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INTRODUÇÃO................................................................................................................................07
I – A EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................................................................10
II – O NOME PRÓPRIO.................................................................................................................19
1.1 Identidade......................................................................................................................19
1.2 A primeira palavra alfabetizadora...............................................................................21
III – CONCLUSÃO..........................................................................................................................23
IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................25
ANEXO...............................................................................................................................................27
INTRODUÇÃO
Antes de ingressarem na escola, as crianças sabem muito sobre a linguagem escrita. Apesar
de não terem aprendido a ler e escrever, elas possuem contato direto com a escrita através do meio
que estão inseridas e tudo que faz parte do seu ambiente familiar. A apreensão e utilização de
recursos comunicativos se inicia muito antes da escolarização propriamente dita.
Entretanto, sabemos que muitas crianças não têm oportunidade de fazer parte de um
ambiente sóciocultural tão rico e variado quanto a língua escrita.
Ao conviver e interagir com a linguagem escrita em sua vida social, a criança observa, pensa,
faz perguntas, cria hipóteses, experimenta, toma decisões, tira conclusões. Tudo isto sem hora
marcada ou local pré-determinado para acontecer.
Não existem materiais ou exercícios para ensinar às crianças como é utilizada a linguagem
escrita. Geralmente as crianças aprendem sem que qualquer pessoa perceba que estão aprendendo.
Uma das perguntas importantes que Ferreiro e Teberosky (1985, p. 181) nos colocam é a
seguinte:
“A partir de que momento a criança dá uma interpretação à sua
escrita ? A partir de que momento deixa de ser um traçado para se
converter num objeto substituto, numa representação simbólica ?
Para estas perguntas ainda não se têm respostas, mas uma coisa torna-se clara: a grande
importância do nome próprio para construção da escrita.
O nome próprio é uma palavra que apresenta um forte conteúdo significativo e emocional
para todos. É o primeiro sinal de identidade e reconhecimento.
Entretanto, iniciarei fazendo uma abordagem na concepção educacional infantil que era
marcada por características assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos
ideais de liberdade e igualdade. E um estudo nas legislações que vigoram em nosso país: a
Constituição Brasileira e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que estabelecem a
Educação Infantil como a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança.
Que no seu processo de desenvolvimento Kramer (2000, p.13), nos afirma que:
“...há influências marcantes do seu meio sócio-econômico e cultural,
e que podem ser identificadas na medida em que se perceba a diversidade
cultural que caracteriza nosso contexto social e, portanto, que existe em
nossas escolas”.
I . A EDUCAÇÃO INFANTIL
Muitas famílias brasileiras vivem em total desamparo e pobreza. As crianças têm seu tempo de
infância prejudicado pela pobreza, os caminhos por elas trilhados não são adequados às
necessidades infantis.
Muitos pais não podem cuidar de seus filhos, portanto, eles ficam a mercê da própria sorte,
muitos com a responsabilidade de sustentar a família, outros marginalizados ou explorados pela
sociedade.
A finalidade social da Educação Infantil apresentou durante muitos anos concepções divergentes
quanto ao seu atendimento institucional. As instituições tiveram como principal objetivo atender
necessariamente às crianças de baixa renda, justificando-se para atendimentos de baixo custo, com
aplicações orçamentárias insuficientes dificultando as políticas públicas, a escassez de recursos
materiais, a precariedade de instalações, a formação e a qualificação insuficiente dos profissionais, a
ausência de propostas pedagógicas e alta proporção de crianças por adultos.
O trabalho institucional foi pautado por uma visão que estigmatizava a população de baixa
renda, caracterizando-se pelo assistencialismo, sem levar em consideração as questões de cidadania
ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. Sem o compromisso com os direitos e necessidades das
crianças e suas famílias, tornando-se uma instituição com educação “pobre para pobres”.
Cabe fazer um breve histórico da legislação a respeito da Educação Infantil em nosso país,
buscarei através desta a Constituição Brasileira que entrou em vigor no dia 5 de outubro de 1988,
que assegura em seus artigos referentes à educação que: “O dever do Estado com a educação
efetivar-se-á mediante a garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos
de idade”.
Para que estes direitos sejam de fato assegurados, o item educação tem importância
fundamental na medida em que uma boa escolaridade pode dar acesso a cultura e à
profissionalização digna.
A LDB, também, dispõe no título IX, Das Disposições Transitórias, art. 89, que:
“As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas
deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-
se ao respectivo sistema de ensino”.
No título IV, que trata da organização da Educação Nacional, art. 11, V, considerar-se que:
“Os municípios incumbir-se-ão de: (...) oferecer a educação infantil
em creches e pré-escolas, e com prioridade, o ensino fundamental,
permitida a atuação em outros níveis de ensino quando estiverem atendidas
plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos
acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à
manutenção e desenvolvimento do ensino”.
