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Dermatologia e
Disfunções da Pele
ME. SILVANA GOZZI PEREIRA LIMA
ESP. VALÉRIA FÁTIMA DO COUTO
Híbrido
GRADUAÇÃO
Dermatologia e
Disfunções
da Pele
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Distância; LIMA, Silvana; COUTO, Valéria.
Dermatologia e Disfunções da Pele. Silvana Gozzi Pereira
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Lima; Valéria Fátima do Couto. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
168 p.
“Graduação - Híbridos”.
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Dermatologia. 2. Disfunções . 3. Pele 4. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite; Head de
ISBN
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 612.79 Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
Impresso por: F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
13
Preparação
Cosmética
47
Patologias
Cutâneas
73
Disfunções
da Pele
107
Processo de
Cicatrização
143
18 Renovação Celular
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
Introdução ao Estudo
da Dermatologia
e Disfunções da Pele
PLANO DE ESTUDOS
Introdução ao Estudo da
Tela Subcutânea Tipos e Fototipos de Pele
Dermatologia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 1 15
A pele torna-se sensível ao toque, pressão, coceira, diferentes
temperaturas e ao calor por conta das inúmeras terminações
nervosas sensoriais. O tecido age como um receptor, informando
o sistema nervoso central (SNC) sobre o que está acontecendo na
região externa. Posteriormente, por meio das instruções do SNC,
as estruturas da pele respondem às informações coletadas.
Fonte: adaptado de Ifould, Conroy e Whittaker (2015).
Epiderme
UNIDADE 1 17
pessura irá variar de acordo com a região. Suas enquanto a espessura da pele completa possui
várias camadas são nomeadas de acordo com a cerca de 1,5 a 4,0 (FITZPATRICK, 2011).
composição do tecido, incluindo aspecto das cé- A epiderme completa a sua renovação em
lulas e textura. torno de 28 dias, e várias reações e transforma-
Devido à camada epiderme possuir um reves- ções ocorrem no organismo (LACRIMANTI
timento de células sobrepostas e a camada mais 2008). Esta constante "troca" de pele, durante
externa da epiderme (córnea) possuir células su- a renovação da epiderme, é realizada pela for-
perficiais achatadas ricas em ceratina, ela é clas- mação de novas células do extrato mais pro-
sificada como epitélio estratificado pavimentoso fundo para o mais externo, ou seja, do basal
ceratinizado (BORGES, 2010). em direção a parte córnea, que é a parte do
É uma camada que se encontra em constan- tecido que vamos perdendo para o meio através
te renovação, sendo capaz de gerar os chamados da descamação. Conhecida por ser a camada
anexos derivados da epiderme (unidades piloce- da pele mais externa com a maior barreira de
báceas, unhas e glândulas sudoríparas). A espes- permeabilidade, diferencia-se da derme por
sura desta camada pode variar entre 0,4 a 1,5 mm, ser avascular.
CAMADAS DA EPIDERME
Camada
córnia
Camada
lúcida
Camada
granulosa
Camada
espinhosa
Camada
basal
Renovação Celular
Figura 1 - Camadas da Epiderme
As células que compõem a epiderme são queratinócitos, melanócitos, células de Langerhans e células
de Merkel. Existem ainda células como os linfócitos, que são habitantes transitórios da epiderme.
UNIDADE 1 19
Células de Merkel
EPIDERME
Estrato Queratinócito As células de Merkel aparentam
córneo morto
receptores táteis, pois estão fre-
Camada
granulosa quentemente em contato com as
Célula de estruturas axônios da derme pelas
Langerhans junções sinápticas. Estas células
estão presentes na camada basal
Camada e por meio dos desmossomos se
espinhosa Queratinócito
unem aos queratinócitos. Encon-
tram-se com mais frequência nos
lábios e nas mãos (PETRI, 2009).
Camada Célula de
basal Merkel
Melanócito Melanina
Estrato espinhoso
Figura 2 - Epiderme
A camada espinhosa situa-se
A síntese da melanina é realizada mediante a ação da enzima entre a camada basal e a camada
tirosinase que transforma a tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina granulosa, composta por células
(DOPA) e está em DOPA-quinona, que após várias alterações ceratinócitos com aspecto de es-
se transforma em melanina; isto ocorre dentro da estrutura pinhos, por isso recebe este nome.
melanossoma (KEDE; SABATOVICH, 2004). Este extrato possui várias cama-
A cor da pele é originada pela combinação dos componentes das com espessuras distintas.
melanina, caroteno e hemoglobina (LACRIMANTI, 2008). A
melanina é a responsável pelas várias tonalidades da pele. Quan-
to maior for o fototipo cutâneo, maior quantidade do pigmento Camada granulosa
melanina terá esta pele.
A camada granulosa apresenta
células com grandes quantidades
Células de Langerhans de grânulos, por este motivo são
denominadas de células granu-
Outras células déndricas apresentam-se na epiderme, as células losas. Estes grânulos apresentam
de Langerhans. São células desprovidas de tirosina. Na micros- tamanhos e formas irregulares e
copia eletrônica, são caracterizadas por corpúsculos peculia- compõe-se de querato-hialinos
res– estruturas que possuem a forma de uma raquete de tênis (RIVITTI, 2018).
(grânulos de Birbeck). Essas células estão localizadas na epider- Os grânulos de querato-hia-
me, porém podem ser encontradas na derme, nos linfáticos da linos (queratina e profilagrina)
derme, nos linfonodos e no timo. Possui função imunológica, são formados quando as células
atuando no processamento primário de antígenos exógenos que migram para a camada granu-
atingem o tecido. São consideradas, ainda, células monocitárias losa (SOUTOR; HORDINSKI,
macrofágicas (RIVITTI, 2014). 2015).
Camada lúcida
Assim como vimos anteriormente, a camada lúcida está presente em algumas regiões; sua localização
está entre a camada córnea e granulosa, presente na palma das mãos e na sola dos pés, sendo que nessas
áreas encontra-se mais espessa que nas demais regiões, pois apresenta uma camada a mais compondo
a epiderme. O extrato lúcido é composto por duas ou três camadas de células anucleadas, planas, de
aspecto homogêneo.
Estrato córneo
Para finalizar as camadas da epiderme, falaremos sobre a camada córnea, que é a camada mais externa
da epiderme, constituída principalmente por células mortas, anucleadas e ricas em queratina, onde
encontram-se em constante descamação. Estas células possuem a aparência de escamas.
O estrato córneo é composto por células acidófilas de orientação horizontal, sendo consideradas as
células mais largas do organismo, onde os citoplasmas são repletos de queratina. Esta camada possui
UNIDADE 1 21
uma dupla camada lipídica, formada principalmente por colesterol, As células que residem na derme
ceramida e ácido graxo, realizando, além da proteção mecânica, são os fibroblastos, células den-
uma barreira contra a passagem de água e de substâncias solúveis dríticas dérmicas, macrófagos,
(PETRI, 2017). e mastócitos. Todos os
Quando as células queratinócitos se apresentam no estrato cór- componentes da matriz
neo, endurecem e se tornam os corneócitos. Essas células mais o óleo extracelular são produzidos
presente na pele se combinaram originando uma barreira protetora pelos fibroblastos que incluem
no estrato córneo. As conexões intercelulares denominadas desmos- os seguintes constituintes: co-
somas proporcionam força para as células (GERSON et al., 2012). lágenos, elastina e substância
Todas as camadas da epiderme possuem variações, mas o estra- fundamental.
to córneo pode variar de fino a espesso (palmas e plantas), onde É constituída por tecido con-
encontra-se inserida a camada lúcida, delgada lâmina homogênea juntivo, composta por substân-
de células eosinofilicas e translúcidas (PETRI, 2017). cia fundamental amorfa (região
com característica gelatinosa),
rica em carboidratos, enzimas,
Derme vitaminas e fibroblasto (célula
que produz colágeno e elastina,
A derme é formada por tecido conjuntivo, vascularizada flexível, conferindo sustentabilidade ao
rígida e elástica. Dependendo da região do corpo, terá variações em tecido). Alojam-se nos órgãos e
sua espessura. É composta, principalmente, pelas macromolécula anexos da derme. Divide-se em
colágeno, elastina, proteoglicanas, glicosaminoglicanas e, diferen- derme papilar (em contato com
temente da camada epiderme, possui vascularização. A substância a epiderme) e derme reticular
intersticial, fibras, vasos, nervos, folículos polissebáceos e das glân- (em contato com a hipoderme,
dulas sudoríparas constituem a derme. A camada derme sofre ainda aspecto mais denso) (LACRI-
uma divisão, sendo a camada reticular mais externa e a camada MANTI, 2008).
papilar mais interna. Observe como está disposta a camada derme Possui duas camadas: a) a pa-
na imagem a seguir. pilar, que se localiza logo abaixo
Cutícula da epiderme, possui projeções
(papilas) que apontam para a
Estrato córneo Ceramidas camada superior; b) as papilas
Camada granular dérmicas apresentam vasos san-
Estrato Espinhoso guíneos, nutrientes e oxigênio
Camada basal para a camada germinativa (lo-
Colágeno calizada na epiderme), enquan-
Epiderme
Elastina to outras contêm terminações
Derme nervosas (IFOULD; CONROY;
Ácido
hialurônico WHITTAKER, 2015). A cama-
da que corresponde ao restante
Figura 3 - Derme
da derme é a reticular, a menor
Fibroblasto
FIBROBLASTO
Matriz
extracelular Fibrilas de
Enzimas colágeno
Elastina
Ácido Fatores de
hialurônico crescimento
Ribosomas
Núcleo Citoplasma
Microtúbulo
Retículo Fibrilas de
Aparelho endoplasmático colágeno
de Golgi rugoso Mitocôndria
UNIDADE 1 23
Assim como dito anteriormen- Junção dermoepidérmica
te, a célula fibroblasto é capaz
de produzir as proteínas de A junção entre a derme e a epiderme chama-se junção dermoepidér-
colágeno e elastina, sendo que mica. As cristas epidérmicas formam-se onde a epiderme se projeta em
o colágeno possui a função de direção da derme, aumentando, assim, a superfície de contato entre as
dar rigidez ao tecido, e a elastina duas células, ajudando e facilitando a nutrição das células da camada
proporciona elasticidade para a epiderme, já que ela é avascular, deste modo ela necessita da oxigenação
pele, permitindo que ela estique e nutrição da derme, pelos vasos sanguíneos presentes nesta camada
e volte ao seu tamanho original. (OLIVEIRA et al., 2014).
As fibras de elastina são mais
finas e menos abundantes que
as fibras de colágeno, que cor- Anexos Cutâneos
respondem a cerca de 95% do
tecido conectivo da derme (RI- Os anexos cutâneos compreendem as glândulas sudoríparas e se-
VITTI, 2018). báceas, ao folículo piloso e as unhas. Abordaremos a seguir indivi-
dualmente as características de cada anexo cutâneo.
Substância
fundamental Glândulas
sudoríparas
Na derme, localiza-se a substân-
cia fundamental (uma matriz As glândulas sudoríparas localizam-se na derme e são responsáveis pela
de líquidos). Entre as fibras da produção do suor e, consequentemente, pela regulação da temperatura
camada reticular, encontra-se da pele. O suor é constituído por água, sais e ureia.
o ácido hialurônico, um glico- As Glândulas são divididas em:
saminoglicano, a água e outros • Glândulas sudoríparas apócrinas: sua secreção é com odor.
componentes nas substâncias Localiza-se nas axilas, na região inguinal e no púbis.
intercelulares, a fim de manter • Glândulas sudoríparas écrinas: presentes em outras regiões
o equilíbrio, ajudando na movi- corpóreas.
mentação (migração), metabo-
lismo e crescimento das células
(GERSON et al., 2012). Glândula sebácea
A substância fundamental
presente no tecido conjuntivo Possui a função de produzir sebo, lubrificando, assim, a camada
preenche os espaços entre as cé- superficial da pele. O sebo é formado por substância graxa e
lulas e fibras, funcionando como lipídeos, sendo secretado no folículo piloso, onde é conduzido
lubrificante e como barreira con- por este até a camada córnea (superfície da pele). A glândula
tra micro-organismos invasores sebácea está fixada no folículo piloso (OLIVEIRA et al., 2014).
que tentar penetrar na pele.
É uma invaginação da epiderme mais especificamente da camada basal, presente na derme. Nesta
estrutura, são formados os pelos.
Fases de crescimento do pelo:
• Anágena: fase de crescimento dura cerca de 2 a 6 anos.
• Catágena: dura algumas semanas, conhecida por ser uma fase migratória.
• Telógena: fase de queda, perdura por alguns meses.
Unhas
Ônix é o nome técnico das unhas. Essas estruturas são anexos que protegem as extremidades dos dedos
das mãos e dos pés, sendo compostas por células de queratina corneificadas em lâminas endurecidas
(de consistência rígida).
Uma única unha possui quatro partes: a posterior ou raiz (sobre a borda da
pele), lâmina (aderente ao leito ungueal na região inferior), a borda livre e as
bordas laterais. Essas lâminas queratinizadas recobrem a última
falange dos dedos (RIVITTI, 2014).
As unhas possuem os seguin-
tes componentes: matrix, lúnula,
eponíquio, lâmina ungueal, leito
ungueal e hiponíquio. Semanal-
mente, essas estruturas crescem
cerca de 0,5 a 1,2 mm (AZU-
LAY, 2017).
Figura 6 - Lâmina ungueal
UNIDADE 1 25
Tela
Subcutânea
Tecido Adiposo
Existem dois tipos de tecido adiposo: tecido adiposo marrom (adipócito multilocular) e tecido adiposo
branco (adipócito unilocular), classificados desta forma dependendo do tipo de célula que o compõe:
• Tecido adiposo marrom: as fibras nervosas e vasos sanguíneos permeiam os adipócitos
multiloculares. É mais lobular que o tecido adiposo branco. No organismo humano, este tipo
de tecido encontra-se apenas em embriões e neonatos. Depois do nascimento, as gotículas de
gordura se juntam para formar gotículas uniloculares. Em alguns indivíduos idosos ou pessoas
com doenças degenerativas, os adipócitos multiloculares podem aparecer novamente.
• Tecido adiposo branco: formado por adipócitos uniloculares. Localiza-se no tecido conjun-
tivo subcutâneo, seu acúmulo em determinadas regiões dependerá de vários fatores, como o
sexo, idade, alimentação, fatores hormonais, hábitos de vida, dentre várias outras condições. Os
adipócitos uniloculares são colocados em lóbulos que são separados (imperfeitamente) por
septos de tecido conjuntivo que carregam fibras nervosas e vasos sanguíneos para os tecidos.
UNIDADE 1 27
Célula Adipócito O anabolismo é o conjunto
de reações que promovem a sín-
Os adipócitos (células de gordura) atuam na síntese e armazena- tese ou reconstrução de molé-
mento de triglicerídeos. Há dois tipos de adipócitos: culas complexas a partir de mo-
• Adipócito unilocular: são células que são compostas por léculas simples, por exemplo,
apenas uma gotícula de lipídeos, são arredondadas e grandes. quando realizamos atividade fí-
Constituem a principal célula de gordura do tecido adiposo sica, os nossos músculos (tecido
branco. muscular) são danificados pela
• Adipócito multilocular: a gordura é armazenada em vá- prática do exercício; durante o
rias gotículas de lipídios esparramados pelo citoplasma, co- descanso, o organismo repara as
nhecidas por serem os principais componentes da gordura fibras musculares por meio das
marrom (tecido adiposo marrom). proteínas consumidas na dieta
alimentar.
Observe a representação da célula adipócito na imagem a seguir. Durante este processo de
Célula Adipócito construção, o corpo armazena
algumas substâncias como água,
Citoplasma alimento e oxigênio para quan-
do as células precisarem destes
Mitocôndria
componentes para seu reparo
Aparelho ou crescimento. Um exemplo de
de Golgi
anabolismo é a síntese de pro-
teínas a partir dos aminoácidos.
Núcleo
Por outro lado, o catabo-
Reservatório lismo é o conjunto de reações
de gordura
que promovem a degradação
Membrana das moléculas; caracteriza-se
por ser a fase em que as mo-
Figura 8 - Célula adipócito
léculas maiores são divididas
dando origem a moléculas
Metabolismo Celular menores. A energia que é li-
berada através deste processo
O Metabolismo celular é um processo químico que ocorre no or- acaba sendo armazenada por
ganismo e se divide em duas fases denominadas anabolismo e ca- moléculas especiais, a fim de
tabolismo, as quais ocorrem de maneira simultânea e constante no ser usada para contrações
corpo humano. É por meio deste processo químico que as células musculares, produção de calor
se alimentam e são capazes de realizar suas atividades. ou, ainda, secreções do corpo.
UNIDADE 1 29
As três camadas da pele atuam como barreira única para a permeabilidade através da pele.
As vias de penetração são de três formas:
1. Via transepidérmica: penetração lenta, mas considerável pela extensão da pele. Penetração
intercelular (entre as células) e penetração intracelular (através das células).
2. Via transfolicular ou transanexial: a penetração ocorre através do aparelho pilossebáceo (óstios).
3. Glândulas sudoríparas (poros).
Receptores de acetilcolina
Receptor nicotínico
Receptor muscarínico
UNIDADE 1 31
b) Quanto ao veículo:
• pH (potencial hidrogeniônico) do veículo: substância ácida ou básica que altera o
pH do produto para se obter o valor adequado. Substância acidificante diminui o pH,
substância alcalinizante aumenta o pH.
• Poder solubilizante do veículo: solubilizante líquido, semissólido e sólido.
• Viscosidade: maior a penetração devido formação de película aderente e uniforme.
• Poder lipossolvente ou tensoativo: diminui oleosidade.
• Emulsões O/A.
• Veículos vetoriais: são vesículas esféricas que proporcionam a encapsulação de substân-
cias, são capazes de interagir com as células presentes na pele, liberando as substâncias
que carregam.
Desta forma, caro(a) aluno(a), podemos concluir que a pele tem permeabilidade seletiva, a qual é
determinada por condições físico-químicas naturais, viscosidade, as extensas ligações de colágeno, os
apêndices da pele, a idade, fototipo, disfunções da pele, enfim todos os componentes relatados neste
tópico. Portanto, a ação das formulações cosméticas e dermatológicas dependerá da anatomia da área
tratada, da hidratação da pele, da presença de lipídios, da hidratação, da saúde ou patologia da pele,
do metabolismo e do paciente.
É preciso que você se recorde da aula de fisiologia, quando aprendeu sobre a membrana plasmática.
Ah!!!! Esqueceu???? Vamos então recordar.
Membrana plasmática é um envoltório fino que reveste a célula procarionte e eucarionte. Sua es-
trutura é semipermeável, responsável pelo transporte e seleção de substâncias que entram na célula. É
formada por uma bicamada fosfolipídica, que é uma camada que se encontram com as suas extremi-
dades hidrofílicas viradas para os meios intra e extracelulares, criando uma barreira que não permite
a passagem de íons e substâncias polares.
A membrana plasmática é responsável pelo transporte de substâncias e esses processos podem
ocorrer de duas formas: transporte passivo e ativo.
O transporte passivo é o transporte sem gasto de energia. As substâncias movem-se do meio
mais concentrado para o menos concentrado. Ocorre de duas formas:
• Difusão Simples - é a passagem de partículas do meio em que estão em maior quantidade para
um meio onde as partículas estão em menor quantidade.
• Difusão Facilitada - na facilitada o transporte também é feito através da membrana, porém na
facilidade acontece com o auxílio das proteínas da bicamada lipídica.
Por sua vez, a Osmose é a passagem de água, sendo o transporte realizado de um meio menos concen-
trado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico).
Agora sim, compreendeu como acontece a penetração de substâncias na pele? Espero que agora já
esteja apto para darmos continuidade em nossos estudos.
