et sa11s escorte; 1, 1 ,36 I'/111111e11r triste et sa11vage; Phcdre 4,6,1223 hatejitl day I; [Lus. IV,28,2 liorre11do, faro, i11ge11te e temeroso D. quer na
so11111is, apprivoisé; JC 1,2,100 11po11 a raw and g11sty day; 1,3,28 tlie bird acumulação {RJ 4,5,55 e 59 [§ 302, 2) ; Milt., Samson Ag. 563 11orv bliwl,
of 11iglit . . . / hooti11g a11d shrieki11g; 2, 1,266 tlie rlte11111y and 1111p11rged air; dislteart'11d, slram'd, dislro11011r'd, q11ell'd; Plat. Gorg. p. 505 b,2; p. 515 e,5;
RJ 4,5,50 111ost lamentable day, 111ost 1voefitl day; R UI 1 ,2,59 cold a11d [A Castro, 1, p. 210 falsa, i11co11sta11te, cega, vária e forte <Fort1111a>]).
e111pty vei11S; 1,2,136 it is a q11arrel j11st and reaso11able; PL 1, 177 vast a11d 4) Uma variante especial da acumulação de (dois, três ou mais)
bo1111dless Deep; 1,233 whose co111b11stible / a11d Jeweld entrais; Hml . 2,2,205 adjectivos é a distribuição adjectiva : quando cm dois ou mais substan
I mos/ powerji1lly and pote11tly believe (na função adverbia]: § 308,1): tivos (ligados entre si sintàcticamcnte na frase), um deles tem um atributo
MSt 2,2, 1 1 80 1111verdrosse11, 1111er111iidet; 3,1,2092 frei 1111d fessellos; 3,8,2608 adjectivo, também o segundo {e em casos determinados, o último) tem
tvnlrr 1111d wirklic/1; [A Castro 1, p. 206 Daquele gra11de Afonso, forte e samo;
wu atributo da mesma espécie {E. Norden, Aeneis Buch VJ,4 Au.6.,
Lus. 1,22,1 Estava o Padre ali s11bli111e e di110; 1,1 1,6 Q11e excede111 as Darmstadt 1957, p. 395) . Nests casos, surgem frequentemente relações
so11lradas, fabulosas (façanhas)]. anritéricas (§ 386) : Ncp. 13,2,3 sic i11xta posita recens filii veterem patris
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renova vil memoriam; Aen. 3,181 seque 110110 veter11111 decept11111 em>re locomm. [ Lus. 1, 19,3-4 Os ventos bra11da111e11te respiravam, / das 11a11s as velas cô11-
- Cf. §§ 334; 362, 2. cavas i11clia11do (as velas só são côncavas depois de inchadas) ].
315. Às figuras gramaticais (§ 129,3) pertence a l1ypallage (e11allage)
adiectivi (port. lzipálage, e11<ílage ], a qual consiste na alteração gramatical 13) .fig11rae per detractio11e111 (§§ 317-328)
(e simultâneamente semântica) da relação de um adjectivo: o adjectivo
não é rc1acionado gramaticalmente com o substantivo que lhe devia 317. A detractio (§§ 60; 239) consiste na onussao de elementos da
estar ligado, do ponto de vista semântico, mas sim com um outro substan frase, que cm geral, eram necessários. As figuras da detractio designam-se
tivo do contexto. Aparece esta figura nos seguintes casos: com o termo genérico de ellipsis (�Etl}tc;, 7tpocnmo:xouóµevov; [port.
1) Em construções adjectivas de um substantivo com um atributo elipse]) 1 e são um fenómeno da brevitas (§ 407). Aparecem nas variantes
substantivo (§ 308,2) em genitivo, p. ex.: da suspensão (§§ 318-319), da frase cm que se omitem c1ementos
a) Como atribuição gramatical do adjectivo ao atributo cm geni (§§ 320-326) e da compressão (§§ 327-328). Neste capítulo devem
tivo, quando propriamente esse adjectivo pertencia ao substantivo que distinguir-se :
lhe está superordenado: Aen. 1,7, altae 111oe11ia Romae «alta mocnia Romae»; 1) A elipse gramatical, empregada sem evidente função expres
Liv. 1 ,4,4 ad i11sti cursi1111 . . . munis; Hml. 1, 1,48 the majesty ofb11ried De11111ark. siva (§§ 318, 324; 327,1), a qual é um desvio da sintaxe normal . (§ 126,2)
b) Como atribuição gramatical do adjectivo ao substantivo que e muitas vezes é formulada, pelos gramáticos, mediante regras (p. ex.,
lhe está superordcnado, quando propriamente esse adjectivo pertencia quarta <scil. hora>).
ao atributo cm genitivo; Liv. 1,1,4 maiora remm i11itia; Claud. 1,25 2) A elipse retórica empregada com evidente função expressiva
f11 lva Leo11si ira; Goethe, Das Gõttliche 28 des K11abe11 lockige U11scl111 ld; (§§ 319; 325; 327,2), a qual é uma figura de pensamento (§ 407) e muitas
[Eça, Primo Basílio, p. 12 Houve 11m ruído domi11g11eiro de saias engomadas vezes (mas não necessàriamente) é e.'<pressa pela elipse gramatical. Os
csaias domingueiras.]. - A este tipo pertence também a adjcctivação de limites são pouco nítidos.
um atributo em genitivo : Hor. carm. 1,15,19 ad11/teros cri11es cos teus
cabelos, ó adúltero•; Goethe, Das GõttJiche 31 de11 :. . scl111ldige11 Scl1eitel; I') detractio por suspensão : ellipsis (§§ 318-319)
[Lus. VI, 82,1 Se tenho 11ovos medos perigosos «medos do perigo• ; Eça,
Primo Basilio, p. 36 Na rua, a esta11q11eira chegou-se à porta, vestida de /1110, 318. A detractio (§ 317) por suspensão deixa indeciso, devido à
este11de11do o seH carão virívo «carão de viúva»]. apócope sintáctica (§ 60,1), o contexto sintáctico semântico e é designada
2) Noutras construções sintácticas : Aen. 9,455 tepidaq11e recentem com o termo genérico (§ 317) de ellipsis.
/ caede locum •tcpidum recenti caede locunu; 6,268 iba11t obscuri sola s11b Como figura gramatical (§§ 126,2; 317) tomou-se a elipse mais
nocte cibant soli obscura sub noctet (§ 31 5,3) ; (Lus. X,2,5-6 ab1111da11tes ou menos habitual em muitas línguas, dentro de cercos géneros lite
mesas da/tos manjares «altas mesas de abundantes manjares.t ]. rários e cm certos contextos. Isto é válido, p. ex., para o infinitivo
3) Dentro do domínio gramatical, uma complicação desta figura, histórico (Aen. 1 1,142), o qual (indevidamente, porque o que temos
correspondente à 111ixt11ra verborum (§ 334), consiste na troca dos adjectivos na realidade é uma sintaxe impulsiv�ótica : Havers, p. 155) é expli
entre dois substantivos do conte.'-.1:0 : Aen. 1,4 saevae memorem I1111011is cado pelo abandono de um verb11111 .fi11it11111 (p. ex., coeperrmt), tanto para
ob iram cob saevam iram lunonis memoris. ; Aen. 6,268; 9,455 (§ 315,2). as frases no minais (Aen.
.
4,138), como para certas locuções fraseológicas
316. Com o termo moderno de prolepsis (a11ticipatio) adiectivi [port. (Od. 18,28).
319. A suspensão propriamente retórica (§ 317) é um meio de
prolepse do adjectivo] denomina-se o emprego, jwlto de um substantivo, expressão da ênfase de pensamento (§ 419) e isto como realização sintáctica
de um adjcctivo ou particípio que desempenha as funções de nome da aposiopcse de pensamento (§ 41 1) : Ecl. 3,8-9; Quint. 9,3,59.
predicativo, quando este adjectivo ou particípio exprime um resultado,
que só é obtido pelo predicado da frase; esse adjectivo ou particípio 1 Fr. tllipst (ingl. tlipsis, ir. tlissi, csp. •figure par laqudlc on rctnnchc,
tlipsis, (port. tlipst])
seria substituído, na linguagem não figurada, por um gerúndio ins quclquc mor <bns une phra.sco, sous�11tt11drt (it. [porr. s11btt1tmder])
sottl11t�11dert, tsp. sobret1tt111fer,
•11c pas cxprimcr ccrrains mots qui peuvcnt êtrc aisémcnt supplécso, so11s-t11tmd11 (it. sotJiuteso. [port.
trumental : Acn. 1,69 s11bmersasq11e obrue p11ppes (csubmergendo ... •) ;
3,236 tectosq11e per herbam / dispommt enses et swta latentia co11d1111t; 10,103 cst sous-cntcndu•. -Ao fr. so11s�11tendrt correspondem o gr. 1tpom.mcxxoúc�v,
s11bc11lt11dido]) tec qui
premit piacida aeq11ora po11t11s; Mcb. 3,4, 75 ere l111111an stat11te p11rg'd the (Aug. civ. 15,7,75; 17,11 ,3). Esta rcomprcen�o adicion3l e corupleunreo tem de ser
lat. s11ba11dire
gentle weal «purged the commonwealth and thus madc it gentlet ; diJtinguida da •comprccruão do implic:idoe (§ 208, n.).
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b) O membro omitido não se adapta idênticamente aos membros 111011 110111 ct sa 111é111oire; Baj . 4, 1,1154 j'étais ai111ée, lze11re11se, et Roxane
não omitidos: Od. 1 ,161-162 (onde a forma ôa-rt11. aparece uma vez co11te11te (§ 324, 1a); [Garrett, F. L. de S. 3,1, p. 105 F11i e11 o autor de t11do
nas funções de nominativo e outra nas de acusativo). istci, o autor da 111i11lza desgraça e da s11n desonra delas ... ].
2) Os membros não omitidos são de forma desigual entre si. São, b) Perigoso / não perigoso: Bér. 1,4,212 11crsa 111em sa11g apres
p. ex., coordenados: um particípio e uma proposição conjuncional mes lar111es; Sch., Wall. Tod 4,6,2710 ei11 Wort 11i111111t sic/1, ei11 Lebe11 11ie
(Od. 1,93-95) ; um infinitivo e uma proposição conjuncional (Baj. 3,5,1013- z11riick; [ Lus. 1,70,7-8 q11e a morte, se pudesse, neste dia, / em /11gar de pilotos
-1014); um particípio e um gerúndio (Tac. ann. 15,38; RSpr m § 819, 2a) lhe daria].
um adjectivo e um substantivo como aposições (Baj. 5,6,1575) ; substan e) Com muito valor I sem tanto valor: JC 1,2,296 if 1 bc aliv.e,
tivos e um infinitivo, como complementos de objecto (Xen. Anab. 1,2,27). a11d yo11r 111i11d ltold, a11d yo11r di1111er 111ortlz tlze eati11g, < 1 sltall di11e 111itl1
- A coordenação de um adjectivo com uma frase relativa tomou-se yo11> ; MSt 4,4,2813 die vo11 der irdiscl1e11 Maria siclt / tre11/os, rvie 11011 der
habitual em fr. (Cid 2,4,502 ils sont sortis e11se111ble I . . . se11ls, et q11i hi111111liscl1e11 ge111endet; [Lus. tll,23,4 a 11111itos fez perder a Pida e a terra ;
semblaient tottf bas se q11ereller; cf. Cic. de rep. 6, 10 me . . fessum et qui ... ) .
. 31,4 a seu Jill10 11ega11a o amor e a terra; Pessoa, PC, p. 349 preciw de ''crdadc
325. O zeugma complicado semânticamente (§ 323) (conceptio; e de aspiri11a] .
aú}J..·ljtjitç, �EÜyµ«; [port. silepse]) apresenta uma desigualdade semântica d) Material / jurídico: Xen. Anab. 1,2,27 (§ 324,2).
de formas: e) Conhecimento / acção: Baj. 1,1 ,81 /e S11/ta11 . . . / c11 clwrcl1era
1) O membro omitido não se adapta (vid. § 324, 1a) semântica bientôt la cause et la ve11gea11ce.
mente a todos os membros não omitidos: Aen. 2,258 inclusos 11tero Dm1aos 2) Desigualdade condicionada por metáforas :
et pi11ea fimim / laxat cla11stra Si11011; Nep. Hannib. 8,2 alii nmifragio, a) Geográfico / espiritual : Tac. Germ. 1 Gcmumia . . . a Snr111atis
alii a serimlis ipsi11s interject11111 e11111 reliq11eri111t; Sall. lug. 46,8 pacem a11 Dacisq11e 111111110 111et11 a11t 111011tib11s separat11r; Caes. Gall. 7,56,2; Sch.,
bell11111 gerettS (Aen. 7,444 ; 9,279) ; Bér. 3,1,677 lorsq11e avec 111011 coe11r Wall. Tod 4,6,2722 Der Ort 11icl1t, sei11 Verl1ã11g11is tó'tet i/111; Tell 1,1,143
ma 111ai11 pe11t s'épanclter; Camus, Lc Désert (Noces, p. 77) 11n décor étranger Der See kmm sic/1, der Landvogt nicl1t erbar111e11; [ Lus. Vll,7,7-8 De Carlos,
de sile11ce, d'ea11 et de pierres; [ Lus. IV, 66, 5-6 Ma1111el, q11e a Jom111e s11cede11 de Luís o 110111e e a terra / herdaste, e as causas 11iio da j11sta guerra ? ]
/ no Rei110 e 11os altivos pe11sa111e11tos ) . b) Corporal / espiritual : Ov. met. 7,347 cecidere illis a11i111iq11e
2) O membro omitido tem uma extensão semântica tão grande 111a1111sq11e; V. Hugo, Booz endormi 14 vét11 de probité ca11didc ct de li11
no uso linguístico, que se adapta a cada um dos membros não omitidos. bla11c; Androm. 4,1,1123 j'ai ... / sacri.fié 111011 sang, ma ltainc et 111011
Adapta-se, todavia, a estes, em cada caso, por meio de uma parte dife a111011r; 1,1,44 trai11er de 111ers e11 mers ma cl1aine et mes e111111is; Giraudou.x,
rente da sua extensão de significado (cf. § 324,1b). O efeito, que provoca Électre 1,5 ce regard des /111111bles q11i est 1111 111élm1ge de dévo11e111e11t, de clwssie
o estranhamento (§ 84), surge, desta vez, por causa da desigualdade et decrai11te; Hml. 3,2,386 I 1vill, speak daggers to lter, b11t 11se 11011e; MSt t , I , 142
semântica, entre si, de formas dos membros não omitidos (cf. § 324,2), Da kommt sie selbst. 11 De11 Cltrist11s i11 der Hand, / die Hoffert 1111d die
a qual é um fenómeno caótico (§§ 53,2b; 159). - C( § 326. Welt/11st i11 dem Herzeu.; [Lus. IV,42,5 jtf as costas diio e as vidas; 66,5-6
3) O excesso de preponderância da semântica permite uma inter (§ 325,1)]. A este tipo também pertencem hipérboles comparativas
-
rupção da coordenação sintáctica, quando se conserva uma coordenação (§ 421,3), como U. 1,249 (Quint. 12,10,64) ; Ecl. 7,37 Galathea, thymo
de pensamento. Isto tem validade para locuções preposicionais mihi d11/cior Hyblae; Androm. 1,4,320 brrílé de p/11s de fe11x que j1• 11'e11
(Bér. 1,4,212; 3,1,677; § 325,1 ; 326,l b) e comparativas (Ecl. 7,37; all11111ai.
Androm. 1 ,4,320; § 326,2b). c) E.wmpla / gravidade (]C 2,1,203 for lte /oves to l1ear tltat 1111icoms
4) Uma fenomcnologia histórica do zeugma complicado semân
may be betray'd rvith trees ... lio11S 1vitlz toils, a11d 111c11 111itl1 jlatterers; § 404).
ticamente seria um trabalho com bons resultados.
- d) Autoridade pessoal / norma materializada (Polyeucte 1,3,202 111011
326. A desigualdade semântica, entre si, dos membros não omitidos perc et 111011 devoir étoie11t incxorables; Androm. 4,3,1 194). - e) Parte
(§ 325,2) apresenta as seguintes realizações : do corpo I instrumento (Acn. 5,508 pariterq11e oatlos tel11mq11e tete11dit ).
1) Desigualdade não condicionada por metáforas : -J) Gestos I linguagem (Tac. ann. 2,29 111a1111s ac s11pplices voces ad
a) Partido a que pertence o sujeito falante / partido contrario Tiberi11111 te11de11s; [Lus. IV,3,6 110 berço o corpo e a voz le11a11to11]).
(§ 6) : Ronsard, Hélene, 2,43,1 2 regretter "'º"a111011r et votre .fier dédain; - g) Fenómeno social / símbolo (Aen. 8,1 14 pacc11111e /me ferris a11
Bér. 2,2,346 p11blier vos vert11s, Seig11e11r, et ses bea11tés; 3,1 ,735 sa11vo11s ... ar111a ?; cf. § 224).
202 203
LII') Detractio por compressão (§§ 327-328) zeigte 111ir, dass griibel11de Ver111111Jt / de11 Me11scl1e11 ervig i11 der Irre leitet,
/ dass sei11e Augeu sehen 111iisse11, rvas / das Herz soll glaube11, dass ci11 sicl1tbar
327. A detractio por compressão (§ 317) consiste cm reduzir a Haupt / der Kircl1e 11ottut, dass der Geist der Walirlieit / gcrultt liat a11J de11
expressão do discurso especialmente por meio da síncope e da aférese Sitz1111ge11 der Vãter; [Vieira, III,482 Abrasai, co11s11111i, destruí (assíndeto
sintácricas (§ 60,1) e é designada com o termo genérico (§ 317) de ellipsis: de palavra isolada : § 328, la) Holanda defe11derá a verdade de 11ossos sacra-
1) A elipse gramatical (§ 317, 1) aparece, p. ex., no que respeita 111e11tos e a autoridade da Igreja Ro111a11a, Holanda ed!ficará templos, Holanda
ao actual sentimento lingtÚstico, nas seguintes construções: Baj. 1,1,316 levantará altares, Hola11da c<111sagrará sacerdotes, co11s11111ir-1ws-á todos . . .
c'est <scil. là> 01) je l'atte11dç; 3,4,1012 si vo11s m'aimez, gardez <scil. (com anáfora) ].
vous> de ln désab11ser. 2) Quanto à relação pretendida entre os membros, pode distin
2) A elipse retórica (§ 317,2) não pode ser separada, nos seus guir-se o assíndeto divcrsívoco (a) do assíndeto multivoco (b) :
fenómenos, da figura de pensamento (§ 407), que lhe corresponde. a) No assíndcto diversívoco são os membros rcspectivamcntc rl's
A este tipo pertence o assíndcto (§ 328). (§ 157,1) diferentes. Neste caso podem distingtúr-sc (§ 240,2), segundo
328. O asy11deto11 (§ 327,2; so/11/11111, disso/11tio, i11co11exio; ciaúvôe:-.ov; a espécie da relação pretendida, os seguintes tipos (na terminologia
[port. assí11deto]) consiste na construção assindética (§ 240) de membros moderna) :
coordenados. Esta figura produz, no decorrer do discurso, um efeito ix) O asy11deto11 additi1111111 adiciona os mcm.bro : Acn. 12, 197,
•martelante> : ela é um fenómeno do ge1111s abmpt11m (§ 468,2) violento assim como Polyeucte 1 ,4,301 e RJ 3,5,194 (§ 328,la) ; MSt 1,6,477-l82
e apresenta diversas variantes (§ 267) : (§ 328, 1); Androm. 4,3,1153-1 155 (§ 302, 1) ; ! Lus. 111,67,3; Vieira, Vl,411
1) Quanto à extensão dos membros separados pelo assindeto, (§ 328, la)D.
podem distinguir-se três tipos: �) O asy11deto11 s111111110tivu111 adiciona os membros e junta à adição,
a) O assíndcto de palavra isolada (§ 456), cujos últimos membros, no seu prinópio ou no seu fim, o conceito colcctivo (§§ 300-30 1): Cic.
muitas vezes, são alargados (§ 267,la) cm grupos de palavras comá Phil. 2,25,63, assim como Fcmm. sav. 2, 1 ,330 (§ 300) ; Androm. 2,2,575
ticos (§ 328,1b) : Acn. 12,197 haec eade111, Ae11ea, ferram, 111are, sidera i11ro; (§ 301,2) ; [Pessoa, PC, p. 262 (§ 300) ].
Polycucte 1,4,301 il offrit dig11ités, allia11ce, trésors; RJ 3,5,194 ha11g, beg, y) O asy11deto11 disi1111cti11u111 põe os membros à escolha: Bér. 2,2,339
starvc, die i11 tlze streets; 4,5,43 acwrst, 1111/iappy, rvretched, hatef11l day ! ; (§ 304) .
MSt 4, 9,3101 errvarte, zõgrc, sã11111e; [ Lus. Ilf ,67,3 fere, 111ata, derriba de110- ô) O asy11detc111 ad11crsativ11111 exprime uma antítese de pensamento
dado; VUJ,39,4 honra, prémio, Javnr q11c as artes criam; Vieira, VI,408 como (§ 386) : Ioh. 6,63; Liv. 22,51,4 vi11cere seis, Hm111ibal; 11ictoria 11ti 11escis;
se havia de restaurar o Brasil, se o capitão de mar, e guerra fazia cruel guerra Baj. 5,6,1618 j'aurai soin de sa mort; pre11ez soi11 de sa 11ie; MSt 3,6,2470
ao sc11 11avio, vedando os 11u111ti111e11tos, as 111u11ições, as e11xárcias, as velas, d11 warst die Kõ11igi11, sie der Verbrecl1er; [ Vieira, 1,54 L -542 Antigamt'11te
as "'1le11as]. estavam os. 111i11istros às portas da cidade, agora estão as cidades às portas dos
b) O assíndcto comático de grupos de palavras (§ 456) : Cic. 111i11istros.]
Clucnt. 6, 15 vicit p11dorem libido, 1i111ore111 a11dacia. rationem amentia; & ) O asy11deto11 ca11sale consiste na s11biectio ratio11is (§ 372) ;
Cid 5,5, 1 171 1111 méme coup a 111is 111a gloire e11 sfireté, / mo11 â111e a11 désespoir, MSt 2,8,1770 Da111als liielt ich / Marie11s Ha11d fiir 111ic/1 zu klei11, ich
ma jlamme e11 liberté; RJ 3,5,207 111y l111sba11d is 011 eartlt, 111y Jaith i11 lteaveu; ltoffle / mif de11 Besitz der Kõ11igi11 vo11 E11gla11d; [ A Castro 4, p. 287 Essa
1,6,13 b11t passio11 le11ds tltem porver, lime mea11s, to meet; MSt 4,10,3200 licença basta : a tenção 11ossa / nos sal11ará cos lio111e11s, e co111 Deus).
Wamm lwb ic/1 Gerechtigkeit geiibt, / Willkiir geltasst ?; RJ 3,5,222; �) O nsy11deto11 explicativ11111 é uma variante do as1111deto11 cm1snle e
3,3,58-60; HmJ. 1 ,5,99-100; MSt 4,9,3173-3176; [ Vieira, XII,53 Assim serve para o esclarecimento explicativo de uma expressão: Cic. S. Rose.
se de�fizera111 os escrtÍp11los em aplausos, as dúvidas em de111011strações, os 25,70 s11pplici11111 i11 parricidas si11g11lare excogita11crr111t . . . : i11sui 11ol11rrr111t i11
impossíveis em milagres; IV,211 a matéria era dos le11ltos mais preciosos do wlleum vivos; [ A Castro 1, p. 232 Esprito liá-de ser puro : um, ouro limpo /
Líbano; as col1111as de prata; o tremo de ouro; as al1110Jadas de ptÍrpura ]. se111 fezes, e sem liga : exemplo claro / de fortaleza, 111a11sidão, e justiça].
e) O assíndcto composto de colos (§ 455) : Rhet. Her. 4,28,38 re111 "'l) O asy11deto11 co11cl11siv11111 (co11sewti1111111) consiste na inserção
publicam radicit11s e11ertisti, ci11itate111 Jimditus deiecisti; Brit. 1,4,349 exa111iue posterior da co11cl11sio (§ 372) : MSt 2,4,1 543 dei11 Hl'rz ltat Gott gcriilirt,
leurs yeux, obser11e le11rs disco11rs; R] 2,3,73 thc su11 11ot yrt thy sighs from I geliorcl1c dieser lti111111liscl1en Bc111eg1111g ; r A Castro 4, p. 286 Mas dás ,,;da
liea11e11 clears, / thy old grc1a11s ri11g yct iu 111i11e a11cie11t ears; MSt 1,6,477 Er a te11 .fillto, salvas-fite a al111a, / pacificas te11 Reino : a ti seguras].
