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Documento 1 - IMPERIALISMO

Adaptado de Ignácio Ramonet, por Dora Schmidt.

O imperialismo foi um movimento de expansão da Europa que conquistou


quase todo o planeta para explorá-lo e oprimir seus habitantes. Pode-se dizer que ele
começou no século XV para declinar na segunda metade do século XX. Em seu apogeu,
por volta de 1938, a Europa colonizadora estendia seus domínios sobre mais de 40% do
mundo habitado. A Grã-Bretanha e a França possuíam sozinhas, às vésperas da Segunda
Guerra Mundial, 85% do domínio colonial existente. Estima-se que 70% dos habitantes
atuais do planeta têm um passado colonial, seja como ex-colonizadores, seja como ex-
colonizados (...)
Anteriormente, a conquista da América havia se traduzido na destruição das
civilizações ameríndias e por um genocídio. Os debates opõem, nessa época, partidários
e adversários da colonização. Os teólogos se perguntavam se era justo fazer guerra aos
índios e os escravizar. Sim, dizem alguns, porque Deus fez os seres inferiores e porque eles
devem expiar seus crimes, suas idolatrias, seus vícios, sua barbárie. Não, replicam os
outros, porque Deus os fez semelhantes a nós, com os mesmos atributos e os mesmos
direitos.

Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Países Baixos conquistaram e


dominaram suas colônias em nome da teoria mercantilista que, durante três séculos, foi
a doutrina colonial dominante. (...)
Em 1776, a América do Norte conquistou a sua independência e, mais tarde,
o mesmo foi feito pelas colônias da América do Sul. Aqueles que lutaram pela
independência nas colônias eram favoráveis à conquista da autonomia econômica e
política das metrópoles, mas, por outro lado, eles eram colonialistas ao olhar os índios e
os negros, além de muitos serem partidários da escravidão. (...)
No século XIX o colonialismo adota uma nova face: a dimensão imperial. As
polêmicas industriais, enriquecidas pelo progresso técnico, repartem e conquistam com
meios militares desenvolvidos pela revolução industrial. “A política colonial”, disse o
francês Jules Lerry, é “filha da política industrial”. O poderio colonial torna-se um
componente maior do prestígio nacional. A África foi repartida entre os poderosos
colonialismos tradicionais, sobretudo a Grã-Bretanha e a França, às quais se juntam a
Bélgica, a Alemanha e a Itália. Na Oceania e no extremo Oriente, os Estados Unidos e
Japão conquistaram igualmente um embrião de Império. Uma adaptação das teorias
de Darwin será a filosofia deste novo expansionismo: a eliminação dos povos atrasados
seria um benefício para a humanidade inteira.
SCHMIDT, Dora. Historiar: fazendo, contando e narrando a História, 8ª série. São Paulo: Scipione,
2002. (Coleção Historiar).

1. Explique a opinião do autor do documento 1 sobre:

a) a definição de imperialismo europeu.


b) a duração do imperialismo europeu.

c) a posição dos povos colonizadores frente aos colonizados.


d) a posição dos colonizados frente aos negros e índios.
e) a relação entre imperialismo e industrialização.
Documento 2
Baseado em Alain Gresh, traduzido por Dora Schmidt.

“Superioridade” europeia, “atraso” da África, “hierarquia das civilizações”, a


teoria da evolução aplicada às sociedades humanas serviu de subsídios ideológicos à
colonização. No século XIX, esta doutrina de superioridade se encontra respaldada pela
invenção do conceito de “raça”. Desde então, a diferença entre os seres humanos não
se explicava mais pela história ou cultura, mas pela análise biológica. (...)
Durante todo este período, a humanidade do outro foi negada, os
“selvagens” eram mais próximos da animalidade, separados de “nós” por uma barreira
instransponível. É o que lembra Frantz Fanon. Este maniqueísmo desumaniza o colonizado.
Melhor dizendo, ele o animaliza. E, de fato, a linguagem do colono, quando ele fala d
colonizado, é uma linguagem zoológica. (...)
As ONGs africanas têm solicitado que o tráfico de escravos, a escravidão e
o colonialismo sejam reconhecidos como “crimes contra a humanidade”. (...) Um dos
principais pontos diz respeito à vontade das ex-colônias de obterem “reparações”. (...)
Quando se trata de apenas fazer um inventário, ainda que isto seja
importante, nós dispomos de grandes quantidades de testemunhos e documentos sobre
crimes de massa do século XX. O genocídio dos judeus é objeto de uma imensa literatura.
Os crimes do stalinismo, principalmente depois do fim da União Soviética, são muito
documentados. Ao contrário, o sofrimento das conquistas coloniais aparece apenas em
filigranas. (...)
Quando se trata apenas de história, as vidas de milhões de homens e
mulheres continuam afetadas pelo massacre e pela opressão sobre as sociedades (...)

2) Explique a opinião do autor do documento 2 sobre:


a) Quais as justificativas para a colonização?
b) O que o autor quis dizer com “linguagem zoológica”?

c) Qual o papel de algumas ONGs africanas?


d) Qual a intenção do autor em citar o genocídio de judeus e os crimes do stalinismo no
texto?

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