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Classes de palavras
e sintagmas
Para determinar a classe de uma palavra, é preciso analisar o contexto em que está sendo
empregada. Observe o termo “uma roupa de marca”: nele, identificamos o núcleo (o
substantivo roupa), um determinante (o artigo uma) e um termo preposicionado (de
marca). Quanto ao termo preposicionado: qual é sua função dentro do termo “uma roupa de
marca”? De marca, embora formado por uma preposição seguida de um nome, está
modificando e restringindo o substantivo roupa; trata-se, portanto, de uma locução
adjetiva desempenhando a função de adjunto adnominal. Em seguida, o personagem diz:
“uma boa marca de roupa”; nesse termo, o substantivo marca é o núcleo, modificado e
restringido pela locução de roupa. Com essa troca, a palavra marca ganha destaque,
enquanto a palavra roupa passa para segundo plano.
Dessa maneira, para identificar a classe gramatical de uma palavra é imprescindível
observar, além de sua significação, suas características flexionais (ou a falta delas) e seu
comportamento, isto é, as relações morfossintáticas que estabelecem com os demais
elementos de um determinado texto.
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A gRAmáTicA
DA PALAvRA
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CLASSES DE PALAVRAS
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As palavras da língua portuguesa, segundo a classificação gramatical tradicional, podem pertencer a dez
diferentes classes, sempre dependendo de critérios semânticos (significação), morfológicos (flexão, tipo de sufi-
xos, etc.) e sintáticos (função desempenhada por elas nas orações).
Inicialmente, tomemos os seguintes exemplos:
De imediato, as palavras apresentadas podem ser reunidas em três grupos distintos, segundo os critérios
acima: Haroldo e Calvin têm em comum o fato de nomearem seres e desempenharem a função de sujeito (são
substantivos); curioso e sincero não indicam seres, mas qualidades relativas aos seres nomeados, concordando
em gênero e número com os substantivos (são adjetivos); ficou e foi apenas ligam essas qualidades aos seres
nomeados, mantendo concordância em pessoa e número com os substantivos na função de sujeito (são verbos
que indicam estado ou mudança de estado).
Considere outros exemplos:
As palavras das frases acima podem ser assim agrupadas: tigre e panteras nomeiam seres e desempe-
nham a função de sujeito (são substantivos); o e as determinam gramaticalmente os vocábulos posteriores,
concordando em gênero e número com eles (são artigos); corre e engordaram indicam um processo ou ação,
concordando em pessoa e número com os substantivos na função de sujeito (são verbos que indicam ação);
rapidamente e muito são palavras que modificam essas ações, sem manifestar concordância (são advérbios
modificando verbos).
Pensemos agora em alguns versos do poeta Manoel de Barros, criador de poesia e de palavras:
Num primeiro momento, podemos derrapar no campo semântico e não entender o sentido das pala-
vras destacadas, mas facilmente perceberemos (nós, falantes da língua portuguesa) as classes gramaticais
a que elas pertencem (mesmo sem saber de cor a nomenclatura da classificação), seja pela posição que
ocupam na frase, seja pela relação que estabelecem com as demais palavras, seja pelas terminações que
apresentam.
Assim, percebemos que terapeutam e absurda são formas verbais pelas terminações que apresentam
(desinências verbais), pela relação que estabelecem com os substantivos delírios (plural) e natureza (singular),
resultando, respectivamente, na concordância em terceira pessoa do plural e terceira do singular, por terem seus
significados completados por pronomes oblíquos (me). O poeta criou os verbos terapeutar (derivado de tera-
pêutica; uma leitura possível: os delírios verbais aliviam minhas dores) e absurdar (derivado de absurdo; uma
leitura possível: a natureza me deixa alucinado, me encanta).
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Criançamento apresenta o sufixo nominal -mento (indica ação ou resultado da ação) formador de
substantivos abstratos derivados de verbos (tais como crescimento, nascimento, aparecimento); está prece-
dido de artigo; complementa o sentido de um verbo. Trata-se, portanto, de um substantivo. Coisal apresenta
o sufixo nominal -al (indica referência ou pertinência) formador de adjetivos derivados de substantivos
(tais como genial, feudal, comercial); atua como modificador do substantivo entidade. Trata-se, portanto, de
um adjetivo.
