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ÍNDICE

A MIRA Edição 185 Ano XXIX

08 EDITORIAL

09 DESAFIO DA MIRA EDIÇÃO 185

09 SOLUÇÃO DO DESAFIO DA MIRA EDIÇÃO 184

10 MATÉRIA DE CAPA
Levantamento e contralevantamento topográfico: Utilização em
georreferenciamento de imóveis rurais e monitoramento de túneis

15 INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Unipampa – Universidade Federal do Pampa

18 SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA


Avaliação da compatibilidade de nuvens de pontos capturadas
com sensores terrestre e móvel da tecnologia light detection and
ranging (LIDAR)

25 GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS


Análise técnica do cálculo da distância entre vértices conforme
modelo adotado pelo SIGEF/ INCRA - diferença nas distâncias
horizontais projetadas nos vértices comuns em propriedades
adjacentes

27 TOPOGRAFIA APLICADA
Ajustamento do quadrilátero

30 ENTRETENIMENTO
Conto topomatemático - a partilha dos teodolitos e o jantar
comemorativo

31 GEODÉSIA APLICADA
Determinação do Norte Verdadeiro com técnica GNSS

34 HISTÓRIA DA GEODÉSIA
Evolução dos instrumentos e métodos de medidas das bases
geodésica

36 NORMAS TÉCNICAS
Determinação da precisão angular dos equipamentos topográ-
ficos NBR 13133 - DIN 18723

41 NORMAS TÉCNICAS
As normas iso para instrumentos topográficos e geodésicos

43 CURSO DE TOPOGRAFIA BÁSICA


1 - Conceitos fundamentais de agrimensura, topografia e
goniologia

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EDITORIAL

A MIRA ONLINE

A revista A Mira, ao chegar aos seus trinta anos de existência nicas para georreferenciamento de imóveis urbanos, já elabora-
(1990 - 2020), passa a ser publicada exclusivamente em plata- das pelo Confea, ainda não foram publicadas.
forma digital, online, e sem nenhum custo para o leitor. O decreto do cadastro técnico multifinalitário, já aprovado nas
Com a crise econômica que assolou o país a partir de 2014, comissões da Câmara dos Deputados, aguarda aprovação no
houve uma redução na oferta de trabalhos na área de topo- plenário.
grafia e, em consequência, uma significativa diminuição no A Rede de Referência Cadastral Municipal, necessária para o
mercado de equipamentos topográficos e geodésicos, fazendo georrefenciamento de imóveis urbanos, vai ser exigida após um
que alguns anunciantes redirecionassem suas estratégias de ano, a partir da aprovação e publicação das normas de procedi-
marketing, deixando de inserir suas mensagens publicitárias na mentos do geo urbano.
revista impressa. O CAR, vai ter de ser refeito pois, além da sobreposição, tem
A Mira não parou. Diminuiu a periodicidade e reduziu o núme- reserva legal que ficou no terreno do vizinho. Mas, não é mo-
ro de páginas, mas resistiu ao período de turbulência financeira mento para lamentações...dias melhores virão!
da nossa pátria amada denominada Brasil. Uma coisa é certa. Não será mais necessário efetuar assina-
Em 2015, com o novo Código Civil Brasileiro instituindo a usu- tura ou pagar para ler a edição atual da revista A Mira. Basta
capião administrativa. acessar o site: www.amiranet.com.br
Em 2016, o lançamento do Sistema Nacional de Gestão de A nova revista A Mira terá algumas novidades:
Informações Territoriais (Sinter), com o georreferenciamento de - Os artigos acadêmicos estarão disponíveis para download
imóveis urbanos. Em 2018, o lançamento do Decreto do Reurb, no site, no formato original;
condomínio de Lote, Lei da Lage, etc... - Os cursos publicados na revista fornecerão aos leitores, que
Tudo isso apontava que o mercado de trabalho, na área de enviarem a avaliação, um certificado de participação enviado
topografia, iria avançar. Alguns chegaram a afirmar que o mer- por e-mail.
cado iria duplicar ou até triplicar. - As planilhas para cálculos apresentada nos artigos técnicos
Mas no Brasil é assim mesmo. As coisas andam muito deva- assinados pela redação da revista A Mira estarão disponíveis
gar, quase parando. Vejam só! para download.
Os cartórios são abrigados a entregar para o Sinter (Receita Já nesta edição: Determinação da Precisão Angular da Esta-
Federal), a listagem das matrículas efetuadas no mês. Todas ção Total (ângulo vertical e horizontal) e Ajustamento do Qua-
georreferenciadas (imóveis rurais e urbanos), e as normas téc- drilátero. Boa Leitura!

* Luiz Carlos da Silveira


Editor
silveira@amiranet.com.br

Editor
Engenheiro Agrimensor Luiz Carlos da Silveira
cartografia@amiranet.com.br / silveira@amiranet.com.br

Revisor Técnico
Engenheiro Agrimensor Leonard Niero da Silveira
leonard@amiranet.com.br

Jornalista Responsável, Marketing


Ariadne Niero da Silveira – SC 01828JP
jornalismo@amiranet.com.br

Edição e Revisão
Ariadne Niero da Silveira
Gabriella Bongiolo da Silveira
Luana Niero da Silveira Editora e Livraria Luana Ltda
edluana@engeplus.com.br Avenida Centenário, 3708 - Sala 201
Centro - Criciúma - SC - CEP: 88802-405
Atendimento ao leitor Fone: (48) 3437-2514
Gabriella Bongiolo da Silveira amira@amiranet.com.br
assinatura@amiranet.com.br www.amiranet.com.br

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DESAFIO DA MIRA

DESAFIO DA MIRA - EDIÇÃO 185

João, Pedro, Paulo e André possuem, em condomínio, 45 hectares de terra. Se aumentarmos dois hectares para o João, dois
hectares para o Pedro, duplicarmos a área do Paulo e reduzirmos a metade da área do André, todos os condôminos terão a mesma
quantidade de hectares.
Quantos hectares tem cada um?

SOLUÇÃO DO DESAFIO DA MIRA - EDIÇÃO 184


Desenhar no Google Earth a linha do Trópico de Capricórnio no Estado de São Paulo.

Apresentar o arquivo kmz da linha com pontos a cada trinta minutos de longitude.

A latitude do Trópico de Capricórnio equivale a obliquidade da


eclítica que é a precessão do eixo da Terra.
A Terra não é perfeitamente esférica, mas sim achatada nos
pólos e bojuda no equador. Seu diâmetro equatorial é cerca de
40 km maior do que o diâmetro polar. Jean Richer (1630-1696)
foi o primeiro a estabelecer esta diferença, notando que um
pêndulo tinha período diferente em Cayenne (5° N) na Guiana
Francesa do que em Paris, em 1672. Além disso, o plano do
Equador terrestre e, portanto, o plano do bojo equatorial está
inclinado 23° 26’ 21,418” em relação ao plano da eclíptica, que
por sua vez está inclinado 5° 8’ em relação ao plano da órbita
da Lua.
Apesar de o movimento de precessão ser tão lento (apenas
50,290966'' por ano), ele foi percebido pelo astrônomo grego
Hiparco, no ano 129 a.C., ao comparar suas observações da O movimento de precessão da Terra é conhecido como pre-
posição da estrela Spica (α Virginis) com observações feitas cessão dos equinócios, porque, devido a ele, os equinócios
por Timocharis de Alexandria (c.320-c.260 a.C.) em 273 a.C. (ponto vernal e ponto outonal) se deslocam ao longo da eclíp-
Timocharis tinha medido que Spica estava a 172° do ponto ver- tica no sentido de ir ao encontro do Sol (retrógrado em relação
nal, mas Hiparco media somente 174°. Ele concluiu que o ponto ao movimento da Terra em torno do Sol) .
vernal havia se movido 2 graus em 144 anos. Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/

O valor, em 2000, da obliquidade da eclítica era de 23° 26' 21,418". Para atualizar o valor é aplicado a fórmula
W = 23º 26' 21,418" - 0,46815"t - 0,0000059"t2 + 0,00001813"t3, (t=ano-2000) . Para 2019 a obliquidade da eclítica é 23° 26' 14"

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MATÉRIA DA CAPA

LEVANTAMENTO E CONTRALEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO


Utilização em Georreferenciamento de Imóveis Rurais e Monitoramento de Túneis
* Luiz Carlos da Silveira
Editor

1 – INTRODUÇÃO Com a estação total estacionada em B, com ré em A, e visada


em 1, grave os dados no arquivo “poligonal ida”. Com a estação
Conforme a norma técnica para georreferenciamento de imó- estacionada em B1 (mesmo ponto físico do ponto B) com ré em
veis rurais, não pode ser usada a poligonal aberta para a deter- 1A (mesmo ponto físico do ponto 1) e visada em A1 (mesmo
minação das coordenadas de vértices definidores do polígono ponto físico do ponto A) grave os dados no arquivo “poligonal
da área do imóvel. Quando um ou mais vértices encontram -se
volta”.
dentro de matas, sem condições de rastreio, estes vértices de-
verão ser levantados com topografia convencional utilizando A estação total permanece estacionada no ponto B, mesmo
poligonal fechada ou poligonal enquadrada. Neste caso não ponto físico do ponto B1 durante as medidas angulares e li-
pode ser utilizada poligonal aberta. neares das duas poligonais. Em monitoramento de túneis são
O presente trabalho tem como objetivo principal mostrar os efetuadas, no mínimo, três séries de leitura no método das dire-
procedimentos para transformar uma poligonal aberta em uma ções (posição direta e inversa) conforme exigência das normas
poligonal enquadrada, efetuando duas poligonais distintas, sen- técnicas para execução de levantamento topográficos – NBR
do uma poligonal de ida e outra poligonal de volta, utilizando os
13.133 da ABNT para poligonal tipo IP.
mesmos vértices.
No uso de estação total basta criar dois arquivos; um para
poligonal de ida e outro para a poligonal de volta, sendo que os Poligonal de ida Poligonal de volta
vértices da poligonal de volta deverão ser renomeados. Estação: B Estação: B1
O mesmo procedimento pode ser utilizado em levantamentos
topográficos para monitoramento de túneis, utilizando o último Ré: A Ré: 1A
vértice, no centro da frente do túnel, como sendo um ponto vir- Vante: 1 Vante: A1
tual.
Este método foi utilizado, pela primeira vez, pela equipe de E assim sucessivamente até o último vértice.
topografia da empresa Legtop, no monitoramento do túnel de
adução de água da PCH Castro Alves, na localidade de Nova
Roma do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. 3 – PROCEDIMENTO OPERACIONAL DE CÁLCULO
Este túnel é, atualmente, o maior túnel, em extensão (7 Km),
traçado para adução de água em UHE/PCH no Brasil. Após os trabalhos de campo, os arquivos das poligonais de
ida e volta são descarregados no software efetuando a unifica-
2 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DE CAMPO ção dos arquivos na sequência da poligonal geral.

São implantados dois vértices de alta precisão, fora da mata, Poligonal de ida Poligonal de volta
em área com boas condições de rastreabilidade de satélites do Estação Ré Vante Estação Ré Vante
sistema GNSS. No caso de monitoramento de túneis, as co-
ordenadas deverão ser referenciadas a um plano topográfico B A 1 4 3 3A
local. Para levantamento de vértices, no georreferenciamento 1 B 2 3A 4 2A
de imóveis rurais, pode ser utilizado o sistema de coordenadas
2 1 3 2A 3A 1A
planas UTM. No entanto, as distâncias deverão ser converti-
das em distância plana UTM através do Cálculo do Kr, que é o 3 2 4 1A 2A B1
coeficiente de transformação da distância horizontal local em B1 1A A1
distância plana UTM.
A partir da base de saída é desenvolvida uma poligonal até
Poligonal Geral
chegar no vértice. No túnel as estações são monumentadas por
vértices itinerantes dada a dificuldade de implantação de vérti-
ces no piso, por se tratar de rocha. Estação Ré Vante
B A 1
1 B 2
2 1 3
3 2 4
4 3 3A
3A 4 2A
2A 3A 1A
A, B, 1, 2, 3, 4 - Poligonal de ida
4, 3A, 2A, 1A, B1, A1 – Poligonal de volta 1A 2A B1
B1 1A A1
Figura 1 Exemplo de Poligonal

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MATÉRIA DA CAPA

As coordenadas de saída, dos vértices A e B, são as mesmas IV.4 – Cálculos


coordenadas dos vértices de chegada B1 e A1.
A diferença entre o azimute de saída e o azimute de chegada, a – Cálculo do azimute
calculado com os ângulos horizontais medidos, corresponde
ao erro angular cometido. Este erro é ajustado nos azimutes YB − YA
Arc cos AZ AB =
de forma acumulada. Da mesma forma se obtém o erro linear DAB
comparando as coordenadas de chegada através do cálculo da
poligonal geral com as coordenadas existentes. XA = 153.418,353 YA = 210.119,726
XB = 153.543,217 YB = 209.993,417
IV – EXEMPLO APLICATIVO

IV.1 – Dados de saída e chegada


DAB = (XB − X A )2 + (YB − YA )2

Vértice A = A1 Vértice B = B1
DAB = 177,60907 m
X = 153.418,353 X = 153.543,217
Y = 210.119,726 Y = 209.993,417
−126,309
Arc cos AZ AB =
IV.2 – Dados da poligonal de ida 177,60906

Tabela I – Dados da poligonal de ida AZAB = 135º 19’ 47”

ESTAÇÃO RÉ VANTE ÂNGULO DISTÂNCIA Tabela IV – Cálculo dos Azimutes


B A 1 112° 43' 17'' 130,414
ÂNGULO AZIMUTE AZIMUTE
1 B 2 206° 49' 53'' 256,732 LINHA CORREÇÃO
HORIZONTAL CALCULADO CORRIGIDO
2 1 3 123° 45' 18'' 241,421 A-B - 135º 19’ 47” - 135º 19’ 47”
3 2 4 259° 10' 35'' 96,819 B-1 112º 43’ 17” 68º 03’ 04” - 0,55” 68º 03’ 03”
1-2 206º 49’ 53” 94º 52’ 57” - 1,10” 94º 52’ 56”
IV.3 – dados da poligonal de volta
2-3 123º 45’ 18” 38º 38’ 15” - 1,65” 38º 38’ 13”

Tabela II – dados da poligonal de volta 3-4 259º 10’ 35” 117º 48’ 50” - 2,20” 117º 48’48”
4 - 3A 0º 00’ 00” 297º 48’ 50” - 2,75” 297º 48’ 47”
ESTAÇÃO RÉ VANTE ÂNGULO DISTÂNCIA 3A - 2A 100º 49’ 25” 218º 38’ 15” - 3,30” 218º 38’ 12”
4 3 3A 0º 00’ 00” 96,819 2A - 1A 236º 14’ 46” 274º 53’ 01” - 3,85” 274º 52’ 57”
3A 4 2A 100º 49’ 25” 241,440 1A - B1 153º 10’ 10” 248º 03’ 11” - 4,40” 248º 03’ 07”
2A 3A 1A 236º 14’ 46” 256,753 B1 - A1 247º 16’ 41” 315º 19’ 52” - 5,00” 315º 19’ 47”
1A 2A B1 153º 10’ 10” 130,432
Erro em azimute + 5”. Correção: 0,55” por vértice
B1 1A A1 247º 16’ 41” -