204 205
b) No assíndeto multívoco, que, conforme o termo indica, aparece du pere> co11pée; Sh., sonn. 81,5 Your 11a111e Jro111 lie11ce i111111ortal life sltall
só como asy11deto11 additÍll11111 (§ 328, 2a ex) , são os membros, respectiva ltave; [ Lus. IV,43, 1 O campo vai deixando ao vencedor; VI,64,7 qual verme
mcnte, diferentes corpos de palavra para as mesmas res (§ 153: exemplos lhas as armas faz de brancas].
n.o § 285) : Cic. Cat. 1,5,10; Androm. 4,5,1386; RJ 4,5,22; MSt 4,9,3101.
e) Também é possível a mistura do assindeto diversívoco com o li') liyperbato11 (§§ 331-333)
multívoco: Quin.t. 9,3,49 (§ 297).
331. O liyperbato11 (§ 329; tra11sgressio, 1ra11siectio; úm:p�oc-:-6v; (port.
ltipérbato ]) é a separação de duas palavras que sintàcticamente estão
y) jig11rnc per ordi11e111 (§§ 329-362) cm íntima ligação, por meio da interposição (§ 59,1) de um membro
da frase (monossilábico ou polissilábico), que não pertencia dircctamcnte
329. As .fig11rac per ordillem, que são um fenómeno da dispositio,
àquele lugar. Esta figura é uma figura de palavra (§ 239), à qual corres
aplicada à elocutio (§ 48; ordo ) , abrangem tanto as jig11rne per tra11s111uta
pondem, como figura de pensamento, o parêntese (§ 414) e, como
tio11e111 (§ 61) e, por conseguinte, a a11astroplie (§ 330), o ltyperbato11
metaplasmo gramatical (§ 1 18), a tmesc (§ 333).
(§§ 331-333), a 111ixrura verbomm (§§ 334-335), como o isocolo11 (§§ 336-362), Exemplos: Od. 1,3 r.oÀÀi:>v 8'&v6pwr.wv i'.8Ev cfo•.:cx; 10,541 ;
considerado como fenómeno, cuja propriedade característica reside na
Cic. Cluenr. 1, 1 , 011111em acc11satoris oratio11e111 i11 duas dialisam esse partes;
ordem das palavras. Todas estas figuras são também fenómenos da
Rhct. Hcr. 4,32,44; Acn. 1,1-3; 6,688-689 ; Baj. 1,2,220 de la bataille
co111positio (§§ 448-463).
éprouver le ltasard; Goethe, Ale.xis und Dora 27 jerle11 Jre11et die selt11e der
zierliche11 Bilder Verkniipfi111g (E. Norden, Acneis Buch VI,4 Aufl.,
l') a11astroplte (§ 330) Darmstadt 1957, p. 398, n. 2) 1; [ Lus. 11, 91,5 a grita se ale11anta no céu
da gente; V,60,8 Casos que Adamastor contou fi1t11ros ].
330. A a11aslroplte (§ 329; i11versio, reversio, perversio; &v«a-rpocp"Í); 332. Aparece um género especial de hipérbato por · meio da
[ port. m1ástrofe] ) é a mudança de posição de membros da frase qi;e se epífrase (§ 377), ou seja pela posposição acumulante, p. ex., de suces
sucedem, mudança essa que contraria a co11s11et11do (§§ 104; 127). E ela sivas partes da frase: 1) De um sujeito (Od. 9,479; Horacc 2,6,630 Albe
uma figura de palavra (§ 239), que corresponde, como figura de pensa le veut, et Ro111e; Camus, Noccs, p. 46 Mais les pa11vres reste11t et le c:iel;
mento, ao liystero11 protero11 (§ 413). Goethe, Hcrm. u. Dor. 3,8; [ Lus. 1,71, 1 Tamanho o ódio foi e a má vontade]) ;
Como a sucessão dos membros da frase é bastante livre na co11s11et11do - 2) De um complemento de objecto (Od. 10,379; [Lus. 1,53,8 A mãe
das línguas clássicas, são consideradas, como anástrofe, apenas certas Hebrca teve, e o pai Gentio]) ; - 3) De um nome predicativo ( Alexis 1d
transposições da ordem das preposições e das partículas, transposições 11ielz est e frailes; Tell 1,1,154 Mein Retter seirf Jltr 1mrl mein Engel).
essas que não correspondem à co11s11et11do (Il. 3,2 õpvL6e:c; !':>e;; Rhet. - Também aparece a epífrase sinonímica (§ 282) : Wall. Lagcr 1 1,769
Hcr. 4,32,44 virt11/e pro 11estra ). Die F11rcl11 ist weg, der Respekt, die Scl1e11. Dentro de grupos sintácticos
-
Nas línguas modernas, é a sucessão dos membros da frase mais mais pequenos também resultam, do mesmo modo, epífrases : Aen. 1,129
rigorosamente regulamentada pela co11s11et11do. Como a poesia, porém, fi11ctib11s oppressos Troas caeliq11e mina; PL 1, 18 tlie uprigltt heart a11d p11re.
conserva, muitas vezes, como meios de expressão, tipo de sucessão 333. A tmesis (-rµY,<nc; ; [port. tmese]), usual na poesia, é um mcta
latinos ou construções sintácticas arcaicas da própria língua cm questão plasmo gramatical (§ 331) e consiste na separação de uma palavra
(a11ctoritas, vetustas : § 106) resulta daí a anástrofe poética, como figura composta por meio da interposição (§ 59,1) de outros membros da frase.
gramatical (§ 126,2). A este tipo pertencem, p. ex. : Continua-se, assim, um estádio linguístico em que ainda era branda a
1) A anteposição do atributo cm genitivo : Passion lb Jes11 Clirisii composição de palavras: Od. 1,8 o[ xcx-:-c:X �oüç 'Ym:p(ovoç ' H.:Ã(oto /
passi1111; Baj. 1 ,1,54 d11 S11lta11 la victoirc 011 la fi1ite; MSt 1,1,49 i11 jeder �aOwv ; Gcorg. 3,381 Hyperboreo septem subiecta trio11i; Racine, Plaid.
Fre11de11 Fiille mifgewachse11; 1,6,545 der Verstell1111g sd11vere Krmst; [ Lus. 3,3,791 p11is do11c qu'o11 nous per111et; [Lus. I,64,3 Dar-te-ei, Se11lio1, ilustre
I,15,8 de África as terras e do Oriente os mares; VI,64,1 Dos cavalos o estré relação; III,73, 1 E posto e1ifi111 que de!'de o mar de Atla11te].
pito parece].
2) A anteposição do complemento de objccto antes do verbo : 1 Gocthcs Wcrke, vol. 1, cur. E. Trunz., Hamburgo 2 1952, p. 186 aprcscnu um texto com
sucessão nivdacb de pala\'T:U.
Cid 3,3,797 la pre111iere épée / do11t s'est nrmé Rodrig11e a sn trame <scil.
206 207
Também aparece a decomposição de derivações sufixais, cuja farest (a1), to11r111e11te (a2) et {q 1 ) 1111ict (33), lo11g11c (b 1 ), orage11se (b2) t•f (q2)
formação quase não é sentida, com.o viva : Enn. a1m. 609 (Scrv. Aen. 1,412) noire (b3) ; PL 7,502 Aire (a1), Water (a2), Eartli (a3), / by (p) Fowl (b 1 ),
saxo cere co111111i1111it br11111. - E m várias línguas há, no uso linguistico, Fisli (b2), Beast (b3), was jlo11m (c 1 ), was s11111111 (ei) , was 111alkt (c3) ; Hml.
variantes da tmt'se por omissão (c( § 320). como, p. ex., na construção 3,1,159; [ Féni.x Rena.scida, Ill,p. 241 Vasto 111ar (a1), triste Tróia (a2), irado
adverbial românica em -mente {RSpr. IlI § 701 : esp. clara y concisameule, Noto (a3), 11asce o pranto (b1), arde o amor (b2), cresce o s11spiro (b3), pois (q)
catal. de11ota111e11te i /111111il; [em port. temos igualmente construções deste Céos busco (a1), astros sigo (a2), a bens aspiro (a3), Et11as gttardo (b 1 ), Euros
género: Vieira, XI,239 curadas . . . mais mimosa e não radicalmente]) e cm rompo (b2), Nilos broto (b3) ].
determinadas construções sufixais Quan de la Cruz, Subida 1 ,6,l pri11a Quando a atribuição dos membros da frase, não é duvidosa ao enten
y positi110). dimento, são possíveis, na sequência dos membros, certas liberdades
(cf. anàlogamente § 340) : luven. 1 ,285 th11s (a 1), a11ru111 {32), 111yrrl1<1111 (a3),
Ill' ) 111i.\·f11ra 11erboru111 (§§ 334-335) re,giqtte (bJ, ho111i11iq11e (b3), deoq11e (b1) ; Sh., Lucrece 88,6 For pri11ccs cire (p)
tlie glass (a 1) , the scl1ool (32), tlie book (33), / where s11bjects' eyes (q) do learn (b2),
334. A 111ixt11ra 11erborz1111 (§ 329; sy11chysis 1 , aúnumc;; [port. do read (b3), do look (b 1 ) ; [Fénix Renascida, II, p. 347 Mais d11ra (a3),
sfnq11ise]) 2 é o caos (§ 53,2b) da sequência vocabular na frase, o qual se mais cruel (32), 111ais rigorosa (a 1 ), Sois Lisi, que (p) o co111eta (b1), rocha (b2)
provoca por meio do emprego (frequentemente repetido) da anástrofe 011 (q) muro (b3), mais rigoroso (a 1 ), mais cruel (32), mais duro (a3), q11e (p) o
(§ 330) e do hipérbato (§ 333,1 ). A finalidade desta figura é, por um lado, céu vê (b1), cerca o 111ar (ei), a Terra goza ('J). O mesmo se encontra,
o jogo com a obsc11ritas (§ 1 32, 1), o qual provoca o estranhamento (§ 164) e, com forma jocosa, em A . J. Silva, Anfitrião (vol. II), pp. 185-1 86
por outro, a observação dos preceitos da compositio (§ 448). (parte 2, cena 4) ]. - Cf. § 392, IB.
Exemplos : Aen. 1, 109 saxa voca11t Itali,. 111ediis q11ae in jl11ctib11s, «aras� Ao esquema de relação corresponde, dentro das figuras de pensa
(Quint. 8,2, 1 4) ; 2,348-353 (Serv. ad loc. ; como maneira de falar animada mento, o tipo posteritts da s11b11exio (§ 376).
e que corresponde à situação). - Especialmente apreciada é a sy11cl1ysis
na distribuição adjectiva (§ 314,4) : Ecl. 3,36-39; 5,16-17; 6,53-54;
Georg. 2,461-467; [Lus. W,94,7-8 q11e em terre110 / 11iio cabe o altivo peito fã() IV') isoco/011 (§§ 336-362)
peque11(); IV,56,5-7 111ara11illias l'lll armas estre111adas, / e de escript11ra di11as
clega11te, / fizeram ca11aleiros 11esta empresa]. 336. O isocolo11 (compar, e:rneq11at11111 membris <scil. schema> ;
335. Uma concentração da mixfura verborum (§ 334) apresenta o tcróx.wÀov, mxplaov <scil. <í"l�fL«> ; n«plawatc;; f pon. isoco!o V consiste
esquema de relação (Rapport-Scl1e111a; 11ers11s applicati; si11g11fa sing11lis; na correspondência sintáctica da composição de várias (respectivamente
fr. vers rapportés), que consiste em que duas (ou mais) séries que se com vários membros) partes de wn todo sintáctico (§ 329).
correspondem e que, entre si, estão ú1tima e sintàcticamcnte ligadas 1) O todo sintáctico pode ser representado por wna sequência
a 1 b 1 c1 / a2 b2 Ci . sejam deslocadas de tal maneira, que os membros
••• . . frásica coordenada (§§ 451 ; 455), por um período (§ 452) ou por um
correspondentes e sintàcticamente análogos, sejam postos em contacto colo (independente ou não independente sintàcticarnente) (§§ 453, 1 ; 455).
por meio da acumulação coordenante (§ 294) : a 1 a2 / b 1 b2 / c 1 '2 / . . . 2) As partes do todo sintáctico, afectadas pelo isocolo, podem ser:
Exemplos (Curtius, Eur. Lit., p . 290) : Anth. Pal. 9,48 Zd.11; (p) a) Colos de uma sequência frásica coordenada (§ 455) ou de um
xúxvoc; (a1), -:«Üpoc; (32), a<X";'Upoc; (a3), Xpucràc; (a4) 8i'{pw-:-« (q) / período (§ 453,1). A designação isocolo11 designa a extensão igual e
A'ft8·1Jc; (b 1 ), F.upw7rlJÇ (b2), 'Av·nÓr.IJc; (b3), àcxv&.7)c; (b4) ; Anth. 800 igual composição sintáccica dos colos num pe.ríodo. Em segw1do plano,
Pastor (a1), arator (3 2) , eq11es (a3) pa11i (b 1 ), col11i (b2), s11peravi (b3) / capras (c1), é esta designação relacionada com correspondentes composições dos
·
rus (c:i), hostes ('J), fronde (d1), ligo11e (di), 111mm (d3) ; Jodelle, sonnet comas (§ 336,2b).
«Comme un qui s'est perdtl» 9 q11a11d 011 11oit (p) ... / a11x bois (a1), e11 mer b) Comas de um período ou de um colo (§§ 453,2; 456).
(a2), a11x cl1a111ps (a3), !e bo11t (b 1 ), le por! (b2), /e jo11r (b3) ; 1 3 j' 011blie (p) . / . . 3) O todo sintáctico pode compor-se de duas, três ou mais partes
(colos ou comas), afectadas pelo isocolo (§ 341). A isto acresce frequen
1 Ass im deve ler-se em hid. orig. 1,37,20 (cm vez da trndicional symhtsis). Cf. a fonte: Scrv. temente, quanto ao todo sintáctico, uma parte marginal sintáctica, não
Aen. 2,348. constituida como um isocolo, e a qual pode estar em qualquer lugar
2 Fr. sy11rl1yst, ingl. sy11cl1ysis, it. s/11rl1isi. (§ 339,2).
208 209
337. A construção frásica, caracterizada pelo isocolo (§ 336), (§ 322) ; Polyeucre 2,6,681 j' attends tout de sa grâce, et rien de '"ªfaiblesse;
chama-se, nos tempos modernos, «paralelismo». Este termo designa RJ 3,5,11 I 1111ist be go11e and live, or stay and die; PL 1,263 better to reig11
também (nos tempos modernos) as correspondentes características espe i11 Hei/, tl1e11 serve i11 Heav'n; MSt 4,6,2945 Der Rang, de11 ic/1 bekleide,
ciais da poesia hebraica (§ 343) 1 • - Cf. ainda § 166,3c. das Vcrtrarw1, f wod11rcl1 die Kõ11igi11 111ic/1 ehrt, 11111ss jeden Zweifel / in 111ei11e
O isocolo11 afecta, como paralelismo, dois grandes domínios: treue Mei111111g 11iedersclilagen; [Garrett, F. L. de S. 3,1, p. 105 F11i eu o ,autor
1) O «paralelismo grande» («paralelismo exterior») consiste na de tudo isto, o a11tor da mi11ha desgraça e da 111i11ha desonra delas).
correspondência da sucessão linear das proposições (principais ou subor 3) Ambos os géneros das partes coordenadas também aparecem
dinadas e relacionadas, entre si, semânticamente), dentro de um grupo m.isturados: Aen. 6,180-182; 12,458-469 ; Ecl. 5,76-78 ; RJ 4,5,84-90.
frásico ou de wn perfodo (§ 452). Este paralelismo aparece, p. ex., na 4) Ambos os géneros das partes coordenadas podem ser ligados
s11b11exio (§§ 375 ; 376, 1 ; 415). O seu contrário é o quiasmo grande sindeticamente ou podem seguir-se um ao outro assindeticamente (§ 240).
(§ 392,II). 5) Se o grupo de palavras, sintàcticamente não independente, for
2) O •paralelismo pequeno» («paralelismo interior») consiste na reduzido a w11a só palavra, aparecem então as figuras da sinonímia
correspondência (mais ou menos cxacta) da sequência linear de palavras, (§ 282) e da enumeração (§ 298).
correspondentes sintàcticamentc, dentro de vários grupos de palavras 340. A organização de cada um dos elementos das partes coorde
ligados semânticamente entre si (mesmo que estes sejam apenas proposi nadas (§ 339) é paralela, enquanto na forma pura do isocolo: os vários
ções principais ou subordinadas completas, ou grupos de palavras sintàcti elementos correspondentes seguem-se respectivamente uns aos outros
camentc não independentes : § 339). C( § 340. - O contrário deste cm ordem correspondente (a1 b1 c1 . . . / a2 b2 � . . . ). - Aparecem, contudo,
paralelismo é o quiasmo pequeno (§ 392,I). alguns abrandamentos deste paralelismo de cada um dos elementos:
338. Pode distinguir-se o isocolo, sintàcticamcnte coordenado 1) Os abrandamentos correspondem ao princípio da variatio (§ 86)
(§§ 339-361), do isocolo, sintàcticamente descoordenado (§ 362). e às respcctivas condições contextuais da compositio (§ 448): Rhct. Hcr.
4,20,27 in proelio 111orte111 parens oppetebat, domi filius 1111ptias co111parabat; . . .
A') i.wolo11 sintàcticamcntc coordenado (§§ 339-361) alii fortuna dedit felicitatem, /111ic industria virt11te111 comparavit; Acn.
6,180-182; Georg. 2,519-522; [Vieira, I,62 A 1111vem tem relâmpago, tem
339. No isocolo sintàcticamcnte coordenado (§ 338), as partes do trovão, e tem raio : relâmpago para os olhos, trovão para os ouvidos, raio para
todo sintáctico (§ 336), afoctadas pelo isocolo (§ 338), estão coordenadas o coração : com o relâmpago alumia, com o trovão assombra, com o raio mata).
entre si. As partes coordenadas (a1 b1 c1 . . . / a2 b2 � ) podem ser : • • • 2) O paralelismo de cada wn dos elementos pode, especialmente
1) Frases completas: II. 7,93; Aquila rhet. 23 e/assem speciosissimam com a finalidade de acentuar a antítese (§ 386), ser substitllido por uma
et robustissimam i11str11xit, excrci/11111 p11lcl1eiri11111111 et Jortissim11m legit, socion1111 ordem linear contrária. A relação dos isocolos, dispostos ao contrário
maxi111am et fidelissimam 111a1111m co111paravit; Cid 1,2,127 je vo11s blâmais cm cada um dos seus elementos, chama-se quiasmo (§ 392, IA).
ta11tÓt, je VOllS plai11s n prése11t; JC 1 ,1,58 rllll to your ho11se5, jal/ 11po11 yo11r 341. O isocolo consiste cm dois membros (1), pelo menos (colos
k11ces, / pray to the gods; 3,1 , 1 28-129; MSt 5,7,3616 die Kerze11 le11cl1te11, ou comas: § 336,2), muitas vezes em três (2) e, por vezes, em mais de
/ die Glocke tõ11t, der Weilira11cl1 ist gestreut; [ A Castro 1 , p. 215 Ferve o três (3) :
sa11g11e, arde o peito, cresce-me ira; Pessoa, PC, p. 273 olha11do de perto os 1) O isocolo bimembre (§ 51,1) tem, frequentes vezes, conteúdo
mastros, n,/ila11do-se lá pró alto, / roçando pelas cordas, descendo as escadas antitético (§ 386) : Od. 15, 74; Quint. 2,2,3 adhibenda . . . wra est, ut et
incómodas]. tcneriores a1111os ab i11i11ria sa11ctitas doce11tis wstodiat et Jerociores a licentia
2) Grupos de palavras não independentes sintàcticamcnte, os quais gravitas deterreat; Cid 2,2,430 j' admire ton co11rage, et je piaitis ta jermesse;
podem ser sintàcticamente abrangidos (ze11gma, adi1111ctio : § 320) por RJ 2,2,37 shall I hear more, or shall I speak at this ?; MSt 2,9,2033 Sie
meio de uma parte frásica, depois onútida, ou por meio de várias partes forderts / ais ei11e G1111st, gervãlir es ilir ais Strafe ! ; [ A Castro 2, p. 251 D' iia
frásicas omitidas (que podem ser distribuídas, sem que obedeçam a uma parte receo, mas d' outra ouso; Camões, Sonetos 61 (p. 289) 2-4 Que em
regra, pelo todo frásico) : Od. 1 5,74; Rom. 12,9-13; Cic. Cluent. 6,15 grandeza 1w mundo mais cresceram, / 011, por 1Mlor do esforço, .fiorescera111, /
011 por varões nas letras espa11tosas; Vieira, XII,342 O ver é acção dos olhos;
1 Ps. 6,2-3 Domine, nt in furou ruo arguas me: 11eq11e in ira /na corripia.s me. Miserere m�i, Domine, as vozes são objecto dos 01111idos; Pessoa, PC, p. 279 A"a11q11e111-111c a pele,
q11011iam i1ifirm11s sum: sa11a me, Do111i11t, quo11iarn co11t11rbata suul ossa mea. preg11r111-111e às quilhas].
14
210 211
2) O isocolo trimembre (§ 51 ,2) chama-se tricolon (-:-p(xw),ov ; a') Desigualdade total de significação (§§ 345-349)
[port. tricolo]) e apresenta um conteúdo semmticamente completo: Cic.
Cluent. 6,15 (§ 322) Aquila rhet. 23 (§ 339, 1); Quint. 9,4,94 (§ 375) ; 345. A desigualdade total de significação de grupos de palavras
Cid 5,5, 1711 1111 méme co11p a mis ma gloire eu s1Íreté, / mo11 âme a11 désespoir, coordenados (§ 344) pode dizer respeito a frases inteiras (§§ 339,1 ; 346-348),
ma flamme e11 liberté; Baj. 1,1,136-137; RJ 3,2,29 he's go11e, he's kill'd, ou a grupos de palavras, sintàcticamente não independentes (§§ 339,2; 349).
he's dead; ]C 1,1,58 (§ 339,1) ; MSt 5,7,3616 (§ 339,1); [ A Castro 2, Se a desigualdade se referir a palavras isoladas (§ 339,5), resulta então a
p. 252 Também suspira e geme e dissimula; Pessoa, PC, p. 295 Niio sou figura da e1111111eratio (§ 298).
teu discfpulo, não sou teu amigo, niio sou teu cantor].
3) O isocolo que consiste em mais de três membros, como, p. ex., « ') Frases inteiras: s11bi1111ctio (§§ 346-348)
o tetracolou ('re:'tpchtw)..o v; [port. tetracolo]), que é formado por quatro
membros (quadrimembre), tem, as mais das vezes, como conteúdo 346. A coordenação de frases (§ 345) inteiras (proposições prin
semmtico, uma plenitude que ultrapassa (§ 53,2b) o seu conteúdo cipais ou subordinadas) de significado completamente diferente, chama-se
semmticamente completo: Rhet. Her. 4,27,37 populus Roma11us N1m1a11- subiu11ctio (subnexio Ú7t6�Eu�t<;, -rck�tt; ; [port. s11bj1111çiio ]) e serve para a
tia111 delevit . . . (§ 352) ; Sen. contr. 8,2,27 serviebat Jorum cubia1lo, praetor pormenorização {coacervatio : § 344) de um complexo (c( anàlogamente
meretrici; carcer convívio, dies nocti; [Vieira, XII,53 Assim se desfizeram § 297), semânticamente superordenado (designado lingulsricamente ou
os escnípulos em aplausos; as dftvidas em demonstrações; os impossfveis em não), cuja plenitude variada (§ 53,2b) por vezes é suplementarmente
milagres; o imaginado perigo em acções de graças a Deus]. expressa, porque a sucessão linear das partes frásicas de cada uma das
342. A coordenação sintáctica (§ 339) pode exprimir duas formas da proposições, ou mesmo a estrutura sintáctica de cada uma das propo
relação semântica entre as panes : igualdade de significação (§ 343) e desi sições, não conserva sempre o paralelismo interior (§ 340,1). - Este
gualdade de significação (§§ 344-352). - A coordenação pode tornar-se complc."\'.o total pode ser, cm si próprio, mais concreto (§ 347) ou mais ·
consciente por meio da igualdade sónica dos corpos de palavra (§§ 353-361). abstracto (§ 348).
