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Índice

Introdução..........................................................................................................................1

A Narrativa........................................................................................................................2

A Tradição.........................................................................................................................3

Planificação Semanal – Tema: O Natal.............................................................................4

Descrição das actividades..................................................................................................5

Conclusão..........................................................................................................................9

Webgrafia/Bibliografia....................................................................................................10

Introdução

No âmbito da disciplina “Educação para a Cidadania”, leccionada pelo Professor Ramiro

Marques, foi-nos solicitada a realização de um trabalho, sendo a escolha do tema opcional de

entre várias hipóteses apresentadas no programa da disciplina.

Optámos pelo tema “O Papel das Narrativas e da Tradição”. A escolha recaiu sobre esta

temática uma vez que consideramos de extrema importância o recurso às narrativas e a

abordagem e exploração das tradições em todos os níveis de ensino, pois tanto as narrativas

como as tradições transmitem conhecimentos, ajudam a desenvolver competências e fomentam a

curiosidade das crianças.

É, através das narrativas que a criança enriquece o seu vocabulário, amplia o mundo de

ideias e conhecimentos, desenvolvendo a linguagem e o pensamento. As narrativas estimulam a

atenção, a memória, cultivam a sensibilidade, ajudam por vezes a resolver conflitos emocionais e

estimulam o imaginário da criança. Como recurso pedagógico a narrativa abre espaço para a
construção de conhecimentos e para o desenvolvimento de capacidades e atitudes.

Ao longo deste trabalho, faremos inicialmente, uma pequena abordagem sobre cada uma

das temáticas, referindo os dois conceitos, seguindo-se, então, a explicação do papel de cada uma

na aprendizagem escolar das crianças. No final, incluímos uma planificação semanal, onde

apresentamos algumas actividades relacionadas com o tema do Natal, bem como a descrição das

referidas actividades.

A Narrativa
“Tradicionalmente, as narrativas têm sido discutidas no âmbito dos Estudos Literários,
que distinguem os seus tipos mais comuns – o romance, a novela, o conto e a crónica – e
consideram os seus elementos estruturais – o enredo, os personagens, o tempo, o espaço e o
narrador” (VILARES GANCHO, 1997).
Contudo, o papel da narrativa como meio de conhecimento é valorizado há muito tempo
por diversas disciplinas como a história, a psicologia, a filosofia, a linguística, a antropologia ou
a literatura. Durante as últimas décadas, também a educação passou a reconhecer, de forma
crescente, a importância da narrativa como metodologia de desenvolvimento pessoal, de
desenvolvimento de capacidades e atitudes e de construção de conhecimentos.
Diferentes autores, como Edwards (1997) e Bruner (1986), apresentam a narrativa como
uma das formas básicas pela qual o homem se expressa, estrutura e organiza o seu pensamento, o
que lhe permite organizar a experiência, descrever o mundo, entender como ele funciona,
comunicar e transmitir de ideias.
Na psicologia, os primeiros estudos sobre a narrativa iniciaram a partir dos trabalhos de
Bartlett (1932/1961). Bartlett chegou à conclusão de que o sujeito reconstrói a história no acto de
a recontar, a partir dos seus interesses e das suas experiências passadas.
Segundo Tolchinsky (1990), a narrativa ao expressar os acontecimentos inseridos em
contextos lógicos, contribui para a organização das vivências do indivíduo através de
acontecimentos em que este mais investiu emocionalmente, organizando-os por referências
significativas para si, referências essas que ajudam a prolongar a experiência na memória.
As narrativas, entendidas como sinónimo de histórias, tanto escritas como orais, têm sido
utilizadas desde há milénios e em diversas culturas principalmente como instrumentos
educativos, constituindo artefactos culturais com potencialidades na organização do pensamento
e da realidade e na estruturação de aprendizagens (ROLDÃO, 1995).
A narrativa favorece a exploração das dimensões pessoais dos sujeitos, ou seja, os seus
afectos, sentimentos e percursos de vida, permitindo aceder à complexidade das interpretações
que estes fazem das suas vivências, das suas acções, dos seus sucessos e insucessos e dos
problemas, desafios e dilemas com os quais são confrontados.
Segundo Polkinghorne (1988), McEwan e Egan (1998), é a narrativa que dá sentido à
experiência humana. Assim, a narrativa surge como a metodologia mais adequada à compreensão
dos aspectos contextuais, específicos e complexos dos processos educativos.
É importante referir que a análise e debate de narrativas em contexto escolar permitem
que os alunos desenvolvam capacidades analíticas e de tomada de decisão, interiorizem
conhecimentos sobre as temáticas em causa, aprendam a lidar com situações complexas e
controversas da vida real, desenvolvam capacidades comunicacionais, reforçando, deste modo, a
sua auto-confiança e, frequentemente, trabalhando colaborativamente. A discussão de narrativas
marcadas pela controvérsia revela-se, ainda, extremamente eficaz no desenvolvimento moral dos
alunos (REIS, 1997).
A Tradição
A palavra tradição vem do latim, do verbo "tradere" que significa trazer, entregar,
transmitir, ensinar. Logo, tradição é a transmissão de práticas ou de valores espirituais de geração
em geração, o conjunto de crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com
respeito através das gerações, passando de pais para filhos no decorrer dos tempos. “ Todo o tipo
de conhecimento é, por definição, limitado e incompleto. Daí o desafio de conhecer a história de
vida dos nossos Pais, um instrumento essencial para a compreensão da nossa vida”(Ana Vieira
de Castro 2005). É um conjunto de ideias, usos, memórias, recordações e símbolos conservados
pelos tempos, pelas gerações.
Os aspectos específicos da tradição devem ser vistos nos seus próprios contextos: tradição
cultural, tradição religiosa, tradição familiar e outras formas de “imortalizar” conceitos,
experiências e práticas entre as gerações.
Na sociedade em que vivemos, a tradição tem sido deixada de lado e temos assistido a
readaptações culturais, no entanto devemos ter consciência que cada criança é um indivíduo fruto
de uma panóplia de tradições, a sua língua e a sua cultura modelam o seu desenvolvimento, por
isso conhecer as tradições familiares é conhecer a criança em toda a sua dimensão. Neste sentido,
é imprescindível que os educadores/professores fomentem, valorizem e encontrem estratégias
que lhes permitam trabalhar as tradições de cada criança pois só deste modo poderão conhecer as
crianças e ajudá-las a desenvolver competências necessárias a um desenvolvimento pleno.
Planificação Semanal – Tema: O Natal

