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AULA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

O MULTICULTURALISMO E SUA IMPORTANCIA PARA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO.


Profª. Rosangela Adell

A maioria das pessoas tem alguma ideia do que seja “religião”. Costuma-se pensar essa
definição como crença em Deus, espíritos, seres sobrenaturais, ou na vida após a morte. É
possível pensar, ainda, esse conceito como o nome de algumas das grandes religiões
mundiais: Cristianismo, Hinduísmo, Budismo ou Islamismo. Estudar os fenômenos e sistemas
religiosos como parte da cultura significa apreender um fator identificável da experiência
humana
Multiculturalismo (ou pluralismo cultural) é um termo que descreve a existência de
muitas culturas numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine, porém
separadas geograficamente e até do convívio, no que se convencionou chamar de “mosaico
cultural”.  O multiculturalismo é a convivência pacífica de várias culturas em um mesmo
ambiente. É um fenômeno social diretamente relacionado com a globalização e as sociedades
pós-modernas.
Multiculturalismo no Brasil é a mistura de culturas. Trata-se da miscigenação dos
credos e culturas que ocorrem no Brasil desde os tempos da colonização.O processo
imigratório teve grande importância para a formação desta cultura. O mundo globalizado
caracteriza-se por suas referências multiculturais, pela diversidade e pluralidade. O desafio que
surge a partir das atuais relações do ser humano com a criação, com os seus semelhantes,
com ele mesmo e com o próprio Deus, tem a ver com a ampliação das interações, a busca da
solidariedade e o exercício do diálogo. A diversidade cultural e religiosa brasileira é marcada
por diferentes interações, mediações e práticas religiosas.
Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a
lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não
somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro. A
principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo, que consiste na capacidade que os
indivíduos têm de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente
uma evolução biológica.
A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma
geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando, perdendo e incorporando
outros aspetos procurando assim melhorar a vivência das novas gerações. Cada cultura vive
sua religião. É importante reconhecer que é a partir da cultura que se formam os conceitos
religiosos e é fundamental que se reconheçam os efeitos dessa relação na maneira de um
povo que comunga da mesma fé para enfrentar os desafios de seu contexto. Na relação
religiosa o fundamento é a fé que se manifesta na crença.
A intolerância religiosa é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela
falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar as diferenças ou crenças religiosas
de terceiros. Poderá ter origem nas próprias crenças religiosas de alguém ou ser motivada pela
intolerância contra as crenças e práticas religiosas de outras pessoas. A intolerância religiosa
pode resultar em perseguição religiosa e ambas têm sido comuns através da história. A maioria
dos grupos religiosos já passou por tal situação em alguma época histórica.

AULA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO


A SECULARIZAÇÃO DA RELIGIÃO NO BRASIL E A RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
Profª. Rosangela Adell

A secularização é um processo através do qual a religião perde a sua influência sobre


as variadas esferas da vida social. Essa perda de influência repercute-se na diminuição do
número de membros das religiões e de suas práticas, na perda do prestígio das igrejas e
organizações religiosas, na influência na sociedade, na cultura, na diminuição das riquezas das
instituições religiosas, e, por fim, na desvalorização das crenças e dos valores a elas
associados.
A partir do século XIX, houve um progressivo declínio da influência das instituições
religiosas tradicionais. Este declínio verificou-se tanto na prática dos fiéis, como na dificuldade
crescente em recrutar clero para o desenvolvimento e manutenção da instituição.
A maior parte dos estudos versou a tentativa de compreensão deste fenômeno.
Hoje, a investigação já não se centra tanto nas causas e nas razões da secularização,
mas nas possibilidades da relação da modernidade com o religioso.
ESTADO LAICO – SECULARIZADO.
“[...] no plano das mentalidades, o Brasil é, de fato, secularizado: existe a separação
entre Igreja e Estado, a administração realiza-se a partir de códigos legais e órgãos executivos
seculares, sem nenhuma influência decisiva por parte de grupos religiosos. A ciência, a
tecnologia e o cálculo racional presidem às atividades produtivas” (NEGRÃO, 2005, p. 35).
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO NO BRASIL
A sociologia da religião no Brasil começou a se desenvolver a partir dos anos setenta do
século passado.
Até então temos diversos estudos que se restringiam aos aspectos históricos do
catolicismo ou do protestantismo e alguns estudos de características antropológicas.
As transformações que ocorreram no Brasil com a industrialização e a urbanização de
certa forma quebraram a hegemonia católica e começou a mostrar a diversidade da
religiosidade brasileira com o crescimento dos protestantes e dos espíritas.

Sociologia brasileira (1930) compromissada com desenvolvimento nacional (sociedade


moderna, produtiva e científica). Positivista : Moderno X arcaico. / ciência X catolicismo.
Sociologia na década de 1950/60 - Marxistas críticos da religião; Interesse pelo
“exótico”: Religiões Afro-brasileiras e Pentecostalismo.
Sociologia da Religião a partir de 1990 - Interesse pelo pluralismo religioso e o advento e
consolidação do Neopentecostalismo. Institucionalização da Teologia (Cristã e Umbandista)
pelo MEC. Teologia X Ciência da Religião.