Você já ficou pensando como que um produto vai chegar exatamente dentro daquele tecido para
que se tenha um resultado? Então, agora, você é capaz de saber: através da membrana plasmática.
Quero ainda que você tenha o conhecimento de que existem meios de promover esse transporte.
Como? Através de mecanismos que façam a desorganização dos lipídios da camada córnea, aumen-
tando o espaço entre elas; aumentando a solubilidade do ativo na camada córnea; extrair os lipídios
da camada córnea; e aumentar a hidratação da camada córnea.
Empregamos métodos para promover a permeação cutânea. Estas técnicas consistem em métodos
diretos, objetivando com isso a introdução de substâncias cosméticas, cosmecêuticas e medicamen-
tosa através da pele (BORGES, 2010):
• A esfoliação da pele para retirada de células mortas.
• O uso de equipamentos estéticos, como ultrassom (fonoforese), corrente galvânica (iontofo-
rese), que provocam uma desordem na bicamada córnea.
• Massagem que faz o aquecimento da pele, aumentando a temperatura em até 3 graus cen-
tígrados.
UNIDADE 1 33
Tipos e Fototipos
de Pele
1. Pele Seca
Pouca produção sebácea, a pele é pouco
lubrificada e hidratada, textura fina, áspe-
ra (opaca) e sem brilho, com facilidade de
aparecer rugas, e tende a ficar descamando
e repuxando.
2. Pele Oleosa
Apresenta poros dilatados e visíveis (testa,
nariz e queixo), poucas linhas de expres-
são (envelhecimento mais lentamente),
espessura aumentada, produção excessiva
de óleo (mais probabilidade de seborreia),
bem resistente às agressões.
3. Pele Mista
Apresenta oleosidade na região central do rosto (zona T) e nas demais regiões é normal ou seca.
4. Pele Sensível
Pele fina, frágil e delicada, pouca oleosidade, aparência áspera e com tendência a formação de
rugas, irritabilidade, prurido, sensível às mudanças climáticas.
Essa classificação foi desenvolvida na década de 70, baseia-se na cor da pele e na reação à exposição solar.
Em 2006, Leslie Baumann catalogou a pele em 16 tipos diferentes, para isso levou em conta quatro
fatores: hidratação da pele, sensibilidade da pele, pigmentação da pele e tendência a rugas. Definiu os
tipos pela soma desses quatro fatores, levando em consideração o modo que estes fatores combinam
entre si (BAUMANN, 2007).
UNIDADE 1 35
1. Oleosa, sensível, pigmentada e enrugada 4. Oleosa, sensível, não pigmentada e
Esse tipo de pele sofre muito prejuízo pela firme
exposição frequente ao sol. Entre estes Este tipo de pele apresenta rubor (ver-
prejuízos estão o envelhecimento preco- melhidão) na face. É o tipo de pele rubo-
ce (rugas), manchas escuras na face e colo, rizada. Esta pele é fina e pode sofrer de
vasinhos visíveis na face, acne, vermelhi- rosácea, podendo apresentar: espinhas,
dão, coceira e queimação que são frequen- oleosidade, vermelhidão, manchas ver-
tes na pele. O tratamento dessa pele será melhas, descamação no rosto, irritação
tanto com prevenção como tratamentos a produtos para os cuidados com a pele
para rugas, manchas escuras, comedões, e queimaduras solares frequentes. Se ex-
pápulas e pústulas. Para isso, é necessário posta com frequência ao sol, pode desen-
o uso de protetores solares e tratamento volver rosácea e câncer de pele. Por isso
de rugas e manchas escuras. protetor solar é essencial. Prevenir e tratar:
rosácea, oleosidade e inflamação da pele.
2. Oleosa, sensível, pigmentada e firme
É o tipo de pele de difícil tratamento, pois 5. Oleosa, resistente, pigmentada e enru-
formam um ciclo vicioso de erupções, gada
manchas marrons e cicatrizes. Este tipo Este tipo de pele é conhecido como teflon
de pele tende a apresentar acne, alergias (resistente). É oleosa, seus poros são abertos
de pele, manchas escuras na face e pele e apresentam manchas escuras. Com o pro-
brilhante. É importantíssimo, aqui, a pre- cesso de envelhecimento, as manchas vão
vençãoe tratamento de espinhas, manchas aparecendo. Pode aparecer eventualmente
escuras e controle da vermelhidão da pele. acne, possui risco aumentado de câncer de
pele se sua pele for clara e dificuldade para
3. Oleosa, sensível, não pigmentada e encontrar um protetor solar que não deixe
enrugada sua pele mais oleosa. Como é uma pele re-
É o tipo de pele que, quando exposta ao sistente, suporta produtos mais fortes para
sol sem a devida prevenção, fica cama- o rosto. Para a prevenção, deve-se evitar sol,
rão. São pessoas de pele clara com pouca não fumar e manter dieta saudável.
pigmentação para se proteger da radiação
solar. Essa pele sofre de rubor e rosácea. As 6. Oleosa, resistente, pigmentada e firme
rugas são resultado dos prejuízos causados Este tipo de pele é brilhante. É um dos ti-
pelo sol. As pessoas com este tipo de pele pos de pele mais fáceis de cuidar. Comum
apresentam com frequência manchas ver- em pessoas com pele mais escura. O as-
melhas, espinhas, poros abertos, vasinhos pecto é rosto brilhante, manchas escuras,
visíveis na face, dificuldade para se bron- rugas mínimas, crises ocasionais de acne
zear, queimaduras frequentes e rugas pre- e pele que bronzeia com facilidade. Pre-
coces. É essencial os cuidados diários com venção: uso de protetor solar, não fumar.
a pele e evitar a exposição solar. Prevenir O consumo de alimentos antioxidantes
e tratar: vermelhidão da face, espinhas, auxilia a manter pele radiante. Prevenir e
rugas, câncer de pele e fragilidade da pele. tratar: manchas escuras e oleosidade.
UNIDADE 1 37
13. Seca, resistente, pigmentada e enrugada
Este é o tipo de pele descuidada. A principal queixa deste tipo de pele são as rugas. Apresenta
aspecto de pele seca e descamativa, coceira, pele fina, manchas escuras no rosto, rugas precoces,
rugas em mãos e alto risco para desenvolver melanoma. Quando este tipo de pele é submeti-
do a tratamentos estéticos, apresenta uma grande melhora. Prevenir e tratar: rugas, manchas
escuras e ressecamento.
Neste tópico, foi possível identificar os diferentes tipos e aspectos de pele, essas informações são es-
senciais, pois, a partir delas, é possível identificar os produtos ideais e mais indicados, que se adaptam
às necessidades de cada pele e não causam nenhuma reação contrária.
2. Com base nos seus estudos sobre a camada epiderme, analise as afirmativas a
seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):
(( ) A epiderme é o maior órgão do corpo humano, formada principalmente por
tecido conjuntivo, sendo o melanócito a célula mais abundante deste tecido.
(( ) A epiderme é a camada mais interna da nossa pele, sendo considerada como
a camada com mais fibras elásticas em abundância.
(( ) O estrato córneo é a camada mais externa da epiderme, conhecido por ser
repleto de células germinativas.
(( ) A camada lúcida está presente na planta dos pés, na palma das mãos, nas
axilas e no pescoço.
(( ) A Epiderme divide-se em cinco ou quatro camadas dependendo da região:
basal, espinhosa, granulosa, lúcida (presente na palma das mãos e na planta
dos pés) e córnea.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) V-V-V-F-V.
b) F-F-F-F-F.
c) F-V-F-F-V.
d) F-F-F-F-V.
e) F-F-F-V-F.
39
3. Descreva sobre a célula mais abundante da derme e diferencie derme papilar
de derme reticular.
40
LIVRO
41
ARNOLD, H. L. J.; ODOM, R. B.; JAMES, W. D. Doenças da pele de Andrews: Dermatologia Clínica. 8. ed.
São Paulo: Manole, 1994.
BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
GERSON, J.; D’ANGELO, J. M.; LOTZ, S.; DEITZ, S.; FRANGIE, C. M.; HALAL, J. Fundamentos de estética
2: ciências gerais. 10. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
HARRIS, M. I. N. G. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 2003.
IFOULD, J.; WHITTAKER, M.; FORSYTHE-CONROY, D. Técnicas em estética. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
KAMIZATO, K. K.; BRITO, S. G. Técnicas estéticas faciais. São Paulo: Érica, 2014.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
LACRIMANTI, L. M. (coord.). Curso didático de Estética. 1. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2008.
OLIVEIRA, A. L. de; PEREZ, E.; SOUZA, J. B. de; VASCONCELOS, M. G. de. Curso Didático de Estética. 2.
ed. São Caetano do Sul: Yends, 2014.
REBELLO, T.; BEZERRA, S. V. Guia de Produtos Cosméticos. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. São Paulo: Artes médicas, 2018.
RIVITTI, E. A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2014.
ROTTA, O. Dermatologia: Clínica, cirúrgica e cosmiátrica. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008.
42
1. D.
2. D.
3. As células que residem na derme e que são mais abundantes neste tecido são os fibroblastos, células den-
dríticas dérmicas, macrófagos e mastócitos. Todos os componentes da matriz extracelular são produzidos
pelos fibroblastos, que incluem os seguintes constituintes: colágenos, elastina e substância fundamental.
A derme é dividida em duas camadas: a papilar é a que se localiza logo abaixo da epiderme, possui proje-
ções (papilas) que apontam para a camada superior. As papilas dérmicas apresentam vasos sanguíneos,
apresentando nutrientes e oxigênio para a camada germinativa (localizada na epiderme), enquanto outras
contêm terminações nervosas. A camada que corresponde ao restante da derme é a reticular, a menor
quantidade de fibroblasto e substância fundamental. Possui como característica ser mais espessa, esten-
de-se até a hipoderme (RIVITTI, 2018).
4. E.
5. Fitzpatrick desenvolveu, na década de 70, uma escala de classificação para a pele. Sua escala levou em
consideração a cor e a reação da pele na exposição ao sol (FITZPATRICK, 2011). Leslie Baumann, por sua
vez, desenvolveu um estudo com 1400 pacientes durante oito anos e, então, classificou a pele em 16 tipos,
levando em consideração quatro características da pele, que são: hidratação, sensibilidade, pigmentação
e tendências às rugas (BAUMANN, 2007).
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45
46
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
Preparação Cosmética
PLANO DE ESTUDOS
História e Conceito de
Hidratação Cutânea Alterações da Sudoração
Dermatologia e Cosmetologia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os princípios e fundamentos da dermatologia • Saber as medidas necessárias para uma formulação ser
e cosmetologia. produzida com qualidade.
• Compreender o processo de preparação cosmética e co- • Saber as diferenças entre os tipos de suor e as principais
nhecer as matérias-primas de uma formulação. alterações.
• Compreender a hidratação fisiológica da pele.
História e Conceito
de Dermatologia
e Cosmetologia
UNIDADE 2 49
Componentes de
uma Formulação
Cosmética
50 Preparação Cosmética
Principais Componentes da As formulações são compostas por excipien-
Formulação de um Produto tes e substâncias ativas (princípios ativos). Exci-
pientes são substâncias que, adicionadas a uma
Quando observamos os produtos usados na área formulação, conferem-lhe características como:
da saúde, encontramos variadas formulações e consistência, cor, forma física, textura, estabilida-
matérias-primas. Os princípios ativos são eleitos de, aparência e paladar, ou seja, dando as carac-
em consonância com a finalidade deles. terísticas finais de um produto.
Os critérios mais utilizados para a seleção da ma- Estas são essenciais na produção dos cosméti-
téria-prima são: disponibilidade, logística de entrega cos, não só porque proporcionam diferentes veí-
e de distribuição, vida útil, estocagem, versatilidade culos de aplicação (sólido, semissólido e líquido),
de embalagem, condições de processamento indus- com distintos tamanhos, volumes e características,
trial, toxicidade, risco ambiental e possibilidade de mas também porque determinam o custo final
substituição por outra matéria-prima. do produto.
Nos dias atuais, é importantíssimo o conheci- O princípio ativo se refere às substâncias que, in-
mento da origem da matéria-prima, ou seja, se ela corporadas em qualquer formulação, seja medica-
provém de fontes naturais, se é vegana, se é sintética mentosa ou cosmética, atribuem a característica final
renovável ou se é produzida sob princípios sociais a que se destina, ou seja, leva o princípio ativo ao alvo
e ambientais de sustentabilidade. Essa escolha in- a ser atingido, sendo composto, muitas vezes, como
fluencia diretamente no custo do produto, ou seja, no já foi citado anteriormente, por mais de um princípio
preço final de venda ao consumidor (TASSINARY; ativo, cada um com sua finalidade específica.
SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018). Portanto, suas quantidades necessitam ser
A utilização industrial de produtos químicos controladas em virtude dos limites aceitáveis de
no Brasil precisam ter registro da ANVISA (Agên- aplicação, da sua toxicidade, das consequências de
cia Nacional de Vigilância Sanitária). Nos Estados doses excessivas, de possíveis efeitos colaterais e
Unidos, o FDA (Food and Drug Administration) da possibilidade de sensibilização e reações alér-
é o órgão governamental controlador. Este ór- gicas (GOMES; DAMAZIO, 2013).
gão cria as normas baseadas em estudos de cada
substância, levando em consideração a toxicidade
para o homem, animais e meio ambiente, a curto Excipientes
e longo prazo, determinando quais são as subs-
tâncias inofensivas e definindo limites para sua Os excipientes são substâncias que determinam
utilização na produção de alimentos, de produ- as propriedades físico-químicas do produto, ou
tos farmacêuticos, dermatológicos e cosméticos seja, você retira o princípio ativo da formulação
(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999). e tudo o que sobra são os excipientes.
UNIDADE 2 51
Tipos de excipientes • Alcalinizante: preparações líquidas para
dar estabilidade ao produto. Dietanolami-
Os tipos de excipientes são: na, trietanolamina e citrato de sódio.
• Aglutinantes: são tipos de excipientes • Adsorvente: capaz de manter outras mo-
que usam açúcares, amidos e celuloses léculas sobre a sua superfície por meca-
e favorecem para que uma drágea esteja nismos físicos ou químicos. São exemplos:
compactado e com forma. celulose pulverizada e carvão ativado.
• Adoçantes: esses são os que proporcio- • Conservante antifúngico: usados em
nam um sabor agradável. preparações líquidas e semissólidas para
• Diluentes: são as substâncias que comple- prevenir o crescimento de fungos. São
tam o conteúdo de uma cápsula ou drágea, exemplos: butilparabeno, etilparabeno,
utiliza-se como preenchimento fosfato de metilparabeno e propilparabeno (BRA-
cálcio dibásico ou celulose vegetal. SIL, 2001).
• Recobridores: são as capas que envolve- • Antioxidante: usado para prevenir a
mos comprimidos, dando-lhes proteção oxidação das formulações. São exemplos:
contra efeitos da umidade e do ar, além de Hidroxibutiltolueno, ácido hipofosforoso,
facilitar a ingestão. ascorbato de sódio, EDTA (ácido etileno-
• Desintegradores: são as partes da for- diamino tetra-acético).
mulação que se expandem e dissolvem ao • Tensoativo: substância que se adsorve na
entrar em contato com a água. superfície para reduzir a tensão superficial.
• Lubrificantes: usados na formulação para São exemplos: nonoxinol10, lauril sulfato
que os ingredientes não fiquem agrupados de sódio e aniônicos.
em grãos ou colados nas máquinas durante • Solvente: é o dispersante, dissolve outra
a fabricação. Substâncias mais usadas são a substância em uma solução. São exemplos:
sílica ou talco e óleos esteroides. álcool, água purificada e óleo.
• Corantes, flavorizantes e aromatizantes • Emoliente: presentes em quase todas as
são os excipientes para corrigir odor, cor e formulações, sua função é de hidratar. São
sabor desagradáveis, facilitando a adminis- exemplos: vaselina, parafina, silicones,
tração pelo paciente. O mentol, óleo de anis, óleos de sementes de uva e cera de abelha.
baunilha e cacau são os mais utilizados. • Umectantes: presentes em quase todas as
• Agentes de revestimento: são utilizados formulações, auxiliam na boa aparência
para revestir os comprimidos, cápsulas, grâ- do produto. São exemplos: propilenoglicol
nulos ou pellets, tendo a finalidade de pro- e glicerina.
teção do fármaco contra possível decompo- • Espessante: utilizados em formulações
sição pela umidade e oxigênio atmosférico, que necessitam de viscosidade e na for-
bem como mascarar odor e sabor desagra- mação dos géis. São exemplos: silicatos,
dável. A película utilizada no revestimento é carboximetilcelulose, agar e gomas.
composta de gelatina, ceras e outros. • Preservantes: conservantes presentes
• Acidificante: empregado em preparações em todas as formulações, podem estar
líquidas, fornece estabilidade ao produto. em associações. São exemplos: nipagin
Ácido cítrico ou ácido fumárico. e nipazol.
52 Preparação Cosmética
Tanto os veículos usados na formulação de um mais fácil e mais barata. A água engloba a
cosmético como também os utilizados nos medi- partícula oleosa, formando espuma.
camentos são excipientes que têm por finalidade • Emulsão mista A/O e O/A: nessas
dar forma aos cosméticos, aos medicamentos, emulsões, os dois tipos estão juntos,
como também contribuem ou desfavorecem os ou seja, o óleo contém água estando
objetivos dos princípios ativos. Essa contribuição suspensa em uma fase aquosa.
ou desvalorização se deve ao fato de que os veícu- 2. Gel: uma preparação viscosa, composta
los têm que ter uma boa sinergia com o princípio por partículas coloidais constituídas de
ativo, em virtude de um não anular a função do duas fases: uma dispersora líquida (água,
outro. Exemplificando para que você possa enten- álcool, propilenoglicol, acetona) e outra
der melhor: uma formulação que tem como ativo fase dispersa sólida (agentes gelificantes -
ser para pele oleosa não pode conter um veículo a carboximetilcelulose). Não se sedimentam.
base de óleo. Um anula a função do outro. Conse-
guiram entender melhor? Espero que sim. Vamos
explicar agora as formas desses veículos.
Os veículos são de quatro formas:
1. Emulsões: mistura de dois líquidos imis- Princípios ativos utilizados no preparo de gel
cíveis, termodinamicamente estáveis, no ativado:
qual um está disperso no outro. A/O Gel base é formado por: matéria-prima gelifican-
(água e óleo), O/A (óleo e água) e mis- te + solvente (água, álcool, umectante e outros).
tas O/A e A/O. São empregadas na área Gel creme matéria-prima gelificante + água + óleo
dermatológica para o tratamento dos pés, + tensoativo.
objetivando a penetração e a liberação de Gel ativado é formado por: gel base + tensoativos.
fármacos e princípios ativos medicamen-
tosos e de substâncias ativas para cosméti-
cos (SPEROTTO et al., 2008; CHORILLI 3. Pó: o cosmético deve ser preservado da
et al., 2007). Exemplos: cremes, leites e umidade, ou seja, deve ser preparado e
loções cremosas. mantido em seu estado seco. Sua função
• Emulsão A/O (água em óleo): compo- é a de absorver umidade. Exemplos: talcos,
nentes que dissolvem em água estabe- pós, blush e argilas.
lecem a parte interna, já os componen- 4. Vetoriais: esses veículos carreiam os prin-
tes oleosos estabelecem a fase externa cípios ativos hidrossolúveis e lipossolúveis
da emulsão. Essas emulsões são per- de forma mais profunda, agem diretamente
feitas para se preparar cosméticos de- na estrutura da célula. Como exemplo, te-
maquilantes e cremes de limpeza, pois mos os lipossomas que são vesículas esféri-
possuem ação emoliente e dissolvente. cas que proporcionam a encapsulação das
• Emulsão O/A (óleo e água): componentes substâncias ativas, são capazes de interagir
oleosos estabelecem a fase interna, já os com células presentes na pele, liberando as
componentes da fase externa são consti- substâncias que carregam, e carreiam a me-
tuídos por água. Essas emulsões possuem dicação para a corrente sanguínea, levando-a
secagem mais rápida e sua preparação é para atingir o alvo certo (BORGES, 2010).
