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GRADUAÇÃO

Dermatologia e
Disfunções da Pele
ME. SILVANA GOZZI PEREIRA LIMA
ESP. VALÉRIA FÁTIMA DO COUTO

Híbrido
GRADUAÇÃO
Dermatologia e
Disfunções
da Pele
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Distância; LIMA, Silvana; COUTO, Valéria.

Dermatologia e Disfunções da Pele. Silvana Gozzi Pereira
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Lima; Valéria Fátima do Couto. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
168 p.
“Graduação - Híbridos”.
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Dermatologia. 2. Disfunções . 3. Pele 4. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite; Head de
ISBN
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 612.79 Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
Impresso por: F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock

Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos


Santos Moraes.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação e Tácia Rocha.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Erica
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Fernanda Ortega.
Editoração Lavignia da Silva Santos.
Ilustração Welington Vainer Satin de Oliveira.
Realidade Aumentada Matheus Alexander de
Oliveira Guandalini.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo


de transformação com a apresentação deste livro, uma das ferramentas
fundamentais para cursar a disciplina de Dermatologia e Disfunções da
Pele. Esperamos que você construa seu processo de aprendizagem neste
campo tão instigante.
Talvez para você, este será o primeiro contato com a Estética e Cosmética,
Terapias Integrativas e Complementares e Podologia, áreas de formação
que estão na contramão da crise do país. Dados recentes de pesquisa do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram que as
vendas de cosméticos crescem, aproximadamente, 13% ao ano. Esses(as)
profissionais, quando terminam a graduação, estão capacitados para traba-
lhar em clínicas, spas, hospitais, atendimentos domiciliares, clubes, hotéis,
academias, enfim, profissionais da área do bem-estar e saúde.
Nesta disciplina, focalizamos nossos estudos em, especialmente, pautar a
Dermatologia e Disfunções da Pele como ciência, a fim de discutir e analisar
os conceitos, história, funções, classificações, estruturas, segurança, doenças
e disfunções, tanto do ponto de vista teórico quanto do prático.
Deste modo, na primeira unidade, trataremos dos conceitos, estruturas e
classificação da dermatologia e disfunções estéticas e fototipos de pele. A
finalidade é apresentar você à dermatologia enquanto uma ciência que se
preocupa com o diagnóstico e tratamento da pele e anexos cutâneos. Em ou-
tras palavras, tem como objeto de estudo o maior órgão do corpo humano.
Na segunda, destacaremos as preparações cosméticas e as alterações da
sudoração. Com a evolução do homem modificando seus hábitos, estilo de
vida, alimentação, surgiu a necessidade de uma variedade de apresentações
dos produtos cosméticos. Discutiremos a estrutura e os componentes de
um produto e as matérias-primas que os constituem. Mergulharemos no
universo das formulações, pois não podemos esquecer o quão importante
é conhecer os princípios ativos e relacioná-los com as características da
pele e dos anexos de cada cliente/paciente.
As patologias cutâneas serão abordadas na terceira unidade. A ideia central
é levá-lo(a) a conhecer as doenças que acometem a pele. Cada sistema que
forma o indivíduo é composto por inúmeras estruturas que interagem
entre si, trabalhando para promover o equilíbrio (homeostase) e manter o
funcionamento normal de cada órgão que forma o corpo humano. Conhe-
ceremos os agentes agressores que ameaçam esse equilíbrio resultando em
alergias, infecções, inflamações, doenças autoimunes, dentre várias outras
alterações, podendo gerar as patologias.
Na quarta unidade, apresentaremos as disfunções da pele, alterações orgâ-
nicas de diversas e diferentes causas que podem estar presentes no corpo
humano. Aprenderemos a diagnosticar, prevenir e tratar, além de orientar
pacientes/clientes sobre os cuidados gerais, solucionar os problemas esté-
ticos e de saúde e trabalhar na manutenção da beleza da pele.
Na quinta e última unidade do livro, será abordado o processo de cicatriza-
ção e suas consequências – tipos de cicatrizes. Conheceremos a importância
do sistema imunológico e seus constituintes no processo de reparação
tecidual e como indivíduos com problemas de cicatrização, como os por-
tadores da patologia diabetes, reagem ao estímulo agressor; discorreremos,
ainda, sobre os tipos e graus de queimadura. É de suma importância para
os/as profissionais da área da saúde o conhecimento deste processo, a fim
de promover sempre a saúde e o bem-estar.
Finalizamos no desejo de que este livro seja uma fonte de aprendizado e
transformações na sua trajetória acadêmica e profissional.
Bons estudos!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Silvana Gozzi Pereira Lima


Mestre em Promoção da Saúde (2014). Pós-graduada em Estética Facial e Corporal (2013).
Possui graduação em Estética e Cosmética pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2012)
e graduação em Direito pela Universidade de ALFENAS (2000). Tem experiência nas áreas
de estética corporal, facial, técnicas minimamente invasivas, capilar, massagens, embeleza-
mento pessoal, saúde coletiva, primeiros socorros, psicologia organizacional, epidemiologia
e bioestatística, dermatologia e fisiologia humana. Professora dos Cursos de Tecnologia em
Estética e Cosmética e Fisioterapia. Professora dos cursos de pós-graduação em: Estética
Facial e Corporal, Pós-operatório facial e corporal, Acupuntura e Biomedicina Esteta.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/6573527462739239

Esp. Valéria Fatima do Couto


Especialista em Estética Facial e Corporal. Possui graduação em Estética e Cosmética pelo
Centro de Ensino Superior de Maringá (2016). Atualmente cursa pós-graduação em Acupun-
tura e Técnicas complementares. Possui habilidades nas áreas de estética facial e corporal, na
elaboração de protocolos e de manuseio de cosméticos, além de facilidade em trabalhos em
equipe, conhecimento geral em computação e área administrativa. Formada com honras e
com participações no programa melhores alunos Unicesumar. Tem habilidade para executar
treinamentos e ministrar cursos.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/8572032722955779
Introdução ao
Estudo da
Dermatologia
e Disfunções da Pele

13

Preparação
Cosmética

47
Patologias
Cutâneas

73

Disfunções
da Pele

107

Processo de
Cicatrização

143
18 Renovação Celular

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto

Introdução ao Estudo
da Dermatologia
e Disfunções da Pele

PLANO DE ESTUDOS

Estrutura da Pele e seus


Permeabilidade Cutânea
Anexos

Introdução ao Estudo da
Tela Subcutânea Tipos e Fototipos de Pele
Dermatologia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender o conceito e as características da pele. • Discriminar todas as formas e tipos da permeabilidade


• Destacar a importância das camadas da pele para a com- cutânea.
preensão das disfunções da pele. • Diferenciar todos os tipos de pele e fototipos para em-
• Apresentar as características gerais das camadas da pele, pregar de forma correta os cosmecêuticos e cosméticos.
de forma que possibilite compreender e avaliar todo o
processo do estudo da dermatologia e suas disfunções.
Introdução
ao Estudo
da Dermatologia

Caro(a) aluno(a), a dermatologia é uma ciência


que se preocupa com o diagnóstico e tratamento
da pele e anexos cutâneos e possui como um de
seus objetivos principais estudar o maior órgão do
corpo humano: a pele. Nesta unidade, abordare-
mos as camadas da pele, sua estrutura e organi-
zação celular, assim como seus anexos cutâneos,
tipos e fototipos cutâneos e a tela subcutênea.
A pele é considerada o maior órgão do corpo
humano, correspondendo a mais de 15% do peso
corporal, possui várias funções, como a termorre-
gulação, proteção contra agressões físicas, quími-
cas e biológicas, função sensorial, absorve alguns
gases, raios ultravioletas (possui proteção contra
eles também) e até mesmo substâncias químicas,
como toxinas lipossolúveis, realiza a regeneração
tecidual, além de fazer parte da estética do indi-
víduo, pois esta é a parte do corpo que se mostra
ao mundo.
A pele tem grande importância estética na so-
ciedade, pois pode influenciar na imagem pessoal
do indivíduo, possui valorização psíquica e com-
portamental (ROTTA, 2008).
É uma barreira protetora, pois ela delimita o esta classificação não se utiliza mais. Temos ainda
meio interno do meio externo, protegendo con- os anexos cutâneos presentes na pele, que são os
tra invasores (micro-organismos) e traumas. Um folículos pilossebáceos, glândulas sudoríparas e
exemplo disso é o manto hidrolipídico formado as unhas (GERSON et al., 2012).
por sebo, água, suor e lipídeos. Este componente O tecido epitelial encontra-se, além da pele, nas
está presente na superfície da epiderme e, além de membranas mucosas e revestimento do coração;
proteger a pele contra agressores externos, protege órgãos digestórios e respiratórios; e, até mesmo,
o tecido contra a desidratação. Esse manto possui nas glândulas.
um pH médio de 5,5 (GERSON et al., 2012). A absorção de substâncias na pele ocorre por
Sua espessura tem em torno de 1,5 mm, sendo meio das células, folículos e poros e de maneira
mais espessa nas plantas dos pés e nas palmas das limitada, pois alguns ingredientes com o tamanho
mãos, onde sua espessura é de, aproximadamente, molecular maior podem penetrar na pele, ou seja,
6 mm, pois essas partes do corpo possuem maior o tamanho da molécula do ingrediente, entre ou-
exposição ao uso e ao desgaste e é conhecida tras características, determinará a capacidade de
como pele glabra, por não possuir pelos. As ou- penetração da substância. A pele absorve seletiva-
tras regiões do corpo apresentam pele mais fina, mente, por meio dos folículos pilosos e glândulas
conhecida como pele pilificada, apresentando sul- sebáceas, os produtos e cremes tópicos.
cos e pregas características (KAMIZATO; BRITO, No processo da reprodução e divisão celular,
2014). A camada lúcida encontra-se anexada entre as células possuem a capacidade de se dividir,
a camada córnea e a granulosa no tecido cutâneo gerando novas células para o crescimento e a
da palma das mãos e da planta dos pés, ou seja, substituição de outras células que estejam dani-
nessas regiões, a pele fica mais espessa, pois ela ficadas. As células chamadas filhas se originam,
possui uma camada de pele a mais que nas outras em sua grande maioria, das células que se repro-
partes do corpo. duzem, dividindo-se em duas células idênticas.
A pele de um adulto mede, aproximadamente, Esse processo é conhecido como mitose. Se as
de 1,5 m (quadrados) a 2 m (quadrados) e com- condições forem favoráveis, como alimentos ade-
preende cerca de 3,5 kg do peso corporal (BOR- quados, oxigênio, água, temperatura adequada e a
GES, 2010). capacidade de eliminar detritos esteja correta, as
A pele é dividida em duas camadas: a epider- células conseguem crescer e se dividirem. Caso as
me e a derme. Essas camadas ainda sofrem uma condições do meio se tornem desfavoráveis, como
outra divisão, em que a epiderme se subdivide em toxinas (venenos), patologias ou até mesmo danos
quatro a cinco camadas, dependendo da região, e ambientais, as células sofrem danos ou podem ser
a derme duas camadas. Cada camada possui ca- destruídas (GERSON et al., 2012).
racterísticas próprias diferenciando-se em vários As células táteis podem ser encontradas na
aspectos. A epiderme é a parte mais externa da camada epiderme em pequena quantidade e são
pele, enquanto a derme é a camada mais interna. responsáveis por ajudar na percepção tátil. Na
A tela subcutânea ou hipoderme possui a função membrana basal, encontram-se dispersos os den-
de unir a pele ao resto do corpo e nela encontra- drócitos granulares não pigmentados, que partici-
-se a célula adipócito, responsável por armazenar pam da resposta imunológica, ou seja, são células
energia na forma de triglicerídeo, lembrando que macrofágicas protetoras que englobam resíduos
este tecido já foi considerado parte da pele, porém estranhos e bactérias (KAMIZATO; BRITO, 2014).

UNIDADE 1 15
A pele torna-se sensível ao toque, pressão, coceira, diferentes
temperaturas e ao calor por conta das inúmeras terminações
nervosas sensoriais. O tecido age como um receptor, informando
o sistema nervoso central (SNC) sobre o que está acontecendo na
região externa. Posteriormente, por meio das instruções do SNC,
as estruturas da pele respondem às informações coletadas.
Fonte: adaptado de Ifould, Conroy e Whittaker (2015).

A derme é formada por tecido conjuntivo; este possui os fibroblastos


que são as células responsáveis por produzir as fibras de colágeno e
elastina (proteínas de sustentação da pele) (LACRIMANTI, 2008).
Vários fatores endógenos (por exemplo, alterações genéticas)
e exógenos (traumas mecânicos repetitivos) podem estar contri-
buindo para que ocorra alterações no tecido cutâneo, podendo
causar mudanças estéticas, assim como estar colaborando para o
aparecimento de algumas disfunções ou patologias cutâneas.
Lembrando que nas lesões dermatológicas é importante a análise
da lesão quanto à forma, localização, tamanho, textura, coloração,
tempo de duração da lesão e identificar se existe algum sintoma
associado à lesão além do exame físico.
Alguns métodos complementares de diagnósticos podem ser
utilizados para identificar o tipo de lesão, por exemplo, o uso das
próprias mãos: a sensibilidade tátil dos dedos das mãos comple-
menta a avaliação visual, lembrando que o toque deve ser realizado
em uma pele íntegra. Existem também alguns equipamentos que
podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico das lesões, por
exemplo a lâmpada de Wood.
Para identificar as alterações cutâneas e atuar de forma adequada,
operando os recursos necessários, como os equipamentos eletro-
termoterápicos, os dermocosméticos, as técnicas integrativas com-
plementares (aromaterapia, acupuntura, ozonioterapia, medicina
ortomolecular), dentre vários outros instrumentos, primeiramente
é fundamental compreender os mecanismos de funcionamento das
células que compõe a pele.

16 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Estrutura da Pele
e Seus Anexos

A pele é composta pelas camadas epiderme (mais


externa) e a camada derme (mais interna), sendo
que essas camadas ainda têm outras divisões. A
epiderme é formada por quatro camadas (basal,
espinhosa, granulosa e córnea), exceto na planta
dos pés e palma das mãos, onde possui anexa a
camada lúcida e a camada derme por duas cama-
das (derme papilar e derme reticular). Os anexos
cutâneos são estruturas que se encontram anexas
ao tecido (pele), originando-se por meio da in-
vaginação da epiderme na derme, são eles: pelos,
unhas, glândulas sudorípara e sebácea. A seguir,
estudaremos as características de cada camada da
pele assim como de seus anexos cutâneos.

Epiderme

A epiderme é a camada mais externa, constituída,


principalmente, por queratinócitos que produzem
a proteína queratina com ação protetora, também
constituída pelas células melanócitos, células de
Langerhans e células de Merckel.
O tecido epitelial não é vascularizado, sua es-

UNIDADE 1 17
pessura irá variar de acordo com a região. Suas enquanto a espessura da pele completa possui
várias camadas são nomeadas de acordo com a cerca de 1,5 a 4,0 (FITZPATRICK, 2011).
composição do tecido, incluindo aspecto das cé- A epiderme completa a sua renovação em
lulas e textura. torno de 28 dias, e várias reações e transforma-
Devido à camada epiderme possuir um reves- ções ocorrem no organismo (LACRIMANTI
timento de células sobrepostas e a camada mais 2008). Esta constante "troca" de pele, durante
externa da epiderme (córnea) possuir células su- a renovação da epiderme, é realizada pela for-
perficiais achatadas ricas em ceratina, ela é clas- mação de novas células do extrato mais pro-
sificada como epitélio estratificado pavimentoso fundo para o mais externo, ou seja, do basal
ceratinizado (BORGES, 2010). em direção a parte córnea, que é a parte do
É uma camada que se encontra em constan- tecido que vamos perdendo para o meio através
te renovação, sendo capaz de gerar os chamados da descamação. Conhecida por ser a camada
anexos derivados da epiderme (unidades piloce- da pele mais externa com a maior barreira de
báceas, unhas e glândulas sudoríparas). A espes- permeabilidade, diferencia-se da derme por
sura desta camada pode variar entre 0,4 a 1,5 mm, ser avascular.

CAMADAS DA EPIDERME

Camada
córnia

Camada
lúcida
Camada
granulosa

Camada
espinhosa

Camada
basal
Renovação Celular
Figura 1 - Camadas da Epiderme

As células que compõem a epiderme são queratinócitos, melanócitos, células de Langerhans e células
de Merkel. Existem ainda células como os linfócitos, que são habitantes transitórios da epiderme.

18 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Camada basal camada basal e outra denominada de pós-mitótica ou diferenciada.
Esta última célula perde a capacidade de mitose, onde inicia um
A camada basal é a camada mais processo de diferenciação ceratinocítica, migrando para a superfície
profunda da epiderme. Ela é co- da pele (AZULAY, 2017).
nhecida por seu grande poder
germinativo, sendo responsável
por realizar a renovação celu- Células queratinócitos
lar. A camada basal possui uma
importante participação na for- A célula queratinócito faz a síntese da proteína queratina, a qual
mação da junção dermoepidér- realiza a proteção da pele. Os queratinócitos e os melanócitos são
mica. As células basais encon- as principais células da camada basal, germinativa da epiderme em
tram-se em constante divisão e, que as células se renovam, criando uma grande proteção para a pele.
à medida que se multiplicam, as A queratina é encontrada em todas as camadas da epiderme;
novas células vão empurrando este componente fornece elasticidade e confere proteção à pele. A
as mais antigas em direção à su- queratina rígida é a proteína encontrada nos pelos e unhas. As cé-
perfície da epiderme. Conforme lulas conhecidas como queratinócitos constituem 95% da epiderme
as células vão se encaminhando (GERSON et al., 2012).
em direção à camada mais ex- Na pele normal, esta camada é formada por uma única fileira
terna (camada córnea), passam de queratinócitos justapostos, sendo que a grande maioria dessas
a pertencer a outras camadas e, células possuem a capacidade de se multiplicar – as células germi-
consequentemente, vão se dife- nativas –, pois apresentam morfologia colunar, citoplasma basófilo
renciando, conforme a camada e núcleo grande e oval (AZULAY, 2013).
em que ela se encontra.
Um pequeno percentual
das células basais é composto Célula melanócito
por células-tronco caracteri-
zadas por baixa velocidade da Os melanócitos são células dendríticas derivadas da crista neural
mitose durante toda a vida do que ocupam a epiderme a partir do segundo mês do desenvolvimen-
indivíduo, produzindo clones to fetal, não possuem desmossomas (KEDE; SABATOVICH, 2004).
de queratinócitos chamados O número desta célula (melanócito) na epiderme é o mesmo,
de células amplificadoras tran- independentemente da raça ou cor, embora o que irá determinar
sitórias (TAC) que se dividem as diferenças raciais na cor da pele será o número e tamanho dos
rapidamente, porém são pro- melanossomas (organelas citoplamáticas), que são estruturas sin-
gramadas para um número li- tetizadas pelos melanócitos (ARNOLD; ODOM; JAMES, 1994).
mitado de mitoses. Origina-se A melanina (proteína) é responsável por proporcionar o pig-
duas células por meio da mitose mento da pele, quem a produz é a célula melanócito. A cor da pele
das TAC, as quais células pos- é originada pela combinação de melanina, caroteno e hemoglobina
suem características distintas: (LACRIMANTI, 2008). Observe onde está inserida a célula mela-
uma célula que permanece na nócito na imagem a seguir.

UNIDADE 1 19
Células de Merkel
EPIDERME
Estrato Queratinócito As células de Merkel aparentam
córneo morto
receptores táteis, pois estão fre-
Camada
granulosa quentemente em contato com as
Célula de estruturas axônios da derme pelas
Langerhans junções sinápticas. Estas células
estão presentes na camada basal
Camada e por meio dos desmossomos se
espinhosa Queratinócito
unem aos queratinócitos. Encon-
tram-se com mais frequência nos
lábios e nas mãos (PETRI, 2009).
Camada Célula de
basal Merkel
Melanócito Melanina
Estrato espinhoso
Figura 2 - Epiderme
A camada espinhosa situa-se
A síntese da melanina é realizada mediante a ação da enzima entre a camada basal e a camada
tirosinase que transforma a tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina granulosa, composta por células
(DOPA) e está em DOPA-quinona, que após várias alterações ceratinócitos com aspecto de es-
se transforma em melanina; isto ocorre dentro da estrutura pinhos, por isso recebe este nome.
melanossoma (KEDE; SABATOVICH, 2004). Este extrato possui várias cama-
A cor da pele é originada pela combinação dos componentes das com espessuras distintas.
melanina, caroteno e hemoglobina (LACRIMANTI, 2008). A
melanina é a responsável pelas várias tonalidades da pele. Quan-
to maior for o fototipo cutâneo, maior quantidade do pigmento Camada granulosa
melanina terá esta pele.
A camada granulosa apresenta
células com grandes quantidades
Células de Langerhans de grânulos, por este motivo são
denominadas de células granu-
Outras células déndricas apresentam-se na epiderme, as células losas. Estes grânulos apresentam
de Langerhans. São células desprovidas de tirosina. Na micros- tamanhos e formas irregulares e
copia eletrônica, são caracterizadas por corpúsculos peculia- compõe-se de querato-hialinos
res– estruturas que possuem a forma de uma raquete de tênis (RIVITTI, 2018).
(grânulos de Birbeck). Essas células estão localizadas na epider- Os grânulos de querato-hia-
me, porém podem ser encontradas na derme, nos linfáticos da linos (queratina e profilagrina)
derme, nos linfonodos e no timo. Possui função imunológica, são formados quando as células
atuando no processamento primário de antígenos exógenos que migram para a camada granu-
atingem o tecido. São consideradas, ainda, células monocitárias losa (SOUTOR; HORDINSKI,
macrofágicas (RIVITTI, 2014). 2015).

20 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Os grânulos Lamelares possuem, em seu interior, glicoproteínas, ácidos graxos, fosfolipídios, gli-
cosilceramidas e colesterol; são vistos nas células localizadas na parte superior da camada espinhosa,
porém na camada granulosa em si apresentam-se em grande número. No espaço intercelular, acaba
sendo liberado o conteúdo desses grânulos, sob a ação de suas hidrolases; é remodelado, transformando
seus lipídios em 45% de ceramida, 25% de colesterol, 15% de ácido graxo, esfingosina livre, sulfato de
colesterol, ésteres do colesterol e triglicerídios.
Todos esses elementos juntos depositam-se em torno de cada corneócito em forma de bainha dupla,
originando a grande barreira lipídica, impedindo a passagem de substâncias polares na epiderme, como
exemplo a água, sendo este mecanismo o principal responsável por sua relativa impermeabilidade, e,
quando alcançam superfície, formam juntamente com o sebo o manto lipídico da pele (AZULAY, 2017)
Na camada granulosa, os queratinócitos são achatados, possuem núcleo central e contêm grânulos
basófilos de querato-hialina, formados principalmente por filamentos de queratina, loricrina e profi-
lagrina (PETRI, 2017).
Profilagrina origina a filagrina, por citoqueratinas e loricrina. A profilagrina é clivada de forma
cálcio-dependente em monômeros de filagrina onde se ligam com a queratina, originando os micro-
filamentos. A filagrina pode ser decomposta, ainda, em outras moléculas, como o ácido urocânico e
ácido pirrolidonacarboxílico, que atuam na proteção dos raios UV e na hidratação da camada córnea
(RIVITTI, 2018).
A loricrina é rica em cisteína e esta proteína, quando liberada pelos grânulos de querato-hielinos,
conecta-se com estruturas desmossômicas formando o envelope de célula cornificado (PETRI, 2017).
Em condições adequadas, a camada granulosa encontra-se na mesma espessura que a camada córnea.

Camada lúcida

Assim como vimos anteriormente, a camada lúcida está presente em algumas regiões; sua localização
está entre a camada córnea e granulosa, presente na palma das mãos e na sola dos pés, sendo que nessas
áreas encontra-se mais espessa que nas demais regiões, pois apresenta uma camada a mais compondo
a epiderme. O extrato lúcido é composto por duas ou três camadas de células anucleadas, planas, de
aspecto homogêneo.

Estrato córneo

Para finalizar as camadas da epiderme, falaremos sobre a camada córnea, que é a camada mais externa
da epiderme, constituída principalmente por células mortas, anucleadas e ricas em queratina, onde
encontram-se em constante descamação. Estas células possuem a aparência de escamas.
O estrato córneo é composto por células acidófilas de orientação horizontal, sendo consideradas as
células mais largas do organismo, onde os citoplasmas são repletos de queratina. Esta camada possui

UNIDADE 1 21
uma dupla camada lipídica, formada principalmente por colesterol, As células que residem na derme
ceramida e ácido graxo, realizando, além da proteção mecânica, são os fibroblastos, células den-
uma barreira contra a passagem de água e de substâncias solúveis dríticas dérmicas, macrófagos,
(PETRI, 2017). e mastócitos. Todos os
Quando as células queratinócitos se apresentam no estrato cór- componentes da matriz
neo, endurecem e se tornam os corneócitos. Essas células mais o óleo extracelular são produzidos
presente na pele se combinaram originando uma barreira protetora pelos fibroblastos que incluem
no estrato córneo. As conexões intercelulares denominadas desmos- os seguintes constituintes: co-
somas proporcionam força para as células (GERSON et al., 2012). lágenos, elastina e substância
Todas as camadas da epiderme possuem variações, mas o estra- fundamental.
to córneo pode variar de fino a espesso (palmas e plantas), onde É constituída por tecido con-
encontra-se inserida a camada lúcida, delgada lâmina homogênea juntivo, composta por substân-
de células eosinofilicas e translúcidas (PETRI, 2017). cia fundamental amorfa (região
com característica gelatinosa),
rica em carboidratos, enzimas,
Derme vitaminas e fibroblasto (célula
que produz colágeno e elastina,
A derme é formada por tecido conjuntivo, vascularizada flexível, conferindo sustentabilidade ao
rígida e elástica. Dependendo da região do corpo, terá variações em tecido). Alojam-se nos órgãos e
sua espessura. É composta, principalmente, pelas macromolécula anexos da derme. Divide-se em
colágeno, elastina, proteoglicanas, glicosaminoglicanas e, diferen- derme papilar (em contato com
temente da camada epiderme, possui vascularização. A substância a epiderme) e derme reticular
intersticial, fibras, vasos, nervos, folículos polissebáceos e das glân- (em contato com a hipoderme,
dulas sudoríparas constituem a derme. A camada derme sofre ainda aspecto mais denso) (LACRI-
uma divisão, sendo a camada reticular mais externa e a camada MANTI, 2008).
papilar mais interna. Observe como está disposta a camada derme Possui duas camadas: a) a pa-
na imagem a seguir. pilar, que se localiza logo abaixo
Cutícula da epiderme, possui projeções
(papilas) que apontam para a
Estrato córneo Ceramidas camada superior; b) as papilas
Camada granular dérmicas apresentam vasos san-
Estrato Espinhoso guíneos, nutrientes e oxigênio
Camada basal para a camada germinativa (lo-
Colágeno calizada na epiderme), enquan-
Epiderme
Elastina to outras contêm terminações
Derme nervosas (IFOULD; CONROY;
Ácido
hialurônico WHITTAKER, 2015). A cama-
da que corresponde ao restante
Figura 3 - Derme
da derme é a reticular, a menor

22 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


quantidade de fibroblasto e substância fundamental. Possui como característica ser mais espessa, es-
tendendo-se até a hipoderme (RIVITTI, 2018).
Os vasos sanguíneos e linfáticos estão presentes na camada epiderme e são responsáveis por nutrir
e oxigenar a epiderme–, camada mais externa da pele, a qual é avascular.

Fibroblasto

As células fibroblastos produzem as proteínas colágeno e elastina, glicosaminoglicanas, proteoglicanos e


glicoproteínas multiadesivas que farão parte da matriz extracelular, além de produzirem também os fatores
de crescimento, estruturas responsáveis pela proliferação e a diferenciação das células. Os fibroblastos são
capazes de modular a capacidade metabólica, consequentemente isso refletirá em sua morfologia. Estas
células são as que mais encontramos no tecido conjuntivo. As células que se encontram em repouso rece-
bem o nome de fibrócito; já os fibroblastos são as células que encontram-se em atividade de síntese intensa
(JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017). Para melhor compreensão do conteúdo, a célula
fibroblasto está representada na imagem a seguir.

FIBROBLASTO

Matriz
extracelular Fibrilas de
Enzimas colágeno
Elastina

Ácido Fatores de
hialurônico crescimento
Ribosomas

Núcleo Citoplasma
Microtúbulo
Retículo Fibrilas de
Aparelho endoplasmático colágeno
de Golgi rugoso Mitocôndria

Figura 4 - Célula Fibroblasto

UNIDADE 1 23
Assim como dito anteriormen- Junção dermoepidérmica
te, a célula fibroblasto é capaz
de produzir as proteínas de A junção entre a derme e a epiderme chama-se junção dermoepidér-
colágeno e elastina, sendo que mica. As cristas epidérmicas formam-se onde a epiderme se projeta em
o colágeno possui a função de direção da derme, aumentando, assim, a superfície de contato entre as
dar rigidez ao tecido, e a elastina duas células, ajudando e facilitando a nutrição das células da camada
proporciona elasticidade para a epiderme, já que ela é avascular, deste modo ela necessita da oxigenação
pele, permitindo que ela estique e nutrição da derme, pelos vasos sanguíneos presentes nesta camada
e volte ao seu tamanho original. (OLIVEIRA et al., 2014).
As fibras de elastina são mais
finas e menos abundantes que
as fibras de colágeno, que cor- Anexos Cutâneos
respondem a cerca de 95% do
tecido conectivo da derme (RI- Os anexos cutâneos compreendem as glândulas sudoríparas e se-
VITTI, 2018). báceas, ao folículo piloso e as unhas. Abordaremos a seguir indivi-
dualmente as características de cada anexo cutâneo.

Substância
fundamental Glândulas
sudoríparas
Na derme, localiza-se a substân-
cia fundamental (uma matriz As glândulas sudoríparas localizam-se na derme e são responsáveis pela
de líquidos). Entre as fibras da produção do suor e, consequentemente, pela regulação da temperatura
camada reticular, encontra-se da pele. O suor é constituído por água, sais e ureia.
o ácido hialurônico, um glico- As Glândulas são divididas em:
saminoglicano, a água e outros • Glândulas sudoríparas apócrinas: sua secreção é com odor.
componentes nas substâncias Localiza-se nas axilas, na região inguinal e no púbis.
intercelulares, a fim de manter • Glândulas sudoríparas écrinas: presentes em outras regiões
o equilíbrio, ajudando na movi- corpóreas.
mentação (migração), metabo-
lismo e crescimento das células
(GERSON et al., 2012). Glândula sebácea
A substância fundamental
presente no tecido conjuntivo Possui a função de produzir sebo, lubrificando, assim, a camada
preenche os espaços entre as cé- superficial da pele. O sebo é formado por substância graxa e
lulas e fibras, funcionando como lipídeos, sendo secretado no folículo piloso, onde é conduzido
lubrificante e como barreira con- por este até a camada córnea (superfície da pele). A glândula
tra micro-organismos invasores sebácea está fixada no folículo piloso (OLIVEIRA et al., 2014).
que tentar penetrar na pele.

24 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Folículo piloso

É uma invaginação da epiderme mais especificamente da camada basal, presente na derme. Nesta
estrutura, são formados os pelos.
Fases de crescimento do pelo:
• Anágena: fase de crescimento dura cerca de 2 a 6 anos.
• Catágena: dura algumas semanas, conhecida por ser uma fase migratória.
• Telógena: fase de queda, perdura por alguns meses.

Figura 5 - Fases do pelo

Unhas

Ônix é o nome técnico das unhas. Essas estruturas são anexos que protegem as extremidades dos dedos
das mãos e dos pés, sendo compostas por células de queratina corneificadas em lâminas endurecidas
(de consistência rígida).
Uma única unha possui quatro partes: a posterior ou raiz (sobre a borda da
pele), lâmina (aderente ao leito ungueal na região inferior), a borda livre e as
bordas laterais. Essas lâminas queratinizadas recobrem a última
falange dos dedos (RIVITTI, 2014).
As unhas possuem os seguin-
tes componentes: matrix, lúnula,
eponíquio, lâmina ungueal, leito
ungueal e hiponíquio. Semanal-
mente, essas estruturas crescem
cerca de 0,5 a 1,2 mm (AZU-
LAY, 2017).
Figura 6 - Lâmina ungueal

UNIDADE 1 25
Tela
Subcutânea

A tela subcutânea é um tecido que possui funções,


tais como proteção contra impactos, isolante térmi-
co, reservatório energético e, ainda, a possui função
de preenchimento e de modelagem corporal, pois,
quanto maior for este tecido, quer dizer que mais
depósitos de gordura se formaram para o armaze-
namento, conferindo ao indivíduo um aspecto mais
espesso desta camada, podendo ser visualizado.
Tela subcutânea ou hipoderme é composto
por tecido conjuntivo frouxo e é formado a partir
da mesoderme. Composto pelas células adipóci-
tos, fibras colágenas e reticulares, tecido nervoso,
nódulos linfáticos, células do estroma vascular e
células imunes (leucócitos, macrófagos), fibro-
blastos e ainda pré-adipócitos (OLIVEIRA et al.,
2014). Observe a localização da hipoderme na
imagem a seguir.
Figura 7 - Tela subcutânea

Tecido Adiposo

Existem dois tipos de tecido adiposo: tecido adiposo marrom (adipócito multilocular) e tecido adiposo
branco (adipócito unilocular), classificados desta forma dependendo do tipo de célula que o compõe:
• Tecido adiposo marrom: as fibras nervosas e vasos sanguíneos permeiam os adipócitos
multiloculares. É mais lobular que o tecido adiposo branco. No organismo humano, este tipo
de tecido encontra-se apenas em embriões e neonatos. Depois do nascimento, as gotículas de
gordura se juntam para formar gotículas uniloculares. Em alguns indivíduos idosos ou pessoas
com doenças degenerativas, os adipócitos multiloculares podem aparecer novamente.
• Tecido adiposo branco: formado por adipócitos uniloculares. Localiza-se no tecido conjun-
tivo subcutâneo, seu acúmulo em determinadas regiões dependerá de vários fatores, como o
sexo, idade, alimentação, fatores hormonais, hábitos de vida, dentre várias outras condições. Os
adipócitos uniloculares são colocados em lóbulos que são separados (imperfeitamente) por
septos de tecido conjuntivo que carregam fibras nervosas e vasos sanguíneos para os tecidos.