Da mesma forma que o poeta, os demais falantes da língua também criam ou empregam palavras seme-
lhantes: Fulano camelou (verbo); tal coisa é sacal (adjetivo); maior entojamento (substantivo; coisa que causa
nojo, chateação), motorista domingueiro (adjetivo), etc.
Assim, observando critérios semânticos, morfológicos e sintáticos, agrupam-se as palavras em dez classes:
substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Segundo a
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), as seis primeiras classes são variáveis e as quatro últimas, invariáveis.
Para obter uma visão geral, leia o quadro seguinte com as classes gramaticais e compare suas respectivas
características fundamentais.
45
Exprime emoções ou
Interjeição Palavra invariável. Palavra-frase.
sentimentos.
oBsERvAÇão:
Nem todas as características acontecem simultaneamente; às vezes, uma palavra pode,
por exemplo, não apresentar as características morfológicas de sua classe.
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A gRAmáTicA
DA FRAsE
AS RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS
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DE UMA PALAVRA DENTRO DE UM ENUNCIADO
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Entre as características que determinam se uma palavra pertence a uma das dez classes gramaticais,
vamos nos deter na combinação de duas: a morfologia e a sintaxe. Para isso, é preciso ficar atento ao contexto
em que as palavras estão inseridas, pois o uso que fazemos delas é dinâmico, ágil, criativo.
Por exemplo, a palavra animal descontextualizada designa um ser; podemos dizer, então, que se trata de
um substantivo.
Entretanto, vejamos o que acontece com a palavra animal contextualizada:
Pode ser observado que nem todas as pessoas se adaptam ao recurso canino, mas todas aquelas que
trocam a tradicional bengala pelo animal garantem que, além de um amigo fiel, ganham carinho, amor e
dedicação incondicionalmente.
n Disponível em: <http://www.ressoar.org.br/dicas_inclusao_sentidos_cao_guia_relacao_animal.asp>. Acesso em: 21 jan. 2013.
Nesse texto, a palavra animal aparece duas vezes, mas não com as mesmas características. Na segunda
ocorrência, em “...trocam a tradicional bengala pelo animal”, a palavra funciona como núcleo do termo nominal
“pelo animal”, exercendo uma função substantiva dentro do termo verbal. Aparece determinada pelo artigo o,
que indica seu gênero (masculino) e seu número (singular).
Agora, considere a primeira ocorrência: “Essa relação é animal”. A palavra animal, nesse contexto, não deno-
mina um ser, mas indica uma qualidade do termo relação. Nesse caso, a palavra constitui um núcleo adjetival,
exercendo uma função adjetiva (predicativo do sujeito), subordinando sua concordância ao núcleo nominal a
que se refere. Se a função é outra, a palavra muda de classe: não é mais um substantivo, mas um adjetivo.
As considerações anteriores demonstram que, ao estudar uma palavra, é preciso fazê-lo num determina-
do contexto, analisando-a por aquilo que ela manifesta na sua forma (análise morfológica), pela função que
ela desempenha na oração ao se relacionar com outras palavras (análise sintática), além de observar sua
significação (análise semântica).
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Atividade
editora
Novo filme Madagascar tem efeitos “animais”.
rquivo da
n (Manchete na página do UOL de 8 dez. 2009.)
Divulgação/A
• Qual é o efeito de sentido produzido pelas aspas?
Justifique sua resposta levando em conta a análise
semântica e gramatical.
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OS SINTAGMAS
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Os enunciados expressam um conteúdo por meio dos elementos e de suas combinações, proporcionados
pelos mecanismos que regem uma língua. Dessa maneira, vão se formando conjuntos e subconjuntos que fun-
cionam como unidades sintáticas dentro da unidade maior que é a frase.
A essas unidades de sentido e com função sintática chamamos sintagmas. Uma frase pode estar compos-
ta de um ou mais sintagmas; um sintagma pode estar composto de um ou mais elementos.