UNIDADE 2 53
Agora vamos aprender algumas substâncias farmacêuticas ou dermocosméticos que são indicadas
para o tratamento dos pés.
• Substâncias antinflamatórias: piroxican, cetoprofeno, glicerina, escina, nimusulida, prednisona
e dexametasona (RANG et al., 2005).
• Analgésicos: lidocaína, cânfora (RANG et al., 2005).
• Estimuladores de circulação: centella asiática, ginseng, castanha-da-índia, camelia sinensis, chá
verde e extrato de cavalinha (GOMES; DAMAZIO, 2013).
• Substâncias calmantes: extrato de uva, flavonoides, extrato vegetal de maracujá, extrato vegetal
de girassol e extrato de andiroba.
• Hidratantes: ácido pirrolidocarbolíxico, sódio(PCA-NA), trealose, ureia, glicerina, propilenogli-
col e sorbitol óleos vegetais (GOMES; DAMAZIO, 2013; RIBEIRO, 2006; LEONARDI, 2004).
Para o devido preparo das emulsões, é exigido o agito constante. Todas as substâncias que vão fazer parte da
emulsão devem ser dissolvidas em água e óleo de acordo com a solubilidade de cada um dos componentes
Fonte: adaptado de Borges (2010).
54 Preparação Cosmética
Hidratação
Cutânea
UNIDADE 2 55
Quando se fala em “hidratação”, logo relaciona- A pele seca possui como características a sen-
mos à água; portanto, um cosmético com princí- sação de estiramento, vermelhidão, rachaduras,
pios ativos hidratantes (exemplo: óleo vegetal de descamação, aspereza, prurido, ardência e aumen-
amêndoas, ácido hialurônico e o aloe vera) é capaz to de sensibilidade cutânea. Segundo Beny (2003),
de melhorar o teor hídrico da pele. devido ao ressecamento do tecido, ocorre o espes-
A hidratação da pele pode ser influenciada samento da camada córnea pela diminuição do
por vários fatores, dentre eles: quantidade de água teor aquoso epidérmico.
ingerida, umidade presente no meio ambiente, Para acontecer o processo de descamação das
capacidade que o estrato córneo tem de manter a células da camada córnea, a água é imprescindí-
água e, ainda, pela passagem da água (transporte) vel. Na ausência desta, os filamentos que unem
das camadas mais internas para as mais externas as células mais superficiais não são dissolvidos,
da pele (BORGES; SCORZA, 2016). ocasionando uma esfoliação na forma de blocos
de células, ficando com aspecto de escamas de
peixe, característico desse tipo de pele.
Além de não ser esteticamente agradável e
gerar um desconforto para o indivíduo, essa
A porcentagem desejável de água que deve-se desidratação leva ao aparecimento de racha-
ter na camada córnea é de 20% a 35%. Em casos duras, que podem ser acesso para a entrada
de menos que 10%, pode-se observar os sinais de micro-organismos, inclusive patogênicos
de xerodermias. Com esse aparecimento, ocor- (BENY, 2003).
re a alteração no ritmo normal da maturação e
descamação das células corneócitas.
Fonte: adaptado de Lyon e Silva (2015).
56 Preparação Cosmética
Hidratação Natural da Pele ral em inglês) são formadas
naturalmente. O NM é for-
A camada lipoproteica garante à pele uma hidratação natural, por conta mado pela decomposição da
da formação do manto hidrolipídico, que é uma barreira de proteção proteína querato-hialina que
para a epiderme, constituído por gorduras, sendo mais de 50% por mo- origina a fibrila. Esta proteína,
léculas de ceramidas (OLIVEIRA et al., 2014). A formação do manto por sua vez, sofre uma outra
hidrolipídico na superfície da pele acontece pela junção das substâncias decomposição, originando os
sebo, suor e NMF (fator natural de hidratação da pele). Esse composto aminoácidos (ácido pirroli-
acaba sendo considerado um cosmético hidratante perfeito para a pele, dona carboxílico, ureia, ácido
lembrando que ele ocorre de forma natural (LACRIMANTI, 2008). hialurônico, ácido lático, lisi-
Existem estruturas que desempenham o papel de reter a água, im- na, ácido málico, dentre vários
pedindo a evaporação dela para o meio. O fato de a água estar presente outros componentes. Este gru-
na camada epiderme não é suficiente para fazer a hidratação epidér- po de compostos associados
mica, precisa de auxílio para mantê-la no tecido, promovendo, assim, formam o que chamamos de
a saúde da pele. NMF, que juntamente com
Dois componentes auxiliam na retenção da molécula de água, impe- a parte aquosa (solubiliza-
dindo a sua evaporação para o meio, são eles: FHN (fator de hidratação do) e oleosa do epitélio, for-
natural) e lipídios intercelulares (LYON; SILVA, 2015). mam o manto hidrolipídico
Os lipídios intercelulares, originados dos queratinócitos nucleados da pele, proporcionando hi-
e presentes na camada córnea, camada mais externa da epiderme, são dratação e proteção à pele
estruturas bipolares com parte hidrofílica (cabeça) e parte hidrofóbica (BORGES, 2010).
(cauda). São estes lipídios que controlam a permeabilidade cutânea e Nas membranas da célula
o movimento da água entre as células e selam o FHN nos corneócitos, queratinócito (camada epider-
mantendo a integridade do conteúdo hídrico intercelular. Exemplo me), localizam-se as proteínas
dos lipídios intercelulares: ceramidas, colesterol, ácidos graxos livres e aquaporinas que representam
sulfato de colesterol (COSTA, 2012). canais de permeabilidade, reali-
O FHN é constituído por um conjunto de substâncias (estruturas) zando o controle da hidratação
higroscópicas que interagem entre si. Composto por 40% de aminoá- cutânea. Moléculas como gli-
cidos, 12% de ácido carboxílico pirrolidona, 12% de lactato, 7% de cerol e ureia são importantes
ureia, derivados da proteína filagrina, conjunto de amônia, ácido úrico, agentes hidratantes da pele, sen-
glicosamina, 1,5% de citrato, 5% íons sódio, 4% potássio, 1,5% cálcio, do chamados de aquagliceropo-
creatinina, 1,5% magnésio, 0,5% fosfato e cloreto, além de ter em sua rinas. Por ser permeável à água,
composição açúcares, peptídeos, ácidos orgânicos e outras substâncias a aquaporina 3 (AQP3) destaca-
sem definição, compondo 8,5% do total (LYON; SILVA, 2015). -se (LYON; SILVA, 2015).
O componente queratinócito, o FHN (conjunto de estruturas higros- As substâncias que são mais
cópica que interagem entre si), possui como principal constituinte os utilizadas para promover a hidra-
aminoácidos, que são derivados da proteína filagrina, quando está em tação da pele a nível celular são a
contato com a água. O FHN condiciona a pele a um aspecto normal, ureia, ácido hialurônico e lático,
pois ele possui função de reter a água no tegumento (COSTA, 2012). PCA-Na (Pirrolidona Carboxila-
Durante o processo de queratinização, a partir da camada to de Sódio) e sulfato de condroi-
granular, as substâncias do NMF (Fator de Hidratação Natu- tina (BORGES, 2010).
UNIDADE 2 57
Definição de Princípio Ativo
Cosméticos Hidratantes
Existem três formas de promover a hidratação da pele por meio da utilização de produtos cosméticos:
os que hidratam por oclusão, umectação e por meio da hidratação ativa.
Processo de hidratação que impede a desidratação por meio da utilização de certas substâncias que
impedem a saída da água da pele, por meio da formação de um filme oclusivo que forma-se na su-
perfície da pele com a utilização de óleos, acarretando no aprisionamento de moléculas de água que
encaminham-se para o estrato córneo, advindas do processo de maturação celular. Mediante a da
propriedade de difusão, os óleos vegetais, animais e óleos modificados permeiam o tecido epitelial
(BORGES, 2010).
São compostos por substâncias que atraem a água da derme (mecanismo de dentro para fora), retendo
água na camada córnea ou retirada do ambiente com umidade atmosférica maior que 70%, por atraí-la
do ambiente, sendo este “mecanismo de fora para dentro” (COSTA, 2012).
Os melhores umectantes são os poliálcoois, tais como glicerol, propilenoglicol, dentre vários outros. As
formulações cosméticas para esta finalidade de hidratar irão conter substâncias capazes de formar um filme
oclusivo e substâncias umectantes que irão promover uma maior umidade no local e, consequentemente,
maior hidratação (BORGES, 2010).
Hidratação ativa
Possuem propriedades higroscópica, por exemplo, os alfa-hidroxiácidos (AHAS); este tipo de hidratação
ocorre por ativos que interagem com a estrutura celular (OLIVEIRA et al., 2014).
58 Preparação Cosmética
Segurança dos
Produtos para
o Consumidor
UNIDADE 2 59
será utilizado), composição (o formulador deve res, depilatórios químicos, repelentes de insetos,
atentar-se à forma quantitativa, concentração dos removedores de cutícula, endurecedores de unha,
ingredientes utilizados, informações toxicológi- xampus anticaspa, alguns produtos para a área dos
cas, nível de exposição, entre outros aspectos), olhos, cremes dentais com funções específicas,
conhecimento e histórico do produto (dados como antiplacas, e todos os produtos infantis.
experimentais e literatura especializada sobre o Os produtos com classificação de grau 2 só
próprio produto) (GOMES; DAMAZIO, 2013). podem ser comercializados após o registro. Para
que esta liberação aconteça, deve ser apresentado
os resultados obtidos nas avaliações de segurança
Grau de Risco dos Produtos e eficácia, como também a rotulagem específica
da formulação (RIBEIRO, 2006).
O grau de risco de um produto confere ao nível Em relação à aplicabilidade do produto, vários
de efeitos adversos (contrário ao que se espera) outros critérios devem ser observados quando as
que cada produto pode ou não ocasionar, levan- substâncias entrarem em contato com o tecido
do em consideração sua formulação, finalidade e cutâneo, como a irritação da pele, sensibilização
modo de uso. Os critérios de avaliação e, conse- e efeito sistêmico que os componentes da formu-
quentemente, classificação foram de acordo com lação podem causar.
a finalidade de uso do produto, áreas de aplicação A avaliação do produto cosmético em hu-
no corpo, modo de utilização e alguns cuidados manos, ou seja, sua aplicação, não ocorre para
que observam-se na aplicação das formulações. investigar (pesquisar) o potencial de riscos, mas
Os produtos são classificação de acordo com seu sim com a finalidade de confirmar a seguran-
grau de risco: grau de risco 1 e grau de risco 2. ça do produto aplicado no tecido (GOMES;
Grau de risco 1 inclui produtos de higiene pes- DAMAZIO, 2013).
soal, perfumes e cosméticos, que, por possuírem Os testes relacionados à segurança e à eficácia
propriedades básicas, não requerem informações das formulações cosméticas são realizadas por
detalhadas em relação ao modo de uso e suas res- meio de modelos experimentais, in vitro, in vivo
trições de uso. Inicialmente, esses produtos não e métodos físicos (RIBEIRO, 2006).
precisam ser comprovados. Exemplo: sabonetes,
shampoos, maquiagens, cremes de beleza, batons,
lápis de olho, delineadores e perfumes. Esses pro-
dutos apresentam um grau de risco mínimo.
Grau de risco 2 inclui produtos de higiene No Brasil, quem controla a fabricação e a impor-
pessoal, perfumes e cosméticos que possuam de- tação dos produtos cosméticos é o Ministério da
finições mais específicas, cujas características, sua Saúde, com o objetivo de oferecer segurança e
segurança e eficácia precisam ser comprovadas, eficácia para o consumidor.
assim como cuidados, modos e restrições de uso. Fonte: adaptado de Corrêa (2012).
Exemplo: Filtros UV, tinturas capilares, clareado-
60 Preparação Cosmética
Cuidados do Consumidor com os
Produtos/Medicamentos Tópicos
Os produtos cosméticos e dermocosméticos tornam-se seguros à medida que são produzidos obede-
cendo os critérios estabelecidos para as formulações, de acordo com as normas existentes, assim como
o modo correto de uso. Por mais correta que a formulação esteja, caso o uso do produto seja incorreto,
os danos poderão ocorrer para o consumidor, por isso é de extrema importância ficar atento aos vários
aspectos do produto, como o prazo de validade (período de vida útil em que o produto manterá suas
características originais), orientações do produto assim como suas contraindicações. O modo de uso
é importante para prevenir futuros efeitos adversos.
Lembrando que nenhum produto resiste a maus cuidados, pois a formulação original pode sofrer
alterações e, consequentemente, vir a causar danos ao indivíduo, caso o produto for armazenado da
forma incorreta, for mantido em temperaturas inadequadas, caso for adicionado água ou outro veí-
culo na composição, for feito a troca de embalagem do produto, colocar a mão diretamente dentro do
recipiente onde encontra-se o produto, dentre vários outros fatores.
UNIDADE 2 61
Alterações
da Sudoração
62 Preparação Cosmética
Estas desembocam em um folículo piloso, plantar, causando desconforto grave e podendo
têm estímulo hormonal e possuem odor. O resultar em complicações resultantes do aumen-
odor é em razão da ação de bactérias sobre os to da umidade da região cutânea. Isto favorece,
componentes do suor, de proteínas da pele e também, o crescimento fúngico local, sendo ne-
secreção sebácea. Ao serem segregados, tanto o cessário tratamento com corrente elétrica de baixa
suor écrino como o apócrino são estéreis e ino- intensidade e uso de antiperspirantes (BOLOG-
doros. Os odores do corpo se formam, depois, NIA, JORIZZO; RAPINI, 2010).
na superfície cutânea pela ação das bactérias Hipoidrose ou anidrose é a falta de produção
sobre o suor apócrino, rico em substâncias or- ou ausência de suor. Pode ser causada por pro-
gânicas ideais para o crescimento bacteriano priedades anticolinérgicas, por neuropatia dia-
(BARATA, 2003). bética, por variedades de síndromes congênitas,
Em alguns casos, ocorre a produção excessiva hanseníase e lúpus. O tratamento é realizado com
de suor de forma incontrolável. Esta disfunção medidas de resfriamento.
é conhecida como hiperidrose e aparece sem Cromidrose, a glândula sudorípara apócrina,
qualquer fator determinante (causa idiopática), elimina suor colorido (amarelo, avermelhado, ne-
porém alguns autores indicam que estado febril, gro). Causas: proliferação de bactérias presentes
perturbações endócrinas, diabetes, malária, me- na pele, como por Corynebacterium.
nopausa, ansiedade e outras podem contribuir Para a redução do suor, existe no mercado:
para este distúrbio. 1. Antiperspirantes: reduzem a secreção das
Quanto à localidade, esta alteração pode ser glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas.
generaliza por todo o corpo, sendo apontado pela Funcionam como um tampão sudoríparo.
maioria dos autores como sendo os locais mais Os sais metálicos formam um molde no
comuns: as regiões de fronte, mãos, pés, couro interior do ducto, bloqueando-o e dimi-
cabeludo, peito, costas e axilas, podendo atingir nuindo o fluxo de suor, que é reabsorvido.
homens e mulheres de qualquer idade. Ativos sais de alumínio e zircônio se ligam
Devido ao excesso de suor, normalmente os a grupos ácidos da queratina produzindo
pacientes que apresentam a hiperidrose relatam um tampão que dificulta o fluxo normal
incômodo, constrangimento, isolamento, altera- do suor.
ções psicológicas e baixa autoestima, sendo neces- 2. Desodorantes: combatem o mau odor ge-
sário, na maioria dos casos, tratamentos paliati- rado pelas bactérias sobre componentes
vos, como sais de alumínio, toxina botulínica ou do suor. Este processo evita a formação do
definitivo, como a simpatectomia torácica (REIS; odor, mascarando ou eliminando o odor
GUERRA; FERREIRA, 2011). formado. Substâncias desodorantes: bi-
Esta alteração na produção do suor pode cau- carbonato de sódio e potássio, dietileno-
sar outros problemas, como a hiperidrose plantar, -triaminopentacético (DTPA), farsenol,
que ocorre pelo aumento de secreção na região etanol, triclosan.
UNIDADE 2 63
Mascarar o odor significa aplicar um perfume que se sobreponha ao odor formado.
Eliminar significa absorver ou adsorver as moléculas odoríferas já formadas, impedem o desenvol-
vimento bacteriano.
Absorver odor é ter peneiras moleculares formadas por alumínio e silício que formam um rede que
aprisiona as moléculas odoríferas.
Nesta unidade, conhecemos sobre os produtos cosméticos e dermatológicos. Aprendemos como são
produzidos, os elementos que os constituem, a matéria-prima que é usada para a produção, os dife-
rentes tipos de hidratação e, também, todo o processo de autorização para que esse produto chegue ao
mercado consumidor. Agora, você já está preparado para iniciarmos os estudos da próxima unidade.
Bons estudos e até lá!
64 Preparação Cosmética
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. A cosmetologia pode ser definida como sendo uma ciência que estuda os cosmé-
ticos, desde a concepção de conceitos até a aplicação dos produtos elaborados
(RIBEIRO, 2006). Elabore uma síntese de, no máximo, dez linhas diferenciando
dermatologia, cosmetologia, cosmecêutico e neurocosmético.
65
4. Qual é a composição e a função do manto hidrolipídico presente na pele?
66
LIVRO
LIVRO
Cosmetologia aplicada
Autor: Simone Pires Matos
Editora: Érica
Sinopse: a obra abrange desde cuidados diários básicos até produtos com
ações específicas. Trata das principais alterações cutâneas em patologias, como
acne, fotoenvelhecimento, discromias, gordura localizada, celulite e estrias, além
das ações cosmetológicas dos ativos necessários a cada caso. Discute temas
atuais, como nanocosméticos, neurocosméticos, fonocosméticos, nutricosmé-
ticos, aliméticos e fotoproteção, além de oferecer conhecimentos químicos
importantes para a compreensão da cosmetologia, incluindo as tecnologias
atuais e os procedimentos estéticos para melhorar a permeabilidade cutânea.
Informações essenciais sobre legislação e cuidados com o uso de cosméticos
em um tratamento cosmetológico enriquecem o conteúdo. Ao final, o leitor
encontra um dicionário de ativos, servindo como consulta sobre as ações de
diferentes princípios ativos, considerando as mais variadas patologias cutâneas.
O conteúdo pode ser aplicado para os cursos técnicos em Estética, Farmácia,
Imagem Pessoal, Massoterapia, entre outros. Possui material de apoio.
67
BARATA, E. A Cosmetologia: Princípios Básicos. In: BARATA, E. Desodorantes e Antiperspirantes. São
Paulo: Tecnopress, 2003.
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BOLOGNIA, J. L.; JORIZZO, J. L.; RAPINI, R. P. Dermatologia. São Paulo: Elsevier, 2010.
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2010.
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OLIVEIRA, A. L. de; PEREZ, E.; SOUZA, J. B. de; VASCONCELOS, M. G. de. Curso Didático de Estética. 2.
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TASSINARY, J. A. F.; SINIGAGLIA, M.; SINIGAGLIA, G. Raciocínio clínico aplicado à estética corporal. Estética
experts, v. 1, 2018.
69
1. Dermatologia é o estudo dos diferentes distúrbios relacionados com a pele, desde as doenças como também
a estética. A cosmetologia é a ciência que estuda os produtos para higiene adequado a cada tipo cutâneo,
com a função de preservar a beleza e a saúde da pele e dos cabelos. Cosmecêutico: princípios ativos com
propriedades terapêuticas, porém em concentrações menores que os medicamentos, enquanto os neuro-
cosméticos são produtos que, por meio dos princípios ativos específicos, têm a propriedade de estimular
as terminações nervosas da pele e enviar para o hipotálamo sensações de bem-estar e prazer, desenca-
deando a liberação de substâncias que melhoram o aspecto geral da pele e estimulam a síndrome proteica.