Revisão de topografia básica no cálculo do azimute


IV.4 – Montagem da poligonal geral

Fórmula utilizada
Tabela III – Poligonal geral
AZ n= AZ n −1 + A n ± 180°
ESTAÇÃO RÉ VANTE ÂNGULO DISTÂNCIA
B A 1 112º 43’ 17” 130,414
AZn = azimute da linha
1 B 2 206º 49’ 53” 256,732 AZn-1 = azimute da linha anterior
2 1 3 123º 45’ 18” 241,421 An = ângulo horizontal da linha
3 2 4 259º 10’ 35” 96,819
4 3 3A 0º 00’ 00” 96,819 Se a soma for menor que 180º → + 180º
3A 4 2A 100º 49’ 25” 241,440 Se a soma for maior que 180º → - 180º
2A 3A 1A 236º 14’ 46” 256,753
b - Cálculo das projeções e coordenadas preliminares
1A 2A B1 153º 10’ 10” 130,432
B1 1A A1 247º 16’ 41” - As projeções são calculadas a partir das fórmulas:

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MATÉRIA DA CAPA

ΔX = Sen AZ x Distância ΔY = Cos AZ x Distância


X n = Abscissa do ponto
As coordenadas são calculadas a partir das fórmulas: X n-1 = Abscissa do ponto anterior
Y n = Ordenada do ponto
X 0 = X n-1 + ΔX Y n = Y n-1 + ΔY Y n-1 = Ordenada do ponto anterior

Tabela V – Projeções e coordenadas preliminares

LINHA AZIMUTE DISTÂNCIA PROJEÇÕES COORDENADAS


- ΔX’ ΔY’ X Y
B - - - - 153.543,217 209.993,417
B- 1 68º 03’ 03” 130,414 120,961 48,747 153.664,178 210.042,164
1- 2 94º 52’ 56” 256,732 255,800 -21,850 153.919,978 210.020,314
2 - 3 38º 38’ 13” 241,421 150,739 188,578 154.070,717 210.208,892
3 - 4 117º 48’48” 96,819 85,633 -45,175 154.156,350 210.163,717
4 - 3A 297º 48’ 47” 96,819 -85,633 45,175 154.070,717 210.208,892
3A - 2A 218º 38’ 12” 241,440 -150,750 -188,594 153.919,967 210.020,298
2A - 1A 274º 52’ 57” 256,753 -255,821 21,853 153.664,146 210.042,151
1A - B1 248º 03’ 07” 130,433 -120,980 -48,751 153.543,166 209.993,400
SOMA COM SINAL 1.450,831 -0,051 -0,017 - -
SOMA EM MÓDULO - 1.226,317 608,723 - -

c – Determinação do erro linear e precisão 0,051


Kx = Kx = 4,158794178 . 10-5
1.226,317
Erro em X Erro em Y
X calculado = 153.543,166 Y calculado = 209.5993,400 Para a primeira projeção no eixo X
X real = 153.543,217 Y real = 209.5993,417 Cx = 20,961 . 4,158794178 . 10-5 = 0,005 m
Erro X = 0,051 m Erro Y = 0,017 m
Correção em Y

∆Y ' . Erro Y
(Erro X ) + (Erro Y )
2 2
Erro
= Linear Cy = ou Cy = ΔY’ . Ky
Σ ∆Y '
Erro Linear = 0,051 m
0,017
Ky = Ky = 2,792731669 . 10-5
Soma da distância 608,723
Pr ecisão =
Erro Linear
Para a primeira projeção no eixo Y
Soma da distância = 1.450,831 m Cy = 48,747 . 2,792731669 . 10-5 = 0,001 m
Erro Linear = 0,051 m
Precisão = 1: 26.867 Tabela VI – Correção das projeções e cálculo das abscissas no eixo X
d – Correção das projeções
PROJEÇÃO NO EIXO X
Eixo X LINHA ABSCISSA X
CALCULADA CORREÇÃO CORRIGIDA
Soma com sinal: Σ ΔX’ = - 0,051 m B - - - 153.543,217
Soma em módulo: Σ |ΔX’| = 1.226,317 m B-1 120,961 0,005 120,966 153.664,183

Eixo Y 1-2 255,800 0,011 255,811 153.919,994


2-3 150,739 0,006 150,745 154.070,739
Soma com sinal: Σ ΔY’ = - 0,017 m 3-4 85,633 0,004 85,637 154.156,376
Soma em módulo: Σ | ΔY’| = 608,723 m
4 - 3A - 85,633 0,004 - 85,629 154.070,747
Correção em X 3A - 2A -150,750 0,006 -150,744 153.920,003
2A - 1A -255,821 0,010 -255,811 153.664,192
∆X' . Erro X
Cx = ou Cx = ΔX’ . Kx
1A - B1 -120,980 0,005 -120,975 153.543,217
Σ ∆X' SOMA - 0,051 0,051 0,000

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MATÉRIA DA CAPA

Tabela VII – Correção das projeções e cálculo das ordenadas no eixo Y Tabela VIII – Listagem das coordenadas finais

PROJEÇÃO NO EIXO X PONTO X Y


LINHA ORDENADA B 153.543,217 209.993,417
CALCULADA CORREÇÃO CORRIGIDA
1 153.664,183 210.042,165
B - - - 209.993,417
2 153.919,994 210.020,316
B-1 48,747 0,001 48,748 210.042,165
3 154.070,739 210.208,899
1-2 - 21,850 0,001 - 21,849 210.020,316
4 154.156,376 210.163,725
2-3 188,578 0,005 188,583 210.208,899
3A 154.070,747 210.208,901
3-4 - 45,175 0,001 - 45,174 210.163,725
2A 153.920,003 210.020,312
4 - 3A 45,175 0,001 45,176 210.208,901
1A 153.664,192 210.042,166
3A - 2A -188,594 0,005 -188,589 210.020,312
2A - 1A 21,853 0,001 21,854 210.042,166 Para aplicação em georreferenciamento de imóveis rurais, as
1A - B1 - 48,751 0,002 - 48,749 209.993,417 distâncias horizontais deverão ser transformadas em distâncias
planas UTM, para serem usadas nos cálculos das coordenadas
SOMA - 0,017 0,017 0,000
planas UTM.

Na próxima edição

Transformação da distância horizontal em distância plana UTM para aplicação no


georreferenciamento de imóveis rurais.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 13


EDIÇÃO 185 | A MIRA | 14
INSTITUIÇÃO DE ENSINO

UNIPAMPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA


A UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa nasceu a Ciência e Tecnologia – Bacharelado.
partir do Consórcio Universitário da Metade Sul, com a coo- O corpo docente é composto por 30 professores, sendo 25
peração técnica entre o Ministério da Educação, Universidade doutores, quatro mestres e um especialista em regime de 40
Federal de Santa Maria – UFSM e Universidade Federal de horas com dedicação exclusiva. Destes, cinco professores têm
Pelotas – UFPel no ano de 2005, sendo que em 2006 iniciam formação na área de Engenharia de Agrimensura ou Cartográ-
as atividades acadêmicas com os campi vinculados às duas fica, sendo quatro formados na Universidade Federal de Viçosa
universidades inicialmente tutoras. em Viçosa - MG e um formado na Universidade do Extremo Sul
Em janeiro de 2008, pelo projeto de lei Nº 11.460 é criada a Catarinense, em Criciúma - SC.
Fundação Universidade Federal do Pampa, em formato mul- O corpo discente é formado, atualmente, por 146 alunos.
ticampi, com a reitoria sediada na ciadade de Bagé e campi No ano de 2016 formou-se a primeira turma de profissionais
localizados nas cidades de Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, da Engenharia de Agrimensura, sendo que até o momento já
Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São formaram-se 19 alunos que estão no mercado profissional e em
Borja, São Gabriel e Uruguaiana. programas de pós-graduação.
O curso de Engenharia de Agrimensura da Universidade Fe- O curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura da
deral do Pampa foi criado em reunião do conselho dirigente Unipampa tem a sua disposição cinco salas de aula climatiza-
realizada em Uruguaiana em 2009, iniciando suas atividades, das equipadas com recursos audiovisuais, sala de estudos com
em caráter preliminar, em 2010 e com autorização de funcio- biblioteca setorial, laboratório de desenho geométrico e dese-
namento por meio da portaria Nº. 1776 de 07 de setembro de nho técnico, laboratório de informática, laboratório de processa-
2011. Em 2018 houve a alteração da denominação do curso mento de dados geoespaciais, laboratório de geodésia e topo-
para Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, sendo um dos grafia, laboratório de cartografia e fotogrametria, laboratório de
três cursos oferecidos no estado do Rio Grande do Sul. hidrometria e física geral.
O curso está situado no campus de Itaqui-RS e oferta 50 O laboratório de geodésia e topografia dispõe de 10 teodoli-
vagas com disciplinas disponibilizadas no turno matutino, ves- tos eletrônicos, cinco teodolitos óptico-mecânicos, 11 estações
pertino e noturno. totais, 13 níveis óptico-mecânicos automáticos, oito receptores
A modalidade instituída é presencial, com carga horária total GNSS geodésicos (L1 e L1/L2), 10 receptores GNSS de na-
de 3.655 horas/aula e com prazos de integralização de 10 a 16 vegação, 17 estereoscópios, quatro trenas eletrônicas (laser),
semestres (5 a 8 anos). cinco bússolas, uma base nivelante avulsa, além de acessórios
O ingresso no curso é realizado pelo Sistema de Seleção como tripés, bipé, bastões, miras, etc. Também há a licenças
Unificada (Sisu). Outras formas de ingresso são: Transferên- dos softwares TopoGraph, Data-Geosis, Spectra Precision Sur-
cia Interna, Processo Seletivo Complementar (Reingresso, vey, GNSS solution e AutoCAD.
Transferência Voluntária e Portador de Diploma), Transferência O laboratório de processamento de dados geoespaciais pos-
Compulsória, Regime Especial, Programa Estudante Convê- sui instalado em seus computadores os softwares QGIS, Arc-
nio, Programa de Mobilidade Acadêmica Interinstitucional, Mo- GIS, Dinamica EGO e o software de processamento de dados
bilidade Acadêmica Intrainstitucional, Matrícula Institucional de aerofotogramétrico educacional efoto.
Cortesia e Edital de segundo ciclo do curso Interdisciplinar em Além das atividades de ensino o aluno pode participar de

Divulgação

Alunos e professores do curso na semana acadêmica de engenharia Agrimensura e Cartografia 2019

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 15


INSTITUIÇÃO DE ENSINO

projetos de pesquisa e extensão universitária, sendo que atual-


mente há vários projetos em andamento.
3º SEMESTRE
Os projetos de pesquisa versam sobre o estudo e desenvol- Código Componente curricular CH
vimento de soluções em geodésia, topografia e cartografia. Nos ECA 15 Topografia II 60
projetos de extensão há acordos de cooperação entre as prefei- ECA 16 Cartografia I 60
turas da região para a confecção da base cartográfica municipal
ECA 17 Estatística e Probabilidade 60
e cadastro técnico multifinalitário para fins de gestão territorial
e tributação. ECA 18 Geologia para Engenharia 60
Nos trabalhos de conclusão de curso o aluno aplica na prática ECA 19 Programação I 60
todo o conhecimento adquirido em sala de aula durante o curso. ECA 20 Cálculo II 60
Há também o estágio curricular obrigatório onde o aluno atua
em empresas da área de geociências aliando o conhecimento ECA 21 Física II 60
teórico com a aplicação prática. O aluno também pode realizar
o estágio não obrigatório em empresas ou projetos de forma 4º SEMESTRE
voluntária.
Código Componente curricular CH
O coordenador do curso de Engenharia de Agrimensura da
Unipampa é o professor Dr. Fábio Lucas Izaguirre Martins, ECA 22 Topografia de Precisão 60
sendo o coordenador substituto o professor Dr. Rolando Larico ECA 23 Cartografia II 60
Mamani.
ECA 24 Hidrologia Aplicada 60

Unipampa – Universidade Federal do Pampa ECA 25 Elementos de Ciências do Solo 60


Campus de Itaqui ECA 26 Programação II 60
Curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura ECA 27 Cálculo III 60
Rua Luiz Joaquim de Sá Britto, s/n
ECA 28 Física III 60
Promorar – Itaqui – RS – CEP: 97650-000
Fone: (55) 3432 1850
Site: http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/engenhariadeagri- 5º SEMESTRE
mensura/
Código Componente curricular CH
ECA 29 Ajustamento de Observações 60

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE ENGENHARIA ECA 30 Astronomia de Campo 60


ECA 31 Topografia Digital 90
DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA ECA 32 Elementos de Resistência de Materiais 60
ECA 33 Pesquisa Operacional I 60
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS DE ITAQUI ECA 34 Fenômenos de Transporte 60
ECA 35 Cálculo Numérico 60

1º SEMESTRE
Código Componente curricular CH 6º SEMESTRE
ECA 01 Introdução à Engenharia de Agrimensura 30 Código Componente curricular CH

ECA 02 Desenho Geométrico e Geometria Descritiva 60 ECA 36 Geodésia Geométrica 60

ECA 03 Ciências do Ambiente 60 ECA 37 Sensoriamento Remoto 60

ECA 04 Instituições de Direito 60 ECA 38 Fotogrametria I 60

ECA 05 Informática 60 ECA 39 Mecânica dos Solos 60

ECA 06 Geometria Analítica 60 ECA 40 Geoprocessamento 60

ECA 07 Desenho Técnico 60 ECA 41 Hidráulica Aplicada 75


ECA 42 Administração 60

2º SEMESTRE
Código Componente curricular CH 7º SEMESTRE
ECA 08 Topografia I 60 Código Componente curricular CH

ECA 09 Álgebra Linear 60 ECA 43 Geodésia Especial 60

ECA 10 Química Geral 45 ECA 44 Cartografia III 60

ECA 11 Química Geral Prática 45 ECA 45 Fotogrametria II 60

ECA 12 Metodologia Científica 60 ECA 46 Economia 60

ECA 13 Cálculo I 60 ECA 47 Sistemas de Informações Georreferenciadas 60

ECA 14 Física I 60 ECA 48 Física Prática 60

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 16


INSTITUIÇÃO DE ENSINO

8º SEMESTRE ECA 61 Avaliação de Impactos Ambientais


Código Componente curricular CH ECA 62 Cálculo IV
ECA 49 Geodésia Física 60 ECA 63 Cartografia da Paisagem
ECA 50 Parcelamento Territorial 90 ECA 64 Drenagem Urbana
ECA 51 Agrimensura Legal 60 ECA 65 Estágio Social I
ECA 52 Projeto de Estruturas Viárias 60 ECA 66 Estágio Social II
ECA 53 Cadastro Técnico Multifinalitário 60 ECA 67 Física IV
ECA 68 Geomorfologia
9º SEMESTRE ECA 69 Geoestatística Aplicada
Código Componente curricular CH ECA 70 Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania
ECA 54 Trabalho de Conclusão de Curso I 30 ECA 71 Introdução à Agricultura de Precisão
ECA 55 Componente Curricular de Graduação 60 ECA 72 Irrigação e Drenagem
ECA 56 Componente Curricular de Graduação 60 ECA 73 Inglês Instrumental
ECA 74 Libras

