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Piaget : epistemologia genética

A gênese do desenvolvimento do conhecimento na criança


(e do Desenvolvimento da Percepção Musical)

Regina Antunes Teixeira dos Santos


Psicologia e Educação Musical
Instituto de Artes- UFRGS
Epistemologia genética: a gênese do conhecimento da criança
Pressuposto epistêmico do autor: o conhecimento começa com a ação!

Conceitos fundamentais:

• Hereditariedade:
herança biológica: indíviduo herda uma série de
estruturas sensoriais e neurológicas (organismo)

Interação/ação da Desenvolvimento de estruturas


criança com o cognitivas
ambiente (físico e Desenvolvimento da inteligência
social)
Conceitos fundamentais:

• Adaptação:
O ambiente físico e social coloca continuamente a
criança diante de questões que rompem seu estado de
equilibrio e incitam-na a buscar comportamentos
adaptativos

Assimilação Acomodação

Tentativa de solucionar uma Mudanças de estruturas cognitivas


determinada situação a partir de para solução de problemas;
estruturas mentais pré- existentes; Ajustes na forma de compreender;
ponto de vista: Interpretação de entender, perceber em função do contexto
eventos a partir daquilo que se
conhece (processo ineficiente)
Conceitos fundamentais:

• Esquema:
Unidade estrutural básica de ação e pensamento, que
correnponde a estrutura biológica que muda e se adapta
Refere-se tanto a sequencia de ações como a imagens mentais
O esquema está no cerne da formação de conceitos:
estão em continuo desenvolvimento.

• Equilibrio:
Refere-se a forma que a criança lida com a realidade
na tentativa de compreende-la; como organiza seus
conhecimentos. Os processos de equilibração definem
periodos de desenvolvimento.
4 PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO:

Período Sensório-Motor ( 0 a 2 anos): da reação a representação

Período Pre-operacional (2 a 7 anos)

Período concreto operacional (7 a 12 anos)

Período operações concretas (a partir de 12 anos)


Período Sensório-Motor ( 0 a 2 anos):
• A partir de reflexos neurológicos básicos, o bêbe
começa a construir esquemas de ação para assimilar
mentalmente o meio.
• A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são
construídas em ação.
• O contato com o meio é direto, sem representação
ou pensamento
• uma das principais aquisições do período sensório-motor ,
destaca-se a construção do “eu”, através do qual a criança diferencia
o mundo externo do seu proprio corpo;
• o bebe percebe suas diversas partes, experimenta emoções diferentes,
formando a base de seu autoconceito. O bebe erá formar sua organização
psicologica básica nso aspectos: motor, perceptivo, afetivo e social.
Período Sensório-Motor ( 0 a 2 anos):

6 estágios:

1o estágio – (1o mes) reflexo puro (sucção, visão, audição,


preensão, fonação)

2o estágio– (do 1o ao 4o mes ) reações circulares primárias


(envolve o corpo do bêbe): criação primeiros hábitos,
Incorporando parte do comportamento adaptativo
pelo simples prazer da ação em si mesmo;
Período Sensório-Motor ( 0 a 2 anos):

3o estágio – (4 a 8 meses)
• coordenação da visão e da preensão;
• ação sobre os objetos
Início das reações circulares secundárias (repetições);
A ação vai além do próprio corpo;

4o estágio: (8 a 12 meses) coordenação de esquemas


secundários: a finalidade previa é perseguida,
independente dos meios utilizados;
Período Sensório-Motor ( 0 a 2 anos):

5o estágio (12 a 18 meses) – reações circulares terciárias;


fase da experimetação: diferenciação dos esquemas de ação,
buscando novos meios e fins a cada situação;
embora a criança ainda não fale, elas se expressam
através de movimentos, sons e ritmos.

6o estágio – interiorização de esquemas (compreensão subita),


bem como capacidade para resolução de alguns problemas (
Invensão de novos meios) ;
Desenvolvimento da Percepção Musical
O essencial para o desenvolvimento da percepção musical de bebês é sua capacidade de reconhecer
conexões entre estímulos auditivos, visuais e de toque. Três meses antes do nascimento: já reage aos
padrões de movimentos e sonoros, quando exposto a estímulo (Parncutt, 2009). Essa fase pré-natal
deve ser considerada como um nicho de desenvolvimento com suas características singulares próprias e
que influenciam a continuação do desenvolvimento após o nascimento

Habilidade específica: Percepção Intermodal (aural, visual, cinestésica)

Desenvolvimento de esquemas perceptivos intermodais tem um papel importante na


expressão musical

0 – 2 anos (Domínio sensório-motor).