A inclusão da Educação Infantil como primeira etapa da educação básica significa um grande
avanço, pois reconhece os primeiros anos de vida na formação educacional geral.
Ainda existe grande distância das leis citadas e a realidade da Educação Infantil. Modificar a
concepção de educação assistencialista significa atentar para vários aspectos que vão muito além dos
aspectos legais. Como, assumir as especificidades da Educação Infantil, que deve promover a
integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais. Rever concepções
sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do
Estado diante das crianças pequenas.
É ter e manter um espaço infantil onde a criança tenha o prazer de interagir e desenvolver-se
através da participação, da expressão, da comunicação, do pensamento, das suas individualidades e
diferenças, e da sua interação social com o grupo heterogêneo de forma lúdica.
A criança desde cedo pode construir idéias de como se lê e de como se escreve, se ela
participa e presencia diversos atos de leitura e escrita. Se em seu cotidiano vivência experiências
prévias com a palavra escrita que são fundamentais para base da sua futura aprendizagem, do seu
sucesso na escola.
Se a criança tem pouco acesso à escrita e se os contatos forem pouco significativos, como
poderá ter a curiosidade despertada para essa conquista?
Não se pode confundir um ambiente alfabetizador, com uma sala com paredes cobertas de
textos expostos, móveis e objetos com nomes etiquetados e muitas outras coisas já vistas. Pensando
que assim, seja uma maneira atrativa de expor a escrita e despertar o interesse da criança.
A palavra impressa quando tem significado visual para criança, faz com que ela levante
hipóteses, propiciando uma base efetiva de aprendizado.
É o professor que atua como o condutor e mediador. Faz a ligação da criança e o
desconhecido, trazendo objetos de conhecimento para perto, tornando-os observáveis, palpáveis e
familiares. Oferecendo experiências ricas e variadas com a palavra viva. Dando continuidade e
ampliando as experiências vivenciadas antes de ingressarem na instituição.
A fantasia e a imaginação faz com que a criança aprenda mais sobre a relação entre as
pessoas, sobre o eu e sobre o outro. Sendo fundamental para o desenvolvimento da identidade,
socialização e autonomia.
O espaço da instituição deve propiciar, condições para que as crianças possam usufruí-lo em
benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil,
permeável a sua ação, sujeito as modificações propostas pelas crianças e pelos professores em
função das ações desenvolvidas.
Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam alternativos e permitam que as
crianças corram, balancem, subam, desçam, escalem ambientes diferenciados, pendurem-se,
escorreguem, rolem, joguem bola, brinquem com água e areia, escondam-se etc.
II . O NOME PRÓPRIO
1.1 – A Identidade
A oportunidade de interagir com outros crianças seja em qualquer grupo (escola, família etc),
dá uma contribuição inestimável ao processo de construção da identidade.
A identidade é um conceito do qual faz parte a idéia de distinção, de uma marca de diferença
entre as pessoas, a começar pelo nome, o nome é único (mesmo existindo várias pessoas com
nomes iguais), seguido de características físicas, de modos de agir, de pensar e da história
pessoal.
A fonte original da identidade está naquele círculo de pessoas com quem a criança interage
no início da vida. Em geral é a família a primeira matriz de socialização. Mas a criança vivencia,
também, outros espaços sociais, como festas, igreja, clube, feiras, o que resulta em uma
diversidade étnica e cultural.
O ingresso na instituição de Educação Infantil pode aumentar o universo inicial da criança,
pois o convívio com outras crianças e com adultos de hábitos culturais e costumes diferentes e
diversos, fará com que ela adquira conhecimentos sobre realidades distantes. Valorizando
características étnicas e culturais.
É muito importante para a criança a maneira como é vista pelos outros, para que veja a si
própria. O modo e os traços particulares de cada criança são recebidos pelo professor e pelo
grupo em que se insere, tendo um grande impacto na formação de sua personalidade e de sua
auto-estima, já que sua identidade está em construção.
É nele que a criança se reconhece e é reconhecida. Trazer para a instituição infantil os nomes
dos alunos é trazer algo que lhes é caro, que lhes dá importância, que os faz diferentes dos
demais. Haverá melhor começo para uma aprendizagem?
Nada mais significativo do que incluir no seu processo de alfabetização a palavra que lhes
está mais próxima, que é parte de sua pessoa, o nome.
Através da história o desenvolvimento das escritas teve um papel muito importante através
dos nomes próprios . Gelb (1976, In: Psicogênese da Língua Escrita, 1985, p.216)) que estudou
os começos da escrita sumeriana, relata:
“Os sinais na escrita Uruk mais antiga são claramente sinais verbais
limitados à expressão de numerais, objetos e nomes de pessoas. Está é a
etapa da escrita que denominaremos logografia ou escrita léxica.