10º SEMESTRE ECA 75 Modelagem de Sistemas Ambientais

Código Componente curricular CH ECA 76 Modelagem Matemática Aplicadas às Engenharias

ECA 57 Trabalho de Conclusão de Curso II 30 ECA 77 Obras de Terra

ECA 58 Estágio Curricular Obrigatório 180 ECA 78 Pesquisa Operacional II


ECA 79 PAvançados em Topografia e Geodrática em Levantamen-
to e Avaliação de Instrumentos Topográficos
COMPONENTES CURRICULARES COMPLEMENTARES ECA 80 Processamento de imagens Digitais
DE GRADUAÇÃO ECA 81 Retificação de Registro Imobiliário
ECA 82 Saneamento Básico
Código Componente curricular
ECA 83 Sig – Web
ECA 59 Agrometeorologia
ECA 84 Sistemas de Apoio à Tomada de Decisão
ECA 60 Aterros Sanitários
ECA 85 Tópicos

Fotos - Divulgação

Alunos do curso em atividade de campo

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SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE DE NUVENS DE PONTOS CAPTURADAS COM SENSORES TERRESTRE E MÓVEL


DA TECNOLOGIA LIGHT DETECTION AND RANGING (LIDAR)
* Prof. Dr. Mauro Menzori
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Departamento de Engenharia de Transportes da Faculdade de Tecnologia.
Laboratório Informatizado de Topografia (LITO)
mauro@ft.unicamp.br

* Prof. Dr. Christian Larouche


LAVAL Université
Departamento de Ciências Geomáticas da Faculdade de Florestamento, Geografia e Geomática.
Laboratório de Metrologia e Microgeodésia.
christian.larouche@scg.ulaval.ca

RESUMO trução de rodovias e ferrovias.


Apesar do seu uso estar se tornando mais rotineiro, essas
O recurso de imageamento conhecido como Light Detection tecnologias merecerem estudos e pesquisas para melhor definir
And Ranging (LIDAR) é uma tecnologia que surgiu nos últimos o seu nicho de aplicação.
anos como uma das melhores tecnologias para se capturar in- Para melhor entender e também explorar a tecnologia LIDAR
formações tridimensionais a respeito das feições que existem é que o presente estudo foi planejado e desenvolvido.
sobre a superfície física da Terra e até mesmo em seu interior. Os sensors LIDAR, também conhecidos como Laser Scan-
As informações LIDAR podem ser capturadas aplicando-se um ners, possuem a capacidade de produzir informações detalha-
método estático, a partir de um sensor fixo em um tripé, quan- das sobre o ambiente 3D que nos cerca, o que, sem dúvida, traz
do é chamada de LIDAR terrestre, ou, podem ser capturadas benefícios ao projeto, à construção e ao gerenciamento que são
usando um método em movimento, quando o sensor é montado feitos pela Engenharia.
e transportado em aeronaves, carros, barcos e até mesmo em Um sensor LIDAR pode medir um grande número de pontos
veículos especiais que operam em minas e galerias subterrâ- em um curto período de tempo, significando dizer que o am-
neas. Esse segundo método é conhecido como LIDAR móvel. biente 3D pode ser rapidamente capturado para ser analisado.
Neste caso, o sensor funciona interligado a um Sistema Inercial O conceito por trás das medicões feitas com um sensor LI-
de Navegação (INS) e a dois receptores GNSS de dupla frequ- DAR é similar ao conceito das medições com a Estação Total
ência que fornecem a posição e a orientação de uma plataforma porque a posição tridimensional dos pontos é definida em fun-
que hospeda todos esses instrumentos, fornecendo constante- ção do azimute e da distância, precisamente medidos a partir
mente resultados georreferenciados. As nuvens de pontos que da posição georreferenciada do sensor.
representem a mesma área ou o mesmo objeto quando cap- Numa abordagem simples podemos dizer que o azimute que
turadas por sensores LIDAR diferentes devem resultar iguais, vai do sensor LIDAR até certo ponto é definido em função das
apenas limitadas pelas precisões dos sensores. Em muitos ca- orientações internas do sensor. A distância para cada ponto 3D
sos é possível constatar diferenças que excedem os limites de é medida de de maneira similar às medições feitas com a Esta-
precisão, exigindo procedimentos adicionais de calibração dos ção Total, pois, um feixe de luz, após ser disparado, reflete em
sensores. Apesar disso, alguns resultados podem ser aceitos um ponto e retorna para o sensor permitindo determinar a dis-
em função da natureza do trabalho, que define os limites de tância em função do seu tempo de propagação. Uma vez que
aceitação. O presente estudo empregou dois receptores LIDAR o sensor LIDAR tenha a sua posição conhecida, a posição do
diferentes, um terrestre e outro móvel para modelar uma mes- ponto 3D medido pode ser obtida por cálculo vetorial.
ma superficie de terreno em uma área escolhida, para então Alguns sensors LIDAR usam a técnica de mudança de fase
calcular o volume entre ela e um plano horizontal pré-definido. para fazer as medições das distâncias, quando compara a onda
No final, os dois volumes foram validados empregando técni- que está retornando ao sensor com a onda que foi disparada
cas de topografia convencional que mediram pontos na mesma para obter a diferença de tempo, ou em outras palavras, para
área escolhida usando receptores GNSS, aplicando o método determinar o tempo que a onda precisou para chegar ao ponto
Real Time Kinematic (GNSS-RTK). 3D e retornar ao sensor.
A técnica de mudança de fase baseia-se na modulação da
Palavras-chave: Nuvem de Pontos, Tecnologia LIDAR, Sensor amplitude do raio de luz emitido pelo sensor e na medição da
Terrestre, Sensor Móvel, GNSS. diferença entre o onda emitida e a onda recebida. Uma vez que
a modulação, a frequencia (f) e a velocidade da luz (c) são co-
1 - INTRODUÇÃO nhecidos, a distância é calculada por:

Na última década aumentaram as ofertas de novas tecno- (c × f )


logias para fins de mapeamento, como a Light Detection and d=
Ranging (LIDAR) e a Unmanned Aerial Vehicle (UAV), ou dro-
2
nes, por exemplo, impulsionando os estudos na área das ge
ciências até limites não totalmente explorados anteriormente. Os sensores LIDAR que medem as distâncias usando a di-
Seja pelo alto custo dos intrumentos ou seja pela falta de pro- ferença de fase conseguem medir algo em torno de 100.000
fissionais especializados, o fato é que essas duas tecnologias pontos por segundo, com a precisão de 1 milímetro, dentro do
estão sendo gradativamente empregadas como recursos coti- seu campo de cobertura.
dianos e podem ser empregadas na Engenharia Civil e na En- Outros sensores LIDAR medem a distância empregando um
genharia de Transportes, particularmente em projetos e cons- feixe de luz pulsante para desenvolver a técnica conhecida

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 18


SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

como tempo de vôo pulsado. Nesse caso, o sensor emite cur- Esse modelo de sensor LIDAR possui um receptor GPS de
tos grupos de feixe de luz e mede o seu tempo de retorno até dupla frequência integrado, que conecta-se a uma rede externa
o sensor, o que permite determinar as distâncias. Esse tipo de GNSS para vincular o sistema de coordenadas do sensor ao
sensor é capaz de medir algo em torno de 50.000 pontos por sistema de coordenadas geodésicas WGS-84 que é utilizado
segundo, com a precisão de 3 a 6 milimetros, dentro do seu pelo GPS.
campo de cobertura. Devido às limitações de cobertura desse modelo, que conse-
gue medir pontos afastados em até 130 metros dele, o sensor
1.1 Captura da Nuvem de Pontos precisa ser deslocado para diferentes posições quando a área
de interesse é maior que o seu alcance, e, assim avançar na
Quando se usa a tecnologia LIDAR é preciso definir muito
tarefa de varredura. Dessa forma, capturam-se todos os pontos
bem os objetivos do trabalho para escolher o sensor e o método
necessários para se criar na etapa de junção dos arquivos, o
a serem utilizados na captura dos pontos 3D. De uma forma
ambiente 3D real, de forma completa, em um único ambiente
simples pode-se dizer que existem dois tipos de sensor LIDAR,
o fixo, chamado de sensor terrestre (TLS), que trabalha parado digital 3D.
em certa posição ou em um conjunto de posições, e, o sensor
móvel (MLS), que trabalha em movimento, transportado por al-
gum tipo de veículo, como carros, aviões e barcos.
Métodos diferentes oferecem diferentes formas para se fazer
as medições que melhor atenderão a tarefas específicas e dife-
rentes. O sensor que usa a técnica de mudança de fase é mais
indicado para tarefas de escaneamento em ambientes fecha-
dos como edifícios, galpões e túneis, por exemplo, ou em áreas
superficiais pequenas, limitadas pelo alcance do seu sistema
de varredura. Além disso, outro fator limitante para esse tipo
de sensor é a necessidade da produção de múltiplas sessões
de captura que produzem múltiplos arquivos, necessários para
imagear uma área com dimensões superiores ao seu limite de
varredura.
Quando muitas nuvens de pontos são produzidas em um
mesmo trabalho, elas precisam ser ligadas digitalmente umas
com às outras para gerar um ambiente 3D único. Para se fazer Figura 1 Faro X130 TLS Sensor
essa ligação digital, alguns pontos precisam aparecer clara-
mente em duas ou mais nuvens de pontos sequenciais. É um Os arquivos produzidos em cada posição do sensor são cha-
procedimento comum usarem-se esferas ou algum outro tipo
mados de sessão de captura e um único trabalho pode exigir
de sinal que colocados em locais estratégicos irão facilitar esse
várias sessões se a área a ser imageada for muito grande.
procedimento de ligação, o que exige um estudo prévio para
O sensor MX2, do fabricante Trimble, é um sensor LIDAR mó-
garantir as suas capturas em arquivos diferentes.
O sensor que usa a técnica de mudança de fase é indicado vel (MLS) que possibilita a aquisição de nuvens de pontos em
para trabalhos onde os detalhes do ambiente 3D são mais im- movimento. Ele possui uma cabeça rotativa, integrada a dois
portantes do que o tempo de captura. receptores GNSS de dupla frequência, um Sistema de Navega-
Quando se executa um trabalho no qual a velocidade de cap- ção Inercial e uma câmara digital panorâmica de alta resolução,
tura é mais importante do que os detalhes do ambiente 3D, o formando um complexo sistema de navegação que pode ser
sensor com feixe de luz pulsante é o tipo mais indicado. montado no teto de um veículo SUV, por exemplo.

1.2 Ambiente 3D
O conhecimento o ambiente tridimensional onde acontecerá
um trabalho de engenharia sempre foi um ponto fundamental
para o sucesso das tarefas, sendo, porém, um ítem bastante
trabalhoso de se obter. Mesmo nos dias atuais, empregando
as técnicas avançadas como a topografia de precisão que lan-
ça mão de instrumentos de última geração, como as estações
totais robotizadas e a tecnologia GNSS empregando o método
Cinemático em Tempo Real (RTK), produzir um modelo digital
de terreno (MDT) é uma tarefa de alto custo e que requer um
longo período de medições em campo.
Com o surgimento dos sensores LIDAR que podem ser trans-
portados na mão ou em veículos pequenos, a tarefa de captura
dos detalhes de um ambiente 3D tornou-se mais simples e mais
rápida, sem perder a precisão necessária. Figura 2 Trimble MX2 MLS Sensor
O sensor X130, do fabricante FARO, é um sensor LIDAR
terrestre (TLS) que emprega a técnica da mudança de fase Os receptores GNSS e a unidade INS trabalham dentro do
para capturar uma nuvem de pontos, sendo capaz de medir de veículo, gerenciados através de um robusto laptop que usa o
122.000 pontos a 976.000 pontos por segundo, alcançando a programa computacional LV-PósView, para adquirir e graver
precisão de + 2 milímetros para cada ponto medido. constantemente os dados registrados por todo o Sistema.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 19


SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

2 - MATERIAIS: ÁREA DE ESTUDO E CONJUNTO DE DADOS -Casault. Essa área possui aproximadamente 100 metros de
comprimento, 30 metros de largura e variação vertical de 3 me-
A criação de um conjunto de dados que permitisse a compa- tros, suficientes para o estudo. Além disso, a área possui limites
ração de duas ou mais nuvens de pontos adquiridas com o uso bem definidos por calçadas, ruas pavimentadas, guias e uma
de um Sensor LIDAR Terrestre (TLS) e com o uso de um Sensor ciclovia.
LIDAR Móvel (MLS) mereceu uma análise detalhada da área A área foi capturada pela primeira vez usando o sensor LI-
que seria escaneada e das condições para isso. DAR terrestre (TLS) do fabricante FARO, modelo X130, que
No que diz respeito à análise dos resultados para verificar a mede as distâncias usando a diferença de fase e produz nuvens
compatibilidade, bastaria comparar uma nuvem de pontos com de pontos com alta densidade por unidade de volume consi-
a outra, mantendo o estudo restrito à tecnologia LIDAR. Contu- derada. O resultado é uma imagem virtual de alta resolução.
do, decidiu-se por verificar mais do que a compatibilidade entre Para fazer a varredura da área de estudo foram necessárias 4
as nuvens de pontos produzidas por sensores LIDAR diferen- sessões de captura.
tes, optando-se por usar uma tecnologia de medição conven-
cional, bastante conhecida e bem conceituada em trabalhos de
engenharia, que é o sistema de navegação GNSS, aplicando
o Método Real Time Kinematic (RTK), para medir um conjunto
de pontos sobre a mesma superfície capturada pelos sensors
LIDAR e assim comparar os resultados pensando em sua apli-
cação em trabalhos de engenharia.

Figura 4 Captura com o sensor Terrestre (TLS).