UNIDADE 1 27
Célula Adipócito O anabolismo é o conjunto
de reações que promovem a sín-
Os adipócitos (células de gordura) atuam na síntese e armazena- tese ou reconstrução de molé-
mento de triglicerídeos. Há dois tipos de adipócitos: culas complexas a partir de mo-
• Adipócito unilocular: são células que são compostas por léculas simples, por exemplo,
apenas uma gotícula de lipídeos, são arredondadas e grandes. quando realizamos atividade fí-
Constituem a principal célula de gordura do tecido adiposo sica, os nossos músculos (tecido
branco. muscular) são danificados pela
• Adipócito multilocular: a gordura é armazenada em vá- prática do exercício; durante o
rias gotículas de lipídios esparramados pelo citoplasma, co- descanso, o organismo repara as
nhecidas por serem os principais componentes da gordura fibras musculares por meio das
marrom (tecido adiposo marrom). proteínas consumidas na dieta
alimentar.
Observe a representação da célula adipócito na imagem a seguir. Durante este processo de
Célula Adipócito construção, o corpo armazena
algumas substâncias como água,
Citoplasma alimento e oxigênio para quan-
do as células precisarem destes
Mitocôndria
componentes para seu reparo
Aparelho ou crescimento. Um exemplo de
de Golgi
anabolismo é a síntese de pro-
teínas a partir dos aminoácidos.
Núcleo
Por outro lado, o catabo-
Reservatório lismo é o conjunto de reações
de gordura
que promovem a degradação
Membrana das moléculas; caracteriza-se
por ser a fase em que as mo-
Figura 8 - Célula adipócito
léculas maiores são divididas
dando origem a moléculas
Metabolismo Celular menores. A energia que é li-
berada através deste processo
O Metabolismo celular é um processo químico que ocorre no or- acaba sendo armazenada por
ganismo e se divide em duas fases denominadas anabolismo e ca- moléculas especiais, a fim de
tabolismo, as quais ocorrem de maneira simultânea e constante no ser usada para contrações
corpo humano. É por meio deste processo químico que as células musculares, produção de calor
se alimentam e são capazes de realizar suas atividades. ou, ainda, secreções do corpo.

28 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Permeabilidade
Cutânea

A permeabilidade cutânea é a capacidade da pele de


absorver seletivamente (escolher o que é necessário
penetrar no tecido) certas substâncias em função de
sua natureza química ou de determinados fatores.
A permeação de substâncias cosméticas na
pele nem sempre é possível, pois existem bar-
reiras naturais que dificultam essa penetração, o
estrato córneo é composto por lipídios que estão
organizados de forma a construir uma barreira
impermeável, resultando na formação de bica-
madas lipídicas resistentes a certas substâncias e
o desafio dos cosméticos é romper essa barreira
por meio da atuação de princípios ativos inova-
dores, com ação mais acentuada (HARRIS, 2003;
LEONARDI, 2008).
O estrato córneo determina a barreira de per-
meabilidade da pele. Colesterol, ácidos graxos li-
vres e glicosilceramidas são os lipídios essenciais
que fornecem uma barreira de permeabilidade.
A produção de lipídios sofre alterações geradas
por fatores genéticos e ambientais, esses fatores
modificam o mecanismo de reparo da barreira
cutânea (REBELLO; BEZERRA, 2001). A epider-
me é impermeável a vários tipos de substâncias.

UNIDADE 1 29
As três camadas da pele atuam como barreira única para a permeabilidade através da pele.
As vias de penetração são de três formas:
1. Via transepidérmica: penetração lenta, mas considerável pela extensão da pele. Penetração
intercelular (entre as células) e penetração intracelular (através das células).
2. Via transfolicular ou transanexial: a penetração ocorre através do aparelho pilossebáceo (óstios).
3. Glândulas sudoríparas (poros).
Receptores de acetilcolina

Receptor nicotínico

Receptor muscarínico

Figura 9 - Vias de penetração

Graus de Penetração Cutânea

A seguir, destacaremos os graus de absorção de substâncias pela pele:


• Contato
Substâncias aplicadas na pele ficam sobre a camada córnea sem atravessá-la. A aplicação de
lipídios ou água com agentes tensoativos em contato prolongado com a superfície cutânea
permite que o produto penetre até um terço da espessura da camada córnea.
• Penetração
Substâncias aplicadas na pele ultrapassam as camadas de células mortas para chegar até as
células vivas.
A penetração acontece de duas formas:
a) Superficial ou epidérmica: o cosmético chega até a camada espinhosa ou basal.
b) Profunda ou dérmica: atravessa a membrana basal e chega às estruturas vasculares da derme.
• Absorção
As substâncias penetram na circulação sanguínea e linfática e se difundem por todo o orga-
nismo podendo haver reações gerais extracutâneas.

30 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Permeabilidade Cutânea em Função da
Natureza Química das Substâncias

A natureza química das substâncias da formulação também reflete na permeabilidade cutânea:


• Permeável: gases e substâncias voláteis, etanol, água, pequenas moléculas e substâncias lipos-
solúveis.
• Relativamente permeável: glicose, aminoácidos, íons e vitaminas.
• Praticamente impermeável: sais, proteínas e carboidratos.
-- A penetração de sais é desprezível, a menos que sejam ionizados.
-- Proteínas e carboidratos: devido ao tamanho das suas moléculas e pouca lipossolubilidade.
Contudo, pode ser modificado se o peso molecular for reduzido e a molécula ionizada.

Fatores que Afetam a Permeabilidade da Pele

Outros fatores que interfeerem na absorção de substâncias pela pele são:

1. Fatores Biológicos / Fisiológicos:


• Densidade da epiderme (espessura da pele).
• Local de aplicação: mucosas, áreas com mais folículos e as áreas mais vascularizadas.
• Fluxo sanguíneo: circulação aumentada, maior permeação cutânea.
• Hidratação aumentada da camada córnea: queratina é higroscópica, que permite hidratação,
tornando-se mais permeável para substâncias polares.
• Fototipos de pele: pele oleosa forma um manto hidrolipídico de difícil permeação; já na
pele seca, os óstios estão fechados, falta água na epiderme, sendo assim de difícil permeação.
• Idade: envelhecimento cutâneo deixa a pele mais frágil e sensível devido à perda das bar-
reiras cutâneas.

2. Fatores Cosmetológicos / Físico-Químicos


a) Quanto à substância ativa:
• Massa molecular (quanto menor o peso molecular, maior permeabilidade).
• Concentração em relação aos tipos de transporte na membrana plasmática. Transporte
ativo com gasto de energia (bombas de sódio e potássio), transporte passivo sem gasto
de energia (difusão simples, osmose e difusão facilitada).
• Solubilidade: capacidade de uma substância dissolver.
• Coeficiente de partição óleo em água: quanto maior, maior a afinidade por óleo.
• Substância solúvel em óleo e água ao mesmo tempo (anfipática, emulsionável): penetra
mais fácil.
• Estado de ionização da substância ativa: produtos menos voláteis tendem a ter uma
permeação melhor.
• Tempo de exposição ao ativo: quanto maior tempo de exposição, maior a penetração.

UNIDADE 1 31
b) Quanto ao veículo:
• pH (potencial hidrogeniônico) do veículo: substância ácida ou básica que altera o
pH do produto para se obter o valor adequado. Substância acidificante diminui o pH,
substância alcalinizante aumenta o pH.
• Poder solubilizante do veículo: solubilizante líquido, semissólido e sólido.
• Viscosidade: maior a penetração devido formação de película aderente e uniforme.
• Poder lipossolvente ou tensoativo: diminui oleosidade.
• Emulsões O/A.
• Veículos vetoriais: são vesículas esféricas que proporcionam a encapsulação de substân-
cias, são capazes de interagir com as células presentes na pele, liberando as substâncias
que carregam.

Desta forma, caro(a) aluno(a), podemos concluir que a pele tem permeabilidade seletiva, a qual é
determinada por condições físico-químicas naturais, viscosidade, as extensas ligações de colágeno, os
apêndices da pele, a idade, fototipo, disfunções da pele, enfim todos os componentes relatados neste
tópico. Portanto, a ação das formulações cosméticas e dermatológicas dependerá da anatomia da área
tratada, da hidratação da pele, da presença de lipídios, da hidratação, da saúde ou patologia da pele,
do metabolismo e do paciente.
É preciso que você se recorde da aula de fisiologia, quando aprendeu sobre a membrana plasmática.
Ah!!!! Esqueceu???? Vamos então recordar.
Membrana plasmática é um envoltório fino que reveste a célula procarionte e eucarionte. Sua es-
trutura é semipermeável, responsável pelo transporte e seleção de substâncias que entram na célula. É
formada por uma bicamada fosfolipídica, que é uma camada que se encontram com as suas extremi-
dades hidrofílicas viradas para os meios intra e extracelulares, criando uma barreira que não permite
a passagem de íons e substâncias polares.
A membrana plasmática é responsável pelo transporte de substâncias e esses processos podem
ocorrer de duas formas: transporte passivo e ativo.
O transporte passivo é o transporte sem gasto de energia. As substâncias movem-se do meio
mais concentrado para o menos concentrado. Ocorre de duas formas:
• Difusão Simples - é a passagem de partículas do meio em que estão em maior quantidade para
um meio onde as partículas estão em menor quantidade.
• Difusão Facilitada - na facilitada o transporte também é feito através da membrana, porém na
facilidade acontece com o auxílio das proteínas da bicamada lipídica.

Por sua vez, a Osmose é a passagem de água, sendo o transporte realizado de um meio menos concen-
trado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico).

32 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


O transporte ativo é o transporte com gasto de energia (ATP). As substâncias se movem do
meio de menor concentração para o meio de maior concentração. Ocorre de duas formas:
• Transporte em Bloco: Endocitose e Exocitose – esse transporte acontece quando a célula transfere
grande quantidade de substâncias para dentro ou para fora do seu meio intracelular.
• Bomba de Sódio e Potássio: esse transporte é a passagem de íons sódio que estão em alta con-
centração e potássio que estão em baixa concentração fora da célula, devido às diferenças de
suas concentrações. Para que que haja concentrações ideais, as bombas de sódio bombeiam
sódio para fora da célula e potássio para dentro da célula.

Agora sim, compreendeu como acontece a penetração de substâncias na pele? Espero que agora já
esteja apto para darmos continuidade em nossos estudos.

Você já ficou pensando como que um produto vai chegar exatamente dentro daquele tecido para
que se tenha um resultado? Então, agora, você é capaz de saber: através da membrana plasmática.
Quero ainda que você tenha o conhecimento de que existem meios de promover esse transporte.
Como? Através de mecanismos que façam a desorganização dos lipídios da camada córnea, aumen-
tando o espaço entre elas; aumentando a solubilidade do ativo na camada córnea; extrair os lipídios
da camada córnea; e aumentar a hidratação da camada córnea.

Empregamos métodos para promover a permeação cutânea. Estas técnicas consistem em métodos
diretos, objetivando com isso a introdução de substâncias cosméticas, cosmecêuticas e medicamen-
tosa através da pele (BORGES, 2010):
• A esfoliação da pele para retirada de células mortas.
• O uso de equipamentos estéticos, como ultrassom (fonoforese), corrente galvânica (iontofo-
rese), que provocam uma desordem na bicamada córnea.
• Massagem que faz o aquecimento da pele, aumentando a temperatura em até 3 graus cen-
tígrados.

UNIDADE 1 33
Tipos e Fototipos
de Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, sendo


um órgão vital. Suas funções são: regulação térmi-
ca, defesa orgânica e funções sensoriais. Os tipos
de pele são classificados em:

1. Pele Seca
Pouca produção sebácea, a pele é pouco
lubrificada e hidratada, textura fina, áspe-
ra (opaca) e sem brilho, com facilidade de
aparecer rugas, e tende a ficar descamando
e repuxando.

2. Pele Oleosa
Apresenta poros dilatados e visíveis (testa,
nariz e queixo), poucas linhas de expres-
são (envelhecimento mais lentamente),
espessura aumentada, produção excessiva
de óleo (mais probabilidade de seborreia),
bem resistente às agressões.
3. Pele Mista
Apresenta oleosidade na região central do rosto (zona T) e nas demais regiões é normal ou seca.

4. Pele Sensível
Pele fina, frágil e delicada, pouca oleosidade, aparência áspera e com tendência a formação de
rugas, irritabilidade, prurido, sensível às mudanças climáticas.

5. Pele Normal (eudérmica)


Secreção sebácea normal, grau adequado de hidratação, aspecto aveludado e agradável ao tato,
brilho e elasticidade normais, os poros são diminutos, visualizam-se os orifícios, porém não se
apresentam dilatados, pele perfeita.

Figura 10 - Classificação da pele segundo Fritzpatrick

Essa classificação foi desenvolvida na década de 70, baseia-se na cor da pele e na reação à exposição solar.

Fototipo 1- sempre queima, nunca bronzeia.


Fototipo 2- frequentemente queima, bronzeia menos que a média.
Fototipo 3- algumas vezes queima suavemente, bronzeia na média.
Fototipo 4- raramente queima, bronzeia mais que a média.
Fototipo 5- raramente queima, bronzeia profundamente.
Fototipo 6- nunca queima, pigmentação profunda.

Em 2006, Leslie Baumann catalogou a pele em 16 tipos diferentes, para isso levou em conta quatro
fatores: hidratação da pele, sensibilidade da pele, pigmentação da pele e tendência a rugas. Definiu os
tipos pela soma desses quatro fatores, levando em consideração o modo que estes fatores combinam
entre si (BAUMANN, 2007).

UNIDADE 1 35
1. Oleosa, sensível, pigmentada e enrugada 4. Oleosa, sensível, não pigmentada e
Esse tipo de pele sofre muito prejuízo pela firme
exposição frequente ao sol. Entre estes Este tipo de pele apresenta rubor (ver-
prejuízos estão o envelhecimento preco- melhidão) na face. É o tipo de pele rubo-
ce (rugas), manchas escuras na face e colo, rizada. Esta pele é fina e pode sofrer de
vasinhos visíveis na face, acne, vermelhi- rosácea, podendo apresentar: espinhas,
dão, coceira e queimação que são frequen- oleosidade, vermelhidão, manchas ver-
tes na pele. O tratamento dessa pele será melhas, descamação no rosto, irritação
tanto com prevenção como tratamentos a produtos para os cuidados com a pele
para rugas, manchas escuras, comedões, e queimaduras solares frequentes. Se ex-
pápulas e pústulas. Para isso, é necessário posta com frequência ao sol, pode desen-
o uso de protetores solares e tratamento volver rosácea e câncer de pele. Por isso
de rugas e manchas escuras. protetor solar é essencial. Prevenir e tratar:
rosácea, oleosidade e inflamação da pele.
2. Oleosa, sensível, pigmentada e firme
É o tipo de pele de difícil tratamento, pois 5. Oleosa, resistente, pigmentada e enru-
formam um ciclo vicioso de erupções, gada
manchas marrons e cicatrizes. Este tipo Este tipo de pele é conhecido como teflon
de pele tende a apresentar acne, alergias (resistente). É oleosa, seus poros são abertos
de pele, manchas escuras na face e pele e apresentam manchas escuras. Com o pro-
brilhante. É importantíssimo, aqui, a pre- cesso de envelhecimento, as manchas vão
vençãoe tratamento de espinhas, manchas aparecendo. Pode aparecer eventualmente
escuras e controle da vermelhidão da pele. acne, possui risco aumentado de câncer de
pele se sua pele for clara e dificuldade para
3. Oleosa, sensível, não pigmentada e encontrar um protetor solar que não deixe
enrugada sua pele mais oleosa. Como é uma pele re-
É o tipo de pele que, quando exposta ao sistente, suporta produtos mais fortes para
sol sem a devida prevenção, fica cama- o rosto. Para a prevenção, deve-se evitar sol,
rão. São pessoas de pele clara com pouca não fumar e manter dieta saudável.
pigmentação para se proteger da radiação
solar. Essa pele sofre de rubor e rosácea. As 6. Oleosa, resistente, pigmentada e firme
rugas são resultado dos prejuízos causados Este tipo de pele é brilhante. É um dos ti-
pelo sol. As pessoas com este tipo de pele pos de pele mais fáceis de cuidar. Comum
apresentam com frequência manchas ver- em pessoas com pele mais escura. O as-
melhas, espinhas, poros abertos, vasinhos pecto é rosto brilhante, manchas escuras,
visíveis na face, dificuldade para se bron- rugas mínimas, crises ocasionais de acne
zear, queimaduras frequentes e rugas pre- e pele que bronzeia com facilidade. Pre-
coces. É essencial os cuidados diários com venção: uso de protetor solar, não fumar.
a pele e evitar a exposição solar. Prevenir O consumo de alimentos antioxidantes
e tratar: vermelhidão da face, espinhas, auxilia a manter pele radiante. Prevenir e
rugas, câncer de pele e fragilidade da pele. tratar: manchas escuras e oleosidade.

36 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


7. Oleosa, resistente, não pigmentada e 10. Seca, sensível, pigmentada e firme
enrugada Este tipo de pele é árduo. Pele propensa
Este tipo de pele é o melhor para se con- a eczema, ressecamento, acne ocasiona-
viver. A maior parte dos brasileiros pos- da pelo uso de produtos, descamação,
suem este tipo de pele. No mercado, há vermelhidão, coceira e rosácea. Apre-
uma grande quantidade de produtos para senta aspecto com placas de pele espessa
esta pele, e todos funcionam muito bem. e áspera, sensibilidade a fragrâncias, se-
O aspecto é com eventual brilho facial, cura por detergentes, placas escuras em
acne discreta, dificuldade para se bron- áreas de exposição solar. Para esta pele,
zear, pouca necessidade de hidratante e é essencial a hidratação. A hidratação
sinais precoces de rugas. Prevenir e tratar: frequente é mandatória. Prevenir e tra-
rugas, oleosidade e câncer de pele. tar: secura da pele, vermelhidão, coceira
e manchas escuras.
8. Oleosa, resistente, não pigmentada e
firme 11. Seca, sensível, não pigmentada e en-
É a pele dos sonhos ou a pele da deusa. Pele rugada
radiante, harmônica e que não envelhece. É o tipo de pele reativo. Não é um tipo
Muito simples de cuidar e sempre apresenta fácil de pele e as condições da pele são
uma boa aparência. Apresenta aspecto de imprevisíveis. Um dia ela está bem e
pele lisa, oleosa, pouca necessidade de hidra- no outro, sem explicação, está péssima.
tante, poucas rugas, poros grandes, crises ra- Você pode ter: ressecamento, descama-
ras de acne e comedões. Previna o câncer de ção, queimação, rugas, vermelhidão, fal-
pele e evite exposição solar. Tratar e prevenir: ta de brilho na pele, pele áspera e irrita-
oleosidade, poros abertos, cravos e eventuais da. Proteger a pele de ambientes secos,
crises de acne. hidratar e evitar ingredientes que cau-
sem irritação. Prevenir e tratar: resseca-
9. Seca, sensível, pigmentada e enrugada mento, rugas, queimação e vermelhidão.
Este tipo de pele é reativa, ou seja, reage com
os princípios ativos aplicados sobre a pele. 12. Seca, sensível, não pigmentada e firme
Quando exposta a tratamentos, é imprevisí- Este é o tipo de pele ressecada. É uma pele
vel saber qual vai ser a reação da pele. Um dia descamativa, áspera, vermelha e sem bri-
a pele está bem e no outro, sem explicação, lho. Apresenta frequentemente alergias a
está péssima. Apresenta aspecto de resseca- produtos cosméticos, sensibilidade a sa-
mento, descamação, queimação, rugas, ver- bonetes e alergias a metais. Os hidratan-
melhidão, falta de brilho na pele, pele áspera tes para esse tipo de pele devem conter os
e irritada. Proteger a pele de ambientes secos, três lipídios essenciais à reestruturação da
hidratar e evitar ingredientes que causem barreira da pele (colesterol, ácidos graxos e
irritação. Prevenir e tratar: ressecamento, ceramidas). Prevenir e tratar: ressecamen-
rugas, queimação e vermelhidão. to e vermelhidão da pele.

UNIDADE 1 37
13. Seca, resistente, pigmentada e enrugada
Este é o tipo de pele descuidada. A principal queixa deste tipo de pele são as rugas. Apresenta
aspecto de pele seca e descamativa, coceira, pele fina, manchas escuras no rosto, rugas precoces,
rugas em mãos e alto risco para desenvolver melanoma. Quando este tipo de pele é submeti-
do a tratamentos estéticos, apresenta uma grande melhora. Prevenir e tratar: rugas, manchas
escuras e ressecamento.

14. Seca, resistente, pigmentada e firme


Este é o tipo de pele das americanas. Esta pele tem raríssimos problemas com oleosidade e
erupções. Com o processo de envelhecimento, a pele vai se tornando vagarosamente mais seca.
Apresenta aspecto com sardas ou manchas do sol, placas escuras na face (como melasma),
coceiras e descamação na pele. Hidratação e protetor solar são importantes. Prevenir e tratar:
ressecamento, manchas escuras, câncer de pele.

15. Seca, resistente, não pigmentada e enrugada


Esta é a pele da maioria dos americanos. Quando jovens, a pele apresenta poucas irritações,
acnes e erupções, mas quando chega na meia idade, a pele fica delicada, frágil e com sardas ou
algumas descolorações. Apresenta aspecto de pele com rugas precoces, problemas de bron-
zeamento e aumento de ressecamento com a idade. Prevenir e tratar: ressecamento, rugas e
envelhecimento precoce.

16. Seca, resistente, não pigmentada e firme


Este é o tipo de pele simples. É a pele que todos queriam ter, ou seja, a pele dos sonhos. Na
fase da adolescência, é o melhor tipo de pele entre as amigas (quase nada de acne, nenhuma
oleosidade e sem sardas). Com o processo do envelhecimento, a pele continua com a aparên-
cia muito boa, mas um pouco ressecada. Apresenta poucos problemas de pele dignos de nota,
facilidade de usar qualquer produto, pele uniforme, poucas erupções, se tiver. Prevenir e tratar:
ressecamento, câncer de pele.

Neste tópico, foi possível identificar os diferentes tipos e aspectos de pele, essas informações são es-
senciais, pois, a partir delas, é possível identificar os produtos ideais e mais indicados, que se adaptam
às necessidades de cada pele e não causam nenhuma reação contrária.

38 Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Quais são as células que compõem a camada epiderme?


a) Fibroblastos, melanócitos, células de langerhans e de Merckel.
b) Melanócitos, queratinócitos, adipócitos, langerhans e de Merckel.
c) Queratinócitos, melanócitos, adipócitos, langerhans e de Merckel.
d) Queratinócitos, melanócitos, células de langerhans e de Merckel.
e) Queratinócitos, melanócitos, fibroblastos, neutrófilos e células de langerhans.

2. Com base nos seus estudos sobre a camada epiderme, analise as afirmativas a
seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):
(( ) A epiderme é o maior órgão do corpo humano, formada principalmente por
tecido conjuntivo, sendo o melanócito a célula mais abundante deste tecido.
(( ) A epiderme é a camada mais interna da nossa pele, sendo considerada como
a camada com mais fibras elásticas em abundância.
(( ) O estrato córneo é a camada mais externa da epiderme, conhecido por ser
repleto de células germinativas.
(( ) A camada lúcida está presente na planta dos pés, na palma das mãos, nas
axilas e no pescoço.
(( ) A Epiderme divide-se em cinco ou quatro camadas dependendo da região:
basal, espinhosa, granulosa, lúcida (presente na palma das mãos e na planta
dos pés) e córnea.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) V-V-V-F-V.
b) F-F-F-F-F.
c) F-V-F-F-V.
d) F-F-F-F-V.
e) F-F-F-V-F.

39
3. Descreva sobre a célula mais abundante da derme e diferencie derme papilar
de derme reticular.

4. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) sobre as sentenças a seguir:


(( ) Veículos vetoriais possuem um alto grau de permeação, pois são ativos com
alto peso molecular.
(( ) A penetração através do estrato córneo pode ser realizada por via intercelular
e intracelular.
(( ) O estrato córneo é o único limitante para a permeação de princípios ativos
aplicados sobre a pele.
(( ) Difusão facilitada ocorre quando os íons de sódio e potássio se interagem para
fora e dentro da célula.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V-V.
b) V-F-F-F.
c) F-F-F-F.
d) F-V-V-V.
e) F-V-F-F.

5. Construa um texto explicativo descrevendo a diferença da classificação de tipos


de pele segundo Fritzpatrick e Leslie Baumann.

40
LIVRO

Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos


Autor: Rosaline Kelly Gomes e Marlene Gabriel Damazio
Editora: LMP
Sinopse: esta obra apresenta um trajeto científico de pesquisa que vem desde
a citologia, passando pelas áreas mais específicas da dermatologia, bioquímica,
legislação e fechando sua proposta com uma relação completa de princípios
ativos disponíveis nos mercados nacional e mundial. O cuidado na escolha de
cada um dos assuntos abordados é percebido na apresentação elegante de
cada tema e imagem. Enfim, este livro oferece uma viagem pelo campo da Cos-
metologia, apresentando o melhor e mais atualizado trabalho para ser incluído
não somente na formação, como no dia a dia de todo profissional de estética.
Por todos estes motivos, esta obra tem sido considerada uma das bibliografias
que mais tem contribuído para a formação dos estudantes e profissionais de
estética, sendo adotada em mais de 100 cursos de nível superior e curso de
nível técnico.

41
ARNOLD, H. L. J.; ODOM, R. B.; JAMES, W. D. Doenças da pele de Andrews: Dermatologia Clínica. 8. ed.
São Paulo: Manole, 1994.

AZULAY, R. D. Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

BAUMANN, L. Pele Saudável. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2007.

BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.

FITZPATRICK, T. B. Tratado de dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2011.

GERSON, J.; D’ANGELO, J. M.; LOTZ, S.; DEITZ, S.; FRANGIE, C. M.; HALAL, J. Fundamentos de estética
2: ciências gerais. 10. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

HARRIS, M. I. N. G. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 2003.

IFOULD, J.; WHITTAKER, M.; FORSYTHE-CONROY, D. Técnicas em estética. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

KAMIZATO, K. K.; BRITO, S. G. Técnicas estéticas faciais. São Paulo: Érica, 2014.

KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.

LACRIMANTI, L. M. (coord.). Curso didático de Estética. 1. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2008.

LEONARDI, G. R. Cosmetologia Aplicada. 2. ed. São Paulo: Santa Isabel, 2008.

OLIVEIRA, A. L. de; PEREZ, E.; SOUZA, J. B. de; VASCONCELOS, M. G. de. Curso Didático de Estética. 2.
ed. São Caetano do Sul: Yends, 2014.

PETRI, V. Dermatologia prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

PETRI, V. Guia de bolso de dermatologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

REBELLO, T.; BEZERRA, S. V. Guia de Produtos Cosméticos. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001.

RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. São Paulo: Artes médicas, 2018.

RIVITTI, E. A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2014.

ROTTA, O. Dermatologia: Clínica, cirúrgica e cosmiátrica. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008.

SOUTOR, C.; HORDINSKY, M. Dermatologia Clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.

42
1. D.

2. D.

3. As células que residem na derme e que são mais abundantes neste tecido são os fibroblastos, células den-
dríticas dérmicas, macrófagos e mastócitos. Todos os componentes da matriz extracelular são produzidos
pelos fibroblastos, que incluem os seguintes constituintes: colágenos, elastina e substância fundamental.
A derme é dividida em duas camadas: a papilar é a que se localiza logo abaixo da epiderme, possui proje-
ções (papilas) que apontam para a camada superior. As papilas dérmicas apresentam vasos sanguíneos,
apresentando nutrientes e oxigênio para a camada germinativa (localizada na epiderme), enquanto outras
contêm terminações nervosas. A camada que corresponde ao restante da derme é a reticular, a menor
quantidade de fibroblasto e substância fundamental. Possui como característica ser mais espessa, esten-
de-se até a hipoderme (RIVITTI, 2018).

4. E.

5. Fitzpatrick desenvolveu, na década de 70, uma escala de classificação para a pele. Sua escala levou em
consideração a cor e a reação da pele na exposição ao sol (FITZPATRICK, 2011). Leslie Baumann, por sua
vez, desenvolveu um estudo com 1400 pacientes durante oito anos e, então, classificou a pele em 16 tipos,
levando em consideração quatro características da pele, que são: hidratação, sensibilidade, pigmentação
e tendências às rugas (BAUMANN, 2007).

43
44
45
46
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto

Preparação Cosmética

PLANO DE ESTUDOS

Componentes de uma Segurança dos Produtos


Formulação Cosmética para o Consumidor

História e Conceito de
Hidratação Cutânea Alterações da Sudoração
Dermatologia e Cosmetologia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os princípios e fundamentos da dermatologia • Saber as medidas necessárias para uma formulação ser
e cosmetologia. produzida com qualidade.
• Compreender o processo de preparação cosmética e co- • Saber as diferenças entre os tipos de suor e as principais
nhecer as matérias-primas de uma formulação. alterações.
• Compreender a hidratação fisiológica da pele.
História e Conceito
de Dermatologia
e Cosmetologia

Olá, aluno(a)! Olhe à sua volta e observe a va-


riedade de formas de apresentação dos produtos
cosméticos. A evolução do homem, modificando
seus hábitos, estilo de vida e alimentação, resulta-
ram nessa variedade.
A presente unidade tem como objetivos princi-
pais compreender a formulação, estrutura e com-
ponentes de um produto, bem como conhecer
as matérias-primas que os constituem produtos.
Nesta unidade, você será convidado(a) a mergu-
lhar no universo das formulações, pois não pode-
mos esquecer que todas as vezes que agregamos
aos nossos atendimentos um elemento como um
óleo essencial, por exemplo, este pode causar vá-
rios benefícios, mas também podemos encontrar
pacientes que podem apresentar reações alérgicas,
sendo importante conhecer os princípios ativos
e relacioná-los com as características da pele e
dos anexos de cada cliente/paciente (ex.: unha e
pelos). Ótimo estudo!
No século XVIII, empregou-se o termo derma-
tologia para designar a área médica voltada para
aqueles que investigavam a anatomia e patologia
da pele (HABIF, 2013). Os estudiosos dessa época
demonstraram interesse nas questões fisiológicas meias e produtos de aplicação direta. Para um
e anatômicas da pele, fazendo que esse órgão não bom cuidado com os pés, encontra-se no merca-
fosse apenas um envoltório para o corpo. do uma variedade em produtos e remédios. En-
Para alguns dermatologistas clássicos, o avanço tre eles: triclosan, cloreto de benzalcônio, ácido
da histopatologia e da bacteriologia foi funda- bórico, enxofre, caulim, cânfora, mentol, ácido
mental para o desenvolvimento da dermatologia salicílico, confrei, óleo essencial de tea tree, ureia,
no final do século XIX (BENCHIMOL; SÁ, 2004). antibióticos, antifúngicos etc.
O primeiro congresso de dermatologia ocor-
reu na França, em 1889, onde também foi fundada
a Société Française de Dermatologie et Syphili-
graphie.
No Brasil, em 1883, as faculdades do Rio de Dermatologia é o estudo dos diferentes distúr-
Janeiro e de Salvador implantaram a disciplina bios relacionados com a pele. Entre eles: tra-
Clínica de Moléstias Cutâneas e Sifilíticas. tamentos de disfunções da pele, dermatologia
Com o avanço tecnológico, a dermatologia microbiológica, cosmiatria e os tratamentos de
acompanhou o avanço das demais áreas da ciên- disfunções cutâneas dos pés.
cia. Atualmente, representa um campo importante Cosmetologia é a ciência que estuda as formu-
sobre diversos aspectos, sendo um setor de conhe- lações cosméticas e os produtos para higiene
cimento interligado com diversos outros, como adequado a cada tipo cutâneo, com a função
micologia, química, bacteriologia, cosmetologia, de preservar a beleza e a saúde da pele e dos
bioquímica, anatomia, fisiologia, podologia, entre cabelos.
outras (HABIF, 2013). Cosmecêuticos são produtos cosméticos que
O estudo da dermatologia é essencial para os possuem em sua formulação princípios ativos
profissionais da área da podologia, pois com esse com propriedades terapêuticas, porém em con-
estudo, o profissional é capaz de conhecer, reco- centrações menores que os medicamentos. São
nhecer a pele e as mucosas, identificar o processo os dermocosméticos.
saúde-doença do tecido cutâneo e das mucosas, Neurocosméticos são produtos que, por meio
assim como identificar os produtos adequados dos princípios ativos específicos, têm a proprie-
para a pele e garantir a segurança e eficácia dos dade de estimular as terminações nervosas da
pacientes e dos profissionais. pele e enviar para o hipotálamo sensações de
Os pés são as extremidades dos membros in- bem-estar e prazer, desencadeando a liberação
feriores que ficam completamente assentadas no de substâncias que melhoram o aspecto geral da
chão, por isso sofrem impactos físicos constantes pele e estimulam a síndrome proteica.
e, além desses impactos, interagem com sapatos,

UNIDADE 2 49
Componentes de
uma Formulação
Cosmética

Antes de iniciarmos esta unidade, gostaria de fazer


uma pergunta: você sabe como é elaborada uma
formulação cosmética?
Pergunte para algumas pessoas próximas a você:
como é elaborada uma formulação cosmética?
Agora compare as respostas. Você, com certe-
za, vai perceber que cada pessoa tem uma ideia
diferente.
Vejamos, agora, quais os componentes de
uma formulação, quais as suas funções e por
quais processos esse produto passa até chegar
pronto para utilização.