347. O complexo total mais concreto (§ 346) é mais de natureza
1 ') Igualdade de significação das partes: i11terpretatio (§ 343) narrativa (§ 43,2) e pode consistir:
1) Num desenvolvimento coJectivo da acção, dividido por vários
343. A igualdade de significação (§§ 169,2; 342) de grupos de participantes nesta (activos ou passivos), desenvolvimento esse, no qual
palavras coordenadas (colos ou comas: § 366,2), muito especialmente de o isocolo é o meio da expressão da evide11tia (§ 369) : Acn. 6,1 80-182
frases inteiras coordenadas (§ 339,1), chama-se interpretatio [port. inter prow111b1111t picene, sonnt icta securibus ilex / ... ; Georg. 2,519-522 venit
pretação] e é uma possibilidade expressiva da commcratio (§ 367) : Rhet. hiems (complexo totalizante : § 346) : teritur Sicyonia baca trapetis / ... ;
Her. 4,28,38 «rem p11blica111 radicit11s evertisti, civitatem fimditus deiecisti»; Comeille, Mcnteur 1,5,263-298; JC 2,2,16-25 (§ 307) ; MSt 5,7,3614
item : «palrem nefarie verberasti, parenti mmms scelerate att1tlisti»; Georg. até 3622 Ach die Begliickte11, die das Jroh geteilte / Gebet versa111111elt i11 dem
1,84-85 ; Bér. 1,2,35-36 ; RJ 3,2,39 (§ 341 ,2) ; MSt 4,4,2741 lch bi11 Haus des Hem1 (complexo totalizante: § 346) ! / Gescl11niickt ist der Altar,
e11tdeckt, ic/1 bin d11rchscl1a11t; Wall. Tod 3,21 ,2347 so 1111iss ich dic/1 verlasse11, die Kerzen le11cl1ten, / . . . ; 1,6,418-450. - Aen. 1,427-429 ; 2,29-30 ;
vo11 dir scheide11; [ Garrett, Catão, 1,4, p. 48 Cumpre dissimular fi11gir com 12,458-460 ; JC 2,2,16-27; RJ 4,5,84-90 (em parte com grupos de pala
eles]. - Cf. ainda §§ 322,2; 354. - O paralelismo hebraico tem, a maior vras não independentes: § 349) ; [Lus. IV,27,5-8 Era 110 seco tempo
parte das vezes, a função sem�tica da igualdade de significação (§ 337) (complexo to talizante), que nas eiras / Ceres o fruto deixa aos lavradores,
{amplificante na expressão) . / entra e111 Astren o Sol, 110 mês de Apolo, / Baco das uvas tira o doce 111osto].
2) Num desenvolvimento total, dividido por várias fases suces
2') Desigualdade de significação das partes : coacervatio (§§ 344-352) sivas da acção (perwrsio : § 409,2) : Rhet. Hcr. 4,54,68 (409,2) ; Baj. 1, 1,1-2;
]C 1,1 ,57-59 Be gone ! / R1111 to yo11r houses, fali upo11 your k11ees, / pray
344. A desigualdade de significação (§ 342) dos grupos de palavras to tl1e gods ! ; MSt 3,6,2502-2509; 1,6,409-417; (Vieira, m, 419-420 Arranca
coordenados (colos ou comas : § 336,2) chama-se coacervatio cruvcx- o estatuário 11111a pedra dessas 111011ta11has ...e, depois q11e desbastou o mais
0potaµ.6ç) e pode dizer respeito, totalmente (§§ 345-349), ou só em grosso, toma o maço e o ci11zcl 11a mão, e começa a formar u111 ho111e111, primeiro
parte (§§ 350-352), a estes grupos de palavras. membro a membro, e depoisfeição por feição até à 111ais mit'ida : 011deia-lhe o cabelo,
212 213
e alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o 11ariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe respectivamente de elementos (palavras), correspondentes entre si e de
as faces, tomeia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as 111iios, igual significação (g), e de elementos correspondentes entre si, mas de
divide-lhe os dedos, la11ça-lhe os vestidos : aqui desprega, ali armga, acolá significação diferente (v). Esta .figura tem, portanto (com ordem linear
recoma : e fica 11111 lio111em perfeito, e talvez 11111 santo, q11e se pode pôr nos indiferente dos elementos g e v), o tipo / fü v1 / g2 v2 / A igualdade •
altares; Garrett, Catão 2,5,p. 70 As c011dições são estas: / Desarme as legiões, de significação dos elementos (g) pode ser representada por corpos de
deponha a p1írp11ra, / abdiq11e a ditadura; t1 classe tome / de si111ples cidadão, palavra iguais {§ 351) ou por corpos de palavra diferentes (§ 352).
e /111111ilde aguarde / a se11te11ça de Roma]. 351. Se a igualdade de significação é expressa por corpos de
348. O complexo totalizante mais abstracto (§ 346) é de natureza palavra iguais (§ 350) e, consequentemente, por meio da repetição de pala
argumentativa (§ 43,2) e consiste num pensamento geral dividido em vra wúvoca (§ 138), aparecem então as figuras da repetição (§§ 250-257;
pensamentos isolados : Rhet. Her. 4,20,27 (§ 340) ; Rut. Lup. 2,15 259-273).
(§ 267, lc); Aen. 1 ,607-608; Cid 2,2,43 (§ 341,1); ]C 4,3,35 Urge me 110 352. Se a igualdade de significação for expressa por corpos dife
more, I shallforget myself; / have 111i11d 11po11 yo11r healt/1, tempt me 110 further; rentes de palavra {§ 350), surge então a figura da sinonímia a distância
MSt 3,1,2119-2125; 2,3,1285-1286; Tell 1,2,202-21 1 ; Wall. Lager (§ 282), que se chama disi1111ctio (disi11uctum, ��e�euyµévov; [port. disjunção]):
8,495-522; [Garrett, Catão 2,5, p. 72 E11q11m1to a dextra segurar um ferro, Rhet. Her. 4,27,37 pop11/11s Rom<11111s N11111a11tiam delevit, Kartaginem
/ Enquanto a voz não fenecer nos lábios, / e11q11a11to aqui não resfriar de todo / 110 s11st11lit, Cori11tl111111 disiecit, Fregellas evertit; Polyeuctc 5,5, 1731 redo11te
sangue de Catão, de Roma o sm1gue ... / desvalida / não ficará de Ro111<1
. . .
l'e111pere11r, appréhe11de Sévere; Bér. 1,4,162 a11rais choisi son coe11r, et chercl1é
a liberdade]. sa vert11; ]C 3,3, 1 Caesar, beware of Bmt11s, take hecd of Cassi11s, come 11ot
11ear Casca, l1011e a11 eye to Ci1111a, trust 1101 Trebo11i11S, mark well Metell11s
Cimber; Piccol. 1,1,69 Doch wie verkiirzen sie in Wieu ihm 11icht de11 Arm
/ besclmeide11, tvo sie kõ1111e11, ilim die Fliigel!; MSt 2,9,1998 Gemãld;
� ) Grupos de palavras sintàcticamente não independentes :
'
rentes na significação e sintàcticamente não independentes (§ 345), D. Francisco Alexandre Lobo, Discurso acerca do P. A. Vieira, p. 133
chama-se adi1mctio (§ 320,2; [port. adj1111ção]) e tem funções seminticas A posteridade, 111a[s cega ainda por ódio, doestou as s11as egrégias qualidades,
análogas às enumeradas nos §§ 346-348. O ponto óptimo do seu emprego 11ilipeudiou os seus tnle11tos, ca/1111io11 as s11as i11te11ções, escureceu as s11as obras,
reside na divisão do pensamento (§ 348). i111p11to11-lhe aleivosa111er1te wlpas, pert11rbo11, por 1ílti1110, e afro11to11, com
Exemplos (§ 322, 2a) : Caes. Gall. 2,27,5 a11sos esse transire latissim11111 furor bárbaro, as suas cinzas] .
fl11111e11, asce11dere altissimas ripas, subire i11iq11issi11111111 locu111 (§ 341,2) ; Cic. Como os próprios sinónimos têm todos certos matizes de signi
leg. Manil. 12,35; Cid 1,2, 1 1 2 111011 espérance est 111orte, et 111011 esprit guéri; ficação (§ 154), tudo depende do facto de se colocarem junto aos respectivos
PL 2,670 black it stood as Night, / . fierce as te11 Furies, terrible as Hell; membros, diferentes em significação (v), os matizes respectivamente
JC 2,1 ,203-206 (§ 326, 2c) ; RJ 3,3,1 50-152; MSt 4,6,2927 Kõ1111t ihr es adequados dos membros sinónimos (g) (Polyeucte 5,5,1731 ; Piocol.
le11g11e11, dass lhr 111it der Stuart / i11 hei111liche111 Verstãnd11is wart (complexo 1 , 1,69-70) . Se os matizes de significação das palavras sinónimas se tornarem
totalizante: § 346), ihr Bild11is / e111pfi11gt, ilir zur Befrei1mg Hoffi11111g maiores, dilui-se então esta .figura da disi11nctío nas figuras da subi1111ctio
machtet (§ 377) ; 1,4,335-337 ; 4,6,2945-2946 ; PiccoL 1,1,60 até 63; Wall. (§ 346) e da adi11nctio (§ 349).
Tod 4,7,281 1-2813; [Garrett, Catão 2,2, p. 67 Se for possí11el tra11Sigir co111
César, / pactuar mu desaire e poupar sangue, / faça-se . . . ]
3') Igualdade sónica dos grupos de palavra (§ 353-361)
b') Desigualdade parcial de significação : disit111ctio (§§ 350-352) 353. A coordenação sintáctica das partes de igual significação
350. A desigualdade parcial de significação dos grupos de pala (§ 343), ou das partes de significação diversa (§§ 344-352) do isocolo,
vras coordenados (§ 344) pode referir-se a frases inteiras ou a grupos de pode ser tornada perceptlvel por meio da igualdade sónica dos corpos
palavras sintàcticamente não independentes (anàlogamente ao § 345) de palavra (§ 342). A igualdade sónica pode abranger todos os membros
e consiste no facto dos grupos coordenados de palavras se comporem do isocolo (§ 354) ou apenas uma parte destes (§§ 355-356) .
214 215
a') Igualdade sónica total (§ 354) ao fogo que 11iio queimasse; ao ve11to q11e 11ão assoprasse; .1 água que 11iio
1110/lrasse] . - Esta figura também aparece em comas de uma só palavra
354. A total igualdade sónica de todos os membros (§ 353) consiste (§ 456,4) : Cic. Cat. 2,1,1, (§ 285) ; [Pessoa, PC, p. 298 A111ple:x·o, nexo
na repetição (§ 366) literal e, portanto, também repetição do mesmo sexo]. - Na poesia novilatina foi introduzida esta figura como «rima».
significado(§ 343), de todo o grupo coordenado de palavras: Quint. 8,4,7 - Também se encontra a posição anafórica (Od. 1,102 scgs.).
111atre111 t11a111 cecidisti; q11id dicam a111pli11s ? 111atre111 t11a111 cecidisti (§ 77,3) ; 361. O lwmoeoptoto11 (si111ile casibus, óµotÓit't'w-:o''; (port. homeoptoto]),
JC 3,3,32-33; RJ 1,5,36; 1,5,40; 4,5,23 slie's dead, shc's dead, slie's dead ! ; consiste na correspondência das formas da flexão (nominais ou não
[Pessoa, PC, p. 354 Meu De11s ! 111e11 Deus ! meu Deus ! / Qua11tos Césares nominais), sobretudo no fim (mas, em princípio, também noutros
fui ! / Quantos Césares Ji1i ! / Q11a11tos Césares Ji1i !] lugares) das partes do isocolo, sem que, por isso, apareça sempre wn
lro111oeotele11to11 (§ 360) : Cic. Cluent. 6,15 (§ 322) ; Cacs. Gall. 2,27,5
b') Igualdade sónica parcial (§§ 355-361) (§ 349) ; Cic. leg. Manil. 12,35 (§ 349) ; [Pessoa, PC, p. 278 Que
matastes, roubastes, torturastes, ga11liastes ?; Lus. 1,88,7-8 bra111a11do duro
355. A igualdade sónica parcial (§ 353) pode referir-se a palavras corre e os olhos cerra, derriba, fere e mata, e põe por terra].
inteiras (§ 356) ou apenas a partes da palavra (§§ 357-361}.
a') Igualdade sónica de palavras inteiras (§ 356} B') Isocolo11 sintàcticamente descoordenado (§ 362)
356. A igualdade sónica de palavras inteiras (§ 355} tem como 362. O isocolo sintàcticamente descoordenado (§ 338), para o
resultado as figuras de repetição de palavras (§§ 250-257; 259-273). qual são igualmente válidas as observações feitas nos §§ 339 até 361,
aparece cm duas variantes sintácticas:
�') Igualdade sónica de partes de palavra (§§ 357-361) 1) A descoordenação sintáctica é uma expressão sintáctica de coor
denação sen�tica, o que se dá especialmente na relação entre orações
357. A igualdade sónica de partes da palavra (§ 355} pode referir-se superordenadas comparativas, causais e concessivas e a oração principal:
especialmente ao princípio (§ 358) ou ao fim (§§ 359-�61) das palavras. Ecl. 1,59-63 a11te leves ergo pasce11t11r i11 aethere cervi ... , q11a111 11ostro illi11s
Uma igualdade sónica que, no caso de diferença sem5ntica, abranja labat11r pectore volt11s; Cic. Caecin. 1,1 (Quint. 9,3,80; § 452) si, q11a11t11m,
grande número de partes de palavra, chama-se itixpoµo(waLi; [port. i11 agro locisque desertis a11dacia potest, tat1t11111 in foro atque i11 iHdiciis imp11-
paromeose]. Esta figura colabora com a paronomásia (§§ 277 até 279} dentia valeret; Cid 2, 1,393 qui 11e crai11t poi11t la mort, ne crai11t poi11t
e com o poliptoto (§ 280} : Ar. rhct. ad Alex. 28 p. 1436 a itÃlj6e� µlv les 111e11aces; 2,2,434 à vai11cre sa11s péril, 011 triomphe sa11s gloire;
êv8té;->ç, 8uvcíµtt 8c êVTEÀwç; Cid. 2,1,395 et 1'011 pe11t me rM11ire .1 vivrc Brit. 4,3,1352 craint de to11t 1'1111ivers, il vous Jaudra tout crai11dre (§ 280) ;
sa11s bo11liç11r, / mais 11011 pas me résoudre à vil're sa11s lio1111e11r. [A Castro 1, p. 213 Tão co11trária / 11os é sempre a alegria, que inda toma
358. A igualdade sónica de princípios de palavra (§ 357) ou, por / lágrimas emprestadas à tristeza].
assim dizer, anáfora de partes de palavra, tem como resultado a figura 2) Dentro da frase, a distribuição de uma parte subordinada da
da aliteração (§ 458). frase por cada uma das duas (ou várias) partes da frase, numa relação não
359. A igualdade sónica de fins de palavra (§ 357) ou, por assim coordenada (p. ex., de um atributo adjectivo por um sujeito ou por um
dizer, epífora de parte de palavra, tem como resultado as figuras do complemento de objecto dessa frase}, dá como resultado um «isocolo
ho111oeotele11to11 (§ 360) e do ho111oeoptoto11 (§ 361). mínimo no interior da frase», constituído respectivamente, por comas
1') Acumulação pormenorizante : evide11ti<1 (§ 369) 1,5,301-313; MSt 1 ,6,-U8-450; 5,7,3614-3622; (Lus. X,2 e scgs. Q11a11do
ns formosas 11i11fas cos a111a11tes / peln mão, já conformes e co11te11tes, subiam
369. A acumulação pormenorizante e concretizante (§ 368) pera os pnços radia11tes, / e de metais ornados reluze11tes, / ma11dados da
é designada (tal como a repetição) com os termos referidos no § 366 Rai11'1a, q11e nb1111da11tes / mesns de nltos ma11j<1res excele11tes / llies ti11/ia apa
e consiste na diérese (8Lix(p.:aLç) do pensamento (§ 365) em vários pensa re/Irados, etc.D.
mentos parciais coordenados, que surgem como enumeração e, p. ex., A descrição de um lugar ( li. 13,32-33; Am. 1,159-169; 7,563-571 ;
como isocolo (§ 336), constituído por frases inteiras (§§ 339, 1 ; 346-348; Hcnriadc 1,193 e scgs. ; ( Lus. ill,6-7; VI,8-9; IX,54-63; (§ 83,2]} cbama-sc
350), ou por grupos de palavras sintàcticamente não independentes loci descriptio (-.o7toypixcp(«; [port. topograjin ]) . C( § 83,2.
(§§ 339,2; 349-350) , ou como enwncração de palavras isoladas (§ 294)
ou de formas sintàcticamente livres. O objccto que se pretende porme
•
norizar pode ser um pensamento, cm que se emite um juízo, wna 2') Acumulação argumentante : e11tli)'111cm<1 (§§ 370-376)
pcrgw1ta ou uma exigência, ou pode ser igualmente mn objecto concreto
de exposição. 370. A acumulação argumentante (§ 368) aplica os loci (§ 4 1 ) da
Se o pensamento, que se pretende pormenorizar, é um objccto argumentação (§ 43,2) aos pensamentos (§ 365) . Um pensamento argu
concreto de exposição, especialmente uma pessoa ou coisa (que se pretende mentante, acrescentado ao pensamento principal (§ 365) , chama-se ratio.
descrever) ou é um processo colectivo de acontecimentos, mais ou menos O esquema completo da estrutura de pensamentos principais com pensa
simultâneo (§ 347,1) , chama-se então à pormenorização (mais livre, mentos argumentantes é o syllogis11111s (cruUoytaµ6ç ; [port. silogis1110]),
frequentemente, do ponto de vista sintáctico e aplicando, quanto ao que consiste das seguintes partes:
pensamento, todos os meios da expolitio [§ 365]) evide11tia (illustratio, 1) propositio (apresentação prévia da finalidade a provar) : «Sócrates
de111011stratio, descriptio; êvcíp�L«, Ú7toTÚ7twatc;, 8t«TÚma>a�. hcppixaLç; [port. é mortal•;
cvidê11ci<1, e11nrguia, liipotipose]). A pormenorização vívida pressupõe 2) ratio11es (provas), que também se chamam praemissae [port.
simultâneo testemunho visual, que, na realidade, aparece como teicos pre111issas]
(frases colocadas antes da conclusão final) e cujos sujeitos têm
copin «observação de uma muralha• (l l. 3, 161 segs.) e que é criado para dois graus de amplitude:
objcctos ausentes (passados, presentes, futuros), por meio de uma vivência n) A prae111issa maior, que é, muitas vezes, introduzid1, como
da fantasia (cprxv't'ixa(o:, visio ) . Tal vivência visionária da fantasia é apre rnbiectio ratio11is (§ 372) , por uma partícula conclusiva (y�p. 11am; fr. car;
sentada, p. ex., cm MSt 5,7,3614-3622. - A simultaneidade (vivida na (port. 11isto que]), é uma prova, cujo sujeito é maior no seu grau de ampli
fantasia) é expressa pelo presente histórico (§ 129,4). Para a transmissão tude, do que o sujeito da propositio : 41Todos os homens são mortais•.
ao ouvinte da vivência fantasiosa, criada pelo autor, servem fórmulas b) A praemissa 111i11or, que é muitas vezes introduzida como contrário
como t8otc; &v ( l l. 1,22), cernas (Aen. 4,401 ) , credas (Aen. 8,691) , ponite («por outro lado•; § 51,1) da prae111issn 111nior, por meio de Wll.a partí
<111te owlos (Cic. leg. agr. 2,20,53) , figure-foi (Androrn. 3,8,999) ; (Vieira, cula adversativa (�É, sed, af; fr. 111ais, or, [port. 111as, 011]), é uma prova,
J,48 Q11ereis ver tudo isto com os olhos ? Ora vede. Uma árvore tem raízes, cujo sujeito é mais limitado no seu grau de amplitude, do que o sujeito
tem tro11cos, tem ramos, tem foi/ias, tem varas, tem flores, tem frutos J. da prac111issa maior: «Sócrates é um homem».
Objcctos da evide11tia são, p. ex., os processos da vida de trabalho
3) Co11cl11Sio (conclusão final) : «Sócrates é mortal., onde a identi
e dos acontecimentos da natureza (Aen. 1,81-123; 1 ,423-429; 6,176-182; dade da co11cl11Sio com a propositio pode ser sublinhada pelo acrescenta
Gcorg. 2,519-531 ; Od. 5,291-381 ; (Lus. VI, 37 Já lá o soberbo Hipótades
mento «quod erat demonstrandum•. - A co11cl11sio toma, com prefe
soltava / do cárcere Jecliado os furiosos / ve11tos, q11e com palavras a11i111av<1 rência, a forma de um período (§ 452) , sendo então as rationes colocadas
/ co11tra os barões audaces e a11i111osos. / Siíbito o céu sereno se ob11mbrava, anteriormente, como orações condicionais: «Se todos os homens são
mortais e se Sócrates é um homem, então Sócrates é mortal.. Este ripo
/ que os ve11tos, mais que mmcn, i111pet11osos, / começnvam a ir to111<111do, / torres, de construção é o modelo para as «orações condicionais acumuladaS».
111011tes, e cnsas derribando; 1,48,92]) , acontecimentos que se processam (Bér. 1,3,128-130; 1 ,4,173-174; 2,2,448; Théb. 4,4,1200; Brit. 2,3,590-593;
na guerra (Aen. 2,298 e segs . ; 12,442, e scgs.; Quint. 8,3,67-70; Androm. Baj. 2,5,730-731 ; 3,1,812-814) ; [Lus. ll,45 Que, se o fac11ndo l 'lisses
3,8,999 e segs. ; Athalie 1,2,248; Rol. 1989 ns v11s; (Lus. IV,31 Já
pelo espesso ar os estridentes / Jarpões, setas e vários tiros voam, etc.), festas escapou / de ser 11n 0.f!ígia II/ia ctemo escravo, / e, se A11te11or os seios pe11etro11
(Quint. 4,2,123-124; 8,3,66; Corncille, Menteur 1,5,263-298; Bér. / llíricc>s e a Jo11te do Ti111ar10, / e se o piedoso E11cias 11a11cgo11 / De Ciln e
220 221
de Caríbdis o 111ar brn110, / os 11ossos 111ores cousas ate11ta11do, / 11ovas 111u11dos na análise retórica) da estrutura do peruamento cm geral, estrutura esta
ao 111u11do irão 111ostra11do ]. que também pode dizer respeito (§ 415) a outros conteúdos (compa
A «teoria literária da argumentação» (dialectica, 8'.tltY.T'.x·� ; [port. ração, contrário, finalidade, condição, relação temporal).
dialértica]) pode ser dividida numa dialéctica do diálogo (§ 7) (que aparece 372. Há, nesta conformidade, dois esquemas de ordenação do
literàriamente no drama e noutros géneros dialogais [conversação didáctica, e11thy111e111a, que encerra o pensamento principal (§ 371, la) :
]eu parti, Te11zcme]). - Cf. R. Hirzcl, Der Dfalog . .. , 2 vols., Hildesheim 1) O e11thy111e111a, com posposição da ratio, tem como modelo a
1963 (rcünpressão) ; F. Wilplinger, Dialogischer Logos, Gcdanken zur sequência «propositio+rationcs» (§ 370; cf. § 368, 1) e chama-se aetiologia
Struktur des Gegenüber, in: Philos. Jahrbuch der Gõrres-Gesellschaft, (ixlTLoÃoy(�; [port. etiologia]), subiectio ratio11is (Ér.tÃc.yoc;; [port. epflogo]).