Vejamos alguns exemplos:
Em a, observa-se uma frase composta de dois sintagmas com mais de um elemento; em b, uma frase com-
posta de um sintagma com mais de um elemento; em c e d, frases compostas de um único sintagma com um
só elemento.
dois grandes conjuntos se relacionam quer pelo significado (orquestra tocou; o mesmo não ocorreria, pelo
menos denotativamente, com o verbo nevar: orquestra nevou), quer pela concordância: o primeiro conjunto
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apresenta como elemento nuclear um nome (orquestra, substantivo singular); o segundo, um verbo (tocou,
terceira pessoa do singular). Alterando o enunciado, a adequação se faz necessária:
SN SV
A grande orquestra tocou suavemente.
As grandes orquestras tocaram suavemente.
Nós tocamos suavemente.
Tu tocaste suavemente.
A partir dessa articulação, é possível montar uma estrutura básica da frase em língua portuguesa, o que
permite ao falante construir um sem-número de orações. Para evidenciar essa possibilidade, vamos substituir
um dos conjuntos por outros que exerçam a mesma função ou, em outras palavras, que pertençam a um
mesmo paradigma, considerando paradigma o conjunto dos termos substituíveis entre si numa mesma posição
da estrutura a que pertencem:
A grande orquestra
O músico
A banda tocou suavemente.
A campainha
O sino
tocou suavemente.
embalou os noivos.
A grande orquestra deliciou os ouvintes.
não tocou.
desafinou.
Ulhôa Cintra/Arquivo da editora
As sementes do ritmo jamaicano encontraram solo fértil em terras brasileiras, onde cresceram e deram
frutos com a cara do nosso povo e da nossa cultura.
n Revista MTV.
Na primeira oração, o sintagma verbal “encontraram solo fértil em terras brasileiras” refere-se ao sintagma
nominal “as sementes do ritmo jamaicano”.
Nas duas orações seguintes, os sintagmas verbais estão se referindo ao mesmo sintagma nominal expresso
na primeira oração e subentendido nas seguintes.
Há também casos em que o sintagma nominal com função de sujeito não existe, ou melhor, não pode ser
preenchido lexicalmente, e só encontramos o sintagma verbal (são orações sem sujeito). Isso acontece, por
exemplo, com sintagmas verbais cujo núcleo é um verbo impessoal:
SN SV
Ø Ontem choveu muito.
Conjuntos e subconjuntos
Voltemos à frase “A grande orquestra tocou suavemente.”, em que ocorre a combinação do sintagma nomi-
nal “a grande orquestra” com o sintagma verbal “tocou suavemente”. No sintagma nominal, a palavra que fun-
ciona como núcleo é o substantivo orquestra, cujo significado é ampliado pelo artigo a e pelo adjetivo grande,
que se subordinam ao núcleo, concordando com ele em gênero e número. No sintagma verbal, a palavra que
funciona como núcleo é a forma verbal tocou, que é modificada pelo advérbio suavemente.
Or Or = oração
SN = sintagma nominal
SV = sintagma verbal
nc = núcleo
SN SV
nc
nc
tocou suavemente.
A grande orquestra
Nesse caso, o adjetivo grande forma um subconjunto dentro de um conjunto maior, que é o sintagma
nominal. O mesmo ocorre com o advérbio suavemente em relação ao sintagma verbal.
Or
Mod = modificador
Circunst = circunstancial
Det = determinante
SN SV
Det Mod nc nc Circunst
Sintagma nominal
O sintagma nominal, como o nome indica, pode exercer a função de sujeito, complemento verbal (objeto),
complemento nominal, predicativo, aposto, vocativo, ou seja, qualquer função substantiva.
O núcleo de um sintagma nominal é sempre um nome ou pronome substantivo ou elemento substantiva-
do. Esse núcleo pode constituir o sintagma sozinho ou aparecer acompanhado de outras palavras, que, basica-
mente, formam dois grupos:
• os determinantes: termos que se referem ao núcleo para indicar gênero e número (os artigos), localização no
tempo e no espaço (pronomes demonstrativos), posse (pronomes possessivos), quantificação (numerais e
pronomes indefinidos);
• os modificadores: normalmente representados por adjetivos ou locuções adjetivas, sintagmas nominais pre-
posicionados (quando há transitividade no nome nuclear) e orações adjetivas.