50 Preparação Cosmética
Principais Componentes da As formulações são compostas por excipien-
Formulação de um Produto tes e substâncias ativas (princípios ativos). Exci-
pientes são substâncias que, adicionadas a uma
Quando observamos os produtos usados na área formulação, conferem-lhe características como:
da saúde, encontramos variadas formulações e consistência, cor, forma física, textura, estabilida-
matérias-primas. Os princípios ativos são eleitos de, aparência e paladar, ou seja, dando as carac-
em consonância com a finalidade deles. terísticas finais de um produto.
Os critérios mais utilizados para a seleção da ma- Estas são essenciais na produção dos cosméti-
téria-prima são: disponibilidade, logística de entrega cos, não só porque proporcionam diferentes veí-
e de distribuição, vida útil, estocagem, versatilidade culos de aplicação (sólido, semissólido e líquido),
de embalagem, condições de processamento indus- com distintos tamanhos, volumes e características,
trial, toxicidade, risco ambiental e possibilidade de mas também porque determinam o custo final
substituição por outra matéria-prima. do produto.
Nos dias atuais, é importantíssimo o conheci- O princípio ativo se refere às substâncias que, in-
mento da origem da matéria-prima, ou seja, se ela corporadas em qualquer formulação, seja medica-
provém de fontes naturais, se é vegana, se é sintética mentosa ou cosmética, atribuem a característica final
renovável ou se é produzida sob princípios sociais a que se destina, ou seja, leva o princípio ativo ao alvo
e ambientais de sustentabilidade. Essa escolha in- a ser atingido, sendo composto, muitas vezes, como
fluencia diretamente no custo do produto, ou seja, no já foi citado anteriormente, por mais de um princípio
preço final de venda ao consumidor (TASSINARY; ativo, cada um com sua finalidade específica.
SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018). Portanto, suas quantidades necessitam ser
A utilização industrial de produtos químicos controladas em virtude dos limites aceitáveis de
no Brasil precisam ter registro da ANVISA (Agên- aplicação, da sua toxicidade, das consequências de
cia Nacional de Vigilância Sanitária). Nos Estados doses excessivas, de possíveis efeitos colaterais e
Unidos, o FDA (Food and Drug Administration) da possibilidade de sensibilização e reações alér-
é o órgão governamental controlador. Este ór- gicas (GOMES; DAMAZIO, 2013).
gão cria as normas baseadas em estudos de cada
substância, levando em consideração a toxicidade
para o homem, animais e meio ambiente, a curto Excipientes
e longo prazo, determinando quais são as subs-
tâncias inofensivas e definindo limites para sua Os excipientes são substâncias que determinam
utilização na produção de alimentos, de produ- as propriedades físico-químicas do produto, ou
tos farmacêuticos, dermatológicos e cosméticos seja, você retira o princípio ativo da formulação
(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999). e tudo o que sobra são os excipientes.

UNIDADE 2 51
Tipos de excipientes • Alcalinizante: preparações líquidas para
dar estabilidade ao produto. Dietanolami-
Os tipos de excipientes são: na, trietanolamina e citrato de sódio.
• Aglutinantes: são tipos de excipientes • Adsorvente: capaz de manter outras mo-
que usam açúcares, amidos e celuloses léculas sobre a sua superfície por meca-
e favorecem para que uma drágea esteja nismos físicos ou químicos. São exemplos:
compactado e com forma. celulose pulverizada e carvão ativado.
• Adoçantes: esses são os que proporcio- • Conservante antifúngico: usados em
nam um sabor agradável. preparações líquidas e semissólidas para
• Diluentes: são as substâncias que comple- prevenir o crescimento de fungos. São
tam o conteúdo de uma cápsula ou drágea, exemplos: butilparabeno, etilparabeno,
utiliza-se como preenchimento fosfato de metilparabeno e propilparabeno (BRA-
cálcio dibásico ou celulose vegetal. SIL, 2001).
• Recobridores: são as capas que envolve- • Antioxidante: usado para prevenir a
mos comprimidos, dando-lhes proteção oxidação das formulações. São exemplos:
contra efeitos da umidade e do ar, além de Hidroxibutiltolueno, ácido hipofosforoso,
facilitar a ingestão. ascorbato de sódio, EDTA (ácido etileno-
• Desintegradores: são as partes da for- diamino tetra-acético).
mulação que se expandem e dissolvem ao • Tensoativo: substância que se adsorve na
entrar em contato com a água. superfície para reduzir a tensão superficial.
• Lubrificantes: usados na formulação para São exemplos: nonoxinol10, lauril sulfato
que os ingredientes não fiquem agrupados de sódio e aniônicos.
em grãos ou colados nas máquinas durante • Solvente: é o dispersante, dissolve outra
a fabricação. Substâncias mais usadas são a substância em uma solução. São exemplos:
sílica ou talco e óleos esteroides. álcool, água purificada e óleo.
• Corantes, flavorizantes e aromatizantes • Emoliente: presentes em quase todas as
são os excipientes para corrigir odor, cor e formulações, sua função é de hidratar. São
sabor desagradáveis, facilitando a adminis- exemplos: vaselina, parafina, silicones,
tração pelo paciente. O mentol, óleo de anis, óleos de sementes de uva e cera de abelha.
baunilha e cacau são os mais utilizados. • Umectantes: presentes em quase todas as
• Agentes de revestimento: são utilizados formulações, auxiliam na boa aparência
para revestir os comprimidos, cápsulas, grâ- do produto. São exemplos: propilenoglicol
nulos ou pellets, tendo a finalidade de pro- e glicerina.
teção do fármaco contra possível decompo- • Espessante: utilizados em formulações
sição pela umidade e oxigênio atmosférico, que necessitam de viscosidade e na for-
bem como mascarar odor e sabor desagra- mação dos géis. São exemplos: silicatos,
dável. A película utilizada no revestimento é carboximetilcelulose, agar e gomas.
composta de gelatina, ceras e outros. • Preservantes: conservantes presentes
• Acidificante: empregado em preparações em todas as formulações, podem estar
líquidas, fornece estabilidade ao produto. em associações. São exemplos: nipagin
Ácido cítrico ou ácido fumárico. e nipazol.

52 Preparação Cosmética
Tanto os veículos usados na formulação de um mais fácil e mais barata. A água engloba a
cosmético como também os utilizados nos medi- partícula oleosa, formando espuma.
camentos são excipientes que têm por finalidade • Emulsão mista A/O e O/A: nessas
dar forma aos cosméticos, aos medicamentos, emulsões, os dois tipos estão juntos,
como também contribuem ou desfavorecem os ou seja, o óleo contém água estando
objetivos dos princípios ativos. Essa contribuição suspensa em uma fase aquosa.
ou desvalorização se deve ao fato de que os veícu- 2. Gel: uma preparação viscosa, composta
los têm que ter uma boa sinergia com o princípio por partículas coloidais constituídas de
ativo, em virtude de um não anular a função do duas fases: uma dispersora líquida (água,
outro. Exemplificando para que você possa enten- álcool, propilenoglicol, acetona) e outra
der melhor: uma formulação que tem como ativo fase dispersa sólida (agentes gelificantes -
ser para pele oleosa não pode conter um veículo a carboximetilcelulose). Não se sedimentam.
base de óleo. Um anula a função do outro. Conse-
guiram entender melhor? Espero que sim. Vamos
explicar agora as formas desses veículos.
Os veículos são de quatro formas:
1. Emulsões: mistura de dois líquidos imis- Princípios ativos utilizados no preparo de gel
cíveis, termodinamicamente estáveis, no ativado:
qual um está disperso no outro. A/O Gel base é formado por: matéria-prima gelifican-
(água e óleo), O/A (óleo e água) e mis- te + solvente (água, álcool, umectante e outros).
tas O/A e A/O. São empregadas na área Gel creme matéria-prima gelificante + água + óleo
dermatológica para o tratamento dos pés, + tensoativo.
objetivando a penetração e a liberação de Gel ativado é formado por: gel base + tensoativos.
fármacos e princípios ativos medicamen-
tosos e de substâncias ativas para cosméti-
cos (SPEROTTO et al., 2008; CHORILLI 3. Pó: o cosmético deve ser preservado da
et al., 2007). Exemplos: cremes, leites e umidade, ou seja, deve ser preparado e
loções cremosas. mantido em seu estado seco. Sua função
• Emulsão A/O (água em óleo): compo- é a de absorver umidade. Exemplos: talcos,
nentes que dissolvem em água estabe- pós, blush e argilas.
lecem a parte interna, já os componen- 4. Vetoriais: esses veículos carreiam os prin-
tes oleosos estabelecem a fase externa cípios ativos hidrossolúveis e lipossolúveis
da emulsão. Essas emulsões são per- de forma mais profunda, agem diretamente
feitas para se preparar cosméticos de- na estrutura da célula. Como exemplo, te-
maquilantes e cremes de limpeza, pois mos os lipossomas que são vesículas esféri-
possuem ação emoliente e dissolvente. cas que proporcionam a encapsulação das
• Emulsão O/A (óleo e água): componentes substâncias ativas, são capazes de interagir
oleosos estabelecem a fase interna, já os com células presentes na pele, liberando as
componentes da fase externa são consti- substâncias que carregam, e carreiam a me-
tuídos por água. Essas emulsões possuem dicação para a corrente sanguínea, levando-a
secagem mais rápida e sua preparação é para atingir o alvo certo (BORGES, 2010).

UNIDADE 2 53
Agora vamos aprender algumas substâncias farmacêuticas ou dermocosméticos que são indicadas
para o tratamento dos pés.
• Substâncias antinflamatórias: piroxican, cetoprofeno, glicerina, escina, nimusulida, prednisona
e dexametasona (RANG et al., 2005).
• Analgésicos: lidocaína, cânfora (RANG et al., 2005).
• Estimuladores de circulação: centella asiática, ginseng, castanha-da-índia, camelia sinensis, chá
verde e extrato de cavalinha (GOMES; DAMAZIO, 2013).
• Substâncias calmantes: extrato de uva, flavonoides, extrato vegetal de maracujá, extrato vegetal
de girassol e extrato de andiroba.
• Hidratantes: ácido pirrolidocarbolíxico, sódio(PCA-NA), trealose, ureia, glicerina, propilenogli-
col e sorbitol óleos vegetais (GOMES; DAMAZIO, 2013; RIBEIRO, 2006; LEONARDI, 2004).

Para o devido preparo das emulsões, é exigido o agito constante. Todas as substâncias que vão fazer parte da
emulsão devem ser dissolvidas em água e óleo de acordo com a solubilidade de cada um dos componentes
Fonte: adaptado de Borges (2010).

Os lipossomos aumentam a eficiência e a permeação de ativos na epiderme. Suas características de-


penderão do princípio ativo nele composto. Podem ser incluídos tanto ativos lipófilos nas paredes
do lipossomo como ativos hidrófilos no interior do lipossomo e na cavidade central. Atualmente
o mercado conta com lipossomos MLV (lipossoma multilamelar, que integra ativos lipossolúveis e
hidrossolúveis), SUV (lipossoma unilamelar de vesículas pequenas, contém apenas uma parede lipó-
fila e um compartimento aquoso) e LUV (lipossoma de vesículas maiores, são iguais aos SUV, sendo
diferentes apenas pelo tamanho).
Uma das desvantagens do lipossomo é que a dissolução que ocorre entre a membrana celular e
o vetor não permite a seleção da célula. As estruturas ricas em lipídio têm uma fácil oxidação e, em
virtude dessa oxidação, tornam-se produtos bem instáveis quimicamente (BORGES, 2010).
Caro(a) aluno(a), para que você obtenha sucesso em seus tratamentos, é imprescindível que, além
de todo conhecimento da cosmetologia e dos medicamentos, você, um profissional da área da saúde,
tenha sempre bom-senso na aplicação prática desses estudos. Sempre, antes de qualquer indicação, faça
uma ficha de anamnese para analisar cada paciente individualmente de acordo com a classificação de
cada um, assim como a patologia.

54 Preparação Cosmética
Hidratação
Cutânea

Como estudamos na unidade anterior, a pele é


um órgão extenso e complexo, dotado de várias
funções, por exemplo, a de proteção, ou seja, con-
siderada uma grande barreira de defesa, a qual
delimita o meio interno do meio externo. Desta
forma, precisamos nutrir e hidratar este tecido
para que ele continue desempenhando seu papel
de forma adequada.
Alguns fatores acabam influenciando para a
retirada de água da camada córnea, situada na
epiderme, tais como o sol e o vento, comprome-
tendo a qualidade do manto hidrolipídico e, como
consequência, desidratando a pele, podendo sur-
gir alterações cutâneas por desequilíbrio do man-
to hidrolipídico. Lembrando que este é formado
através do nosso próprio organismo, pela junção
da secreção das glândulas sebácea e sudorípara,
além de componentes lipídicos da epiderme. Este
manto encontra-se na camada córnea (camada
mais externa da epiderme) e possui a função de
proteger a pele contra a perda excessiva de água
contida na epiderme.

UNIDADE 2 55
Quando se fala em “hidratação”, logo relaciona- A pele seca possui como características a sen-
mos à água; portanto, um cosmético com princí- sação de estiramento, vermelhidão, rachaduras,
pios ativos hidratantes (exemplo: óleo vegetal de descamação, aspereza, prurido, ardência e aumen-
amêndoas, ácido hialurônico e o aloe vera) é capaz to de sensibilidade cutânea. Segundo Beny (2003),
de melhorar o teor hídrico da pele. devido ao ressecamento do tecido, ocorre o espes-
A hidratação da pele pode ser influenciada samento da camada córnea pela diminuição do
por vários fatores, dentre eles: quantidade de água teor aquoso epidérmico.
ingerida, umidade presente no meio ambiente, Para acontecer o processo de descamação das
capacidade que o estrato córneo tem de manter a células da camada córnea, a água é imprescindí-
água e, ainda, pela passagem da água (transporte) vel. Na ausência desta, os filamentos que unem
das camadas mais internas para as mais externas as células mais superficiais não são dissolvidos,
da pele (BORGES; SCORZA, 2016). ocasionando uma esfoliação na forma de blocos
de células, ficando com aspecto de escamas de
peixe, característico desse tipo de pele.
Além de não ser esteticamente agradável e
gerar um desconforto para o indivíduo, essa
A porcentagem desejável de água que deve-se desidratação leva ao aparecimento de racha-
ter na camada córnea é de 20% a 35%. Em casos duras, que podem ser acesso para a entrada
de menos que 10%, pode-se observar os sinais de micro-organismos, inclusive patogênicos
de xerodermias. Com esse aparecimento, ocor- (BENY, 2003).
re a alteração no ritmo normal da maturação e
descamação das células corneócitas.
Fonte: adaptado de Lyon e Silva (2015).

A hidratação da pele pode ocorrer por duas for-


mas: pela retenção de água por meio do processo
de maturação celular na superfície da pele (cama-
da córnea) e em nível celular. No primeiro modo,
a retenção de água pode ser realizada também
por meio dos cosméticos, por meio da utilização
dos óleos de origem vegetal ou animal, óleos mo-
dificados e umectantes, com formas de atuação Figura 1- Pele Ressecada
distintas, porém com o mesmo objetivo (reter a
água proveniente do processo de maturação). Existem algumas precauções que podem fazer
No segundo modo de hidratação, há a utili- que os riscos de ocorrer a desidratação da pele
zação de princípios ativos que vão concentrar o (perda de água) diminuam, por exemplo, evitar
fator natural de hidratação da pele (NMF) que exposição solar em excesso, fazer o uso de protetor
é um concentrado de aminoácidos formados solar, evitar loções tônicas com alto teor alcoólico,
pela decomposição celular de várias substâncias criar hábito de ingerir água na quantidade reco-
(BORGES, 2010). mendada, entre vários outros cuidados.

56 Preparação Cosmética
Hidratação Natural da Pele ral em inglês) são formadas
naturalmente. O NM é for-
A camada lipoproteica garante à pele uma hidratação natural, por conta mado pela decomposição da
da formação do manto hidrolipídico, que é uma barreira de proteção proteína querato-hialina que
para a epiderme, constituído por gorduras, sendo mais de 50% por mo- origina a fibrila. Esta proteína,
léculas de ceramidas (OLIVEIRA et al., 2014). A formação do manto por sua vez, sofre uma outra
hidrolipídico na superfície da pele acontece pela junção das substâncias decomposição, originando os
sebo, suor e NMF (fator natural de hidratação da pele). Esse composto aminoácidos (ácido pirroli-
acaba sendo considerado um cosmético hidratante perfeito para a pele, dona carboxílico, ureia, ácido
lembrando que ele ocorre de forma natural (LACRIMANTI, 2008). hialurônico, ácido lático, lisi-
Existem estruturas que desempenham o papel de reter a água, im- na, ácido málico, dentre vários
pedindo a evaporação dela para o meio. O fato de a água estar presente outros componentes. Este gru-
na camada epiderme não é suficiente para fazer a hidratação epidér- po de compostos associados
mica, precisa de auxílio para mantê-la no tecido, promovendo, assim, formam o que chamamos de
a saúde da pele. NMF, que juntamente com
Dois componentes auxiliam na retenção da molécula de água, impe- a parte aquosa (solubiliza-
dindo a sua evaporação para o meio, são eles: FHN (fator de hidratação do) e oleosa do epitélio, for-
natural) e lipídios intercelulares (LYON; SILVA, 2015). mam o manto hidrolipídico
Os lipídios intercelulares, originados dos queratinócitos nucleados da pele, proporcionando hi-
e presentes na camada córnea, camada mais externa da epiderme, são dratação e proteção à pele
estruturas bipolares com parte hidrofílica (cabeça) e parte hidrofóbica (BORGES, 2010).
(cauda). São estes lipídios que controlam a permeabilidade cutânea e Nas membranas da célula
o movimento da água entre as células e selam o FHN nos corneócitos, queratinócito (camada epider-
mantendo a integridade do conteúdo hídrico intercelular. Exemplo me), localizam-se as proteínas
dos lipídios intercelulares: ceramidas, colesterol, ácidos graxos livres e aquaporinas que representam
sulfato de colesterol (COSTA, 2012). canais de permeabilidade, reali-
O FHN é constituído por um conjunto de substâncias (estruturas) zando o controle da hidratação
higroscópicas que interagem entre si. Composto por 40% de aminoá- cutânea. Moléculas como gli-
cidos, 12% de ácido carboxílico pirrolidona, 12% de lactato, 7% de cerol e ureia são importantes
ureia, derivados da proteína filagrina, conjunto de amônia, ácido úrico, agentes hidratantes da pele, sen-
glicosamina, 1,5% de citrato, 5% íons sódio, 4% potássio, 1,5% cálcio, do chamados de aquagliceropo-
creatinina, 1,5% magnésio, 0,5% fosfato e cloreto, além de ter em sua rinas. Por ser permeável à água,
composição açúcares, peptídeos, ácidos orgânicos e outras substâncias a aquaporina 3 (AQP3) destaca-
sem definição, compondo 8,5% do total (LYON; SILVA, 2015). -se (LYON; SILVA, 2015).
O componente queratinócito, o FHN (conjunto de estruturas higros- As substâncias que são mais
cópica que interagem entre si), possui como principal constituinte os utilizadas para promover a hidra-
aminoácidos, que são derivados da proteína filagrina, quando está em tação da pele a nível celular são a
contato com a água. O FHN condiciona a pele a um aspecto normal, ureia, ácido hialurônico e lático,
pois ele possui função de reter a água no tegumento (COSTA, 2012). PCA-Na (Pirrolidona Carboxila-
Durante o processo de queratinização, a partir da camada to de Sódio) e sulfato de condroi-
granular, as substâncias do NMF (Fator de Hidratação Natu- tina (BORGES, 2010).

UNIDADE 2 57
Definição de Princípio Ativo

O princípio ativo é a parte da formulação, cosmética ou medicamentosa, o componente que confere ao


produto a ação final a que se destina, ou seja, é a substância que tem mais efeito acentuado. Uma única
formulação pode conter um ou mais princípios ativos, cada um com sua finalidade; essas substâncias
podem ser naturais ou sintéticas (MATOS, 2014).

Cosméticos Hidratantes

Existem três formas de promover a hidratação da pele por meio da utilização de produtos cosméticos:
os que hidratam por oclusão, umectação e por meio da hidratação ativa.

Hidratação por oclusão

Processo de hidratação que impede a desidratação por meio da utilização de certas substâncias que
impedem a saída da água da pele, por meio da formação de um filme oclusivo que forma-se na su-
perfície da pele com a utilização de óleos, acarretando no aprisionamento de moléculas de água que
encaminham-se para o estrato córneo, advindas do processo de maturação celular. Mediante a da
propriedade de difusão, os óleos vegetais, animais e óleos modificados permeiam o tecido epitelial
(BORGES, 2010).

Hidratação por umectação

São compostos por substâncias que atraem a água da derme (mecanismo de dentro para fora), retendo
água na camada córnea ou retirada do ambiente com umidade atmosférica maior que 70%, por atraí-la
do ambiente, sendo este “mecanismo de fora para dentro” (COSTA, 2012).
Os melhores umectantes são os poliálcoois, tais como glicerol, propilenoglicol, dentre vários outros. As
formulações cosméticas para esta finalidade de hidratar irão conter substâncias capazes de formar um filme
oclusivo e substâncias umectantes que irão promover uma maior umidade no local e, consequentemente,
maior hidratação (BORGES, 2010).

Hidratação ativa

Possuem propriedades higroscópica, por exemplo, os alfa-hidroxiácidos (AHAS); este tipo de hidratação
ocorre por ativos que interagem com a estrutura celular (OLIVEIRA et al., 2014).

58 Preparação Cosmética
Segurança dos
Produtos para
o Consumidor

Cada vez mais, a ANVISA vem exigindo que as


formulações estejam de acordo com as normas
já estabelecidas, pois a crescente busca pelos cos-
méticos e dermocosméticos vem gerando, con-
sequentemente, um grande número de pessoas
expostas aos riscos e danos que os produtos po-
dem causar sem a devida orientação.
A segurança do produto para o consumidor
significa que as substâncias que compõem o pro-
duto não irão oferecer riscos ao indivíduo, ou seja,
a capacidade de proteger o indivíduo contra possí-
veis danos. Desta forma, os cosméticos, dermocos-
méticos e os medicamentos tópicos irão tornar-se
mais seguros quando cumprirem com os objetivos
propostos (efeitos esperados dos produtos), pro-
porcionando pouquíssima probabilidade de cau-
sar efeitos adversos aos usuários, já que a ausência
total de riscos para o consumidor não existe.
Quanto aos riscos e critérios para avaliação
dos produtos, são condições de uso (como é a
aplicação em si: regular, prolongada ou ocasional)
e área de contato (regiões da pele onde o produto

UNIDADE 2 59
será utilizado), composição (o formulador deve res, depilatórios químicos, repelentes de insetos,
atentar-se à forma quantitativa, concentração dos removedores de cutícula, endurecedores de unha,
ingredientes utilizados, informações toxicológi- xampus anticaspa, alguns produtos para a área dos
cas, nível de exposição, entre outros aspectos), olhos, cremes dentais com funções específicas,
conhecimento e histórico do produto (dados como antiplacas, e todos os produtos infantis.
experimentais e literatura especializada sobre o Os produtos com classificação de grau 2 só
próprio produto) (GOMES; DAMAZIO, 2013). podem ser comercializados após o registro. Para
que esta liberação aconteça, deve ser apresentado
os resultados obtidos nas avaliações de segurança
Grau de Risco dos Produtos e eficácia, como também a rotulagem específica
da formulação (RIBEIRO, 2006).
O grau de risco de um produto confere ao nível Em relação à aplicabilidade do produto, vários
de efeitos adversos (contrário ao que se espera) outros critérios devem ser observados quando as
que cada produto pode ou não ocasionar, levan- substâncias entrarem em contato com o tecido
do em consideração sua formulação, finalidade e cutâneo, como a irritação da pele, sensibilização
modo de uso. Os critérios de avaliação e, conse- e efeito sistêmico que os componentes da formu-
quentemente, classificação foram de acordo com lação podem causar.
a finalidade de uso do produto, áreas de aplicação A avaliação do produto cosmético em hu-
no corpo, modo de utilização e alguns cuidados manos, ou seja, sua aplicação, não ocorre para
que observam-se na aplicação das formulações. investigar (pesquisar) o potencial de riscos, mas
Os produtos são classificação de acordo com seu sim com a finalidade de confirmar a seguran-
grau de risco: grau de risco 1 e grau de risco 2. ça do produto aplicado no tecido (GOMES;
Grau de risco 1 inclui produtos de higiene pes- DAMAZIO, 2013).
soal, perfumes e cosméticos, que, por possuírem Os testes relacionados à segurança e à eficácia
propriedades básicas, não requerem informações das formulações cosméticas são realizadas por
detalhadas em relação ao modo de uso e suas res- meio de modelos experimentais, in vitro, in vivo
trições de uso. Inicialmente, esses produtos não e métodos físicos (RIBEIRO, 2006).
precisam ser comprovados. Exemplo: sabonetes,
shampoos, maquiagens, cremes de beleza, batons,
lápis de olho, delineadores e perfumes. Esses pro-
dutos apresentam um grau de risco mínimo.
Grau de risco 2 inclui produtos de higiene No Brasil, quem controla a fabricação e a impor-
pessoal, perfumes e cosméticos que possuam de- tação dos produtos cosméticos é o Ministério da
finições mais específicas, cujas características, sua Saúde, com o objetivo de oferecer segurança e
segurança e eficácia precisam ser comprovadas, eficácia para o consumidor.
assim como cuidados, modos e restrições de uso. Fonte: adaptado de Corrêa (2012).
Exemplo: Filtros UV, tinturas capilares, clareado-

60 Preparação Cosmética
Cuidados do Consumidor com os
Produtos/Medicamentos Tópicos

Os produtos cosméticos e dermocosméticos tornam-se seguros à medida que são produzidos obede-
cendo os critérios estabelecidos para as formulações, de acordo com as normas existentes, assim como
o modo correto de uso. Por mais correta que a formulação esteja, caso o uso do produto seja incorreto,
os danos poderão ocorrer para o consumidor, por isso é de extrema importância ficar atento aos vários
aspectos do produto, como o prazo de validade (período de vida útil em que o produto manterá suas
características originais), orientações do produto assim como suas contraindicações. O modo de uso
é importante para prevenir futuros efeitos adversos.
Lembrando que nenhum produto resiste a maus cuidados, pois a formulação original pode sofrer
alterações e, consequentemente, vir a causar danos ao indivíduo, caso o produto for armazenado da
forma incorreta, for mantido em temperaturas inadequadas, caso for adicionado água ou outro veí-
culo na composição, for feito a troca de embalagem do produto, colocar a mão diretamente dentro do
recipiente onde encontra-se o produto, dentre vários outros fatores.

UNIDADE 2 61
Alterações
da Sudoração

Já que estamos falando sobre a dermatologia, –


ciência que estuda a pele, – não podemos esquecer
de uma de suas funções principais: o suor.
O suor é uma função fisiológica do organis-
mo, é de grande importância para a manutenção
e controle da temperatura corpórea, além disso,
mantém a hidratação e a plastificação da camada
córnea (BENOHANIAN, 2001). É formado pelo
aumento da temperatura interna.
As glândulas écrinas são as que eliminam suor
devido à formação de calor.
Elas são mais numerosas, são menores em ta-
manho e estão distribuídas por todo o corpo e são
responsáveis pela sudorese.
O suor aquoso tem a finalidade de impedir a
hipertermia e não é responsável pelo odor. Com-
posição: 99% água, 0,7% NaCL (Cloreto de sódio),
ácidos e pH ácido. Por outro lado, as glândulas
apócrinas possuem tamanho maior que a écrina,
são encontradas, principalmente, nas axilas, ab-
dômen e região púbica (HAUSNER, 1993).

62 Preparação Cosmética
Estas desembocam em um folículo piloso, plantar, causando desconforto grave e podendo
têm estímulo hormonal e possuem odor. O resultar em complicações resultantes do aumen-
odor é em razão da ação de bactérias sobre os to da umidade da região cutânea. Isto favorece,
componentes do suor, de proteínas da pele e também, o crescimento fúngico local, sendo ne-
secreção sebácea. Ao serem segregados, tanto o cessário tratamento com corrente elétrica de baixa
suor écrino como o apócrino são estéreis e ino- intensidade e uso de antiperspirantes (BOLOG-
doros. Os odores do corpo se formam, depois, NIA, JORIZZO; RAPINI, 2010).
na superfície cutânea pela ação das bactérias Hipoidrose ou anidrose é a falta de produção
sobre o suor apócrino, rico em substâncias or- ou ausência de suor. Pode ser causada por pro-
gânicas ideais para o crescimento bacteriano priedades anticolinérgicas, por neuropatia dia-
(BARATA, 2003). bética, por variedades de síndromes congênitas,
Em alguns casos, ocorre a produção excessiva hanseníase e lúpus. O tratamento é realizado com
de suor de forma incontrolável. Esta disfunção medidas de resfriamento.
é conhecida como hiperidrose e aparece sem Cromidrose, a glândula sudorípara apócrina,
qualquer fator determinante (causa idiopática), elimina suor colorido (amarelo, avermelhado, ne-
porém alguns autores indicam que estado febril, gro). Causas: proliferação de bactérias presentes
perturbações endócrinas, diabetes, malária, me- na pele, como por Corynebacterium.
nopausa, ansiedade e outras podem contribuir Para a redução do suor, existe no mercado:
para este distúrbio. 1. Antiperspirantes: reduzem a secreção das
Quanto à localidade, esta alteração pode ser glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas.
generaliza por todo o corpo, sendo apontado pela Funcionam como um tampão sudoríparo.
maioria dos autores como sendo os locais mais Os sais metálicos formam um molde no
comuns: as regiões de fronte, mãos, pés, couro interior do ducto, bloqueando-o e dimi-
cabeludo, peito, costas e axilas, podendo atingir nuindo o fluxo de suor, que é reabsorvido.
homens e mulheres de qualquer idade. Ativos sais de alumínio e zircônio se ligam
Devido ao excesso de suor, normalmente os a grupos ácidos da queratina produzindo
pacientes que apresentam a hiperidrose relatam um tampão que dificulta o fluxo normal
incômodo, constrangimento, isolamento, altera- do suor.
ções psicológicas e baixa autoestima, sendo neces- 2. Desodorantes: combatem o mau odor ge-
sário, na maioria dos casos, tratamentos paliati- rado pelas bactérias sobre componentes
vos, como sais de alumínio, toxina botulínica ou do suor. Este processo evita a formação do
definitivo, como a simpatectomia torácica (REIS; odor, mascarando ou eliminando o odor
GUERRA; FERREIRA, 2011). formado. Substâncias desodorantes: bi-
Esta alteração na produção do suor pode cau- carbonato de sódio e potássio, dietileno-
sar outros problemas, como a hiperidrose plantar, -triaminopentacético (DTPA), farsenol,
que ocorre pelo aumento de secreção na região etanol, triclosan.

UNIDADE 2 63
Mascarar o odor significa aplicar um perfume que se sobreponha ao odor formado.
Eliminar significa absorver ou adsorver as moléculas odoríferas já formadas, impedem o desenvol-
vimento bacteriano.
Absorver odor é ter peneiras moleculares formadas por alumínio e silício que formam um rede que
aprisiona as moléculas odoríferas.

Nesta unidade, conhecemos sobre os produtos cosméticos e dermatológicos. Aprendemos como são
produzidos, os elementos que os constituem, a matéria-prima que é usada para a produção, os dife-
rentes tipos de hidratação e, também, todo o processo de autorização para que esse produto chegue ao
mercado consumidor. Agora, você já está preparado para iniciarmos os estudos da próxima unidade.
Bons estudos e até lá!

64 Preparação Cosmética
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A cosmetologia pode ser definida como sendo uma ciência que estuda os cosmé-
ticos, desde a concepção de conceitos até a aplicação dos produtos elaborados
(RIBEIRO, 2006). Elabore uma síntese de, no máximo, dez linhas diferenciando
dermatologia, cosmetologia, cosmecêutico e neurocosmético.

2. Géis são preparações farmacêuticas constituídas por uma dispersão bicoerente


de fase sólida em fase líquida. Sobre este tema, analise as afirmativas a seguir:
I) Gel base é formado por: matéria-prima gelificante + solvente (água, álcool,
umectante e outros).
II) Gel creme base é formado por: matéria-prima gelificante + água + óleo +
tensoativo.
III) Gel ativado por: gel base + tensoativos.