70 Jahrg., 1 Halbband, Murúque 1962, pp. 169-190; R. Robinson, É isto, portanto, o conteúdo causal da s11b11exio (§ 415). O pensamento
Plato's Earlicr Dialcctic, Second Edition, Oxford 1953 (cf. H. P. Stah1, principal pode ser semânticamente unimcmbrc (§ 373) ou multimembre
Hermes 88,1960, pp. 409-451) ; R. K. Sprague, Pia to 's Use of Fallacy. (§ 374).
A Study of thc Euthydcmus and Some Other Dialogues, Lon 2) O e11thy111e111a, com anteposição da ratio, tem como modelo
dres, 1962; H. G. Coenen, Elemente der Raci.neschen Dialogtechrúk, a sequência «rationes+conclusio• (§ 370; cf. 368,2). O e11thy111e111a, com
Münstcr/Westf. 1961. duas ratio11es, assemeU1a-se, neste caso, ao silogismo completo (§ 371) :
371. O silogismo completo (§ 370) é empregado raramente, muito Acn. 1,65-66 (primeira ratio) «Aeole, 11a111q11e tibi div11111 pater atque ho111i1111111
embora se encontrem frequentemente sequências parecidas com o silo re.v: / et 11111/cere dedit .ftuct11s et tollere vento, / 67-68 (segunda ratio) ge1is
gismo: RJ 1,3,69 Well, thi11k of 111arriage 110111 (=propositio) ; yo1111ger i11i111ica milii Tyrrlie1111111 11avigat aeq11or / Ili11111 i11 ltaliam porta11s vidosq11e
1/1<111 you, / liere i11 Vero11a, ... / are 111ade already 111others (=praemissa Pe11atis: 69-70 (co11clmio) incute 11i111 ve11tis sub111ersasq11e obme p11ppis, /
maior) . . . / 1 was yo11r mother 11111d1 upo11 these years / tliat you are 1101v aut age diversos et disice corpora ponto 1 ; 1,198-199 (duas ratio11es); Jodellc,
a 111aid (=praemissa minor). T/111s tlie11 i11 briej (fórmula da conclusio) : sonnet •Comme un qui s'est perdU» 1-8 (prin1cira fase da comparação),
tlie valia11t Paris seeks yo11for his !ove (co11c/11sio, que é, quanto ao conteúdo, 9-1 1 Mais (segunda fase da comparação), 12-14 dc>11C (co11c1usio); Sh.,
apenas uma ratio concreta da propositio). sonn., 7,1-8 (primeira fase da comparação), 9-12 B11t (segunda fase da
As mais das vezes é o silogismo reduzido a duas ou três das quatro comparação), 13-14 So (co11c/11sio ) ; MSt 2,4,1543 (ratio unimcmbre),
proposições (§ 370). Neste caso ainda é válido denominar, como silo 1544 (co11c/11sio); [Lus. IX,37 Ela (Vénus) . . . lhe (Cupido) diz: Amado
gismo completo, o pensamento principal Um1tamcntc com ambas as .fillio, e111 C1Ua mão / toda 111i11ha potência esttÍfi111dada; / Filho, em quem 111i11/1as
ratio11es, muito embora esse pensamento principal só seja mencionado forças sempre estão (primeira ratio), / Tu, que as ar111as Tifeias te11s em 11ada
uma única vez (como propositio ou como conclusio ). Deste modo, (segunda rafio), / a socorrcr-111c a tua potestade / 111c traz especial 11eces
encontram-se frequentemente (§� 372,2; 373,2) sequências parecidas sidade; Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre 1, pp. 64-65 . .. a opi11ião
com o silogismo. liberal . . . mostra-se i11i111iga do catolicismo praemissa minor ou ratio - por
Uma redução do silogismo, que ainda vai mais longe, chama-se co11sequé11cia inimiga do cristia11is1110 (conclusio do primeiro cntimcma e
e11tl1y111ema (lv6uµ·'íµ«; [port. e11time111a]). A redução pode consisár no praemissa minor ou ratio do segundo entimcma), porque o <atolicismo é a
seguinte : expressão mais lógica do cristianismo (praemissa maior ou ratio do primeiro
1) Na redução da amplitude e, portanto, neste caso : cnrimcma) - por co11Seq11é11cia i11i111iga da religião (conclusio do segundo
a) Na conservação do pensamento principal (§ 370,1 ,3) e na limi cntimema), porq11e o cristia11is1110 é a expressão mais lógica do conceito reli
tação de ambas as ratio11es (§ 370,2) a uma só ratio, que pode ser colocada gioso (praenússa maior ou ratio do segundo cntimema) ) . - A este tipo
antes ou depois do pensamento principal (§ 372). pertence também o epifonema (§ 399).
b) Na supressão do pensamento principal (§ 370,1,3), supressão 373. Se o pensamento principal for semânticamente unimcmbrc,
essa quc faz do e11tliy111e111a uma ênfase de pensa mcnto (§§ 79; 419). então, a própria ratio, posposta (§ 372, 1), pode ser semânticamente
2) Na carência (usada como omat11s ou como estranhamento unimcmbrc (1) ou multimcm.bre (2) :
[§§ 84; 164)) de acuidade das provas, quer estas mesmas abranjam agora 1) ratio, sem.ânticamcnte urúmembrc: Od. 4,612; Acn. 1,437
duas (§ 370,2) ou mais ratio11es, ou apenas uma só mtio. Esta carência o fort1111afi, q11or11111 iam 111oe11ia surgu11t ! ; Baj. l , 1,3-5; RJ 2,3,80; MSt
pode também consistir sobretudo na volatilização da função da prova.
t Texto latino 3.cr.:scent:1do pelo tradutor.
A função causal é apenas um caso cspeciaJ (mais frequente e mais exemplar
222 223
1,1 ,44-45; 2,8,1771-1773; 2,3,1374-1375; (Lus. IV,102,1-2 Oli ! / Maldito 2) O quiasma (§ 392) da correspondência de pensamento chama-se
o pri111eiro, q11e, 110 1m111do, / 11as 011das vela p8s e111 seco lenlio !] praeocc11rsio (7tpoU7t!ÍV't"'fjCTLç, 7tpocruva.TtcXV't""IJ <rn; ; [port. preowrsão ]) e apre
2) ratio, semânticamente multimembre: Georg. 1,84-85 (pensamento senta o tipo gt g2 / r2 ri : Carm. de fig. 155 pl1111ias cernas 110//e istos
principal), 86-91 (rationes); [ Lus. VJ,83, 1-4 Oli ! Ditc>Sos aqueles q11e p11de ac c11pere illos : / artra11tes mpi1111t i111bre111 11ol1111tq11e 11ia11tes ; Ioh. 1 5,10;
ra111 / entre as agudas lanças Africa11as / morrer, enqua11to fortes s11sti veram / a 16,28.
rn11fa Fé 11as terras Mauritanas ! (pensamento principal), 5-8 / De q11e111Jeitos
ilustres se so11bcra111, / de q11e111 .fica111 111e111tirias soberan11s, / de q11e111 se ga11ha
a vida, co111 perdê-la, / doce fazendo a 111orte as lionras dela (rationes)]. 3') Acumulação por aditamento: epiphrasis (§ 377)
374. Se o pensamento i;rincipal for semânticamente multimembre,
pode então a própria ratio, posposta (§ 372,1), ser semânticamente 377. O aditamento chamado 1 btlcpp«crn; [port. eplfrase] é o acres
multimcmbrc. Se for semânticamente multimcmbrc, encontra-se então, centamento (não preparado pela protasis [§ 452]) de um complemento
com frequência, uma correspondência entre o 1nultimembramento a uma frase sintàcticamente completa (ou a wn grupo de palavras que,
semântico do pensamento e o multimembramenro semântico da ratio. em relação ao aditamento, pode considerar-se completo), o qual é inte
Esta correspondência conhece dois tipos de sequência que, se designarmos grado, posteriormente, na frase já completa (ou no grupo de palavras
o pensamento principal com g e a ratio com r, podem apresentar-se das já completo). Esta figura corresponde ao estilo da oratio perpetua (§ 451)
seguintes maneiras: 1) tip o-statim : g1 r1 / g2 r2 (§ 375) ; - 2) tipo e aparece também na poesia.
-posteri11s : g1 g2 / r1 r2 (§ 376). Os exemplos encontram-se no § 332 e assim também no lugar
375. No tipo-stari111 (§ 374, 1) acrescenta-se imediatamente a cada correspondente ao enquadramento sintáctico, entre os exemplos compro
um dos membros do pensamento principal, o membro semânticamente vativos da adi1111ctio (§§ 322,2; 349). - Por vezes aparece a epífrase junta
correspondente da ratio : Ioh. 15,15 ; Quinr. 9,3,94 sed 11eq11e acwsatore111 mente com uma figura de repetição, tal como a anadiplose (§ 250;
e11111 111et110 (g1) q11od s11111 i1111oce11s (r1), 11eq11e co111petitorc111 verear (g2) q11od Ioh. 1,14) e a epífora (§ 268 ; Ioh. 14,12). - A epífrase corre o perigo
s11111 Anto11i11s (r2), neq11e co11s11le111 spero (g3) q1wd est Cícero (r3) ; Du Bellay, de se tomar aborrecida (§ 85). Contra tal facto existem dois remédios
Regr. 79 ]e n'escris point d'a111011r, 11 'estant point a111011re11x, / je n'escris (§ 90) :
de bea11té, n'ayant belle maistressc, / ... ; [Vieira, ll,302-303 Padeceu 110 sentido 1) A epífrase toma-se uma a111pli.ficatio da frase já existente, e isto
do ver (g1), 11endo f11gir a todos os seus discfp11/os (r2) ... Padece11 110 sentido acontece (§ 53,1):
do ouvir (g2), ouvindo o cDeus te salve» aleivoso da boca de Judas (r2) Padeceu •.. a) Por meio de amplificação semântica : Mei11 Retter scid llrr 1111d
no sentido do o/facto, 011 do cheirar (g3), porque morre11 entre os ascos e horrores 111ei11 E11gel (§ 332).
do monte Calvário (r3) . . . Padeceu 110 se11tido do gosto (g4), 11ão só pelo fel b) Por meio de amplificação quantitativa:
e ·vinagre, . . . senão 11111ito 111ais por aquela arde11tíssi111a sede (r4) . . . Padeceu «) Na medida cm que o membro epifrástico é mais longo que o
.fi11al111e11te 110 se11tido do facto (g5), não .fica11do c111 todo o sagrado Corpo parle membro que lhe corresponde na frase : .fi11ctib11s oppressos Troas caeliq11c
afg11111a q11e não fosse 111artirizada com partie11lar tor111e11to (r5)]. mina (§ 332).
376. O tipo- posterius (§ 374,2) é um esquema de relação de pensa �) Na medida em que a epífrase é completada por meio de uma
mento (§ 335), no qual, em frente dos pensamentos principais conglome s11biectio ratio11is (§ 372,2) e pela mesma é justificada: Od. 1,8 v�7tLOL,
rados, se colocam ratio11es conglomeradas. Este tipo aparece como para ot ... ; 1,331 oúx ot"fj, ciµ« -r7i ye .. . (cf. 2, 11); 1,160 pe"L' brd . . ; Hirt. .
lelismo dos pensamentos (1) e como quiasmo dos pensamentos (2) Gall. 8,3,4 Jr11stra, 11<1111 (cf. 8,5,4; 8,19,6); Od. 1,20 v6crq>L flocreLMwvoc;·ô .. . ;
(§ 337,1): Ioh. 14,12.
1) O paralelismo apresenta o tipo g1 g2 / r1 r2 (§ 374,2) : Quint. 2) A epífrase pode ser introduzida por uma anástrofe ou por um
9,3,94 praestat e11i111 11ewi11i i111perare (g 1) q11a111 alictti servire (g2): si11e illo hipérbato (§§ 330-333) ; Aen. 1,99 seav11s 11bi Aeacidae . . . ; 1,129 caeliq11e
c11i111 11Íllere honestc /icei (r1), Cl/111 lroc vivendi 1111//a co11dicio est (r2). - Outro mi11a; 1,394 aetheria q11os ... ; 1 ,413 cemere ne quis . . .
conteúdo semântico (§§ 371 ,2; 415) apresenta a correspondência de
pensamento do esquema somatório (§ 298,1): JC 3,2,26 As Caesar loved
111e, I 111eep for hi111 (g1) ; as he 1vas fort1111ate, I rejo ice at it (g2) • • . / There 1 Phocbamm. schem. 1,3, p. 47 Spcngcl UI. -
Cf. fr. lpipltrast •figure de stylc par Jaqucllc
on a,joute, 3 une phnsc qui semblait finie, un ou plusieurs membrcs pour dévcloppcr dcs idfrs
is tears for liis !ove (r1), joy for liis fort1111e (r2) . . . aCCC$SOÍres>.
224 225
11') Figuras da compreensibilidade semântica (§§ 378-3 4) A definição pode recorrer ao corpo de palavra (§ 99,1), pelo facto
de fazer retroceder a deformação do corpo de palavra, motivada pela
378. A adiectio de pensamento (§ 364) pode aparecer como acrés história da língua, servindo-se da aplicação das quatro categorias de
cimo de perspicuidade (perspicuitas : § 130) e pode, portanto, facilitar alteração (§ 58) : a este «corpo de palavra originário•, reconstituído deste
a recognoscibilidade da coisa pretendida (11ol1111tate ), por meio da formu modo, corresponde assim a «significação originária. (•etimologia.) :
lação linguística (verba). O laço, constituído pelo signo linguístico, liga Piar. Gorg. p. 493a -ro owµ« ecmv �µi:v a�µ« lsid. orig. 1 ,1,2
coisa (res) e palavra (verb11111). As figuras da compreensibilidade têm tt1rS» vero dieta est quod «artiS't (=arctis) praeceptis reg11lisq11e co11sistat;
como objecto este mesmo laço, do qual nos podemos dar conta : Ch. Sorcl (Hdb. § 466) cchemisl!fl se dit q11nsi f.S11r cl1air mim;
1) A partir da palavra, perguntando : «Que significado (signifi MSt 3,4,2417 Es kostet 11ichts, die «al/gemei11e» Schõ11/ieit / zu sei11, ais die
cados) tem a palavra e, portanto, que coisa (coisas) significa ela?,.. - Esta «ge111ei11e» sei11 fiir «.alie»; Wall. Lagcr 8,521 die ... de11tsche11 «La11dm / si11d
direcção da observação do laço semmtico, tem como resultado a figura verkelirt wordc11 i11 «Ele11den; 8,620 Liisst sicl1 11e1111e11 de11 Walle11stei11 :
semasiológica da definição (§ 379). / ]a freilich ist er 1111s ..alle11» ei11 «Stei11ri / des A11stosses; Plat. Gorg. p. 493
2) A partir da coisa, pcrgwltando : «Que palavra (palavras) pode a, 2-3, 6-7 ; b 4; [Lus. V,1-2 Passamos a grn11de ilha da Madeira, / que do
(podem) ser empregadas para designar esta coisa ?». - Esta direcção muito arvoredo assim se chama; Vl,52,1-3 Lá 11a Leal cidade (Porto) d'o11de
da observação do laço semântico tem como resultado as figuras onoma teve / origem - como há fama - o 110111e eterno / de Portugal; Vieira
siológicas (§ 380), nas quais a electio verborum (§ 99) é objccto do discurso V,492 Berto/do Negro (Bertbold Schwarz, inventor da pólvora), o qual
(§ 42,2). já trazia 110 apelido a cor, q11e lia11ia de ter o seu fatal i11ve11to; XIII,81
379. A definição (§ 378, 1 ; J i11itio, óp�crµóç; [port. defi11içiio, Era, co11for111e o seu 110111e, dado por Deus, que isso quer dizer Teodósio.
liorismo]) é pràpriamente um status (§ 31 ,3), mas a partir deste facto foi Deus o deu e Deus o levou].
ela generalizada como figura (§ 363) . Ela aparece no discurso parti Contra a definição de um partido dá o partido contrário uma
dário ao serviço da 11tilitas causae (§ 65), mas, além disso, é empregada, contra-definição (àv6op1crµóç ; fr. a11tlioris111e, co11tre-déji11itio11; [port. a11to
do ponto de vista literário, com intenção de provocar o estranhamento ris1110, co11tra-defi11içãoD· Cf. § 381.
(§ 84). Podem distinguir-se : Se a definição substituir a palavra a definir, surge então, como
1) Definições mai• gerais ou mais partidárias: Plat. Gorg. p. 524 b resultado, a perífrase (§ 1 86).
(definição de morte) ; Aen. 1,109-1 1 0 ; Rut. Lup. 2,5, 11irt11tis labor vera 380. As figuras onomasiológicas (§ 378,2) apresentam, como
voluptatis exercitatio est; GiraudotLx, La Guerrc 1,1 p. 1 3 le desti11 est la variantes de conteúdo, um fortalecimento (§ 382) e um enfraqueci
for111e accélérée d11 te111ps ; JC 1 , 1 , 10-30 «a cobblen . . . ; RJ 3,3, 19-70 mento (§ 381). A configuração de ambas as variantes dá-se nas
cba11isliedri ; MSt 1,7,721-723 ich at111e / die L11fi i11 ei11e111 e11glisc/1e11 figuras da dubitatio (§ 383) e da correctio (§ 384).
GeJa11g11is : / lieisst das i11 E11gla11d «lebem ? ; Plat. Gorg. p. 524 b,2; [Vieira, 381. A co11ciliatio (auvotxdwau;) [port. co11ciliação]} enfraquece
XIV,8-9 É a guerra aquele 111011stro, que se sristeuta das fazendas, do sa11gue, dora (§ 380) consiste em atenuar partidàriamentc as diferenças de signi
das 11idas e q11a11to 111ais come e cousome, tn11to meuos sefaria. É a guerra aquela ficação entre palavras diversívocas (§ 157), ou multívocas (§ 154), e isto
tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, de tal sorte que fica enfraquecida uma palavra pronunciada pelo adver
e tal11ez em u111 mo111e11to sor11e os reinos e 111011arq11ias i11teiras. É a guerra, etc . . . ] sário (a11arus) e desfavorável ao partido do orador, dando-se esse enfra
2) Definições preponderantementc com a finaHdade de provocar quecimento por meio de uma definição dessa palavra (§ 379: a11thoris11111s),
o estranhamento (especialmente alegóricas: § 423) : ]. Anouilh, Eurydicc 1 interpretada agora favoràvelmente ( cdeturpadat) ao partido a que pertence
p. 316 (Pieccs noires, Paris 1947) C'est cliar111a11t, 1111e cl1aise. 011 dirait o orador cm questão, ou por meio de urna substituição (parcus) , que
1111 i11secte q11i g11ette le bruit de 11os pas .. . ; RJ 1, 1 , 196 Lovc is a smoke raised corrige a palavra (correctio : § 384). - Para além disto compreende-se
111it/1 tlie f11111e of siglis ; 1,4,96 dreams ... are tlie cliildre11 of a11 idle brni11; também sob co11ciliatio a aplicação praticada na reJ11tatio (§ 43,2) dos argu
JC 1 ,2,304-306 Tliis rude11ess is a sauce to liis good wit . .. ; 2, 1,22 lo111/i11css mentos do partido contrário (§ 430, 1) a favor do partido a que se pertence
is ym111g a111bitio11's ladder . . . ; [Camões, Sonetos, 4 (p. 270) Amor é 11111fogc> (Rut. Lup. 2,9; Boccaccio, Decam. 1 ,2). - Cf. § 429.
que arde sem se 11er; / é ferida que dói e 11iio se se11te; / é um co11te11ta111e11to 382. A disti11ctio (mipix8�ixa-ro);� ; (port. disti11çiio, parndiástole]) forta
descm1te11te; / é dor q11e desati11a se111 doer, etc ... ; Vieira, XI,184 porq11e lecedora (§ 380) consiste no desmascarar e no rejeitar uma co11ciliatio
o som> 11iio é n11tm coisa, que uma doce prisiio de todos os se11tidos do corpo]. (§ 381), proposta pelo partido contrário. Esta figura reveste-se das
I !>
226 227
formas da correctio (§ 384) : Cic. Muren. 36,76 odit pop11/11s Roma1111s Vereis amor da pátria 11ão movido / de prémio vil, mas alto e q11ase eterno ;
privalam /11x11ria111, p11blicam 111ag11i.fice11tia111 diligit; Com., Toison d 'Or 1,5,1-3 Dai-me liiia fiíria gra11de e so11orosa / e não de a,� reste ave11a 011 fra11ta
3,4,1285 (§ 290) ; Quint. 9,3,65 c11111 te pro ast11to sapie11te111 appelles, pro mda, / mas de tuba ca11ora e belicoso ... ]
co1!fide11te fortem, pro illiberali dilige11te111; Camus, Justcs 2, p. 75 1111 despo 2) A fórmula epifrástica (§ 377) e adversativa (§ 240,2) que tradicio
tisme qui ... fera de moí 1111 assassi11, alors que j'essaie d'étre 1111 justicier; nalmente não se inclui junco da correctio ), «y, 11011 :\'li (assindética : § 240,1),
[ Vieira, XIV,70 Desco11Jiar por temor, é cobardia, 111as desco11jiar por ca11tcla, ou «y, sed 11011 x-. (sindética: § 240,2), serve para a distinção:
é pmdé11cia ]. a) De palavras multívocas (§ 153) : JC 2,1,166 Let 11s be sacri.ficers,
383. A d11bitatio (§ 380; addubitatio ; àr.opta, Sux7tÓpµ.ar.ç ; [port. b11t 1101 b11tcl1ers; 2,1,172 Let's kill liim boldly, b11t 11ot rvratlifi1lly; 4,3,56 ;
aporia]) consiste na possibilidade de escolha (electio : § 378,2), que se oferece MSt 1,2,155 Ma11 ka1111 1111s 11iedrig / beha11de/11, 11icl1t emiedrige11; Wall.
ao público, entre duas (ou mais) designações divcrsívocas (§ 157) ou Tod 4,6,2737 stiirzen, nicht 11rmid1te11; [ Camões, Sonetos 151,14, (p. 539)
multívocas (§ 153) da mesma coisa, ou pode igualmente consistir na mil vidas, 11ão híia sol
questão da dcsignabilidade (que ao orador parece difícil ou impossível) b) De palavras diversívocas (§ 1 57) : Xex. Anab. 4,4,3 ; Enn. Cic.
de uma coisa (Quint. 9,3,88 sive malitiam sive stultitiam dicere oportet), off. 1,12,38 ferro, no11 a11ro; ]C 2,1,180 p11rgers, not 11111rderers; 2,1,177
e além de tudo isto, é ainda possível que consista na questão mais geral 11ecessary a11d not e11vio11s; Wall. Tod 4,6,2714 der M11t, 11icl1t das Gervisse11;
(porque só relacionada com a escolha de palavras), de como o discurso 4,6,2717 Ne/11111 i/111 gefange11, tõtet i/111 mtr 11icl1t; 4,6,2743 ; [Lus. 1,44, 7-8
deve ser elaborado (Cic. Cluent. 1,4, q110 me vertam 11escio . .. ; MSt por diante passar determinava; / mas 11ão lhe s11cede11 como widava (Lus.
