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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – IFCS

Disciplina: Profissão Docente

Docente: Adriana Patrício

Discente: Barbara Barbosa Machado Laranjeiras

DRE: 114192470

Lançado em 2007 e dirigido por João Jardim, “Pro dia nascer feliz” é um
documentário que aborda as diversas realidades da educação brasileira, enfocando-se em três
estados distintos: Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. São abordadas, através das
entrevistas, as relações entre discentes e docentes, o espaço, a relação dentro do corpo de
alunos e a insatisfação com as políticas públicas.

Por sua vez, “Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do


trabalho e da cultura docente à docência como profissão”, texto de autoria de Regina Zanella
Penteado e Samuel de Souza Neto, serve como base teórica para os aspectos observados no
documentário, pois apresenta, além da análise de doze textos sobre doenças que acometem os
docentes, uma reflexão sobre a condições de ser professor no Brasil.

O documentário tem início em Manari, no agreste pernambucano. Na cidade com um


dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil, o espectador se depara
com a única escola da localidade, que carece de praticamente tudo: verbas, água, papéis
higiênicos, comida decente, material escolar, descargas no banheiro. A falta de infraestrutura
faz com que os alunos busquem outra escola, há diversos quilômetros de distância, para
concluírem seus estudos. Novamente, a falta de estrutura se mostra um empecilho já que o
ônibus usado para o transporte dos alunos entre as cidades de Manari e Inajá se mostra
diversas vezes quebrado ao longo do documentário.

Após uma breve entrevista com a diretora, a professora Denise, que leciona no curso
normal, afirma que por causa das péssimas condições de vida, muitos alunos usam o ato de ir
para a escola como um refúgio, uma válvula de escape para o seu cotidiano difícil. Portanto,
não é difícil de encontrar alguns pelos corredores e ruas conversando ou namorando. A
mesma professora salienta que a falta de comprometimento discente e docente atinge e
prejudica seu trabalho, além de pedir aos alunos (em sua maioria, mulheres) que pensem em
que tipo de professores querem se tornar: os que obedecem e acatam as decisões do sistema
ou os que de fato querem fazer alguma diferença.

Seguindo para Caxias, no Rio de Janeiro, conhecemos o Colégio Estadual


Guadalajara, que assim como os colégios filmados em Pernambuco, está em péssimas
condições. De cara entramos a professora de História, Helenita, que provavelmente se
encaixará na parte de doenças de distúrbios da voz presente no texto de Penteado e Souza, já
que aparece gritando e alterando o tom de sua voz constantemente durante as filmagens.
Outro ponto contundente que envolve a professora é a cena do conselho de classe: além de
percebermos a feminização da profissão docente – como bem destacado no texto, vemos que a
educação se encontra precarizada, pois diversas concessões em relação à pontuação e notas
dos alunos precisam ser feitas.

“Piratininga é a periferia da periferia. E é difícil você propor uma coisa [como]


vamo num cinema, vamo num teatro. Por quê? Porque não tem dinheiro.”. É com essa fala
que o documentário introduz uma escola pública do estado de São Paulo, o que mostra que
mais uma vez, por falta de recursos, o trabalho do professor é prejudicado. A única escola do
documentário que não trabalhou a relação do adoecimento docente foi o Colégio Santa Cruz,
também em São Paulo, cujo o enfoque foram exclusivamente os alunos.

Relembrando o texto de Regina e Samuel, destaca-se o seguinte trecho: “a


subjetividade da relação homem-trabalho tem efeitos diversos, os quais podem se caracterizar
no absenteísmo [...] ou no engajamento excessivo à uma tarefa” (Dejours. 1992, 1994). Tal
parte se encaixa perfeitamente na fala da professora Celsa que, apesar de ser a docente mais
nova de todo o documentário, é a única que afirma abertamente que faz terapia. Outro ponto é
que a mesma professora afirma que a dinâmica da sala de aula é exaustiva e que por vezes ela
se encontra com necessidade de faltar, tamanho seu cansaço.

Finalmente, é possível notar diversos pontos destacados no texto presente no


documentário, e como as doenças que afligem os professores estão ligadas à violência,
precarização de sua profissão, péssimas políticas públicas e o sentimento de impotência e
exaustão advindos delas.

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