Está correto apenas o que se afirma em:


a) I e II.
b) II e III.
c) I.
d) II.
e) III.

3. Existem estruturas que desempenham o papel de reter a água, impedindo a


sua evaporação para o meio. A água estar presente na camada epiderme não
é o suficiente para fazer a hidratação epidérmica. Dois componentes auxiliam
na retenção da molécula da água, impedindo a evaporação dela para o meio,
são eles:
a) FHN e aminoácidos.
b) FHN e proteínas.
c) FHN e lipídios intercelulares.
d) Proteínas e lipídios.
e) NMF e queratina.

65
4. Qual é a composição e a função do manto hidrolipídico presente na pele?

5. Sobre os conceitos de hiperidrose, hipoidrose e cromidrose, analise as afirma-


tivas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):
(( ) Hiperidrose é a produção excessiva de suor, que aparece sem qualquer fator
determinante.
(( ) Cromidrose ocorre quando a glândula sebácea apócrina elimina suor colorido
(amarelo, avermelhado, negro).
(( ) Hipoidrose ou anidrose é a falta de produção ou ausência de suor. Pode ser
causada por propriedades anticolinérgicas, por neuropatia diabética, por va-
riedades de síndromes congênitas, hanseníase e lúpus.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) V, V, V.
b) V, F, F.
c) F, F, F
d) F, V, V.
e) V, F, V.

66
LIVRO

Cosmetologia aplicada à dermoestética


Autor: Cláudio Ribeiro
Editora: Pharmabooks
Sinopse: o autor atualiza temas amplamente desenvolvidos, resultando em uma
ferramenta útil ao profissional que trabalha com a química cosmética. Capítu-
los novos trazem temas, como cosméticos orgânicos, tratados desde o ponto
de vista do conceito e do marketing até os aspectos regulatórios, com tabelas
e esquemas que permitem uma fácil leitura. Os tópicos, abordados de forma
clara e didática, permitem tanto o aprendizado aos leitores iniciantes quanto
o aprimoramento aos que querem continuar aprendendo e fortalecendo seus
conhecimentos nesta disciplina. O livro aprofunda as informações com base em
concretas referências bibliográficas especialmente selecionadas, respeitando o
caráter multidisciplinar dos temas relacionados à estética. Em síntese, esta é uma
obra realizada com muita dedicação, que atende à necessidade de publicações
na área da cosmética e que constitui, sem dúvida, um material de excelência
para aqueles que buscam objetivos claros no conhecimento.

LIVRO

Cosmetologia aplicada
Autor: Simone Pires Matos
Editora: Érica
Sinopse: a obra abrange desde cuidados diários básicos até produtos com
ações específicas. Trata das principais alterações cutâneas em patologias, como
acne, fotoenvelhecimento, discromias, gordura localizada, celulite e estrias, além
das ações cosmetológicas dos ativos necessários a cada caso. Discute temas
atuais, como nanocosméticos, neurocosméticos, fonocosméticos, nutricosmé-
ticos, aliméticos e fotoproteção, além de oferecer conhecimentos químicos
importantes para a compreensão da cosmetologia, incluindo as tecnologias
atuais e os procedimentos estéticos para melhorar a permeabilidade cutânea.
Informações essenciais sobre legislação e cuidados com o uso de cosméticos
em um tratamento cosmetológico enriquecem o conteúdo. Ao final, o leitor
encontra um dicionário de ativos, servindo como consulta sobre as ações de
diferentes princípios ativos, considerando as mais variadas patologias cutâneas.
O conteúdo pode ser aplicado para os cursos técnicos em Estética, Farmácia,
Imagem Pessoal, Massoterapia, entre outros. Possui material de apoio.

67
BARATA, E. A Cosmetologia: Princípios Básicos. In: BARATA, E. Desodorantes e Antiperspirantes. São
Paulo: Tecnopress, 2003.

BENCHIMOL, J. L.; SÁ, M. R. Adholf Lutz: dermatologia e micologia. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

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69
1. Dermatologia é o estudo dos diferentes distúrbios relacionados com a pele, desde as doenças como também
a estética. A cosmetologia é a ciência que estuda os produtos para higiene adequado a cada tipo cutâneo,
com a função de preservar a beleza e a saúde da pele e dos cabelos. Cosmecêutico: princípios ativos com
propriedades terapêuticas, porém em concentrações menores que os medicamentos, enquanto os neuro-
cosméticos são produtos que, por meio dos princípios ativos específicos, têm a propriedade de estimular
as terminações nervosas da pele e enviar para o hipotálamo sensações de bem-estar e prazer, desenca-
deando a liberação de substâncias que melhoram o aspecto geral da pele e estimulam a síndrome proteica.

2. A.

3. C.

4. A formação do manto hidrolipídico na superfície da pele acontece pela junção das substâncias sebo, suor e
NMF (fator natural de hidratação da pele). Esse composto acaba sendo considerado um cosmético hidratante
perfeito para a pele, lembrando que ele ocorre de forma natural (LACRIMANTI, 2008S). Possui a função
de proteger a pele contra a perda excessiva de água contida na epiderme, conferindo hidratação à pele.

5. E.

70
71
72
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto

Patologias Cutâneas

PLANO DE ESTUDOS

Câncer de Pele Dermatite Atópica

Sistema Imunológico e
Micoses e Fungos Acne
Doenças Autoimunes

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer o sistema imunológico e os tipos de doenças au- • Reconhecer e classificar os diferentes tipos de dermatites
toimunes e suas características quando acometem a pele. atópicas.
• Identificar os diferentes tipos de manchas para reconhecer • Identificar, classificar e selecionar os diferentes tipos e
quando a mancha se trata de um câncer de pele. graus da acne.
• Identificar e classificar os diferentes tipos de micoses e
fungos que acometem a pele.
Sistema Imunológico e
Doenças Autoimunes

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a mais uma uni-


dade de muita informação para continuarmos na
construção do conhecimento. Dentro do tema “Pa-
tologias Cutâneas”, iremos abordar as doenças que
acometem a pele. Este órgão, conforme já estudamos,
é considerado o maior do corpo humano, cobrindo-
-o para proteger externamente o nosso organismo.
Cada sistema que forma o indivíduo é composto por
inúmeras estruturas que interagem entre si, traba-
lhando para promover o equilíbrio (homeostase) e
manter o funcionamento normal de cada órgão que
forma o corpo humano.
Sendo assim, qualquer agente agressor que
ameaçar a homeostase (agentes biológicos, físi-
cos ou químicos) do corpo humano, o organismo
irá responder ao estímulo que está perturbando
o sistema, e tentará combatê-lo. No entanto, este
desequilíbrio que o organismo sofre pode resultar,
muitas vezes, em alergias, infecções, inflamações,
doenças autoimunes, dentre várias outras altera-
ções, podendo gerar as patologias.
Portanto, pode-se dizer que a harmonia e o equi-
líbrio trazem vários benefícios para o homem, sendo
considerados, até mesmo pela Política Nacional de
Promoção da Saúde (PNPS), quesitos fundamentais
para que um indivíduo se sinta bem nas esferas física CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2018), como em
(orgânica), mental e social (no convívio da família, casos de pacientes que passam por transplante de
do ambiente profissional e com os amigos). medula óssea ou órgãos, como o coração.
A doença, porém, é a falta ou alteração de A imunidade compreende a reação do sistema
alguns desses fatores citados, que, como conse- de defesa contra substâncias próprias (self) e não
quência, faz com que o indivíduo se sinta mal próprias (no self), também chamada de antígeno.
(sintomas e sinais) (BRASILEIRO FILHO, 2004). Esse conjunto de reações moleculares e celulares
Estas alterações no corpo humano, independen- possue como objetivo eliminar o antígeno ou de-
temente do órgão que acometem, trazem muitos limitar sua ação (OLIVEIRA et al., 2014).
desconfortos; um exemplo são as lesões de pele,
pois normalmente trazem pruridos e ardências.
As patologias cutâneas podem resultar em Imunidade Natural
fatores endógenos (internos), como as doenças e Adquirida
autoimune, o uso de alguns medicamentos, fumo,
excesso no consumo de bebidas alcoólicas, má ali- A imunidade natural é a primeira linha de defesa
mentação e a genética (hereditariedade); e fatores do nosso organismo, sendo que ela não precisa ser
exógenos (externos), como o excesso de exposição ativada para estar produzindo seu mecanismo de
aos raios ultravioletas e os micro-organismos in- defesa. Nesta imunidade, encontramos também a
vasores que entram em contato com o organismo. presença do sistema complemento.
Entre os fatores endógenos, conforme citado, en- A imunidade natural refere-se às barreiras físico-
contramos muitas pessoas que apresentam doenças -químicas da pele e mucosa, pelas células denomi-
de pele causadas pelo sistema imunitário do nosso nadas macrófagos, neutrófilos, células NK (natural
corpo. Este é formado por um conjunto de células killer), eosinófilos presentes no sangue e, ainda, por
isoladas e de órgãos linfáticos que defendem o nosso várias moléculas relacionadas ao sangue e pelos me-
organismo contra moléculas estranhas (invasoras), diadores citocinas. As ações das células NK não são
como as que compõem os micro-organismos, atuan- determinadas pelos agentes agressores (antígenos),
do também contra as toxinas que são produzidas como ocorre com outras células de defesa do corpo.
pelos micro-organismos invasores. Estas desencadeiam morte celular por apoptose so-
As células que compõem este sistema, quando bre as células-alvo (anticorpos), e essa função é cha-
estão trabalhando de forma adequada, conseguem mada de citolítica. O mecanismo de ação deste tipo
distinguir quais estruturas (moléculas) são pró- de imunidade – “imunidade natural” – não necessita
prias do corpo das moléculas intrusas (moléculas exposição prévia aos elementos micro-organismos,
isoladas, as que fazem parte de um vírus, bactéria, células ou moléculas reconhecidas como estranhas
fungo, protozoário, helminto ou de células de um (SAMPAIO; RIVITTI, 2011).
enxerto ou transplante). O sistema imunológico possui a imunidade ina-
Após a identificação de corpos estranhos (molé- ta (natural)– presente desde o nascimento, sendo
culas de agentes invasores ou de células transplan- a primeira linha de defesa presente no organismo,
tadas dadas como estranhas), o sistema imunitário de resposta rápida– e a imunidade adquirida ou
inicia sua defesa coordenando a inativação, neutra- adaptativa que, diferente da imunidade inata, ne-
lização ou destruição dos agentes agressores como cessita que o sistema imunológico do indivíduo
também das células transplantadas (JUNQUEIRA; encontre invasores estranhos e, consequentemente,

UNIDADE 3 75
reconheça substâncias não próprias (antígenos), Alguns fatores irão influenciar na capacidade
desta forma pode-se dizer que este tipo de imunida- imunogênica do antígeno, como a quantidade de
de (adaptativa) possui características de aprender, substâncias ao qual o organismo foi exposto e a
adaptar-se e lembrar-se. A imunidade adquirida via de exposição (SAMPAIO; RIVITTI, 2011).
pode ser chamada, ainda, de específica, pois ela irá As vias de penetração dos antígenos no corpo
atacar um antígeno específico ao qual ela já depa- humano são várias, como o trato digestório (por
rou-se (previamente encontrado). meio da ingestão de alimentos), respiratório, geni-
De acordo com Lacrimanti (2008), a resposta tal, cirurgias, transfusões sanguíneas, lesões na pele,
inata do sistema imunológico possui três carac- entre vários outros meios de acesso. Estes podem
terísticas primordiais: ser endógenos (do próprio organismo) e exógeno
• Ação imediata. (dirigir-se do meio externo para o hospedeiro).
• Sua resposta não é específica. Os anticorpos são chamados de imunoglobu-
• Frente aos vários tipos de antígeno, não apre- linas; essas proteínas são produzidas pelas células
senta alteração em relação à sua resposta. linfócitos B, frente a um estímulo antigênico. Os
anticorpos neutralizam a ação dos antígenos, além
A imunidade adquirida refere-se àquela que é produzirem imunidade contra certos tipos de mi-
construída por meio de substâncias específicas, cro-organismos (LACRIMANTI, 2008).
os antígenos. Neste tipo de imunidade, encon-
tra-se elementos e mecanismos da imunidade
natural. Na imunidade adquirida ou específica, o Constituição do Sistema
sistema imune específico reconhece os antígenos Imunológico
que já entraram em contato com o organismo
anteriormente (como ocorre nas vacinas), e assim Os componentes que formam o sistema imunológi-
sucessivamente, fazendo com que a cada nova co são células de defesa, barreiras naturais, órgãos e
exposição a um determinado antígeno, aumente a tecidos linfoides e pelo sistema complemento.
quantidade de respostas defensivas, aumentando
os mecanismos de proteção, que são encaminha-
dos aos pontos de entradas dos antígenos, com Células de defesa
a intenção de neutralizar ou eliminar o agressor
(antígeno) (SAMPAIO; RIVITTI, 2011). Sabemos que a célula é a menor estrutura dos seres
vivos, sendo uma unidade estrutural e funcional bá-
sica do corpo humano. Esta possui funções distintas
Antígeno e Anticorpos para atender as necessidades do indivíduo, como
nutrição, produção de energia, mobilidade, proteção
Os antígenos são elementos (moléculas estranhas) e outras. As células que compõe o sistema imunoló-
reconhecidos por não pertencerem ao corpo huma- gico são as dendríticas, os linfócitos, os granulócitos
no. Estes apresentam duas características principais: e os monócitos (LACRIMANTI, 2008).
a imunogenicidade, que é a capacidade de ativar As células dendríticas originam-se na medula
linfócitos T ou B, e a antigenicidade, pois estimulam óssea e estão presentes nos órgãos linfoides, tornan-
a produção de anticorpos quando penetram no do-se, portanto, responsáveis por ativar os linfócitos
organismo (LACRIMANTI, 2008). (LACRIMANTI, 2008).

76 Patologias Cutâneas
Os linfócitos são células classificadas de acor- T (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULA-
do com vários aspectos, como a função que reali- FIA, 2011).
zam na resposta imune, o órgão que o maturam e, • Natural Killer: não necessitam da ativa-
ainda, a respeito do tipo de receptor que possuem ção para realizar sua função. Essas células
em sua membrana (LACRIMANTI, 2008). Estes agem na defesa de maneira semelhante aos
podem ser classificados como B e T, sendo capazes linfócitos T (LACRIMANTI, 2008).
de reconhecer os antígenos, por possuírem recep-
tores específicos em sua membrana, que atuam Os linfócitos B são produzidos e maturados na
em conjunto com os antígenos (SAMPAIO; RI- medula óssea, apresentando como receptores de
VITTI, 2011). membrana as imunoglobulinas. Por meio da sín-
Os linfócitos T originam-se na medula óssea tese e da secreção de anticorpos, agem na resposta
e, posteriormente, migram para o timo (glândula humoral (LACRIMANTI, 2008).
endógrina linfática), tornando-se células timo-de- Por outro lado, os granulócitos são células que
pendentes (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABU- apresentam grânulos enzimáticos em seu cito-
LAFIA, 2011). plasma. Essas células podem ser classificadas em:
Segundo Lacrimanti (2008), de acordo com o neutrófilos, eosinófilos e basófilos (esta classifi-
código de diferenciação, os linfócitos T podem cação ocorrerá de acordo com o tipo de grânulo)
ser classificados em: (OLIVEIRA et al., 2014).
• Linfócitos T auxiliares: são responsáveis Os monócitos são denominados de macrófa-
por interagirem com os linfócitos B, esti- gos e possuem a função de atuar na defesa con-
mulando, assim, a produção de anticorpos tra micro-organismos, além de participarem do
(imunoglobulinas). Quando estimulados processo de fagocitose, induzindo, assim, uma
pelos antígenos, liberam a substância ci- resposta imune, pois apresentam antígenos para
tocina, que acaba por ativar outras células os linfócitos. Essas células atuam na resposta hu-
inflamatórias. Estas células, ainda, estimu- moral e celular (OLIVEIRA et al., 2014).
lam os linfócitos citotóxicos a eliminarem
(destruírem) células que se encontram
infectadas por vírus e, até mesmo, por en- Barreiras naturais
xertos alogênicos (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011). As barreiras naturais são elementos que protegem
• Linfócitos T citotóxicos: células que o organismo no geral, tornando mais difícil a pe-
atuam na eliminação (destruição) de cé- netração de micro-organismos, sendo as estrutu-
lulas infectadas por vírus, tecidos que fo- ras a seguir as que mais se destacam: pele (barrei-
ram necrosados e tecidos transplantados. A ra mecânica contra agentes invasores e traumas
atuação dos linfócitos citotóxicos irá acon- físicos), mucosas, pelos, lágrimas (enzimas que
tecer após a sua ativação (LACRIMANTI, exercem função contra os micro-organismos) e
2008). a saliva (empurram os micro-organismos para o
• Linfócitos T supressores: inibem a pro- estômago, possui, ainda, enzimas bactericidas).
dução de várias imunoglobulinas e pos- A pele é uma barreira mecânica que possui
suem a capacidade de suprimir e antago- ação contra a invasão de agentes invasores; possui,
nizar a ação imunológica, de células B ou ainda, outra função contra os micro-organismos,

UNIDADE 3 77
pela secreção de substâncias microbicidas, por Doenças Autoimunes
meio das glândulas que se encontram anexas a
este órgão (LACRIMANTI, 2008). A terceira causa de morbimortalidade no mun-
do industrializado são as doenças autoimunes,
ficando atrás apenas das doenças cardíacas e do
Órgãos e tecidos linfoides câncer. Quando representada na pele, devido à
visibilidade, facilita o diagnóstico precoce, pos-
Os órgãos linfoides podem ser classificados em sibilitando iniciar com o tratamento mais cedo
primários (fígado fetal, medula óssea, pós-natal e e aumentando das chances de retardar as conse-
timo) e secundários (linfonodos, baço, medula óssea, quências causadas pela doença em outros órgãos
pós-natal e tecido linfoide associado a mucosas). (RODRIGUES, 2012).
Nos órgãos linfoides primários (centrais), as células As doenças autoimunes são ocasiões em que
linfócitos se tornam imunocompetentes, enquanto o sistema imunitário reage contra moléculas do
que nos órgãos linfoides secundários (periféricos), próprio organismo (JUNQUEIRA; CARNEIRO;
há a interação entre as células imunocompetentes e ABRAHAMSOHN, 2018). Estas estão relacio-
os antígenos (as células interagem com o antígeno), nadas à ligação que acontece entre os anticorpos
a fim de gerar uma resposta imunológica contra circulantes. A patogênese pode ser por meio da
patógenos e antígenos (GARTNER; HIATT, 2011). mediação dos linfócitos T autoimunes, além de
outros recursos imunes. A estrutura anticorpo é
responsável por manifestar as doenças autoimu-
Sistema complemento nes como também de serem marcadores de doen-
ças futuras (HABIF, 2012).
O sistema complemento é um conjunto de proteí- A presença das células T reativas ou anticor-
nas que acabam se somando à ação dos anticor- pos representa a autoimunidade. A hipótese mais
pos, ou seja, complementando a resposta imuno- aceita com relação ao surgimento das doenças au-
lógica. Essas proteínas são produzidas pelo fígado toimunes (incluindo as manifestações cutâneas) é
(LACRIMANTI, 2008). a associação entre fatores genéticos, emocionais e
Considerado como um elemento básico para ambientais, que contribuem também para a pro-
a citólise imunológica, o sistema complemento é pagação dessas doenças (RODRIGUES, 2012).
um conjunto complexo de proteínas plasmáticas Fatores emocionais, como o estresse, podem
que se comunicam entre si, sempre seguindo uma estar associados ao ambiente, sendo apontados
ordem (sequência), ou seja, uma reação em casca- no mundo contemporâneo como uns dos gran-
ta influencia reações imunológicas (lise celular, fa- des causadores de doenças autoimune devido à
gocitose, liberação de substâncias etc.) (AZULAY; somatização do paciente, transformando conflitos
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011). psíquicos em doenças físicas. Este tipo de disfun-
Por meio da interação entre antígeno-anticor- ção é estudado em uma nova área da medicina
po (via clássica), ocorre a ativação deste sistema chamada de psiconeuroendocrinoimunologia.
complemento, podendo acontecer também por A produção de corticoide em momentos de es-
meio de toxinas bacterianas e através da parede tresse e ansiedade faz com que o organismo dimi-
celular de fungos (via alternativa), sem a formação nua sua defesa imunológica (imunossupressão),
do antígeno-anticorpo (LACRIMANTI, 2008). deixando não só a pele, mas todo o corpo huma-

78 Patologias Cutâneas
no suscetível a doenças, favorecendo, também, as órgãos, como manifestações cutâneas, mucosas,
doenças autoimunes, sendo prejudicial à saúde. renais, neurológicas e outras (BRASILEIRO FI-
Em casos de pacientes com suspeita destas pato- LHO, 2011).
logias, podem ser feitos alguns exames na busca Nesta patologia, as lesões cutâneas estão
de evidência sorológica, porém poucos indivíduos entre as manifestações mais frequentes; estas
apresentam algum tipo de sintoma, sinais e os possuem uma grande variação em sua expres-
anticorpos específicos da patologia, dificultando são clínica, sendo observadas muitas diferenças
o diagnóstico da doença (HABIF, 2012). entre os pacientes e facilitando a identificação
dos diversos subtipos da doença (RODRI-
GUES, 2012). É mais frequente em mulheres
Citocinas inflamatórias jovens, sendo comum a ligação genética, em
casos familiares, até três gerações (AZULAY;
Estas proteínas funcionam como mediadores AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011).
químicos solúveis e fazem parte de uma rede de Segundo Brasileiro Filho (2011), o gênero
sinalização integrada com uma grande varieda- feminino acaba sendo mais acometido, devido
de de funções em sua defesa imunológica inata e aos hormônios. A forma mais comum é o lú-
adaptativa. Esses mensageiros mediam a intera- pus eritematoso sistêmico, porém não se sabe
ção entre as células imunológicas e as células do o papel dos genes nem dos hormônios para
tecido, possuindo ,ainda, baixo peso molecular desencadear esta patologia (BRASILEIRO FI-
(GROSSMAN; PORTH, 2016). LHO, 2011).
Alguns fatores auxiliam para o aparecimen-
to do LES (lúpus eritematoso sistêmico), como
Lúpus eritematoso indivíduos que possuem predisposição genética,
conforme já citado, assim como o sexo feminino.
A etiologia (causa) da doença nomeada como As manifestações (alterações) cutâneas típicas do
Lúpus Eritematoso (LE) não está totalmente clara, lúpus acontecem em áreas que ficam expostas ao
sendo caracterizada como idiopática. Esta afeta a sol, preferencialmente na região malar “asa de bor-
pele, articulações, rins e o sistema nervoso central boleta” (região central da face) ou pode aparecer
(SNC), sendo definida pela aparição de anticor- em uma forma mais generalizada.
pos de padrão antinuclear, relacionados com fe- Essas alterações cutâneas ocorrem usualmen-
nômenos de autoagressão (AZULAY; AZULAY; te em conjunto com as manifestações sistêmicas
AZULAY-ABULAFIA, 2011). de doença orgânica, podendo ainda preceder no
O lúpus é uma enfermidade de caráter au- período de semanas ou meses para o início dessas
toimune, crônica, no qual sua evolução aconte- manifestações. As lesões se iniciam pela formação
ce de forma em que há períodos de quiescência de máculas eritematosas discretas e, em alguns
e outros de crises (manifestações clínicas). Ca- casos, podem acontecer infiltração e edema de
racteriza-se pela presença de lesões em diversos face (RODRIGUES, 2012).

UNIDADE 3 79
Lúpus podendo prolongar-se até o dorso do nariz
e a fronte.
• Presença de eritema elevado e discoide
(arredondado), podendo, em alguns casos,
apresentar descamação ou, ainda, folículos
bloqueados.
• Fotossensibilidade causada pelo sol, apre-
sentando a formação de um eritema.
• Úlceras (áreas abertas) na região da boca
ou na nasofaringe.
• Artrite com desconforto.
• Geração de uma Inflamação da membrana
interna dos pulmões ou da cavidade pleu-
ral (pleurite) em, no mínimo, duas articu-
lações periféricas.
• Rins: albuminúria persistente (> 0,5 g por
dia) ou, ainda, cilindrúria.
• Neurológico: psicose, convulsões sem cau-
sa aparente (metabólica ou medicamen-
Figura 1 - Lesão “asa de borboleta”
tosa).

De acordo com Brasileiro Filho (2011), a área que


possui eritema é a pele, sendo observadas as se-
guintes características:
• Acantose irregular alternada, que se en-
contra em algumas regiões, hipotrofia da
epiderme.
• O aparecimento de uma hiperceratose, que
acaba por estender-se até o folículo piloso
(tampões córneos).
• As células da camada basal, primeira cama-
Figura 2 - Lúpus
da da epiderme, sofrem uma vacuolização.
• Espessamento da membrana basal presen-
De acordo com Braun e Anderson (2009), são vá- te nas células.
rias as formas de manifestações que podem surgir, • Em torno dos vasos da camada derme su-
caso o indivíduo possua o LES, mas quando o pa- perficial (segunda camada da pele, logo
ciente apresenta pelo menos quatro dessas lesões, abaixo da epiderme) e também, em alguns
já permite fazer o diagnóstico desta patologia: casos, rodeando as glândulas sudoríparas,
• Na região malar, eritema sobre as boche- encontra-se infiltrado de mononucleares
chas, que pode ser fixo, plano ou elevado, (BRASILEIRO FILHO, 2011).

80 Patologias Cutâneas
Psoríase principal como manifestação mais importante
(psoríase pustulosa) (RODRIGUES, 2012).
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória A psoríase pode ocorrer em qualquer idade,
crônica, que afeta a pele, as unhas e, às vezes, as arti- mas a literatura relata que geralmente tem início
culações. Conforme Rodrigues (2012), sua evolução entre a terceira e quarta décadas de vida ou ocor-
é imprevisível e acomete o corpo intercalando perío- rência de forma bimodal (picos até os 20 anos e
dos de remissão e de recorrência. As manifestações após os 50 anos), podendo acometer de forma
cutâneas, que é nosso foco principal, pois estamos semelhante ambos os sexos e aumentar a mor-
tratando das doenças de pele nesta unidade, pos- bidade, influenciando de forma negativa a quali-
suem variações, podendo aparecer em um mesmo dade de vida dos pacientes, impactando, segundo
indivíduo vários tipos de lesões ao mesmo tempo Sabbag (2006), na condição socioeconômica para
(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). o sistema de saúde.
No entanto, Rodrigues (2012) relata que a ca-
racterística da lesão (placa psoriásica) é eritema,
espessamento e a descamação. As escamas são Vitiligo
prateadas ou, ainda, branco nacaradas, com as-
pecto delimitado, não aderidas e dispostas em A etiologia da patologia vitiligo ainda não está
lâminas superpostas. A psoríase é uma patologia esclarecida, sendo considerada idiopática, mas a
da pele de caráter genético, porém o mecanismo hipótese mais aceita nos dias atuais é de que seja
desta herança não está totalmente esclarecido. uma doença autoimune, que causa disfunção ou
destruição dos melanócitos (células que produ-
zem o pigmento da pele) pelos autoanticorpos que
são produzidos (KEDE; SABATOVICH, 2004). A
destruição dessas células (melanócitos) acabam
gerando a perda da pigmentação da pele.
Esta patologia é caracterizada pela destruição das
células melanócitos e, consequentemente, da perda
da melanina, que é o constituinte responsável por
dar a pigmentação (cor) da pele, e pela presença de
máculas acrômicas (LACRIMANTI, 2008).
Figura 3 - Psoríase Há, ainda, estudos que sugerem que o fator ge-
nético pode estar associado, pois observa-se que,
Esta doença é caracterizada pela inflamação da em média, em 30% dos casos de acometimento
pele, ao qual acaba gerando uma lesão que irá desta patologia, históricos familiares encontram-
estimular a hiperproliferação das células querati- -se envolvidos. Tanto o sexo feminino quanto o
nócitos presentes na camada basal (HABIF, 2012). masculino são igualmente acometidos, sendo que
A descamação e o eritema presentes na pele aproximadamente 1% da população é afetada pelo
do paciente que apresenta a psoríase podem aca- vitiligo e cerca de 50% dos casos iniciam-se antes
bar se generalizando (psoríase eritrodérmica) ou, dos 20 anos. A perda do pigmento da pele (mela-
ainda, pode acontecer o predomínio do processo nina) pode ser localizada ou de modo generali-
inflamatório, em que as pústulas assumem o papel zado (HABIF, 2012).

UNIDADE 3 81
As manchas características desta patologia podem ser poucas ou muitas em uma região, com evo-
lução rápida, podendo manifestar-se de modo generalizado, afetando de modo bilateral (os dois lados
do corpo), com evolução rápida ou lenta (LACRIMANTI, 2008).

Figura 4 - Vitiligo

O vitiligo pode apresentar problemas de natureza estética, por conta das lesões características dessa
patologia, principalmente em indivíduos que possuem fototipos de pele mais elevados (fototipos III
e IV de Fitzpatrick) (KEDE; SABATOVICH, 2004).

A doença vitiligo pode causar sérios danos psicológicos, afetando a qualidade de vida dos indivíduos
que a possuem, pois as manifestações clínicas da doença causam desconforto estético. Alguns im-
pactos podem ser percebidos na personalidade e no convívio social em decorrência desta patologia.

Para obter o diagnóstico desta patologia não é muito difícil, pois a ausência de pigmentação nas lesões
acrômicas acaba por distinguir de outras dermatoses, como a pitiríase versicolor, a qual apresenta
também diminuição da coloração, porém não tão intensa e completa como no caso clínico do vitiligo
(LACRIMANTI, 2008).

82 Patologias Cutâneas
Câncer
de Pele

A mais completa definição para neoplasia com-


parada às várias existentes é a de R. Willis, em que
ele diz ser uma massa anormal de tecido, onde o
crescimento excede e que não está orientada de
acordo com o tecido original, persistindo mes-
mo quando não há mais o estímulo inicial que
caracterizou a mudança no tecido presente (LA-
CRIMANTI, 2008).
De acordo com Azulay, Azulay e Azulay-Abu-
lafia (2011), a transformação das células normais
em células cancerígenas (neoplásicas) está sendo
desvendada por meio de bases clínicas e experi-
mentais. Sabe-se da existência de fatores carcino-
gênicos de diversas naturezas:
• Fatores físicos: raios ultravioletas, princi-
palmente na faixa de 290 a 320 nm-RUV-
-B, altas temperaturas, traumatismo, raios
Grenz e raios X (radiação ionizante).
• Químicos: como exemplo o arsênico e o
alcatrão e seus derivados.
• Biológicos: envolvido com os hormônios
e os vírus.

UNIDADE 3 83
Carcinoma
Espinocelular

O Carcinoma espinocelular é
o segundo tipo de câncer cutâ-
neo mais encontrado nos indi-
víduos que possuem neoplasia
cutânea. Esta patologia acomete
a epiderme e sua incidência é
maior nos indivíduos idosos
(homens) com mais de 70 anos,
com pele e olhos claros expostos
Figura 5 - Exposição solar à luz solar em excesso (longos
períodos) (PETRI, 2017).
Os tumores malignos presentes na pele possuem manifestações con- Este tipo de câncer caracte-
sistentes e firmes e apresentam bordas irregulares com crescimento riza-se pela presença de pápula,
rápido do tecido neoplásico. A região do tecido cutâneo acometido nódulo ou, ainda, placa, carnudo,
sofre facilmente de sangramentos (LACRIMANTI, 2008). opaco, sua coloração é a mesma
O processo de transformação da célula saudável em cancerígena da pele, geralmente é escamo-
recebe o nome de carcinogênese. Na neoplasia, a célula acaba sofren- sa (ou ceratótica, ou erodida).
do uma agressão, porém este estímulo acaba lesionando o núcleo da No caso da hiperceratose, pode
célula, fazendo com que ela não consiga mais voltar ao seu normal, ser verrugosa e farinhenta, lem-
diferentemente da célula sadia que, ao sofrer uma lesão, adapta-se brando que o tecido acometido
ao estímulo, voltando à normalidade (LACRIMANTI, 2008). é frágil, deste modo é comum o
Observe, na figura a seguir, os três tipos de câncer de pele que sangramento e exsudação (REE-
serão apresentados nesta unidade: carcinoma espinocelular, carci- VES; MAIBACH, 2000).
noma basocelular e o melanoma.
Carcinoma de Carcinoma
células escamosas basocelular Melanoma Carcinoma
Basocelular
Epiderme Tumor que acomete o tecido
epitelial, derivado das células da
camada basal (pluripotenciais
Derme da epiderme ou do folículo pilo-
so), sendo de maior incidência
em idosos de pele e olhos claros;
Hipoderme
possui progressão lenta e malig-
nidade relativa (PETRI, 2017).
Pessoas de pele clara e que
Figura 6 - Câncer de pele
possuem exposição maior ao sol

84 Patologias Cutâneas
tendem a ter mais probabilidade a desenvolver • Fibrosante, esclerodermiforme e cicatri-
o carcinoma basocelular (REEVES; MAIBACH, cial: reação fibrosa consistente, com a pre-
2000). sença de pápulas pequenas e com aspecto
O quadro clínico desta patologia se caracteri- perolado nas bordas, estendendo-se mais
za por lesões quase sempre localizadas nas áreas profundamente e lateralmente do que apa-
superiores, como a face, pescoço e raramente renta na superfície.
acometem braços e o dorso das mãos. Apresenta
pápula brilhante, perolada, com depressão cen-
tral, ulceração ou erosão, podem sangrar quando Melanoma
for atingido mecanicamente (trauma), possuindo
bordas de aspecto arredondado, translúcidas com O melanoma é um tipo de câncer que se ori-
presença de telangiectasias, seu crescimento é len- gina nos melanócitos localizado na camada
to e ainda possui pigmentação ocasional (PETRI, epiderme; essas células são responsáveis por
2017). produzir a pigmentação da pele (melanina)
(LACRIMANTI, 2008).
Esta doença não possui uma etiologia cla-
ramente definida; sabe-se que alguns fatores
podem estar colaborando para o seu surgimen-
to, como a exposição solar, genética, fototipos
cutâneos e também a quantidade de nevos
(manchas na pele), assim como a síndrome
do nevo displásico (SND), que também pos-
sui grande importância (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011).
Este tumor é maligno, originário dos melanó-
Figura 7 - Carcinoma basocelular
citos (células), geralmente possui localização cutâ-
De acordo com Reeves e Maibach (2000), o carci- nea primária, porém pode acabar acometendo ou-
noma basocelular possui alguns tipos (variações tras regiões, como os olhos, mucosas e meninges.
clínicas): O melanoma de pele é muito mais comum que o
• Nodular ou cístico: caracteriza-se por ser de outras formas que não são cutâneas. Caracte-
tenso e brilhante. riza-se por possuir um potencial metastático e,
• Superficial: apresenta-se como mácula ou consequentemente, letalidade (AZULAY; AZU-
placa fina e brilhante. LAY; AZULAY-ABULAFIA, 2011).
• Pigmentado: possui variações entre pon- O melanoma pode apresentar-se, primeira-
tos cinza-pólvora a negra. Possui aspecto mente, como um pequeno tumor pigmentado so-
translúcido que se diferencia da patologia bre o tecido cutâneo, geralmente surge em áreas
melanoma. expostas ao sol, porém a grande maioria dos casos
• Terebrante: a umbilicação do centro pode se inicia através de nevos preexistentes (LACRI-
evoluir para a formação de uma úlcera. MANTI, 2008).