3,4,2288-2290). Cf §§ 439; 77,3. ( Vieira, VI,236 Q11e será, 011 poderá 1,5,1 ; § 384,lb)].
srr, onde as desigualdades por leva11tar a 1111s e abater a outros, 11ão reparam 3) A fórmula comparativa, «X, vel poti11s y», serve para a distinção:
11a r11Í11a da opi11ião ?; VI,297 Q11e dizer do que para sair 11111 dia aos touros, e a) De palavras multívocas (§ 153) : Cic. Brut. 85,293 Cato11e111 . . .
oste11tar ci11q11e11ta lacaios, vestidos de tela, empenhou o morgado e as comendas mag1111111 ... liomi11e111 vef poti11s s11111m11111 et si11g11lare111 vir11111; Cid 3,3,810
por 11111itos a11os ?; Cartas II, 75 Não sei por 011de comece, e se cx·plicara c'est pe11 de dire aimer, E/vire : je /'adore; Bér. 3,1 ,658 votre déparl, 011 p/11tót
melhor a minha dor com lágrimas e gemidos q11e com palavras]. votre fi1ite; Camus, Peste I 1,5, p. 7 (p. 15) Dif.fiwlté, d'aille11rs, 11'est pas
384. A correctio (§ 380; Ém-rlµ.7jatç, µ.e-r<fvoux; [port. correcção]) /e bo11 mot et il serait p/11s j11ste de parler d'i11co11fort; ]C 4,3,49 I' li 11se yo11
é, por um lado, o repúdio de uma palavra (empregada pelo adversário), for my mirth, yea, for my la11ghter; [ Vieira, VII,521 Desca11sar para camar
a qual não é apropriada (apt11m: § 464) ao assunto, quanto ao interesse mais, a11tes é ambição de trabalho, q11e desejo de descanso ] .
do partido a que o orador pertence ; por outro lado, consiste na substi b) De palavras diversívocas (§ 157) : Androm. 1 ,4,364 II fa11t vous
tuição dessa palavra por outra (diversívoca [§ 157] ou multívoca [§ 154]), 011blier, 011 p/11tôt vo11s hair; 3,7,972 ]e me11rs, si je perds, mais je 111e11rs, si
que, no interesse do partido a que o orador pertence, é apropriada ao j'atte11ds; Cid 2,8,694-695 ; MSt 1,7,686-687 (própria do diálogo) ; [Lus.
assunto. A palavra apropriada e a palavra não apropriada são postas VII I,24,3 Rotos ? Mas antes morto.ç ].
em confronto na antítese (§ 386). Neste aspecto pode aparecer a correctio 4) A fórmula, mais forte nos afectos que suscita, aplica a anadiplose
como antítese de grupos de frases ou de palavras (§§ 387-388; exemplos: (§ 254,2) e a perco11tatio (§ 433), «X, :\" ?, i1111110 y !-. se serve para a distinção :
§ 382) , ou como antítese de palavras isoladas (§ 389). A antítese de a) De palavras multívocas (§ 153) : Chrestien, Yvain 1208 Q11i
palavras isoladas apresenta diversas variantes : 111 'a occis mo11 b11e11 sig11or? / b11en. ? voire /e 111eillor des b11e11s; Britann.
1) A fórmula adversativa (§ 240,2) «11011 x, sed y» serve à distinção : 2,2,384 j'aime, q11e dis-je aimer? j'ido/atre ]1111ie; ]C 4,3,41-42 (como
a) De palavras multívocas (§ 153): Cic. Verr. II,1 ,3,9 11011 enim rejlexio : § 292) ; [Garrett, F. L. de S. 2,14, p. 96 No seio da vossa famíUa . . .
fiirem, sed ereptorem, 11011 ad11fteri1111, sed exp11gnatorem p11dicitiae (Quint. // A minha família . . . Já não te11/io família].
8,4,2) ; [Vieira, 1,75 porque m11itos sermões há, q11e não são comédia, são farça ]. b) De palavras diversívocas (§ 157): Demosth. 18 (de cor.), 130;
b) De palavras diversívocas (§ 157): Theogn. 212 ou xcxxóç, w' Cic. Cat. 1,1,2 liic tame11 vivit; vivi/ ? immo vero etiam (§ 384,5) i11 se11at11m
àycx6óç; 11. 15,688-693 ; Enn. Cic. off. 1, 12,38 nec ct111po11a11tes bel/11111, ve11it; RJ 5,3,83 J' li b11ry tiice in a tri11mpha11t grave; / a grave ? O, no,
sed belfigera11tes . . . 11itam cema11111s 11trique; Eberhard, Laborinth. 333 a la11tem; [A Castro 1 , p. 204 Ama, 11a criação ama, 110 amor mãe].
(Faral p. 84 s.) 11011 placeat, scd displiceat ribi gloria m1111di; Cid 2,8,693 5) A fórmula (que tradicionalmente não se conta dentro da correctio ),
Immolez, 11011 à moi, mais à votre co11ro1111e / . . . ; RJ 4,5,58 not life, hHt /ove «11011 sol11m x, sed etiam y», é uma amplificação (§ 258), que se aproxima
i11 deatli (como anulação de uma am1ominatio : § 278,2) ; [Lus. I,10,1-2 da co11ciliatio (§ 381) e a qual abrange a relação copulativa e adversativa
228 229
(§ 240) e é mais apropriada ao carácter complexo do Ser, do que a maneira pa1avras isoladas (§ 389). Os fundamentos lexicais são os antónimos
mais rígida de exprimir-se, que é própria da correctio (§ 384,1). Esta (§ 157,1).
fórmula é aplicada com pa1avras diversívocas (§ 157) : Plat. Phacdr. O fundamento sintáctico da antítese é a coordenação, que, todavia,
p. 288 a, 7; Caes. Gal!. 1,12,7; fr. 11011 se11leme11t . . . mais encore; ingl. pode ser substin.úda pela subordinação (Polyeuctc 4,6,1370; Cic. Cluent.
1101 011/y . . . , b11t also ; Piccol. 3,4, 1650 Nicht Rosen bloss, a11ch Dome11 hat 6,17: §§ 387, 389). A coordenação, que se apresenta na construção
der Himmel; [ Vieira, l,50-51 11iio só com os preceitos dos Aristóteles, dos assindética ou sindética (§ 240), pode ter semânticamente significado
Tálios, dos Q11i11tilia11os, mas com a prática observada do Prí11cipe dos Oradores adversativo (assindeticamentc : Rhet. Her. 4, 15,21 [§ 388] ; [ A Castro
Evangélicos, S. Joiio Crisóstomo . . . ] 1 ,p.221 [ § 341,1]; sindeticamcntc : Cic. Or. 67,223 [§ 387,2]), ou disjun
6) O abandono da correctio, depois de se ter intercalado (§ 414) tivo (assindeticamente : Bér. 2,2,339 [§ 304] ; sindeticamente: Baj. 1,1,54;
a dubitatio (§ 383), é utilizado como meio da ampli.ficatio (§ 77,3). Vieira, XII, 342, [§ 389; 341,lj). - A construção sindético-copulativa
enfraquece a relação adversativa, na medida cm que a oposição é consi
ffi') Figuras do alargamento semântico (§§ 385-406) derada como síntese, muito embora seja constituída por membros con
trários; Od. 1,3 (§ 392, lA); Cid 2,2,430 (§ 341 ,1) ; Du Bellay, Ant.
385. A adiectio (§ 364) de pensamento pode aparecer como alar 26 (§ 392, IB) ; Baj. 5,12,1738 q11e ma fidele 111ai11 te ve11ge et me punisse;
gamento semântico e de tal maneira, que ao lado do que, propriamente, Brit. 1,1,90 (§ 392, IA) ; [Camões, Sonetos 2 (p. 269), Repousa lá 110
deve ser transmitido, são também transmitidos outros pensamentos. cé11 etema111e11te / e viva eu cá 11a terra sempre triste].
O «pensamento adicional» e o «pensamento próprio� estão, cada um por Um meio da reJ11tatio (§ 43,2) é a polaridade (§ 304) disjuntiva (§ 240),
seu lado, numa relação, que corresponde à relação do verb11m propri11111 como premissa (§ 370,2), chamando-se a esta última dilem111a (co111plexio,
com o tropus (§ 175) e assim també1n à do pensamento próprio com o Ô�À�µµ<X·rov; [port. dilema]) : Cic. inv. 1 ,29,45; Cic. div. in Cace. 14,45;
pensamento trópico (§ 417). Há, portanto, aditamentos de alteração Aen. 2,675-678 ; 10,449-450 ; Quint. 5,10,70; Hermog. inv. 4,6; Cid
de limite (1) e aditamentos de salto (2) : 1,2,124; Bér. 2,2,339-340 (§ 304) ; MSt 3,4,2288-2290 ; 3,6,2596-2597;
1) O aditamento de alteração de limite (§§ 175,1 ; 184; 418) [A Castro 1, p. 221 que 011 te aproveita ou quer aproveitar-te ; Vieira, J,21
pode ser (cf. § 185) : Se11do pois certo que a palavra Divi11a 11ão deixa de Jmtificar por parte de
a) Uma perífrase de pensamento (§ 420) ; Deus ; segue-se, que 011 é por falta do pregador, 011 por falta de doe11mentos].
b) Uma sinédoque de pensamento (§ 420), p. ex. : O alargamento da construção bimembre para trimcmbrc (§ 391)
<X) Uma sy11ecdoche a mi11ore (cf. § 198) : o aditamento consiste, conduz, sem limites nítidos, às figuras da acumulação (§§ 294-307; 369).
portanto, no acrescentamento do pormenor à suma (§ 368, 1-3) ; 387. Na antítese frásica (§ 386) são contrapostas, entre si, propo
�) Uma synecdoche a maiore (cf. § 198) : o aditamento consiste, sições inteiras, entre si relacionadas pela coordenação ou por qualquer
portanto, no acrescentamento de um pensamento infinito (§§ 393-399). outra relação sintáctica (proposições principais ou subordinadas). Neste
c) Uma hipérbole de pensamento (§ 421). caso, a correspondência lexical de antagonismo, pode ser mais (1) ou
2) O aditamento de salto (§§ 175,2; 226; 422) pode ser: menos (2) evidente :
a) Um simile (§§ 400-406) ; 1) A correspondência lexical de antagonismo que, frequentemente,
b) Um co11trari1m1 (§§ 386-392). é sublinhada por figuras da repetição vocabular (§§ 250-275; 259-273)
3) Também é possível, e assim acontece na poesia moderna, o adita dá como resultado, no que respeita a antítese frásica, o esquema do isocolo
mento de pensamentos que, entre si, não têm qualquer relação e que (§ 336), como sequência linear, paralela, abrandada ou quiasmática (§ 392)
pertencem ao domínio do di.rsimile (§ 400) (e( § 143,4b). dos correspondentes elementos constitutivos (§ 340) : Rhet. Her. 4,15,21
liabet asse11tatio i11crmda pri11cipia, eadem exit11s a111arissimos a.ffert; Cid 2,2,430
A') a11titlieto11 (§§ 386-392) (§ 341,1); Hml. 3,3,97 My words fly up, my tho11ghts re111ai11 below; MSt
2,9,2023 Sie Jorderts / ais eine G1mst, gewãhr es ilir ais Strafe I; Polyeuctc
386. A antítese (§ 385, 2b; a11tithe1011, co11traposit11111, co11tet1tio ; 4,6,1370; Baj. 5,6,1618; Bér. 1,2,47; RJ 2,2,37; Sch., JvO 1,11,1205;
riv-rtOe-rov, riv-rtOeatç) é a contraposição de dois (§ 51,1) pensamentos MSt 2,1 , 1 1 13-1 1 14; 2,9,1998 até 1999; Wall. Tod 3,21,2348; [Camões,
{res) de volume sintáctico variável. Podem distinguir-se a antítese de
Sonetos 44, 13-14, (p. 283) Vifs, porque 111e acabastes, ve11cedores; / e eri
frase (§ 387), a antitese de grupos de palavras (§ 388) e a antítese de
porque acabei, de vós ve11cido; Vieira, IV,492 Vieram ge11tios e tomaram
230 231
fiéis; vieram idólatras, e tomara111 cristãos; Xfl,5 E11tre os servos de Deus am:ü1k �pcx8twc;; Cic. div. in Cace. 6,21 etiam.si taceant, satis diamt;
luf esta difere11ça : 1ms são servos de Deus, porque serve111 a De11s; outros sã� Androm. 1 ,1 ,19 1111 cruel seco11rs (Baj. 5,1,1443 vos secours i11h11mai11�;
servos de De11s, porque Deus se serve deles]. Cid 1 ,6,315 cmel espoir); RJ 1,1,182-187 O bra1vli11g /ove! O loving
2) A sequência linear abrandada da correspondência lexical do liate f . . . ; Hml. 3,4,87 si11cefrost itselfas actively doth bum; PL 1,63 darlmess
antagonismo (§ 387,1) penetra, sem limites 1útidos, na antítese frásica l'isible; [ Camões, Sonetos 13, 1 , (p. 273) Cara 111i11lia inimiga; Vieira, Ill, 147
com menor correspondência lexical de antagonismo: Quint. 9,3,84 aparecerão, 110 1111111do, os mortos vivos; Pessoa, AC, p. 139 (Cesário Verde)
11obis pri111is dii i111111ortales Jr11ges deder1111t: 11os, quod soli accepimus, in 011111cs Ele era 11m camponês / que a11dm1a preso em liberdade pela cidade].
terras distrib11i111us; Od. 1,26-27 ; 1,46-60. b) Da tensão entre qualidades (adjectivos, advérbios) : Cid 1,6,315
3) A antítese pode aparecer, na dialécrica, como exquisitio (§ 433) . clter et cruel espoir; Mcb. 1 ,3,65-67 ússer tltan Macbetli a11d greater . . . ;
388. Na antítese de grupos de palavras (§ 386) são contrapostos, Goethe, Harzreise im Winter 83 gehei11111isvoll-offi11bar; (Camões, Sonetos,
entre si, grupos de palavras sintàcticamcntc dependentes (coordenados ou 10, 1 , (p. 272) Aquela triste e leda madmgada].
relacionados por qualquer outra relação sintáctica) . Quanto à corres e) Da disti11ctio enfática (§ 29 1), que afuma a existência e inexis
pondência lexical de antagonismo, no tocante ao isocolo (§ 349) e à tência simul�neas de uma mesma coisa : Aen. 7,295 1111111 capli pot11er1111t
sequência linear dos elementos, são válidas as observações do § 387. capi?; Cic. Verr. II 3,18,47 11t i11 11berrima Siciliae parte Siciliam q11aere
- Exemplos: Rhet. Her. 4,15,21 i11imicis te placabilem, amieis i11exorabilem rem11s; Cic. div. in Cace. 6,21 etiam.si tacea11t, satis dicimt; RJ 1 , 1 , 188
praebes; Cid 1, 3, 176 remplir les bo11s d' amo11r, et les 111écha11ts d'effroi; This /ove feel I, that Jeel 110 /o11e ill this; Hml. 3,2,194 a seco11d time I kill
RJ 3,5,11 (§ 339,2) ; MSt 3,6,2470 D11 tvarst die Kõnigi11, sie der Verbrecl1er; my l111sba11d dead; [ Camões, Sonetos 66,3-4, (p. 291) Dizei-me: ainda 11ão
Baj. 5,7,1632; 5,12,1738 (§ 386) ; R IIl 1,1,7-8; PL 1,263 ; MSt 1,2,218-229; vos co11te11tais / de terdes quem vos tem tão descontente; 95, 13-14, (p. 300 ) Não
1, 7,961 ; [ A Castro 1 , p. 206 Aj1111ta ao 111al passado o bem presente; Camões, levais de 11e1icer-me gra11de glória. / Maior a levo e11 de ser ve11cido ].
Sonetos, 5,12,14 (p. 270) Olhai como A111or gera . . . / de lágri111as de honesta 390. A antítese (§ 386) pode ser aprofundada (§ 391) semântica
piedade, / lágrimas de imortal co11te11t<1111e11to ]. mente pela s11b11exio (§ 415) e intensificada, quanto à forma, pelo quiasmo
389. Na antítese de palavras isoladas (§ 386) são contrapostas (§ 392).
entre si : 391. O aprofundamento semântico (§ 390) da antítese, especial
1) Palavras sintàcticamente coordenadas (§ 30-1-) : Baj. 1, 1,54 d11 mente da antítese que compara e caracteriza pessoas, pode estender-se
S11lta11 la victoire 011 la J11ite: Bér. 1,2,34 I'011blier ou 111011rir; l A Castro por mais de dois membros da acumulação (§ 386). A antÍtese, que apro
5, p. 295 011 de ho111e11s 011 111111/teres as cabeças]. funda, já pode aparecer anteriormente como antítese(1), ou então, saindo
2) Palavras relacionadas, entre si, por outra relação sintactlca : primeiramente de uma enumeração, pode tomar-se depois expllcita
Od. 1 , 32 fü:ouc; �Pº"ºl «t·n6w'mx� ; Cic. Cluent. 6, 15 vicit p11dore111 mcnte numa antítese (2) :
libido (§ 322, 2a); Quint. 9,3,65 c11111 te pro astuto sapie11te111 appel/es (§ 382) ; 1) A antítese que (sindética ou assindeticamente: § 240) é formu
[A Castro, 5, p. 300 Com morte te paguei o te11 a111or]. lada em frases ou em grupos de palavras (§§ 387 até 388) e a qual, deste
3) Uma variante especial da antítese de palavras isoladas é o oximo modo, já é, evidentemente, de natureza caracterizante e comparante,
rt1111 (oxymora verba, o�Ó!J.wpov ; [ port. oxi111oro ]) 1 , que constitui, entre os chama-se comparatio (CJÚy;<.p Lati;; [port. comparação]). Pode ser apro
membros antitéticos, um paradoxo intelectual (§ 37,1). O paradoxo fwidada pela s11b11exio (§ 415) : Cic. Muren. 9,22 vigilas 111 de 11octe 111
pode ser o resultado: 111is co11511/torib11s respo11deas, ille 11/ co q110 i11te11dit mature wm exercit11
a) De uma tensão entre o portador da qualidade (substantivo, perve11iat; te galloru111, i/111111 b11ci11arum ca11l11s exS11scitat; t11 adio11e111 i11sti
verbo, sujeito) e a qualidade em si (atributo, advérbio, predicado) : Hor. t11is, ille aciem i11Stmit . . . (Quint. 9,2,100) ; I Cor. 4,10; Hcnriade 7,339
epist. 1,12,19 reri1111 co11cordia discors; Quine. 1, 10,5 morta/is q11ida111 deus; Richelie11, gra11d, sublime, i111placable e1111emi; / Mazari11, so11ple, adroit,
Aug. conE 1,6, 1 i11 istam dica111 morta/em vitam <111 111ortem vitalem (Alex. et da11gere11x a111i; / /'1111 J11ya11t avec art, et céda11t à /' orage; / /'a111re aux
13 e la 111ortel vithe; Milt., Samson 100 a livi11g death); Gcll. 10,11,5 jlots irrités opposant son co11rage; Hml. 3,3,97 My words jly 11p, my tho11gltts
remai11 be/0111: / 1vords witliout tho11ghts 11ever to heave11 go; [ Vieira, V, 103
1 O oxymorrm• é co.widcrado propriamcmc corno mala '![(retalio (§ 95,2). É admitido, como
Ora coteje111os a capa de Elias com outra do11lro Profeta, quase do mesmo 11ome
licença (§ 94), desde que se justifique por c:a� de uma intenção de afirmação errónea tendente a (Ahias), e verá Elias, o que se rep11ta por 1í11ico, q11a11to vai de capa a capa,
provocar o estranhamento (S§ 84; 426) (Scrv. Acn. 7;1.95 ""'' ftllt diawu). de espfrito a cspfrito e de zelo a zele>, etc . ; Ramalho, Farpas IX, p. 1 46
232 233
Fi11al111e11te, por 111ais q11e estreite 011 alargue o paralelo, e11 11iio e11co11tro entre o rationis quiástica : §§ 372, 1 ; 392) ; RJ 2,3,9 Tlie eartli tliat's 11ature's
Catão de Ro111a e o de Vale de Lobos {Alexandre Herculano}, se11iio 11111 1í11ico motlier i11 lier folllb : / rvlzat is lier buryi11g grave, tliat is lier 1110111b (quiasmo:
po11to de co11tacto e de acordo. Esse traço de se111ellia11ça co11111111 co11siste 110 § 392).
ra11cor i111placável q11e 11111 e 011tro ali111e11tara111 co11sta11te111e11te - o rom11110 392. O «quiasmo», tal como é chamado nos tempos modernos
contra Cartago, o port11g11és contra os lio111e11s do seu tempo]. - Uma s11b11exio (§§ 53,3b ; 337; 390), consiste na posição entrecruzada dos elementos
quiasmática (§ 392, I Al} encontra-se nas Ecl. 1,1-5. correspondentes, cm grupos que, entre si, se correspondem, e, deste
2} Uma enumeração copulativa (sindética ou assindética : § 240) modo, é ele um meio da dispositio, que exprime a antítese. No cocante
de paJavras isoladas (§ 298} ou de membros da disi1111ctio (§ 352} pode, às proporções de elementos e de grupos, podemos distinguir o •guiasmo
por meio da s11b11exio (§ 415), adquirir conteúdo adversativo e trans pequenoit (I) do «quiasmo grande» (ll) :
formar-se assim cm comparatio (§ 391,1).A s11b11exio chama-se, neste I) O «quiasmo pequeno» (§ 337,2) consiste no entrccruzamcnto
caso, regressio (reversio, �mxvol>oc;; [port. regressão, epâ11odo]) : Od. 1, 109-1 1 2 de palavras que, entre si, se correspondem dentro de grupos de pala
1,
(tripla, porque os dois sujeitos e o complemento directo, que é um só, vras, correspondentes entre si (quer estes sejam proposições indepen
contêm, cada um, uma s11b11exio); Aen. 2,435 Ipliit11s et Pelias 111cet1111, dentes, quer grupos de palavras sintàcticamente não independentes:
q11or11111 Ipliit11s aevo / iam gra11ior, Pelias et v11l11ere tard11s Ulixi; Rhct. §§ 387, 1 ; 388). O primeiro gmpo de palavras pode, neste caso, apre
Her. 4,27,37 Pop11l11s Ro111m111s N11111a11tiam dclevit, Kartagi11c111 sust11lit, sentar duas estruturas:
Corintht1111 disiecit, Fregellas evertit (§ 352) : niliil N11111a11ti11is vires corporis A) Se as palavras do primeiro grupo estiverem, entre si, nwna
auxiliatae s1111t, 11i/1il Kartagi11ie11Sibus scie11tin rei 111ilitaris adi11111e11to Jitit, relação sint.1.crica de dependência, não estando, por conseguinte, sintàcti
11iliil Cori11tliis erudita calliditas praesidii tuUt, niltil Fregella11is 111or11111 et camente coordenadas entre si, tem, nesse caso, o primeiro grupo de
scr111onis societas opitulata e.si; Ioh. 16,8-11 ; Androm. 1,4,347 Le sort vo11s palavras, a forma aj bI (satis eloque11tiae). Quanto ao segundo grupo
y voulut 1'1111e et /'mitre a111ener: / vous po11r porter des fers; elles, pour eu de palavras, podem distinguir-se dois tipos:
do1111er; Britann. 3,8,1037-1038; Polyeucte 2,1,446-448 (tripla) ; RJ 3,3,1 22- 1) No cquiasmo simples� os membros semânticos correspondentes
-147 tlzy slzape, tliy /ove, tl1y wit . . . Fr. Bacon. Ess:iys, Of Studies St11dies do segundo grupo permanecem na função sintáctica que, no primeiro
serve for deligltt, for omame11t, a11d for ability. Tlieir chief 11se for delight, grupo, de palavras, se observa. Esta figura tem por conseguinte, a forma
i5 i11 private11ess a11d retiri11g; for omame11t, is i11 disco11rse ; a11d for ability, aj br / bI ai (satis eloq11e11tiae, sapie11tiae par11111). - Ambos os grupos
is i11 tlte j11dgeme11t m1d dispositio11 of b11si11ess; [Lus. VTIT,37 Olha cá do11s de paJavras podem, neste caso, estar coordenados sincàcticamcnrc entre
Iiifa11tes Pedro e He11riq11e, / progé1Jie generosa de Jomme : / aq11ele faz que si (a) ou apresentar entre si outra relação sintáctica (b) :
fama ilustre fique / d'ele e111 Ger111â1Jia, com que a morte e11ga11a; / este, a) Se ambos os grupos de palavras estiverem coordenados sintkti
que ela 11os mares o p11briq11e / por seu descobridor, e dese11ga11e / de Ceita a camcntc entre si (§§ 339; 389,1), ou coordenados de maneira an:lloga
Ma11ra t1í111ida vaidade, / primeiro e11tra11do as portas da crdade; Vieira, (§ 362,1}, aparecem então, dentro de cada um dos grupos de palavras,
XIII,24 A prudê11cia é fi Ilia do te111po e da razão; da razão pelo diswrso, do p. ex., os seguintes pares de funções sin.tácticas (cf. ainda §§ 254; 262;
tempo pela experié11cia; 1,62 (§ 340,1)). - Na regressio podem aparecer 340,2):
expressas a insuficiência da distinção entre os membros da enumeração «) Sujeito, predicado {ou relações anáJogas) : Joh. 14,3 Ó7to1J dµ.t
QC 1,2,142-147} ou a sua confusão reciproca (Hml. 3,2,177-182; tyw :v.«t úµEi:c; fjTe ; Bntaru1. 1,1,90 ]e vois l/les lw1111e11rs croítre, et tC1111ber
3,2,206-209}. 11rnu crédit; JC 5,1,18 Upo11 tlie right ha11d J, keep 1'1011 tlic lefi; Milt.,
3) Na regressio, pode a enumeração (§ 391,2) ser substituída
pelo plural, que abrange todos os membros da enumeração, ou por um 1 Para a carac1c.rização d.c palavra, cncrc si, correspondentes, escolheram-se para as signi
numeral (Od. 1 ,23-24}, de tal modo que esta figura se pode tornar numa ..
fioçõcs vocabulares, as letr.u btims minúsculas (a b . ) e, para indicar a que grupo de pllavr:u
enumeração com a anteposição do conceito colectivo (§ 301). pcncncem, números árabes subpostos (a, b, . . .). A identicbde do corpo de p;ilavra (no r:idial,
4) Na regressio, pode a enumeração (§ 391,2) ser substituída pelo ainda que não ncccssàriamcntc quanto aos elementos de formação morfológica e vocabular) nos
diversos grupos de palavr:u é expressa pelas letras maiúscubs btinas (A D . . .). As funções sinticticas
emprego de diversas funções sintácticas: Od. 1 ,109-112 (dois sujeitos das palavras s3o sinalizadas pelas últimas letras minúsculas do alfabeto latino. colocadas com" expoen
e um complemento de objecto) ; Rbct. Hcr. 4,17,24 om11es be11e vive11di tes (ax bY). Os clcmcmos muginais sintkticos s3o designados com lc1ras minúsculas ou (quando
ratio11es i11 11irt11te s1111t colloca11dae, propterea quod sola virtus iu sua potes apJreccm cm ambos os grupos de palavns, como corpos de palavras iguais) com maiúsculas p q r
tale est, 011111ia praeterea subiecta s1111t sub fort1111ae do111i11atio11e111 (subiectio (P Q R).