As posições onde o sensor TLS é montado precisa ser cui-
dadosamente escolhida para evitar as oclusões, que são áreas
de captura zero, produzidas por algumas superfícies, que blo-
queiam a passagem do feixe de luz, forçando o seu retorno ao
sensor e escondendo o que se encontra por trás delas.
No início do processo, cada nuvem de pontos produzida é um
arquivo independente com o seu próprio sistema de coordena-
das. Por causa disso, esses arquivos precisam ser ajustados
para se transformarem em uma única nuvem de pontos que
representa todo o local escaneado, referida ao mesmo sistema
Figura 3 Local Escolhido. de coordenadas, geralmente georreferenciadas.
O processo para se fazer o ajustamento das nuvens de pon-
Algumas atividades de campo foram levadas a efeito dentro tos é chamado de Registro e depende de pontos claramente
do campus da Laval Université com o objetivo de escolher uma identificados em dois ou mais arquivos de captura. No presente
área para ser analisada. O local deveria oferecer adequada va- estudo foram empregadas 10 esferas de cor branca, com 139
riação vertical e facilidade para o uso do sensor terrestre (TLS), mm de diâmetro. A cor branca ajuda a reflexão do feixe de luz e
e, do sensor móvel (MLS). A área também deveria oferecer facilita a clara identificação das esferas.
acesso para a parte interior dos seus limites para facilitar a en- Em campo, as esferas foram posicionadas entre duas posi-
trada do veículo que transporta o sensor LIDAR móvel (MLS). ções consecutivas do TLS, em diferentes elevações, evitando
Além disso, o local não deveria muito grande, porque havia uma a condição de coplanaridade, que torna o ajustamento inexe-
limitação de cobertura em função do modelo de sensor terrestre quível.
(TLS) que seria utilizado, o sensor X130. Esse modelo conse-
gue varrer até 130 metros a partir da sua posição, e essa limi-
tação exigiria muitas sessões de captura, se a área escolhida
para estudo fosse muito grande, exigindo também muito tempo
de execução.
A cobertura vegetal também foi levada em conta na escolha
da área de estudo porque o programa computacional de pro-
cessamento de nuvens de pontos considera como sendo da
mesma classe, os pontos no terreno e os pontos nas árvores e
postes, por exemplo, o que certamente influenciaria na análise
do volume.
Certamente a limpeza da superfície virtual poderia ser feita
removendo-se as arvores e arbustos que existiam sobre ela, Figura 5 Nuvem de pontos produzidas com o TLS.
exigindo um tempo diretamente proporcional à densidade da
cobertura vegetal no local. Embora o sensor LIDAR terrestre (TLS) possua um receptor
Após algumas inspeções de campo uma área foi escolhida GPS integrado, ele foi desligado nas quatro sessões de captura
por atender as condições anteriormente definidas. Trata-se do deste estudo para permitir o registro “nuvem a nuvem” quando
local indicado na figura 3, em frente ao Pavillon Louis-Jacques- uma nuvem de pontos é alinhada usando como referência outra

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 20


SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

nuvem de pontos que possui coordenadas georreferenciadas, Quando se emprega a tecnologia LIDAR torna-se impossível
integrando-se assim ao seu sistema de coordenadas. determinar os limites específicos de uma área a ser medida du-
A área de estudo foi capturada pela segunda vez usando o rante as sessões de escaneamento, não importa se estivermos
sensor LIDAR móvel (MLS) do fabricante Trimble, modelo MX2, usando um sensor TLS ou um sensor MLS. Por esse motivo
transportado em um veículo SUV, como já foi descrito. as nuvens de pontos capturadas continham mais informações
A nuvem de pontos produzida com esse sensor registrou a do que a area de interesse do projeto, que precisou ser ex-
área de estudo e suas proximidades, como mostra a figura 6. traída dos arquivos originais para dar andamento ao estudo.
Devido à grande capacidade de varredura do sensor MX2 foi A segmentação é o recurso mais comum para se fazer cortes
possível capturar pontos afastados da área de interesse en- em uma nuvem de pontos e extrair partes dela para estudo. A
quanto o veículo se deslocava para escaneá-la. Na nuvem de segmentação é uma ferramenta similar à ferramenta “cropping”
pontos aparecem além da área de estudo, também a Avenue do programa computacional PhotoShop, com a fundamental di-
du Séminaire, a Rue des Arts, a fachada do Pavillon Louis-Ja- ferença que a segmentação é uma ferramenta que trabalha no
cques-Casault e a fachada do Pavilhão Félix-Antoine-Savard, espaço 3D.
bastante afastados. Uma vez balanceadas as resoluções das nuvens de pontos
Por medir as distâncias de maneira diferente do sensor TLS, e delas extraída a área de estudos, chegou-se à duas nuvens
o sensor MX2 produz uma nuvem de pontos menos densa e menores, onde a nuvem capturada com o sensor TLS ficou com
necessita de menor tempo para executar a mesma tarefa. 7.563.870 pontos e a nuvem capturada com o sensor MLS com
295.627 pontos.

Figura 6 Captura com o sensor Móvel (MLS).

Após capturar as nuvens de pontos usando os dois tipos de


sensors, a nuvem de pontos capturada com o sensor TLS foi ali- Figura 7 Nuvens de Pontos Editadas.
nhada à nuvem de pontos capturada com o sensor MLS, usan-
Outra atividade que foi desenvolvida antes de se calcular o
do um conjunto de pontos claramente identificados e ambas, o
volume foi a remoção de detalhes que não interessavam ao
que permitiu que as duas nuvens fossem integradas e referidas
projeto, como casas, árvores, postes e placas de trânsito, por
ao mesmo sistema de coordenadas georreferenciadas. Em fun-
exemplo.
ção disso, ambas as nuvens produziram a mesma área, dentro
Esse tipo de limpeza da nuvem pode ser feito manualmente,
dos mesmos limites, quando foram segmentadas.
mas, leva um tempo considerável para ser feito e oferece algum
Após a conclusão dos procedimentos de escaneamento usan-
risco de dano à superfície do terreno. Outra forma para se fazer
do os dois sensores LIDAR, a mesma area estava disponivel a limpeza da superfície é usar algum tipo de filtro disponível
em duas nuvens de pontos, porém, com densidades diferentes. no programa computacional de processamento da nuvem de
A primeira nuvem de pontos, medida com o sensor TLS, resul- pontos. Neste estudo foi aplicado o filtro conhecido como Cloth
tou da união de 4 arquivos, com 73.779.252 pontos, enquanto Simulation Filter (CSF), disponível no programa CloudCompa-
que a segunda nuvem de pontos, medida com o sensor MLS, re e produziu um excelente resultado, como pode ser visto na
capturada em um único arquivo resultou com 3.773.500 pontos. figura anterior, onde as duas imagens na parte superior contêm
Em função da área de cobertura ser diferente em cada nuvem arvores e postes, ao passo que as duas imagens inferiores já
de pontos e em função da diferença de densidade de pontos aparecem limpas desses detalhes.
em cada uma delas, algumas tarefas precisaram ser feitas de O CSF é um algoritmo de computação gráfica que identifica
maneira a preparar a superfície para ser avaliada quanto ao a superficie abaixo da cobertura vegetal através da inversão da
volume. nuvem de pontos para ler os pontos que representam o terreno.
O balanceamento da densidade das duas nuvens de pontos Como resultado, o CSF consegue separar a nuvem de pontos
foi feito usando o procedimento da subamostragem, que foi apli- em pontos no terreno e pontos que não são do terreno, que
cado à nuvem obtida com o sensor TLS, no sentido de diminuir pertencem às casas, às árvores e aos demais detalhes que não
a quantidade de pontos por unidade de volume. interessam ao projeto.
O recurso da subamostragem reduz a densidade em uma Uma vez que as duas superfícies estavam balanceadas
nuvem de pontos preservando a maioria das informações re- quanto à densidade, bem alinhadas e referidas a um mesmo
gistradas na nuvem 3D original. Evidentemente o procedimento sistema de coordenadas, corretamente segmentadas, signifi-
de subamostragem tem um limite, a partir do qual o ambiente cando dizer que possuíam o mesmo perímetro e livres de inter-
virtual 3D entra em colapso e passa a deformar o espaço tri- ferencias como casas e árvores, os seus volumes foram calcu-
dimensional que foi originalmente capturado. Cada nuvem foi lados acima de um plano de referência considerado na altitude
analisada detalhadamente a cada passo da tarefa de balance- de 85,013 m, passando pelo ponto de altitude mais baixa das
amento da resolução das nuvens para evitar a distorção da re- duas nuvens. O cálculo do volume foi feito usando os recursos
gião 3D de interesse. dos programas computacionais RealWorks e CloudCompare,

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 21


SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

chegando aos valores apresentados na tabela a seguir. O segundo método convencional de cálculo do volume foi o
Método das Alturas Ponderadas, que subdivide a superfície em
Tabela 1 Volumes a partir das Nuvens de Pontos vários prismas de base regular, chamadas de quadrículas, para
calcular o volume em seu interior usando a altura média das
Sensor suas arestas. O volume total é obtido por:
RealWorks (m3) CloudCompare (m3)
LIDAR
1
TLS 2.311,64 2.336,61
V= × ( Σ1 + 2 × Σ 2 + 3 × Σ3 + 4 × Σ 4 ) × Q
MLS 2.283,87 994,11 4
Os dois volumes obtidos a partir da nuvem de pontos gerada Nessa equação, a soma dos índices (1, 2, 3 e 4) indicam
pelo sensor LIDAR terrestre (TLS) apresentam um diferença de
quantas vezes cada aresta aparece na conexão entre quadrí-
1,08%, o que pode ser considerado como um resultado compa-
culas e o termo Q representa a área plana da quadrícula, ou a
tível, enquanto que os dois volumes obtidos a partir da nuvem
de pontos gerada pelo sensor LIDAR móvel (MLS) não pude- área da base do prisma. O volume total, nesse caso, equivale a
ram ser comparados devido ao resultado díspar obtido com o soma dos volumes individuais de cada prisma.
programa CloudCompare, muito afastado do valor esperado. Os pontos RTK foram usados para construir uma rede regular
Apesar disso, a comparação do volume TLS com o volume com 122 quadrículas, nas dimensões de 5 m x 5 m, abrangendo
MLS, ambos calculados pelo programa RealWorks apresentam toda a área em estudo. As qadrículas irregulares, de superficie
uma diferença de 1,20%, indicando que alguma interpretação fracionada, seguiram o mesmo método, tendo sido calculadas
inadequada da nuvem MLS deve ter sido feita pelo programa individualmente. O plano horizontal tomado como referência
CloudCompare. para o cálculo das alturas das arestas foi o mesmo plano consi-
Certamente esses resultados precisaram ser validados fora derado anteriormente, elevado na altitude de 85,013 m.
do universo da tecnologia LIDAR, empregando uma tecnologia Cada prisma acima desse plano foi calculado usando o pro-
convencional e reconhecida para assegurar a confiabilidade grama Microsoft Excel, aplicando o Método de Gauss para cal-
dos valores encontrados. cular a área das quadrículas e depois, usando as alturas dos
pontos envolvidos para obter o volume. O volume final obtido
3 - VALIDAÇÃO DOS VOLUMES nesse processo foi de 2.284,375 m3.
O terceiro método convencional de cálculo do volume foi de-
Para validar os volumes obtidos a partir das nuvens de pontos senvolvido a partir das curvas de nível, onde a área (S) contida
medidas com os sensores TLS e MLS, a superfície em estudo no interior de uma curva fechada é multiplicada pelo espaça-
foi medida mais uma vez, agora com receptores GNSS, apli- mento vertical (d) até a próxima curva imediatamente acima,
cando o método cinemático em tempo real (RTK), produzindo chegando ao volume por:
assim um resultado a partir de uma tecnologia clássica confi-
ável, que foi tomado como referência para se fazer a análise
final dos volumes virtuais obtidos com as nuvens de pontos da  S1 Sn 
V =  + S2 + S3 +  + ×d
tecnologia LIDAR.  2 2 
O perímetro da área em estudo e todos os pontos relevan-
tes à melhor modelagem da superfície do terreno existentes em
As curvas de nível usadas nesse método foram geradas a
seu interior, foram medidos usando receptores GNSS-RTK do
partir do modelo digital de terreno (MDT) criado no primeiro mé-
fabricante Trimble, modelo R8S. Foram medidos ao todo, 381
pontos planialtimétricos, mapeando a área até os seus limites. todo, espaçadas verticalmente de 10 cm em 10 cm. Como a
A partir desses pontos foi possível calcular o volume da área de diferença entre o ponto mais baixo e o ponto mais alto na área
estudo, de três formas diferentes. em estudo é de 3,04 metros, variando de 85,013 m até 88,061
m, esse método trabalhou cm 30 curvas de nível inseridas neste
intervalo. O volume encontrado entre a superfície representada
pelas curvas de nível e o plano de referência foi de 2.298,487
m3.
Os volumes obtidos em cada método convencional são apre-
sentados a seguir.

Tabela 2 Volumes com Tecnologia Convencional

Method Area (m2) Volume (m3)


Figura 8 Volume usando GNSS - RTK 1. DTM 2.178,319 2.391,915
2. Mean Height 2.178,319 2.284,375
O primeiro método convencional de cálculo do volume foi de-
senvolvido gerando um modelo digital de terreno (MDT) a par- 3. Contour Lines 2.178,319 2.298,487
tir dos pontos RTK medidos. O plano horizontal de referência
adotado nos cálculos foi o plano passando pela mesma altitude Em função desses resultados, foi tomado o volume médio de
de 85,013 m, de maneira igual ao que foi considerado no cálcu- 2.324,93 m3 como valor de referência para validar os 4 volu-
lo dos volumes a partir das nuvens de pontos. O valor encon- mes que foram previamente calculados usando as nuvens de
trado entre a superfície gerada e o plano de referência foi de pontos. A tabela a seguir mostra as diferenças encontradas no
2.391,915 m3. procedimento de validação.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 22


SEÇÃO TÉCNICA FOTOGRAMETRIA

Tabela 3 Diferenças nas Nuvens de Pontos. contribuíram para a conclusão deste estudo, a exemplo do
Mestre Papa-Médoune Ndir, do Mestre Willian Ney Cassol e
do professor Guy Jr. Montreuil. De forma particular, agradecem
LIDAR Real Cloud Differences
ao Prof. Dr. Francis Roy, diretor do Departamento de Ciências
Sensor Works (m3) Compare (m3) (%)
Geomáticas, que possibilitou tornar esse projeto em uma bem
TLS - 13,29 + 11,68 + 0,88 + 1,97 sucedida experiência.
MLS - 41,06 - 1.330,82 - 0,33 - 56,62
REFERÊNCIAS
Como já havia sido verificado na comparação dos volumes [1] American Society for Photogrammetry & Remote Sensing, 2013. LAS file
determinados a partir das nuvens de pontos, os volumes deter- Specification, Version 1.4 - R13. Available at: https://www.asprs.org/a/socie-
minados com a tecnologia LIDAR também apresentam compa- ty/committees/standards/LAS_1_4_r13.pdf (Accessed: 22 September 2018)
tibilidade quando comparados com os volumes obtidos pelos Cox, R., 2015. Real-world comparisons between target-based and targetless
métodos convencionais aplicados a partir dos pontos medidos point-cloud registration in FARO Scene, Trimble RealWorks and Autodesk
com a tecnologia GNSS-RTK. A unica discrepância continuou Recap, Bachelor’s Dissertation. University of Southern Queensland Faculty
of Health, Engineering and Sciences.
a ser o volume de 994,11 m3, calculado a partir da nuvem de
pontos capturada com o sensor LIDAR móvel (MLS) e calcula- Crosby C., 2011. Introduction to LIDAR. UNAVCO, Available at: https://cloud.
do com o programa computacional CloudCompare. A diferença, sdsc.edu/v1/AUTH_opentopography/www/shortcourses/17Utah/17Utah_
Crosby_introLidar.pdf (Accessed: 16 August 2018)
de valor negativo, na ordem de 1.330,82 m3, encontrada nesta
etapa de validação, já havia sido percebida anteriormente e me- Crosby C., 2011. Lidar QA/QC, artifacts, issues to keep in mind. UNA-
rece uma análise melhor para entender o que de fato aconteceu VCO. Available at: https://cloud.sdsc.edu/v1/AUTH_opentopography/www/
shortcourses/13SCEC_course/13SCEC_LiDARDEMs_QA_CJC.pdf (Ac-
de errado. cessed: 16 August 2018)