Descrição das actividades

O tema que surge na planificação é o tema do Natal. Escolhemos esta época pois
consideramos que este é um tema bastante sugestivo que permite não só a troca e partilha de
experiências e vivências, como favorece o conhecimento de cada um e dos outros. Este é um
tema que permite a realização e exploração de várias actividades, o que possibilita que as
crianças desenvolvam competências, abrangendo também vários objectivos. As actividades
apresentadas destinam-se a crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 5/6 anos que
frequentam o Jardim-de-Infância.

Segunda-Feira
Para iniciar o tema do Natal a educadora pode por exemplo fazer referência à história do
menino Jesus. Depois pode pedir às crianças que lhe digam algumas palavras que lhes façam
lembrar o Natal. Enquanto as crianças vão dizendo, a educadora vai registando as palavras numa
folha e elaborando os respectivos desenhos. A educadora aproveita para explorar as concepções
de cada criança sobre o tema e para analisar as vivências de cada uma nesta época. Em seguida, a
educadora explica-lhes que vão fazer poesia com as palavras sugeridas. Mas antes, lê um poema
relacionado com o tema de modo a que as crianças fiquem elucidadas e contactem com poesia e
com palavras que rimam, pedindo-lhes que as identifiquem. Com esta actividade pretende-se que
as crianças passem a conhecer com mais pormenor a história que deu origem a esta tradição e
comemoração. Também é importante que a educadora fique a conhecer as concepções de cada
criança sobre o tema em questão, bem como as vivências de cada uma nesta época tentando
mostrar a todas que cada família vive as tradições de forma diferente consoante o que lhes foi
transmitido.