234 235
Samson Ag. 84 Let ther be liglit, a11d light rvas over ali; MSt 4,5,2849 C11ydados, / C11ydados, bravoç amores; Vieira, Il,10 E11 i111passível, e imortal,
Fc>rt ist die Liebe, Rache fiillt es ga11z; [ Lus. J,35,5 Brama toda a 111011ta11ha, e fico i111ortal e i111passfvel).
o som 11111m111rn]. �) Sujeito e complemento de objecto : Od. 1,212 oú-.' 'Ol>uo-fioc tywv
�) Predicado, complemento de objecco: Od. 1,3, itolJ..wv l>'&.v6pc.:mcu'1 rõov o<k' êµ' he:i:voc;; Demosth. 9 (Phil. 3), 45; Greg. M. in evang. hom. 36
tl>e:v iXa-re:oc xcx t ,,6ov Ér1cu; Ioh. 17 ,23 7jyá7r1Jaixc; o:&rouc; xcx6wc; lµe appetit11s sat11ritalem, saturilas appetitum pari/ (e( § 257, 1 b); Camus, Noces
'1jy&.m;acxc;; Cic. Murcn. 36,76 odit pop11l11s Ro111a1111s privatam l11x11ria111, {Lc Désert), p. 77 li fa11/ savoir se prêter a11 rêve lorsq11e le rêve se préte à
publicam 111ag11i.fice11tiam diligit; MSt, 2,9,1963 até 1964; [ Lus. IX,93,7-8 11011s; HmL 3,2 s11it the actio11 to the rvord, tire word to thc actio11; 3,2, 194-195;
Millior é merecê-los sem os ter, q11e possuí-los sem os merecer; A Castro, 1 , MSt 2,9,2028 Dadurch ermordest d11 sie, wic sie dicli / er111orde11 wollte;
p. 208 Os liome11s foge, foge a luz, e o dia ]. [ Vieira I,315 Q11e111 fez o q11e devicJ, devia o que fez; Eça, Uma Campanha
y) Advérbio de quantidade, ge11itivus qua11titatis : Sall. Cat. 5,4 Alegre I, p. 181 Tal foi esta sessão, e111 que uotávcis opi11iiics vira111 a luz do
satis eloquel/fiae, sapie11tiae parum. dia - e a luz do dia vi11 11otáveis opi11iões ) .
1>) Complemento de objecto, atributo adjectivo : Rhet. Her. y) Locução adverbial, predicado: Rhec. Hcr. 4, 15,21 i11 otio t1111111l
4,15,21 liabet asse11tatio iuc1111da principia, eadem exit11s ni11arissimos affert; t11aris, i11 /11111111111 es otios11s; cqs. 4,28,39 esse (=edcre) nportet 11t 11ivas,
[ A Castro, 1 , p. 204 Triste uão pode estar, q11em vês alegre]. 11011 vivere 11/ edis (=edas); . . . wi11s111odi 110/o 11011 poss11111, C11i11s111odi poss11111
bJ Se a duas palavras de uma frase, sintàcticamcnte desiguais, for 110/o; . . . si stult11s es, ea re taceas : uo11 ta111e11, si /aceas, ea re st11lt11s es;
atribuído (c( § 314,4) um atributo (adjectivo ou substantivo), surge então [ Vieira, VU,401 De certos lro111eus, dizia Sócrates, q11e 11ão co111ia111 para viver,
o isocolo mínimo, que pode ser construído quiàsticamente (§ 362,2: 111as só viviam para co111er].
Caes. Gall. 6,16,3; Cic. rep. 6,24,26). - Por meio da transmutatio (§ 61) 1>) Parte adverbial do predicado, sujeito : HmJ. 2,2,583 Wlrnt's
dos membros interiores do quiasmo, surge depois a sy11cl1ysis quiástica Hec11ba lo lri111, or he to Hec11ba ? 3,4, 174 to p1111islr me with tliis, anti tliis
(§ 334) af b� bT a� (Hor. ars 465 Empedocles arde11tem frigidus Aet11am i11siluit). rvitlr 111e; [ Vieira, I,541-542 A11tiga111eute esta11a111 os 111i11istros às portas das
2) No «quiasmo com plicado», o qual se chama co11111111tatio {per111u cidades, agora estão as cidades às portas dos 111i11istros ].
·
tatio, �'mµ&'t'cx�o)..� ; [port. ni1timetábole ]), os membros que, entre si, e:) Substantivo, atributo : HmJ. 3,4,78 eyes witliout feeli11g, Jeeli11g
semânticamente se correspondem, trocam reciprocamente as duas funções witlio11t sigllf; RJ 4,5,46 poor one, oue poor.
sintácticas. A correspondência semântica realiza-se, neste caso, as mais q Complemento de objecto, locução adverbial : Corneille, Vcrs
das vezes, como igualdade semântica (§ 99,2), que é expressa, ora por sur lc Cardinal de Richelieu: II 111' a fait, trop de bie11 po11r c11 dire d11 111al;
meio de um corpo de palavra igual (§ 99,1), ora por meio de substi 11 m'a fait lrop de mal po11r e11 dire d11 bie11.
tuição sin01únúca ou trópica (§ 169,2). No tocante à sucessão linear, b) O «quiasmo sintáctico» apresenta entrecruzamento das funções
devem distinguir-se duas variantes: sintácticas, mas paralelismo dos membros que semânticamente se corres
aJ O cquiasmo semântico» apresenta o entrecruzamento de membros pondem. Esta .figura tem portanto, a forma Ax BY / AY Bx: Sen.
semânticamente correspondentes, mas paralelismo das funções que cpist. 22, 1 1 pa11cos servit11s, pl11res servit11te111 te11e11t; Aug. conf. 1,6, 1
sintàcticamente se correspondem. Esta figura tem, por conseguinte, i11 ista111 dicam 111ortale111 vital// a11 mortem vitalem; Androm. 4,5, 1322
a forma Ax BY / Bx AY (ego t11 s11111, 111 es ego). - Neste caso, aparecem, immoler Troie a11x Grecs, a11 jils d'Hector la Grece.
dentro de cada wn dos grupos de palavras, p. ex., os seguintes pares e) Aparecem também sequências mais emaranhadas (§ 53 ,2b) :
de funções sintácticas: Hml. 3,2,181 Where (Au) /ove (Bv) is great (Cw), tire littlest (Dx) do11bts (EY)
ex) Sujeito, predicado (e relações análogas) : Plat., de republ. 5, are Jear (P); / rvhere (Au) little (Dx) Jears {P) grow great (Cw), great (Cx)
P· 473 c êàv µ� � ot cptMaocpot �OC<J!.Àe:uacuaLv � ot �tX<Jt/e:i:c; q>LÃoaocp'ÍjacuaLv ; /ove (BY) grorvs there (C"') ; Ioh. 15,9;15,16;17,1 ;17,18.
Ioh. 14,10 (14, 1 1 ; 14,20; 17,10; 17,21) ; Rhet. Her. 4,28,39 q11ae de illo B) Se as palavras do primeiro grupo estiverem coordenadas
dici poss1111t, 11011 dicu11t11r: quae dici111t11r, dici r1011 poss1111t; . . . poema loq11ens sintàcticamente entre si, estão, nessa altura, ambos os grupos de pala
pict11ra, pict11ra tacit11111 poema debet esse; Plaut. Stich. 5,4,731 ego t11 s11111, vras em correspondência com wn esquema de relação (§ 335), que,
111 es ego; Ou Bellay, Ant. 26 Ro111e f11t to11t le mo11de, et to11t le 111011de no tocante à sequência dos vocábulos do grupo de palavras, pode ser
est Ro111e; Mcb. 1 , 1 , 1 1fair isfo11l, a11dfoul isfair; RJ 2,3,9-10;JC 2, 1,327-328 con.struído quiàsticamente (a� bf / b� a�) : li. 4,450-451 .
(§ 419); Hml. 3,2,209; 3,4,198; PL 1 ,255; 2,624; MSt 2,3,1294 Ihr Leben
II) O «quiasmo grande» (§ 337,1) consiste no cntrecruzamento de
ist dei11 Tod ! Ihr Tod deiu Lebc11; [ Canc. Geral T, p. 1 1 3 Amores, bravos proposições (principais ou subordinadas), relacionadas semânticamente
236 237
entre si, dentro de um grupo frásico ou de um período (§ 452), como, (§ 441), do tal pensamento infinito (sobretudo nalguns desses pensa
p. ex., no fenómeno da praeocwrsio dentro da s11b11exio (§§ 376,2; 415). mentos do domínio epidíctico: § 396).
398. Um lows co1111111111is, formulado numa frase (§ 397) e que aparece
B ) lows co11111J1111is (§§ 393-399)
'
com a pretensão de valer como norma reconhecida do conhecimento
1
396. Loci co11111mnes (§ 393) epidícticos (§ 22,3) louvam ou censuram ângulos rca0S1>, m:u sim •onde cscá um corpo, não pode estar outroo.
2 As sentenças que podem relacionar-se com o coobecimemo do mundo, devem incluir-se
objectos infinitos (•Os tiranos são um fenómeno indigno da sociedade no domínio mencionado no § 394,2, e aparecem as mais das vezes, como vcrific:ições (§ 398,1), ao
,
humana.). Como para os loci co1111111111es judiciais e deliberativos, existia passo que a.s sentenças que propriamente se devem relacionar com a conduta na vida, pcnenccm
já consagrado o termo thesis (§§ 394-395), muitos ligaram o termo lows ao domlnio mencionado no § 395, e são formul:idas, as nuis das vezes, como conselhos (§ 398,2).
co111m1111is exclusivamente aos /oci co1111111111es epidícticos. Os limitC$, quanto ao conteúdo e formulação, são pouco nítidos.
3 Uma sen tença infiniu, empregada num sentido espcci:tlmeute lato chama-se (propositio)
397. Como lows co1111111mis é designada não só a resposta que dá, ,
11111xima (fr. maxime, ingl. maxim, [port. 111áxi111a]).-Uma sentença que, nuOlll comunidade linguística,
numa frase, às questões já mencionadas (§§ 394-396), mas também, se espalhou como sabedoria popular, chama-5C editado• (proverbl11111, adagi11111; [port. pro1•trbio, at!Âglo
muito especialmente, a expolitio (§ 365), que pode usar-se como digressio
ou apotegma do gr. &1t6cp0�µ«]).
238 239
Racine, teria grande interesse para a integração de Racine no mundo uma partícula comparativa: § 403}. Se se deixar de lado o pensamento
social descrito pelos moralistas do séc. xvn. propriamente dito (§ 385), surge então, a partir da formulação longa,
399. Uma sentença (§ 398} que se coloca no fim de um raciocínio a alegoria (§ 423}, e a partir da formulação breve, a metáfora (§ 228).
(§ 365), argumentante ou narrativo (§ 43,2}, chama-se epipl1011c111n 402. Na formulação (mais ou menos) longa (§ 401} da si111ilit11do
(bttq>W VIJµ.«; [port. epifo11c111n): Od. 19,360; Aen. 1 , 1 1 ta11tne11e a11i111is («alegoria•), é a comparação tomada compreensível por meio da porme
caelestib11s irae ? ; 6,851-853; Quine. 1, 1 1 , 1 1 11ihil potest p lacere q11od 11011 norização intensificante (§ 369} do terti11111 co111paratio11is (§ 400) . Neste
decet; Bér. 1,3,91 L'i11i111itié s11ccede à l'amitié traltie; Baj. 4,7,1 395-1396; caso, pode a função de ornat11s, própria da comparação, tomar-se de tal
Athalie 2,5,526; Hcnriade 2,355 ; RJ 2,3,79 pro1101111ce tltis se11te11ce tltc11 : modo independente perante a função comparativa, propriamente dita,
/ wo111e11 111ay fall, wlte11 tl1ere's no stre11gtlt i11 111e11; Hml. 3,3,98 Words que nem todo o pormenor corresponde ao terti11m co111parationis («pormenor
witlio11t tl1011ghts 11ever to lteave11 go; Wall. Tod 4,7,2815 wo gr(lsse Hõl1, transbordante») [§ 53,2b]. - A comparação 1· é empregada para processos
ist grasse Tiefa; Wall. Prol. 48 Dc1111 wer de11 Bcste11 sei11er Zeit ge1111g / geta11, humanos finitos, pcrccptíveis pelos sentidos (1), para processos da vida
der liat gclebt fiir alle Zeitc11; Lopc, soneto «Daba sustento�, 14 q11é ra11to da natureza , perccptívcis pelo sentidos (LI} e para processos humanos e
p11ede 1111a 11111jer q11e !fora !; ( Lus. Iíl, 15,8 Ta11to Deus se co11te11ta da J111111il supraterrenos, não perceptíveis pelos sentidos (UI) :
dade I ; m,33,8 Tn11ta veneração aos pais se dern? ! ; Vieira, V,205 . . . tiio I} Um processo humano finito (histórico, ou compreendido
fácil é o descer, e tão difiwltoso o s11bir ]. historicamente) e pcrceptível pelos sentidos ou quem o realiza (o homem}
pode ser comparado:
C') simile (§§ 400-406} A} Com um fenómeno infinito, pcrccptível pelos sentidos, da
natureza extra-humana, p. ex.:
400. O semelhante (§ 385,2a ; simile, óµoLO'' ; [porr. símile ]), que 1} Com um fenómeno do mundo dos animais, p. ex. :
é empregado como lows comprovativo (§ 41) e como omat11s (§ 385}, a) Do donúnio dos animais que vivem cm estado selvagem :
consiste cm que uma qualidade seja comum a várias (pelo menos duas) 11.3,23-28 (um leão, ávido de presa, e wn veado ou uma cabra selvagem,
coisas. A qualidade, que é comum às coisas semelhantes, chama-se como imagens para Menelau e Páris antes da luta) ; Od. 4,334-340 (leão
terti11111 co111paratio11is (p. ex., a fortaleza e a rapidez do leão e de Ulisses: e cnhos, filhos recém-n:iscidos da corça, como imagens para Ulisses e
§ 403} . Os fenómenos das coisas semelhantes, que não pertencem ao os pretendentes) ; Aen. 10,723-729 (leão, ávido de presa, e corç-t ou veado,
terti11111 co111paratio11is, são dissemelhantes (dissimile) : com cada coisa como imagens para Mezêncio e Ácron} ; Chénier, l'Aveuglc 141 -142
semelhante está combinado algo de dissemelhante, podendo, no entanto, (cigarra, como imagem do cantador) ; PL 4,1 83-187 (lobo, ávido de
variar o grau dessa combinação. O co11trari11m (� 385,2b} é um grau espe presa, como imagem de Satã} ; (Lus. II,23 Quais pera a cova as pró11idas
cialmente nítido do dissemelhante. - Cf. Plat. Prot. p. 331 d-e. formigas / le11a11do o peso gra11de acomodado / asjMças exercitam de i11i111igas / do
O semelhante aparece como si111ilit11do (§§ 401-403) mais n i finita i11imigo invemo co11gelado; / ali são se11s trabalhos e fadigas; / ali mostram
ou como exe111pl11m (§§ 404-406) mais finito. Os limfres são pouco vigor mmca esperado : / tais andavam as Ni11fas estorvando / à gente Port11g11esa o
nítidos (§ 404). fi111 11efa11do ; II,27 e 28 (as rãs, que saltam para uma lagoa, como imagem para
os Mouros que fogem para dentro do mar) ; V ,21 (a sanguessuga que, com
1 ) si111ilit11do (§§ Wl-403}
' - o sangue, engrossa, como imagem para descrever uma tromba de água) ].
b) Do donúnio dos animais domésticos: ll. 6,506-514 (cavalo
401. A similiwdo (7totp��oÀ'Íj; (porc. parábola, similitude]) é um fogoso, como imagem para Páris, que se precipita para a batalha} ;
domínio mais infinito (§ 82,2} do simile e consiste num facto mais geral Od. 1 0,410-415 (vitelos, que correm ao encontro das vacas, que voltam
da vida da natureza (p. ex., o comportamento das formigas : Aen. 4,402- do prado, como imagem para os companheiros de Ulisses e do próprio
-407) ou da vida humana típica (não fi.,ada historicamente; p. ex., o com
portamento de uma dona de casa: Aen. 8,408-413), facto esse que é posto 1 Uma apanha de comparações (alegorias) encontra-se n:u seguintes obras: Homer, Ilias,
Ubcnngcn von H. Rupé, Munique 2J961, p. 965; Homcr, Odysscc, Ubcrtmgcn von A. Wcihcr,
cm comparação com o pensamento propriamente dito (§ 385) .
Munique 21961, p. 678 ; Vcrgil, Acncis, Ubcrsetzt von J. Gottc, Munique 1958, p. 1065; Vcrgil,
A si111ilit11do pode ser formulada de maneira longa (como grupo Gcorgica, crklãrt von W. Richtcr, Munique 1957, p. 446; V. Piischl, Die Dichtkurut Vergils. Bild
und Symbol in der Ãncis, Innsbruck-Viena 1950; V. Piischl, Bibliographic zur 3ntikcn
de frases, como frase, como grupo de palavras: § 402), ou de maneira
breve (como é o caso de uma palavra isolada, que se liga por 1ncio de Dildcrsprachc, Hciddberg:i 1964.
240 241
Ulisses) ; [ Lus. lll,47-48 Qual cos gritos e vozes i11citado, / pela 111011ta11lia, 22,199-201 (vivência obtida num sonho, como imagem para a perse
o rábido moloso / contra o touro re111ete, q11e fiado / na força está do como teme guição de Heitor por Aquiles).
roso; / ora pega 11<1 orei/ia, ora 110 lado, / lnti11do mais ligeiro que forçoso, / até LI) Um processo da natureza finito (hist6rico, ou compreendido
que et!fi111, ro111pe11Jo-lhe n gnrganta, / do bravo n força horrenda se aque historicamente), perceptível pelos sentidos, é comparado:
branta : // Tal do Rei 110110 o estâmngo acendido . . . / o Bárbaro comete . . . etc) . A) Com um fenómeno infinito da natureza, perceptível pelos sen
2) Com um fenómeno do mundo das plantas: Il. 6,146-149 (folhas tidos : U. 21,362-365 (gordura que ferve, como imagem para o Escanman
como imagem dos homens) ; Ps. 102 ( 103),15 homo, sic11t Joe11um dies dro, que dá silvos, devido ao fogo que para ele corre) ; 19,375-379 (brillio
ci11s, ta111qua111 fios ngri sic efflorebit; Goethe, H uD 3,3-1 O (cogumelo como do fogo acendido sobre as montanhas, como imagem para o poder que
imagem do homem) ; [Vieira, XI,319 Em 11 causa a formosura de Hele11n, se reAectia do escudo de AquiJes; c( Chénier, L'Aveugle, 169-170) ;
flor e1!fi111 da terra, e cnda ano cortada co111 o arado do tempo; eslava já tão Aen. 8,622-628 (nuvem que brilha, como imagem para a armadura bri
murcha, e a 111es111a Helena tiio outra, que vendo-se ao espelho ... e niio achando lhante de Eneias) ; 6,205-209 (visco, como imagem para o ramo dourado).
n causa por que duas vezes fora r(lubnda, ao mesmo espelho e a si perguntava B} Com um fenómeno hu1nano infinito e perceptivcl pelos
por ela; Lus. Ill,134 Assi111 como a boni11<1 que cortadn / a11tes do tempo foi, sentidos: Il. 24,317-319 (abertura de uma porta, como imagem para as
cândida e bela, / se11do de mãos lasci11as maltratada / da menina que a trouxe asas abertas da águia enviada por Zeus) ; Aen. 1,148-153 (o acalmar do
11a cnpela / o cheiro traz perdido e a cor 11111rcliada : / tnl está, 111orta n pálida povo amotinado, como in1agem para o acalmar do oceano) .
donzela, / secas do rosto as rosas e perdida / a brn11ca e vi11a cor, con doce vida). IlI) Um processo, que ultrapassa os sentidos, e que, por estes,
3) Com um fenómeno da natureza inorgânica (superfície da terra, ,
não é percepúvcl, é comparado :
mar, tempo, dia e noite, astros) : U. 4,452-456 (rumor de um riacho A} Com um fenómeno infinito da natureza c.-xtra-humana, perce-p
na montanha, como imagem para o ruído de uma batalha) ; Od. 19,205-209 tível pelos sentidos: Od. 20,14-16 (cadela que ladra, como imagem para
(o derreter da neve, como imagem para as lágrinrns) ; Aen. 2,304-308 o amargor de Ulisses) ; 24,6-9 (morcegos, como imagem para as almas) ;
(campo de seara que arde ou rumor de um riacho da montanha, como Aen. 4,441-449 (carvalho, que resiste à tempestade, como imagem para o
imagens para o núdo de uma batalha) ; PL 2,285-291 (rumor que, como resistente Eneias) ; Luc. 13,19 si111ile est (scil. reg1111m Dei) grm10 si11apis ...
eco se ouve nos rochedos côncavos, como imagem dos aplausos que se B} Com um fenómeno humano infinito, perceptível pelos sentidos:
seguem a um discurso) ; Goethe, HuD 7,1-10 {sol, como imagem do II. 3,60-63 (machado, como imagem para fortaleza de ânimo) ; Goethe,
homem). HuD 1,176-179 (olho, como imagem para o homem que está sob a
B} Com um fenómeno humano infinito, perceptivcl pelos sentidos: protccção de Deus; cf. Ps. 16,8) ; Matth. 13,24 simile fact11m est regm1m
U. 16,212-214 (construção de um muro por um pedreiro, como imagem howini qui se111i11nvit bo1111111 seme11 in agro s110 . . .
de uma linha cerrada de combatentes) ; 15,362-366 (criança que, brin 403. A formulação breve ( § 401) tem as funções de comparação
cando, destrói de novo os montes de areia, por ela construídos, como já mencionadas no § 402 : Il. 1,359; Acn. 10,603 torrentis aquae vel t11rbi11is
imagem para Apolo que destrói as hostes dos Aqueus) ; Od. 5,394-398 atri / more f11re11s; 1 1 ,616; 12, 923; Ps. 91 (92) ,13 i11stus 11t pal111a fiorebit;
(crianças, que se alegram com as melhoras do pai, como imagem l?ara Chénier. L 'A veugle 67 11011s croítrez, co11111Je /ui ( =le palmier ), gra11ds,fécouds,
Ulisses que, depois da tempestade do mar, atinge o litoral dos Fcace-s) ; révérés; PL 1,21 dove-like; 1,591 like n toiver; 2,308-309; 2,670-671 ;
Aen. 7,378-384 (pião que uma criança faz girar, como imagem para [ Lus. ill, 131 (Policena) .. . / (be111 como paciente e 111a11sa 011el/1a) / . . . / no
Amata, que corre, amotinando, pelos povos vizinhos) ; 8,408-415 (mulher, duro sacrifício se oferece; Vieira, III,258 (O gigante) Pois se era tamnnho,
que afanosamente trabaJha, de manhã cedo, como imagem para o C(JlllO três homens ... ]
trabalhador Vulcano) ; Goethe, HuD 9,294-296 (marinheiro, que- desem
barca, como im.agem do homem) ; [ Lus. U,43, 1-4 E, co se11 apertando v 2') exemplum (§§ 404-406)
rosto m11ndc>, / que os soluços e lágri111as a11111e11ta, / cv1110 111e11i110 da a111a casti
gado, / q11e q11e111 110 af11gn o choro lhe 11cresce11tn, / por llie pôr em sossego o 404. O exe111plu111 (7t!xpaÔe:Ly µ« ( Plat. Gorg. p. 525 b );[port. exem
peito irndo (de Vénus), / muitos casos futuros llie apresenta {Júpiter) . . . ] plo, pnrndigma]) é um domínio mais finito (§ 82,1 ) do simile (§ 400)
C) Com um fenómeno humano infinito, não perceptível pelos e consiste nwn facto fixado historicamente (ou mitologicamente, ou
sentidos: II. 15,80-83 (rapidez do pensamento, que faz planos, como literàriamente) o qual é posto cm comparação com o pensamento
imagem para a rapidez com que Hera se precipita para o Olimpo) ; propriamente dito (§ 385) .
tG
242 243
Se o exe111p/11111 for usado não só como meio de comprovação ou de comando (§ 408), como perc11rsio (§ 409) enumerante, como prnete
de omatus (§ 400) , mas como relação de duas realidades históricas, histO ritio (§ 410), como retice11tia (§ 411), como ênfase (§ 419) alusiva.
ricamentc significativas, toma-se então no typus (§ 424). 408. A brevitas, como expressão de comando (imperatoria brevitas:
O exe111plum pode ser formulado em forma longa ou breve (corres § 407), é motivada, no domínio militar, pela situação do discurso, que
pondente à si111ilitudo : § 401). Se o pensamento propriamente dito for é determinada pela pressa que força à acção. Como, no donúnio militar,
deixado de lado, surge então, a partir da formulação longa, a alegoria se sucede a ordens breves uma acção rápida e perigosa, também a
(§ 423) historicizantc (ou mitologicizantc, ou litcràriamcntc tipologi brevitas foi generalizada noutros donúrúos, como forma vigorosa de
zante) e, a partir da formulação breve, a antonomásia Vossiânica (§ 207). expressão. Ela é atribuída ao hábito lingLústico de cunho m.ilitar dos
A ênfase do exe111plum chama-se «alusão• (§ 419). Espartanos, e, por isso, se chama Laco11ica bre11itas (Acxxwvtcrµ6c;; [port.