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SN
as do ritmo jamaicano
minhas jamaicanas
duas sementes muito rítmicas
algumas musicais
estas afro-americanas
SN
modificador núcleo
musicais
jamaicanas sementes
caribenhas
Os determinantes e modificadores gravitam em torno do núcleo do sintagma nominal e com ele estabe-
lecem relações de concordância. Em consequência, alterando-se o núcleo do sintagma nominal, os determinan-
tes e modificadores deverão se adequar:
SN
Det nc Mod
A semente jamaicana
O embrião jamaicano
Esses embriões jamaicanos
No enunciado acima, há um sintagma adjetival de um só elemento (jamaicano) e outro de mais de um elemento; no exemplo a seguir, o
advérbio muito é quantificador do adjetivo nuclear contagiante.
Entre os modificadores do núcleo nominal, o mais comum é o chamado sintagma adjetival (SAdj), a
unidade de sentido que tem valor de adjetivo. O sintagma adjetival pode ser composto de um só elemento
(um adjetivo) ou de um elemento nuclear (um adjetivo), acompanhado de outras palavras que o modificam.
SAdj SAdj
O reggae jamaicano é muito contagiante.
Os elementos que se referem ao núcleo adjetival são, geralmente, quantificadores ou enfatizadores, via de
regra representados por advérbios (circunstanciais). Quando existe transitividade no adjetivo nuclear, é possível
encontrar sintagmas nominais preposicionados completando seu sentido.
SAdj
Nesse caso, a locução do brasileiro complementa o sentido do
adjetivo diferente; trata-se de um sintagma nominal introduzido por
O reggae jamaicano é diferente do brasileiro.
preposição por exigência do adjetivo (diferente de algo ou alguém).
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Sintagma verbal
Como já vimos, o sintagma verbal tem como núcleo uma forma verbal ou uma locução verbal. Se o
núcleo do sintagma for um verbo intransitivo, há a possibilidade de o sintagma ser composto de um único
elemento; no caso de verbos transitivos ou copulativos (de ligação), necessariamente aparecerão outros
sintagmas dentro do sintagma verbal. Mesmo no caso de verbo intransitivo, o sintagma pode apresentar,
além do núcleo, um circunstancial.
Or
SN SV
Or
SN SV
nc Circunst
Or
SN SV
nc SN
Or
SN SV
nc SAdj.
SN SV
nc SN SN(p)
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Os circunstanciais, representados pelos advérbios, são, por excelência, o modificador do verbo e formam o
sintagma adverbial (SAdv), que pode ser composto de um só elemento (um advérbio) ou de mais de um elemento
(intensificador + advérbio nuclear; locução adverbial).
SAdv SAdv(p)
As sementes do reggae crescem muito rapidamente e com força.
Nesse caso, ocorrem dois sintagmas adverbiais na mesma oração. No primeiro, há um intensificador (muito) + advérbio nuclear (rapidamente);
no segundo, uma locução adverbial precedida de preposição (com).
Atividades
O texto a seguir é uma notícia publicada em mídia digital.
Antes de ler o texto, faça a relação do título com a imagem e com sua respectiva legenda.
Durante a leitura, observe a linguagem utilizada.
Destruição geral
Governador confere pessoalmente os problemas causados pelas chuvas no interior.
Muitas ruas alagadas, meios-fios arrancados, residências cheias de água e lama, pavi-
mentação danificada, calçamento destruído e prédios escolares servindo de abrigo para
famílias desalojadas.
n Disponível em: <http://geraldofreire.uol.com.br/conteudoPrimeirapagina2301.3.htm>.
Acesso em: 20 fev. 2010.
1. A notícia trata de um tema do cotidiano de muitas pessoas, principalmente em certas épocas do ano e em
determinados lugares, quando chove muito. Você já presenciou uma situação semelhante? Já leu ou viu
notícias que relatam esses acontecimentos? Tem uma opinião formada sobre elas?
5. Releia o enunciado: “Governador confere pessoalmente os problemas causados pelas chuvas no interior” e:
a) identifique que tipo de circunstâncias expressam os sintagmas adverbiais pessoalmente e no interior;
b) se possível, desloque os sintagmas, sem que o enunciado perca o sentido. Faça as modificações neces-
sárias de pontuação;
c) especifique o sintagma nominal com função de sujeito com um determinante e um modificador.