2. A.
3. C.
4. A formação do manto hidrolipídico na superfície da pele acontece pela junção das substâncias sebo, suor e
NMF (fator natural de hidratação da pele). Esse composto acaba sendo considerado um cosmético hidratante
perfeito para a pele, lembrando que ele ocorre de forma natural (LACRIMANTI, 2008S). Possui a função
de proteger a pele contra a perda excessiva de água contida na epiderme, conferindo hidratação à pele.
5. E.
70
71
72
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
Patologias Cutâneas
PLANO DE ESTUDOS
Sistema Imunológico e
Micoses e Fungos Acne
Doenças Autoimunes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer o sistema imunológico e os tipos de doenças au- • Reconhecer e classificar os diferentes tipos de dermatites
toimunes e suas características quando acometem a pele. atópicas.
• Identificar os diferentes tipos de manchas para reconhecer • Identificar, classificar e selecionar os diferentes tipos e
quando a mancha se trata de um câncer de pele. graus da acne.
• Identificar e classificar os diferentes tipos de micoses e
fungos que acometem a pele.
Sistema Imunológico e
Doenças Autoimunes
UNIDADE 3 75
reconheça substâncias não próprias (antígenos), Alguns fatores irão influenciar na capacidade
desta forma pode-se dizer que este tipo de imunida- imunogênica do antígeno, como a quantidade de
de (adaptativa) possui características de aprender, substâncias ao qual o organismo foi exposto e a
adaptar-se e lembrar-se. A imunidade adquirida via de exposição (SAMPAIO; RIVITTI, 2011).
pode ser chamada, ainda, de específica, pois ela irá As vias de penetração dos antígenos no corpo
atacar um antígeno específico ao qual ela já depa- humano são várias, como o trato digestório (por
rou-se (previamente encontrado). meio da ingestão de alimentos), respiratório, geni-
De acordo com Lacrimanti (2008), a resposta tal, cirurgias, transfusões sanguíneas, lesões na pele,
inata do sistema imunológico possui três carac- entre vários outros meios de acesso. Estes podem
terísticas primordiais: ser endógenos (do próprio organismo) e exógeno
• Ação imediata. (dirigir-se do meio externo para o hospedeiro).
• Sua resposta não é específica. Os anticorpos são chamados de imunoglobu-
• Frente aos vários tipos de antígeno, não apre- linas; essas proteínas são produzidas pelas células
senta alteração em relação à sua resposta. linfócitos B, frente a um estímulo antigênico. Os
anticorpos neutralizam a ação dos antígenos, além
A imunidade adquirida refere-se àquela que é produzirem imunidade contra certos tipos de mi-
construída por meio de substâncias específicas, cro-organismos (LACRIMANTI, 2008).
os antígenos. Neste tipo de imunidade, encon-
tra-se elementos e mecanismos da imunidade
natural. Na imunidade adquirida ou específica, o Constituição do Sistema
sistema imune específico reconhece os antígenos Imunológico
que já entraram em contato com o organismo
anteriormente (como ocorre nas vacinas), e assim Os componentes que formam o sistema imunológi-
sucessivamente, fazendo com que a cada nova co são células de defesa, barreiras naturais, órgãos e
exposição a um determinado antígeno, aumente a tecidos linfoides e pelo sistema complemento.
quantidade de respostas defensivas, aumentando
os mecanismos de proteção, que são encaminha-
dos aos pontos de entradas dos antígenos, com Células de defesa
a intenção de neutralizar ou eliminar o agressor
(antígeno) (SAMPAIO; RIVITTI, 2011). Sabemos que a célula é a menor estrutura dos seres
vivos, sendo uma unidade estrutural e funcional bá-
sica do corpo humano. Esta possui funções distintas
Antígeno e Anticorpos para atender as necessidades do indivíduo, como
nutrição, produção de energia, mobilidade, proteção
Os antígenos são elementos (moléculas estranhas) e outras. As células que compõe o sistema imunoló-
reconhecidos por não pertencerem ao corpo huma- gico são as dendríticas, os linfócitos, os granulócitos
no. Estes apresentam duas características principais: e os monócitos (LACRIMANTI, 2008).
a imunogenicidade, que é a capacidade de ativar As células dendríticas originam-se na medula
linfócitos T ou B, e a antigenicidade, pois estimulam óssea e estão presentes nos órgãos linfoides, tornan-
a produção de anticorpos quando penetram no do-se, portanto, responsáveis por ativar os linfócitos
organismo (LACRIMANTI, 2008). (LACRIMANTI, 2008).
76 Patologias Cutâneas
Os linfócitos são células classificadas de acor- T (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULA-
do com vários aspectos, como a função que reali- FIA, 2011).
zam na resposta imune, o órgão que o maturam e, • Natural Killer: não necessitam da ativa-
ainda, a respeito do tipo de receptor que possuem ção para realizar sua função. Essas células
em sua membrana (LACRIMANTI, 2008). Estes agem na defesa de maneira semelhante aos
podem ser classificados como B e T, sendo capazes linfócitos T (LACRIMANTI, 2008).
de reconhecer os antígenos, por possuírem recep-
tores específicos em sua membrana, que atuam Os linfócitos B são produzidos e maturados na
em conjunto com os antígenos (SAMPAIO; RI- medula óssea, apresentando como receptores de
VITTI, 2011). membrana as imunoglobulinas. Por meio da sín-
Os linfócitos T originam-se na medula óssea tese e da secreção de anticorpos, agem na resposta
e, posteriormente, migram para o timo (glândula humoral (LACRIMANTI, 2008).
endógrina linfática), tornando-se células timo-de- Por outro lado, os granulócitos são células que
pendentes (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABU- apresentam grânulos enzimáticos em seu cito-
LAFIA, 2011). plasma. Essas células podem ser classificadas em:
Segundo Lacrimanti (2008), de acordo com o neutrófilos, eosinófilos e basófilos (esta classifi-
código de diferenciação, os linfócitos T podem cação ocorrerá de acordo com o tipo de grânulo)
ser classificados em: (OLIVEIRA et al., 2014).
• Linfócitos T auxiliares: são responsáveis Os monócitos são denominados de macrófa-
por interagirem com os linfócitos B, esti- gos e possuem a função de atuar na defesa con-
mulando, assim, a produção de anticorpos tra micro-organismos, além de participarem do
(imunoglobulinas). Quando estimulados processo de fagocitose, induzindo, assim, uma
pelos antígenos, liberam a substância ci- resposta imune, pois apresentam antígenos para
tocina, que acaba por ativar outras células os linfócitos. Essas células atuam na resposta hu-
inflamatórias. Estas células, ainda, estimu- moral e celular (OLIVEIRA et al., 2014).
lam os linfócitos citotóxicos a eliminarem
(destruírem) células que se encontram
infectadas por vírus e, até mesmo, por en- Barreiras naturais
xertos alogênicos (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011). As barreiras naturais são elementos que protegem
• Linfócitos T citotóxicos: células que o organismo no geral, tornando mais difícil a pe-
atuam na eliminação (destruição) de cé- netração de micro-organismos, sendo as estrutu-
lulas infectadas por vírus, tecidos que fo- ras a seguir as que mais se destacam: pele (barrei-
ram necrosados e tecidos transplantados. A ra mecânica contra agentes invasores e traumas
atuação dos linfócitos citotóxicos irá acon- físicos), mucosas, pelos, lágrimas (enzimas que
tecer após a sua ativação (LACRIMANTI, exercem função contra os micro-organismos) e
2008). a saliva (empurram os micro-organismos para o
• Linfócitos T supressores: inibem a pro- estômago, possui, ainda, enzimas bactericidas).
dução de várias imunoglobulinas e pos- A pele é uma barreira mecânica que possui
suem a capacidade de suprimir e antago- ação contra a invasão de agentes invasores; possui,
nizar a ação imunológica, de células B ou ainda, outra função contra os micro-organismos,
UNIDADE 3 77
pela secreção de substâncias microbicidas, por Doenças Autoimunes
meio das glândulas que se encontram anexas a
este órgão (LACRIMANTI, 2008). A terceira causa de morbimortalidade no mun-
do industrializado são as doenças autoimunes,
ficando atrás apenas das doenças cardíacas e do
Órgãos e tecidos linfoides câncer. Quando representada na pele, devido à
visibilidade, facilita o diagnóstico precoce, pos-
Os órgãos linfoides podem ser classificados em sibilitando iniciar com o tratamento mais cedo
primários (fígado fetal, medula óssea, pós-natal e e aumentando das chances de retardar as conse-
timo) e secundários (linfonodos, baço, medula óssea, quências causadas pela doença em outros órgãos
pós-natal e tecido linfoide associado a mucosas). (RODRIGUES, 2012).
Nos órgãos linfoides primários (centrais), as células As doenças autoimunes são ocasiões em que
linfócitos se tornam imunocompetentes, enquanto o sistema imunitário reage contra moléculas do
que nos órgãos linfoides secundários (periféricos), próprio organismo (JUNQUEIRA; CARNEIRO;
há a interação entre as células imunocompetentes e ABRAHAMSOHN, 2018). Estas estão relacio-
os antígenos (as células interagem com o antígeno), nadas à ligação que acontece entre os anticorpos
a fim de gerar uma resposta imunológica contra circulantes. A patogênese pode ser por meio da
patógenos e antígenos (GARTNER; HIATT, 2011). mediação dos linfócitos T autoimunes, além de
outros recursos imunes. A estrutura anticorpo é
responsável por manifestar as doenças autoimu-
Sistema complemento nes como também de serem marcadores de doen-
ças futuras (HABIF, 2012).
O sistema complemento é um conjunto de proteí- A presença das células T reativas ou anticor-
nas que acabam se somando à ação dos anticor- pos representa a autoimunidade. A hipótese mais
pos, ou seja, complementando a resposta imuno- aceita com relação ao surgimento das doenças au-
lógica. Essas proteínas são produzidas pelo fígado toimunes (incluindo as manifestações cutâneas) é
(LACRIMANTI, 2008). a associação entre fatores genéticos, emocionais e
Considerado como um elemento básico para ambientais, que contribuem também para a pro-
a citólise imunológica, o sistema complemento é pagação dessas doenças (RODRIGUES, 2012).
um conjunto complexo de proteínas plasmáticas Fatores emocionais, como o estresse, podem
que se comunicam entre si, sempre seguindo uma estar associados ao ambiente, sendo apontados
ordem (sequência), ou seja, uma reação em casca- no mundo contemporâneo como uns dos gran-
ta influencia reações imunológicas (lise celular, fa- des causadores de doenças autoimune devido à
gocitose, liberação de substâncias etc.) (AZULAY; somatização do paciente, transformando conflitos
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011). psíquicos em doenças físicas. Este tipo de disfun-
Por meio da interação entre antígeno-anticor- ção é estudado em uma nova área da medicina
po (via clássica), ocorre a ativação deste sistema chamada de psiconeuroendocrinoimunologia.
complemento, podendo acontecer também por A produção de corticoide em momentos de es-
meio de toxinas bacterianas e através da parede tresse e ansiedade faz com que o organismo dimi-
celular de fungos (via alternativa), sem a formação nua sua defesa imunológica (imunossupressão),
do antígeno-anticorpo (LACRIMANTI, 2008). deixando não só a pele, mas todo o corpo huma-
78 Patologias Cutâneas
no suscetível a doenças, favorecendo, também, as órgãos, como manifestações cutâneas, mucosas,
doenças autoimunes, sendo prejudicial à saúde. renais, neurológicas e outras (BRASILEIRO FI-
Em casos de pacientes com suspeita destas pato- LHO, 2011).
logias, podem ser feitos alguns exames na busca Nesta patologia, as lesões cutâneas estão
de evidência sorológica, porém poucos indivíduos entre as manifestações mais frequentes; estas
apresentam algum tipo de sintoma, sinais e os possuem uma grande variação em sua expres-
anticorpos específicos da patologia, dificultando são clínica, sendo observadas muitas diferenças
o diagnóstico da doença (HABIF, 2012). entre os pacientes e facilitando a identificação
dos diversos subtipos da doença (RODRI-
GUES, 2012). É mais frequente em mulheres
Citocinas inflamatórias jovens, sendo comum a ligação genética, em
casos familiares, até três gerações (AZULAY;
Estas proteínas funcionam como mediadores AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011).
químicos solúveis e fazem parte de uma rede de Segundo Brasileiro Filho (2011), o gênero
sinalização integrada com uma grande varieda- feminino acaba sendo mais acometido, devido
de de funções em sua defesa imunológica inata e aos hormônios. A forma mais comum é o lú-
adaptativa. Esses mensageiros mediam a intera- pus eritematoso sistêmico, porém não se sabe
ção entre as células imunológicas e as células do o papel dos genes nem dos hormônios para
tecido, possuindo ,ainda, baixo peso molecular desencadear esta patologia (BRASILEIRO FI-
(GROSSMAN; PORTH, 2016). LHO, 2011).
Alguns fatores auxiliam para o aparecimen-
to do LES (lúpus eritematoso sistêmico), como
Lúpus eritematoso indivíduos que possuem predisposição genética,
conforme já citado, assim como o sexo feminino.
A etiologia (causa) da doença nomeada como As manifestações (alterações) cutâneas típicas do
Lúpus Eritematoso (LE) não está totalmente clara, lúpus acontecem em áreas que ficam expostas ao
sendo caracterizada como idiopática. Esta afeta a sol, preferencialmente na região malar “asa de bor-
pele, articulações, rins e o sistema nervoso central boleta” (região central da face) ou pode aparecer
(SNC), sendo definida pela aparição de anticor- em uma forma mais generalizada.
pos de padrão antinuclear, relacionados com fe- Essas alterações cutâneas ocorrem usualmen-
nômenos de autoagressão (AZULAY; AZULAY; te em conjunto com as manifestações sistêmicas
AZULAY-ABULAFIA, 2011). de doença orgânica, podendo ainda preceder no
O lúpus é uma enfermidade de caráter au- período de semanas ou meses para o início dessas
toimune, crônica, no qual sua evolução aconte- manifestações. As lesões se iniciam pela formação
ce de forma em que há períodos de quiescência de máculas eritematosas discretas e, em alguns
e outros de crises (manifestações clínicas). Ca- casos, podem acontecer infiltração e edema de
racteriza-se pela presença de lesões em diversos face (RODRIGUES, 2012).
UNIDADE 3 79
Lúpus podendo prolongar-se até o dorso do nariz
e a fronte.
• Presença de eritema elevado e discoide
(arredondado), podendo, em alguns casos,
apresentar descamação ou, ainda, folículos
bloqueados.
• Fotossensibilidade causada pelo sol, apre-
sentando a formação de um eritema.
• Úlceras (áreas abertas) na região da boca
ou na nasofaringe.
• Artrite com desconforto.
• Geração de uma Inflamação da membrana
interna dos pulmões ou da cavidade pleu-
ral (pleurite) em, no mínimo, duas articu-
lações periféricas.
• Rins: albuminúria persistente (> 0,5 g por
dia) ou, ainda, cilindrúria.
• Neurológico: psicose, convulsões sem cau-
sa aparente (metabólica ou medicamen-
Figura 1 - Lesão “asa de borboleta”
tosa).
80 Patologias Cutâneas
Psoríase principal como manifestação mais importante
(psoríase pustulosa) (RODRIGUES, 2012).
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória A psoríase pode ocorrer em qualquer idade,
crônica, que afeta a pele, as unhas e, às vezes, as arti- mas a literatura relata que geralmente tem início
culações. Conforme Rodrigues (2012), sua evolução entre a terceira e quarta décadas de vida ou ocor-
é imprevisível e acomete o corpo intercalando perío- rência de forma bimodal (picos até os 20 anos e
dos de remissão e de recorrência. As manifestações após os 50 anos), podendo acometer de forma
cutâneas, que é nosso foco principal, pois estamos semelhante ambos os sexos e aumentar a mor-
tratando das doenças de pele nesta unidade, pos- bidade, influenciando de forma negativa a quali-
suem variações, podendo aparecer em um mesmo dade de vida dos pacientes, impactando, segundo
indivíduo vários tipos de lesões ao mesmo tempo Sabbag (2006), na condição socioeconômica para
(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). o sistema de saúde.
No entanto, Rodrigues (2012) relata que a ca-
racterística da lesão (placa psoriásica) é eritema,
espessamento e a descamação. As escamas são Vitiligo
prateadas ou, ainda, branco nacaradas, com as-
pecto delimitado, não aderidas e dispostas em A etiologia da patologia vitiligo ainda não está
lâminas superpostas. A psoríase é uma patologia esclarecida, sendo considerada idiopática, mas a
da pele de caráter genético, porém o mecanismo hipótese mais aceita nos dias atuais é de que seja
desta herança não está totalmente esclarecido. uma doença autoimune, que causa disfunção ou
destruição dos melanócitos (células que produ-
zem o pigmento da pele) pelos autoanticorpos que
são produzidos (KEDE; SABATOVICH, 2004). A
destruição dessas células (melanócitos) acabam
gerando a perda da pigmentação da pele.
Esta patologia é caracterizada pela destruição das
células melanócitos e, consequentemente, da perda
da melanina, que é o constituinte responsável por
dar a pigmentação (cor) da pele, e pela presença de
máculas acrômicas (LACRIMANTI, 2008).
Figura 3 - Psoríase Há, ainda, estudos que sugerem que o fator ge-
nético pode estar associado, pois observa-se que,
Esta doença é caracterizada pela inflamação da em média, em 30% dos casos de acometimento
pele, ao qual acaba gerando uma lesão que irá desta patologia, históricos familiares encontram-
estimular a hiperproliferação das células querati- -se envolvidos. Tanto o sexo feminino quanto o
nócitos presentes na camada basal (HABIF, 2012). masculino são igualmente acometidos, sendo que
A descamação e o eritema presentes na pele aproximadamente 1% da população é afetada pelo
do paciente que apresenta a psoríase podem aca- vitiligo e cerca de 50% dos casos iniciam-se antes
bar se generalizando (psoríase eritrodérmica) ou, dos 20 anos. A perda do pigmento da pele (mela-
ainda, pode acontecer o predomínio do processo nina) pode ser localizada ou de modo generali-
inflamatório, em que as pústulas assumem o papel zado (HABIF, 2012).
UNIDADE 3 81
As manchas características desta patologia podem ser poucas ou muitas em uma região, com evo-
lução rápida, podendo manifestar-se de modo generalizado, afetando de modo bilateral (os dois lados
do corpo), com evolução rápida ou lenta (LACRIMANTI, 2008).
Figura 4 - Vitiligo
O vitiligo pode apresentar problemas de natureza estética, por conta das lesões características dessa
patologia, principalmente em indivíduos que possuem fototipos de pele mais elevados (fototipos III
e IV de Fitzpatrick) (KEDE; SABATOVICH, 2004).
A doença vitiligo pode causar sérios danos psicológicos, afetando a qualidade de vida dos indivíduos
que a possuem, pois as manifestações clínicas da doença causam desconforto estético. Alguns im-
pactos podem ser percebidos na personalidade e no convívio social em decorrência desta patologia.
Para obter o diagnóstico desta patologia não é muito difícil, pois a ausência de pigmentação nas lesões
acrômicas acaba por distinguir de outras dermatoses, como a pitiríase versicolor, a qual apresenta
também diminuição da coloração, porém não tão intensa e completa como no caso clínico do vitiligo
(LACRIMANTI, 2008).
82 Patologias Cutâneas
Câncer
de Pele
UNIDADE 3 83
Carcinoma
Espinocelular
O Carcinoma espinocelular é
o segundo tipo de câncer cutâ-
neo mais encontrado nos indi-
víduos que possuem neoplasia
cutânea. Esta patologia acomete
a epiderme e sua incidência é
maior nos indivíduos idosos
(homens) com mais de 70 anos,
com pele e olhos claros expostos
Figura 5 - Exposição solar à luz solar em excesso (longos
períodos) (PETRI, 2017).