UNIDADE 3 85
Ao somar todas as mortes em decorrência do
câncer de pele, verificou-se que o melanoma possui
três vezes mais número de indivíduos mortos do que
todas as outras neoplasias cutâneas em conjunto.
Entretanto, a mortalidade irá variar dependendo dos
subgrupos populacionais, por exemplo: nos negros,
cerca de 36% das mortes por decorrência do câncer
de pele são dos melanomas; em contrapartida na
Figura 8 - Melanoma população branca, cerca de 90% das mortes em in-
divíduos entre 15 e 50 anos são derivadas do tipo de
neoplasia cutânea melanoma (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2011).
Lacrimanti (2008) descreve que as letras A, B,
C e D são utilizadas para verificar se as lesões cor-
respondem à patologia melanoma, funcionando da
seguinte forma: cada letra possui um significado.
Letra “A” corresponde à assimetria (formato irregu-
lar), letra “B” significa bordas irregulares (limites ex-
ternos que são irregulares),“C” de coloração variada
Figura 9 - Aspecto melanoma (diferentes cores) e a letra “D” para diâmetro que
deve ser maior que 6 mm (LACRIMANTI, 2008).
Ocorre em todas as raças, porém nos negros a doença Para auxiliar ainda mais no diagnóstico da patologia,
é rara e possui, geralmente, localização palmoplantar. pode-se incluir a letra “E” de evoluindo, que seria a
Normalmente, quanto mais branca for a pele, mais mudança (evolução) que ocorre na mancha, como
claro for o cabelo e os olhos, maior será o número tamanho, cor e forma.
de efélides e de nevos (principalmente os atípicos), Regra para a detecção precoce do melanoma
aumentando a probabilidade do melanoma nestes
casos, que irá incidir frequentemente nas regiões pró- Assimetria
ximas ao equador, o que sugere uma etiologia solar
(pelo menos na raça branca) (AZULAY; AZULAY; Bordas
AZULAY-ABULAFIA, 2011). (as bordas externas
são desiguais)
O melanoma diferencia-se de outros cânce-
res de pele, pois esta patologia sofre o processo Cor
(preto, escuro ou
de metástase rapidamente, espalhando-se para múltiplas cores)
outras regiões do corpo, formando, assim, mais
tumores e causando a destruição de tecidos. Diâmetro
(maior que 6 mm)
Quanto menos o melanom evoluir (crescer),
maior será a resposta ao tratamento, pois quan-
do o melanoma invade profundamente a pele, Evoluindo
(mudança de tamanho,
pode afetar vasos sanguíneos e linfáticos (LA- forma e cor)

CRIMANTI, 2008). Figura 10 - ABCD

86 Patologias Cutâneas
Micoses
e Fungos

Micoses são infecções causadas pelo aparecimen-


to de fungos na pele, cabelos ou nas unhas, sendo
mais presentes em ambientes úmidos e quentes,
pois essas condições são ideais para o desenvol-
vimento dos fungos.
Os fungos dermatófitos colonizam nos pe-
los, unhas e no extrato córneo da epiderme: eles
crescem na queratina presente nesses locais. Estas
infecções causadas por fungos são conhecidas
como tinhas ou micoses, denominadas como der-
matomicoses (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Os fungos dermatófitos são filamentosos e ne-
cessitam do meio alcalino para se desenvolverem,
podendo atingir tecidos profundos. Desenvol-
vem-se mais frequentemente em meio quente e
úmido, possuem o período de incubação de uma
a duas semanas, sendo este tempo necessário para
o seu desenvolvimento. Geram dermatoses em
humanos e animais com pelos e se transmite por
meio do contato com as estruturas com a presença
da proteína queratina (PETRI, 2017).
A micose fungica (dermatófitos) pertence a
três gêneros: os microsporum, trichophyton e

UNIDADE 3 87
epidermophyton (PRENTICE, 2012). Os fungos, diversas manchas de alopecia. As principais fontes
por sua vez, podem ser: geofílicos (M. Gypseum), de contaminação desta patologia são por meio
zoofílicos (M. Cannis, T. Mentagrophytes, T. Ver- da lâmina do barbeiro, pentes de cabelo, animais
rucosum) e antropofílicos (T. Rubrum, T. Tonsu- contaminados com os fungos e pelo contato físico
rans, T. Violaceum, T. Schoenleinii, E. Flocosum, íntimo (PRENTICE, 2012).
T.Megninii, T. Concentricum) (NETO; CUCÉ;
REIS, 2013).
A pele possui barreiras de proteção para impe-
dir a entrada destes agentes patológicos, por isso
as condições favoráveis para instalações, desen-
volvimento e manutenção dos fungos precisam
superar esses recursos naturais de defesa presentes
na superfície do tecido cutâneo.
Para que haja a infecção, o meio precisa ser
favorável, como a sudorese excessiva, oclusão,
maceração, falta de higiene, além de dermatoses
preexistentes. Algumas outras causas também fa-
vorecem a infecção fúngica, por exemplo, o uso
Figura 11 - Tinea Capitis
prolongado de medicamentos com antibiótico ou
corticosteroides, linfomas, doenças debilitantes,
diabetes mellitus e imunossupressão de outras Tinha dos Pés
causas (PETRI, 2009). (“Pé-de-atleta”)

A tinha dos pés pode ser intertriginosa interdigital,


Micose do Couro Cabeludo lesões que descamam em forma de mocassim ou
(Tinea Capitis) ainda apresentar-se como vesicopustulosa plantar.
Neste tipo de micose, pode ocorrer o aparecimento
A tinea capitis ou micose do couro cabeludo é de vesículas nas mãos, em resposta à hipersensibili-
mais frequente nas crianças do ensino fundamen- dade aos fungos (NETO; CUCÉ; REIS, 2013).
tal. Este tipo de infecção pode levar a placas sem
cabelo no couro cabeludo e se expandem de forma
circular (verme circular) (TORTORA; FUNKE; Tinha das Mãos
CASE, 2017). (Tinea Manuum)
Esta micose se inicia pela formação de um pá-
pula na região do couro cabeludo e, posteriormen- A tinha das mãos apresenta a transposição da
te, espalha-se pela pele; a população mais afetada tinha dos pés; apresenta-se frequentemente de
são as crianças. Caracteriza-se por conter lesões forma unilateral e pode ser assintomática. Carac-
pequenas com cores acinzentadas, resultando em teriza-se pela descamação palmar (PETRI, 2009).

88 Patologias Cutâneas
Micose das Unhas
(Onicomicose, Tinea
Unguium)

As unhas acometidas por esta patologia apresentam-


-se mais quebradiças, podendo apresentar sulcos e
depressões, consequentes da inflamação que ocorre
nas pregas periungueais, além da perda do brilho e
aumento da espessura com hiperqueratose subun-
gueal nesta região (NETO; CUCÉ; REIS, 2013).
Figura 12 - Tinha das mãos

Tinha do Corpo
(Tinea Corporis)

As lesões presentes na tinha do corpo podem ser


únicas ou múltiplas, por vezes formando placas
arciformes. Inicia-se com pequena pápula que
evolui com crescimento excêntrico, formando
elementos de formas circulares com bordas ati-
vas, microvesiculosa e apresentando descamação Figura 14 - Onicomicose
(PETRI, 2009). Onicomicose

Onicomicose Onicomicose
subungueal distal superficial branca

Onicomicose Onicomicose
subungueal proximal por Candida

Figura 13 - Tinea corporis Figura 15 - Tipos de onicomicose

UNIDADE 3 89
Tinha Barba (Sicose Tricofítica)

Segundo Petri (2009), a tinha na barba apresenta-se como:


1. De caráter inflamatório: apresentando lesões circunscritas, supurativas.
2. Herpes circinado: lesões com a presença de eritema (vermelhidão), pápulas, vesículas com
descamação nas bordas, apresentando, ainda, resolução central progressiva.
3. Tipo sicosiforme: apresenta pápulas foliculares e crostas, e assemelha-se a sicose bacteriana.

Micose da Região Crural


(Dermatofitose Marginada, Eczema Marginado de Hebra)

Apresenta-se em placas descamativas e eritematosas, papulosas e com bordas bem definidas, onde
encontram-se vesículas ou vesicopústula na região periférica (NETO; CUCÉ; REIS, 2013).

Tinha Incógnito

Ocorre midiante uso excessivo e errôneo dos corticosteroides (tópico ou sistêmico); o aspecto da tinha
dermatofítica é atípico (PETRI, 2009).

Dermatofítide

São vesículas na palma e faces lateral dos dedos, caracterizadas por serem geralmente bilaterais nas
palmas e nas plantas, como resposta à distância, ao foco micótico (sempre nos pés), pelo mecanismo
da hipersensibilidade (PETRI, 2009).

90 Patologias Cutâneas
Dermatite
Atópica

Caro(a) aluno(a), neste tópico, conheceremos um


pouco sobre as dermatites de contato. Sim, aque-
las coceiras, vermelhidões e securas que afetam
nossa pele.
A dermatite de contato ou eczema de conta-
to é uma reação inflamatória na pele decorrente
da exposição a um agente capaz de causar lesões
eritematosas com inchaço, dor e prurido (HABIF,
2012). Pode ser aguda ou crônica. A forma aguda
apresenta pápulas eritematosas, vesículas e lesões
crostosas, enquanto a crônica apresenta fissuras,
descamação e secura na pele. As lesões geralmente
aparecem juntas (NIXON; DIEPGEN, 2013).

Aguda é quando a doença tem um ápice, é cli-


nicamente evidente, dura no máximo três me-
ses, enquanto a doença crônica dura um longo
tempo e passa por períodos assintomáticos e
sintomáticos.
Fonte: adaptado de Rouquayrol e Silva (2013).

UNIDADE 3 91
A prevalência dos casos de dermatite são elevadas • Dermatite palmoplantar: 70% das crian-
e atingem, principalmente, as crianças e adultos ças com dermatite apresentam dermatite
jovens. Os profissionais da área da saúde também palmoplantar, que se apresenta por espes-
apresentam prevalência alta, sendo os mais afeta- samento da pele das palmas e/ou plantas,
dos os da área da estética e dermatologia. Isso se atingindo ou não o dorso das mãos e dos
deve pelo fato de fazerem repetidas lavagens de pés. A dermatite plantar juvenil acomete o
mãos com sabonete, uso de cremes para massa- dorso dos pés, originando uma dermatite
gens, favorecendo, assim, a destruição da barreira exsudativa (saída de líquidos) com eritema,
da camada córnea (HABIF, 2012). descamação e fissuras dolorosas; atinge a
Pacientes com dermatite de contato apresen- superfície plantar do primeiro dedo.
tam infecções cutâneas bacterianas, virais e fún- • Fissuras infrauriculares, retroauricu-
gicas (BIEBER, 2008). A bactéria “Staphylococcus lares e infranasais: decorrem da coceira
aureus” potencializa o processo inflamatório. O prolongada, sendo que as fissuras infrana-
sistema imunológico inato fica comprometido na sais são frequentes em pacientes com rinite
dermatite de contato, as diminuições de peptídeos alérgica persistente.
antimicrobianos levam ao aumento da coloniza- • Dermatite seborreica: é uma doença infla-
ção do “Staphylococcus aureus” na pele (BUNI- matória crônica, atinge as áreas com gran-
KOWISKI et al., 1999). des números de glândulas sebáceas, como
Manifestações associadas à dermatite são: couro cabeludo, sobrancelhas, pálpebras, aba
• Ictiose alba: determinada por pele esca- do nariz, parte posterior das orelhas e peito
mosa, seca, hipopigmentada. Instalada em (região anterior do tórax). A pele fica áspera,
áreas como face e membros superiores, ou vermelha e recoberta por escamas, que pare-
seja, áreas com uma maior exposição solar. cem secas ou gordurosas, finas ou espessas,
• Ceratose pilar: apresenta pápulas de 1 cinzentas ou amareladas e são aderentes. Há
a 2 mm de diâmetro e surge em 50% dos presença do Pityirosporum ovale e Pityros-
pacientes com dermatite; com o passar da porum orbicular. Os sintomas são agravados
idade, tende a melhorar. Geralmente, apa- em virtude do vento, calor, umidade, suor, uso
recem na região dos antebraços e na parte de bonés, dormir de cabelo molhado, estresse,
anterior das coxas. alterações hormonais, xampus inadequados e
• Hiperlinearidade palmoplantar: é uma água quente (WICHROWSKI, 2007).
acentuação das linhas de palmas e plantas
dos pés, sendo observada em mais de 90% Os fatores desencadeantes são: bactérias Sta-
dos pacientes. Ocorre a manifestação da phylococcus aureus, fungos e vírus. Os alérge-
xerose (ressecamento anormal). nos alimentares também desencadeiam a doen-
• Desidrose: remete mais às palmas que ça, assim como ácaros, asma, rinite e fatores
plantas dos pés. Pode evoluir para desca- psicológicos (JOHANSSON; HAAHTELA,
mação em forma de colar. 2004).

92 Patologias Cutâneas
Dermatite por cissus spp, dieffendobachia picta, philodendron
Contato por Cosméticos spp, brassica nifgra, ananascomosus, huacinthus
orientalis, rheun rhaponticium,ranunculus spp,
Todos os dias estamos em contato com vários tipos capsicum annuum. O oxalato está presente em
de cosméticos, desde xampu, sabonete, produtos uma grande variedade de plantas, pois ele confere
de limpeza, hidratantes, protetor solar, enfim, cada à planta proteção contra os predadores herbívoros
um destes apresentam suas características químicas e pragas.
com inúmeras substâncias que reagem em nossa pele Entretanto, essa substância causa salivação, ede-
(BOLOGNIA; JORIZZO; RAPINI, 2010). ma, queimação, bolhas e rouquidão. O látex, que é
Os principais produtos cosméticos que cau- outra substância irritante, gera bolhas e lesões erite-
sam dermatites são: tinturas de cabelo, esmaltes, matosas. A capsaicina está presente nas pimentas e,
perfumes, batons E protetores solares. Os esmaltes quando aplicadas sobre a pele, causa vasodilatação,
podem gerar processo inflamatório ao redor do irritação e edema; o óleo de pimenta pode causar
tecido queratinizado. As tinturas para cabelo são queimadura na mão quando aplicado. Outro cuida-
produtos que também são grandes vilãs das der- do que deve ser tomado é com as espécies cítricas,
matites no couro cabeludo e na pele. pois essas espécies causam queimadura com a foto-
Em virtude de um grande número de pessoas exposição (BOLOGNIA; JORIZZO; RAPINI, 2010).
terem dermatites com os cosméticos, a indústria O tratamento da dermatite é realizado com an-
cosmecêutica lançou no mercado os produtos tibióticos orais e tópicos, antivirais, antifúngicos,
hipoalergênicos. Estes produtos não apresentam corticosteroides, imunossupressores, fototerapia,
substâncias com alto poder de gerar os quadros esteroides, hidratação, tratamento psicológico,
alérgicos e inflamatórios na pele. dieta alimentar, laser de baixa frequência e LED
(luz de diodo).
Agora ficou mais fácil compreender que derma-
tite tópica é uma inflamação, podendo ser aguda ou
crônica. Esta é caracterizada pela distribuição no
Toda vez que você, enquanto profissional, aplicar corpo humano e pelos aspectos típicos das lesões,
em seus clientes um produto na pele que os dei- acompanhada de prurido e ressecamento da pele.
xe mais sensíveis, é recomendado que apliquem Pode ser causada por bactérias, fungos, vírus,
produtos hipoalergênicos. bem como ser induzidas por cosméticos, alimen-
tos e substâncias irritantes. O tratamento deve es-
tar pautado em higiene, hidratação, evitar fatores
Dermatites Induzidas por irritantes, medicamentos e auxílio psicológico, um
Substâncias Químicas tratamento multidisciplinar para, só assim, dar
Irritantes uma melhor qualidade de vida ao cliente.
Para a eficácia no tratamento das dermatites,
Esse tipo de dermatite frequentemente é oriun- são necessários educação e autocuidados, hidrata-
daOdo reino vegetal. As principais substâncias ção cutânea, controle dos fatores desencadeantes
irritantes são oxalato de cálcio e as substâncias e tratamento medicamentoso.
dissolvidas no látex e nas organelas das plantas. As A educação dos pacientes e familiares é funda-
principais plantas que geram dermatites são: nar- mental. Os programas educacionais fazem parte

UNIDADE 3 93
do controle global. O questio-
namento multidisciplinar, com
a participação de profissionais
da saúde, é um fator que incor-
pora qualidade de vida ao pa-
ciente, melhorando o controle
da doença e aderência ao trata-
mento instituído (DARSOW et
al., 2010). A ficha de anamnese
com todos os dados do clien-
te, contando a história natural
da doença, fatores desenca-
deantes e cuidado terapêutico,
é essencial para formular as
medidas preventivas, melho-
rar a segurança do cliente e dar
continuidade ao tratamento. É
aconselhado que seja dado aos
seus familiares um material de
apoio no domicílio para ajudar
no tratamento e prevenção da
doença.
Outro cuidado básico a ser
seguido é com a limpeza e hi-
dratação da pele, para a retirada
de descamações e secreções da
pele, assim como a manuten-
ção do manto hidrolipídico. O
cliente deve evitar os fatores de-
sencadeantes, como: detergen-
tes, perfumes, ácaros, cosméti-
cos, produtos químicos, estresse,
entre outros.

94 Patologias Cutâneas
Acne

A acne é uma afecção dermatológica de causa


etiológica e multifatorial que atinge as unidades
pilossebáceas, atingindo jovens e adultos com
uma incidência de 80% nos adolescentes. Provo-
ca alterações físicas e emocionais em virtude da
pele apresentar aspecto inestético pela presença
de comedões, pápulas, pústulas, cistos, nódulos e
gerar cicatriz hipertrófica (LIMA, 2006; MAN-
FRINATO, 2009).
Esta é uma das mais frequentes doenças con-
sideradas crônicas que acomete adolescentes.
Atinge meninos entre: 16 a 19 anos de idade, e as
meninas entre: 14 a 17 anos de idade.
Acne Vulgaris é uma doença inflamatória e crô-
nica que acomete o folículo pilossebáceo, possuindo
como fatores fundamentais: hiperprodução sebácea,
hiperqueratinização folicular, aumento da prolife-
ração por propioniubacterium acnes e inflamação
dérmica periglandular. Acomete todos os povos,
com uma menor incidência em orientais e negros
e se apresenta com uma maior gravidade no gênero
masculino (WINSTON; SHALITA, 1991; STEINER;
BEDIN; MELO, 2003).

UNIDADE 3 95
Classificação da Acne • Proliferação da Propioniobacterium acnes: o
hormônio estimula a elevação de pH (poten-
A seguir, conheça alguns tipos de acne: cial hidrogeniônico), que é normal a 5,5; com
Comedão: aumento de sebo, associado a células o estímulo chega a 7,4. Com esse aumento de
mortas que fecham a saída do poro, formando um pH, a pele fica básica, ou seja, há formação
tampão. A cor do comedão é dada em virtude do de bactérias.
contato do tampão com o ar ou está envolvida com • Resposta imune: o organismo se defende com
a produção de melanina. O comedão fechado é de a produção de mediadores de inflamação.
difícil visualização, sendo uma elevação cutânea de
cor esbranquiçada ou amarelada. O comedão aberto
é o vulgo cravo, não é elevado, entretanto pode-se
apresentar uma pequena elevação dura de cor preta. Os mediadores de inflamação são o monócito
Pápula: é a inflamação do comedão que se e o macrófago (células do sistema de defesa do
torna avermelhado e aumenta de tamanho, apro- organismo); o monócito move-se do vaso san-
ximadamente, de 1 a 4 mm. É dolorosa e se de- guíneo, com isso o macrófago vai defender o
senvolve principalmente do comedão fechado. organismo fagocitando (englobando) a bactéria,
O comedão aberto somente inflama quando é e o que sobra é o pus, a pústula.
manipulado sem asfixia.
Pústula: é a evolução da pápula, com a evolu-
ção da pele em uma bolsa de pus de profundidade Manifestação clínica da acne ocorre por grande
variável, acompanha prurido e dor. variedade de lesões que podem comprometer a
Nódulo: é uma lesão profunda, coberta por face, ombros, porção superior das costas e no tó-
pele normal que evolui até a inflamação e termina rax (RIBEIRO, 2006).
com a formação de cicatrizes. Os inimigos da acne são:
Cicatriz: as cicatrizes podem ser atróficas, hi- • Aumento de queratina.
pertróficas ou queloides. Os queloides se apresen- • Aumento de sebo.
tam como inchaço bem delimitados, de cor rosa • Aumento de bactérias.
a vermelho escuro, porém de formato irregular. • Aumento de inflamação.

Portanto, para combatermos a acne, devemos sem-


Fisiopatologia da Acne pre ter em mente esses quatro inimigos. Somente
dessa forma o tratamento vai ser satisfatório.
O surgimento da acne contempla um processo que Vejamos, agora, alguns fatores que podem
acontece nesta ordem: agravar os casos de acne:
• Ocorre uma hiperplasia ou aumento da glân- • Obstrução mecânica (obstruindo a passa-
dula sebácea. Isso acontece pelo aumento do gem do folículo).
hormônio sexual andrógeno. • Uso de medicamentos, como corticoides
• Hiperqueratinização do folículo piloso: de- e vitaminas do complexo B (aumento do
vido ao crescimento da queratina que faz estímulo hormonal).
uma obstrução do poro e com isso acontece • Cosméticos comedogênicos e com hidra-
a formação do comedão. tantes oclusivos.

96 Patologias Cutâneas
• Sudorese excessiva e a radiação UV. de maracujá, microesfera de polietileno,
• Estresse (estímulo hormonal). óxido de alumínio).
• Acnes com origem endócrina, originadas • Controlar a inflamação (extrato de calên-
de ovário policístico, hirsutismo. dula, extrato de camomila, alfa bisabolol,
• Período menstrual. ácido glicirrízico, alantoína).
• Alimentação rica em lipídios. • Controlar a proliferação das bactérias (tri-
closan antisséptico, própolis).
Ribeiro (2006) classifica a acne em quatro formas:
• Acne comedonal: apresenta tanto come- Na prática, esses cosméticos são aplicados sobre a
dões fechados como abertos, porém não pele na forma de esfoliação, que retira as camadas
apresenta processo inflamatório. mortas da pele e remove a queratina do extrato
• Acne suave: já existe a presença de pápulas córneo. Há a aplicação em forma de máscaras e
e pústulas. aplicações de ácidos químicos.
• Acne moderada: a presença de pápulas, Também pode se fazer uso dos equipamentos
pústulas e poucos nódulos. estéticos como:
• Acne severa: também chamada de acne • Alta frequência que é bactericida, germicida
conglobata, com a presença de pápulas, e fungicida.
pústulas e muitos nódulos. • Peeling de diamante e de cristal, que promo-
vem a esfoliação mecânica.
A abordagem terapêutica ou tratamento é realizado • Desincruste, que remove o sebo da pele.
com uso de cosméticos, fototerapia, ácido salicílico, • Ozônio, que é bactericida, fungicida e ger-
calêndula, óleo de melaleuca, camomila, aloe vera, micida.
absorvedores e adsorvedores de oleosidade e tam- • Aparelhos de LED, anti-inflamatório.
bém com o uso de equipamentos estéticos. • Fototerapia, anti-inflamatório.
• Laser de baixa frequência, anti-inflamatório.
• Microagulhamento para a cicatriz de acne,
faz a recomposição tecidual.
Substâncias absorvedoras são aquelas que ab- • Limpeza de pele, retira as células mortas e
sorvem a oleosidade que passa a ficar misturada diminui oleosidade.
com a substância (microesfera de sílica), enquan-
to as substâncias adsorvedoras são aquelas se li- Caro(a) aluno(a), chegamos ao término desta
gam a oleosidade (silicatos de alumínio e argilas). unidade, na qual aprendemos sobre as doenças
autoimunes, câncer de pele, micoses, dermatites
atópicas e acne. O conhecimento e entendimento
Os cosméticos para o tratamento da acne devem: dessas afecções permitirá a formulação de pro-
• Inibir a produção de sebo (asebiol, takal- tocolos terapêuticos utilizados na estética e cos-
lophone, microesponjas, argilas, óxido de mética, podologia e nas terapias integrativas e
zinco, alginato de sódio). complementares. O sucesso de um profissional
• Inibir a queratinização: queratolíticos quí- está em seu conhecimento teórico e prático. Na
micos (ácido glicólico, ácido mandélico, próxima unidade, aprofundaremos nossos co-
ácido salicílico, ácido retinóico); e querato- nhecimentos sobre as disfunções da pele. Até lá,
líticos físicos (semente de apricot, semente bons estudos!
UNIDADE 3 97
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Com base nos conhecimentos adquiridos nesta unidade, explique as barreiras


naturais da pele.

2. Assinale a alternativa que represente a estrutura antígeno:


a) São células de defesa que realizam a fagocitose.
b) São chamadas de imunoglobulinas; essas proteínas são produzidas pelas células
linfócitos B, frente a um estímulo antigênico.
c) São moléculas estranhas que são reconhecidas por não serem pertencentes
do organismo (próprias), que, quando penetram nele, estimulam a síntese de
proteínas específicas chamadas de anticorpos.
d) São células que sintetizam proteínas específicas para atuarem no sistema
complemento, estimulando, assim, a produção de linfócito B.
e) São conhecidos também como granulócitos, células que apresentam grânulos
enzimáticos em seu citoplasma.

3. Sobre a patologia melanoma, para ajudar na identificação desta neoplasia cutâ-


nea, criou-se o esquema de letras ABCDE. Descreva o significado de cada letra.

98
4. Vários são os fatores que influenciam a gravidade do quadro e o surgimento da
acne. Contudo, a elevação da carga hormonal com as modificações características
da pele são os principais responsáveis. É possível que a acne possua compo-
nente genético na conformação do folículo, facilitando a obstrução. Analise as
afirmativas a seguir:
I) A acne é mais incidente entre as meninas em relação aos meninos, corres-
pondendo, nesta etária adolescente, a aproximadamente 80% da queixa
dermatológica nos consultórios médicos.
II) A acne é bastante incidente entre os adolescentes e na mulher adulta.
III) Na acne, tem-se um processo infeccioso, não inflamatório da unidade pilos-
sebácea.
IV) A testosterona é o grande responsável pela formação e agravamento da acne.

Está correto apenas o que se afirma em:


a) I e II, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e I, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

5. Cliente do gênero feminino, 7 anos de idade, acompanhada de sua mãe, procura


atendimento queixando-se de pele grossa, com presença de fissuras, descama-
ção e saída de líquidos. Diante da exposição da cliente, responda qual é o nome
da afecção cutânea e cite os fatores que podem ter influenciado.

99
LIVRO

Dermatologia Estética
Autor: Maria Paulina Villarejo Kede e Oleg Sabatovich
Editora: Atheneu
Sinopse: Dermatologia Estética surge, agora em sua 3ª edição, atualizada e am-
pliada, mantendo, não obstante, a uniformidade de sua linha didático-expositiva,
que se define pelo estudo teórico-prático da dermatologia estética de modo
abrangente e atual. Essa linha tem como referência o ponto de cruzamento da
dermatologia com a cosmiatria e, como alicerce, a ética, sem o que, nessa malfa-
dada circunstância, perder-se-ia a consensualidade universal do conhecimento
científico, dando-se margem ao charlatanismo e a outras formas de tratamento
milagreiro. Aliás, o exercício profissional sob o respaldo da ética, sem sombra de
dúvida, é uma das grandes preocupações dos editores-chefes, a que se soma a
extrema confiabilidade de seu trabalho, cuja base é constituída pela casuística
e por evidências médicas.

100
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102
1. As barreiras naturais são elementos que protegem o organismo no geral, tornando mais difícil a penetração
de micro-organismos, sendo essas estruturas as que mais se destacam: pele (barreira mecânica contra
agentes invasores e traumas físicos), mucosas, pelos, lágrimas (enzimas que exercem função contra os
micro-organismos) e a saliva (empurram os micro-organismos para o estômago, possui ainda enzimas bac-
tericidas). A pele é uma barreira mecânica, possuindo ação contra a invasão de agentes invasores, possui
ainda outra função contra os micro-organismos, pela secreção de substâncias microbicidas, através das
glândulas que se encontram anexas a este órgão (LACRIMANTI, 2008).

2. C.

3. Cada letra possui um significado. Letra “A” corresponde à assimetria (formato irregular), letra “B” significa
bordas irregulares (limites externos que são irregulares), “C” de coloração variada (diferentes cores) e a
letra “D” para diâmetro que deve ser maior que 6 mm (LACRIMANTI, 2008). Para auxiliar ainda mais no
diagnóstico da patologia, pode-se incluir a letra “E” de evoluindo, que seria a mudança (evolução) que ocorre
na mancha, como tamanho, cor e forma.

4. B.

5. Dermatite palmoplantar. O que influenciou o surgimento da dermatite palmoplantar foi a idade, o clima
seco que tem uma menor umidade no ar, a alimentação e a lavagem com água muito quente.

103
104
105
106
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto

Disfunções da Pele

PLANO DE ESTUDOS

Lipodistrofia e
Envelhecimento
Hidrolipodistrofia ginoide

Calosidades, Verrugas
Discromias Estria e Flacidez
e Hiperidrose

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Identificar os vários tipos de discromias existentes. • Compreender as mudanças que ocorrem no organismo
• Estudar a formação e os tipos da lipodistrofia e do hidro- no processo de envelhecimento.
lipodistrofia ginoide. • Promover o conhecimento sobre as calosidades, as ver-
• Classificar os tipos de estrias e de flacidez por meio de altera- rugas e a hiperidrose.
ções que ocorrem nos diferentes tecidos do corpo humano.
Discromia

Olá! Neste tópico, vamos falar um pouco das dis-


cromias. Você já ouviu falar nesse nome? Prova-
velmente não desta forma. Sabe aquelas manchas
escuras ou sem cor, pintas, sardas (efélides) que
surgem quando tomamos muito sol?! Então, es-
tamos falando em discromias. Há vários tipos e
diferentes causas, vamos então conhecer e enten-
der um pouco sobre elas.
Para entender sobre as discromias, Ross e Pa-
wlina (2012) comentam que é necessário lembrar-
mos que a cor da pele depende da pigmentação
que é adquirida por meio da atividade melano-
gênica dentro dos melanócitos, da quantidade de
melanina produzida, da natureza química desta
proteína (melanina), bem como dos melanosso-
mas (organelas), estruturas intracitoplasmáticas
específicas, onde fica armazenada a melanina.
As discromias surgem quando ocorrem mo-
dificações na pigmentação da pele, em virtude
do aumento ou diminuição da produção ou da
distribuição da melanina, pigmento marrom-ene-
grecido ou avermelhado que fornece a cor da pele
e funciona também como fotoprotetor (KEDE;
SABATOVICH, 2015).

108 Disfunções da Pele


tes são melanodermia, manchas hipercrômicas,
hipercromias melanogênicas ou hiperpigmen-
tação (BORGES; SCORZA, 2015).

Melanócitos são células dendríticas localizadas


na camada basal que separa a epiderme da
derme. Essa camada fornece pigmento para os
queratinócitos e estes, por sua vez, fagocitam os
melanócitos que estão cheios de melanina, que é
sintetizada e armazenada pelos melanossomas a
partir do aminoácido tirosina, que foi convertido
pela enzima tirosinase.
Fonte: adaptado de Junqueira e Carneiro (1995).