6. Crie uma notícia curta sobre algum acontecimento ocorrido nos últimos dias. A opção pela predominância
de sintagmas nominais ou verbais vai depender dos efeitos que você deseja produzir em seu leitor e da
natureza do fato noticiado. Não se esqueça do título e do subtítulo.
gÊnERo TExTUAL
Notícia
Matéria-prima de jornais e revistas, sejam impressos, sejam on-line, sejam da mídia audiovisual, a
notícia transmite aos leitores fatos de interesse a uma comunidade em especial, ou ao público em geral.
Para ter credibilidade, a notícia precisa estar baseada em fatos reais e ser objetiva. Por essa razão, evitam-
-se expressões que demonstrem subjetividade e usa-se a terceira pessoa para narrar os fatos, o que não
impede, muitas vezes, o posicionamento de quem os relata. Fatos inéditos e notáveis são os que mais
atraem o público leitor. A notícia costuma apresentar em sua parte inicial (o chamado lide) alguns elemen-
tos: o fato em si (o quê?), as pessoas envolvidas no fato (quem?), o local (onde?) e a data do fato (quando?),
o modo como ocorreu (como?) e as razões que justificariam o fato (por quê?). Pode, ainda, expandir-se,
apresentando depoimentos dos envolvidos, de testemunhas ou de especialistas, além de imagens. Títulos
são o chamariz da notícia; os de primeira página são as manchetes. Com a grande diversificação da mídia,
varia o tratamento dado às notícias em função do perfil do leitor a que se destinam as publicações.
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INTERJEIÇÃO: PALAVRA-FRASE
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Interjeição é a palavra (ou grupo de palavras, formando uma locução interjetiva) usada para exprimir emo-
ções e sentimentos. Portanto, de todas as classes de palavras é a que mais depende da entonação e do contexto.
Observe que uma mesma interjeição pode ser usada para manifestar as mais diversas emoções, como nos
enunciados abaixo, retirados de diferentes páginas da internet:
Caramba, hoje fui dar de cara com uma velha amiga minha, Deby,
no shopping.
Meu programa não abre! Caramba!!!
Puxa vida!!! Tanta espera e nada... cadê você?
Puxa vida, achei que na faculdade iria me livrar da Matemática...
Puxa vida!!! A excentricidade desenfreada explorada ao seu maior
ponto de evolução.
Puxa vida!... Também sou filha de Deus...
Atividades
Maquiagem rosa é tendência para o verão. Inspire-se
Para quem não tem medo de ousar, a dica é abusar do
cor-de-rosa nos olhos, deixando o look com um ar feminino
1. A quem se destina um artigo como esse? Justifique sua resposta, utilizando elementos do texto.
2. Releia o título do artigo. Ele chamou sua atenção? Por quê? Comente o uso das palavras rosa e verão, obser-
vando seu comportamento morfossintático.
3. Comente o comportamento morfossintático da palavra rosa na seguinte passagem: “...o tom escolhido seja
um rosa mais forte...”.
4. “item queridinho das mulheres brasileiras”. Qual é o valor semântico do sufixo -inho em queridinho?
5. No Volp on-line, ao pesquisar a palavra cor-de-rosa, encontramos o seguinte: cor-de-rosa adj.2g.2n. s.m.2n.
O que significam essas abreviações? Aponte no texto o emprego de cor-de-rosa em cada classe morfológica.
6. Com que intenção o texto foi escrito? Justifique com passagens do texto.
7. Pensando no desenvolvimento do texto, que tipo de relação podemos estabelecer entre o primeiro e o
segundo parágrafo? Comente.
8. Quando o tema era moda e estética femininas, os termos eram predominantemente franceses (no texto
encontramos rímel e batom) até meados do século XX, mas no final do século os termos ingleses passaram
a predominar. Como você explicaria esse fato? Que palavras do texto exemplificam isso e o que elas signi-
ficam nesse contexto?