Os tumores malignos presentes na pele possuem manifestações con- Este tipo de câncer caracte-
sistentes e firmes e apresentam bordas irregulares com crescimento riza-se pela presença de pápula,
rápido do tecido neoplásico. A região do tecido cutâneo acometido nódulo ou, ainda, placa, carnudo,
sofre facilmente de sangramentos (LACRIMANTI, 2008). opaco, sua coloração é a mesma
O processo de transformação da célula saudável em cancerígena da pele, geralmente é escamo-
recebe o nome de carcinogênese. Na neoplasia, a célula acaba sofren- sa (ou ceratótica, ou erodida).
do uma agressão, porém este estímulo acaba lesionando o núcleo da No caso da hiperceratose, pode
célula, fazendo com que ela não consiga mais voltar ao seu normal, ser verrugosa e farinhenta, lem-
diferentemente da célula sadia que, ao sofrer uma lesão, adapta-se brando que o tecido acometido
ao estímulo, voltando à normalidade (LACRIMANTI, 2008). é frágil, deste modo é comum o
Observe, na figura a seguir, os três tipos de câncer de pele que sangramento e exsudação (REE-
serão apresentados nesta unidade: carcinoma espinocelular, carci- VES; MAIBACH, 2000).
noma basocelular e o melanoma.
Carcinoma de Carcinoma
células escamosas basocelular Melanoma Carcinoma
Basocelular
Epiderme Tumor que acomete o tecido
epitelial, derivado das células da
camada basal (pluripotenciais
Derme da epiderme ou do folículo pilo-
so), sendo de maior incidência
em idosos de pele e olhos claros;
Hipoderme
possui progressão lenta e malig-
nidade relativa (PETRI, 2017).
Pessoas de pele clara e que
Figura 6 - Câncer de pele
possuem exposição maior ao sol
84 Patologias Cutâneas
tendem a ter mais probabilidade a desenvolver • Fibrosante, esclerodermiforme e cicatri-
o carcinoma basocelular (REEVES; MAIBACH, cial: reação fibrosa consistente, com a pre-
2000). sença de pápulas pequenas e com aspecto
O quadro clínico desta patologia se caracteri- perolado nas bordas, estendendo-se mais
za por lesões quase sempre localizadas nas áreas profundamente e lateralmente do que apa-
superiores, como a face, pescoço e raramente renta na superfície.
acometem braços e o dorso das mãos. Apresenta
pápula brilhante, perolada, com depressão cen-
tral, ulceração ou erosão, podem sangrar quando Melanoma
for atingido mecanicamente (trauma), possuindo
bordas de aspecto arredondado, translúcidas com O melanoma é um tipo de câncer que se ori-
presença de telangiectasias, seu crescimento é len- gina nos melanócitos localizado na camada
to e ainda possui pigmentação ocasional (PETRI, epiderme; essas células são responsáveis por
2017). produzir a pigmentação da pele (melanina)
(LACRIMANTI, 2008).
Esta doença não possui uma etiologia cla-
ramente definida; sabe-se que alguns fatores
podem estar colaborando para o seu surgimen-
to, como a exposição solar, genética, fototipos
cutâneos e também a quantidade de nevos
(manchas na pele), assim como a síndrome
do nevo displásico (SND), que também pos-
sui grande importância (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011).
Este tumor é maligno, originário dos melanó-
Figura 7 - Carcinoma basocelular
citos (células), geralmente possui localização cutâ-
De acordo com Reeves e Maibach (2000), o carci- nea primária, porém pode acabar acometendo ou-
noma basocelular possui alguns tipos (variações tras regiões, como os olhos, mucosas e meninges.
clínicas): O melanoma de pele é muito mais comum que o
• Nodular ou cístico: caracteriza-se por ser de outras formas que não são cutâneas. Caracte-
tenso e brilhante. riza-se por possuir um potencial metastático e,
• Superficial: apresenta-se como mácula ou consequentemente, letalidade (AZULAY; AZU-
placa fina e brilhante. LAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011).
• Pigmentado: possui variações entre pon- O melanoma pode apresentar-se, primeira-
tos cinza-pólvora a negra. Possui aspecto mente, como um pequeno tumor pigmentado so-
translúcido que se diferencia da patologia bre o tecido cutâneo, geralmente surge em áreas
melanoma. expostas ao sol, porém a grande maioria dos casos
• Terebrante: a umbilicação do centro pode se inicia através de nevos preexistentes (LACRI-
evoluir para a formação de uma úlcera. MANTI, 2008).
UNIDADE 3 85
Ao somar todas as mortes em decorrência do
câncer de pele, verificou-se que o melanoma possui
três vezes mais número de indivíduos mortos do que
todas as outras neoplasias cutâneas em conjunto.
Entretanto, a mortalidade irá variar dependendo dos
subgrupos populacionais, por exemplo: nos negros,
cerca de 36% das mortes por decorrência do câncer
de pele são dos melanomas; em contrapartida na
Figura 8 - Melanoma população branca, cerca de 90% das mortes em in-
divíduos entre 15 e 50 anos são derivadas do tipo de
neoplasia cutânea melanoma (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011).
Lacrimanti (2008) descreve que as letras A, B,
C e D são utilizadas para verificar se as lesões cor-
respondem à patologia melanoma, funcionando da
seguinte forma: cada letra possui um significado.
Letra “A” corresponde à assimetria (formato irregu-
lar), letra “B” significa bordas irregulares (limites ex-
ternos que são irregulares),“C” de coloração variada
Figura 9 - Aspecto melanoma (diferentes cores) e a letra “D” para diâmetro que
deve ser maior que 6 mm (LACRIMANTI, 2008).
Ocorre em todas as raças, porém nos negros a doença Para auxiliar ainda mais no diagnóstico da patologia,
é rara e possui, geralmente, localização palmoplantar. pode-se incluir a letra “E” de evoluindo, que seria a
Normalmente, quanto mais branca for a pele, mais mudança (evolução) que ocorre na mancha, como
claro for o cabelo e os olhos, maior será o número tamanho, cor e forma.
de efélides e de nevos (principalmente os atípicos), Regra para a detecção precoce do melanoma
aumentando a probabilidade do melanoma nestes
casos, que irá incidir frequentemente nas regiões pró- Assimetria
ximas ao equador, o que sugere uma etiologia solar
(pelo menos na raça branca) (AZULAY; AZULAY; Bordas
AZULAY-ABULAFIA, 2011). (as bordas externas
são desiguais)
O melanoma diferencia-se de outros cânce-
res de pele, pois esta patologia sofre o processo Cor
(preto, escuro ou
de metástase rapidamente, espalhando-se para múltiplas cores)
outras regiões do corpo, formando, assim, mais
tumores e causando a destruição de tecidos. Diâmetro
(maior que 6 mm)
Quanto menos o melanom evoluir (crescer),
maior será a resposta ao tratamento, pois quan-
do o melanoma invade profundamente a pele, Evoluindo
(mudança de tamanho,
pode afetar vasos sanguíneos e linfáticos (LA- forma e cor)
86 Patologias Cutâneas
Micoses
e Fungos
UNIDADE 3 87
epidermophyton (PRENTICE, 2012). Os fungos, diversas manchas de alopecia. As principais fontes
por sua vez, podem ser: geofílicos (M. Gypseum), de contaminação desta patologia são por meio
zoofílicos (M. Cannis, T. Mentagrophytes, T. Ver- da lâmina do barbeiro, pentes de cabelo, animais
rucosum) e antropofílicos (T. Rubrum, T. Tonsu- contaminados com os fungos e pelo contato físico
rans, T. Violaceum, T. Schoenleinii, E. Flocosum, íntimo (PRENTICE, 2012).
T.Megninii, T. Concentricum) (NETO; CUCÉ;
REIS, 2013).
A pele possui barreiras de proteção para impe-
dir a entrada destes agentes patológicos, por isso
as condições favoráveis para instalações, desen-
volvimento e manutenção dos fungos precisam
superar esses recursos naturais de defesa presentes
na superfície do tecido cutâneo.
Para que haja a infecção, o meio precisa ser
favorável, como a sudorese excessiva, oclusão,
maceração, falta de higiene, além de dermatoses
preexistentes. Algumas outras causas também fa-
vorecem a infecção fúngica, por exemplo, o uso
Figura 11 - Tinea Capitis
prolongado de medicamentos com antibiótico ou
corticosteroides, linfomas, doenças debilitantes,
diabetes mellitus e imunossupressão de outras Tinha dos Pés
causas (PETRI, 2009). (“Pé-de-atleta”)
88 Patologias Cutâneas
Micose das Unhas
(Onicomicose, Tinea
Unguium)
Tinha do Corpo
(Tinea Corporis)
Onicomicose Onicomicose
subungueal distal superficial branca
Onicomicose Onicomicose
subungueal proximal por Candida
UNIDADE 3 89
Tinha Barba (Sicose Tricofítica)
Apresenta-se em placas descamativas e eritematosas, papulosas e com bordas bem definidas, onde
encontram-se vesículas ou vesicopústula na região periférica (NETO; CUCÉ; REIS, 2013).
Tinha Incógnito
Ocorre midiante uso excessivo e errôneo dos corticosteroides (tópico ou sistêmico); o aspecto da tinha
dermatofítica é atípico (PETRI, 2009).
Dermatofítide
São vesículas na palma e faces lateral dos dedos, caracterizadas por serem geralmente bilaterais nas
palmas e nas plantas, como resposta à distância, ao foco micótico (sempre nos pés), pelo mecanismo
da hipersensibilidade (PETRI, 2009).
90 Patologias Cutâneas
Dermatite
Atópica
UNIDADE 3 91
A prevalência dos casos de dermatite são elevadas • Dermatite palmoplantar: 70% das crian-
e atingem, principalmente, as crianças e adultos ças com dermatite apresentam dermatite
jovens. Os profissionais da área da saúde também palmoplantar, que se apresenta por espes-
apresentam prevalência alta, sendo os mais afeta- samento da pele das palmas e/ou plantas,
dos os da área da estética e dermatologia. Isso se atingindo ou não o dorso das mãos e dos
deve pelo fato de fazerem repetidas lavagens de pés. A dermatite plantar juvenil acomete o
mãos com sabonete, uso de cremes para massa- dorso dos pés, originando uma dermatite
gens, favorecendo, assim, a destruição da barreira exsudativa (saída de líquidos) com eritema,
da camada córnea (HABIF, 2012). descamação e fissuras dolorosas; atinge a
Pacientes com dermatite de contato apresen- superfície plantar do primeiro dedo.
tam infecções cutâneas bacterianas, virais e fún- • Fissuras infrauriculares, retroauricu-
gicas (BIEBER, 2008). A bactéria “Staphylococcus lares e infranasais: decorrem da coceira
aureus” potencializa o processo inflamatório. O prolongada, sendo que as fissuras infrana-
sistema imunológico inato fica comprometido na sais são frequentes em pacientes com rinite
dermatite de contato, as diminuições de peptídeos alérgica persistente.
antimicrobianos levam ao aumento da coloniza- • Dermatite seborreica: é uma doença infla-
ção do “Staphylococcus aureus” na pele (BUNI- matória crônica, atinge as áreas com gran-
KOWISKI et al., 1999). des números de glândulas sebáceas, como
Manifestações associadas à dermatite são: couro cabeludo, sobrancelhas, pálpebras, aba
• Ictiose alba: determinada por pele esca- do nariz, parte posterior das orelhas e peito
mosa, seca, hipopigmentada. Instalada em (região anterior do tórax). A pele fica áspera,
áreas como face e membros superiores, ou vermelha e recoberta por escamas, que pare-
seja, áreas com uma maior exposição solar. cem secas ou gordurosas, finas ou espessas,
• Ceratose pilar: apresenta pápulas de 1 cinzentas ou amareladas e são aderentes. Há
a 2 mm de diâmetro e surge em 50% dos presença do Pityirosporum ovale e Pityros-
pacientes com dermatite; com o passar da porum orbicular. Os sintomas são agravados
idade, tende a melhorar. Geralmente, apa- em virtude do vento, calor, umidade, suor, uso
recem na região dos antebraços e na parte de bonés, dormir de cabelo molhado, estresse,
anterior das coxas. alterações hormonais, xampus inadequados e
• Hiperlinearidade palmoplantar: é uma água quente (WICHROWSKI, 2007).
acentuação das linhas de palmas e plantas
dos pés, sendo observada em mais de 90% Os fatores desencadeantes são: bactérias Sta-
dos pacientes. Ocorre a manifestação da phylococcus aureus, fungos e vírus. Os alérge-
xerose (ressecamento anormal). nos alimentares também desencadeiam a doen-
• Desidrose: remete mais às palmas que ça, assim como ácaros, asma, rinite e fatores
plantas dos pés. Pode evoluir para desca- psicológicos (JOHANSSON; HAAHTELA,
mação em forma de colar. 2004).
92 Patologias Cutâneas
Dermatite por cissus spp, dieffendobachia picta, philodendron
Contato por Cosméticos spp, brassica nifgra, ananascomosus, huacinthus
orientalis, rheun rhaponticium,ranunculus spp,
Todos os dias estamos em contato com vários tipos capsicum annuum. O oxalato está presente em
de cosméticos, desde xampu, sabonete, produtos uma grande variedade de plantas, pois ele confere
de limpeza, hidratantes, protetor solar, enfim, cada à planta proteção contra os predadores herbívoros
um destes apresentam suas características químicas e pragas.
com inúmeras substâncias que reagem em nossa pele Entretanto, essa substância causa salivação, ede-
(BOLOGNIA; JORIZZO; RAPINI, 2010). ma, queimação, bolhas e rouquidão. O látex, que é
Os principais produtos cosméticos que cau- outra substância irritante, gera bolhas e lesões erite-
sam dermatites são: tinturas de cabelo, esmaltes, matosas. A capsaicina está presente nas pimentas e,
perfumes, batons E protetores solares. Os esmaltes quando aplicadas sobre a pele, causa vasodilatação,
podem gerar processo inflamatório ao redor do irritação e edema; o óleo de pimenta pode causar
tecido queratinizado. As tinturas para cabelo são queimadura na mão quando aplicado. Outro cuida-
produtos que também são grandes vilãs das der- do que deve ser tomado é com as espécies cítricas,
matites no couro cabeludo e na pele. pois essas espécies causam queimadura com a foto-
Em virtude de um grande número de pessoas exposição (BOLOGNIA; JORIZZO; RAPINI, 2010).
terem dermatites com os cosméticos, a indústria O tratamento da dermatite é realizado com an-
cosmecêutica lançou no mercado os produtos tibióticos orais e tópicos, antivirais, antifúngicos,
hipoalergênicos. Estes produtos não apresentam corticosteroides, imunossupressores, fototerapia,
substâncias com alto poder de gerar os quadros esteroides, hidratação, tratamento psicológico,
alérgicos e inflamatórios na pele. dieta alimentar, laser de baixa frequência e LED
(luz de diodo).
Agora ficou mais fácil compreender que derma-
tite tópica é uma inflamação, podendo ser aguda ou
crônica. Esta é caracterizada pela distribuição no
Toda vez que você, enquanto profissional, aplicar corpo humano e pelos aspectos típicos das lesões,
em seus clientes um produto na pele que os dei- acompanhada de prurido e ressecamento da pele.
xe mais sensíveis, é recomendado que apliquem Pode ser causada por bactérias, fungos, vírus,
produtos hipoalergênicos. bem como ser induzidas por cosméticos, alimen-
tos e substâncias irritantes. O tratamento deve es-
tar pautado em higiene, hidratação, evitar fatores
Dermatites Induzidas por irritantes, medicamentos e auxílio psicológico, um
Substâncias Químicas tratamento multidisciplinar para, só assim, dar
Irritantes uma melhor qualidade de vida ao cliente.
Para a eficácia no tratamento das dermatites,
Esse tipo de dermatite frequentemente é oriun- são necessários educação e autocuidados, hidrata-
daOdo reino vegetal. As principais substâncias ção cutânea, controle dos fatores desencadeantes
irritantes são oxalato de cálcio e as substâncias e tratamento medicamentoso.
dissolvidas no látex e nas organelas das plantas. As A educação dos pacientes e familiares é funda-
principais plantas que geram dermatites são: nar- mental. Os programas educacionais fazem parte
UNIDADE 3 93
do controle global. O questio-
namento multidisciplinar, com
a participação de profissionais
da saúde, é um fator que incor-
pora qualidade de vida ao pa-
ciente, melhorando o controle
da doença e aderência ao trata-
mento instituído (DARSOW et
al., 2010). A ficha de anamnese
com todos os dados do clien-
te, contando a história natural
da doença, fatores desenca-
deantes e cuidado terapêutico,
é essencial para formular as
medidas preventivas, melho-
rar a segurança do cliente e dar
continuidade ao tratamento. É
aconselhado que seja dado aos
seus familiares um material de
apoio no domicílio para ajudar
no tratamento e prevenção da
doença.
Outro cuidado básico a ser
seguido é com a limpeza e hi-
dratação da pele, para a retirada
de descamações e secreções da
pele, assim como a manuten-
ção do manto hidrolipídico. O
cliente deve evitar os fatores de-
sencadeantes, como: detergen-
tes, perfumes, ácaros, cosméti-
cos, produtos químicos, estresse,
entre outros.
94 Patologias Cutâneas
Acne
UNIDADE 3 95
Classificação da Acne • Proliferação da Propioniobacterium acnes: o
hormônio estimula a elevação de pH (poten-
A seguir, conheça alguns tipos de acne: cial hidrogeniônico), que é normal a 5,5; com
Comedão: aumento de sebo, associado a células o estímulo chega a 7,4. Com esse aumento de
mortas que fecham a saída do poro, formando um pH, a pele fica básica, ou seja, há formação
tampão. A cor do comedão é dada em virtude do de bactérias.
contato do tampão com o ar ou está envolvida com • Resposta imune: o organismo se defende com
a produção de melanina. O comedão fechado é de a produção de mediadores de inflamação.
difícil visualização, sendo uma elevação cutânea de
cor esbranquiçada ou amarelada. O comedão aberto
é o vulgo cravo, não é elevado, entretanto pode-se
apresentar uma pequena elevação dura de cor preta. Os mediadores de inflamação são o monócito
Pápula: é a inflamação do comedão que se e o macrófago (células do sistema de defesa do
torna avermelhado e aumenta de tamanho, apro- organismo); o monócito move-se do vaso san-
ximadamente, de 1 a 4 mm. É dolorosa e se de- guíneo, com isso o macrófago vai defender o
senvolve principalmente do comedão fechado. organismo fagocitando (englobando) a bactéria,
O comedão aberto somente inflama quando é e o que sobra é o pus, a pústula.
manipulado sem asfixia.
Pústula: é a evolução da pápula, com a evolu-
ção da pele em uma bolsa de pus de profundidade Manifestação clínica da acne ocorre por grande
variável, acompanha prurido e dor. variedade de lesões que podem comprometer a
Nódulo: é uma lesão profunda, coberta por face, ombros, porção superior das costas e no tó-
pele normal que evolui até a inflamação e termina rax (RIBEIRO, 2006).
com a formação de cicatrizes. Os inimigos da acne são:
Cicatriz: as cicatrizes podem ser atróficas, hi- • Aumento de queratina.
pertróficas ou queloides. Os queloides se apresen- • Aumento de sebo.
tam como inchaço bem delimitados, de cor rosa • Aumento de bactérias.
a vermelho escuro, porém de formato irregular. • Aumento de inflamação.
96 Patologias Cutâneas
• Sudorese excessiva e a radiação UV. de maracujá, microesfera de polietileno,
• Estresse (estímulo hormonal). óxido de alumínio).