4 - CONCLUSÕES Ellum C., and El-Sheimy N., 2002. Land-Based Mobile Mapping Systems,
Direct Georeferencing periodic, University of Galgary. Available at: http://
scholar.google.ca/cmellum/DirectGeoreferencing. (Accessed: 16 September
Após a cuidadosa preparação das nuvens de pontos para se 2018)
trabalhar com a mesma superficie e tendo ambas sido subme-
tidas ao processamento de dois softwares diferentes, o progra- FARO, 2018. FARO Laser Scanner Focus 3D X130 HDR, Technical Specifi-
cations, available at: https://faro.app.box.com/s/dd1af36zjlkhoabqdff4iw9xb-
ma RealWorks e o programa CloudCompare, pode-se dizer que d11puw5/file/60993769365 (Accessed: 10 September 2018)
os volumes encontrados usando esses programas computacio-
nais são confiáveis. Guangping H., Novak K. and Feng W., On the Integrated Calibration of a Di-
gital Stereo Vision System, Department of Geodetic Science and Surveying,
É muito provável que a grande diferença encontrada no volu- Center for Mapping The Department of Geodetic Science and Surveying,
me calculado a partir da nuvem de pontos capturada com o sen- Center for Mapping The Ohio State University, available at: https://pdfs.se-
sor MLS e processada com o programa CloudCompare se deva manticscholar.org/a44d/fafb8dd8c2081e0d6cf7a97c291082d04893.pdf (Ac-
cessed: 12 September 2018)
à baixa densidade de pontos capturados na área em estudo.
Embora a atividade de subamostragem não tenha sido aplicada Kingston T. et All, 2007. An Integrated Mobile Mapping System for Data
à essa nuvem de pontos, a sua grande diferença em densidade Acquisition and Automated Asset Extraction. Available at: https://www.re-
foi perceptível desde o início, quando ela foi comparada com a searchgate.net/profile/Vassilis_Gikas/publication/228913391 (Accessed: 18
september 2018)
nuvem de pontos capturada com o sensor TLS.
É provável que a baixa densidade tenha afetado diretamente Landry, M., 2017. Développement d’une nouvelle méthode de calibrage des
o volume obtido, mas, nenhum problema foi registrado quando Systèmes LiDAR Mobiles (SLM) en laboratoire. Master´s Thesis. Laval Uni-
versité, Faculté de Foresterie, de Géographie et de Géomatique, Départe-
a nuvem de pontos MLS foi submetida ao programa RealWorks. ment des Sciences Géomatiques.
Outra possibilidade que pode explicar essa diferença é a ma-
neira como o algoritmo do programa CloudCompare lida com a Larouche, C., 2016. Amélioration des Performances des Systèmes LIDAR
Mobiles (SLM), Géomatique, Volume 43, number 2.
nuvem de pontos para obter o volume, uma vez que o volume
obtido com o programa RealWorks não apresentou diferença Larouche, C., 2018, Topométrie II (GMT-2004), Cours 5: Théorie LiDAR Ter-
significativa na etapa de validação. restre.
Independente da explicação que venha a ser encontrada, o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 2012. LIDAR
fato a se considerar é que uma captura simples de pontos feita 101: An Introduction to Lidar Technology, Data, and Applications. Available
com o sensor LIDAR móvel e processada apenas no programa at: https://coast.noaa.gov/data/digitalcoast/pdf/lidar-101.pdf (Accessed: 17
CloudCompare teria produzido um resultado questionável. September 2018)
Certamente, um único estudo de caso não é suficiente para Norbert P. and Briese C.,2007. Laser Scanning – Principles and Applica-
se formar uma conclusão definitiva sobre o problema, sendo tions, Vienna University of Technology Institute of Photogrammetry and Re-
necessário aumentar o número de casos de estudo, conside- mote Sensing, Austria.
rando áreas maiores, com variações verticais mais expressivas Puttonen et All., 2013. Improved Sampling for Terrestrial and Mobile Laser
e superfícies de terreno mais irregulares. Scanner Point Cloud Data. Remote Sensing Journal Article. Available at: ht-
Por último, entende-se que o experimento aqui apresentado tps://pdfs.semanticscholar.org/d863/17eae2e2cc801b936557cd219a8fcd38
demonstrou que a tecnologia LIDAR é uma tecnologia confiá- bef3.pdf (Accessed: 22 August 2018)
vel para ser aplicada na determinação de volumes para fins de Scouarnec R. et All, 2013, A Positioning Free Calibration Method for Mobile
engenharia. Laser Scanning Applications, ISPRS Annals of the Photogrammetry, Remo-
te Sensing and Spatial Information Sciences, Volume II-5/W2, 2013 ISPRS
Workshop Laser Scanning.
AGRADECIMENTOS Available at: https://pdfs.semanticscholar.org/e524/184a2c0828876f326222
b9da9bb2ea82d762.pdf (Accessed: 18 September 2018)
Os autores registram aqui os seus sinceros agradecimentos
TRIMBLE, MX2 Mobile Mapping System, technical Specifications, available
a todas as pessoas da Laval Université e da Universidade Es- at: https://www.geonovus.lt/sites/default/files/022515-52e_trimblemx2_ds_
tadual de Campinas (UNICAMP), que direta ou indiretamente us_0216_lr.pdf (Accessed: 15 September 2018).

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 23


EDIÇÃO 185 | A MIRA | 24
GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

ANÁLISE TÉCNICA DO CÁLCULO DA DISTÂNCIA ENTRE VÉRTICES CONFORME MODELO ADOTADO PELO SIGEF /
INCRA - DIFERENÇA NAS DISTÂNCIAS HORIZONTAIS PROJETADAS NOS VÉRTICES COMUNS EM PROPRIEDADES
ADJACENTES
* Rodolfo Mota – Eng. Agrimensor
r.geotopografia@gmail.com |www.rgeotopografia.com.br

1 - INTRODUÇÃO necessitam de desmembramento e remembramento, devido à


inclusão de pontos adicionais que provocam a mudança do vér-
Este relatório tem como objetivo analisar as diferenças obti- tice de origem do sistema (ponto médio). Essa alteração muda
das nas distâncias horizontais projetadas no SGL (Sistema Ge- o Plano Topográfico Local e, mudando o PTL, muda a área e,
odésico Local ou PTL – Plano Topográfico Local) nos vértices em pequena escala, as distâncias e azimutes.
GXV-M-1314 / GXV-M-1317 em propriedades adjacentes.
3 - ESTUDO DE CASO: LOTE 11-H E LOTE 11-A – DISTÂNCIA ENTRE OS
2 - MODELO MATEMÁTICO ADOTADO NA 3ªEDIÇÃO DAS NORMAS VÉRTICES GXV-M-1314 / GXV-M-1317
TÉCNICAS PARA GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS
SIGEF/INCRA Os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317 fazem parte de duas
certificações distintas no SIGEF/INCRA, sendo o LOTE 11-H
A terceira edição das Normas Técnicas para Georreferencia-
registrado na matrícula n°22753 e certificação n°2704edf-e54e-
mento de Imóveis Rurais adotou de forma assertiva, o Plano
4014-8045-df8728464f1d e o LOTE 11-A registrado na matrícu-
Topográfico Local (PTL) para determinar a área, distâncias e
azimutes das linhas. la n°21449 e certificação n°15f039fb-b4f5-459d-95b3-4f40e8a-
As fórmulas adotadas são as utilizadas na NBR14. 166/1998 4e04d, ambos do C.R.I. de Sinop / MT. As certificações estão
para a transformação de coordenadas geodésicas (Latitude, sob-responsabilidade do técnico em agrimensura Hersiane
Longitude e Altitude Geométrica), em coordenadas plano retan- José de Oliveira, credenciado pelo INCRA através do código:
gulares no Sistema Topográfico Local. GXV.
A transformação das coordenadas geodésicas em coordena- O limite da divisa entre os LOTES 11-H e 11-A é a linha entre
das topográficas locais é efetuada a partir de multiplicação de os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317. Desta forma, constata-
matrizes, conforme modelo abaixo: -se que as coordenadas (N/ latitude, E/ longitude e h/ altitude)
dos vértices são exatamente as mesmas nas duas parcelas
e  1 0 0   −senλ 0 cos λ 0 0   X − X0  conforme tabelas a seguir:
n 
= 0 senϕ cos ϕ0   − cos λ 0 −senλ 0 0   Y − Y0 
   0
u  0 − cos ϕ0 senϕ0   0 0 1  Z − Z0  Propriedade: LOTE 11-H
Coordenadas UTM SIRGAS2000 | MC: - 57°
VÉRTICES
Onde: E / Long. N / Lat. h
GXV-M-1314 668.042,876 8.706.971,932 353,12
e, n, u = são as coordenadas cartesianas locais do vértice de
GXV-M-1315 668.170,916 8.706.950,094 353,11
interesse;
X, Y, Z = são as coordenadas cartesianas geocêntricas do GXV-M-1316 668.057,673 8.706.514,700 352,33
vértice de interesse; GXV-M-1317 667.924,675 8.706.537,918 358,68
φ0, λ0 = são a latitude e a longitude médias adotadas como Ponto Médio 668.049,035 8.706.743,661 354,31
origem do sistema;
X0, Y0, Z0 = média das coordenadas cartesianas geocêntricas Tabela n°01: LOTE 11-H
adotadas como origem do sistema.
Propriedade: LOTE 11-A
De acordo com o Manual Técnico de Posicionamento, primei-
ra edição de 2013 do INCRA pág.28, o cálculo de área é feito Coordenadas UTM SIRGAS2000 | MC: - 57°
VÉRTICES
com as coordenadas cartesianas locais (e, n, u) referenciadas E / Long. N / Lat. h
ao Plano Topográfico Local. Deste modo, as coordenadas car- GXV-M-1313 667.915,864 8.706.993,673 352,26
tesianas geocêntricas determinadas para os vértices do limite
GXV-M-1314 668.042,876 8.706.971,932 353,12
devem ser convertidas para o PTL ou SGL, usando-se a média
das coordenadas da parcela em questão como origem do sis- GXV-M-1317 667.924,675 8.706.537,918 358,68
tema. B6J-M-2017 667.908,464 8.706.475,109 359,65
Neste ponto acima descrito está apoiado este relatório, uma B6J-M-2035 667.780,849 8.706.496,914 359,50
vez que, em função da mudança no valor das coordenadas mé-
B6J-M-2021 667.912,902 8.706.983,703 353,37
dias do vértice de origem do sistema, haverá também variação
nas distâncias entre os mesmos vértices em propriedades con- Ponto Médio 667.914,272 8.706.743,208 356,10
tíguas.
Tabela n°02: LOTE 11-A
Essas diferenças podem ocorrer também em parcelas que

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 25


GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

As tabelas acima apresentam as coordenadas dos vértices nor elevação devido a maior proximidade da longitude média
de cada propriedade. Os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317 da propriedade LOTE 11-A do meridiano central, visto que a
Embora a altitude média (356,10) da propriedade LOTE 11-A diferença na altitude média é muito pequena. Abaixo as tabelas
esteja mais elevada em relação à altitude média (354,31) da n°03 e 04 apresentam os valores das distâncias de 449,91m
propriedade LOTE 11-H, à distância projetada no PTL entre os para o LOTE 11-H e a distância de 449,87m para o LOTE 11-A,
vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317 é maior na parcela de me- entre os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317.

DESCRIÇÃO DA PARCELA
VÉRTICE
Altitude
Código Longitude Latitude Código Azimute Dist. (m)
(m)
GXV-M-1314 -55°27’29,604’’ -11°41’33,603’’ 353,12 GXV-M-1315 99°22’ 129,78
GXV-M-1315 -55°27’25,372’’ -11°41’34,291’’ 353,11 GXV-M-1316 194°16’ 449,91
GXV-M-1316 -55°27’29,033’’ -11°41’48,481’’ 352,33 GXV-M-1317 279°35’ 134,99
GXV-M-1317 -55°27’33,429’’ -11°41’47,749’’ 358,68 GXV-M-1314 14°55’ 449,91

Tabela n°03: Memorial Descritivo SIGEF referente ao LOTE 11-H

DESCRIÇÃO DA PARCELA
VÉRTICE
Altitude
Código Longitude Latitude Código Azimute Dist. (m)
(m)
GXV-M-1313 -55°27’33,602’’ -11°41’32,916’’ 352,26 GXV-M-1314 99°23’ 128,87
GXV-M-1314 -55°27’29,604’’ -11°41’33,603’’ 353,12 GXV-M-1317 194°55’ 449,87
GXV-M-1317 -55°27’33,429’’ -11°41’47,749’’ 358,68 B6J-M-2017 194°10’ 64,88
B6J-M-2017 -55°27’33,953’’ -11°41’49,796’’ 359,65 B6J-M-2035 279°23’ 129,48
B6J-M-2035 -55°27’38,171’’ -11°41’49,109’’ 359,50 B6J-M-2021 14°51’ 504,44
B6J-M-2021 -55°27’33,898’’ -11°41’33,243’’ 353,37 GXV-M-1313 16°16’ 10,4

Tabela n°04: Memorial Descritivo SIGEF referente ao LOTE 11-A

As tabelas acima demonstram os valores obtidos após certifi- De acordo com o engenheiro agrimensor e professor Luiz
cação no SIGEF INCRA. Carlos da Silveira - Editorial A Mira, página 9 da Edição n°182
Com isso constatamos que em determinadas posições do -, para os casos de desmembramentos e remembramentos, a
fuso, quanto maior a amplitude das áreas adjacentes, maior solução é utilizar as coordenadas médias (origem do sistema),
será a diferença no ponto médio e consequentemente haverá como parâmetros para o PTL e desconsiderar as altitudes dos
uma divergência mais acentuada. novos vértices implantados nos desmembramentos. Já no re-
membramento, utilizar o PTL, ou seja, coordenadas médias
4 - CONCLUSÃO (origem do sistema), da maior área. A soma das áreas será um
pouco diferente das somadas áreas anteriores, neste caso, os
O modelo matemático adotado pelo SIGEF é sem dúvida uma registradores deverão ser comunicados do fato a partir de uma
ferramenta muito boa, mas necessita de algumas melhorias. circular do INCRA.
Dentre elas, a utilização do mesmo ponto médio (origem do sis- Deste modo, é necessário também, que o SIGEF informe ao
tema) para casos como esse em propriedades adjacentes, de credenciado os valores obtidos no ponto médio, coordenadas
forma que as distâncias e os ângulos sejam mantidos. (E0, N0, h0) origem do sistema para o PTL adotado.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 26