9. Escreva uma nota semelhante sobre moda e acessórios, utilizando outra cor. Pense no público leitor da nota
e no veículo onde seria publicada. O léxico da língua portuguesa dispõe de uma variedade de nomes e tons
dessa cor escolhida?
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A gRAmáTicA
DO TExTo
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LÉXICO E SIGNIFICADO NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS
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Além de observar as palavras segundo seu comportamento morfossintático, podemos nos deter nelas,
observando-as como componentes lexicais de uma língua, no nosso caso, a língua portuguesa.
Ao falar-se em componentes lexicais, consideram-se as palavras formadoras do repertório ou vocabulário
geral de uma determinada língua. Esse conjunto amplo – o léxico da língua – pode ser dividido em subconjuntos,
empregados para falar em diferentes contextos (orais, escritos, formais, informais, etc.), em diferentes regiões e
sobre diferentes áreas do conhecimento, atividades, técnicas (educação, linguística, medicina, tecnologia, astrono-
mia, etc.), por diferentes grupos sociais (surfistas, técnicos, advogados, etc.) e diferentes indivíduos (adulto, criança,
mulher, homem, etc.). Como você pode perceber, é bastante difícil obter o domínio total do léxico de uma língua.
Esses subconjuntos contidos no léxico da língua chamam-se campos lexicais e nos permitem falar sobre
um determinado assunto, além de identificar, com base na análise da seleção léxica que apresenta um texto,
sobre que ideia, conhecimento ou técnica está se discorrendo.
Observe o seguinte texto.
Astronomia
Também é possível observar as palavras, tendo em vista seu conteúdo semântico, isto é, sua significação. Para
isso, temos de analisá-las dentro de um texto, pois seu campo semântico, ou seja, todas as suas significações deno-
tativas e conotativas, pode ser muito amplo. Vejamos o caso da palavra corpo(s):
Lendo o enunciado e o verbete em que está inserido, sabemos que corpos é uma palavra que tem como
significação “objetos naturais existentes e perceptíveis no espaço sideral”. No entanto, se descontextualizada, a
mesma palavra possui um campo semântico muito amplo (o Dicionário Houaiss registra 43 acepções). Assim,
uma mesma palavra pode assumir diferentes significações de acordo com o enunciado em que se encontra. Veja
alguns casos:
OS EFEITOS DA SELEÇÃO DE
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SINTAGMAS NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
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Além da posição dos sintagmas, a seleção de um tipo de sintagma específico, muitas vezes reiterado, per-
mite outros efeitos. A sequência de sintagmas adjetivais, por exemplo, valoriza as qualidades e estados de um
objeto, lugar, pessoa, serviço, etc., montando um texto basicamente descritivo.
As sequências verbais, por sua vez, permitem expressar o movimento, os processos e as ações, construindo
textos primordialmente narrativos.
Na caminhada, trovejou, mas não choveu.
n Verso do samba-enredo de 1980 do Salgueiro, de Zé di Zuzuca, Edinho, Haydée, Moacir Arantes, Pompeu.
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As sequências adverbiais expressam, essencialmente, as circunstâncias em que um fato acontece; por isso,
são grandes auxiliares na construção do pano de fundo narrativo.
Chico chegou discretamente para assistir à festa de entrega do Prêmio Bravo, na Sala São Paulo. A edi-
ção deste ano homenageou os festivais de música popular da TV Record na década de 60. O cantor e com-
positor foi presença frequente e importante daquele momento, participando e ganhando várias vezes com
suas músicas. O ícone da MPB ficou contente quando foi chamado ao palco como o vencedor na categoria
de melhor livro com Leite derramado.
n Disponível em:<http://mdemulher.abril.com.br/tv-novelas-famosos/fotos/acontece/v-premio-bravo-prime-cultura-festa-ganhadores-vencedores-508595.shtml#1>.
Acesso em: 20 jan. 2013.
Shutterstock/Glow Images
nais, por outro lado, consegue exprimir
imagens de coisas, fatos, acontecimentos,
construindo textos descritivos por meio
de enumerações, na fronteira com o nar-
rativo. Cria-se um cenário para a imagi-
nação do leitor.