• Acnes com origem endócrina, originadas • Controlar a inflamação (extrato de calên-
de ovário policístico, hirsutismo. dula, extrato de camomila, alfa bisabolol,
• Período menstrual. ácido glicirrízico, alantoína).
• Alimentação rica em lipídios. • Controlar a proliferação das bactérias (tri-
closan antisséptico, própolis).
Ribeiro (2006) classifica a acne em quatro formas:
• Acne comedonal: apresenta tanto come- Na prática, esses cosméticos são aplicados sobre a
dões fechados como abertos, porém não pele na forma de esfoliação, que retira as camadas
apresenta processo inflamatório. mortas da pele e remove a queratina do extrato
• Acne suave: já existe a presença de pápulas córneo. Há a aplicação em forma de máscaras e
e pústulas. aplicações de ácidos químicos.
• Acne moderada: a presença de pápulas, Também pode se fazer uso dos equipamentos
pústulas e poucos nódulos. estéticos como:
• Acne severa: também chamada de acne • Alta frequência que é bactericida, germicida
conglobata, com a presença de pápulas, e fungicida.
pústulas e muitos nódulos. • Peeling de diamante e de cristal, que promo-
vem a esfoliação mecânica.
A abordagem terapêutica ou tratamento é realizado • Desincruste, que remove o sebo da pele.
com uso de cosméticos, fototerapia, ácido salicílico, • Ozônio, que é bactericida, fungicida e ger-
calêndula, óleo de melaleuca, camomila, aloe vera, micida.
absorvedores e adsorvedores de oleosidade e tam- • Aparelhos de LED, anti-inflamatório.
bém com o uso de equipamentos estéticos. • Fototerapia, anti-inflamatório.
• Laser de baixa frequência, anti-inflamatório.
• Microagulhamento para a cicatriz de acne,
faz a recomposição tecidual.
Substâncias absorvedoras são aquelas que ab- • Limpeza de pele, retira as células mortas e
sorvem a oleosidade que passa a ficar misturada diminui oleosidade.
com a substância (microesfera de sílica), enquan-
to as substâncias adsorvedoras são aquelas se li- Caro(a) aluno(a), chegamos ao término desta
gam a oleosidade (silicatos de alumínio e argilas). unidade, na qual aprendemos sobre as doenças
autoimunes, câncer de pele, micoses, dermatites
atópicas e acne. O conhecimento e entendimento
Os cosméticos para o tratamento da acne devem: dessas afecções permitirá a formulação de pro-
• Inibir a produção de sebo (asebiol, takal- tocolos terapêuticos utilizados na estética e cos-
lophone, microesponjas, argilas, óxido de mética, podologia e nas terapias integrativas e
zinco, alginato de sódio). complementares. O sucesso de um profissional
• Inibir a queratinização: queratolíticos quí- está em seu conhecimento teórico e prático. Na
micos (ácido glicólico, ácido mandélico, próxima unidade, aprofundaremos nossos co-
ácido salicílico, ácido retinóico); e querato- nhecimentos sobre as disfunções da pele. Até lá,
líticos físicos (semente de apricot, semente bons estudos!
UNIDADE 3 97
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
98
4. Vários são os fatores que influenciam a gravidade do quadro e o surgimento da
acne. Contudo, a elevação da carga hormonal com as modificações características
da pele são os principais responsáveis. É possível que a acne possua compo-
nente genético na conformação do folículo, facilitando a obstrução. Analise as
afirmativas a seguir:
I) A acne é mais incidente entre as meninas em relação aos meninos, corres-
pondendo, nesta etária adolescente, a aproximadamente 80% da queixa
dermatológica nos consultórios médicos.
II) A acne é bastante incidente entre os adolescentes e na mulher adulta.
III) Na acne, tem-se um processo infeccioso, não inflamatório da unidade pilos-
sebácea.
IV) A testosterona é o grande responsável pela formação e agravamento da acne.
99
LIVRO
Dermatologia Estética
Autor: Maria Paulina Villarejo Kede e Oleg Sabatovich
Editora: Atheneu
Sinopse: Dermatologia Estética surge, agora em sua 3ª edição, atualizada e am-
pliada, mantendo, não obstante, a uniformidade de sua linha didático-expositiva,
que se define pelo estudo teórico-prático da dermatologia estética de modo
abrangente e atual. Essa linha tem como referência o ponto de cruzamento da
dermatologia com a cosmiatria e, como alicerce, a ética, sem o que, nessa malfa-
dada circunstância, perder-se-ia a consensualidade universal do conhecimento
científico, dando-se margem ao charlatanismo e a outras formas de tratamento
milagreiro. Aliás, o exercício profissional sob o respaldo da ética, sem sombra de
dúvida, é uma das grandes preocupações dos editores-chefes, a que se soma a
extrema confiabilidade de seu trabalho, cuja base é constituída pela casuística
e por evidências médicas.
100
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102
1. As barreiras naturais são elementos que protegem o organismo no geral, tornando mais difícil a penetração
de micro-organismos, sendo essas estruturas as que mais se destacam: pele (barreira mecânica contra
agentes invasores e traumas físicos), mucosas, pelos, lágrimas (enzimas que exercem função contra os
micro-organismos) e a saliva (empurram os micro-organismos para o estômago, possui ainda enzimas bac-
tericidas). A pele é uma barreira mecânica, possuindo ação contra a invasão de agentes invasores, possui
ainda outra função contra os micro-organismos, pela secreção de substâncias microbicidas, através das
glândulas que se encontram anexas a este órgão (LACRIMANTI, 2008).
2. C.
3. Cada letra possui um significado. Letra “A” corresponde à assimetria (formato irregular), letra “B” significa
bordas irregulares (limites externos que são irregulares), “C” de coloração variada (diferentes cores) e a
letra “D” para diâmetro que deve ser maior que 6 mm (LACRIMANTI, 2008). Para auxiliar ainda mais no
diagnóstico da patologia, pode-se incluir a letra “E” de evoluindo, que seria a mudança (evolução) que ocorre
na mancha, como tamanho, cor e forma.
4. B.
5. Dermatite palmoplantar. O que influenciou o surgimento da dermatite palmoplantar foi a idade, o clima
seco que tem uma menor umidade no ar, a alimentação e a lavagem com água muito quente.
103
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Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
Disfunções da Pele
PLANO DE ESTUDOS
Lipodistrofia e
Envelhecimento
Hidrolipodistrofia ginoide
Calosidades, Verrugas
Discromias Estria e Flacidez
e Hiperidrose
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os vários tipos de discromias existentes. • Compreender as mudanças que ocorrem no organismo
• Estudar a formação e os tipos da lipodistrofia e do hidro- no processo de envelhecimento.
lipodistrofia ginoide. • Promover o conhecimento sobre as calosidades, as ver-
• Classificar os tipos de estrias e de flacidez por meio de altera- rugas e a hiperidrose.
ções que ocorrem nos diferentes tecidos do corpo humano.
Discromia
Dendritos
Grânulos
de melanina
UNIDADE 4 109
Existem vários fatores que podem causar as man- Segundo Kede e Sabatovich (2015), a falta de pig-
chas no tecido cutâneo, como a radiação solar, o mentação (hipopigmentação) na pele também
envelhecimento, a gravidez devido aos hormô- pode ser hereditária, congênita ou adquirida; no
nios, fatores endócrinos, tratamentos com hormô- caso do albinismo, este é de caráter hereditário
nios sexuais, problemas vasculares e hemáticos, recessivo e acomete a pele, cabelos e olhos (al-
bem como a predisposição genética que tam- binismo oculocutâneo), onde temos células me-
bém influencia no surgimento desta condição lanocíticas que produzem a melanina. Quando
(STEVENS; LOWE, 1995). ocorre ausência desta proteína no paciente, este
As discromias podem ser classificadas devido apresenta também deficiência visual.
às diferentes etiologias, ou seja, o agente causa- Outra hipopigmentação da pele encontrada
dor da alteração da coloração da cútis, ressalva na literatura é o nevo acrômico. Este é descrito
Borges (2010), como no caso das Melanodermias por Kessel (2001) como hipomelanose de Ito (HI)
ou hipermelanose, que são caracterizadas como ou incontinência pigmentar acromiante. Esta dis-
manchas hipertônicas devido ao excesso de mela- função geralmente está presente desde o nasci-
nina, por um excesso de produção de melanócito. mento, sendo mais frequente no sexo feminino,
Por sua vez, as alterações denominadas como com herança autossômica dominante. Em alguns
leucodermia ou acromia ocorrem devido à dimi- casos, pode acontecer de repigmentar o local com
nuição ou ausência de melanina no tecido, cau- o passar dos anos.
sando manchas esbranquiçadas, mais claras que Encontramos também a hipercromia, que, pelo
a tonalidade da pele do indivíduo, sendo comum próprio nome, já demonstra que a cor na região
em áreas expostas (causadas pelo dano cumulati- acometida é mais forte. Esta disfunção não tem
vo dos raios ultravioleta ao longo da vida), como envolvimento de melanina, as manchas são decor-
antebraços e pernas, sendo frequente na popula- rentes de alterações vasculares, deixando assim a
ção (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, sua coloração arroxeada (EVELINE, 2006).
2017). Por outro lado, a Melanodermia ou hiperme-
lanose, segundo Brasileiro Filho (2013), é decor-
rente da hiperpigmentação melanótica, devido à
infiltração de melanina na camada profunda da
derme de melanina. Podem ser encontradas de
sete formas diferentes:
• Congênitas ou hereditárias: manchas
de tom castanho claro a escuro, de 2 a 3
mm de diâmetro, de forma arredondada
e delimitada, atingem as áreas com maior
exposição solar. Ex.: efélides (sardas).
• Nevo melanocítico: mancha congêni-
ta cuja cor é de café com leite, forma e
tamanho variado, surge em qualquer
região. Pode se apresentar em relevo ou
plana, podem ser associadas à presença
Figura 3 - Imagem de uma mulher que apresenta albinismo de tumor.
UNIDADE 4 111
• Antipollon HT: absorve a melanina já Os mecanismos utilizados pelos despigmen-
existente Picnogenol; clareador via oral, tantes são de inibição da enzima tirosinase,
extraído da casca do pinheiro, o Pinus antioxidantes de precursores da melanina na me-
pinaster. Reduz a hiperpigmentação, logênese, diminuição de melanócitos e esfoliação
deixando a pele mais uniforme, neutra- dos queratinócitos.
liza os radicais livres promovidos pela Há outras manchas que não envolvem a me-
radiação solar, protegendo a pele do es- lanina, como as hipercromias: manchas marrons
tresse oxidativo. na sola dos pés em virtude da estase venosa. O
• Argila branca ou caulim: composta de processo de aparecimento se deve à circulação
silicato de alumínio, ação depurativa, ten- venosa comprometida, ou seja, o sangue que cir-
sora, reduz a inflamação (NUNES, 2015). cula dentro da veia tem dificuldade de retornar
• Óleo essencial de olíbano: atua como um ao coração. Como consequência, a veia dilata e
antioxidante que combate os radicais livres deixa de passar a hemossiderina, molécula que
e age contra as inflamações. contém ferro, ocasionando o depósito de ferro
• Óleo essencial de vetiver: clareia man- sob a pele, deixando uma coloração marrom. O
chas escuras. mesmo processo pode acontecer nas nossas tão
• Óleo essencial de copaíba: rico em ß-ca- temidas olheiras.
riofileno, que é um composto anti-inflama-
tório e que ajuda no clareamento de man-
chas escuras, cicatrizes e manchas de acne.
• Óleo essencial de pracaxi: suaviza man-
chas escuras causadas por alterações hor- Caro(a) aluno(a), nunca prometa para seu cliente
monais e também atenua manchas claras que a sua discromia vai desaparecer e não vai
senis e estrias recentes devido à presença voltar. O tratamento de discromia é para o resto
do ácido behênico. da vida, é uma afecção crônica que tem períodos
• Óleo essencial de rosa mosqueta: con- sintomáticos e assintomáticos. Portanto, o cliente
tém tretinoína natural que atenua as man- deve fazer a prevenção periodicamente.
chas escuras.
UNIDADE 4 113
Embora o índice de obesidade venha aumen- nadas células adiposas, encontradas de forma iso-
tando a cada ano, ainda há aquelas pessoas que ladas ou em pequenos grupos ou, ainda, em grande
possuem apenas a lipodistrofia localizada. Neste número por todo o corpo (GUIRRO, E.; GUIRRO,
caso, existem, no mercado, inúmeros tratamen- R., 2004). É diferenciado pela sua estrutura, função
tos seguros e que exigem um curto período de e localização: tecido adiposo branco (comum ou
repouso. unilocular), tecido adiposo marrom (multilocular
ou pardo) e tecido adiposo bege (TASSINARY; SI-
NIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
Tecido Adiposo O tecido adiposo branco tem a função de
armazenar energia na forma de ácidos graxos e
Existem vários estudos que comprovam que a liberá-la durante os períodos de jejum ou maior
obesidade está ligada tanto a fatores genéticos demanda energética. Apresenta uma única gota
quanto a fatores ambientais. A distribuição da de lipídio e varia de tamanho de acordo com a
gordura corporal é classificada em dois tipos: quantidade de triacilglicerol (TAG) armazenada.
androide e ginoide. Androide é conhecida como A maior parte dos adipócitos dos adultos é do
maçã, na qual a gordura fica acumulada na região tipo branco. Além de armazenar energia, este teci-
abdominal, mais comum nos homens. A gordura do protege o organismo contra traumas, funciona
ginoide ou pera é aquela em que a gordura fica como isolante térmico, controla o metabolismo
acumulada nos quadris e coxas, mais comum nas por meio da produção e secreção de hormônios e
mulheres. citocinas. O tecido branco também atua na regu-
Um recente estudo demonstrou que as pessoas lação do apetite, balanço energético, sensibilidade
com acúmulo de gordura androide têm uma maior à insulina, angiogênese e metabolismo de lipídios,
probabilidade de mortalidade por doenças cardio- por meio da secreção de proteínas sinalizadoras,
vasculares. Essa gordura está associada à resistência chamadas de adipocinas (leptina, adiponectina
à insulina, hipertrigliceridemia, dislipidemia e infla- e resistina) (TRAYHURN, 2013; TASSINARY;
mação (FU; HOFKER; WIJMENGA, 2015). SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
O tecido multilocular ou marrom é diferen-
te do branco. Este apresenta inúmeras gotículas
lipídicas no citoplasma. Neste tecido, a energia
produzida se dissipa sob forma de calor, portanto
não fica armazenada sob forma de ATP (adeno-
sina trifosfato). Nos seres humanos, esse tecido
está presente durante o período fetal, porém sua
quantidade diminui após o nascimento, enquanto
nos adultos este tecido fica presente apenas ao
redor dos rins, da aorta e nas regiões do pescoço
e mediastino (KESSEL, 2001).
Estudos demonstraram que o tecido adiposo
Figura 5 -Lipodistrofia localizada bege apresenta tanto as características do tecido
branco quanto do marrom. Os adipócitos bege
O tecido adiposo é formado por células denomi- multiloculares apresentam capacidade térmica
Lipogênese
O hormônio estrógeno está envolvido na lipogê-
Lipogênese é um conjunto de processos metabóli- nese, assim como as catecolaminas, que fazem
cos que possuem a função de sintetizar, armazenar, o estímulo dos receptores α2 adrenérgicos e os
incorporar TAG (triaciglicerol) no tecido adiposo. receptores neuropeptídios Y (NPY), que inibem
Para que esse processo ocorra, é necessário uma a adenilciclase e, em consequência, inibem a li-
série de fatores que incluem elementos nutricio- pólise. Esses receptores, na mulher, são encon-
nais, hormonais e genéticos que são diferentes trados em maior quantidade na região glútea e
em cada indivíduo (TASSINARY; SINIGAGLIA; nas coxas.
SINIGAGLIA, 2018). Por outro lado, os receptores β adrenérgicos es-
timulam a lipólise, ou seja, a quebra da célula de
gordura. Quando estes receptores são estimu-
Lipólise lados, eles ativam a enzima adenilciclase, sendo
assim, transformam ATP (adenosina trifosfato)
A lipólise é ativada quando falta energia no em AMPc (adenosina monofosfato cíclico); com
organismo. Para que isso aconteça, ocorre a ati- o aumento do AMPc, ocorre a ativação das en-
vação de hormônios lipolíticos juntamente com zimas que gera a lipólise. Esses receptores, na
seu receptor específico na superfície celular. mulher, são encontrados em maior quantidade
Isso resulta na ativação da enzima adenilciclase no abdômen.
que catalisa e transforma a adenosina trifosfa- Fonte: adaptado de Guirro E. e Guirro R. (2004).
to (ATP) em adenosina monofosfato cíclico
(AMPc) e que informa à célula que ela foi
estimulada pelo hormônio. Como resultado, Dentre os princípios ativos para o tratamento da
ocorre a quebra da célula adiposa em três áci- lipodistrofia segundo Tassinary, Sinigaglia e Si-
dos graxos e em um glicerol. nigaglia (2018), estão:
UNIDADE 4 115
a) Cafeína: pertencente ao grupo das xan- f) Paullinia cupana K.: é o guaraná,
tinas, que têm por função a lipólise. A ca- aumenta o metabolismo do tecido
feína inibe a enzima fosfodiesterase, com adiposo, possui alta concentração de po-
isso aumentam os números de AMPc nos lifenóis com ação antioxidante.
adipócitos que estimulam a lipólise, sendo g) Nicotinato de Metila: methyl nicotinate, é
assim, ocorre a quebra da célula de gor- um éster do álcool metílico e do ácido nico-
dura. tínico. Causa hiperemia no local da aplicação
em virtude do efeito vasodilatador.
h) Lombina: extrato de Chrysanthelium
indicam (lanachrys), inibe os receptores
α adrenérgico.
A enzima fosfodiesterase transforma AMPc (ade-
nosina monofosfato cíclico) em AMP (adenosina Além dos princípios ativos tópicos, temos no mer-
monofosfato), em consequência dessa transfor- cado os nutricosméticos, que são a ingestão de
mação, os níveis de AMPc diminuem, portanto alimentos para melhorar os aspectos estéticos. É
inibe a lipólise, ou seja, reduz a quebra da célula conhecido como “a beleza de dentro para fora”.
de gordura. Conhecemos, agora, alguns deles para o trata-
Fonte: adaptado de Ribeiro (2010). mento da liposdistrofia, como: extrato seco de
alcachofra, extrato seco de centelha asiática, ca-
feína, quitosana, pycnogenol, agarcil, faseolamina,
b) Cafeisilane C: ativo de origem biotec- extrato de manga africana, azeite de oliva, gengi-
nológica que associa a cafeína pura com bre e óleo de chia. Na fitoterapia, trabalha-se com
ácido algínico à molécula de silanol. Esse chá de casca de laranja amarga, chá verde, chá de
ativo reduz a formação e estocagem de gengibre, chá de melissa, chá de dente-de-leão,
triglicerídios nos adipócitos e reativa o entre outros (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 1998).
metabolismo celular. Além dos ativos, é possível realizar procedi-
c) Xantagosil: ativo acefilina com silício mentos médicos, biomédicos estetas, farmacêu-
orgânico. Este inibe a lipogênese e esti- ticos estetas e estéticos para o tratamento de li-
mula a lipólise, além de inibir a fosfo- podistrofia. Explicando cada um deles:
diesterase. a) Médicos: cirurgia bariátrica, abdomino-
d) Bioex antilipemico: composto de ex- plastia, lipoaspiração, todos os tratamentos
trato de algas fucus, arnica, castanha da invasivos.