TOPOGRAFIA APLICADA

AJUSTAMENTO DO QUADRILÁTERO
1 - INTRODUÇÃO a) Equação de condição 1

No passado, não distante, o apoio topográfico para locação


de ferrovias (topografia de precisão) era efetuado por quadrilá-
(8 + 1 ) = (5 + 4 )
teros implantados ao longo do traçado da ferrovia. Era medida
uma base inicial e todos os ângulos do quadrilátero utilizando o (8 + 1 ) − (5 + 4 ) =Erro
método das direções (NBR 13.133) em quatro séries. O ajusta-
mento do quadrilátero era efetuado pelo método dos mínimos Erro = | 47° 57’ 55,6” | - | 47° 57’ 53,5” |
quadrados (MMQ) simplificado. Os azimutes eram calculados
a partir dos ângulos ajustados. A partir do décimo quadriláte- Erro = 2,1”
ro nova base era medida. As coordenadas utilizadas na época ''
2,1
eram coordenadas cartesiana no plano topográfico local. Correção dos ângulos = = 0,525”
Atualmente, com a técnica GNSS-RTK, tudo isso ficou para 4
a história da topografia, no entanto, em topografia de alta pre-
cisão, como no monitoramento de barragens, o ajustamento do
quadrilatero pode ser utilizado.
Tabela II
Ângulos ajustados – Equação 1

2 - INTRODUÇÃO
Ângulo lido Correção Ângulo ajustado
Ajustar o quadrilátero da figura 01
8 22° 17’ 51,4” - 0,525” 22° 17’ 50,875”

1 25° 40’ 04,2” - 0,525” 25° 40’ 03,675”

soma 47°57’ 54,550”

5 25° 45’ 11,8” + 0,525” 25° 45’ 12,325”


4 22° 12 41,7” + 0,525” 22° 12 42,225”

soma 47° 57’ 54,550”

b) Equação de condição 2

6.363,4374 m
(7 + 6 ) = ( 2 + 3 )
Figura 01
(7 + 6 ) − ( 2 + 3 ) = Erro
Tabela I
Tabela dos ângulos medidos Erro = | 132° 02’ 05,9” | - | 132° 02’09,6” |
Media de 4 séries de observações Erro = 3,7”
''

Ângulos Medidos Correção dos ângulos = 3,7 = 0,925”


4

1 25° 40’ 04,2” Tabela III


Ângulos ajustados – Equação 2
2 43° 56’ 31,8”
Ângulo lido Correção Ângulo ajustado
3 88° 05’ 37,8”
7 31° 19’ 36,5” + 0,925’ 31° 19’ 37,425”

4 22° 12’ 41,7”
6 100° 42’ 29,4” + 0,925’ 100° 42’ 30,325”
5 25° 45’ 11,8”
soma 132° 02’ 07,750”

6 100° 42’ 29,4”


2 43° 56’ 31,8” - 0,925’ 43° 56’ 30,875”

7 31° 19’ 36,5”


3 88° 05’ 37,8” - 0,925’ 88° 05’ 36,875”

8 22° 17’ 51,4” soma 132° 02’ 07,750”

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 27


TOPOGRAFIA APLICADA

c) Equação de condição 3 Tabela VI


Denominador da Equação 4
Ângulo ajustado pelas equações 1 e 2

(1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 ) – 360° = 0 Ângulo Log Dif. Log sem1”

1 25° 40’ 03,100” 9,636636646 4,381271000× 10-06


Erro = ∑ AI – 360°
3 88° 05 36,300” 9,999759508 7,008434420× 10-08
∑ Ai = 360° 00’ 04,600”
''
Correção por vértice = 4,6 = 0,575” 5 25° 45’ 11,750 9,637986348 4,364530400× 10-06
8
7 31° 19’ 36,850” 9,715936740 3,459291500× 10-06
Tabela IV
Ângulo ajustado – Equação 3 Soma 38,99031924 1,227517724× 10-05

Ângulos ajustados Ângulos ajustados Sendo:
Equação 1 e 2 Correção Equação 3
A: Soma dos logaritmos do numerados
1 25°40’03,675” - 0,575” 25° 40’03,100” B: Soma das diferenças log sen1” numerador
C: Soma dos logaritmos do denominador
2 43°56’30,875” - 0,575” 43° 56’30,300” D: Soma das diferenças log sen 1” do denominador

3 88°05’36,875” - 0,575” 88°05’36,300” A −C


Correção =
B+D

4 22°12’42,225” - 0,575” 22°12’41,650”

38,99031964 − 38,99031924
5 25°45’12,325” - 0,575” 25°45’11,750” Correção =
1,20774400.10 −05 + 1,227517724.10 −05
6 100°42’30,32” - 0,575” 100°42’29,750”
Correção = 0,018”
7 31°19’37,425” - 0,575” 31°19’36,850”
Subtrai no numerador ( ângulos pares )
8 22°17’50,875” - 0,575” 22°17’50,300” Soma no denominador ( ângulos impares )

Soma 360°00’04,60” - 4,600” 360°00’00,000”


Tabela VII
d) Equação de condição 4 Ângulos ajustados – Equação 4

Sen 2 . Sen 4
 . Sen 6 . Sen 8 Ângulo ajustado Correção Ângulo ajustado
=1 Ajustamento final
Sen 1 . Sen 3 . Sen 5 . Sen 7
  Equação 3

Ou 1 25°40’03,100” +0,018” 25°40’03,118”

2 43°56’30,300” - 0,018” 43°56’30,282”


Log Sen 2 + Log Sen 4 + Log Sen 6 + Log Sen 8
=1
Log Sen 1 + Log Sen 3 + Log Sen 5 + Log Sen 7 3 88°05’36,300” +0,018” 88° 05’36,318”


4 22°12’41,650” - 0,018” 22° 12’41,632”
Tabela V
Numerador da Equação 4 5 25°45’11,750” +0,018” 25°45’11,768”

Ângulo Log Dif. Log sem1” 6 100°42’29,750” - 0,018” 100°42’29,73”

2 43°56’30,30” 9,841313593 2,18475840× 10-06


7 31°19’36,850” +0,018” 31°19’36,868”


4 22°12’41,65” 9,577523665 5,15640470× 10-06
8 22°17’50,300” - 0,018” 22°17’50,282”

6 100°42’29,7” 9,992370575 -3,98161778× 10-07 ∑ 0,000” 360°00’00,00”

8 22°17’50,30” 9,579111806 5,13443820× 10-05 e) Cálculo da distância LM


Soma 38,99031964 1,20774400× 10-05
1º Caminho: Triângulo I L J e Triângulo I L M

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 28


TOPOGRAFIA APLICADA

1J 1L IJ = 6.363,4374 m
=
sen 6 
sen 1 6 = 100° 42’ 29,732”
( 7 + 8 ) = 53° 37’ 27,150”
1J . sen 1 LJ = 5.214,287816 m
IL =
sen 6
LJ LM
=
( )
IJ = 6.363,4374 m
1 = 25° 40’ 03,118”
 
sen 3 + 4 sen 2

6 = 100° 42’ 29,732”


IL = 2.805,161819 m LJ . sen 2
LM =

IL
=
LM
(
sen 3 + 4

)
sen 4 sen 7

LJ = 5.214,287816 m
IL . sen 7
LM = 2 = 43° 56’ 30,282”
sen 4
 
( 3 + 4 ) = 110° 18’ 17,950”
LM = 3.858,079063 m
IL = 2.805, 161819 m
7 = 31° 19’ 36,868” 4° Caminho Triângulo IJM e Triângulo JLM
4
= 22° 12’ 41,632”
LM = 3.858,079298 m IJ IM
=
2º Caminho: Triângulo IJM e Triângulo JLM
sen 3 sen 1 + 2 ( )
LJ
=
JM
sen 3 sen 8 IM =
 + 2
IJ . sen 1 ( )
sen 3
IJ = 6.363,4374 m
IJ . sen 8
JM = 3 = 88° 05’ 36,318”
sen 3
IJ = 6.363,4374m ( 1 + 2 ) = 69° 36’ 33,400”
IM = 6.967,998238 m
8 = 22° 17’ 50,282”
3 = 88° 05’ 36,318” IM
=
LM
JM = 2.415,705457 m

( 
sen 6 + 5 )
sen 7

JM LM
= IM . sen 7
sen 5 sen 2 LM =
(
sen 6 + 5 )
JM . sen 2
LM =
sen 5 IM = 5.967,998238 m
7 = 31° 19’ 36,868”
 
JM = 2.415,705457 m ( 6 + 5 ) = 126° 27’ 41,500”
5 = 25° 45’ 11,768” LM = 3.858,07916 m
2 = 43° 30’ 282”
Resultado do ajustamento
LM = 3.858,078921 m
Determinação da distância LM
3º Caminho Triângulo IJL e Triângulo LJM
1º Caminho LM = 3.858,079298 m
IJ LJ
= 2º Caminho LM = 3.858,078921 m
sen 6 (
sen 7 + 8 ) 3º Caminho LM = 3.858,079063 m
4º Caminho LM = 3.858,079160 m
Média = 3.858,079110: m

LJ =
(
IL . sen 7 + 8 ) Desvio padrão = 0,000158927 m
sen 6
LM = 3.858,079 m +/- 0,16 mm.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 29


ENTRETENIMENTO

CONTO TOPOMATEMÁTICO - A PARTILHA DOS TEODOLITOS E O JANTAR COMEMORATIVO


* Luiz Carlos da Silveira
Editor

O senhor Jarbas, proprietário da Casa do Teodolito, resolveu teodolitos para o Joca e quatro teodolitos para o Chico dá um
brindar os três vendedores com um lote de 35 teodolitos que total de trinta e quatro teodolitos. Realmente sobraram dois te-
estavam encalhados pela chegada das estações quase totais. odolitos, um é meu que doei para vocês efetuarem a partilha e
As estações quase totais foram as primeiras estações totais o outro equivale ao pagamento dos meus honorários, afinal de
do mercado. Não tinham memória, apenas uma vaga lembran- contas ninguém trabalha de graça. Todos gostaram da partilha,
ça. Os dados eram anotados em cadernetas tradicionais, mas inclusive eu. que vou vender estes dois teodolitos e comprar
mediam ângulos e distâncias. A distância medida era inclinada uma estação quase total.
e com o ângulo vertical se calculava a distância horizontal. Para comemorar o sucesso da partilha os três foram jantar no
Conforme a determinação do chefe, o Paulão receberia a me- restaurante situado na frente da Casa do Teodolito. Sentaram
tade dos teodolitos, o Joca receberia um terço dos teodolitos e na mesa e o Paulão pegou o menu, chamou o garçom e efetuou
o Chico, vendedor mas novo, receberia um nono dos teodolitos. o seu pedido:
Os três vendedores reuniram os 35 teodolitos e iniciaram a - Eu quero um gnocchi - e o garçom:
partilha. O Paulão, que tinha direito a metade, efetuou os cálcu- - Senhor, não temos este prato. O Paulão rebateu:
los e separou dezoito teodolitos para ele. - Como que não tem se está escrito aqui?
Os demais não aceitaram, pois a metade de 35 é dezessete O garçom, muito educado, esclareceu:
e meio. Pelos cálculos do Paulão, o Joca tinha direito a um ter- - Gnocchi é uma palavra italiana. Se pronuncia inhoq. O Joca
ço dos teodolitos que dava onze teodolitos inteiros e mais uma e o Chico então pediram espeto corrido.
parte de um teodolito. Da mesma forma ,o Chico tinha direito No final veio a conta de trinta cruzeiros. Cada um deu uma
um nono, ou seja, três teodolitos inteiros mais um pedaço de nota de dez cruzeiros e entregaram para o garçom.
um teodolito. O Paulão conferiu o menu, chamou o garçom e disse que a
Aí começou a briga. Como dividir um teodolito em partes para conta estava errada, que o total era de vinte e cinco cruzeiros. O
efetuar a partilha, conforme determinação do Senhor Jarbas? garçom explicou que os cinco cruzeiros adicionais era o couver
No meio da discussão chegou o Zé Pei, um engenheiro agri- artístico. O Paulão falou para o garçom que não tinham pedido
mensor muito bom em matemática, cujo apelido rima com João. este prato e o garçom explicou que o couver era uma taxa co-
Escutou a reclamação dos três, entendeu a forma da partilha e brada para pagar os artistas que cantavam no restaurante. O
falou: Paulão não concordou com o pagamento e mandou chamar o
- Vou ajuda-los na partilha, no entanto vou até no carro buscar gerente do restaurante.
o meu teodolito para doar a vocês. Chegou com o teodolito e O gerente, para evitar confusão mandou o garçom ir no caixa
colocou na mesa junto com os demais totalizando trinta e seis e trazer cinco notas de um cruzeiro, entregou para o Paulão. O
teodolitos. Paulão ficou com uma nota de um cruzeiro, deu uma nota de
Iniciou a partilha. um cruzeiro para o Joca e o Chico e duas notas de um cruzeiro
- Paulão, você tem direito a metade dos teodolitos. A metade para o garçom, como gorjeta.
de trinta e cinco são dezessete teodolitos inteiros, mais um pe- O gerente agradeceu a presença dos três e ia saindo quando
daço de teodolito. A metade de trinta e seis são dezoito teodo- o Paulão chamou o gerente e falou:
litos. Tome os seus teodolitos. Ficou contente com a tua parte? -Senhor, esta conta está errada. E o gerente, já indignado
E o Paulão falou: com a situação falou:
- Era o que eu queria desde o início, fico muito grato. - Errada como? E o Paulão:
Falou para o Joca: - Veja só. Nós pagamos com uma nota de dez cruzeiros e
- Você tem direito a terça parte dos teodolitos que, com 35 recebemos um cruzeiro de volta, então nós pagamos nove cru-
teodolitos, dava onze teodolitos inteiros mais um pedaço de te- zeiros cada um. No total pagamos vinte e sete cruzeiros que
odolito. Agora com trinta e seis teodolitos, incluindo o teodolito equivale a nove vezes três, somando os dois cruzeiros que doa-
que doei para vocês, Você leva doze teodolitos. Ficou contente? mos para o garçom totalizam vinte e nove cruzeiros. Onde está
E o Joca: um cruzeiro para completar os trinta cruzeiros iniciais?
- Fiquei muito contente, era isto que eu imaginava receber. - O gerente: É muita confusão e mandou o garçom buscar
Finalmente chegou a vez do Chico que tinha direito a nona três notas de dez cruzeiros e entregou uma nota para cada um
parte do lote que dava três teodolitos inteiros mais um pedaço falando:
de teodolito. Com trinta e seis teodolitos recebeu a nona parte - A janta de hoje é por minha conta.
de 36, que equivale a quatro teodolitos. Falou: Ao saírem o garçom falou:
- Chico pega os teus quatro teodolitos. Gostou da partilha? - Obrigado pela gorjeta, e o gerente:
- E o Chico: claro que sim. -Que gorjeta? Devolve estes dois cruzeiros no caixa para di-
Disse o Paulão: minuir o tamanho do prejuízo.
- Mas sobraram dois teodolitos na mesa. Os três embarcaram na BMV do Joca (Brasília muito velha) e
E o Zé Pei: voltaram para casa. Na viagem o Paulão comentou:
- Vamos conferir a partilha. Dezoito teodolitos para ti, doze - Ganhamos os teodolitos e mais o jantar.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 30


