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Do Ser ao dever Ser

Viver sem pensar, sem


procurar compreender o
como, o porquê e o para
quê da nossa existência,
o sentido da nossa vida,
tanto pode ser uma
forma cómoda de estar,
como pode ser considerado uma petulância, uma desnecessidade, uma
perca de tempo. Porém, também pode revelar ausência de sentido crítico,
de falta de discernimento, de apatia ou indiferença face ao real, aos ideais
ou à premência dum querer dever ser, para bem encaminhar os seus
passos, opções e decisões em função dos objectivos definidos e eleitos a
fim de os concretizar.

Quando falamos em valores não nos referimos a meras abstracções ou a


regras rígidas e morais que tanto incomodam algumas pessoas, mas a algo
que antecede a acção, na medida em que esta é uma consequência do
dever ser. Digamos que o valor é a norma da acção, não é a acção que
julga o valor, mas são os valores que suscitam e julgam as acções. Porém,
uma acção só pode ser julgada boa ou má, se de antemão já sabemos o
que são “ os valores” e temos bem claro a noção de bem e de mal.

É no fazer e no agir que concretizamos os valores e com eles nos


aperfeiçoamos. Podemos afirmar que os valores têm uma dimensão
objectiva, independentemente do sujeito, na medida em que eles
representam qualidades, propriedades, perfeições que existem
encarnadas no mundo material e cultural, porém não são criados
arbitrariamente pelos homens. A subjectividade dos valores reside no
facto de eles só existirem enquanto relacionados com o homem, com o
seu pensar e agir, com o sentido que dá à vida.

A referência ao sujeito através do qual os valores se manifestam não quer


dizer que seja ele a decidir o que é valoroso ou não. O sujeito não é a
medida dos valores, se o fosse cairíamos num subjectivismo ou relativismo
que anularia a sua validade universal, transcendente e magnânima que
lhes está subjacente e é suposto a ética acrescentar à existência humana
no sentido de a aperfeiçoar.

Jamais os valores devem ser subestimados ou desvalorizados, pois neles


residem a grande força para capacitar o homem para o Bem e a
minimização ou negação do valor ético na família, na formação dos
jovens, na sociedade, tem como consequência a degradação física, moral
e espiritual. Esta afirmação não é uma imposição, mas uma constatação
que impele a defender não só os valores como balizamento da estrutura
humana, mas também nos permite afirmar que eles são um dever para
toda a sociedade, portadora de vontade e liberdade, consequências duma
consciência bem formada, que substitui o querer pelo dever e o dever
pelo dever ser.

Maria Susana Mexia

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