índia, centelha asiática, hera, erva-mate. b) Biomédicos estetas, farmacêuticas
Ativa a microcirculação, o metabolismo estetas: tratamentos invasivos, como
e a lipólise. intradermoterapia com medicamentos,
e) L-Carnitina: tem a função de manu- hormônios e enzimas.
tenção do metabolismo energético, an- c) Estéticos: eletrolipoforese, carboxiterapia,
tioxidante natural, rico em flavonoide intradermopressurizada, radiofrequência,
que inibe o estresse oxidativo. Faz o ultrassom, lipocavitação, criolipólise, plata-
transporte de ácido graxo livre para a forma vibratória, massagens modeladoras,
mitocôndria. terapia combinada, entre outros.
UNIDADE 4 117
Os adipócitos da região ginoide são os mais responsivos ao estrógeno que induzem ao aumento da
deposição de gordura no local sob interferência de hormônios. Os adipócitos apresentam receptores
adrenérgicos (β) e adrenérgicos (α2) da adenilciclase. Na região ginoide (coxas e glúteos), os receptores
(α2) estão presentes em maior quantidade que os receptores (β), portanto ocorre a inibição da lipólise,
conforme estudado no tópico anterior da lipodistrofia (RIBEIRO, 2010).
A disposição do tecido adiposo é diferente entre homens e mulheres. Na mulher, o tecido encontra-se
perpendicular à superfície da pele, sendo assim, forma compartimentos retangulares que favorecem
a insuflação das células adipócitas; nos homens os planos são oblíquos (TASSINARY; SINIGAGLIA;
SINIGAGLIA, 2018).
FEMININA MASCULINA
Epiderme
Derme
Células
adiposas
Tecido
conjuntivo
Camada
reserva
de gordura
Músculos
De acordo com Borges (2010), o hidrolipodistrofia ginoide divide-se em quatro formas clínicas:
• Branda ou flácida: localizada na pelve, coxa e braços. Surge após emagrecimento rápido, uso
de diuréticos, procedimentos mal realizados, como lipoaspiração e mesoterapia. Mobilização
das mudanças posturais. Atrofia muscular, microvarizes, pele fria, seca e rugosa.
• Dura, sólida ou compacta: localizada na porção inferior do corpo. Granulosa ao tato. Massa
dura e localizada. Não se altera com a movimentação postural. Pouca ou nenhuma mobilidade.
Sensação de frio nas extremidades.
• Edematosa: localizada nos membros inferiores. Obstrução tissular a nível das articulações.
Insuficiência circulatória e linfática, altera-se com a movimentação postural. Edema, varizes,
peso, prurido, câimbras. Aspecto casca de laranja. Ausência de cacifo.
• Mista consistente (dura): localizada na região consistente nas coxas, associada à flacidez, no
abdome ou, então, uma consistente na coxa, lateralmente acompanhada de uma flácida na parte
interna da coxa. É a forma mais comum do HLDG (hidrolipodistrofia ginoide).
Derme
Epiderme
Músculos
Os ativos precisam diminuir a lipogênese, estimular a lipólise, a fim de reestabelecer a circulação san-
guínea e atuar na diminuição de edema. Caro(a) aluno(a), como podemos identificar, os ativos são os
mesmos do tratamento da lipodistrofia localizada, porém na HLDG, teremos o aumento dos ativos
para diminuição de edema.
UNIDADE 4 119
A fosfodiasterase é a enzima já vista no tópico
anterior, que reduz a lipólise nas células adiposas,
ou seja, reduz a quebra de gordura. Um inibidor
da fosfodiasterase é a cafeína.
As metilxatinas, que possui efeito lipolítico,
inibem a fosfodiaterase, estimulam receptores β
adrenérgicos. Ex.: cafeína 8%, teofilina, aminofili-
na até 4%, extratos vegetais ricos em cafeínas, ama-
rashape cafeisilane, theophillisilane C, Xantagosil
C, extrato de Centella Asiática, extrato de castanha
Figura 11 - Tratamento para HLDG
da Índia, extrato de Ginkgo Biloba, Nicotinato de
Metila e lipostabil. Finalizamos o tópico de lipodistrofia e hidrolipo-
Os nutricosméticos para o tratamento da distrofia ginoide (HLDG), falamos da semelhança
HLDG são: extrato seco de alcachofra, castanha dos princípios, ativos e tratamentos. Por que será
da Índia, extrato seco de centelha asiática, camel- que ocorre essa semelhança? A lipodistrofia lo-
lia snensis, chá branco, chá vermelho, hibiscus, calizada é o acúmulo de gordura na qual se com-
quitosana, cavalinha, entre outros (TASSINARY; promete o tecido com êxtase venosa, tornando-o
SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018). Os fitoterápi- desnutrido, sem elasticidade. Consequentemente
cos são chá de cavalinha, suco detox com pepino, esse quadro resulta em HLDG. Portanto, para a
couve e gengibre, suco de uva Niágara e aplicação eficácia do tratamento, em primeiro lugar trata-
do pó da centelha asiática sobre a pele (MAHAN; mos a gordura localizada juntamente com o en-
ESCOTT-STUMP, 1998). trelaçamento das fibras elásticas, para que o tecido
Atualmente, existem no mercado inúmeros volte ao aspecto liso e uniforme. Ah, mas e aquelas
tratamentos para HLDG, lembrando que todos os pessoas que são magras e possuem HLDG? Sim,
tratamentos citados no tópico anterior também aí se trata de acúmulo de líquido intersticial que
sejam para HLDG, podemos acrescentar aqui a deve ser tratado com procedimentos e ativos que
endermologia, drenagem linfática, laser de baixa retirem esse líquido. Compreendeu, agora, como é
intensidade realizado por esteticistas e a subcisão realizado o tratamento e por quê? Espero que sim!
realizada por médicos. Vamos em frente, que ainda temos muito a estudar.
Estrias
UNIDADE 4 121
doenças hormonais, doenças
crônicas hepáticas, uso de cor-
ticoides, próteses mamárias, e
predisposição genética (TAS-
SINARY; SINIGAGLIA; SINI-
GAGLIA, 2018).
Os fatores desencadeantes
que facilitam o surgimen-
to das estrias estão ligados
à diminuição do número e
do volume dos elementos da
pele e ao rompimento de fi-
bras elásticas. Observa-se que
a epiderme é delgada, e com Figura 12 - Estrias
a diminuição da espessura da
derme, as fibras colágenas es-
tão separadas entre si e as fi-
bras elásticas aparecem agru-
padas na periferia da estria.
As fibras colágenas normais
são redes densas e bem ordena-
das (paralelas entre si), para dar
resistência à pele, e as fibras elás-
ticas são mais finas e em menor
número, permitem que a pele Figura 13 - Tecido normal e tecido com estrias
possa ser esticada sem se romper,
retornando depois ao seu estado De acordo com Kede e Sabotovich (2015), as estrias se classifi-
normal. Em um tecido atrófico, cam de duas formas:
ou seja, com estrias, as fibras co- • Estrias Rubras é quando as estrias estão na sua fase inicial,
lágenas se tornam finas e escassas ou seja, o rompimento do tecido foi imediato. Estrias de
e a fibras de elásticas tornam-se coloração avermelhadas.
mais espessas e formam um aglo- • Estrias Albas é quando o processo de rompimento do
merado desordenado (GUIRRO, tecido já foi estabelecido. Estrias de coloração esbran-
E.; GUIRRO, R., 2004). quiçadas, chegando a ficar nacaradas.
Essas atrofias da pele se orga-
nizam paralelamente e bilateral- As estrias aparecem com uma maior incidência em regiões de
mente umas às outras, surgin- glúteos, seios, abdômen, coxas e região lombossacra, nas mu-
do tanto em poucos números lheres. Por outro lado, no sexo masculino, estas lesões, devido à
como em muitos, evidenciando distensão da pele, ocorrem mais nos ombros, glúteos, abdômen
um desequilíbrio elástico que e até nas costas, devido, muitas vezes, ao crescimento (GUIRRO,
caracteriza uma lesão na pele. E.; GUIRRO, R., 2004).
UNIDADE 4 123
Falamos dos fatores de crescimento e de sua atuação. Contudo, precisamos conhecer quais são
esses fatores de crescimento e seus efeitos.
• PDGF é o fator de crescimento que possui efeito na formação de novos vasos, aumento do
tecido conjuntivo e ainda participa da síntese de formação de outros fatores, atua sobre
células mitogênicas.
• TGF-β1 ativação e proliferação de fibroblasto dérmico.
• EGF elimina cicatrizes e manchas da pele, reduz e previne linhas de expressões, acelera a
renovação celular.
• VEGF atua na permeabilidade vascular, aumento da angiogênese.
• HGF atua na formação de novos vasos e na fibrose.
• IGF-1 aumenta a remodelação do tecido, aumento da formação de colágeno e elastina.
• FGF aumento de fibroblasto e queratinócitos, formação de novos vasos.
Fonte: adaptado de Werner, Krieg e Smola (2007) e Freendberg et al. (2001).
Nutricosméticos para o tratamento das estrias são: vitamina C, colágeno hidrolisado, exsynutriment,
vitamina A, glycoxil, cobre, zinco, manganês e potássio.
Flacidez
Esse tema gera discussão entre autores, pois alguns entendem a flacidez de pele e a hipotonia muscular
como a mesma coisa, enquanto outros as distinguem.
A flacidez cutânea acontece pela diminuição das estruturas do sistema tegumentar, que são res-
ponsáveis pela sustentação do corpo. Esses elementos de sustentação são a elastina, os fibroblastos e,
por consequência, o colágeno.
UNIDADE 4 125
Envelhecimento
UNIDADE 4 127
Percebe-se a diminuição das células mela- Os vasos sanguíneos vão perdendo a capaci-
nócitos e de Langerhans que estão relacionadas dade de nutrir e de oxigenar as células da derme
com o sistema de defesa. Essas células acabam e da camada epiderme; consequentemente, há a
migrando da medula óssea para a camada diminuição também da função de eliminar as to-
epiderme, ainda na fase embrionária, ficando xinas do organismo. Esse conjunto de fatores faz
alocadas na camada basal (camada mais inter- que a renovação celular fique prejudicada (LA-
na da epiderme) e na derme (segunda camada CRIMANTI, 2008).
da pele, abaixo da epiderme) (LACRIMANTI, Com o envelhecimento, a barreira de prote-
2008). Desta forma, o tecido se torna mais vul- ção do nosso organismo, ao passar os anos, acaba
nerável a infecções, pois as células de defesa sendo afetada, pois há diminuição da espessura
encontram-se em menor quantidade. da pele (epiderme e derme), além da tendência ao
No envelhecimento, em consequência das alte- ressecamento da pele, descamação e fissura, ten-
rações causadas por esta fase da vida, há o declínio do menor resistência a agressões externas, pois a
da renovação celular, ocasionando uma maior camada lipídica encontra-se em deficiência (RO-
condição biológica para o aparecimento de tu- DRIGUES, 2012).
mores (RODRIGUES, 2012). Para Lacrimanti (2008), outra estrutura que
Na camada derme, começa a apresentar dimi- se modifica com o envelhecimento são os ca-
nuição das fibras de colágeno e elastina, conse- belos, ficando esbranquiçados à medida que o
quentemente, perde-se a elasticidade e o surgi- tempo passa (perda de melanócito no bulbo
mento da atrofia dérmica (LACRIMANTI, 2008). capilar). Com a diminuição do número das
As alterações ocorrem, também, em relação à tela glândulas écrinas (diminuição do suor) e dos
subcutânea, na qual a diminuição irá levar a um qua- folículos, os pelos acabam ficando mais finos.
dro de alteração do contorno da face, do preenchi- Os pelos, segundo Kede e Sabatovich (2015),
mento presente no dorso das mãos (LYON; SILVA, vão tornando-se esbranquiçados pela perda da
2015). A diminuição dos hormônios circulantes célula melanócito e, consequentemente, do com-
interferem na secreção das glândulas sebáceas, oca- ponente que ele produz (melanina), além de fi-
sionando a diminuição da oleosidade presente na carem mais quebradiços e, em algumas regiões,
superfície da pele (RODRIGUES, 2012). tornem-se mais escassos.
UNIDADE 4 129
Calosidades,
Verrugas e
Hiperidrose
UNIDADE 4 131
caliza-se na região genital e perigenital, apresenta As glândulas sudoríparas écrinas têm como fun-
lesões vegetantes, de superfície irregular, úmidas, ção principal manter a homeostase da tempera-
isoladas ou podem estar agrupadas (aspecto de tura corporal (termorregulação corporal) (KEDE;
couve-flor), associada ao HPV-6 e ao HPV-11 SABATOVICH, 2004).
(RODRIGUES, 2012). Existem dois fatores principais envolvidos
com o aparecimento da hiperidrose: emocional
ou cortical, termorreguladora ou hipotalâmica. A
Ceratodermia Plantar hiperidrose assimétrica acontece por alterações
neurológicas. A hiperidrose gustativa é um tipo es-
O surgimento da ceratodermia plantar ocorre pecial desta afecção e ocorre devido à alimentação
pelo espessamento exagerado da borda do calca- (ingestão de alimentos picantes e condimentados),
nhar e, posteriormente, o aparecimento de fissuras localiza-se na região dos lábios, fronte e nariz. A
dolorosas. Neste, observa-se que o fator genético hiperidrose gustativa na hemiface posterior a um
encontra-se, geralmente, envolvido. Indivíduos trauma cirúrgico ou, ainda, infecção da região pa-
com psoríase podem apresentar esta alteração rotidiana, consiste na síndrome de Frey (AZULAY;
(BOLOGNIA, 2010 apud SAVAREGO, 2015). AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013).
O suor pode ser sintetizado em situações em
que o indivíduo se sinta ansioso. A hiperidrose
Hiperidrose localizada nas regiões palmoplantar e na fronte
tende a ser causada por fatores emocionais; já a
A hiperidrose é caracterizada pela produção hiperidrose axilar pode ser de origem térmica ou
excessiva de suor que excede às necessidades emocional (KEDE; SABATOVICH, 2015).
fisiológicas. Esta afecção pode ser generalizada,
localizada, simétrica ou assimétrica (AZULAY;
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013). Hiperidrose Plantar
133
2. O tecido adiposo é formado por células denominadas células adiposas; são en-
contradas de forma isoladas ou em pequenos grupos, ainda, em grande número
por todo o corpo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Escolha a alternativa correta:
a) O tecido adiposo branco armazena energia na forma de adenosina trifosfato.
b) Durante o período fetal, é encontrado nos seres humanos o tecido adiposo
marrom e branco.
c) Lipólise é a formação da célula de gordura, e a lipogênese é a quebra da célula
de gordura.
d) Uma das características do tecido branco é atuar na regulação do apetite.
e) Os princípios ativos utilizados no tratamento da lipodistrofia localizada devem
atuar nas células de fibroblastos, pois estas induzem a quebra de gordura.
134
4. Descreva sobre o envelhecimento cronológico.
5. As verrugas são causadas pelo vírus papilomavírus humano (HPV), e suas ma-
nifestações são nos tecidos cutâneos e nas mucosas. Sobre este tema, assinale
a alternativa correta:
a) A verruga vulgar é a manifestação clínica mais comum, são acometidas pelo
HPV-3 ao HPV-10. São pápulas queratinizadas, multiplicas, variando entre a cor
da pele e o acastanhado.
b) A verruga plantar apresenta-se por pápulas, são simétricas e geralmente estão
em grande quantidade; esta manifestação não causa dor ao indivíduo.
c) A verruga plana caracteriza-se por pápulas achatadas de superfície áspera,
podendo ser da cor da pele ou amareladas e pode apresentar-se em bastante
quantidade. Localiza-se, geralmente, na região genital.
d) As verrugas filiformes são extremamente numerosas, apresentando aspecto de
couve-flor. São elementos filiformes muito ceratósicos, com maior acometimen-
to, em crianças, na região dos pés (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013).
e) O condiloma acuminado localiza-se na região genital e perigenital, apresenta
lesões vegetantes, de superfície irregular, úmidas, isoladas ou, ainda, podem
estar agrupadas (aspecto de couve-flor).
135
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138
1. A.
2. D.
3. A.
4. O envelhecimento cronológico (intrínseco) é determinado, principalmente pela genética (nele está presentes
os efeitos naturais da gravidade ao longo do tempo, alterações hormonais, linhas de expressão e também
a programação genética de atrofia da derme e da tela subcutânea, ocorrendo também a reabsorção óssea)
(AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017). Uma boa explicação sobre o envelhecimento cronológico seria:
esperado, previsível, inevitável, de caráter progressivo e caracteriza-se por estar na dependência direta do
tempo da vida (ele acontece na medida em que o tempo passa) (KEDE; SABATOVICH, 2004).
5. E.
139
140
141
142
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
Processo de Cicatrização
PLANO DE ESTUDOS
Cicatrizes Queloides,
Queimadura
Hipertróficas e Atópicas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 5 145
principais objetivos da inflamação são: o aumento também, tecidos necróticos e substâncias es-
de fluxo sanguíneo na região da lesão (resposta tranhas presentes no tecido. No entanto, uma
vascular); estimular a produção de produtos para vez ativados, podem induzir a lesão tecidual,
a reparação da lesão (resposta celular); e, ainda, de prolongando, assim, a inflamação, pois os com-
remover os tecidos que se encontram lesionados, ponentes que destroem micróbios produzidos
a fim de promover a cura (BRAUN; ANDERSON, por esta célula podem acabar lesionando os
2009). tecidos saudáveis do indivíduo (KUMAR; AB-
As inflamações são divididas em: agudas, su- BAS; ASTER, 2013).
bagudas e crônicas, sendo esta divisão baseada no Por outro lado, a inflamação conhecida como
tempo de evolução destas (FARIA, 2015). superaguda possui a evolução ainda mais rápida que
De acordo com Kumar, Abbas e Aster (2013), as inflamações agudas e, geralmente, são mortais,
a inflamação aguda possui os seguintes compo- por intensa atividade agressora do agente causal ou
nentes, que são considerados os principais: por baixa resistência do organismo (FARIA, 2015).
• As alterações vasculares: aumento do A inflamação crônica se caracteriza por possuir
fluxo sanguíneo e aumento da permeabili- uma duração prolongada, podendo ir de semanas
dade vascular, permitindo que as proteínas a anos, em que a inflamação ativa, a destruição dos
plasmáticas deixem a circulação, além das tecidos e a reparação por fibrose ocorrem simulta-
células endoteliais que são ativadas resul- neamente (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
tarem no aumento de adesão dos leucóci- A inflamação aguda pode evoluir para as in-
tos, assim como sua migração através das flamações subagudas e crônicas, devido à perma-
paredes dos vasos. nência do agente agressor que não foi barrado,
• Eventos celulares: migração das células destruído e continua se multiplicando e agindo,
leucócitos da microcirculação e seu acú- porém com menos intensidade (FARIA, 2015).
mulo na lesão (recrutamento e ativação Os mediadores químicos são substâncias de
celular), desta forma, tornam-se aptos para células e do plasma sanguíneo importantes para
estarem eliminando o agente agressor. desencadear a inflamação conhecida como aguda
e possuem sua ação controlada por meio de subs-
Os leucócitos possuem a função de retirar os cor- tâncias antagônicas (FARIA, 2015).
pos estranhos e bactérias; se acaso esses agressores A fagocitose é um fenômeno onde ocorre o
persistirem no local, a fase inflamatória pode aca- reconhecimento, captação e digestão, pela célula
bar perpetuando, dificultando, assim, a reparação fagocitária, dos materiais estranhos insolúveis,
do tecido. A geração de agentes quimiotáticos na como micro-organismos, corpos estranhos, entre
ferida geralmente é diminuída à medida que a outros (FARIA, 2015). As principais células fago-
lesão estiver limpa (AZULAY; AZULAY; AZU- citárias são os leucócitos e os neutrófilos.