O Brasil da década de 70 do século passado tinha 91,8% de católicos, já no censo de


2000 havia caído para 73,8%.
O catolicismo no Brasil vem perdendo participação relativa na religiosidade do povo
brasileiro.
Há dois tipos: o de tradição e o de internalização. Ex.: catolicismo tradicional rural,
catolicismo tradicional urbano, catolicismo internalizado rural e catolicismo internalizado
urbano.
Tradicional é o comportamento social fundado nos costumes, não há nesse caso
consciência plena dos valores religiosos que inspiram normas e papéis sociais, a tradição é
quem legitima essas normas e papéis sociais.
Já a internalização se caracteriza pelo fato do indivíduo perceber os valores religiosos.
Nesse caso pode ocorrer tensão entre os valores tradicionais e os aceitos pelo indivíduo
consciente dos elementos constituintes da sua religiosidade.
O Brasil da década de 70 do século passado tinha 91,8% de católicos, já no censo de
2000 havia caído para 73,8%.
O catolicismo no Brasil vem perdendo participação relativa na religiosidade do povo
brasileiro.
Há dois tipos: o de tradição e o de internalização. Ex.: catolicismo tradicional rural,
catolicismo tradicional urbano, catolicismo internalizado rural e catolicismo internalizado
urbano.
Tradicional é o comportamento social fundado nos costumes, não há nesse caso
consciência plena dos valores religiosos que inspiram normas e papéis sociais, a tradição é
quem legitima essas normas e papéis sociais.
Já a internalização se caracteriza pelo fato do indivíduo perceber os valores religiosos.
Nesse caso pode ocorrer tensão entre os valores tradicionais e os aceitos pelo indivíduo
consciente dos elementos constituintes da sua religiosidade.
A tipologia construída para analisar o protestantismo foi constituída por dois pólos:
protestantismo de imigração e de conversão.
Protestantismo de imigração o processo de formação da Igreja Luterana encontra
expressão principalmente no sul do Brasil entre imigrantes alemães. Nesse caso os luteranos
ligados as colônias são descritos como núcleo fechado, cultural e linguisticamente. Mas,
observa-se uma tendência a abandonar os padrões de autopreservação e que se encontrariam
em fase inicial de assimilação à cultura brasileira.
Já o protestantismo de conversão traz a ideia de grupo minoritário e por isso com
tendência a um modo mais intenso de vivência e sentimentos religiosos.
Assim o protestantismo é visto como uma comunidade que mantém uma dissemelhança
ao mundo religioso brasileiro marcado pelo catolicismo e tendendo ao isolamento social.
Quando analisado a partir das classes sociais o protestantismo de conversão é ligado a
pequena burguesia, o proletariado urbano e a aristocracia rural decadente.
A função principal ligada a conversão ao protestantismo estaria a de mudança social e
com isso um estabelecimento de um novo padrão de comportamento inspirado na ética
puritana.
As igrejas protestantes se dividem em três ramificações: as tradicionais, as
pentecostais e as neopentecostais. 
As tradicionais compreendem principalmente as chamadas “igrejas históricas” que se
originaram na Reforma Protestante (Igreja Luterana, Presbiteriana , Batista e Metodista)
As igrejas pentecostais e neopentecostais fazem parte de um movimento pentecostal
que possui 3 momentos distintos.
O pentecostalismo atingiu as classes mais pobres e com mudança de conduta de
natureza sacral.
O agrupamento recrutado pelas igrejas pentecostais são determinados setores da
população urbana e suburbana do Brasil com características de desorganização social diante
do aparecimento de novas formas de produção.
Como se encontram despreparado para participar de modo efetivo na sociedade urbano-
industrial a função do pentecostalismo será de dois tipos: as que levam à integração social e as
de natureza terapêutica.
As religiões mediúnicas no Brasil são analisadas a partir de duas vertentes: o
Espiritismo Kardecista e a Umbanda.
O Espiritismo Kardecista é analisado a partir da perspectiva de uma compreensão sacral
do mundo, como uma religião que dá significado ao fiel em termos de orientação de vida.
O estilo racional da doutrina Kardecista atinge uma minoria intelectual que busca formas
de inovação face aos quadros ideológicos predominantes no Brasil.
Ele preenche certas expectativas de pensamento racional com a vantagem de não se
encontrar comprometido com a dessacralização e a neutralidade axiológica que são
pressupostos da filosofia da ciência.
A Umbanda é analisada como religião sincrética que reúne elementos das religiões
africanas, traços religiosos indígenas e influências católicas e espíritas. É uma religião de
massa que apresenta soluções sacrais as problemáticas específicas da população pobre
urbana do Brasil.