Nas fases mais primitivas da logografia tornar-se fácil expressar
palavras concretas, como uma ovelha por um desenho de uma ovelha(...)
inconvenientes por sua incapacidade para expressar muitas partes da língua
e das formas gramaticais. (...) Muito mais sérias são as limitações do
sistema quanto à escrita dos nomes próprios.
Estas observações levam Gelb à conclusão seguinte:
A necessidade de uma representação adequada para nomes próprios
levou finalmente ao desenvolvimento da fonetização. Isto se acha
confirmado pelas escritas asteca e maia, que utilizam só raramente
princípio fonético e em tais casos , quase que exclusivamente para expressar
nomes próprios”. (Ferreiro e Teberosky,1985, p.216)
As crianças que frequentam a instituição infantil desde cedo passam a vivenciar a escrita de
seus nomes através dos uniformes, materiais de uso pessoal e reproduções gráficas. Cabe ao
professor, oferecer condições para a criança experimentar e descobrir a base alfabética da escrita
com compreensão e significado. Nesse sentido, desde o primeiro dia de aula, crachás de
identificação, contendo o nome de cada aluno e também do professor devem passar a fazer parte dos
recursos didáticos da turma.
Este primeiro material escrito (somente o primeiro nome da criança, sem o sobrenome),
servirá como fonte de informação, de consulta e de conflitos. Pois quando a criança entra em contato
com a forma gráfica do seu nome, não lhe fica indiferente: observa, compara, confronta e tira
conclusões importantes a respeito do universo letrado. Nos nomes próprios dos alunos encontram-
se todas as letras e fonemas cujas as combinações serão utilizadas em suas escritas futuras.
É importante ter um espaço de produção espontânea para que a criança revele as diferentes
etapas que está passando em seu processo de construção da língua escrita.
Através de atividades propostas pelo professor (como apresentada em anexo), cada aluno
aprenderá a reconhecer o seu nome e os nomes dos colegas ainda antes de saber ler. Esta forma de
pré-leitura incentiva o aprendizado de novas palavras.
Uma outra vantagem é que o nome próprio pode servir como fonte de desequilíbrio para
alguns conceitos, formulados pelas crianças. Algumas passam por uma fase em que acreditam que
pessoas grandes possuem nomes grandes e vice-versa. Ao observarem o nome de um colega que
tem menos letras com sua altura, que poderá ser o mais alto da turma, esta informação gerará um
conflito que conduzirá a uma reformulação de sua maneira de pensar.
Sabe-se de muitas crianças que chegam ao final de um ano letivo com pouco ou nenhum
conhecimento a respeito da forma escrita de seu próprio nome, dos nomes dos colegas e do
professor. Desperdiça-se, um recurso que é tão valioso na aquisição da língua escrita quanto para
favorecer as relações interpessoais, necessárias à formação de um grupo social, no caso, a turma.
Temos muito que aprender sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita. Vejo na
Educação Infantil um instrumento que promove a exploração ativa da língua escrita e significativa
através de atividades lúdicas e prazerosas.
Através dos teóricos pode-se confirmar que a criança constrói o seu próprio conhecimento
interagindo com o meio, ou seja, com objeto. Para tanto, é necessário que ela tenha oportunidades
para que este processo seja realizado e tenha o professor como mediador.
O professor é o principal responsável pelo sucesso da criança, pois através dele é que ela terá
acesso a muitos conhecimentos e o prazer ao sistema escolar, deve ser assegurado a ele avanço na
escolaridade, progressão na carreira. E assumido pelos órgãos competentes um papel mais efetivo
na formação dos profissionais, inclusive daqueles que já atuam na área, mas não tem escolaridade
compatível com que a lei define.
Mas, para tanto, é necessário que muitas coisas saiam do papel, do oficial, da legalidade,
para o concreto. Para a realidade do nosso povo, que anseia e necessita tanto desse espaço
educacional, para que a vida lhe seja apresentada com mais oportunidades, porque isto não é um
sonho, é sim um espaço de difícil acesso para as classes populares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOCUMENTOS OFICIAIS:
LUCAS BEATRIZ
PAULA VINICIUS
Com todos os crachás dentro de um saco, o professor vai tirando, um a um, “cantando” os
nomes. Os alunos vão marcando e, à medida que preenchem a cartela, vão anotando seus nomes no
quadro-de-giz, em colunas que indica quem terminou em primeiro lugar, em segundo, em terceiro...
Prosseguindo o jogo, de acordo com o interesse demonstrado pelo grupo, as cartelas serão
trocadas entre os alunos para que eles se familiarizem, cada vez mais, com os nomes dos colegas.
(Extraído do livro Carta ao Professor. Rio de Janeiro, 1992)