A comparação de uma pessoa com um deus, sem que se refira um lacó11ico, laco11is1110 }). A sua aplicação é muito familiar cm sentenças
acontecimento mitológico especial, tem, visto que os deuses podem ser (§ 398; as quais, muitas vezes, são formuladas paradoxalmente: § 407) :
postos em paralelo com forças da natureza, mais carácter infinito, do Jesti11a le11te (§ 389,3a). Cf. Plat. Prot. p. 342e.
-
que finito, de tal modo que os limites entre similitudo (§ 401) e exe111plu1n 409. A perc11rsio.(§ 407 ; co11cisa brevitas et exte1111atio; bn-rpozcxaµ6c;,
permanecem pouco nítidos (§ 400). ÔLÉ�oôoc;; [port. perwrsão ]) é uma acumulação de carácter enwnerante
405. Exemplos para a formulação longa (§ 404) : 11. 1 ,295-300 e coordenante (§ 294) de objectos (m), ainda que cada wn destes tivesse
(Ares, como modclo de Mcríoncs) ; Od. 6,102-109 (Ártemis, como merecido pràpri:unente wn tratamento pormenorizado (expolitio : § 365).
modelo de Nausícaa) ; 20,66-79 (as filhas de Pandarcu, como modelo A perwrsio é, portanto, uma sucessão de «SumaS» sem «pormenor»
de Penélope) ; Aen. 1,498-504 (Diana, como modelo de Dido) ; 4,143-150 (cf. § 368). Deve distinguir-se a peret1rsio nominal (1) da verbal (2) :
-
{469-473; 669-671); 5,588-593 ; 6,784-787 (801-805) ; 9,710-716; 10,565-570 1) A perwrsio nominal consiste na enumeração, na forma de
{763-767) ; 12,331-338; JC 1,2,112-115 /, as Ae11eas, 011r great ancestor . . . ; comas (§ 456), coordenados e nominais, de títulos referentes a passos,
PL 1,197-208 ; MSt 5,7,3658-3662 wie de11 Apostei ei11st / der Engel fiihrte cujo tratamento não foi levado a cabo : Schcm. dian. 9 q11id ergo de siguis,
a11s des Kerkers Ba11de11 . . . ; (Lus. Ill,131 Q11al contra a linda moça Police11a, tl111ribulis, p!taleris loq11ar (cf. Cic. Vcrr. li, 4,47,105) :; Athalie 3,3,930.
/ consolação extrema da mãe velha, / porque a sombra de Aquiles a condena, / co - C f. § 409.
ferro o duro Pirro se aparelha . . . (132, 1) Tais contra Inis os brutos 111atadores . . ;
. 2) A peret1rsio verbal é a forma mais breve da 11arratio (§ 43,2)
1 1 1 e 112 Qual o me111br11do e bárbaro Gigante / do Rei Saul ... Destarte e da expressão de quaisquer outros processos de acontecimento (p. ex.,
o Mouro pérfido despreza ... ] imperativos). Consiste na continuação abrupta (§ 472) de fases sucessivas
406. Exemplos para a formulação breve (§ 404) : II. 22, 132; Od. de acontecimentos, por meio de comas coordenados (§ 456). São possí
17,37; Vcrg. Cat. 9,6; PL 1,354. Quanto à função ética dos exe111pla
-
veis certas variações sintácticas ( p. ex., por meio da hipotaxe participia1).
cf. Plat. Gorg. p. 525b,2; Cinna 2,1 ,385. Se forem relatados discursos, têm estes de ser reproduzidos no discurso
indirccto (§ 432) . Exemplos (§ 347,2) : Rhet. Her. 4,54,68 Lem1111111
-
�) fig11rae per detractio11em (§§ 407-41 1) praeterie11s cepit, i11de Thasi praesidi11111 reliq11it, post 11rbe111 Vi111i11aci11111
s11st11/it, i11de p11ls11s i11 Hellespo11t11111 stati111 potitur Abydi; Suet. Iul. 37
407. A derractio (§ 60), no domínio do pensamento (§ 363), chama-se (§ 302,2) ; Aen. 1,340-368 ; 3,325-332 (cf. Racine, Androm., Prem. pré( :
brevitas (�pcxxuÀoy(cx, �pcxx_Ú'n)c;; [port. braquilogia, brevidade}) e consiste na Voilà, eu pe11 de vers, to11t le s11jet de cette tragédie); Baj. 1,1,17-24 ; RJ 1, 1,1 13-
omissão de pensamentos, cm princípio necessários para a 6.nalidade da -122; 5,3,229-269 1 rvill be brieJ, for 111y s!tort date of breat!t / is 11ot so lo11g
comunicação. Por isso, tende para a obswritas (§§ 130, 1 ; 132), contra as is a tedious tale . . ; Hml. 1,5,59-79 Brief let me be . . . ; MSt 5,10,3870-
.
a qual é utilizado (§ 408) o paradoxo (§ 37,1), como re111edi11111 (§ 90) -3875 ; 5, 1 1 ,3885-3887; Cid 1,1 ,24-40; 2,8,717-718; Bérénice 1,4,191-208;
provocatório. [Garrett, F. L. de S. 1 ,6, p. 48 Meu senhor c!tego11 : vi agora daquele alto
A breviras é motivada, muitas vezes, pela situação apressada do
e11trar 11111 berga11ti111 que é por força o 11osso. Está11eis com cuidado; era e
discurso (§ 4), mas também pode tomar-se num ideal de estilo, quanto
para isso, que já 11ai a cerrar-se a 11oite . . . Vi111 trazer-vos depressa a notícia].
41 O. A praeteritio (§ 407; 7t<XptU.1rnjiLc;; [port. preterição, paralipse])
ao pensamento e à linguagem (tal como cm Salústio e cm Tácito). As
figuras da detractio (§ 317,2) linguística são meios de expressão da brevitas é w referência à situação do discurso (§ 435) e consiste em anunciar
de pensamento, aparecendo esta das seguintes maneiras: como expressão �xaustivo
expressamente a intenção de dei.xar de lado o tratamento
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de um objecto referido ou de vários (na forma da perwrsio : 409) objectos espera, com muita impaciência. A aposioprse serve, deste modo, como
referidos no discurso: Cic. Cat. 1 ,6, 14 praetermitto ruinas Jort1111an11n fóm1ula da tra11sitio e, muito especialmente, para a interrupção do
t11aru111 . .. ; Aen. 10,36-38 q11id repelam ... ? ; Henriade 2,259-264 ]e ne cxordi11111 (§ 43,1 ) : Alexis 3 d ; Camus, La Peste I, 1 , p. 8 (p. 17) II se propose
vous peindrai point !e t11111ufte et les cris .. . ; [Lus. I,26,1 Deixo, Deuses, atrns encore . . . Mais il est peut�tre tc111ps de laisser les co111111entaires . . . ; (Vieira,
aJa111a mitiga / .. . / também deixo a memória q11e os obriga / a grande 11ome ... , Xl,128 Deixado, poré111, o Sol no Cé11, e a cltuva nas n11vens, passemos à
Vieira, V,469 Deixo os risos de Dióge11es, que metido na sua wba, zombava te"ª· e a toda a terra . . . ]
dos Afexa11dres e suas riquezas. Deixo a sobriedade dos Sénecas, dos Epictetos, 3) A interrupção do discurso pode corresponder à ine�rprinúbili
e só me admira .. . ]. dade da situação e pode ser, deste modo, um meio da ênfase de pensa
411. A retice11tia (§ 407 ; obticentia, i11terrt1ptio; cX7toaLw7t7JaLç [port. mento (§ 419): MSt 5,10,3875 legt das Haupt
aposiopese]) é a interrupção de wn pensamento já começado ou de -
uma cadeia de pensamentos já iniciada. Esta figura pode ser expressa y) figurae per ordinem (§ 412-415)
(§ 319) sintàcticamente pela interrupção de uma frase já começada
(•elipse»: § 318) ou pode desistir de uma interrupção sintácrica, desde 412. As .figurae per ordi11e111 (c( § 329) abrangem, no donúnio dos
o momento que a interrupção de pensamento não prejudique a tota pensamentos (§ 363), não só as .fig11rae per trat1sm11tationem (§ 61). que
lidade das frases (Quine. 9,2,57 q11id plttra ? ips11111 adolesce11tem dicere correspondem ao ordo artificia/is (§ 53,2) e, por conseguinte, o ltystero11
a11distis). protero11 (§ 413), a parenthesis (§ 414), a praeocwrsio (§§ 376,2; 392,Il),
Depois da interrupção do pensamento, segue-se um outro pensa o tipo posterius da s11bnexio (§ 376), como também, além disso, a sub11exio
mento diference do anterior. Esta .figura é, deste modo (dentro do em geral, entendida como um fenómeno, cuja propriedade característica
grande contexto do discurso total ou dentro do pequeno contexto de reside na ordenação dos pensamentos (§ 415).
uma sucessão de pensamentos), wn desvio cm relação ao objecto, até 413. O l1ysteron proteron (§ 412; úa-n:po)..oy(11, 7tp<d6Úa-rc:pov ; (port.
esse momento tratado (§ 434) e, com isto, serve também como meio histerofogia]) corresponde à an.ístrofc (§ 330) e é o ordo artificia/is
da tra11Sitio (§ 54,2). ( 53,2) de uma sucessão de acontecimentos, visto colocar-se, primeira
O principal motivo para a aplicação desta figura é o apt11111 (§ 48), mente, o estádio .final da sucessão de acontecimentos (que, do pomo de
no que diz respeito à opi11io (§ 34) do público, desde o momento em que vista afcctivo, interessa especialmente e que, por isso, se impõe). A esse
o pensamento interrompido poderia, devido a abuso intelectual e afectivo estádio fmal da sucessão de acontecimentos, liga-se a fase, que no tempo
(§ 37), quanto ao público (ou, devido à alegoria, quanto ao mundo das lhe é anterior e que aparece como epiphrasis (§ 377) de pensamento,
coisas, visto apresentar-se este como personificado), prejudicar esse com finalidade comentante e à qual se dá o nome de tm:Çljytjatç [port.
apt11111 e, consequentemente, falhar na obtenção da própria finalidade cpexegese] : U,4,504; Aen. 2,353 111oriam11r et iti media arma rt1an111s ! ; 8, 125
do discurso; progressi s11be1111t luco jluvi11mque relinqur111t. [ Canc. Galego-Castelhano
1) O orador perdeu-se egocêntricamente num grau de afeccos, v. 789 E11 sei bem sen falimento / ta morte e ta soedade ; v. 1 657 por q11e
que não corresponde ao público ou ao meio ambiente, e volta, outra me façades mo"er 11en penar; Gonzaga, Cartas Chilenas, IX, 352 resistem,
vez, ao nível mais fraco de afectos, mas que corresponde mais à dispo- grita111, ferem, 111ata111, prendem].
sição do público, utilizando a fórmula sed . . . : Aen. 1 , 135 q11os ego ! . . . 414. A pare11tliesis (§ 412; i11terpositio, intercl11s io; mxptvfü:aLç, mxpéµ-
sed motos praestat compo11ere fl11ct11s; Rhct. Her. 4,30,41 . . 110/o dicere ... ;
. 7t-rwatç; [port. paré11tese]) corresponde ao hipérbato (§ 331) e consiste
Androm. 2,1 ,436; 2,1 ,440; Athalie 5,5,712 ]e devrais rnr l'a11tel, 011 ta na intercalação, estranha à construção, de uma proposição (e, com isto,
mai11 sacrifie, / te . . . Mais dtt prix q11'011 offie ilfaut me co11te11ter; [Lus. VTI,78, de um pensamento) dentro de uma frase. Esta figura, que também pode
1-2 U111 ramo 11a mão tinha . . . Mas ó cego / e11, q11e co111eto, insano e teme ser considerada como aversio sintáctica (§ 444), é aplicada, sobretudo na
rário ... ; ll,41,2; Vieira, I,76-77 O n'istico veste como nístico, e fala como poesia, como substituição do período, e isto consoante o género lite
nístico ; mas um pregador vestir como religioso, e falar como : 11iio o q11ero dizer rário (§ 452). - Exemplos: Cic. Mil. 34,94 ergo cum te - 111ecu111 eni111
por reverência do lugar]. saepissime loquitur - patriae reddidissem ( Quint. 9,2,23) ; Aen. 1,3-6; 1,12;
2) O orador perdeu-se egocêntricamente num donúnio de objectos, 1 ,25-28; 1,64-65 ; Baj. 2,5,718; [Lus. VII,5,1 Vede-lo duro inglês, que se
o qual, segw1do a expectativa do público, ainda não devia ser objecto 11omeia / rei da 11efha e sa11tfssima Cidade, / que o torpe Ismaelita senlto
dessa parte do discurso. O começo da parte seguinte do discurso já se reia / (Quem viu lto11ra tiio longe da verdade ?) . . . ; ll,40,1 Este povo, que
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é me11, por quem derramo 1 as lágrimas que em vão cafdas vejo, I - que assaz a de impedir a compreensão, por parte do ouvinte, do pensamento que
de mal llie quero pois que o amo I se11do 111 tn11to co11tra me11 desejo - I por se pretende (RJ 4,1,19-36: r�postas enfáticas de Julieta durante a conversa
ele a ti roga11do choro e bramo . . . ] com P:íris), ou com a intenção lúdica de exigir do ouvinte um raciocí
415. A sub11exio (§ 412; 7tpoc;cur68ocrn;; [port. prosapcídoseJ) é o nio próprio (§ 166,6), que o satisfaça e que sirva para atingir a compre
acrescentamento de um pensamento (ou de vários pensamentos) a um ensão do pensamento pràpriamcnte dito. Esta intenção lúdica chama-se
pensamento (ou vários pensamentos}. Os fenómenos, que neste caso «alusão• (sig11i.ficatio, s11spicio et .figwa; úr.6voux, auvɵ.çiocatç) 1 e ora
aparecem, foram indicados, quando tratámos os tipos paradigmáticos serve para a obscuridade do omat11s (§§ 84; 162; 164; 420), obscuri
(§ 371,2} dos conteúdos da construção causal (e11tliymema: §§ 371-376} dade que provoca o estranhamento, ora para os gracejos (ridic11l11111:
e da construção adversativa (a11titheto11 : §§ 387; 390-392). § 69). - A alusão também se usa, com agrado, para pôr à prova o ouvinte,
no que se refere à sua cultura. Neste processo, alude-se a exempla (§ 404:
8) fig11rae per i11111111tatio11e111 (§§416-l47) Boil. Art . 3,298 (falando de Homero] To11t ce q11'il a to11cl1é se co11vertit
416. A i111m11tatio (§ 62} dos pcnsamcncos (§ 363} pode dizer respeito en or: com alusão à lenda de Midas, cujo conhecimento, por parte do
ao conteúdo dos pensamentos (§§ 417-430), aos elementos da situação ouvinte, é assim posto à prova) e alude-se a sentenças (§ 398).
do discurso (�§ -131 até 443) e à forma gramatical (§§ 444-447). - Cf. § 166,6.
Exemplos: A constatação das extraordinárias proporções do cavalo
l') tropi (§§ 4 17--130) de Tróia esconde-se por trás de outras constatações (Quint. 8,3,83),
tais como dç L7rnov xoc-rc:�rx.(voµ.ev (Od. 11,523) e demissum lapsi per
-117. O tropo de pensamento (sem1011is 11111/atio) é análogo ao tropo fi111em (Aen. 2,262) ; Baj. 3,4,959 ta11t que j'ai respiré («vou morrer cm
de palavra (§ 174), na medida cm que é a substituição (i111m11tatio : § 416) breve11) ; 5,8,1642; JC 2,1,327-328 (§ 392, 1 A 2aoc) ; MSt 1 ,7,959 Niclit
de um pensamento por our.ro pensamento. Devem distinguir-se, neste a11f der Starke sclirecklich Recht bemft Euch; (com alusão a um exempl11111
capítulo, como aliás também no outro (§ 175), tropos de alteração de [ § 404]): [Lus. 1,46,5-8 A ge11te d11 cor era l'erdadeira I q11e Fáeto11, nas terras
limite (§§ 418 até -t21) e tropos de salto (§§ 422-430}. ace11didas, I ao 1111111do deu, de ousado e 11ão pmdmte / o Pado o sabe e l.Ampe
d11Sa o se11te; IV,38,4 Pelejai, verdadeiros Port11g11eses (alusão aos Portugueses
A'} Tropos de alteração de limite (§418-421)
que se batiam por Castela, e que não eram, como estes, verdadeiros)].
-118. As diferenças entre cada um dos tropos de alteração de limite - No diálogo dramático é apreciada a rejlexio enfática de pensamento
(§ 417) não são, no donúnio do pensamento, tão nítidas como no donúnio (anàlogamente no § 292) : JC 3,1,1 Tlie ides of Marcli are come. // Ay,
dos tropos de palavra (§§ 184-225). Os tropos dissimulantes e os da Caeser, but 11ot goue; MSt 4,4,2793 (Leiccster fica silencioso, e de súbito,
ênfase (§ 419) e da perífrase (§ 420) ficam compreendidos sob o termo diz reflcctidamente) : Das will icli; (Garrett, F. L. de S. 1,12, p. 23 O aio
•maneira florida de falar» (sclwma, figura): também como «figura fiel do meu seulior D. João de Portugal, que Deus te11/ur em glória ? 11 Terá . . .
x�-.· tÇox+,v [cf. p. 66,2D. - A isto se acrescenta o tropo exagerante da (alusão à possibilidade de D. João estar ainda vivo). - C( os outros
hipérbole (§ 421). Quanto à metonímia, vid. § 423. exemplos portugueses no § 292).
419. Na ênfase (§§ 208; 418) esconde-se a expressão de um pensa Dentro da ênfase pode contar-se também a praeparatio (praestrrtctio,
mento importante e •perigoso» (p. ex., também obsceno), no que respeita praem1111itio; 7tpox-oc-.cx<nceu"Í) ; (port. preparação]), que consiste na prepa
a situação, atrás de uma expressão aparentemente «inofensiva» (dissi11111- ração dissimulada de um pensamento a conhecer : Aen. 4,9-14 (como
latio : § 428). Consegue-se essa «inofcnsibilidade», substituindo o pensa preparação do claro Jatebor: 4,20) ; Rol. 9 11e's pot guarder que mais 11e
mento, que se pretende e que para a siniação é perigoso, ou por meio /'i ateig11et; RJ 2,3,48-54 (§ 423; praeparatio alegórica) ; MSt 1,6,642 Mir
de um pensamento infinito (e que, portanto, não é necessàriamente jliegt ei11 bõses Almdeu d11rcl1 das Herz; 3,3,2201 Dara11s kmm 11i111111er ...
relacionável com a situação; §§ 393-399; RJ 4,1,21 Wlzat m11st be shall Gutes ko111111e11; [Lus. 1,44,7-8 Por dicmte passar determi11ava; I mas 11iio /Ire
be), ou por meio de uma sinédoque de pensamento (§ 420), cujo conteúdo sucedeu como cuidava (45,1) Eis aparecem logo em co111pa11/iia / u11s peq11e11os
distintivo não é apenas apropriado para o pensamento em questão, como batéis . . . ]
também para muitos outros pensamentos possíveis.
Esta figura é empregada pelo sujeito falante, ou com a intenção 1 Fr. aliluio11, iogl. allusio11, ic. al/11sio11t, csp. a/11sió11, fport. a/1uâo]. - Lat. al/11sio, all11d�rr,
séria, determinada pelo perigoso da situação do discurso (§ 48), que é é só cmprcg2do pelo discurso jocoso, que umbém pode comprttodt't' alusões.
248 249
3) «De manhã» : Od. 2,1 : Henriade 7,475; [ Lus. Il,92,5-6 iam-se sinal revelador do pensamento pretendido : Quine. 8,6,48). Se o pensa
as so111bras lentas desfazendo, / sobre as .flores da terra, e111 frio orvalho] ; mento propriamente dito não for somente indicado por sinais, mas
4) «Princípio da primavera• : Inf. 1,38-40 ; sim expresso adicionalmente, no seu todo, surgem então as f:guras da
5) •Quando cu tinha nove anos.: Dante, Vita Nuova 2,1. definição alegórica (§ 379,2) e da similit11do (§ 402). - Os limites são
421. A hipérbole de pensamento (§§ 212; 418) é uma a111pli pouco nítidos. Assim se formula a parábola bíblica (parabola, 7t«pcif3o!.-fi),
ficatio (§ 73) paradoxal (§ 37,1) do pensamento que se pretende. Pode ora como alegoria (Matth. 13,3-9), ora como similit11do (Matth. 1 3,24-30),
servir-se : ora como definição alegórica (Ioh. 15,1-2).