No pólo Kardecista predomina a corrente favorável a “mediunidade consciente”, no qual
o médium preserva a consciência durante o transe. Por sua vez, na Umbanda prevalece a
“mediunidade inconsciente” em que o médium atuaria sob o total domínio do espírito.
Os princípios evangélicos a se instalarem no Brasil pertenciam as hoje chamadas
igrejas tradicionais : Primeiro foram os Luteranos e Metodistas , depois os Presbiterianos e os
Batistas .
O movimento Pentecostal surgiu no Brasil no começo do século passado com uma
ruptura entre os Batistas na cidade de Belém do Pará, surgindo uma nova denominação:
Assembleia de Deus. 
No final dos anos 70 e o início dos anos 80 no século passado surgiram as chamadas
igrejas Neopentecostais.
Os Neopentecostais apropriaram-se de algumas “doutrinas” dos Pentecostais que
referem aos dons do Espírito Santo e os conceitos mais liberais sobre usos e costumes dos
tradicionais. Essa forma de culto e doutrina acabou por atrair milhões de pessoas no Brasil e
em muitos países onde se instalaram, deixando preocupados os dirigentes católicos mundiais,
os quais acabaram cedendo espaço para um movimento similar dentro da própria Igreja
Católica, chamados de “Católicos Carismáticos”. Dessa maneira a Igreja Católica talvez tenha
impedido que milhares de “fieis”saíssem de suas fileiras e fossem atraídos pelo movimento
Pentecostal e Neopentecostal.
No Brasil, há três “ondas” do movimento pentecostal que foram quase simultâneas.
A Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal estabelecida, em 1910, seguida da
Assembleia de Deus, em 1911. Na década de 1960 tivemos o surgimento do movimento
carismático e de renovação, em várias denominações, e, atualmente, vivemos a “terceira
onda”, com o neopentecostalismo.
a. A primeira onda – Pentecostalismo Clássico. Teve início em 1901, quando a sra.
Agnes Ozman, nos Estados Unidos, disse ter recebido o batismo do Espírito Santo e falado
línguas. A prática foi incorporada ao movimento Holiness. Um outro evento mais conhecido
deu-se em 1906, quando se relatou o falar em línguas em uma igreja na rua Azusa (Azusa
Street Mission), estado da Califórnia.
Desses dois eventos procede a maioria das igrejas pentecostais históricas, como a
Assembleia de Deus e a Igreja do Evangelho Quadrangular.
A segunda onda – Pentecostalismo recente ou Renovação Carismática.
Semelhantemente ao movimento pentecostal anterior, enfatizou os “dons extraordinários”, com
grande ênfase ao “dom de línguas”. A grande diferença é que as linhas denominacionais foram
quebradas e a visão doutrinária pentecostal atingiu várias igrejas. O ano de 1960 marca o início
desta onda, em uma igreja Episcopal da Califórnia, na qual se observou o falar em línguas. A
própria imprensa secular deu destaque ao acontecimento. O movimento, nos Estados Unidos,
se espalhou pelas universidades, entre organizações para-eclesiásticas, tais como a ABU.
Além de atingir denominações tradicionais, como luteranos, presbiterianos e metodistas,
penetrou nos católico-romanos, partindo da universidade de Notre Dame, formando o
movimento dos “católicos carismáticos”, que perdura até hoje. A maior característica desse
período foi a determinação dos persuadidos pelos ensinamentos pentecostais, a
permanecerem nas denominações de origem, “renovando-as”.
A terceira onda – O movimento de sinais e maravilhas – o Neopentecostalismo. A
designação “terceira onda” foi cunhada por Peter Wagner, em 1983, um dos proponentes do
movimento de crescimento de igrejas. Ele escreveu que as duas primeiras ondas continuavam,
mas agora o Espírito estaria vindo em uma “terceira onda” com sinais e maravilhas. Temos
aqui, também, o surgimento do movimento Vineyard, que conseguiu adeptos e transformou-se
em uma denominação, propagando o que ficou conhecido como “evangelismo do poder”
(power evangelism) – o evangelho é propagado e demonstrado por sinais e maravilhas
sobrenaturais. O dom de línguas, neste estágio, recebeu uma ênfase menor do que o de
“profecias”, curas e realização de efeitos especiais e sobrenaturais – muitas vezes sem razão
ou conexão aparente – tais como: quedas, risos, urros, dentes de ouro, etc.
Estes tipos e formas de reivindicações dos diferentes grupos religiosos estão sob um
modelo de fé fundamentalista que reivindica a exclusividade da fé e que impõe uma luta
implacável contra os infiéis e contra formas de visão de mundo diferentes, negando assim, a
pluralidade que caracteriza as sociedades contemporâneas.
Esta última forma de fé fundamentalista junto com a religião é um risco para a
sociedade, pois sua existência pressupõe a negação de outras formas de visão de mundo, que
devem ser garantidas e protegidas pelo Estado laico e secularizado.

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