Partindo da premissa de outros autores de que o Brasil foi inserido de
forma subordinada na economia mundial, Mercadante tenta propor um novo estilo de desenvolvimentismo em contrapartida com o estilo de desenvolvimento aplicado ao país levou à concentração de renda, poder político e exclusão de uma parte da sociedade; como a elite econômica se consolidou usando o acesso aos recursos públicos, reduzindo os direitos sociais e excluindo, do debate de modelos econômicos, a maior parte da população que não conseguiu se organizar, mesmo em épocas em que houve rápida expansão da economia. Contrapõe ideias de autores ortodoxos ao afirmar que “A crise da dívida externa, associada a um longo período de hiperinflação, e posteriormente, nos anos 90, a adoção de políticas indiscriminadas de abertura comercial e financeira, a fragilização financeira do Estado e a desregulamentação da economia interromperam a trajetória de crescimento e levaram à estagnação do investimento produtivo, ao aumento do desemprego e à acumulação de atrasos significativos na expansão da infraestrutura energética e de logística” (p.154), afirmando também que mesmo com a estabilização de preços, se não houver políticas de distribuição de renda, não haverá diminuição da desigualdade. Apresentando dados sobre a terrível distribuição de renda para justificar a necessária retomada da intervenção estatal na economia, com investimentos públicos diretos, reconstrução do sistema de crédito, política industrial, subsídios, entre outras políticas adotadas durante o governo Lula. Período em que o crescimento do PIB foi cerca de 4,1% a.a, com aumento de taxa de investimento interna, mesmo com a crise de 2008, o ciclo de crescimento se consolida e a taxa de desemprego cai. Usando os preceitos de Keynes – políticas econômicas anticíclicas – e utilizando o Estado como o maior financiador do crescimento econômico, adotando políticas de valorização do salário mínimo, programas de transferência de renda, democratização do crédito para as famílias impulsionando o consumo, somado com o aumento do emprego formal, criou- se um aumento da demanda interna, ou seja, as famílias tinham mais dinheiro para consumir, contribuindo ainda mais para a expansão do PIB, limitando os impactos da crise que destruiu economias ao redor do mundo. O papel dos bancos públicos e do BACEN foi essencial para proteger o mercado interno da instabilidade que estava ocorrendo no mundo. Foram disponibilizados bilhões de reais para o financiamento de exportações e investimentos (principalmente em infraestrutura) isenções fiscais, criação de fundos para micro e pequenas empresas, controle de taxas de juros e outros artifícios; todo esse esforço para que a crise global “virasse uma marolinha” deu certo, pelo menos durante o governo Lula, e mostrou ao mundo que o Estado, tem condições de tomar as rédeas da economia, se houver um bom planejamento.