Atividades
1. Identifique, nos trechos a seguir, que tipo de sintagmas prevalecem, justificando a opção
dos autores.
a) O Grupo Bandeirantes está fazendo 70 anos. Uma história todinha feita para você.
Nestes 70 anos, você riu, chorou, se emocionou, se informou, cantou e dançou. Já viu,
ouviu e leu muita coisa. Mas não vamos parar por aí. E agora, o que você quer ver no
Grupo Bandeirantes?
n Metro, 28 maio 2007, p. 5.
b) [...] Parentes, amigos, por morte, distância, desvio. Livros, de empréstimo, esquecimento
e mudança. Mulheres também, com os seus temas. Móveis, imóveis, roupas, terrenos,
relógios, paisagens, os bens da infância, do caminho, do entendimento.
n Circuito Fechado 2. In: RAMOS, Ricardo. Circuito fechado. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 36.
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d) Mirou-se. Instintivamente olhamos para o espelho. Era uma carita de criança. Apenas estava muito
bem pintada. As olheiras exageradas, as sobrancelhas aumentadas, os lábios avivados a carmim
líquido faziam-lhe uma apimentada máscara de vício.
n RIO, João do. Modern Girls. In: As cem melhores crônicas brasileiras. (Org.). Joaquim Ferreira dos Santos. Rio: Objetiva, 2007. p. 30.
Garfield
Eletrônico eclético
Alcides Honório Júnior, mais conhecido como Garfield, é um produtor paulistano que, mesmo
estando no underground, vem dando o que falar. Ele faz uma mistura bacana com vários ritmos e
tendências em um mesmo caldeirão sonoro. “Ouço de tudo, como
Divulgação/Trama
DJ Shadow, Björk, Iron Maiden, Earth, Wind & Fire, Nação Zumbi,
Ira!, The Cure, Smiths, Alien Sex Fiend...”, diz. Munido de tanta infor-
mação, fica fácil: Garfield se tranca no estúdio e não para de criar.
“Não rola uma fórmula exata na sessão de gravação, depende do
que estou sentindo. Às vezes, gravo as guitarras e programo os rit-
mos, depois coloco uns sintetizadores. Também GRAVO ALGUMAS
CONVERSAS POR TELEFONE, FAÇO RECORTES E COLAGENS em algu-
mas faixas.” Tudo isso poderá ser conferido em seu CD de estreia,
muzik xperimentz #1. n Capa do CD muzik
2. Analisando as expressões empregadas pelo redator do texto e pelo entrevistado, é possível deduzir qual é
o público a que se destina o artigo?
4. Releia o seguinte termo verbal: “não para de criar”. Assinale os subconjuntos nele contidos e comente as
funções que exercem, relacionando-os às classes gramaticais.
NO
Questões de exames FAÇARNO!
CAD
E
americanos estuda a linguagem desses homens Em “O tema da diversidade, como tantos outros,
e mulheres, não tendo chegado ainda a conclu- [...]”, a expressão em destaque pode ser considera-
sões publicáveis. Alguns professores tentaram da como:
imitar esses nativos e foram recolhidos ao hos- I − termo explicativo, com valor sintático, pois
pital da ilha. Os cabecences-para-baixo, como explicita algo a mais em razão do enunciado
foram denominados à falta de melhor classifi- fundamental.
cação, têm vida longa e desconhecem a gripe e II − construção que apresenta relação causal,
tendo em vista ser introduzida pela preposi-
a depressão.
ção “como”.
n ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 150. III − um sintagma, com sentido opinativo, que
apresenta relação de comparação com a
No texto, há diversos sintagmas nominais – cons- expressão anterior.
truções com núcleo substantivo acompanhado ou IV − expressão intercalada de valor enumerativo
não de termos com função adjetiva – que caracte- que estabelece uma referência comparativa
rizam o “povo primitivo”. genérica.
a) Retire do texto dois desses sintagmas. Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s)
b) A caracterização normalmente atribuída a um proposição(ões) verdadeira(s).
povo primitivo como não evoluído não se confir- a) I, III e IV d) I e III, apenas
ma. Justifique essa afirmativa, utilizando os b) II, apenas e) I e IV, apenas
sintagmas escolhidos no item a. c) II e III
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