LAY-ABULAFIA, 2008). A fase proliferativa representa o crescimento
Como já dito anteriormente, uma das ações de um novo tecido, a fim de preencher o “defei-
principais da resposta inflamatória é o trans- to” causado. No seio de uma matriz basófila e
porte das células leucócitos ao local da lesão e com a presença de edema, há a proliferação das
sua ativação, consequentemente. Estes ingerem células fibroblastos e de capilares. Os capilares
os agentes considerados ofensivos, destruin- originam-se a partir de brotados das células en-
do bactérias e outros micróbios, e eliminam, doteliais (MONTENEGRO; FRANCO, 2006).
Formação
No período após a lesão de uma a seis semanas, e da Cicatriz
em conjunto com a fase proliferativa, a produção
do colágeno continua intensamente. Durante este Se a lesão no tecido é grave ou crônica, pode re-
tempo, o colágeno acaba sendo depositado de for- sultar em danos às células do parênquima e do
ma aleatória (microscopicamente); com o avançar tecido conjuntivo ou, ainda, se as células que não
do processo de cicatrização, apresenta-se a fase possuem a capacidade de se multiplicarem forem
de remodelação, em que este colágeno se tornará lesionadas, o reparo não acontecerá apenas por re-
mais organizado (HILL, 2016). generação, ocorre então o reparo por substituição
Caracteriza-se esta fase pela remodelação da das células não regeneradas por tecido conjuntivo
matriz extracelular e a apoptose ou, ainda, pela e, como resultado final, observa-se a formação de
diferenciação celular. O tecido de granulação uma cicatriz no local da lesão (KUMAR; ABBAS;
da matriz extracelular (composição e estrutura) ASTER, 2013).
é função do intervalo de tempo e da distância A proliferação e migração das células fibro-
existentes entre as margens da lesão, ou seja, nas blastos na estrutura do tecido de granulação dos
feridas maiores, inicia-se nas margens da lesão vasos sanguíneo novos, assim como na matriz
a remodelação da matriz extracelular, a matura- extracelular (MEC) frouxa, acontece por meioda
ção da neoepiderme, neovascularização e a fi- liberação no local lesionado dos fatores de cresci-
broplasia, enquanto que, no espaço mais central mento e das citocinas, que acabam por induzir a
da lesão, há a formação do tecido de granulação proliferação e migração dessas células (KUMAR;
contínua (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABU- ABBAS; FAUSTO, 2005).
LAFIA, 2008). O reparo do tecido lesionado ocorre por de-
Na etapa de remodelação ou maturação, as- posição do tecido conjuntivo, o qual consiste em
sim como o nome diz, acontece a remodelagem um processo sequencial à resposta inflamatória:
do colágeno, que irá se manter por meses após formação de novos vasos, migração e prolifera-
a reepitelização; além disso, há a diminuição ção das células fibroblastos e deposição do tecido
progressiva dos vasos neoformados, fazendo conjuntivo (somado com os vasos e leucócitos,
que aconteça a regressão endotelial. Nesta fase, é chamado de tecido de granulação) e a matu-
a cicatriz torna-se menos rija e espessa, indo da ração e reorganização do tecido fibroso (com o
coloração rosada para a esbranquiçada (LA- objetivo de produzir uma cicatriz fibrosa estável)
CRIMANTI, 2008). (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
UNIDADE 5 147
Ocorre a proliferação de um tecido fibroso na o tamanho, localização e o tipo de ferida podem estar
região lesionada. No início, a cicatriz possui a co- influenciando a cicatrização do tecido.
loração rosácea, podendo tornar-se hiperpigmen- Os ferimentos em áreas que possuem rica vas-
tada ou hipo, apresentando-se elevada, retrátil ou cularização (face, por exemplo) cicatrizam mais
aderida. Os tipos de cicatrizes são: atrófica (pele rápido, porém, nas áreas com menos vasculari-
fina e pregueada), cíbrica (perfurada por orifícios zação, como o pé, isso não acontece. As lesões
pequenos), hipertrófica (elevada, lesão apresenta menores incisionais cicatrizam primeiro e a for-
ser nodular, vascular e origina-se através do ex- mação da cicatriz é menor, quando comparamos
cesso da proliferação fibrosa), queloide (elevada, com feridas incisionais grandes ou ainda feridas
pós-trauma, diferencia-se da cicatriz hipertrófica, causadas por trauma fechado (KUMAR; ABBAS;
porque esta não respeita os limites da ferida, pre- FAUSTO, 2005).
domina nos adultos) (RODRIGUES; CARDOSO;
CAPUTO, 2004).
Cura por Intenção
UNIDADE 5 149
Queloide quanto hipertrófica, sendo mais comum nos ne-
gros, chineses e japoneses, quando comparamos
As cicatrizes que apresentam queloide possuem com a população caucasiana. Sobre a topografia,
como característica principal o aumento da espes- identificou-se que os europeus que moravam em
sura do tecido cicatricial e a elevação dele, com trópicos tinham maior incidência do que os que
uma superfície bocelada ou lisa. Sua coloração habitam em regiões temperadas.
pode ser avermelhada ou hipercrômica. Esta for- Sobre o queloide, foram levantadas teorias
ma de cicatrização geralmente atinge a derme, hormonais para ajudar a explicar o seu apareci-
porém existem alguns raros casos em que ela pode mento, porém nada foi comprovado. Alguns me-
atingir a epiderme (camada córnea), como, por canismos imunológicos estão envolvidos com o
exemplo, na síndrome de Lowe (PRADO; RA- aparecimento do queloide (ação antigênica da
MOS; VALLE, 2018). Infelizmente, esta alteração secreção sebácea e o aumento de imunoglobuli-
da cicatriz não apresenta regressão espontânea, nas) e todo o processo pode ser influenciado por
tendo característica muitas vezes de recidiva. genes; há ainda associações entre o queloide e al-
Os queloides são considerados, para alguns au- gumas síndromes genéticas, como a síndrome de
tores, tumor benigno comum, onde há a formação Rubinstein-Taybi e Lowe (relação com a forma-
de tecido cicatricial em excesso, após um trauma ção de queloide na córnea) (AZULAY; AZULAY;
ou condição inflamatória da pele, por exemplo, AZULAY-ABULAFIA, 2017).
a acne vulgar. Esta prolifera-se de forma descon- Apesar de ainda não estar completamente escla-
trolada, ultrapassando o nível da lesão (expande recida a causa desta cicatriz, sabe-se, de acordo com
além das bordas da cicatriz subjacente), enquan- estudos realizados, que sua fisiopatogenia pode estar
to a cicatriz conhecida como hipertrófica possui relacionada com fatores de origem sebácea, vascu-
como característica a produção do mesmo tecido lar, melanocítica, infecciosa, metabólico-nutricional,
cicatricial, que acaba por permanecer dentro do dentre outros (PRADO; RAMOS; VALLE, 2018).
limite da borda original da cicatriz (ANDERSON, Entre as regiões do corpo humano onde existe
2014). O queloide possui a formação de colágeno maior probabilidade de desenvolvimento de cica-
desorganizado e em excesso. trizes queloidianas, podemos citar os ombros, a re-
A incidência ocorre com maior frequência em gião pré-esternal, o rosto e os lóbulos auriculares.
jovens entre 15 e 40 anos, possuem risco maior Geralmente, iniciam-se como pequenas pápulas
de manifestar-se na segunda década de vida, não vermelhas pruriginosas; posteriormente, crescem
havendo diferença entre os gêneros feminino e de forma rápida e tornam-se nódulos e placas (AN-
masculino (PRADO; RAMOS; VALLE, 2018). DERSON, 2014). Tanto as cicatrizes queloide quan-
Os locais do corpo de maior ocorrência são no to as hipertróficas geralmente apresentam-se como
lobo da orelha, no peito e nos braços, porém pode assintomáticas, mas como cada indivíduo se difere
acometer qualquer região do corpo. Pode manifes- um dos outros, na literatura podem ser encontrados
tar-se em ambos os sexos igualmente, assim como pacientes que apresentam dores ao toque e prurido.
em qualquer faixa etária (ANDERSON, 2014). De acordo com a região que se apresentam, a dor
A topografia, assim como a raça, pode influen- pode causar limitação de movimentos, além de com-
ciar no aparecimento das cicatrizes tanto queloide prometimento psicológico (WOLFF et al., 2019).
Cicatriz Atrófica
UNIDADE 5 151
Diabetes e
o Processo
de Cicatrização
UNIDADE 5 153
Em um organismo com diabetes, esse processo ocorre de
forma lenta. Essa lentidão no processo de cicatrização se deve
a vários fatores, entre eles estão: a produção excessiva de es-
pécies reativas ao oxigênio que gera um aumento de apoptose
celular, o que significa que algumas células vão morrer antes de
concluir seu papel; a diminuição de óxido nítrico; diminuição
da resposta dos fatores de crescimento (GFs); e diminuição da
via de sinalização da insulina (BREM; TOMIC-CANIN, 2007;
KOLLURU; BIR; KEVIL, 2012).
Os profissionais do bem-estar devem indicar a seus pacientes a
prática de atividade física, pois aumenta a circulação local;uso de
calçados apropriados; indicar a permanecer com as pernas leve-
mente elevadas por um período, para auxiliar a circulação. Quando
for percebida qualquer alteração, mesmo que um edema, deve-se
avaliar como uma condição grave e encaminhada ao profissional
competente.
UNIDADE 5 155
Queimadura As queimaduras das quais
de 1º grau as crianças são as vítimas
acontecem, na grande maio-
ria, dentro de casa e são pro-
vocadas pelo derramamento
Queimadura de líquidos quentes sobre o
de 2º grau
corpo, como água fervente na
cozinha, água quente de ba-
nho, bebidas e outros líquidos
quentes, como óleo de cozi-
Queimadura
de 3º grau nha. Nesses casos, costumam
ser mais superficiais, porém
mais extensas. No Brasil, a
chama de fogo pela manipula-
ção de álcool etílico líquido é
Figura 5 - Imagem ilustrando o acometimento dos três graus de queimaduras responsável pela queimadura
em adolescentes e em crianças
Nos dias atuais, as queimaduras ainda são importantes causas de (GOMES, 2001).
mortalidade, devido, principalmente, à infecção que pode evoluir A queimadura solar é o
com sepse (infecção no sangue), geram a repercussão sistêmica dano causado à pele por meio
que levam a complicações renais, adrenais, cardiovasculares, pul- da radiação ultravioleta (UV)
monares, musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais quando realizada de forma
(BARILLO; PAULSEN, 2003). incorreta. Surge dentro de
Quase sempre, as queimaduras resultam em sequelas. Esse fato poucas horas após exposição
faz que suas lesões sejam consideradas as mais graves no que se excessiva à luz solar ou de ori-
refere às incapacidades funcionais, especialmente quando atingem gem artificial (como câmaras
as mãos. As deformidades inestéticas, principalmente quando se de bronzeamento). Esta expo-
encontram na face, é a maior causa de transtornos de ordem psicos- sição solar intensa e repetida
social, levando, em alguns casos, à depressão profunda, síndrome e de forma inadequada resul-
do pânico e até o suicídio. ta em queimadura, aumenta
Em virtude de onde ocorrer a queimadura, pode gerar compli- o risco de outros danos à pele
cações neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias. Decorre daí e de certas doenças. A pessoa
o fato de a correta abordagem inicial do queimado ser essencial passa a ter uma tendência a
para o prognóstico a curto e longo prazo (WASSERMANN, 2002). ficar com a pele mais resseca-
Os tipos das queimaduras são a chama de fogo, o contato com da, favorece o surgimento de
água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos rugas e há risco aumentado de
aquecidos. Podem acontecer, também, as queimaduras provocadas desenvolver cânceres de pele
pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o como o melanoma (SOUZA,
corpo (BARILLO; PAULSEN, 2003). 2015, on-line)1.
A queimadura afeta a integridade funcional da pele, por esse motivo, compromete a homeostase (equi-
líbrio). Altera o controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal.
Portanto, dependendo da extensão e profundidade da queimadura, essas funções ficam comprometidas.
A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, descrita por necrose de coagulação
tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes em um período de 12 a 48 horas (SHERIDAN,
2003). Em casos de grandes queimaduras, acontece o dano no local e, subsequente, o dano térmico;
este, por sua vez, leva a uma reação sistêmica do organismo, o que acontece pela liberação de media-
dores do tecido lesado.
Quando a queimadura acomete o couro cabeludo, a integridade capilar fica danificada, com per-
da acelerada de fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela sequestração nos interstícios
(espaço entre as células), e a colonização de bactérias piora ainda mais o quadro levando à infecção.
Outro agravo que ocorre nas grandes queimaduras, superiores a 40% do corpo, é a incapacidade do
sistema imune de delimitar a infecção. Devido a todos esses fatores que foram descritos, fica muito
comprometida a sobrevida do paciente (MACIEIRA, 2006).
UNIDADE 5 157
A segunda fase da cicatrização é chamada de
fase proliferativa, com duração de 6 dias a 3
semanas (SANTOS, 2000). Nesta fase, dá-se
início à angiogênese com a formação de capi-
lares que migram por entre os tecidos para se
encontrar com outros capilares. Portanto, a vas-
cularização é restaurada, sendo assim, favorece
o fluxo de nutrientes de forma contínua para a
cicatrização da lesão e formação do tecido de
Figura 7 - Queimadura de 3º grau granulação. As células de fibroblastos prolife-
ram produzindo colágeno extracelular (FRAN-
A cicatrização começa na fase inflamatória, a partir CO, 2006). Após a terceira semana, inicia-se
do momento que o tecido foi lesionado esta fase se a fase reparadora ou de maturação, a terceira
inicia. É a preparação da ferida para a cicatrização. fase da cicatrização, e pode durar até dois anos,
Tem uma duração de 3 a 5 dias. As plaquetas se aglo- dependendo do grau, extensão e local da lesão
meram e ocorre um depósito de fibrina, formando (ABREU; MARQUES, 2005; SANTOS, 2000).
um coágulo sobre a lesão. Esta, por sua vez, forma O tratamento é realizado com a hidratação
uma rede como treliça, onde as células podem subir de soro fisiológico, analgesia, controle de in-
e se infiltrar na área de cicatrização (STANLEY; RI- fecção, escarotomia para evitar garroteamento
CHARD, 2004). Os neutrófilos, linfócitos e macrófa- em queimaduras circulares, restabelecimento
gos (células de defesa) migram sobre a rede de fibrina hemodinâmico, manuseio delicado para evitar
com o objetivo de remoção de tecidos desvitalizados lesões profundas e eliminação de tecido necro-
(ANDRADE; LIMA; ALBUQUERQUE, 2010). sado por meio de método cirúrgico. Quando
Quando o tecido é lesionado ocorre a inflamação, houver queimaduras extensas, não havendo
com seus sinais que são a hiperemia, edema e dor. áreas doadoras suficientes do próprio pacien-
Esse processo é essencial para o processo de restau- te, utiliza-se, provisoriamente, enxertos homó-
ração do tecido (STANLEY; RICHARD, 2004). logos ou heterólogos, membrana amniótica,
curativo biológico e substitutos sintéticos da
pele. E nos casos de enxertos definitivos, a pele
precisava ser autóloga, sendo criado um apa-
relho para expandir a pele, inventado por Otto
Hiperemia é o aumento do fluxo sanguíneo na Lanz, em 1908 (SINDER, 2006).
área lesada. Chegamos ao final de mais uma unidade, foi
Edema é o inchaço que ocorre devido à concen- possível aprofundar nossos conhecimentos e
tração de agentes inflamatórios na área. agora estamos aptos para darmos continuida-
Dor é causada pela liberação de fatores quími- de aos nossos estudos com muito mais clareza
cos irritantes, como a bradicinina, histamina e e entendimento. Estudar nunca é demais! Há
prostaglandina. sempre muito o que aprender.
Fonte: adaptado de Stanley e Richard (2004).
159
4. Queimadura resultam da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo
humano, oriundas de agentes térmicos, químicos ou elétricos. Esses agentes
são capazes de produzir a morte celular.
Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) Os raios UVA que penetram mais profundamente na pele danificam a epiderme.
(( ) Os raios UVA que penetram mais profundamente na pele danificam a derme.
(( ) Os raios UVB são absorvidos pela epiderme e liberam as substâncias que
causam a dor, o inchaço e a vermelhidão características da queimadura solar.
5. A diabetes mellitus é uma doença que apresenta uma grande incidência na po-
pulação mundial. Calcula-se que o Brasil terá, aproximadamente, 11,3 milhões
de portadores da doença em 2030 (BRASIL, 2010). Descreva quais as informa-
ções que um profissional da área da saúde podólogo deve passar para seus
pacientes diabéticos.
160
WEB
161
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REFERÊNCIA ON-LINE
164
1. A proteção do corpo ocorre por meio de três principais linhas de defesa: primeira linha de defesa é repre-
sentada pela pele, membrana e mucosas; segunda linha de defesa ocorre pela resposta inflamatória; e a
terceira linha defesa é gerada através da resposta imune (BRAUN; ANDERSON, 2009).
2. Os principais objetivos da inflamação são: o aumento de fluxo sanguíneo na região da lesão (resposta
vascular); estimular a produção de produtos para a reparação da lesão (resposta celular); e ainda remover
os tecidos que se encontram lesionados, a fim de promover a cura (BRAUN; ANDERSON, 2009).
3. E.
4. D.
5. O profissional tem a obrigação de explicar que esse pé necessita de um cuidado especial com a limpeza
diariamente. Devem ser lavados com água abundante e sabonete antisséptico e a secagem deve ser
realizada sem fricção local. Os espaços entre os artelhos devem ser muito bem enxutos para evitar as
infecções fúngicas. Unhas devem estar sempre aparadas em formato para que não provoquem lesões e
para impedir que encravem.
165
166
167
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a), primeiramente, parabéns por chegar até aqui! Esperamos que o
processo de aprendizagem tenha sido proveitoso!
O processo de aprendizagem não para. Quanto mais conhecimento é adquirido, mais
podemos nos tornar protagonista de nossas vidas e, portanto, escrevermos o nosso futuro.
Escolhemos temas considerados fundamentais para o processo de aprendizado na
área da saúde e bem-estar. Abordar a pele e seus anexos não é fácil, pois tratam-se de
componentes complexos. Como profissionais da área da saúde e bem-estar, precisamos
sempre priorizar a saúde e o bem-estar do nosso cliente. Sabendo disso, é de extrema
importância estudarmos as estruturas que compõem o corpo humano, bem como o seu
órgão de revestimento, aquele que serve como nossa primeira linha de defesa e que nos
protege contra o meio externo, a parte de nós que mostramos ao mundo.
Nesse sentido, a pele possui diversas funções e uma delas é a estética. Quando este
tecido encontra-se alterado, irregular por algum motivo, pode acabar gerando graves
consequências para o indivíduo, tanto no âmbito físico, mental, quanto social. Por isso
estudamos as disfunções e patologias que acometem este sistema, a fim de minimizar
esses efeitos negativos sobre o ser, restabelecendo a saúde do corpo e da mente e me-
lhorando a qualidade de vida do indivíduo.
Estudamos as doenças e disfunções, a fim de identificá-las e criar ações para a pre-
venção ou tratamento para essas alterações. Vimos também como ocorre o processo de
cicatrização e como ocorre a reconstituição deste tecido. Ao lidarmos com este órgão,
precisamos aprender as fases de cicatrização e quando este tecido encontra-se com
alguma alteração no processo de cicatrização, a fim de prevenir a formação de alguma
cicatriz ou mesmo de identificá-las. Aprendemos que alguns recursos são utilizados
para auxiliar na prevenção ou no tratamento das alterações na pele. Por isso, precisamos
estudar os cosméticos que atuarão na harmonização deste tecido.
Nosso objetivo foi inserir você no processo de aprendizagem como agente principal
responsável pela sua aprendizagem, aprendendo de forma autônoma e participativa, a
partir de problemas e casos reais. Nossa asserção é para que você esteja no centro do
processo de aprendizagem, participando ativamente e sendo responsável pelo seu pro-
cesso de conhecimento.
Desejamos a você muito sucesso na vida profissional e pessoal.