GEODÉSIA APLICADA

DETERMINAÇÃO DO NORTE VERDADEIRO COM TÉCNICA GNSS


* Luiz Carlos da Silveira
Editor

1 - INTRODUÇÃO 2 - PROCEDIMENTOS DE CAMPO


No passado recente, a determinação do Azimute Verdadeiro Implantam-se dois vértices no campo, separados por uma
era uma atividade da topografia e consistia na observação as- distância superior a 70 metros. Com a técnica GNSS obtêm-
tronômica do Sol ou estrelas, com o objetivo de obter o Azimute -se as coordenadas planas, no sistema UTM, dos vértices. No
Verdadeiro de uma linha. caso específico de área para pesquisa e lavra mineral, um dos
Para locação de áreas destinadas a pesquisa e lavra mineral vértices poderá ser um vértice do polígono. Se não houver ne-
era obrigatório (e ainda é) que os segmentos do polígono de- cessidade de locar a linha, apenas os vértices, esta atividade
limitador da área estivesse orientado para os pontos cardeais pode ser efetuada com técnica GNSS - RTK em coordenadas
verdadeiros, ou seja, Note, Sul, Leste e Oeste verdadeiros. planas UTM ou coordenadas planas locais onde as coordena-
Alguns topógrafos, sem formação acadêmica na área de agri- das são obtidas a partir do plano topográfico local criado com
mensura, usavam, erroneamente, o norte magnético obtido por as coordenadas geodésicas elipsoidais latitude e longitude do
bússolas, as vezes, acopladas nos antigos teodolitos, DF Vas- memorial descritivo da área.
concelos, por exemplo. Como falou o presidente Bolsonaro, em
um de seus discursos "em topografia tem o norte magnético, 3 - PROCEDIMENTO DE CÁLCULO
o norte verdadeiro e o norte quadrícula..." (o homem sabe um
pouco de topografia). 3.a - Determinação do azimute plano
O norte magnético forma com o norte verdadeiro um ângulo
denominado de "declinação magnética" que varia, no Brasil, de O cálculo do azimute plano da linha é efetuado a partir da fór-
0° a 30°. Desconhecendo este detalhe os antigos topógrafos lo- mula:
cavam as áreas inclinadas em elevação ao Norte Verdadeiro e, N − NA
em alguns casos, o bem mineral ficava fora da área, ocorrendo Arc cos Az 'AB = B
uma verdadeira tragédia para o minerador. DAB
Quanto ao topógrafo que cometia este erro...
(NB − NA ) + (EB − E A )
2 2
DAB =
Na falta de bibliografia específica para o tema, publiquei, em
1985, pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, o livro "Determinação do Norte Verdadeiro - Manual Técni- Se EB - EA for positivo
co". Para o conteúdo do livro foi utilizado o material didático da
disciplina de Astronomia de Posição que ministrava no curso de AzAB = Az'AB
Engenharia de Agrimensura da Escola Superior de Tecnologia,
atual Universidade do Extremo Sul Catarinense. Se EB - EA for negativo
Este livro foi amplamente utilizado como livro didático dos
AzAB = 360° - Az'AB
cursos de Engenharia de
Agrimensura e Cartogra-
3.b - Determinação da convergência meridiana
fia do Brasil, Argentina,
Uruguai e Chile.
A convergência meridiana é o ângulo C, que num determina-
Foram apresentados,
do ponto P, é formado pela tangente ao meridiano deste, e a
neste livro, os principais
paralela ao meridiano central.
métodos utilizados para
Desta forma a convergência meridiana é o ângulo formado
a determinação do norte
verdadeiro, dos mais sim- entre o Norte Verdadeiro e o Norte de Quadrícula.
ples, utilizando o Sol ou
estrelas em alturas iguais,
até os mais precisos e
técnicos como o método
da máxima elongação
de uma ou duas estre-
las, aplicando o catálogo
de elongação de estrelas
existente na publicação.
Atualmente, com a tec-
nologia GNSS, tudo isto Figura 01 Convergência meridiana
virou peça de museu, no
entanto devemos resgatar o passado brilhante da topografia, NV = Norte Verdadeiro;
para não ficar no esquecimento. Erastótenes, a mais de dois mil NQ = Norte da Quadrícula;
anos, determinou o valor do raio da Terra e hoje, dificilmente um C = Convergência Meridiana;
engenheiro agrimensor saberia fazer o mesmo trabalho. MC = Meridiano Central.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 31


GEODÉSIA APLICADA

AZVAB = AZPAB - C ou AZVAB = AZPAB + Θ

Sendo Θ = ângulo de rotação no sentido horário a


partir do NV para convergência negativa.

Θ = 360º - Ι C Ι

Se resultar em valor maior que 360º subtrair 360º.

Para convergência positiva

Figura 02 Sinal da convergência meridiana

C positivo
- no Hemisfério Sul - lado Oeste do MC;
- no Hemisfério Norte - lado Leste do MC. Figura 05
C negativo AZVAB = AZPAB + C ou AZVAB = AZPAB + Θ
- no Hemisfério Sul - lado Leste do MC;
- no Hemisfério Norte - lado Oeste do MC. Para convergência positiva

Θ=C

4 - EXEMPLO APLICATIVO
4.a - Coordenadas geodésicas do ponto inicial da linha

φA - 27° 28' 20,9836" S


λB - 50° 48' 54,5506" W
φA - 27° 28' 31,4678" S
λB - 50° 48' 58,0681" W

4.b - Coordenadas planas sistema UTM


Figura 03 Sinal de C
NA = 6.961.216.176
3.c - Conversão do azimute plano em azimute verdadeiro EA = 518.262.370
NB = 6.960.893,741
Para convergência negativa.
EB = 518.165,373

4.c - Cálculo do azimute plano

NB − NA
Arc cos AzP 'AB =
(NB − NA ) + (EB − E A )
2 2

AzP'AB = 163° 15' 26,35''

Como EB - EA é negativo

Figura 04 Conversão de azimute AZPAB = 360° - AZP'AB

AZPAB = 196° 44' 33,65''


AZVAB = AZPAB + (- C)

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 32


GEODÉSIA APLICADA

4.d - Cálculo da convergência meridiana no vértice A

O ponto base corresponde ao ponto que tenha as coordena-


das geodésicas elipsoidais latitude e longitude.
Coordenadas do ponto base

φA = - 27º 28’ 20,9836” S


λA = - 50º 48’ 54,5506”W

Convergência meridiana
Figura 06 Convergência meridiana

C = XII × P + XIII × P3 + C’5 ×P5


4.e - Transformação do azimute
Δλ = Ι λMC - λA Ι
AZVAB = AZPAB + C
λMC = - 51º W
λ0 = - 50º 48’ 54,5506” W C = -0° 05' 06,988''
Δλ = 0º 11’ 05,4494”
AZVAB = 196° 44' 33,65''
Δλ” = Δλ × 3600
AZVAB = 196° 39' 27''

Δλ” = 665,4494”

P = Δλ” × 0,0001
P = 0,06654494

Determinação da segunda extremidade

a2 − b2
e' =
b

Para a elipsoide GRS80 Datum SIRGAS 2000

a = 6.378.137 m Figura 07 Azimute Verdadeiro


b = 6.356.752,3141 m
e’ = 0,0820944438
4.f - Locação da linha
Determinação dos coeficientes
Para locação da linha basta estacionar a estação total em A,
XII = sen φ × 104
com ré em B e visada na direção norte com o ângulo α
XII = 4.613,227551

sen21"× senφ × cos2 φ


XIII × (1 + 3e '2 × cos2 φ + 2e '4 × cos4 φ) × 1012
3

XIII = 2,889780

sen4 1"× sen φ × cos4 φ


=C '5 × (2 − tg2φ) × 1020
15

C’5 = 0,0018210

Cálculo da convergência mertidiana

C = XII × P + XIII × P3 + C’5 ×P5


Figura 08 Locação da Linha

C = 0º 05’ 06,988”
Sinal da convergência meridiana α = 360° - AZVAB

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 33


HISTÓRIA DA GEODÉSIA

EVOLUÇÃO DOS INSTRUMENTOS E MÉTODOS DE MEDIDAS DAS BASES GEODÉSICA


* Traduzido do Instituto Geográfico Militar da Argentina
Título Original “El problema de la medicion de bases geodésicas”

A primeira medição de uma base geodésica foi efetuada por bos de vidro de 20 pés de comprimento, em contato com os
Snellins, em 1615, quando este astrônomo holandês instituiu o quais colocava termômetros de mercúrio. E assim fez a terceira
método da triangulação para medida de um arco de meridiano. medição de sua base.
Usou para isso réguas de madeira, que durante um século Outro fator importante levado então em conta, e pela primeira
seriam exclusivamente usadas, sem dúvida por serem menos vez em medida de base, foi a redução ano nível do mar.
sensíveis às variações de temperatura do que as réguas me- Alguns anos mais tarde, em 1791, o “Ordnance Survey” re-
tálicas. solveu remedir, mais uma vez essa base, insistindo na ideia do
A base de Snellins tinha 328 metros e foi duas vezes am- basímetro flexível.
pliada segundo quadriláteros rômbicos, atingindo um lado de Para isso Ramsdem fabricou, com requintes de precisão,
4114 metros. Empregava-se assim na primeira medida de base, duas cadeias de aço, de 100 pés com traços nas extremidades
o melhor dispositivo de desenvolvimento da mesma, embora As cadeias eram estendidas sob tensão de 28 libras (12,7 Kg),
ultrapassando-se na relação de ampliação, o limite hoje (1949) com apoio de 20 em 20 pés. Termômetros eram colocados em
recomendado. contato com a cadeia.
O método de medição consiste em colocarem-se as réguas Os lances eram nivelados e os tripés de apoio das extremida-
sobre o solo, ao longo de uma corda estendida na direção da des da cadeia eram providas de cabeças móveis reguláveis em
base, estabelecendo-se cuidadoso contato entre os extremos movimento diferencial. As cadeias eram protegidas dos raios
das réguas que se sucediam. Era o método chamado "conta- solares. Como vemos a técnica de operar já se aproximava mui-
tos”, que por muitos anos seriam utilizados. to do que hoje se usa (1949).
Nas medidas das bases do primeiro arco de meridiano do As primeiras “réguas de metal” surgiram quando Cassini de
Peru, em meados do século XVIII, empregaram-se três réguas Thuri remediu em 1739 a base de Picard utilizando quatro ré-
de madeira de 20 pés (cerca de 6,5 m, na época) com as ex- guas de ferro que estendia ao longo de um cordel. As correções
tremidades guarnecidas por chapas de cobre, para maior pre- de temperatura eram feitas segundo as observações de um ter-
cisão nos contatos. As réguas eram horizontalizadas por meio mômetro de mercúrio que Cassini conservava na mão e que,
de calços com auxílio de um nível, utilizando-se o fio de prumo portanto, fornecia a temperatura do ar e não da régua.
quando o desnível do terreno não permitia o contato entre os Ao findar o século XVIII (1792) o célebre físico francês Borda
extremos das réguas. imaginou um novo sistema para medição de temperatura, de-
Não se levava em conta a influência das variações de tem- duzindo-a em função da diferença de dilatação de dois metais
peratura e não era possível evitar o erro sistemático que seria diversos. Fez construir réguas bimetálicas que constituíam, elas
produzido pelos choques, embora pequenos, ocorridos ao se mesmas, um termômetro metálico, que acusava, consequente-
estabelecerem os contatos. Comparando-se os resultados das mente, a temperatura das réguas, e não a do ar ambiente, como
medidas ida e volta, as precisões obtidas nas bases foram 1: ocorria com as de mercúrio. A régua de Borda era formada por
300000 e 1: 211000, mas esses erros relativos não exprimiam a uma barra de platina e outra de cobre, superpostas e unidas por
realidade, uma vez que as importantes influências sistemáticas uma das extremidades.
não eram eliminadas. A variação relativa dos comprimentos observada na extre-
Por esta mesma época obtinha-se na medição do arco da midade livre das barras, permitia a dedução da temperatura,
Lapônia, resultados equivalentes, utilizando-se oito réguas de 5 sabendo-se que os coeficientes de dilatação da platina e do
tresas (cerca de 10 metros). cobre sã o respectivamente 9 x 10- 6 e 17 x 10- 6. Observada a
Em 1750 o padre italiano Bescovich usou réguas de madeira variação do comprimento com auxílio de forte lupa, era possível
na medida de uma base, mas inaugurou o método da “medição avaliar até o centésimo de milímetro, que correspondia a 0,3
entre traços”, que embora não fosse logo bem compreendido graus.
tornou-se mais tarde o único aceitável. Na medição da base as réguas eram colocadas sobre supor-
Boscovich colocava as réguas sobre tripés, horizontalizava- tes, deixando-se entre elas pequenos intervalos que se mediam
-as e deixava pequenos intervalos entre elas, os quais eram com pequenas réguas de platina.
medidos considerando-se não os extremos, mas pequenos tra- Em 1805 Reichembach introduziu para medição do intervalo
ços gravados próximo a eles, e que definiam o comprimento da entre as réguas, o uso de cunhas alongadas de aço, fazendo
régua. par conveniência dessa medição, que as réguas terminassem
Em 1784, quando se estabeleceu a ligação geodésica entre também em forma de cunha.
os meridianos de Paris e Greenwich, o general inglês Willian Alguns anos após o grande geodesista alemão Bessel fez
Roy, medindo proximidades de Londres numa base de 27400 construir réguas de grande precisão, associando as ideias de
pés (8.350 m), usando, a título experimental, uma cadeia de Borda e Reichenbach. Sua régua de 4 metros de comprimento,
aço de 100 pés ( 32m ). Era a primeira tentativa de utilização era constituída por barras de ferro e de zinco, cujo coeficiente
do basímetro flexível, feita um século antes de Jaderim lançar o de dilatação são respectivamente 11 x 10 - 6 e 29 x 10 - 6. A barra
sistema dos fios. Roy mediu novamente a base com as réguas de ferro, colocada sob a de zinco, é um pouco mais comprida
de madeira usadas na época, porém considerando a influência do que esta e possui um talão, de modo tal que se pode medir
da temperatura e da unidade do ar. o intervalo entre esse talão e a extremidade da rágua de zinco,
Notando a sensibilidade da madeira, fez construírem-se tu- introduzindo uma cunha nesse intervalo.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 34