Terça-feira
Para começar a educadora lê uma história às crianças relacionada com a actividade que
irão realizar ao longo do dia. O livro intitula-se: “Uma carta especial” e mostra exemplos de
cartas que se escrevem ao Pai Natal.
Depois, a educadora explica-lhes que todos vão escrever uma carta ao Pai Natal, por isso
todos devem pensar nos presentes que querem pedir e na mensagem que querem transmitir na
carta. Esta é uma actividade individual, por isso a educadora vai chamando uma criança de cada
vez. Começa por lhes mostrar uma folha cujo título é “Carta ao Pai Natal”, tira uma das cartas do
livro para servir de exemplo e explica a estrutura de uma carta: no canto superior direito
devemos escrever o nosso nome e a nossa morada, depois devemos começar a carta fazendo
referência ao Pai Natal e podemos escrever “Querido Pai Natal” ou “Pai Natal”, em seguida
podemos pedir os brinquedos que desejamos receber no Natal, fazendo referência à forma como
nos portámos ao longo de todo o ano e por fim devemo-nos despedir mandando beijinhos ou
abraços ou dizendo obrigada e assinando o nosso nome por baixo. Em seguida, a educadora pede
a cada criança que faça um desenho para o Pai Natal, desenho que acompanhará a carta quando
esta for enviada. Pretende-se, com esta actividade manter a tradição de escrever a carta ao Pai
Natal e dar a conhecer a estrutura de uma carta. Para além disso, a educadora explora, através de
uma conversa individual com cada criança, os seus desejos e vontades e analisa a ideia que cada
uma tem do seu comportamento, podendo ainda abordar questões relacionadas com bom/mau
comportamento.

Quarta-Feira

Como o livro explorado no dia anterior contem um mapa que ajuda o Pai Natal a saber
quais os locais por onde tem de passar, seguindo este tema, a educadora divide as crianças em
pequenos grupos de 4 a 5 elementos e, com um grupo de cada vez, vai mostrar na internet,
utilizando a funcionalidade Google maps, primeiro onde se situa Santarém, tendo em conta o
mapa de Portugal e, posteriormente, faria uma demonstração de um possível caminho que o Pai
Natal poderia seguir para encontrar o Jardim onde as crianças se encontram, tomando como
ponto de partida o centro de Santarém. A educadora deve mostrar às crianças, onde se situam os
principais pontos da cidade e, depois de todas terem visualizado, deverá elaborar num papel um
mapa com o percurso que o Pai Natal deverá percorrer. Em seguida as crianças devem elaborar o
mesmo trajecto e fazer o desenho dos principais pontos por onde o Pai Natal deve passar. Com
esta actividade pretende-se proporcionar o contacto com as tecnologias de informação, pois é
imprescindível encontrar formas eficazes de aprender a trabalhar com as inovações que surgem.
O computador é uma tecnologia de extrema importância para todos nós e desde pequenas as
crianças são atraídas e fascinadas por ele. Os educadores, devem encontrar estratégias que
permitam o contacto com esta tecnologia de modo a que a criança seja instigada a pensar e agir.

Quinta-Feira - Manhã
A sessão de movimento é iniciada com o aquecimento, em seguida, as crianças efectuam
um percurso e depois a educadora diz-lhes que vão fazer um jogo de estafetas, denominado o Pai
Natal e os duendes. A educadora divide o grupo em duas equipas e dá a cada uma a sua caixa de
brinquedos. As duas equipas ficam alinhadas em cada lado da sala e o saco do Pai Natal (saco)
deve ficar no meio das duas. É preciso ajudar o Pai Natal a encher o saco. As caixas das duas
equipas podem ter por exemplo: carros, bonecas, bolas, peluches, cordas de saltar, consoante o
número de elementos da equipa. Uma criança de cada vez pega num brinquedo da caixa da sua
equipa e leva-o para o saco. Regressa a correr e toca na mão de outro colega, dizendo bilhete.
Este último pega num brinquedo e faz o mesmo que o amigo, quando regressa ao seu campo a
criança senta-se no chão. A primeira equipa a ficar com a caixa vazia ganha o jogo. A educadora
pode tornar o jogo mais divertido se arranjar alguém para ficar no meio das duas equipas a fazer
de Pai Natal e a segurar o saco.
Tarde
A educadora propõe a realização de uma actividade que se intitula “troca de mensagens
de amizade”. Para tal, a educadora deve começar por conversar com as crianças e explicar-lhes
que todas vão trocar mensagens de amizade. As crianças tiram ao acaso um papel do saco que
contém os nomes de todas as crianças do grupo. Em seguida, as crianças devem fazer um
desenho e com a ajuda da educadora devem escrever uma mensagem para o amigo que lhe
calhou e devem assinar. Na parte de trás do desenho devem escrever o nome desse amigo.
Depois a educadora deve enrolar e colar a mensagem com uma etiqueta. Colocam-se as
mensagens numa cesta e em seguida a educadora deve distribui-las lendo a mensagem e
mostrando o desenho. Com esta actividade pretende-se fomentar a virtude da amizade através da
troca de mensagens, pois esta é a mais importante e necessária de todas as virtudes, sendo um
elemento essencial da vida.