1) Da amplificação gradual : li. 13,837; Cic. Phil. 2,25,63; Aen. 1,162 Muitas alegorias (p. ex., a carte de navegan para a «condução dos
ge111i11iq11e mi11a11t11r / ill cae/11111 scop11/i; Matth. 7,23 111111q11a111 11ovi vos negócios do estado» e para a «condução individual da vida, especialmente
(Horace 2,3,502 je 11e vo11s co1111ais plrrs; Polyeucte 5,3,1612; MSt 4,4,2772) ; cm tempos pcrigosoS)) tomaram-se bem comum da cons11etudo linguis
JC 3,1,159 Live a tlio11sa11d years; [ Lus. ID,46,5-6 e dia11te do exército tica (§ 104), por meio da tradição escrita e da tradição oral. A tradição
potente / dos inimigos, gritar1do o cé11 tocavam]; e transformação dos «campos de imagcrm é um fenómeno da história
2) Da similit11do (§ 401) : LI. 10,437; 221132; Aen. 8,691 credas i111iare do espirita.
rev11/sas Cycladas; Exemplos : li. 1 9,222; Ioh. 16,21-22; Hor. carm. 1,14 (arte de navegar
3) Da comparatio amplificante (cf. § 326, 2b) : ll. 10,437; Od. 13,86-87; para caracterizar a política) ; Cic. Pis. 9,20; Cid 2,3,445-451 (arte de
Aen. 5,319 f11/mi11is odor a/is; 12,84; [ Lus. IX,70,3-4 Isto dito, veloces 111ais
q11e gamos, / se lançam a correr pelas ribeiras]. A este tipo também pertence
- navegar para concretizar um destino individual) ; 3,4,989-990; 2,8,676
so11 sang s11r la po11ssiere écrivait mo11 devoir; RJ 1,1,214 slre'/{ 11ot be liit
a «comparação irreal• (Acn. 7,808-811): (Lus. I,10, 7-8 E j11lgareis qual / rvith C11pid's arrorv; JC 1,2,304-306 ; 2,1,22-27; 4,3,21 8-224 ; R III
é mais excele11te / se ser do 1111111do rei de se tal ge11te]. 1,1 ,1-4; [(tola a/legaria : § 423,1) Vieira, Xl,151 Se a111m1/rcce o Sol, a todos
aq11e11ta : e se clrove o Céu, a todos mo/lia. Se t11da a luz caíra a uma parte,
e toda a tempestade a outra, quem o sofrera ? Mas 11ão sei q11e i11j11sta co11diçifo
é a deste eleme11to grosseiro em q11e vivemos, q11e t1s mesmas igualdades do
250 251
Céu, em clrega11do à terra, logo se desig1wla111. Chove o Céu co111 aquela É exactamentc este estado de insensibilidade que justifica a «incoerência
ig ualdade distributiva que 11e111os; 111as e111 a água clrega11do à terra, os 111011tes de imagens•, que é precisamente um meio da dedução linguística das
ficão c11x11tos, e os vales afoga11do-se; (per111ixta apertis allegoria : § 423,2) realidades (que não estão ligadas ·ao preceito da unidade das imagens).
José Estêvão, Discursos Parlamentares, U, p. 307 «discurso sobre a questão 424. A alegoria pode também tornar-se princípio de interpre
do navio Clrarles et GeorgeS» As 011das, tocadas da te111pestade, bate111 furiosa tação, quando, p. e.x., se atribui, devido à modificação da situação, um
mente 110 penhasco que as assoberba. Nesta lide, atropela111-se, amo11toa111-se, novo sentido ao discurso de uso repetido (§ 14). Cf. Hdb. §§ 900-901 ;
sobe111 u111as sobre as outras, repetem assim ataques, rcdobra111 os arremessos, C. Sõhngcn, Analogie und Mctaphcr, Kleine Phjlosopbie und Thcologic
até que g111gam à altura em que a resistê11cia as levou, e de lá,Jatigad11s e desfeitas der Sprache, Friburgo-Munique, 1962.
em espu111a, caem 110 111ar de 011de saíram, 110 mar de 011de eram, 110 mar que Aparentada com a alegoria está a tipologia bíblica, que reúne,
/Ires dera a força, 110 mar em que se toma111. Os /reróis são estas cataratas passa numa correspondência tipológica, realidades históricas : deste modo é
geiras, estes cachões espumosos. O mar é a l111111a11idade . . . ; Lus. VI,52,3-4 o histórico rei David um typ11s (.figura, -n'.i7toc;) do antityp11s (àvrk•.moc;)
de Portugal, ar111ar madeiro leve / ma11da o q11e tem o le111e do govemo (arte Cristo. - Cf. § 404.
de navegar, para caracterizar a política) ; I V, 1 , 1 -8 ; X,61,2]. - Também 425. Uma variante de realização da alegoria é a •pcrso1üficação•
há sentenças alegóricas (§ 398,1). (fictio perso11ae, 7rpoaw7to7tot(o:, prosopopoeia; [port. prosopopeia ]), guc
Uma alegoria, fechada em si mesma e cujo pensamento fw1damental, consiste na introdução de coisas concretas (p. ex., de um rio: Fray Luis
nela pretendido, seja diGcilm.entc reconhecível (obscrrritas: § 132; i. é, de Léon, Profecia del Tajo) 1 , assim como de noções abstractas e colectivas
somente no caso do conhecimento pormenorizado da situação social (p. ex., da pátria : Cic. Cat. 1,7,18; 1 , 1 1 ,27), como pessoas que aparecem
e a1úmica do sujeito falante), chama-se «enigma» (ae11igma, cxfoyµo:) : a falar e a agir (como no romance da rosa, do francês arcaico e no teatro
RJ 2,3,48-54 (alegoria da guerra do amor, que, já cm si própria, é um de Caldcrón). [Exemplos portugueses : (coisa concreta) Lus. l , 1 4, 5-6 e os
paradoxo [§ 37,1]. mas que neste caso, tem um sentido especialmente te111idos / Al111eidas por q11e111 sempre o Tejo chora; II,49,1-2 E vereis o Mar
adaptado à situação, na medida cm que as fanúlias, dos dois apaixonados, Roxo, tão famoso, / tomar-se-lhe amarelo de enfiado; (noções abstractas)
se encontram efcctivamente em estado de guerra), 55-56 (conselho para Antero de Quental, Sonetos, p. 147 •Ü que diz a morte» •Deixai-os
que se faça uma revelação: Be plai11, good so11 ), 57-58 (revelação : Tlre11 vir a mim, os que lidaram; / Deixai-os vir a mi111 , os que padece11i» . . . Asçi111
plai11ly Jmo111 . . . ). a Morte diz . . . ] - Também a fábula de animais (Jab11la,Jabella, apologus;
Também a mcto!Únúa mitológica e simbólica pode ser transfor- &7t6Ãoyoc;; [port. apólogo, fábula]), pode ser igualmente incluída neste
mada em alegoria (§ 225,2). - A alegoria é chamada (cm relação ao tipo [cf. Sá de Miranda (Carta a Mcm de Sá) «Ü Rato do Campo e o
§ 224) «símbolo• ou •alegoria simbólica•, quando, entre o objecto prete� Rato da Cidad� e (Écloga Basto) «Ü Cavalo e o Cervo� J.
dido e a alegoria, se admite uma real participação, que, pela alcgona,
é dada a conhecer (§ 225,l). Assim, no •Judenbuchet (•A Faia do Judew)
de Drostc-Hülshoff, é a faia um símbolo (B. von Wiesc, Dic dcutschc 2') iro11Ía (§§ 426-430)
Novelle, Düsseldorf 1959, p. 155). A m�tas alegorias (§ 402) de Virgüio,
atribui V. Põschl (Die Dichtkunst Vergils, Innsbruck-Viena 1950, p. 134, 426. A iro1ú.a, como rropo de pensamento (§§ 417; 422) é, cm
comentário a Aen. 4,69-73) força de interpretação simbólica. primeiro lugar, a ironia de palavra (§ 232) continuada como ironia de
Se wna alegoria for composta por elementos tirados de diversos pensamento, e consiste, desta maneira, na substituição do pensamento
campos da imagem, temos então uma mala affectatio (§ 95,2), que é em causa, por um outro pensamento, que está ligado ao pensamento
chamada i11co11seque11tia rem111 (fr. i11cohérence) : Limé, s. v. incohérent: em causa por uma relação de contrários (§ 227) e que, portanto, corres
c'est 1111 torre11t q11i s 'all11111e (en parlant d 'un oratcur) ; H. Monnier, Grandeur ponde (§ 429) ao pensamento do adversário (§ 232).
et décadcncc 3,3 Le clrar de l'État 11avig11e sur 1111 volcar1; Baj. 4,1 , 1 1 59 427. Como tropo de pensamento é a ironia, contudo, mais dife
f par 111es pleurs ses soins trop la11g11issa11ts; (Lus. IV ,87,8 que ape11as
éc/1a11.fant renciada do que a ironia de palavra (§ 232). Tem de distinguir-se entre
11os 111e11s ollros ponlro freio]. - Como os tropos em geral (§ 178), podem a dissimulatio (§ 428) e a si11111latio (§ 429).
também os campos de imagem com.ar-se tão mecânicos, que o seu
próprio carácter de imagem já nem sequer é sentido na linguagem falada, 1 A personificação fundamenta-se, frequentemente, nos fanos mi1ol6gicos, ui co1no cm
llor. a.rm. 1,16 (modelo de Fr.iy Luís).
muito embora ele seja perscrutável por mc-io da reflexão etimológica.
252 253
428. A dissi11111latio (§ 427) consiste em esconder a opinião do per111issiio, epítrope]), porque o sujeito falante, que não conseguiu impor-se
partido a que se pertence, e isto das seguintes maneiras : com o seu conselho ou opinião partidária, deixa, agora, desesperado,
1) Por meio da i111m11tatio gramatical, processo pelo qual uma completa liberdade aos ouvintes a quem se dirige. O sujeito falante
afirmação que pretende fazer-se, é transformada (§ 445) numa pergunta está convencido, de que o caminho ecolhido por quem ouve, contra
cm que se simula incerteza ou falta de convicção. Isto é propriamente o conselho do que fala, não conduzirá ao verdadeiro bem que ele deseja
a chamada «ironia socrática• (dpwvdix carte de pergw1tar, em que se para o ouvinte («quem me não quer ouvir, sentirá as consequênciaS») :
esconde a própria opinião)), que provém de ef.pe:aO«� «pcrgWltar») . Acn. 4,381 seq11ere !ta/iam ventis, pete reg11a per 1111das; Cic. Cat. 1,5,10
2) Por meio dos trapos da ênfase (§§ 208-2 10; 4 1 9) e da lítotcs q11id expectas ? pro.ficisccre . . . ; Georg. 4,329; Rac., Alcx. 1, 1, 74 Eh bie11 !
(§ 21 1), que escondem a opinião que se tem. Também é possível o perdez-vo11s . . . ; 4,4,1245 Allez do11c; Androm. 4,5,1381 Va /11i j11rer . . . ;
correspondente emprego da pcrifrase (§§ 1 86-187; 420), da sinédoque .Bér. 5,5,1328 Reto11mez . . . ; MSt 4,4,2802 So rette dicli; 4,9,3101 Er111arte,
(§§ 192-201 ; 420), da alegoria (§§ 423-425) e de outros tropas. - Pertence zõgre, sã11111e . . . ; [Lus. U,39, 7-8 Faça-se como Baco deter111i11a; / assentarei,
especialmente a este tipo (§ 430,2) a cqui vocidade (§ 149,1) proposi l't!fi111, q11e fili 1110.fi11a; II,41,1 Mas 111011ra, e11Ji111, 11as mãos das brutas ge11tes;
tada e enfática (§§ 208-210) das palavras : Baj. 1 ,3,273 vos bo11tés («benfei Vieira, IV,146 Ide embora, peregri1111 prete11de11tc, ca111i11hai s11bi11do mo11tcs,
torias originadas pela bondado ou •mostras de amizade») ; 3,6,1050 e desce11do vales; chegai causado à terra, onde vos leva voçso desti110, q11e
e>
(o mesmo) ; 3,6, 1051 re11co11tré («encontrado por acaso•, embora se trate, na lá pretendereis]. Uma variante desta figura é a apóstrofe dirigida pelo
-
realidade, de um encontro previamente combinado•) ; CIL VI 1 139 (arco orador a si pr6prio (§ 442,3c).
de Constantino) i11sti11ct11 divi11itatis («de DeUS» ou «dos deuses•; § 223). 430. Dissimulação e simulação (§§ -127-429) aparecem, de novo,
3) Por meio das figuras da detractio de pensamento (§§ 409 até 4 1 1) num contexto de fenómenos mais lato. Devem distinguir-se dois graus
e da referência à situação do discurso (§§ 435-440) as quais escondem de evidência (c( também § 66) :
cm geral a riqueza de palavra, que se possui e a capacidade de dominar 1 ) A «ironia retórica» (§§ 428-429) quer que a ironia seja compre
a situação, ou então simulam, minimizando o valor (§ 37,2) do assunto, endida pelo ouvmtc, como ironia, e, portanto, como sentido contrário
que interessa ao partido que se defende. (§ 426). O orador pode querer (as mais das vezes, isto acontece na
429. A si11111latio (§ 427) consiste na representação pos1t1va da simulaç.1 o: § 429) obter imediatamente no ouvinte este resultado de
opinião do adversário (§ 426), a qual, as majs das vezes, provoca efeitos compreensão, ou então pode querer jogar, durante algum tempo, com
afcctivos (§ 232), e muitas vezes também, se apresenta cnfàticamcnte wn cstáruo passageiro de mal-entendido (§ 1 32,2; e isto freq uentemente
sem má intenção (e, portanto, dissimulando a intenção de actuar) . Neste na düsimulação: § 428) .
caso é a co11ciliatio (§ 381) uma forma enfraqucccdora da irorua. - A si11111- 2) A «ironia que emprega a táctica da acção» usa a dissinrnlação
lntio aparece : e a simulação como armas do engano : quer, por conseguinte (até que
1) Na forma de afirmação (que corresponde ao ge1111s i11diciale e ao se dê wna eventual alteração da situação), manter, cm estado defirutivo,
ge1111s de111011strativ11m: § 22,1,3) ou de excla111atio (§ 446) : Acn. 4,93-95 o mal-entendido (§§ 132,2; 430, 1). O sujeito falante não quer tomar
egregiam vero la11de111 et spolia ampla rejcrtis . . . ; Cic. Mil. 8,20; Androm. conhecida a sua própria opillião partidária, pois que a situação (§ 4)
5,5, 1 6 1 3 Grâce a11x die11x ! Mo11 111all1e11r passe 111011 espéra11ce ! / 011i, je não permitiria, apesar de tudo, uma acruação eficaz da própria opillião
te lo11e, ó Cicl, de ta persévéra11ce ! ; JC 3,2,130-132 (com inofcnsibilidade partidária, por meio da persuasão (§ 6). Do mesmo modo, a manifes
enfática) I rvill 11ot do tliem rvroug; I rather choose / to 111ro11g the dead, to wro11g tação da própria opinião partidária não cumpriria a finalidade do discurso,
myse/f, a11d yo11, / tha11 I 1vill 1vro11g s11cl1 '1011011rable 111en; ( Vieira, ID,482 visto que teria, como resultado, apenas o informar o partido contrário
Abrasai, co11s11111i, dcstruí-11os todos ... Holanda defenderá a verdade de vossos sobre a própria opinião partidária, processo que permitiria ao partido
sacra111e11tos e a autoridade da Igreja Ro111a11a; Hola11da edificará te111plos; contrário aproveitar este aumento de informação cm desfavor do partido,
Hola11da le11m1tará altares . . (no sermão «Pelo Bom Sucesso das Armas
. a que pertence o sujeito faJantc. A ironia que usa a táctica da acção aparece:
de Portugal Contra as da Holanda.) ; VIl, 75 Tão delicada, e 111i111osa era a) Em situações verdadeiramente graves e na númesis literária
s11a co11sci�11cia, q11e 11iio só a pisavam os cscrâp11/os próprios, se11ão ta111bé111
os alheios]. Cf. também § 445,2.
-
dessas situações, muito especialmente no drama : Androm. 3,1 ,719 dissi-
2) Na forma de wn conselho (que corresponde ao ge1111s delibe 11111/ez; Bér. 1,2,26 d'1111 11oile d' a111itié j' ai co1111ert 111011 a111011r; 1 ,4,233;
R III 1 , 1,41 Dive, tho11glits, do1vi1 to my so11/! ; JC 2,1 ,224-227 ; RJ 4, 1,19-36
rativ11111 : § 22,2). Esta figura chama-se então per111issio (hn-:-po,.�; [port. (§ 419); MSt 1,6,545 der Verstell1111g scl1were K1111st; 5, 7,3722-3724;
254 255
Tell 1 ,4,722; Uosé Estêvão, Discursos Parlamentares II, p. 294 Niio düsi- carta)]. - A ironia da simulação (§ 429) pode ser concebida, na máscara
11111/emos. Fomos agravados, ofendidos . . ; Garrett, F. L. de S. 3,5, p. 1 2 1
. do adversário, como sermocinatio.
Basta; vai dizer-lhes que o peregrino era 1111.1 impostor ... ] 2) Como diálogo (colloquia personar11111; �t!V,oyo L)): Od. 1 ,31-95;
b) Na habitualização, tomada linguagem, ou seja, nas formas de Aen. 1,64-80 ; Rhet. Her. 4,52,65; La Font., Fables (muito fregucnte
cortesia, subordinadas ao ap/11111 (§ 464) e utilizadas em sociedade (que mente) ; RJ 1 ,3,41-48; [ Lus. V,35 Disse então a Veloso 11m companheiro
usa, p. ex., a perífrase, a lítotcs, a ênfase, a aposioposc: §§ 190,2; 208 ; / (começando-se todos a sorrir) : / - Ou lá! Veloso a111igo, aquele outeiro
21 1 ; 41 1 , 3 ; 4 19-420) e no eufemismo (§ 1 77,1 ; Euqn)µ.Laµ6ç) . / é melhor de descer que de subir. / - Si111, é, responde o ousado a11entureiro;
c) A ética tem dificuldade cm conceder bom acolhimento à ironia, / Mas, quando eu pera cá 11i tantos vir / daqueles cães, depressa u111 pouco
que usa a acção como táctica. Aparece mesmo o repúdio das formas de 11i111, / por 111e le111brar que estáveis cá sem 111i111; VI,40-41 ].
cortesia (Mol., Mis. 1 , 1 ,35-36). Esta problemática, contudo, não pode 3) Como monólogo, ou reflexão espiritual, a qual, quando contém
ser aqui considerada. perguntas (quid facia111 ?) deliberativas (§ 22,2), se chama 8LcxÃoytaµ6c; 1
3) O contrário da dissimulação e da simulação é a sinceridade, [port. dialogis1110] sem que, por isso, se tenha de elaborar o conjunto
usada como táctica do discurso (confess11m, sinceritas) e cujo meio de pergunta-resposta: Od. 5,465-473; 13,200-21 6 ; Acn. 1 ,37-49 ; 4,534-552;
expressão de palavra e de pensamento é a perspic11itas (§ 130) (Cid 1 , 1 , l Baj. 3,7,1065-1096; RJ 2,2,1-25; MSt 2,6,1632-1661 ; [ Lus. I,74-76 (pala
1111 rapport bie11 si11cere). vras de Baco) : Está do Fado já determinado / q11e tamanhas virórias, tão
fa111osas, / hajam os Portugueses alcançado / das Indianas gentes belicosos. /
Il') aversici (§§ 431-443) E eu só, filho do Padre subli111ado, / co111 ta11tas qualidades generosas, / fiei de
sofrer que o Fado favoreça / outre111, por que111 111eu no111e se escureça? etc.].
431. A aversio (f.LE-rlÍ�cxa1ç; (port. aversão, metábasc]), no sentido 433. Uma variante da ser111ocinatio do diálogo (§ 432,2) é a percon
mais lato, é uma modificação da perspectiva do processo do discurso, tntio (exquisitio, Ê�e:-r!laµ6c;; [port. exetas1110 ]), que consiste na imitação
no que diz respeito aos três elementos da situação do mesmo dircurso (i111itatio : § 432) de um diálogo do orador com o seu adversário
(§ 4) : no que respeita ao orador (§§ 432-433), ao objecto do discurso ou com o público (Plat. Gorg. p. 505 d cX7toxpte:6µe:voç acxvT<i>) .
(§§ 434-441) e ao ouvinte (§§ 442-443). Neste processo, o orador repete, interrogando, um pergunta ou uma
afirmação, por si próprio forjadas, como se elas proviessem do
A') aversio ab oratore: sem1oci11ntio (§§ 432-433) adversário. Depois disto, acrescenta-lhes mesmo uma resposta anticética
(§ 387,3). O acrescentamento da resposta chama-se subiectio (suggestio,
432. O afastamento do orador de si próprio (§ 431) consiste na respo11sio; tmopop.X, &r.6cpcxatç, (h6xp taLc;; (port. apócrise]). A sucessão
ser111oci11atio (ethopoein; 1j6o'Tt'oL(�, µ(µ-l)a�ç; (port. etopeia ]), por meio de pergwna e resposta repete-se, as mais das vezes, com frequência, como
da qual o orador coloca o seu discurso, muito embora seja ele próprio num interrogatório: Cic. Or. 67,223 do11111s tibi deerat? at habebas; pec1111ia
a falar, na boca de outra pessoa, e isto, no discurso directo e imita superabat ? at egebas; Bernard. Clarav., Brev. Rom., die 1 5 sept., lect. 6
(i111itatio, µ(µ:l)atç), neste caso, a m.aneira d e falar característica daquela (PL 1 83, p. 438 B) sed forte quis dicat «nu111q11id 11011 cu111 praescierat wori
pessoa (daí o chamar-se «etopeia"t). - A ser111oci11atit> (rara no discurso turum ?» et indubitanter; «1111111q1tid 1w11 sperabat co11ti11110 resrirrecturum ?» et
indirecto) aparece nas seguintes formas: . fidenter; «Super haec deluit cr11ci.fixu111 ?• et 11elie111enter; [ Vieira, I,548 Primei
1) Como discurso sem diálogo: Cic. Mil. 34, 93 me q11ide111, i11dices, ramente eles dizem que há para que111 quereis; e 11ão há para que111 11iio quereis.
exa11i111ant et i11terim1111t hae voces Milonis, q11as a11dio assidue et q11ib11s Eu 11iio digo isso; porque o 11ão creio : 111as se 11ão Irá co111 q11ê, por que lhe niio
i11ters11111 q11otidie : «valcnnt, i11q11it, 11alem1t civcs mci, si11t i11colu111cs, si11t dizeis que 11iio há ?; VIII, 194 Quem siio os ricos neste 1111111do ? Os q11e têm
florentes, sint beati . . » ; Aen. 1 ,93-101 ; Baj. 4, 1 , 1 1 35-1144 (leitura de uma
. m11ito ? 11iio; porque quem tem 11111ito deseja 111ais; e q11e111 deseja mais, falta-lhe
carta) ; RJ 1 ,2,66-74 (leitura de uma carta) ; [Lus. Il,61-63 (fala de Mercúrio o que deseja, e essa falta o faz pobre]. - Uma variante especial desta figura
ao Gama) Quando Merc1írio em sonhos lhe aparece, / dizendo : - Fuge,
fuge, Lusitano, / da cilada que o Rei malvado tece . . ; IV,73-74 (fala do rio
.
1 •figure de rhétorique qui consiste � me1tre sous la forme de dialogue les
Fr. dialogism�
idées ou lcs senciments que l'on prêre à ses pcrsonmgcn; ingl. dialogism •the discussion of a subjcct
Ganges ao Rei D. Manuel). Este, que era o mais grave 11a pessoa,
undcr tb.e form of a dialogue-; it. diafogis1110 tfinzione di dialogo• ; csp. dialogismo .figur.1 ,que se
/ destarte pera o Rei de longe brada: - / O t11, a cujos reinos e coroa /grande comete cuando la pcrsona que habla lo bace como si platic:ir.i consigo mismo•; [port. diafogismo
parte do mundo está guardada . ; Garrett, Catão 3,3, p. 77 (leitura de uma
. .
é a fala do poeca com a Musa: Il.1,8-9; Aen. 1 , 1 1 e scgs.; PL 1,33-36 ; aspereza, / pois desta vida te concedo a palma, / espera um corpo de quem levas
Musset, La Nwt de Mai; [ Lus. ill, 1 , 1 scgs. Agora tu, Calfope, me ensina a al111a !]
J o que contou ao Rei o Ilustre Gama ... ]. - C( ainda Piar. Gorg. p. 506c,5. 438. A licentia (oratio libera, mxpp"l)a(a; [port. lice11ça]) consiste na
A «personificação• (§ 425) é