Para aparecer a mancha, ocorre a síntese de


melanina da enzima tirosinase. Portanto, quan-
do inibimos a tirosinase, consequentemente,
temos a diminuição da produção de melani-
na. Antioxidantes, como a vitamina C, evitam
as reações de oxidação que estão presentes na
síntese de melanina da dopa para dopaquinona.
Isto é, não permitem que a dopa se transforme
em dopaquinona.

Dendritos

Grânulos
de melanina

Figura 1 - Tipos de discromias


Melanossoma
Núcleo
Essas alterações são realizadas pelos melanó- Aparelho de Golgi
Retículo
citos e pela organela melanossoma. Quando endoplasmático
Mitocôndria rugoso
há diminuição da produção de melanina, a al-
teração é chamada de hipocromia. Por outro
lado, quando nos deparamos com o aumento da Figura 2 - Melanócito
produção de melanina, as alterações decorren-

UNIDADE 4 109
Existem vários fatores que podem causar as man- Segundo Kede e Sabatovich (2015), a falta de pig-
chas no tecido cutâneo, como a radiação solar, o mentação (hipopigmentação) na pele também
envelhecimento, a gravidez devido aos hormô- pode ser hereditária, congênita ou adquirida; no
nios, fatores endócrinos, tratamentos com hormô- caso do albinismo, este é de caráter hereditário
nios sexuais, problemas vasculares e hemáticos, recessivo e acomete a pele, cabelos e olhos (al-
bem como a predisposição genética que tam- binismo oculocutâneo), onde temos células me-
bém influencia no surgimento desta condição lanocíticas que produzem a melanina. Quando
(STEVENS; LOWE, 1995). ocorre ausência desta proteína no paciente, este
As discromias podem ser classificadas devido apresenta também deficiência visual.
às diferentes etiologias, ou seja, o agente causa- Outra hipopigmentação da pele encontrada
dor da alteração da coloração da cútis, ressalva na literatura é o nevo acrômico. Este é descrito
Borges (2010), como no caso das Melanodermias por Kessel (2001) como hipomelanose de Ito (HI)
ou hipermelanose, que são caracterizadas como ou incontinência pigmentar acromiante. Esta dis-
manchas hipertônicas devido ao excesso de mela- função geralmente está presente desde o nasci-
nina, por um excesso de produção de melanócito. mento, sendo mais frequente no sexo feminino,
Por sua vez, as alterações denominadas como com herança autossômica dominante. Em alguns
leucodermia ou acromia ocorrem devido à dimi- casos, pode acontecer de repigmentar o local com
nuição ou ausência de melanina no tecido, cau- o passar dos anos.
sando manchas esbranquiçadas, mais claras que Encontramos também a hipercromia, que, pelo
a tonalidade da pele do indivíduo, sendo comum próprio nome, já demonstra que a cor na região
em áreas expostas (causadas pelo dano cumulati- acometida é mais forte. Esta disfunção não tem
vo dos raios ultravioleta ao longo da vida), como envolvimento de melanina, as manchas são decor-
antebraços e pernas, sendo frequente na popula- rentes de alterações vasculares, deixando assim a
ção (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, sua coloração arroxeada (EVELINE, 2006).
2017). Por outro lado, a Melanodermia ou hiperme-
lanose, segundo Brasileiro Filho (2013), é decor-
rente da hiperpigmentação melanótica, devido à
infiltração de melanina na camada profunda da
derme de melanina. Podem ser encontradas de
sete formas diferentes:
• Congênitas ou hereditárias: manchas
de tom castanho claro a escuro, de 2 a 3
mm de diâmetro, de forma arredondada
e delimitada, atingem as áreas com maior
exposição solar. Ex.: efélides (sardas).
• Nevo melanocítico: mancha congêni-
ta cuja cor é de café com leite, forma e
tamanho variado, surge em qualquer
região. Pode se apresentar em relevo ou
plana, podem ser associadas à presença
Figura 3 - Imagem de uma mulher que apresenta albinismo de tumor.

110 Disfunções da Pele


• Mancha mongólica: mancha azul acinzen- As manchas infecciosas podem aparecer junto a
tada, castanha, presença de melanócito na cicatrizes, sobretudo em pacientes que passaram
derme, hereditária, comum em pele escura, por intervenção cirúrgica, queimaduras ou mes-
presente ao nascimento e geralmente desa- mo feridas traumáticas. Por outro lado, as man-
parece até o terceiro ou quinto ano de vida. chas pós-inflamatórias podem aparecer após pro-
É de difícil tratamento. cedimentos estéticos que ocasionaram processos
• Melasma ou cloasma: é uma melano- inflamatórios severos (DRAELOS, 2012).
dermia espontânea, de contorno irregular, Os tratamentos para as discromias devem ser
com limites nítidos, de cor castanha clara seguidos de uso de despigmentantes e fotoprote-
ou escura. É mais comum em mulheres tores. Lembrando sempre que, para ter eficácia, o
após os 25 anos. Além do sol que é o princi- tratamento precisa ter um longo período de tem-
pal fator desencadeante, existem os fatores po. Os primeiros resultados começam a aparecer
etiológicos, a saber: predisposição genética, após cinco ou seis semanas de usos. Em alguns
contraceptivos orais, gravidez, cosméticos, casos, pode levar anos para o resultado, sendo
drogas, disfunções hepáticas e endócrinas, constantemente necessária a prevenção.
pós-menopausa (MIOT et al., 2006). Os ativos despigmentantes são:
• Hidroquinona 2%: utilizado no período
noturno, boa penetração. Inibe a tirosinase.
Temos que ter cuidado com o tempo de
uso para não causar o efeito rebote.
• Monometil éter de hidroquinona: inibe
tirosinase.
• Arbutin 10%: inibe a tirosinase, menor
eficácia e maior segurança.
• Ácido elágico: encontrado na romã. Inibe
a tirosinase.
• Ácido kójico: não causa irritação, inibe a
Figura 4 - Melasma
tirosinase, oxida facilmente.
• Lentigos: manchas senis, de cor castanha • Ácido ascórbico (vitamina C): reverte
escura-negra, causadas pelo acúmulo de as reações de oxidação que convertem a
danos provocados pelos raios solares ao dopa em melanina.
longo da vida. • Ácido fítico: inibe a tirosinase, não é ir-
• Melanodermias: possui diversas causas, ritante, pode ser utilizado durante o dia.
tais como atrito constante com a pele, me- • Ácido azelaico 15 a 20%: inibe a tirosi-
dicamentos, queimadura com o sumo do nase.
limão, figo e exposição ao sol. • AHA’S (alfa hidroxiácidos): promove
• Hiperpigmentação pós-inflamatória: esfoliação, removendo a melanina da epi-
mancha causada após um procedimento derme.
estético, como peeling químico, microa- • Extrato de farelo de arroz, extrato de
gulhamento, casos de acne inflamatória e uva: esfoliação leve, removendo a mela-
dermatites cutâneas. nina da epiderme.

UNIDADE 4 111
• Antipollon HT: absorve a melanina já Os mecanismos utilizados pelos despigmen-
existente Picnogenol; clareador via oral, tantes são de inibição da enzima tirosinase,
extraído da casca do pinheiro, o Pinus antioxidantes de precursores da melanina na me-
pinaster. Reduz a hiperpigmentação, logênese, diminuição de melanócitos e esfoliação
deixando a pele mais uniforme, neutra- dos queratinócitos.
liza os radicais livres promovidos pela Há outras manchas que não envolvem a me-
radiação solar, protegendo a pele do es- lanina, como as hipercromias: manchas marrons
tresse oxidativo. na sola dos pés em virtude da estase venosa. O
• Argila branca ou caulim: composta de processo de aparecimento se deve à circulação
silicato de alumínio, ação depurativa, ten- venosa comprometida, ou seja, o sangue que cir-
sora, reduz a inflamação (NUNES, 2015). cula dentro da veia tem dificuldade de retornar
• Óleo essencial de olíbano: atua como um ao coração. Como consequência, a veia dilata e
antioxidante que combate os radicais livres deixa de passar a hemossiderina, molécula que
e age contra as inflamações. contém ferro, ocasionando o depósito de ferro
• Óleo essencial de vetiver: clareia man- sob a pele, deixando uma coloração marrom. O
chas escuras. mesmo processo pode acontecer nas nossas tão
• Óleo essencial de copaíba: rico em ß-ca- temidas olheiras.
riofileno, que é um composto anti-inflama-
tório e que ajuda no clareamento de man-
chas escuras, cicatrizes e manchas de acne.
• Óleo essencial de pracaxi: suaviza man-
chas escuras causadas por alterações hor- Caro(a) aluno(a), nunca prometa para seu cliente
monais e também atenua manchas claras que a sua discromia vai desaparecer e não vai
senis e estrias recentes devido à presença voltar. O tratamento de discromia é para o resto
do ácido behênico. da vida, é uma afecção crônica que tem períodos
• Óleo essencial de rosa mosqueta: con- sintomáticos e assintomáticos. Portanto, o cliente
tém tretinoína natural que atenua as man- deve fazer a prevenção periodicamente.
chas escuras.

112 Disfunções da Pele


Lipodistrofia e
Hidrolipodistrofia
Ginoide

Caro(a) aluno(a), vamos falar de uma doença que


acomete a população mundial: a obesidade. Ela
está relacionada ao estilo de vida contemporâneo,
ou seja, as mudanças dos hábitos alimentares, as
pressões vivenciadas no dia a dia e a falta de exer-
cícios físicos nos trouxeram esse quadro. Quem
não conhece ou convive com pessoas acima do
peso? Pois é, isso está gerando uma grande preo-
cupação mundial devido ao volume de doenças
associadas, e, consequentemente, o aumento de
gasto público com a saúde.
O Brasil não fica fora da epidemia de obesida-
de. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais
da metade da população está obesa, ou seja, um a
cada cinco brasileiros está acima do peso (BRA-
SIL, 2018). Estima-se um aumento significante
para 2025.
Uma das melhores formas para alterar esses
dados é com a promoção da saúde implantada
no Sistema Único de Saúde (SUS). É preciso cons-
cientizar a população a ter hábitos saudáveis, pois
o ganho de peso interfere em toda a estrutura cor-
pórea, sobrecarregando muitos órgãos e regiões,
como joelhos e os pés.

UNIDADE 4 113
Embora o índice de obesidade venha aumen- nadas células adiposas, encontradas de forma iso-
tando a cada ano, ainda há aquelas pessoas que ladas ou em pequenos grupos ou, ainda, em grande
possuem apenas a lipodistrofia localizada. Neste número por todo o corpo (GUIRRO, E.; GUIRRO,
caso, existem, no mercado, inúmeros tratamen- R., 2004). É diferenciado pela sua estrutura, função
tos seguros e que exigem um curto período de e localização: tecido adiposo branco (comum ou
repouso. unilocular), tecido adiposo marrom (multilocular
ou pardo) e tecido adiposo bege (TASSINARY; SI-
NIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
Tecido Adiposo O tecido adiposo branco tem a função de
armazenar energia na forma de ácidos graxos e
Existem vários estudos que comprovam que a liberá-la durante os períodos de jejum ou maior
obesidade está ligada tanto a fatores genéticos demanda energética. Apresenta uma única gota
quanto a fatores ambientais. A distribuição da de lipídio e varia de tamanho de acordo com a
gordura corporal é classificada em dois tipos: quantidade de triacilglicerol (TAG) armazenada.
androide e ginoide. Androide é conhecida como A maior parte dos adipócitos dos adultos é do
maçã, na qual a gordura fica acumulada na região tipo branco. Além de armazenar energia, este teci-
abdominal, mais comum nos homens. A gordura do protege o organismo contra traumas, funciona
ginoide ou pera é aquela em que a gordura fica como isolante térmico, controla o metabolismo
acumulada nos quadris e coxas, mais comum nas por meio da produção e secreção de hormônios e
mulheres. citocinas. O tecido branco também atua na regu-
Um recente estudo demonstrou que as pessoas lação do apetite, balanço energético, sensibilidade
com acúmulo de gordura androide têm uma maior à insulina, angiogênese e metabolismo de lipídios,
probabilidade de mortalidade por doenças cardio- por meio da secreção de proteínas sinalizadoras,
vasculares. Essa gordura está associada à resistência chamadas de adipocinas (leptina, adiponectina
à insulina, hipertrigliceridemia, dislipidemia e infla- e resistina) (TRAYHURN, 2013; TASSINARY;
mação (FU; HOFKER; WIJMENGA, 2015). SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
O tecido multilocular ou marrom é diferen-
te do branco. Este apresenta inúmeras gotículas
lipídicas no citoplasma. Neste tecido, a energia
produzida se dissipa sob forma de calor, portanto
não fica armazenada sob forma de ATP (adeno-
sina trifosfato). Nos seres humanos, esse tecido
está presente durante o período fetal, porém sua
quantidade diminui após o nascimento, enquanto
nos adultos este tecido fica presente apenas ao
redor dos rins, da aorta e nas regiões do pescoço
e mediastino (KESSEL, 2001).
Estudos demonstraram que o tecido adiposo
Figura 5 -Lipodistrofia localizada bege apresenta tanto as características do tecido
branco quanto do marrom. Os adipócitos bege
O tecido adiposo é formado por células denomi- multiloculares apresentam capacidade térmica

114 Disfunções da Pele


e se originam de depósitos de tecido branco em
resposta ao frio e a outros estímulos.
Em condições basais, a termogênese é baixa,
mas quando recebem estímulos induzidos por
atividade física ou frio, os níveis aumentam. Por se
tratar de um tecido modulável e apresentar efeitos
benéficos na sensibilidade de insulina, como na
redução do peso corporal, vem sendo realizados
vários estudos com esse tecido. Contudo, ainda é
cedo para uma avaliação precisa nos processos
de perda de peso, é preciso uma melhor avalia-
ção e compreensão do seu processo de origem e
diferenciação (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINI- Figura 6 - Tipos de obesidade androide e ginoide
GAGLIA, 2018).

Lipogênese
O hormônio estrógeno está envolvido na lipogê-
Lipogênese é um conjunto de processos metabóli- nese, assim como as catecolaminas, que fazem
cos que possuem a função de sintetizar, armazenar, o estímulo dos receptores α2 adrenérgicos e os
incorporar TAG (triaciglicerol) no tecido adiposo. receptores neuropeptídios Y (NPY), que inibem
Para que esse processo ocorra, é necessário uma a adenilciclase e, em consequência, inibem a li-
série de fatores que incluem elementos nutricio- pólise. Esses receptores, na mulher, são encon-
nais, hormonais e genéticos que são diferentes trados em maior quantidade na região glútea e
em cada indivíduo (TASSINARY; SINIGAGLIA; nas coxas.
SINIGAGLIA, 2018). Por outro lado, os receptores β adrenérgicos es-
timulam a lipólise, ou seja, a quebra da célula de
gordura. Quando estes receptores são estimu-
Lipólise lados, eles ativam a enzima adenilciclase, sendo
assim, transformam ATP (adenosina trifosfato)
A lipólise é ativada quando falta energia no em AMPc (adenosina monofosfato cíclico); com
organismo. Para que isso aconteça, ocorre a ati- o aumento do AMPc, ocorre a ativação das en-
vação de hormônios lipolíticos juntamente com zimas que gera a lipólise. Esses receptores, na
seu receptor específico na superfície celular. mulher, são encontrados em maior quantidade
Isso resulta na ativação da enzima adenilciclase no abdômen.
que catalisa e transforma a adenosina trifosfa- Fonte: adaptado de Guirro E. e Guirro R. (2004).
to (ATP) em adenosina monofosfato cíclico
(AMPc) e que informa à célula que ela foi
estimulada pelo hormônio. Como resultado, Dentre os princípios ativos para o tratamento da
ocorre a quebra da célula adiposa em três áci- lipodistrofia segundo Tassinary, Sinigaglia e Si-
dos graxos e em um glicerol. nigaglia (2018), estão:

UNIDADE 4 115
a) Cafeína: pertencente ao grupo das xan- f) Paullinia cupana K.: é o guaraná,
tinas, que têm por função a lipólise. A ca- aumenta o metabolismo do tecido
feína inibe a enzima fosfodiesterase, com adiposo, possui alta concentração de po-
isso aumentam os números de AMPc nos lifenóis com ação antioxidante.
adipócitos que estimulam a lipólise, sendo g) Nicotinato de Metila: methyl nicotinate, é
assim, ocorre a quebra da célula de gor- um éster do álcool metílico e do ácido nico-
dura. tínico. Causa hiperemia no local da aplicação
em virtude do efeito vasodilatador.
h) Lombina: extrato de Chrysanthelium
indicam (lanachrys), inibe os receptores
α adrenérgico.
A enzima fosfodiesterase transforma AMPc (ade-
nosina monofosfato cíclico) em AMP (adenosina Além dos princípios ativos tópicos, temos no mer-
monofosfato), em consequência dessa transfor- cado os nutricosméticos, que são a ingestão de
mação, os níveis de AMPc diminuem, portanto alimentos para melhorar os aspectos estéticos. É
inibe a lipólise, ou seja, reduz a quebra da célula conhecido como “a beleza de dentro para fora”.
de gordura. Conhecemos, agora, alguns deles para o trata-
Fonte: adaptado de Ribeiro (2010). mento da liposdistrofia, como: extrato seco de
alcachofra, extrato seco de centelha asiática, ca-
feína, quitosana, pycnogenol, agarcil, faseolamina,
b) Cafeisilane C: ativo de origem biotec- extrato de manga africana, azeite de oliva, gengi-
nológica que associa a cafeína pura com bre e óleo de chia. Na fitoterapia, trabalha-se com
ácido algínico à molécula de silanol. Esse chá de casca de laranja amarga, chá verde, chá de
ativo reduz a formação e estocagem de gengibre, chá de melissa, chá de dente-de-leão,
triglicerídios nos adipócitos e reativa o entre outros (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 1998).
metabolismo celular. Além dos ativos, é possível realizar procedi-
c) Xantagosil: ativo acefilina com silício mentos médicos, biomédicos estetas, farmacêu-
orgânico. Este inibe a lipogênese e esti- ticos estetas e estéticos para o tratamento de li-
mula a lipólise, além de inibir a fosfo- podistrofia. Explicando cada um deles:
diesterase. a) Médicos: cirurgia bariátrica, abdomino-
d) Bioex antilipemico: composto de ex- plastia, lipoaspiração, todos os tratamentos
trato de algas fucus, arnica, castanha da invasivos.
índia, centelha asiática, hera, erva-mate. b) Biomédicos estetas, farmacêuticas
Ativa a microcirculação, o metabolismo estetas: tratamentos invasivos, como
e a lipólise. intradermoterapia com medicamentos,
e) L-Carnitina: tem a função de manu- hormônios e enzimas.
tenção do metabolismo energético, an- c) Estéticos: eletrolipoforese, carboxiterapia,
tioxidante natural, rico em flavonoide intradermopressurizada, radiofrequência,
que inibe o estresse oxidativo. Faz o ultrassom, lipocavitação, criolipólise, plata-
transporte de ácido graxo livre para a forma vibratória, massagens modeladoras,
mitocôndria. terapia combinada, entre outros.

116 Disfunções da Pele


Hidrolipodistrofia Ginoide

Durante a evolução da humanidade, o padrão


de beleza sofreu várias mutações. A massifica-
ção das comunicações promoveu um padrão
estético, na qual a adiposidade e a irregularida-
de da pele se tornaram pouco aceitas (SOUZA
PINTO et al., 1999). Quem é mulher ou convive
com uma sabe que muitas se incomodam com
aqueles furinhos indesejáveis que aparecem na
pele. Verdade ou mentira?
Figura 7 - Edema de cacifo em uma paciente com alteração
na pressão arterial e retorno linfático devido à obesidade Segundo Guirro, E. e Guirro, R. (2004), trata-
-se de uma desorganização localizada que aco-
Vários profissionais da saúde estão envolvidos mete o tecido dérmico e subcutâneo, compreen-
nos tratamentos, na prevenção e na promoção dendo alterações vasculares e lipodistróficos.
da saúde de pacientes com sobrepeso; por exem- Isso resulta em um tecido inestético e edematoso.
plo, no caso da Figura 7, o paciente apresenta Em outras palavras, é uma infiltração edematosa,
sinal de Godet. Esta característica é um sinal clí- de um tecido subnutrido, desorganizado, sem
nico avaliado por meio da pressão digital sobre a elasticidade, não inflamatória, seguida da poli-
pele, por pelo menos 5 segundos: se a depressão merização da substância fundamental amorfa,
formada não se desfizer imediatamente após a resultante de um mau funcionamento do sistema
descompressão, está confirmado o edema de circulatório e das consecutivas transformações
cacifo (inchaço) (BRASILEIRO FILHO, 2013). no tecido conjuntivo (BORGES, 2010).
Nestes casos, o paciente deve cortar as unhas com
profissional da Podologia, pois pode lesar e infec-
cionar, realizar drenagem linfática e outras séries de
acompanhamentos por um Esteticista e Cosmetó-
logo e tratamento com um Terapeuta Integrativo e
Complementar para melhorar a ansiedade e o estres-
se, porque, muitas vezes, as causas da obesidade são
fatores emocionais, sendo necessário agir no agente
etiológico da descompensação.
Fazendo uma breve recapitulação, neste tópico,
estudamos o que é gordura localizada, sua função
em nosso organismo, os tipos de células, o processo Figura 8 - Hidrolipodistrofia ginoide
de lipogênese e lipólise, as consequências geradas
pelo acúmulo de gordura e as formas de tratamentos. É um fenômeno de origem fisiológica,
Assim, agora você já é capaz de identificar como é característica do gênero feminino, tem causas
formada uma célula de gordura e quais ativos são multifatoriais, como fatores hormonais, predispo-
usados para obter sucesso em protocolos de trata- sição genética, inatividade física, dietas inadequa-
mentos. das, obesidade, distúrbios posturais e tabagismo.

UNIDADE 4 117
Os adipócitos da região ginoide são os mais responsivos ao estrógeno que induzem ao aumento da
deposição de gordura no local sob interferência de hormônios. Os adipócitos apresentam receptores
adrenérgicos (β) e adrenérgicos (α2) da adenilciclase. Na região ginoide (coxas e glúteos), os receptores
(α2) estão presentes em maior quantidade que os receptores (β), portanto ocorre a inibição da lipólise,
conforme estudado no tópico anterior da lipodistrofia (RIBEIRO, 2010).
A disposição do tecido adiposo é diferente entre homens e mulheres. Na mulher, o tecido encontra-se
perpendicular à superfície da pele, sendo assim, forma compartimentos retangulares que favorecem
a insuflação das células adipócitas; nos homens os planos são oblíquos (TASSINARY; SINIGAGLIA;
SINIGAGLIA, 2018).
FEMININA MASCULINA

Epiderme

Derme

Células
adiposas

Tecido
conjuntivo

Camada
reserva
de gordura

Músculos

Figura 9 - Disposição do tecido adiposo nas mulheres e nos homens

De acordo com Borges (2010), o hidrolipodistrofia ginoide divide-se em quatro formas clínicas:
• Branda ou flácida: localizada na pelve, coxa e braços. Surge após emagrecimento rápido, uso
de diuréticos, procedimentos mal realizados, como lipoaspiração e mesoterapia. Mobilização
das mudanças posturais. Atrofia muscular, microvarizes, pele fria, seca e rugosa.
• Dura, sólida ou compacta: localizada na porção inferior do corpo. Granulosa ao tato. Massa
dura e localizada. Não se altera com a movimentação postural. Pouca ou nenhuma mobilidade.
Sensação de frio nas extremidades.
• Edematosa: localizada nos membros inferiores. Obstrução tissular a nível das articulações.
Insuficiência circulatória e linfática, altera-se com a movimentação postural. Edema, varizes,
peso, prurido, câimbras. Aspecto casca de laranja. Ausência de cacifo.
• Mista consistente (dura): localizada na região consistente nas coxas, associada à flacidez, no
abdome ou, então, uma consistente na coxa, lateralmente acompanhada de uma flácida na parte
interna da coxa. É a forma mais comum do HLDG (hidrolipodistrofia ginoide).

118 Disfunções da Pele


Quanto ao grau, Guirro, E e Guirro, R. (2004) classificam a HLDG em:
• Grau I ou brando: não é possível a visualização a olho nu, somente pela compressão do tecido entre
os dedos ou contração voluntária; não há alteração de sensibilidade à dor, sendo sempre curável.
• Grau II: nesse grau já é possível a visualização a olho nu, mesmo sem a compressão dos tecidos,
com a luz incidindo lateralmente, as margens são facilmente delimitadas. Possui alteração de
sensibilidade e é curável.
• Grau III ou grave: nesse estágio, é percebido o acometimento do tecido em qualquer posição
que a pessoa esteja, ortostática ou em decúbito. A pele fica enrugada e flácida. O tecido apresen-
ta-se cheio de relevos, com a aparência de um “saco de nozes” ou “casca de laranja”. A sensibilidade
à dor está aumentada e as fibras do conjuntivo estão quase totalmente danificadas. Este estágio
grave é considerado como incurável ainda que passível de melhora.
• Grau IV ou muito grave: o tecido apresenta-se com as mesmas características do HLDG grau
III, a diferença é que, neste estágio, a pessoa sente dor à palpação e há presença de nódulos ou
depressões claramente visíveis a olho nu.
PELE NORMAL PELE COM CELULITE

Derme

Epiderme

Músculos

Células adiposas Capilares Células adiposas aumentadas Capilares comprimidos

Figura 10 - Tecido normal e tecido com HLDG

Princípios ativos para o tratamento do Hidrolipodistrofia ginoide

Os ativos precisam diminuir a lipogênese, estimular a lipólise, a fim de reestabelecer a circulação san-
guínea e atuar na diminuição de edema. Caro(a) aluno(a), como podemos identificar, os ativos são os
mesmos do tratamento da lipodistrofia localizada, porém na HLDG, teremos o aumento dos ativos
para diminuição de edema.

UNIDADE 4 119
A fosfodiasterase é a enzima já vista no tópico
anterior, que reduz a lipólise nas células adiposas,
ou seja, reduz a quebra de gordura. Um inibidor
da fosfodiasterase é a cafeína.
As metilxatinas, que possui efeito lipolítico,
inibem a fosfodiaterase, estimulam receptores β
adrenérgicos. Ex.: cafeína 8%, teofilina, aminofili-
na até 4%, extratos vegetais ricos em cafeínas, ama-
rashape cafeisilane, theophillisilane C, Xantagosil
C, extrato de Centella Asiática, extrato de castanha
Figura 11 - Tratamento para HLDG
da Índia, extrato de Ginkgo Biloba, Nicotinato de
Metila e lipostabil. Finalizamos o tópico de lipodistrofia e hidrolipo-
Os nutricosméticos para o tratamento da distrofia ginoide (HLDG), falamos da semelhança
HLDG são: extrato seco de alcachofra, castanha dos princípios, ativos e tratamentos. Por que será
da Índia, extrato seco de centelha asiática, camel- que ocorre essa semelhança? A lipodistrofia lo-
lia snensis, chá branco, chá vermelho, hibiscus, calizada é o acúmulo de gordura na qual se com-
quitosana, cavalinha, entre outros (TASSINARY; promete o tecido com êxtase venosa, tornando-o
SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018). Os fitoterápi- desnutrido, sem elasticidade. Consequentemente
cos são chá de cavalinha, suco detox com pepino, esse quadro resulta em HLDG. Portanto, para a
couve e gengibre, suco de uva Niágara e aplicação eficácia do tratamento, em primeiro lugar trata-
do pó da centelha asiática sobre a pele (MAHAN; mos a gordura localizada juntamente com o en-
ESCOTT-STUMP, 1998). trelaçamento das fibras elásticas, para que o tecido
Atualmente, existem no mercado inúmeros volte ao aspecto liso e uniforme. Ah, mas e aquelas
tratamentos para HLDG, lembrando que todos os pessoas que são magras e possuem HLDG? Sim,
tratamentos citados no tópico anterior também aí se trata de acúmulo de líquido intersticial que
sejam para HLDG, podemos acrescentar aqui a deve ser tratado com procedimentos e ativos que
endermologia, drenagem linfática, laser de baixa retirem esse líquido. Compreendeu, agora, como é
intensidade realizado por esteticistas e a subcisão realizado o tratamento e por quê? Espero que sim!
realizada por médicos. Vamos em frente, que ainda temos muito a estudar.

120 Disfunções da Pele


Estrias e
Flacidez

Este tópico será dedicado a descrever as disfun-


ções do tipo de estrias e flacidez que acometem a
pele, bem como os fatores que os desencadeiam
e seus devidos tratamentos.

Estrias

Neste momento, tratamos das tão temidas estrias,


afinal quem não possui pelo menos uma estria em
seu corpo? Como é difícil não ter pelo menos um
par, não é mesmo? Então, vamos estudar agora o
porquê que isso acontece.
O surgimento das estrias na pele está associado
a diversas situações, tais como patológicas ao resul-
tado de processos fisiológicos do organismo. Pode-
mos citar como exemplo o estirão da adolescência
ou o rápido ganho de peso, gravidez, medicações,

UNIDADE 4 121
doenças hormonais, doenças
crônicas hepáticas, uso de cor-
ticoides, próteses mamárias, e
predisposição genética (TAS-
SINARY; SINIGAGLIA; SINI-
GAGLIA, 2018).
Os fatores desencadeantes
que facilitam o surgimen-
to das estrias estão ligados
à diminuição do número e
do volume dos elementos da
pele e ao rompimento de fi-
bras elásticas. Observa-se que
a epiderme é delgada, e com Figura 12 - Estrias
a diminuição da espessura da
derme, as fibras colágenas es-
tão separadas entre si e as fi-
bras elásticas aparecem agru-
padas na periferia da estria.
As fibras colágenas normais
são redes densas e bem ordena-
das (paralelas entre si), para dar
resistência à pele, e as fibras elás-
ticas são mais finas e em menor
número, permitem que a pele Figura 13 - Tecido normal e tecido com estrias
possa ser esticada sem se romper,
retornando depois ao seu estado De acordo com Kede e Sabotovich (2015), as estrias se classifi-
normal. Em um tecido atrófico, cam de duas formas:
ou seja, com estrias, as fibras co- • Estrias Rubras é quando as estrias estão na sua fase inicial,
lágenas se tornam finas e escassas ou seja, o rompimento do tecido foi imediato. Estrias de
e a fibras de elásticas tornam-se coloração avermelhadas.
mais espessas e formam um aglo- • Estrias Albas é quando o processo de rompimento do
merado desordenado (GUIRRO, tecido já foi estabelecido. Estrias de coloração esbran-
E.; GUIRRO, R., 2004). quiçadas, chegando a ficar nacaradas.
Essas atrofias da pele se orga-
nizam paralelamente e bilateral- As estrias aparecem com uma maior incidência em regiões de
mente umas às outras, surgin- glúteos, seios, abdômen, coxas e região lombossacra, nas mu-
do tanto em poucos números lheres. Por outro lado, no sexo masculino, estas lesões, devido à
como em muitos, evidenciando distensão da pele, ocorrem mais nos ombros, glúteos, abdômen
um desequilíbrio elástico que e até nas costas, devido, muitas vezes, ao crescimento (GUIRRO,
caracteriza uma lesão na pele. E.; GUIRRO, R., 2004).

122 Disfunções da Pele


juntamente com o uso de equipamentos elétri-
cos. A partir de Tassinary, Sinigaglia e Sinigaglia
(2018), citamos:
• Fatores de crescimento: são moléculas de
proteínas ativas que regulam o ciclo celular,
possuem ação direta no núcleo da célula,
possuem função de regulação de respostas
inflamatórias e cicatrizantes, assim como
a manutenção e sobrevivência das células,
função de migração e diferenciação celular.
• Hidroxiprolisilane CN: é um composto
formado, principalmente, por silício, atua
na formação do colágeno.
• Regestril ™ (extrato de feijão verde):
possui características antioxidante e favo-
Figura 14 - Estrias rubras
rece a homeostasia do local.
• Opala: tem poder ativo derivado de uma
pedra de lava vulcânica, com função de
aumentar a síntese de fibroblasto.
• Óleo de macadâmia (nozes de macadâ-
Nas estrias rubras, a coloração pode ser mia): é um poderoso hidratante e forne-
avermelhada ou rosa-púrpura, enquanto cedor de lipídios.
as estrias albas esbranquiçadas são finas e • Ácido glicólico: derivado da cana-de-
altas. As estrias albas nacaradas são as bran- -açúcar é um ativo queratolítico e diminui
co-acinzentadas e mais grossas, podendo a espessura do estrato córneo.
chegar a medir de 2 a 4 mm de espessura. • Ácido retinóico (vitamina A): ação
queratolítica e esfoliante celular, estimula
a proliferação dos fibroblastos.
Atualmente, existem no mercado vários ativos • Ácido ascórbico (vitamina C): antioxi-
tópicos para o tratamento das estrias, porém, para dante que atua no processo de síntese de
se obter uma maior eficácia, é sempre utilizado colágeno.