6 meses: * potencial para aprender escalas de qualquer cultura


* percebe diferenças de contorno
* sensibilidade a fronteiras entre as frases
* percebem diferenças em mudanças de alturas (mesmo o semitom)
* distinguem mudanças de ritmos simples (longo-curto × curto-longo)
4-9 meses: * percebem relações intermodais entre qualidades vocais-gestuais das expressões
faciais. Primeiras conexões em estados/reações de Alegria ou Raiva nos adultos
(importante papel na expressão musical)
18m – 2 anos:* períodos breves de tempo de sincronização entre música e movimentos
Período pré-operacional (2 a 7 anos):

Este período se caracteriza por:

Egocentrismo: dificuldade de sair do seu ponto de vista


pra assumir o do outro
Centralismo: ter sua atenção voltada somente ao
aspecto ou configuração do objeto
Irreversibilidade de coisas/ eventos: a
criança não vê a possibilidade de transformação das coisas.
Período pré-operacional (2 a 7 anos):

(a) (b)

Período em que as crianças ainda não compreendem certas


regras ou operações, ou seja, não possuem uma rotina mental
lógica para separar, combinar e de outra forma transformar
informações.
As crianças não centram a atenção em mais de um aspecto da
situação de cada vez e, por isso, o pensamento pré-
operacional é dominado pelas impressões visuais.
Aquisição do período:
• Conceito de conservação: entendimento de reversibilidade,
como por exemplo, a consciência de que a quantidade de água
que é derramada de um copo baixo para um copo alto é
conservada ( OU que a noção que a quantidade de massinha
permanece conservada, em ambas apresentações (a) e (b))
2 – 6 anos
3 – 4 anos:
• dificuldades intermodais entre sincronização de movimentos em
ritmo simples;
• percebe ritmos simples/regulares (sem notas pontuadas e valores
breves);
• quando reproduzem vocalmente o ritmo simples, conseguem
sincronizar o movimento;
• relacionam gravuras de estados emocionais com música, mais
facilmente “alegria” e “tristeza” do que raiva/ameaçado e
calmo/excitado;
• timbre do instrumento ajuda a comunicar a emoção (violino e voz
comunicam mais facilmente tristeza; tambores: raiva).

4 anos:
• começam a perceber andamentos lentos e rápidos, e associam
com movimentos. A noção de andamento (nessa idade) é a
característica mais importante na percepção/cognição da
criança.
• Descriminação crescente da melodia com base no contorno
2 – 6 anos

5 anos:
• sincronização de movimentos encontra-se bem consolidada: já
dispõe de capacidade para coordenar pulso e de coordenar uma
estrutura rítmica.;
• noção de andamento bastante sofisticada, e associada com
movimento.
• noção do contorno já existe conhecimento implícito de aspectos
estruturais da tonalidade;
• 3 - 6 anos: percepção de significados não-musicais.
Representação de conteúdos extramusicais: características
metafóricas.
4-6 anos:
• capacidade crescente de percepção tímbrica para reconhecimento
de instrumentos musicais, mesmo tocados simultaneamente.
Período concreto operacional (7 a 12 anos)

A construção da capacidade de reversibilidade do pensamento


assinala o ingresso nas operações concretas.
operações lógicas de classificação e seriação, conservações
físicas de substância, peso e volume e conservações espaciais de
comprimento, área e volume espacial e conceito de número.
A criança torna-se, então, capaz de realizar operações, ou seja,
ações mentais, embora limitadas pelo mundo real.
Várias modificações podem ser observadas nas condutas, por
exemplo, o sujeito:

[...] torna-se capaz de cooperar, porque não confunde mais seu


próprio ponto de vista com o dos outros, dissociando-os mesmo
para coordená-los.
[...] As discussões tornam-se possíveis, porque comportam
compreensão a respeito dos pontos de vista do adversário e
procura de justificações ou provas para a afirmação própria.
As explicações mútuas entre crianças se desenvolvem no plano do
pensamento e não somente no da ação material (PIAGET, 1986,
p.43).
7 – 12 anos

• 7 - 8 anos: (contorno estando cada vez mais marcante), a tonalidade


começa tornar-se possível, pois o sistema tonal (conhecimento
implícito) passa a ser bastante estável. Reconhece, percebe,
identifica, mas não tem a estrutura.
• 7 – 9 anos: capacidade de compreender métrica.
• 9 anos: reconhecimento de tonalidade maior e menor
• 9 – 10 anos: preferência de consonância (sobre dissonância) e tonal
(sobre atonal); percebe diferenças entre versões familiares e imitações
com o mesmo contorno (conservação + transformação)
• 10 anos: * harmonia e polifonia são aquisições mais tardias e
dependente da Educação Musical (Serafinie)
• 10 – 12 anos: * desde 10 anos, crianças percebem canções em estilo
fugato, mas tem dificuldade em perceber a voz do baixo.
Referem-se a objetos
Esquemas conceituais ou situações concretas
OPERAÇÕES CONCRETAS
na realidade
Operações mentais
(12 anos em diante)

Sujeito capaz de formar expressões, conceitos abstratos


Flexibilidade de pensamento: pode conceituar coisas abstratas
[democracia]
Capacidade de crítica e reflexão
Expressão de proposições para depois testá-las
Lida com relações entre relações
A criança é agente de seu próprio conhecimento

Construção através de 4 determinantes básicos:


MATURAÇÃO
ESTÍMULO DO AMBIENTE FÍSICO
APRENDIZAGEM SOCIAL
TENDENCIA AO EQUILÍBIO

O adulto atinge a forma final de equilíbrio: possibilidade de pensar


de forma abstrata sobre situações hipotéticas, de modo lógico.

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