Sexta-feira
A educadora deverá explicar às crianças que estas irão realizar o jogo do saco do Pai
Natal. Para as crianças de 3 anos distribui uma folha com o Pai Natal e um grande saco vazio e
coloca o seguinte título: o saco do pai Natal. Depois, senta as crianças numa mesa, distribui
revistas com brinquedos, tesoura e cola e pede às crianças para recortarem apenas 3 brinquedos
das revistas. Em seguida, devem colá-los dentro do saco e depois devem pintar o Pai Natal. Com
esta actividade pretende-se que as crianças consigam associar o número à quantidade, para além
disso é possível verificar outros aspectos nomeadamente: a mão que utilizam para cortar, se
cortam com precisão, se sabem o que querem colar tomando as suas próprias decisões. Às
crianças de 4/5 anos a educadora entrega-lhes uma folha em branco apenas com o título: “O Saco
do Pai Natal”. Pretende-se que as próprias crianças desenhem o Pai Natal e o seu saco e que em
seguida colem 4 brinquedos dentro do saco e 2 brinquedos fora do mesmo. No final devem ainda
fazer a soma 4+2= 6, colocando o número 6 depois do sinal de igual. Deste modo é possível
trabalhar conceitos como “dentro” e “fora”, bem como os sinais de =, + e o conceito de “soma”.

Conclusão

Concluímos que a narrativa constitui um processo de interacção, independentemente da

forma como é utilizada. Através da narrativa interage-se com os outros, recolhendo e

interpretando as suas ideias, na tentativa de compreender as causas, as intenções e os objectivos

que se encontram por detrás das suas acções. Através dessa interacção as pessoas conhecem

melhor os outros e conhecem-se melhor a si próprio.

Tal como a leitura, análise e discussão de narrativas sobre temas controversos estimula as

interacções entre os indivíduos, despoletando conflitos sócio-cognitivos e, consequentemente, a

construção de conhecimentos e o seu desenvolvimento cognitivo e moral, também a redacção ou

a leitura de uma narrativa, quer seja uma história sobre algum acontecimento ou um relato de

uma situação, potencia a interacção com os outros. As narrativas podem constituir fontes

poderosas de inspiração e conhecimento, estimulando os leitores a reflectirem profundamente


sobre as vidas dos outros e a sua própria vida.

O sucesso pessoal e profissional dos seres humanos passa, decisivamente, pelas suas

capacidades de interacção, ou seja, pelas suas capacidades de ouvirem e compreenderem as

narrativas das pessoas que os rodeiam.

Assim, consideramos que este trabalho nos permitiu adquirir e consolidar conhecimentos

e que os conceitos abordados neste trabalho são de extrema importância para o processo

Ensino/Aprendizagem, bem como para o desenvolvimento das crianças e essa deve ser a nossa

grande preocupação e prioridade enquanto futuros Educadores/Professores.


Webgrafia/Bibliografia

• http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=3936;

• HTTP://WWW.CCESEB.IPBEJA.PT/1001IDEIAS/ALADINO/ESPECIAL/LIN

GUA_PORTUGUESA/NARRATIVA/INDEX.HTM;

• HTTP://WWW.VIVALEITURA.COM.BR/CALENDARIO_DETALHE.ASP?

ID_PROJETO=1151;

• http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/N/narrativa.htm;

• http://www.scribd.com/doc/19242793/NARRATOLOGIA;

• REIS, Pedro Rocha dos, “As narrativas na formação de professores e na

investigação em educação”.

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