UNIDADE 4 123
Falamos dos fatores de crescimento e de sua atuação. Contudo, precisamos conhecer quais são
esses fatores de crescimento e seus efeitos.
• PDGF é o fator de crescimento que possui efeito na formação de novos vasos, aumento do
tecido conjuntivo e ainda participa da síntese de formação de outros fatores, atua sobre
células mitogênicas.
• TGF-β1 ativação e proliferação de fibroblasto dérmico.
• EGF elimina cicatrizes e manchas da pele, reduz e previne linhas de expressões, acelera a
renovação celular.
• VEGF atua na permeabilidade vascular, aumento da angiogênese.
• HGF atua na formação de novos vasos e na fibrose.
• IGF-1 aumenta a remodelação do tecido, aumento da formação de colágeno e elastina.
• FGF aumento de fibroblasto e queratinócitos, formação de novos vasos.
Fonte: adaptado de Werner, Krieg e Smola (2007) e Freendberg et al. (2001).

Nutricosméticos para o tratamento das estrias são: vitamina C, colágeno hidrolisado, exsynutriment,
vitamina A, glycoxil, cobre, zinco, manganês e potássio.

Flacidez

Esse tema gera discussão entre autores, pois alguns entendem a flacidez de pele e a hipotonia muscular
como a mesma coisa, enquanto outros as distinguem.
A flacidez cutânea acontece pela diminuição das estruturas do sistema tegumentar, que são res-
ponsáveis pela sustentação do corpo. Esses elementos de sustentação são a elastina, os fibroblastos e,
por consequência, o colágeno.

124 Disfunções da Pele


A elastina é uma proteína que está diretamen-
te ligada com os movimentos do nosso corpo,
fornecendo a elasticidade. O colágeno também
é uma proteína que confere a sustentação.

Dentre os tratamentos estéticos disponíveis para


flacidez, estão o microagulhamento, a radiofre-
Figura 15 - Abdome com flacidez tissular quência, a carboxiterapia, a intradermoterapia, as
cirurgias plásticas, a microcorrente, a gessoterapia,
Segundo Guirro, E. e Guirro, R. (2004), flacidez a corrente russa e os exercícios físicos.
é a diminuição da firmeza (elasticidade) da pele, Dentre os cosméticos utilizados para o tra-
deixando-a com aspecto frouxo, mole e lânguido, tamento de flacidez, estão as argilas minerais,
promovendo os sinais do envelhecimento, que em especial a verde, que possui ação firmadora,
são consequências da diminuição de funciona- hidratante e estimulante do dimetilamitoetanol
mento do tecido conjuntivo, onde o colágeno fica (DMAE); palmitato de ascorbila (éster de vitami-
mais rígido, as fibras de elasticidade perdem sua na C), que induz o armazenamento e a produção
força, diminuindo, assim, a elasticidade. Com a de colágeno; raffermine (extrato hidrolisado de
diminuição das glicosominoglicanas e também a soja), que reorganiza as fibras de colágeno e de
redução da água, o desenvolvimento celular acaba elastina; retinoides tópicos estimulam a produção
diminuindo também. de fibroblasto; isoflavonas auxiliam nos fatores de
Várias são as causas que geram flacidez, dentre crescimento, entre outros (NUNES, 2015; TASSI-
elas: sedentarismo, envelhecimento, efeito sanfo- NARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
na (oscilações de peso), alimentação inadequada, No mercado, existem vários nutricosméticos
predisposição genética, estresse, disfunções hor- para o tratamento de flacidez, a função desses
monais e pós-gestacional (WALLMAN, 2016). ativos são de ativar a produção de fibroblastos,
A flacidez muscular ocorre quando os mús- favorecendo a produção de colágeno. Devido a
culos estão pouco tonificados. A musculatura esse fator, devemos utilizar os mesmos princípios
precisa estar sempre com uma tensão para que ativos do tratamento das estrias. Entre eles, te-
nosso corpo fique firme. A flacidez tissular é ge- mos o zinco, ferro, cobre, manganês, vitamina C,
rada quando a formação de colágeno e elastina colágeno hidrolisado, exsynutriment, vitamina
começam a diminuir, a pele fica solta (GUIRRO, A e glycoxil (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINI-
E.; GUIRRO, R., 2004). GAGLIA, 2018).

UNIDADE 4 125
Envelhecimento

O processo de envelhecimento é constante e ine-


vitável. Ao passarmos pelas etapas da vida, vamos
utilizando nosso organismo, gastando e repondo
energia, mas, assim como toda “máquina”, com o
excesso de uso, ela começa a apresentar alguns
sinais e sua funcionalidade fica alterada, muitas
vezes necessitando de manutenção.

126 Disfunções da Pele


nuição da elasticidade e extensibilidade da pele,
podendo surgir pigmentações no tecido cutâneo
decorrente da exposição aos raios ultravioletas e
ao mal funcionamento das células melanócitos. O
sistema de renovação das células fica mais defi-
ciente, consequentemente, as células sofrem com
a diminuição da nutrição e oxigenação celular.
O envelhecimento extrínseco, ou fotoenvelhe-
cimento, surge nos indivíduos de áreas em que
são expostas aos raios ultravioletas (repetidas
Figura 16 - Envelhecimento cutâneo vezes). As modificações cutâneas surgem ao lon-
Temos o envelhecimento cronológico (endógeno) go do tempo e se superpõe ao envelhecimento
que, juntamente com o envelhecimento por causa intrínseco. A pele acaba apresentando-se alterada
extrínseca (exógeno), faz que muitas estruturas e precocemente com aspecto senil (KEDE; SABA-
do nosso corpo sofram alterações. As alterações TOVICH, 2004).
visíveis a olho nu refletem-se no órgão pele, ou A radiação ultravioleta é absorvida através dos
seja, os sinais do envelhecimento das células que cromóforos da pele, DNA e ácido araquidônico,
compõe a pele, enxergamos através das famosas causando, assim, modificações, alterações quími-
“ruguinhas”, da flacidez tissular, do afinamento ou cas nos cromóforos, liberando os famosos radicais
do engrossamento da pele, dentre vários outros livres, que possuem a ação de oxidar as estruturas
aspectos. (dano oxidativo da pele) (LYON; SILVA, 2015).
Existem dois processos que levam ao envelhe-
cimento cutâneo o envelhecimento cronológico e
o extrínsico. O envelhecimento cronológico (in- Envelhecimento no
trínseco) é determinado, principalmente, pela ge- Tecido Cutâneo
nética. Nele estão presentes os efeitos naturais da
gravidade ao longo do tempo, alterações hormo- No envelhecimento da camada epiderme, obser-
nais, linhas de expressão e também a programação va-se a diminuição da área de contato entre as
genética de atrofia da derme e da tela subcutânea, camadas epiderme e a derme; consequentemen-
ocorrendo, também, a reabsorção óssea. te, há a diminuição de nutrientes para a camada
O envelhecimento extrínseco se refere à agres- superior, ocasionando, assim, a diminuição do
são causada por fatores externos (influência do índice de proliferação celular e das células que
ambiente), como a radiação UV, exposição a agen- estão em constante descamação, por redução hor-
tes químicos, tabagismo e vento. A radiação solar monal, ao qual provoca o ressecamento da pele
é o principal fator do envelhecimento extrínseco, (LACRIMANTI, 2008).
podendo gerar lentigos, retides, aspereza da pele Há, ainda, a atrofia desta camada com a de-
etc. (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, sorganização das células da camada basal, assim
2017). como ocorre também a diminuição da espessura
O envelhecimento geral da pele apresenta-se da camada córnea. Em relação às células, nota-se
com a diminuição da espessura da pele, que tende que diminuem de quantidade: os melanócitos e
a ser mais ressecada e pálida; há, ainda, a dimi- as células de Langerhans (RODRIGUES, 2012).

UNIDADE 4 127
Percebe-se a diminuição das células mela- Os vasos sanguíneos vão perdendo a capaci-
nócitos e de Langerhans que estão relacionadas dade de nutrir e de oxigenar as células da derme
com o sistema de defesa. Essas células acabam e da camada epiderme; consequentemente, há a
migrando da medula óssea para a camada diminuição também da função de eliminar as to-
epiderme, ainda na fase embrionária, ficando xinas do organismo. Esse conjunto de fatores faz
alocadas na camada basal (camada mais inter- que a renovação celular fique prejudicada (LA-
na da epiderme) e na derme (segunda camada CRIMANTI, 2008).
da pele, abaixo da epiderme) (LACRIMANTI, Com o envelhecimento, a barreira de prote-
2008). Desta forma, o tecido se torna mais vul- ção do nosso organismo, ao passar os anos, acaba
nerável a infecções, pois as células de defesa sendo afetada, pois há diminuição da espessura
encontram-se em menor quantidade. da pele (epiderme e derme), além da tendência ao
No envelhecimento, em consequência das alte- ressecamento da pele, descamação e fissura, ten-
rações causadas por esta fase da vida, há o declínio do menor resistência a agressões externas, pois a
da renovação celular, ocasionando uma maior camada lipídica encontra-se em deficiência (RO-
condição biológica para o aparecimento de tu- DRIGUES, 2012).
mores (RODRIGUES, 2012). Para Lacrimanti (2008), outra estrutura que
Na camada derme, começa a apresentar dimi- se modifica com o envelhecimento são os ca-
nuição das fibras de colágeno e elastina, conse- belos, ficando esbranquiçados à medida que o
quentemente, perde-se a elasticidade e o surgi- tempo passa (perda de melanócito no bulbo
mento da atrofia dérmica (LACRIMANTI, 2008). capilar). Com a diminuição do número das
As alterações ocorrem, também, em relação à tela glândulas écrinas (diminuição do suor) e dos
subcutânea, na qual a diminuição irá levar a um qua- folículos, os pelos acabam ficando mais finos.
dro de alteração do contorno da face, do preenchi- Os pelos, segundo Kede e Sabatovich (2015),
mento presente no dorso das mãos (LYON; SILVA, vão tornando-se esbranquiçados pela perda da
2015). A diminuição dos hormônios circulantes célula melanócito e, consequentemente, do com-
interferem na secreção das glândulas sebáceas, oca- ponente que ele produz (melanina), além de fi-
sionando a diminuição da oleosidade presente na carem mais quebradiços e, em algumas regiões,
superfície da pele (RODRIGUES, 2012). tornem-se mais escassos.

128 Disfunções da Pele


As unhas se tornam quebradiças, sem bri-
lho, ficando finas ou grossas. Nos pés, porém, é
muito comum se tornarem mais grossas e, em
alguns casos, devido à forma errada de realizar
o corte da extremidade distal da lâmina un-
gueal, pode encravar ao crescer (onicocriptose),
sendo necessário um profissional da área de
Podologia para cuidar da região, pois, em mui-
tos casos, a pele fica fina, podendo ser cortada
Figura 18 - Imagem dos pelos no envelhecimento. Diminui-
durante o corte das unhas (BEGA; LAROSA,
ção do número/ volume e perda do pigmento dos cabelos
2010). (esbranquiçados)

Depois de todo o conteúdo que estudamos neste


tópico, pode-se dizer que o envelhecimento é um
processo natural que pode ser acelerado por fato-
res externos, como a radiação ultravioleta, fumo e
estresse que acabam por liberar os radicais livres
responsáveis por fazer a degradação do colágeno.
Sabe-se que o envelhecimento é inevitável e que vá-
rios fatores contribuíram para a sua evolução, como
hábitos alimentares, genética, sexo, etnia, clima, den-
tre vários outros.
Figura 17 - Imagem dos pés de um idoso. Pele fina e unhas
espessas são características do envelhecimento Por meio do estudo do envelhecimento, podemos
criar estratégias para retardar este processo, adotan-
Por sua vez, as glândulas sebáceas, na fase do do hábitos de vida saudáveis, como: optar por uma
envelhecimento, diminuem a produção de sebo, alimentação saudável com componentes antioxi-
pois esta atividade está ligada com os hormô- dantes para auxiliar no combate aos radicais livres e
nios que, nesta fase, são menos estimulados. Há a inclusão de atividade físicas, em pelo, menos três
a diminuição no número e volume de pelos em vezes por semana.
todo o corpo (incluindo couro cabeludo que Existem recursos preventivos (uso do filtro solar)
irá sofrer influência ainda hormonal e gené- ou mesmo de reparação, a fim de retardar o enve-
tica), branqueamento do pelo com o avançar lhecimento ou amenizar as alterações causadas neste
da idade, espessamento dos pelos em algumas processo. Pode-se utilizar produtos cosméticos, der-
regiões, como nos supercílios, orelhas e fossas mocosméticos e realizar procedimentos estéticos a
nasais (LYON; SILVA, 2015). fim de melhorar a aparência e a saúde da pele.

UNIDADE 4 129
Calosidades,
Verrugas e
Hiperidrose

De modo geral, o aparecimento da calosidade se


dá por meio do atrito e/ou pressão exercido so-
bre uma região ou mais dos pés repetitivamente.
Este estímulo fará que o organismo produza mais
camadas de células queratinizadas e, como conse-
quência, ocorrerá o espessamento da camada cór-
nea (CAILLIET, 1975 apud SAVAREGO, 2015).
Pode apresentar, ocasionalmente, fissuras do-
lorosas por ser um tipo de ceratodermia. A calo-
sidade pode servir, ainda, como porta de entrada
de micro-organismos invasores. Esta afecção aco-
mete com mais frequência desportistas e operá-
rios (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA,
2013). Em alguns casos, não há relatos de dor, a
região acometida terá um aspecto rígido e área en-
durecida, causando um desconforto considerável
para o indivíduo (SAVAREGO, 2015).

130 Disfunções da Pele


Nas células epiteliais basais, encontram-se os
genes iniciais do HPV. A infecção geralmente se
desenvolve em um a oito meses após a exposição
inicial. Muitas vezes sem tratamento, essas ver-
rugas podem regredir espontaneamente ou per-
sistirem como lesões benignas ou mesmo evoluir
para um câncer (ELDER et al., 2011).
A verruga vulgar é a manifestação clínica mais
comum, são acometidas pelo HPV- 1, -2 e -4. São
pápulas ceratósicas, podendo ser únicas ou múlti-
plas, variando entre a cor da pele e amarelado; em
sua superfície, pode-se observar pequenos pontos
escuros, que seria a trombose de capilares dérmicos,
e esta manifestação pode ocorrer em qualquer local,
Figura 19 - Calosidade
porém é mais frequente em regiões de trauma, como
o dorso das mãos, dedos, região periungueal, coto-
velos e joelhos (RODRIGUES, 2012).
Verrugas A verruga plantar apresenta-se por pápulas
que crescem para dentro (devido à sua localiza-
As verrugas são causadas pelo vírus papilomavírus ção), são assimétricas e em pequena quantidade,
humano (HPV) e suas manifestações acometem podem medir de alguns milímetros a alguns cen-
pele e mucosas. São verrugas vulgares, verruga tímetros, podendo impedir a marcha normal e
genital do condiloma acuminado e outros menos causam dor ao indivíduo. Apresentam superfície
comuns, além da hiperplasia epitelial oral focal ceratótica grosseira, com capilares trombosados
(doença de Heck) (ELDER et al., 2011). Elas po- no topo das papilas (pontos negros) e, ainda, pode
dem surgir com mais facilidade caso a pele esteja observar anel periférico de espessamento da pele,
lesionada, com corte, pois, desta forma, facilita a o popular “olho de peixe” (AZULAY; AZULAY;
entrada do micro-organismo no tecido. AZULAY-ABULAFIA, 2013).
O quadro clínico da verruga irá variar de acor- A verruga plana caracteriza-se por pápulas
do com o tipo de HPV, a localização e a resposta achatadas de superfície lisa, podendo ser da cor
imune do hospedeiro frente à infecção (RODRI- da pele ou acastanhadas e pode apresentar-se em
GUES, 2012). bastante quantidade. Localiza-se, geralmente, no
Existem vários tipos de HPV e todos atingem dorso das mãos e na face de adolescente, podendo
as células epiteliais escamosas. A entrada deste mostrar-se com arranjo linear pelo fenômeno de
invasor no epitélio escamoso origina três tipos Koebner. Esta manifestação está associada com o
de infecções: i) a presença da infecção latente, a HPV-3 ao HPV-10 (RODRIGUES, 2012).
qual não apresenta evidências da doença, nem As verrugas filiformes são pouco numerosas
microscopicamente; ii) a infecção subclínica é e são elementos filiformes muito ceratósicos, iso-
a ausência da doença clínica, contudo, pode ser lados, com maior acometimento em adultos na
identificada por microscopia e a colposcopia; iii) região da face (AZULAY; AZULAY; AZULAY-
a doença clínica. -ABULAFIA, 2013). O condiloma acuminado lo-

UNIDADE 4 131
caliza-se na região genital e perigenital, apresenta As glândulas sudoríparas écrinas têm como fun-
lesões vegetantes, de superfície irregular, úmidas, ção principal manter a homeostase da tempera-
isoladas ou podem estar agrupadas (aspecto de tura corporal (termorregulação corporal) (KEDE;
couve-flor), associada ao HPV-6 e ao HPV-11 SABATOVICH, 2004).
(RODRIGUES, 2012). Existem dois fatores principais envolvidos
com o aparecimento da hiperidrose: emocional
ou cortical, termorreguladora ou hipotalâmica. A
Ceratodermia Plantar hiperidrose assimétrica acontece por alterações
neurológicas. A hiperidrose gustativa é um tipo es-
O surgimento da ceratodermia plantar ocorre pecial desta afecção e ocorre devido à alimentação
pelo espessamento exagerado da borda do calca- (ingestão de alimentos picantes e condimentados),
nhar e, posteriormente, o aparecimento de fissuras localiza-se na região dos lábios, fronte e nariz. A
dolorosas. Neste, observa-se que o fator genético hiperidrose gustativa na hemiface posterior a um
encontra-se, geralmente, envolvido. Indivíduos trauma cirúrgico ou, ainda, infecção da região pa-
com psoríase podem apresentar esta alteração rotidiana, consiste na síndrome de Frey (AZULAY;
(BOLOGNIA, 2010 apud SAVAREGO, 2015). AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013).
O suor pode ser sintetizado em situações em
que o indivíduo se sinta ansioso. A hiperidrose
Hiperidrose localizada nas regiões palmoplantar e na fronte
tende a ser causada por fatores emocionais; já a
A hiperidrose é caracterizada pela produção hiperidrose axilar pode ser de origem térmica ou
excessiva de suor que excede às necessidades emocional (KEDE; SABATOVICH, 2015).
fisiológicas. Esta afecção pode ser generalizada,
localizada, simétrica ou assimétrica (AZULAY;
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013). Hiperidrose Plantar

A Hiperidrose plantar caracteriza-se pelo aumen-


to da secreção de suor na região plantar dos pés.
Esta alteração causa um grande desconforto, po-
rém não limita os movimentos, nem atividades.
O aumento de umidade que pode ocorrer nesta
região poderá resultar no aparecimento de fungos
(SAVAREGO, 2015).
Esperamos que você tenha aproveitado ao má-
ximo o conteúdo desenvolvido nesta unidade.
A sua carreira depende muito das informações
Figura 20 - Hiperidrose disponibilizadas aqui. Até a próxima unidade.

132 Disfunções da Pele


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. As discromias são modificações na pigmentação da pele. Isso ocorre em virtude


do aumento ou diminuição na produção ou distribuição da melanina (pigmen-
to marrom-enegrecido ou avermelhado que fornece a cor da pele e funciona
também como fotoprotetor).
Analise as afirmativas a seguir:
I) Melasma é uma melanodermia espontânea, de contorno irregular, com limi-
tes nítidos, mais comum em mulheres após os 25 anos. Hipercromias sem
envolvimento de melanina.
II) Hipercromias sem envolvimento de melanina é o surgimento de manchas
marrons na sola dos pés em virtude da estase venosa.
III) Nevo melanocítico é um tipo de mancha congênita, que apresenta cor casta-
nha, presença de melanócito na derme, hereditária, comum em pele escura,
presente ao nascimento.
IV) Mancha azul acinzentada é um tipo de mancha congênita, sua cor é de café
com leite, forma e tamanho variado, surge em qualquer região.

Escolha a alternativa correta:


a) I e II estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) III e IV estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) I, II e IV estão corretas.

133
2. O tecido adiposo é formado por células denominadas células adiposas; são en-
contradas de forma isoladas ou em pequenos grupos, ainda, em grande número
por todo o corpo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Escolha a alternativa correta:
a) O tecido adiposo branco armazena energia na forma de adenosina trifosfato.
b) Durante o período fetal, é encontrado nos seres humanos o tecido adiposo
marrom e branco.
c) Lipólise é a formação da célula de gordura, e a lipogênese é a quebra da célula
de gordura.
d) Uma das características do tecido branco é atuar na regulação do apetite.
e) Os princípios ativos utilizados no tratamento da lipodistrofia localizada devem
atuar nas células de fibroblastos, pois estas induzem a quebra de gordura.

3. O surgimento das estrias na pele está associado a diversas situações, patológicas


ou resultado de processos fisiológicos do organismo. Podemos citar como exem-
plo o estirão da adolescência ou o rápido ganho de peso, gravidez, medicações,
doenças hormonais, doenças crônicas hepáticas, uso de corticoides, próteses
mamárias e predisposição genética (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2018).
Analise as afirmativas a seguir:
I) Estrias brancas ocorre quando o processo de rompimento do tecido já foi
estabelecido.
II) Nas estrias rubras, a coloração pode ser avermelhada, e as estrias nacaradas
são as esbranquiçadas e são mais finas.
III) Após a formação da estria, o tecido fica morto, sendo assim, de fácil tratamen-
to, pois a permeação de ativos fica facilitada neste tipo de tecido.

Escolha a alternativa correta:


a) Apenas I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.

134
4. Descreva sobre o envelhecimento cronológico.

5. As verrugas são causadas pelo vírus papilomavírus humano (HPV), e suas ma-
nifestações são nos tecidos cutâneos e nas mucosas. Sobre este tema, assinale
a alternativa correta:
a) A verruga vulgar é a manifestação clínica mais comum, são acometidas pelo
HPV-3 ao HPV-10. São pápulas queratinizadas, multiplicas, variando entre a cor
da pele e o acastanhado.
b) A verruga plantar apresenta-se por pápulas, são simétricas e geralmente estão
em grande quantidade; esta manifestação não causa dor ao indivíduo.
c) A verruga plana caracteriza-se por pápulas achatadas de superfície áspera,
podendo ser da cor da pele ou amareladas e pode apresentar-se em bastante
quantidade. Localiza-se, geralmente, na região genital.
d) As verrugas filiformes são extremamente numerosas, apresentando aspecto de
couve-flor. São elementos filiformes muito ceratósicos, com maior acometimen-
to, em crianças, na região dos pés (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013).
e) O condiloma acuminado localiza-se na região genital e perigenital, apresenta
lesões vegetantes, de superfície irregular, úmidas, isoladas ou, ainda, podem
estar agrupadas (aspecto de couve-flor).

135
LIVRO

Dermatologia de Fitzpatrick: Atlas e Texto


Autor: Klaus Wolff, Richard A. Johnson e Arturo P. Saavedra
Editora: AMGH EDITORA LTDA - GRUPO A.
Sinopse: Dermatologia de Fitzpatrick, agora em 7ª edição, ajudou a definir a área
da dermatologia em todo o mundo. Este guia abrange os principais problemas
dermatológicos e reúne imagens coloridas das lesões da pele, apresentando tam-
bém um resumo de cada distúrbio e os sinais que indicam doenças sistêmicas.

136
AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.

AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2017.

BEGA, A.; LAROSA, P. R. R. Podologia, bases clínicas e anatômicas. São Paulo: Martinari, 2010.

BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2010.

BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2015.

BRASIL. Com obesidade em alta, pesquisa mostra brasileiros iniciando vida mais saudável. Ministério da Saúde,
2018. Disponível em: http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43604-apesar-de-obesidade-em-al-
ta-pesquisa-mostra-brasileiros-mais-saudaveis. Acesso em: 17 out. 2019. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo
patologia geral. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

DRAELOS, Z. D. Dermatologia cosmética: produtos e procedimentos. Santos: Editora Santos, 2012.

ELDER, D. E. et al. Histopatologia da pele. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

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KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu Rio, 2015.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2004.
KESSEL, R. G. Histologia Médica Básica: A biologia das células, tecido e órgãos. Rio de Janeiro:
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LACRIMANTI, L. M. (coord). Curso didático de estética. 1. ed. São Caetano do Sul, SP: Yends, 2008.
LYON, S.; SILVA, R. C. Dermatologia estética: medicina e cirurgia estética. 1. ed. Rio de Janeiro:
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137
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, K. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 9. ed. São Paulo: Roca, 1998.
MIOT, L. D. B.; MIOT, H. A.; SILVA, M. G.; MARQUES, M. E. A. Estudo comparativo morfofuncional
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integral. Rio de Janeiro: KSN, 2015.
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RODRIGUES, M. M. (org.). Dermatologia do nascer ao envelhecer. 1. ed. Rio de Janeiro: MedBook,
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SAVAREGO, S. Técnico em podologia. 1. ed. São Paulo: Yendis, 2015.

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Investigative Dermatology, v. 127, n. 5, p. 998-1008, May 2007.

138
1. A.

2. D.

3. A.

4. O envelhecimento cronológico (intrínseco) é determinado, principalmente pela genética (nele está presentes
os efeitos naturais da gravidade ao longo do tempo, alterações hormonais, linhas de expressão e também
a programação genética de atrofia da derme e da tela subcutânea, ocorrendo também a reabsorção óssea)
(AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017). Uma boa explicação sobre o envelhecimento cronológico seria:
esperado, previsível, inevitável, de caráter progressivo e caracteriza-se por estar na dependência direta do
tempo da vida (ele acontece na medida em que o tempo passa) (KEDE; SABATOVICH, 2004).

5. E.

139
140
141
142
Me. Silvana Gozzi Pereira Lima
Esp. Valéria Fátima do Couto

Processo de Cicatrização

PLANO DE ESTUDOS

Cicatrizes Queloides,
Queimadura
Hipertróficas e Atópicas

Conceito e Fases do Diabetes e o


Processo de Cicatrização Processo de Cicatrização

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Descrever o processo de reparação tecidual. • Compreender as diferenças existentes no processo de


• Identificar e distinguir as cicatrizes hipertrófica, queloide cicatrização dos indivíduos diabéticos.
e atrófica. • Identificar os tipos e o grau da queimadura.
Conceito e Fases
do Processo
de Cicatrização

Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a)! Nesta unidade,


falaremos sobre como ocorre o processo de cica-
trização e suas consequências, como os tipos de
cicatrizes. Abordaremos, ainda, sobre a importân-
cia do sistema imunológico e seus constituintes no
processo de reparação tecidual e como indivíduos
com problemas de cicatrização, como os porta-
dores da patologia diabetes, reagem ao estímulo
agressor; discorreremos, ainda, sobre os tipos e
graus de queimadura. Esta unidade é de grande
importância para sua formação, pois o conheci-
mento acerca do processo de cicatrização deve
ser entendido por todos os profissionais da área
da saúde, a fim de promover sempre a saúde e o
bem-estar.
A cicatrização é um processo em que aconte-
ce o reparo por meio da proliferação do tecido
conjuntivo fibroso, onde o antigo tecido (preexis-
tente) será substituído por cicatriz fibrosa (MON-
TENEGRO; FRANCO, 2006).

144 Processo de Cicatrização


A proteção do corpo ocorre por meio de A primeira fase compreende a fase inflamató-
três principais linhas de defesa: primeira linha ria, em que o fluxo sanguíneo encontra-se aumen-
de defesa e representada pela pele, membrana tado na região lesionada; há o aumento de líquido
e mucosas; segunda linha de defesa ocorre pela no local e as células contidas no sangue e na pele
resposta inflamatória; e a terceira linha defesa realizam rapidamente a defesa. As lesões ficam
é gerada através da resposta imune (BRAUN; vermelhas, quentes e inchadas e o paciente relata
ANDERSON, 2009). sentir dor. O motivo por trás da inflamação é a
Após a lesão tecidual, uma cascata de eventos busca pela destruição dos patógenos agressores.
começa a ocorrer no tecido. Esse processo é di- Substâncias que possuem a capacidade de inativar
vidido em três fases: inflamatória, formação te- as bactérias cercam a área acometida pela lesão.
cidual e remodelação da ferida. Entretanto, essas Há, ainda, a ativação dos fatores de crescimento,
fases não são mutuamente excludentes, podendo que acabam por participar do processo de cica-
acontecer superposições temporais (AZULAY; trização (HILL, 2016).
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2008). A fase inflamatória, ou também conhecida
A reparação tecidual representa muito mais como “fase inicial”, ocorre imediatamente após a
que um processo linear desencadeado por fatores lesão, acontecendo uma vasoconstrição reflexa (5
de crescimento sobre as células inflamatórias, a a 10 minutos) e, posteriormente, acontece a vaso-
reparação é a interação entre mediadores solúveis, dilatação, apresentando, assim, as características
células parenquimatosas e matriz celular (AZU- de turgor, calor, rubor e dor (a intensidade dessas
LAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2008). características estarão relacionadas com o grau
Logo após a lesão, os tecidos agredidos liberam de lesão que ocorreu). Há, ainda, a formação de
mediadores químicos da inflamação, ocasionando um coágulo (plaquetas acabam aderindo-se aos
um processo inflamatório agudo juntamente com fatores subendoteliais e se agregam), que leva à
o exsudato fibrinoso na superfície, que, em conta- hemostasia e acaba auxiliando na coaptação das
to com o ar, acaba por formar uma crosta (auxilia bordas que se encontram lesionadas (LACRI-
a conter a hemorragia e protege o ferimento con- MANTI, 2008).
tra agressões externas). As células inflamatórias As inflamações agudas são de início rápido,
agem digerindo ou removendo detritos celulares, com os sinais característicos da inflamação evi-
corpos estranhos e bactérias, etapa importante dente (rubor, calor, dor e edema), com duração de
para que o tecido consiga fazer a reparação, po- um a dois dias (podendo este período ser maior
rém enquanto tiver a presença da inflamação, o ou menor) e de caráter exsudativo (FARIA, 2015).
processo de cicatrização não se completa (MON- A inflamação aguda possui resposta rápida e é
TENEGRO; FRANCO, 2006). responsável por levar os leucócitos e as proteínas
Os sinais da inflamação aguda são calor e rubor, plasmáticas para os locais onde ocorreram a lesão.
por conta da hiperemia causada pelo aumento do Quando as células leucócitos chegam na região,
fluxo de sangue no local, presença também de tu- removem os invasores e iniciam o processo de li-
mor (por meio do exsudato que acaba por infiltrar vrar-se ou digerir os tecidos necróticos (KUMAR;
o tecido). Neste processo, encontra-se a presença da ABBAS; ASTER, 2013).
dor e o distúrbio funcional causado pela dor (por A resposta inflamatória é essencial para a cura
exemplo: quando um dedo inflama, imobilizamos da lesão, porém ela também será a causa de le-
ele, por conta da dor) (FARIA, 2015). sões (no descontrole da resposta, em exagero). Os

UNIDADE 5 145
principais objetivos da inflamação são: o aumento também, tecidos necróticos e substâncias es-
de fluxo sanguíneo na região da lesão (resposta tranhas presentes no tecido. No entanto, uma
vascular); estimular a produção de produtos para vez ativados, podem induzir a lesão tecidual,
a reparação da lesão (resposta celular); e, ainda, de prolongando, assim, a inflamação, pois os com-
remover os tecidos que se encontram lesionados, ponentes que destroem micróbios produzidos
a fim de promover a cura (BRAUN; ANDERSON, por esta célula podem acabar lesionando os
2009). tecidos saudáveis do indivíduo (KUMAR; AB-
As inflamações são divididas em: agudas, su- BAS; ASTER, 2013).
bagudas e crônicas, sendo esta divisão baseada no Por outro lado, a inflamação conhecida como
tempo de evolução destas (FARIA, 2015). superaguda possui a evolução ainda mais rápida que
De acordo com Kumar, Abbas e Aster (2013), as inflamações agudas e, geralmente, são mortais,
a inflamação aguda possui os seguintes compo- por intensa atividade agressora do agente causal ou
nentes, que são considerados os principais: por baixa resistência do organismo (FARIA, 2015).
• As alterações vasculares: aumento do A inflamação crônica se caracteriza por possuir
fluxo sanguíneo e aumento da permeabili- uma duração prolongada, podendo ir de semanas
dade vascular, permitindo que as proteínas a anos, em que a inflamação ativa, a destruição dos
plasmáticas deixem a circulação, além das tecidos e a reparação por fibrose ocorrem simulta-
células endoteliais que são ativadas resul- neamente (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
tarem no aumento de adesão dos leucóci- A inflamação aguda pode evoluir para as in-
tos, assim como sua migração através das flamações subagudas e crônicas, devido à perma-
paredes dos vasos. nência do agente agressor que não foi barrado,
• Eventos celulares: migração das células destruído e continua se multiplicando e agindo,
leucócitos da microcirculação e seu acú- porém com menos intensidade (FARIA, 2015).
mulo na lesão (recrutamento e ativação Os mediadores químicos são substâncias de
celular), desta forma, tornam-se aptos para células e do plasma sanguíneo importantes para
estarem eliminando o agente agressor. desencadear a inflamação conhecida como aguda
e possuem sua ação controlada por meio de subs-
Os leucócitos possuem a função de retirar os cor- tâncias antagônicas (FARIA, 2015).
pos estranhos e bactérias; se acaso esses agressores A fagocitose é um fenômeno onde ocorre o
persistirem no local, a fase inflamatória pode aca- reconhecimento, captação e digestão, pela célula
bar perpetuando, dificultando, assim, a reparação fagocitária, dos materiais estranhos insolúveis,
do tecido. A geração de agentes quimiotáticos na como micro-organismos, corpos estranhos, entre
ferida geralmente é diminuída à medida que a outros (FARIA, 2015). As principais células fago-
lesão estiver limpa (AZULAY; AZULAY; AZU- citárias são os leucócitos e os neutrófilos.
LAY-ABULAFIA, 2008). A fase proliferativa representa o crescimento
Como já dito anteriormente, uma das ações de um novo tecido, a fim de preencher o “defei-
principais da resposta inflamatória é o trans- to” causado. No seio de uma matriz basófila e
porte das células leucócitos ao local da lesão e com a presença de edema, há a proliferação das
sua ativação, consequentemente. Estes ingerem células fibroblastos e de capilares. Os capilares
os agentes considerados ofensivos, destruin- originam-se a partir de brotados das células en-
do bactérias e outros micróbios, e eliminam, doteliais (MONTENEGRO; FRANCO, 2006).

146 Processo de Cicatrização


Em algumas feridas, essa fase pode perpetuar
por até dois anos, por isso os cirurgiões plásti-
cos dizem a seus clientes de abdominoplastia ou
Angiogênese é um processo onde as células de face lifts que as cicatrizes podem levar de seis
epiteliais acabam produzindo proteases que de- meses até um ano para melhorarem de aspecto,
gradam a matriz extracelular; posteriormente, porém durante esse período, as cicatrizes podem
migram para os espaços perivasculares, proli- sofrer alterações e acabarem engrossando e se
feram-se e se alinham formando novos vasos. alargando (HILL, 2016).
Fonte: adaptado de Montenegro e Franco (2006).

Formação
No período após a lesão de uma a seis semanas, e da Cicatriz
em conjunto com a fase proliferativa, a produção
do colágeno continua intensamente. Durante este Se a lesão no tecido é grave ou crônica, pode re-
tempo, o colágeno acaba sendo depositado de for- sultar em danos às células do parênquima e do
ma aleatória (microscopicamente); com o avançar tecido conjuntivo ou, ainda, se as células que não
do processo de cicatrização, apresenta-se a fase possuem a capacidade de se multiplicarem forem
de remodelação, em que este colágeno se tornará lesionadas, o reparo não acontecerá apenas por re-
mais organizado (HILL, 2016). generação, ocorre então o reparo por substituição
Caracteriza-se esta fase pela remodelação da das células não regeneradas por tecido conjuntivo
matriz extracelular e a apoptose ou, ainda, pela e, como resultado final, observa-se a formação de
diferenciação celular. O tecido de granulação uma cicatriz no local da lesão (KUMAR; ABBAS;
da matriz extracelular (composição e estrutura) ASTER, 2013).
é função do intervalo de tempo e da distância A proliferação e migração das células fibro-
existentes entre as margens da lesão, ou seja, nas blastos na estrutura do tecido de granulação dos
feridas maiores, inicia-se nas margens da lesão vasos sanguíneo novos, assim como na matriz
a remodelação da matriz extracelular, a matura- extracelular (MEC) frouxa, acontece por meioda
ção da neoepiderme, neovascularização e a fi- liberação no local lesionado dos fatores de cresci-
broplasia, enquanto que, no espaço mais central mento e das citocinas, que acabam por induzir a
da lesão, há a formação do tecido de granulação proliferação e migração dessas células (KUMAR;
contínua (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABU- ABBAS; FAUSTO, 2005).
LAFIA, 2008). O reparo do tecido lesionado ocorre por de-
Na etapa de remodelação ou maturação, as- posição do tecido conjuntivo, o qual consiste em
sim como o nome diz, acontece a remodelagem um processo sequencial à resposta inflamatória:
do colágeno, que irá se manter por meses após formação de novos vasos, migração e prolifera-
a reepitelização; além disso, há a diminuição ção das células fibroblastos e deposição do tecido
progressiva dos vasos neoformados, fazendo conjuntivo (somado com os vasos e leucócitos,
que aconteça a regressão endotelial. Nesta fase, é chamado de tecido de granulação) e a matu-
a cicatriz torna-se menos rija e espessa, indo da ração e reorganização do tecido fibroso (com o
coloração rosada para a esbranquiçada (LA- objetivo de produzir uma cicatriz fibrosa estável)
CRIMANTI, 2008). (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).

UNIDADE 5 147
Ocorre a proliferação de um tecido fibroso na o tamanho, localização e o tipo de ferida podem estar
região lesionada. No início, a cicatriz possui a co- influenciando a cicatrização do tecido.
loração rosácea, podendo tornar-se hiperpigmen- Os ferimentos em áreas que possuem rica vas-
tada ou hipo, apresentando-se elevada, retrátil ou cularização (face, por exemplo) cicatrizam mais
aderida. Os tipos de cicatrizes são: atrófica (pele rápido, porém, nas áreas com menos vasculari-
fina e pregueada), cíbrica (perfurada por orifícios zação, como o pé, isso não acontece. As lesões
pequenos), hipertrófica (elevada, lesão apresenta menores incisionais cicatrizam primeiro e a for-
ser nodular, vascular e origina-se através do ex- mação da cicatriz é menor, quando comparamos
cesso da proliferação fibrosa), queloide (elevada, com feridas incisionais grandes ou ainda feridas
pós-trauma, diferencia-se da cicatriz hipertrófica, causadas por trauma fechado (KUMAR; ABBAS;
porque esta não respeita os limites da ferida, pre- FAUSTO, 2005).
domina nos adultos) (RODRIGUES; CARDOSO;
CAPUTO, 2004).
Cura por Intenção

Fatores que Influenciam na Dependendo da natureza, extensão da lesão e


Cicatrização das Feridas profundidade, dentre vários outros fatores, a cura
para as feridas cutâneas pode ocorrer por pri-
Os fatores sistêmicos que irão influenciar na ci- meira ou segunda intenção. Veremos a seguir as
catrização das lesões são: nutrição (por exemplo, características de cada tipo de cura por intenção.
a deficiência proteica, e podemos destacar a de- A cura de primeira intenção é caracterizada
ficiência de vitamina C, que resulta na inibição por um número limitado de mortes das células
da síntese do colágeno e, consequentemente, há epiteliais do tecido conjuntivo, ou seja, lesões me-
a retardação da cicatrização do tecido), a condi- nores e menos profundas; desta forma, o principal
ção metabólica (por exemplo, o diabetes meli- mecanismo de reparo torna-se a regeneração epi-
to, em que há um problema de cicatrização, em telial, onde uma pequena cicatriz é formada com
que o metabolismo fica mais lento), condição a contração mínima da ferida (KUMAR; ABBAS;
circulatória (por exemplo, quando há algum pro- FAUSTO, 2005).
blema circulatório, como ocorre em anormalida- Por outro lado, os ferimentos com grande ex-
des venosas, acabam por debilitar a cicatrização), tensão, profundos e abertos devem ser curados
e os hormônios, como os glicocorticoides (efeito por intenção secundária. Estas lesões curam-se de
anti-inflamatório que acaba por inibir a produ- dentro para fora. O processo de cicatrização ocor-
ção e colágeno pela célula fibroblasto) (KUMAR; re de maneira mais lenta e complicada se compa-
ABBAS; FAUSTO, 2005). rarmos com a cura por primeira intenção. Este
Outros fatores como as infecções, estados emo- tipo de cicatrização resulta em um risco maior de
cionais, como o estresse, traumas mecânicos repetiti- ocorrer uma infecção no indivíduo e a formação
vos, corpos estranhos presentes na lesão, assim como de cicatrizes (BRAUN; ANDERSON, 2009).

148 Processo de Cicatrização


Cicatrizes Queloides,
Hipertróficas e Atróficas

Quando ocorre alguma alteração no processo ci-


catricial após uma lesão, os mecanismos de con-
trole, que normalmente regulam o equilíbrio do
reparo e regeneração de tecidos, ficam acometi-
dos, alterando o formato das cicatrizes.
Entre estas, podemos encontrar o queloide, a
hipertrófica e a atrófica. O queloide e a hipertró-
fica costumam causar confusão em relação ao
diagnóstico. Neste tópico, iremos abordar quais
são as diferenças presentes em cada tipo de cica-
triz, a fim de saber como identificá-las.
As cicatrizes queloides e hipertróficas são pro-
liferações fibrosas, de caráter eritematoso e são ca-
racterizadas por se elevarem sobre o nível da pele,
podendo ocorrer após vários estímulos que irão
lesionar a pele, como lacerações, traumas cirúrgi-
cos, queimaduras, vacinação, acne, dermoabrasão,
colocação de brincos etc. Observa-se, ainda, que
pode acontecer como uma ocorrência espontânea.
Estas possuem a capacidade de atingir a derme
profunda (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABU-
LAFIA, 2017).

UNIDADE 5 149
Queloide quanto hipertrófica, sendo mais comum nos ne-
gros, chineses e japoneses, quando comparamos
As cicatrizes que apresentam queloide possuem com a população caucasiana. Sobre a topografia,
como característica principal o aumento da espes- identificou-se que os europeus que moravam em
sura do tecido cicatricial e a elevação dele, com trópicos tinham maior incidência do que os que
uma superfície bocelada ou lisa. Sua coloração habitam em regiões temperadas.
pode ser avermelhada ou hipercrômica. Esta for- Sobre o queloide, foram levantadas teorias
ma de cicatrização geralmente atinge a derme, hormonais para ajudar a explicar o seu apareci-
porém existem alguns raros casos em que ela pode mento, porém nada foi comprovado. Alguns me-
atingir a epiderme (camada córnea), como, por canismos imunológicos estão envolvidos com o
exemplo, na síndrome de Lowe (PRADO; RA- aparecimento do queloide (ação antigênica da
MOS; VALLE, 2018). Infelizmente, esta alteração secreção sebácea e o aumento de imunoglobuli-
da cicatriz não apresenta regressão espontânea, nas) e todo o processo pode ser influenciado por
tendo característica muitas vezes de recidiva. genes; há ainda associações entre o queloide e al-
Os queloides são considerados, para alguns au- gumas síndromes genéticas, como a síndrome de
tores, tumor benigno comum, onde há a formação Rubinstein-Taybi e Lowe (relação com a forma-
de tecido cicatricial em excesso, após um trauma ção de queloide na córnea) (AZULAY; AZULAY;
ou condição inflamatória da pele, por exemplo, AZULAY-ABULAFIA, 2017).
a acne vulgar. Esta prolifera-se de forma descon- Apesar de ainda não estar completamente escla-
trolada, ultrapassando o nível da lesão (expande recida a causa desta cicatriz, sabe-se, de acordo com
além das bordas da cicatriz subjacente), enquan- estudos realizados, que sua fisiopatogenia pode estar
to a cicatriz conhecida como hipertrófica possui relacionada com fatores de origem sebácea, vascu-
como característica a produção do mesmo tecido lar, melanocítica, infecciosa, metabólico-nutricional,
cicatricial, que acaba por permanecer dentro do dentre outros (PRADO; RAMOS; VALLE, 2018).
limite da borda original da cicatriz (ANDERSON, Entre as regiões do corpo humano onde existe
2014). O queloide possui a formação de colágeno maior probabilidade de desenvolvimento de cica-
desorganizado e em excesso. trizes queloidianas, podemos citar os ombros, a re-
A incidência ocorre com maior frequência em gião pré-esternal, o rosto e os lóbulos auriculares.
jovens entre 15 e 40 anos, possuem risco maior Geralmente, iniciam-se como pequenas pápulas
de manifestar-se na segunda década de vida, não vermelhas pruriginosas; posteriormente, crescem
havendo diferença entre os gêneros feminino e de forma rápida e tornam-se nódulos e placas (AN-
masculino (PRADO; RAMOS; VALLE, 2018). DERSON, 2014). Tanto as cicatrizes queloide quan-
Os locais do corpo de maior ocorrência são no to as hipertróficas geralmente apresentam-se como
lobo da orelha, no peito e nos braços, porém pode assintomáticas, mas como cada indivíduo se difere
acometer qualquer região do corpo. Pode manifes- um dos outros, na literatura podem ser encontrados
tar-se em ambos os sexos igualmente, assim como pacientes que apresentam dores ao toque e prurido.
em qualquer faixa etária (ANDERSON, 2014). De acordo com a região que se apresentam, a dor
A topografia, assim como a raça, pode influen- pode causar limitação de movimentos, além de com-
ciar no aparecimento das cicatrizes tanto queloide prometimento psicológico (WOLFF et al., 2019).

150 Processo de Cicatrização


Cicatriz Hipertrófica delgadas. Surgem pela cicatrização de uma pele
muito fina, como na pele de idosos, por exemplo,
A cicatriz hipertrófica pode aparecer após uma em suturas, infecções ou em ferimentos que evo-
lesão e permanece no limite da área deste trauma, luem com a tração das margens.
pode ser grande, é pruriginosa (mesma caracte- Podem ocorrer em indivíduos com proble-
rística que a queloide) e possui coloração rosa e mas de cicatrização (exemplo: diabetes) e também
vermelha. Essas cicatrizes são menores e possuem que tenham problemas nutricionais ou, ainda,
menor extensão quando comparadas ao queloi- em regiões que possuam alterações neurológicas
de, por isso geralmente são mais fáceis de serem (exemplo: paraplegia por lesão medular) (BOR-
tratadas (ANDERSON, 2014). Pode apresentar- GES; SCORZA, 2016).
-se sintomática e com o tempo vir a aumentar de Caracteriza-se esta alteração pela perda dos
consistência. componentes que dão sustentação para a pele; um
exemplo deste tipo de cicatriz seriam as estrias
(rompimento das fibras de colágeno e elastina) e
as cicatrizes causadas pela acne.

Figura 1 - Cicatriz Hipertrófica

Figura 2 - Cicatriz atrófica na face


Esta cicatriz, assim como o queloide, apresenta-se
elevada, porém limita-se à área onde ocorreu a
lesão originalmente, não é tão intensa, respeita os
limites da cicatriz e pode, com o tempo, regredir
sozinha, tornando-se mais plana (WOLFF et al.,
2019).

Cicatriz Atrófica

A cicatriz atrófica apresenta-se como uma lesão


afundada (depressão do tecido), ou seja, abaixo
do nível da pele, são ainda deprimidas, pálidas e Figura 3 - Cicatriz atrófica causada pela acne

UNIDADE 5 151
Diabetes e
o Processo
de Cicatrização

Neste tópico, daremos início aos estudos sobre


diabetes e o processo de cicatrização. Estudaremos
o que é diabetes e quais as consequências que ela
pode causar em termos de cicatrização. Prepara-
dos para os estudos? Então, vamos lá!
Para compreendermos sobre diabetes, preci-
samos saber primeiramente o que ela é. Segundo
Barbuí e Coco (2002), diabetes mellitus é uma
disfunção metabólica que tem por característica
a incapacidade de produção hormonal no pân-
creas ou surge a partir da ineficiência da insulina
ao atuar sobre as células insulinodependentes,
e, como consequência, ocorre um desequilíbrio
na quantidade de glicose circulante na corrente
sanguínea.

152 Processo de Cicatrização


A diabetes mellitus é uma doença que apresen-
ta uma grande incidência na população mundial.
Calcula-se que o Brasil terá, aproximadamente,
11,3 milhões de portadores da doença em 2030 Artelhos são os termos usados na anatomia para
(BRASIL, 2010). Isso se deve a fatores como o os dedos dos pés dos vertebrados. São formados
envelhecimento da população, o estilo de vida e por três falanges, exceto o hálux (dedão), que
a urbanização, dieta inadequada, sedentarismo, possui apenas duas falanges (ossos).
consumo de tabaco e o elevado consumo de álcool
(WHO, 2002).
O paciente/cliente diabético apresenta difi-
culdades de cicatrização, deficiência circulatória
e neuropatias, e os profissionais da área da saúde
devem tomar as devidas precauções e cuidados
especiais perante esses casos.
As lesões em pacientes não diabéticos, como
uma simples onicocriptose grau I (unha encra-
vada), procedimentos com agulhas, como na
acupuntura, calo plantar, entre outros, são leves.
Contudo, no caso de pacientes diabéticos, todos
esses procedimentos devem ser minuciosamente
avaliados e acompanhados.
Figura 4 - Pé diabético
Fica claro que, em se tratando de um pé diabé-
tico, primeiramente deve ser avaliada a sua capa- Em virtude das complicações vasculares que
cidade de circulação sanguínea, pois a obstrução geram diminuição ou bloqueio da circulação, o
de grandes vasos pode incidir em uma diminuição excesso de glicose (açúcar) prejudica o sistema
da pulsação de pontos importantes no pé, como, imunológico. O pé fica com alterações de sensi-
por exemplo, a diminuição da temperatura, esfria- bilidade, podendo, assim, surgir ferimentos locais
mento aumentado das extremidades, ausência ou que os portadores da doença nem percebem. Uma
redução de pelos na região dos artelhos. simples batida pode evoluir para uma ferida, esta
Os pés dos diabéticos precisam de um cuida- para úlceras e, se não forem rapidamente tratadas,
do especial com a limpeza diariamente. Necessi- podem evoluir para um necrose, ou seja, amputa-
tam ser lavados com água abundante e sabonete ção do membro (KUHN, 2006).
antisséptico. A secagem deve ser realizada sem Quando nos machucamos e o tecido do nosso
fricção local. Os espaços entre os artelhos devem corpo é lesionado, rapidamente o organismo desen-
ser muito bem enxutos para evitar as infecções cadeia uma cascata de reações celulares e bioquí-
fúngicas. Unhas devem estar sempre aparadas em micas para restaurar o tecido que foi lesionado. É o
formato para que não provoquem lesões e para que chamamos de sistema de defesa do organismo,
impedir que encravem, cabendo ao profissional nossos glóbulos brancos. Quando temos um excesso
de podologia passar estas informações (BARBUÍ; de glicose no nosso organismo, as células de defesas
COCO, 2002; CAILLIET, 1975). ficam menos eficazes.

UNIDADE 5 153
Em um organismo com diabetes, esse processo ocorre de
forma lenta. Essa lentidão no processo de cicatrização se deve
a vários fatores, entre eles estão: a produção excessiva de es-
pécies reativas ao oxigênio que gera um aumento de apoptose
celular, o que significa que algumas células vão morrer antes de
concluir seu papel; a diminuição de óxido nítrico; diminuição
da resposta dos fatores de crescimento (GFs); e diminuição da
via de sinalização da insulina (BREM; TOMIC-CANIN, 2007;
KOLLURU; BIR; KEVIL, 2012).
Os profissionais do bem-estar devem indicar a seus pacientes a
prática de atividade física, pois aumenta a circulação local;uso de
calçados apropriados; indicar a permanecer com as pernas leve-
mente elevadas por um período, para auxiliar a circulação. Quando
for percebida qualquer alteração, mesmo que um edema, deve-se
avaliar como uma condição grave e encaminhada ao profissional
competente.

Você já ouviu falar em ozonioterapia? Esta é uma técnica que está


sendo utilizada como tratamento coadjuvante na ferida do pé
diabético. Trata-se de uma técnica que mistura os gases oxigênio
e ozônio (ozônio medicinal). Esse gás é considerado um potente
oxidante, tem propriedades analgésicas, é antimicrobiano, esti-
mula a formação de novos vasos, aumentando a circulação local
e acelera a formação do tecido de granulação, ou seja, acelera o
processo de cicatrização.
Fonte: adaptado de Rodrigues, Cardoso e Caputo (2004) e Cardoso,
Macedo e Carvalho (2002).

154 Processo de Cicatrização


Queimadura

Vamos falar, agora, das queimaduras. Quem já


sofreu ou conhece alguém que já passou por uma
queimadura? Sim, o processo é dolorido e para
a reabilitação, conforme o caso, são necessárias
várias cirurgias para melhorar o aspecto do te-
cido lesionado. Pois bem, vamos então saber o
que é e quais os tipos de queimadura (BARRET;
HERDON, 2003).
Queimaduras resultam da ação direta ou indi-
reta do calor sobre o organismo humano, oriundas
de agentes térmicos, químicos ou elétricos; esses
agentes são capazes de produzir a morte celular.
São classificadas em primeiro grau, segundo grau
e de terceiro grau. A melhora do prognóstico se
deve ao reconhecimento da importância do des-
bridamento (remoção de tecido desvitalizado)
precoce e ao progresso no emprego de substitutos
biológicos da pele (RAMOS-E-SILVA; CASTRO,
2002)

UNIDADE 5 155
Queimadura As queimaduras das quais
de 1º grau as crianças são as vítimas
acontecem, na grande maio-
ria, dentro de casa e são pro-
vocadas pelo derramamento
Queimadura de líquidos quentes sobre o
de 2º grau
corpo, como água fervente na
cozinha, água quente de ba-
nho, bebidas e outros líquidos
quentes, como óleo de cozi-
Queimadura
de 3º grau nha. Nesses casos, costumam
ser mais superficiais, porém
mais extensas. No Brasil, a
chama de fogo pela manipula-
ção de álcool etílico líquido é
Figura 5 - Imagem ilustrando o acometimento dos três graus de queimaduras responsável pela queimadura
em adolescentes e em crianças
Nos dias atuais, as queimaduras ainda são importantes causas de (GOMES, 2001).
mortalidade, devido, principalmente, à infecção que pode evoluir A queimadura solar é o
com sepse (infecção no sangue), geram a repercussão sistêmica dano causado à pele por meio
que levam a complicações renais, adrenais, cardiovasculares, pul- da radiação ultravioleta (UV)
monares, musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais quando realizada de forma
(BARILLO; PAULSEN, 2003). incorreta. Surge dentro de
Quase sempre, as queimaduras resultam em sequelas. Esse fato poucas horas após exposição
faz que suas lesões sejam consideradas as mais graves no que se excessiva à luz solar ou de ori-
refere às incapacidades funcionais, especialmente quando atingem gem artificial (como câmaras
as mãos. As deformidades inestéticas, principalmente quando se de bronzeamento). Esta expo-
encontram na face, é a maior causa de transtornos de ordem psicos- sição solar intensa e repetida
social, levando, em alguns casos, à depressão profunda, síndrome e de forma inadequada resul-
do pânico e até o suicídio. ta em queimadura, aumenta
Em virtude de onde ocorrer a queimadura, pode gerar compli- o risco de outros danos à pele
cações neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias. Decorre daí e de certas doenças. A pessoa
o fato de a correta abordagem inicial do queimado ser essencial passa a ter uma tendência a
para o prognóstico a curto e longo prazo (WASSERMANN, 2002). ficar com a pele mais resseca-
Os tipos das queimaduras são a chama de fogo, o contato com da, favorece o surgimento de
água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos rugas e há risco aumentado de
aquecidos. Podem acontecer, também, as queimaduras provocadas desenvolver cânceres de pele
pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o como o melanoma (SOUZA,
corpo (BARILLO; PAULSEN, 2003). 2015, on-line)1.

156 Processo de Cicatrização


O sol produz três diferentes tipos de raios UV. São eles: os raios UVA que penetram mais profunda-
mente na pele e danificam a derme. Exposições repetidas e prolongadas aos raios UVA promovem
o envelhecimento precoce da pele. Os raios UVB: são absorvidos pela epiderme e liberam as subs-
tâncias que causam a dor, o inchaço e a vermelhidão características da queimadura solar. Os raios
UVC: são filtrados pela atmosfera da terra, o que significa que não é necessária proteção contra este
tipo de radiação.
Fonte: adaptado de Souza (2015, on-line)1.

Figura 6 - Graus de penetração da queimadura

A queimadura afeta a integridade funcional da pele, por esse motivo, compromete a homeostase (equi-
líbrio). Altera o controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal.
Portanto, dependendo da extensão e profundidade da queimadura, essas funções ficam comprometidas.
A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, descrita por necrose de coagulação
tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes em um período de 12 a 48 horas (SHERIDAN,
2003). Em casos de grandes queimaduras, acontece o dano no local e, subsequente, o dano térmico;
este, por sua vez, leva a uma reação sistêmica do organismo, o que acontece pela liberação de media-
dores do tecido lesado.
Quando a queimadura acomete o couro cabeludo, a integridade capilar fica danificada, com per-
da acelerada de fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela sequestração nos interstícios
(espaço entre as células), e a colonização de bactérias piora ainda mais o quadro levando à infecção.
Outro agravo que ocorre nas grandes queimaduras, superiores a 40% do corpo, é a incapacidade do
sistema imune de delimitar a infecção. Devido a todos esses fatores que foram descritos, fica muito
comprometida a sobrevida do paciente (MACIEIRA, 2006).

UNIDADE 5 157
A segunda fase da cicatrização é chamada de
fase proliferativa, com duração de 6 dias a 3
semanas (SANTOS, 2000). Nesta fase, dá-se
início à angiogênese com a formação de capi-
lares que migram por entre os tecidos para se
encontrar com outros capilares. Portanto, a vas-
cularização é restaurada, sendo assim, favorece
o fluxo de nutrientes de forma contínua para a
cicatrização da lesão e formação do tecido de
Figura 7 - Queimadura de 3º grau granulação. As células de fibroblastos prolife-
ram produzindo colágeno extracelular (FRAN-
A cicatrização começa na fase inflamatória, a partir CO, 2006). Após a terceira semana, inicia-se
do momento que o tecido foi lesionado esta fase se a fase reparadora ou de maturação, a terceira
inicia. É a preparação da ferida para a cicatrização. fase da cicatrização, e pode durar até dois anos,
Tem uma duração de 3 a 5 dias. As plaquetas se aglo- dependendo do grau, extensão e local da lesão
meram e ocorre um depósito de fibrina, formando (ABREU; MARQUES, 2005; SANTOS, 2000).
um coágulo sobre a lesão. Esta, por sua vez, forma O tratamento é realizado com a hidratação
uma rede como treliça, onde as células podem subir de soro fisiológico, analgesia, controle de in-
e se infiltrar na área de cicatrização (STANLEY; RI- fecção, escarotomia para evitar garroteamento
CHARD, 2004). Os neutrófilos, linfócitos e macrófa- em queimaduras circulares, restabelecimento
gos (células de defesa) migram sobre a rede de fibrina hemodinâmico, manuseio delicado para evitar
com o objetivo de remoção de tecidos desvitalizados lesões profundas e eliminação de tecido necro-
(ANDRADE; LIMA; ALBUQUERQUE, 2010). sado por meio de método cirúrgico. Quando
Quando o tecido é lesionado ocorre a inflamação, houver queimaduras extensas, não havendo
com seus sinais que são a hiperemia, edema e dor. áreas doadoras suficientes do próprio pacien-
Esse processo é essencial para o processo de restau- te, utiliza-se, provisoriamente, enxertos homó-
ração do tecido (STANLEY; RICHARD, 2004). logos ou heterólogos, membrana amniótica,
curativo biológico e substitutos sintéticos da
pele. E nos casos de enxertos definitivos, a pele
precisava ser autóloga, sendo criado um apa-
relho para expandir a pele, inventado por Otto
Hiperemia é o aumento do fluxo sanguíneo na Lanz, em 1908 (SINDER, 2006).
área lesada. Chegamos ao final de mais uma unidade, foi
Edema é o inchaço que ocorre devido à concen- possível aprofundar nossos conhecimentos e
tração de agentes inflamatórios na área. agora estamos aptos para darmos continuida-
Dor é causada pela liberação de fatores quími- de aos nossos estudos com muito mais clareza
cos irritantes, como a bradicinina, histamina e e entendimento. Estudar nunca é demais! Há
prostaglandina. sempre muito o que aprender.
Fonte: adaptado de Stanley e Richard (2004).

158 Processo de Cicatrização


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Quais são as principais linhas de defesa que realizam a proteção do corpo?

2. A resposta inflamatória é de extrema importância para a cura da lesão, sabendo


disso, descreva os principais objetivos da inflamação.

3. As cicatrizes podem apresentar-se como queloide, hipertrófica e atrófica. Sobre


este tema, assinale a alternativa correta:
a) A cicatriz hipertrófica possui como característica principal ser elevada e o teci-
do cicatricial ultrapassar as bordas da lesão original. Este tipo de cicatriz pode
aparecer sem ser por trauma na região.
b) A cicatriz atrófica possui como característica principal ser elevada e o tecido
cicatricial permanecer nos limites da borda original da lesão.
c) A cicatriz atrófica apresenta-se de forma elevada e o tecido cicatricial não ul-
trapassa as bordas da lesão original.
d) A cicatriz queloide possui como característica principal apresentar-se de forma
depressiva, ou seja, apresenta-se como uma depressão no tecido.
e) A cicatriz queloide apresenta-se de forma elevada, ultrapassando os limites
das bordas originais da lesão.

159
4. Queimadura resultam da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo
humano, oriundas de agentes térmicos, químicos ou elétricos. Esses agentes
são capazes de produzir a morte celular.
Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) Os raios UVA que penetram mais profundamente na pele danificam a epiderme.
(( ) Os raios UVA que penetram mais profundamente na pele danificam a derme.
(( ) Os raios UVB são absorvidos pela epiderme e liberam as substâncias que
causam a dor, o inchaço e a vermelhidão características da queimadura solar.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

5. A diabetes mellitus é uma doença que apresenta uma grande incidência na po-
pulação mundial. Calcula-se que o Brasil terá, aproximadamente, 11,3 milhões
de portadores da doença em 2030 (BRASIL, 2010). Descreva quais as informa-
ções que um profissional da área da saúde podólogo deve passar para seus
pacientes diabéticos.

160
WEB

No Brasil, as queimaduras representam um agravo significativo à saúde pública.


Algumas pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados
no país, a maior parte ocorre nas residências das vítimas e quase a metade
das ocorrências envolve a participação de crianças. Entre as queimaduras mais
comuns, tendo as crianças como vítimas, estão as decorrentes de escaldamen-
tos (manipulação de líquidos quentes, como água fervente, pela curiosidade
característica da idade) e as que ocorrem em casos de violência doméstica. Por
sua vez, entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes
ocorrem em situações de trabalho.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

161
ABREU, E. S.; MARQUES, M. E. A. Histologia da Pele Normal. In: JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. E. Abordagem
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REFERÊNCIA ON-LINE

1Em: https://www.ufrgs.br/telessauders/noticias/queimaduras-solares/. Acesso em: 12 set. 2019.

164
1. A proteção do corpo ocorre por meio de três principais linhas de defesa: primeira linha de defesa é repre-
sentada pela pele, membrana e mucosas; segunda linha de defesa ocorre pela resposta inflamatória; e a
terceira linha defesa é gerada através da resposta imune (BRAUN; ANDERSON, 2009).

2. Os principais objetivos da inflamação são: o aumento de fluxo sanguíneo na região da lesão (resposta
vascular); estimular a produção de produtos para a reparação da lesão (resposta celular); e ainda remover
os tecidos que se encontram lesionados, a fim de promover a cura (BRAUN; ANDERSON, 2009).

3. E.

4. D.

5. O profissional tem a obrigação de explicar que esse pé necessita de um cuidado especial com a limpeza
diariamente. Devem ser lavados com água abundante e sabonete antisséptico e a secagem deve ser
realizada sem fricção local. Os espaços entre os artelhos devem ser muito bem enxutos para evitar as
infecções fúngicas. Unhas devem estar sempre aparadas em formato para que não provoquem lesões e
para impedir que encravem.

165
166
167
CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a), primeiramente, parabéns por chegar até aqui! Esperamos que o
processo de aprendizagem tenha sido proveitoso!
O processo de aprendizagem não para. Quanto mais conhecimento é adquirido, mais
podemos nos tornar protagonista de nossas vidas e, portanto, escrevermos o nosso futuro.
Escolhemos temas considerados fundamentais para o processo de aprendizado na
área da saúde e bem-estar. Abordar a pele e seus anexos não é fácil, pois tratam-se de
componentes complexos. Como profissionais da área da saúde e bem-estar, precisamos
sempre priorizar a saúde e o bem-estar do nosso cliente. Sabendo disso, é de extrema
importância estudarmos as estruturas que compõem o corpo humano, bem como o seu
órgão de revestimento, aquele que serve como nossa primeira linha de defesa e que nos
protege contra o meio externo, a parte de nós que mostramos ao mundo.
Nesse sentido, a pele possui diversas funções e uma delas é a estética. Quando este
tecido encontra-se alterado, irregular por algum motivo, pode acabar gerando graves
consequências para o indivíduo, tanto no âmbito físico, mental, quanto social. Por isso
estudamos as disfunções e patologias que acometem este sistema, a fim de minimizar
esses efeitos negativos sobre o ser, restabelecendo a saúde do corpo e da mente e me-
lhorando a qualidade de vida do indivíduo.
Estudamos as doenças e disfunções, a fim de identificá-las e criar ações para a pre-
venção ou tratamento para essas alterações. Vimos também como ocorre o processo de
cicatrização e como ocorre a reconstituição deste tecido. Ao lidarmos com este órgão,
precisamos aprender as fases de cicatrização e quando este tecido encontra-se com
alguma alteração no processo de cicatrização, a fim de prevenir a formação de alguma
cicatriz ou mesmo de identificá-las. Aprendemos que alguns recursos são utilizados
para auxiliar na prevenção ou no tratamento das alterações na pele. Por isso, precisamos
estudar os cosméticos que atuarão na harmonização deste tecido.
Nosso objetivo foi inserir você no processo de aprendizagem como agente principal
responsável pela sua aprendizagem, aprendendo de forma autônoma e participativa, a
partir de problemas e casos reais. Nossa asserção é para que você esteja no centro do
processo de aprendizagem, participando ativamente e sendo responsável pelo seu pro-
cesso de conhecimento.
Desejamos a você muito sucesso na vida profissional e pessoal.

168 Processo de Cicatrização

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