HISTÓRIA DA GEODÉSIA

Para isso usava Bessel uma cunha alongada de cristal, que palmente em face da comodidade de emprego de fios e fitas
também servia para medir o intervalo entre duas réguas con- que se vinham impondo. Ainda hoje (1949) entretanto, é ele
secutivas. Com esse basímetro de Bessel, mais tarde aper- usado no “Bureau of Standards” de Washigton, para controle da
feiçoado por Schreiber, mediram-se bases na Alemanha até o base de comparação aí instalada.
ano de 1918, obtendo-se precisões cuja média corresponde a Os basímetros flexíveis, que tinham tido na cadeia de Rama-
1:2926000. dem um percursos avançado de um século, começam a desper-
Em 1853 a Comissão do Mapa da Espanha encarregou Car- tar atenção graças aos estudos do sueco Jaderim, que em 1879
los Ibanez de fornecer os detalhes de uma régua bimetálica a propôs o novo método de medição com fios.
ser encomendada aos fabricantes Brunner de Paris. Formada Segundo sua idéia, as bases eram medidas simultâneamente
de barras de platina e latão, de coeficientes 9 x 10 - 6 e 19 x 10 com dois fios, sendo um de ferro e outro de latão. A diferença
-6
, era dotada de microscópios micrométricos, que não só per- das duas medidas indicava a temperatura. Os dois primeiros
mitiam a medidarigorosa da diferença de dilatação das barras, fios que fabricou tinha 25 metros, mas logo reduziu-os para 24
como serviam de referência nos lances sucessivos. Davam-se, metros a fim de poder adotar os basímetros rígidos de 4 metros
assim, dois importantes passos no aperfeiçoamento do material como aferidores.
e do método. Não foram, entretanto muito animadores os resultados colhi-
A medida da base passou então a ser feita com um só basí- dos, até que em 1897, Benoit e Guillaune descobriram a liga a
metro, que era colocado sobre dois microscópios, um em cada que denominou de invar e apresentava a notável anomalia de
extremidade, instalados em tripés independentes, dotados de ser quase insensível as variações de temperatura. Formada de
parafusos de deslocamento diferencial, de maneira a poderem ferro e nikel, nas proporções de 64% e 36%, possui coeficiente
focalizar os traços terminais do basímetro. Além do termômetro de dilatação próximo de 1 x 10 - 6, o que corresponde a uma pre-
metálico constituído pelas barras , fez Ibanez embutir termôme- cisão de 1: 1000000 para 1 grau de incerteza na temperatura.
tros de mercúrio, o que permitia deduzir a temperatura, pelos Os fios e, depois a trenas de invar, passaram ser exclusivamen-
dois caminhos. te usadas em todas as medidas de bases modernas.
Observvando que o termômetro metálico não era mais pre- O equipamento de fios de invar mais conhecido é o fabricado
ciso do que os de mercúrio, enquanto estes eram muito mais por Carpentier que corresponde a 8 fios de 24 metros e 2 de 8
simples de leitura, concluiu Ibanez pela conveniência de voltar metros, além de um de aço também com 24 metros, que serve
a régua monometálica que fez construir em ferra laminado,com de gabarito no estaqueamento da base. Há uma série de tripés
a forma de um T invertido, com quatro termômetros embutidos, de referência e 1 ou 2 pares de tripés tensores, e ainda uma
e nível de bolha. luneta e pequenas miras apropriadas para o nivelamento dos
Os irmãos Brunner também construíram em 1900 uma régua lances.
monometálica, da qual o SGE possui um exemplar adquirido O diâmetro dos fios é de cerca de 1,65 milímetros e seu peso
pela Antiga Comissão da Carta Geral do Brasil. é de 17,3 gramas por metro. Pesos de 10 quilos, suspensos por
O último e mais perfeito tipo de basímetro rígido foi o cons- cordéis que passam em roldanas, garantem a tensão constante
truído pelo norte-americano Woodward, que imaginou a colo- dos fios.
cação da rágua no interior de uma calha em forma de Y, a qual Os norte americanos, no Coast and Geodetic Survey, genera-
era cheia de gelo picado, de modo a conservar o basímetro na lizaram o emprego de trenas de invar de 50 metros, com méto-
temperatura de zero grau, eliminando assim a mais importante do e equipamento muito mais simplificado.
das causas de erro, que consistia na incerteza da temperatura Em lugar dos tripés tensores e dos pesos usam simples ala-
do metal. vancas e dinamômetros convenientemente aferidos, e ao invés
A régua era de cinco metros e apenas os extremos, munidos de tripés de referência usam as próprias estacas, que levam
de reguinhas de platina tracejada, saiam fora da calha. Embora no topo pequenas lâminas metálicas onde se traça uma linha
muito preciso o basímetro de Woodward nã era prático, princi- de fé.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 35


NORMAS TÉCNICAS

DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO ANGULAR DOS EQUIPAMENTOS TOPOGRÁFICOS NBR 13133 - DIN 18723
1 - INTRODUÇÃO 2 - PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Para a determinação da classe da estação total (medição 2.1 - Obtenção dos valores angulares
angular) deve-se obter o desvio padrão de acordo com a nor-
ma alemã DIN 18723, incorporada pela ABNT na norma NBR Após a instalação do equipamento na estação central efetua-
13133 - Execução de levantamentos topográficos. -se quatro séries de observações nos alvos utilizando o método
das direções nas posições direta e inversa da luneta.
A implantação dos alvos deve contemplar:
Após cada série deve-se observar a situação de calagem do
equipamento, ajustando, se necessário.
- quatro alvos distribuídos num arco maior que 90º; Os dados são anotados em planilha ou gravado em arquivo
- distância mínima entre a estação central e os alvos deve ser específico na memória da estação total.
de 185 m;
- distâncias iguais entre a estação central e os alvos; 2.2 - Procedimentos de cálculos
- alvos posicionados num mesmo plano horizontal;
- estação central e alvos posicionados em pilares de centragem Para apresentação dos cálculos serão utilizados os dados
forçada. publicados na NBR 13.133 para o teodolito TC 1000 e deter-
minados no laboratório de aferição da USP, com as devidas
correções.

Tabela 1 - Valores obtidos em campo

Medições Média das


Estação Ponto Visado Posição direta I Posição inversa II Média das posições
reduzidas quatro séries
C I 359º 59’ 58” 179º 59’ 54” 359º 59’ 56,0” 00º 00’ 00,0” 00º 00’ 00,00”
II 40º 58’ 17” 220º 58’ 13” 40º 58’ 15,0” 40º 58’ 19,0” 40º 58’ 18,25”
III 137º 09’ 49” 317º 09’ 46” 137º 09’ 47,5” 137º 09’ 51,5” 137º 09’ 50,88”
IV 186º 43’ 35” 06º 43’ 25” 186º 43’ 30,0” 186º 43’ 34,0” 186º 43’ 33,25”
C I 00º 00’ 11” 180º 00’ 00” 00º 00’ 05,5” 00º 00’ 00,0” 00º 00’ 00,00”
II 40º 58’ 27” 220º 58’ 20” 40º 58’ 23,5” 40º 58’ 18,0” 40º 58’ 18,25”
III 137º 09’ 54” 317º 09’ 56” 137º 09’ 55,0” 137º 09’ 49,5” 137º 09’ 50,88”
IV 186º 43’ 39” 06º 43’ 36” 186º 43’ 37,5” 186º 43’ 32,0” 186º 43’ 33,25”
C I 00º 00’ 13” 180º 00’ 08” 00º 00’ 10,5” 00º 00’ 00,0” 00º 00’ 00,00”
II 40º 58’ 25” 220º 58’ 27” 40º 58’ 26,0” 40º 58’ 15,5” 40º 58’ 18,25”
III 137º 10’ 01” 317º 10’ 04” 137º 10’ 02,5” 137º 09’ 52,0” 137º 09’ 50,88”
IV 186º 43’ 45” 06º 43’ 44” 186º 43’ 44,5” 186º 43’ 34,0” 186º 43’ 33,25”
C I 00º 00’ 35” 180º 00’ 29” 00º 00’ 32,0” 00º 00’ 0,00” 00º 00’ 00,00”
II 40º 58’ 56” 220º 58’ 49” 40º 58’ 52,5” 40º 58’ 20,5” 40º 58’ 18,25”
III 137º 10’ 21” 317º 10’ 24” 137º 10’ 22,5” 137º 09’ 50,5” 137º 09’ 50,88”
IV 186º 44’ 05” 06º 44’ 05” 186º 44’ 05,0” 186º 43’ 33,0” 186º 43’ 33,25”

2.2.1 - Cálculo dos elementos da Tabela 1 Para o segundo ângulo

a - Média das posições PD = 40º 58´ 17” PI = 220º 58’ 13”

Para o primeiro ângulo Média = 40º 56’ 15,0”

b - Medições reduzidas

A medição reduzida refere-se a diferença entre a média do pon-


to e a média do ponto I (para cada série).
PD = 359º 59’ 58” PI = 179º 59’ 54”
Para o ponto I a medição reduzida é 0.
Média = 359º 59’ 56,0”
Para o ponto II
Se PI for maior que 180º  - 180º
Se PI for menor que 180º  + 180º Medição reduzida = 40º 58’ 15,0” - 359º 59’ 56,0”

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 36


NORMAS TÉCNICAS

Medição reduzida = 40º 58’ 19,0” Cálculo de d


Para o ponto III
d corresponde a diferença entre a média das quatro séries e a
Medição reduzida = 137º 09’ 47,5” - 359º 59’ 56,0” medição reduzida da série.

Medição reduzida = 137º 09’ 51,5” Para o ângulo I d = 0,00”

Se a operação resultar em valor negativo, deve-se adicionar Para os demais ângulos


360º.
dI = = 0,00”
c - Média das quatro séries dII = 18,25” - 19,0” = -0,75”
dIII = 50,88” - 51,5” = -0,62”
Refere-se a média das medições reduzidas das quatro séries dIV = 33,25” - 34,0” = -0,75”
de medidas realizadas.
Somatório de d
Para o ângulo I a média é 0. [d] = -2,12”

Para o ângulo II [d]2 = - 2,12” = 4,49”


Cálculo de dd
1ª série 40º 58’ 19,0”
2ª série 40º 58’ 18,0” dd corresponde ao quadrado de d
3ª série 40º 58’ 15,5”
4ª série 40º 58’ 20,5” Para a primeira série

Média = 40º 58’ 18,25”


Ângulo d dd
Para o ângulo III I 0,00 0,00”
II - 0,75 0,56”
1ª série 137º 09’ 51,5”
2ª série 137º 09’ 49,5” III - 0,62 0,38”
3ª série 137º 09’ 52,0” IV - 0,75 0,56”
4ª série 137º 09’ 50,5”
Cálculo de v
Média = 137º 09’ 50,88”
Para o ângulo IV

1ª série 186º 43’ 34,0”


2ª série 186º 43’ 32,0”
3ª série 186º 43’ 34,0” Para o primeiro ângulo
4ª série 186º 43’ 33,0”
d1 = 0
Média = 186º 43’ 33,25” [d] = 2,12
Média das 4 séries S = 4 (número de observações)

I 00º 00’ 00,00”


II 40º 58’ 18,25”
III 137º 09’ 50,88”
IV 186º 43’ 33,25”
Para o segundo ângulo
2.2.2 - Cálculo do desvio padrão das séries

Tabela 02 - Cálculo do desvio padrão da 1ª série


Ponto Medição Média das Para o terceiro ângulo
d dd v vv
visado reduzida 4 séries
I 00,0” 00,00” 0,00” 00,00” 0,53 0,28
II 19,0” 18,25” -0,75” 0,56” -0,22 0,05
1ª III 51,5” 50,88” -0,62” 0,38” -0,09 0,01
série
IV 34,0” 33,25” - 0,56” -0,22 0,05 Para o quarto ângulo
0,75”
[d] = -2,12 [d]2 = 4,49 [v] = 0

a - Primeira série

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 37


NORMAS TÉCNICAS

Cálculo de vv Para o quarto ângulo

vv corresponde ao quadrado de v

vvI = VI2 = 0,532 = 0,28”


vvII = vII2 = -0,222 = 0,05”
Cálculo de vv
vvIII = vIII2 = -0,092 = 0,01”
vvIV = vIV2 = -0,222 = 0,05”
vv corresponde ao quadrado de v
Cálculo de (v)
Cálculo de (v)
(v) corresponde ao somatório de v

b - Segunda série (v) corresponde ao somatório de v

Tabela 03 - Cálculo do desvio padrão da 2ª série c - Terceira série

Ponto Medição Média das


Tabela 04 - Cálculo do desvio padrão da 3ª série
d dd v vv
visado reduzida 4 séries
I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” -0,72 0,51 Ponto Medição Média das
d dd v vv
visado reduzida 4 séries
II 18,0” 18,25” 0,25” 0,06” -0,47 0,22
2ª I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” -0,22 0,05
III 49,5” 50,88” 1,38” 1,90” 0,66 0,43
série
II 15,5” 18,25” 02,75” 07,56” 2,53 6,40
IV 32,0” 33,25” 1,25” 1,56” 0,53 0,28
3ª III 52,0” 50,88” -01,12” 01,25” -1,34 1,79
[d] = 2,88 [d]2 = 8,29 [v] = 0 série
IV 34,0” 33,25” -00,75” 00,56” -0,97 0,94
Cálculo de d [d] = 0,88 [d]2 = 0,77 [v] = 0
d1 = 00,00” - 00,00” = 0,00”
d2 = 18,25” - 18,00” = 0,25” Cálculo de d
d3 = 50,88” - 49,50” = 1,38”
d4 = 33,25” - 32,00” = 1,25” d1 = 00,00” - 00,00” = 0,00”
d2 = 18,25” - 15,50” = 2,75”
Somatório de d d3 = 50,88” - 52,00” = -1,12”
[d] = 2,88” d4 = 33,25” - 34,00” = -0,75”
[d]2 = 2,882 = 8,29”
Somatório de d
Cálculo de dd [d] = 0,88”

Corresponde ao quadrado de d
[d]2 = 0,882 = 0,77”
Cálculo de v Cálculo de dd

Corresponde ao quadrado de d
Para o primeiro ângulo
Cálculo de v
dm = 2,88”

S = 4 (número de observações)

Para o segundo ângulo

Para o segundo ângulo

Para o terceiro ângulo

Para o terceiro ângulo

Para o quarto ângulo

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 38


NORMAS TÉCNICAS

Cálculo de d

d1 = 00,00” - 00,00” = 0,00”


d2 = 18,25” - 20,50” = -2,25”
d3 = 50,88” - 50,50” = 0,38”
Cálculo de vv d4 = 33,25” - 33,00” = 0,25”

vv corresponde ao quadrado de v Somatório de d

Cálculo de (v) [d] = -1,62”

(v) corresponde ao somatório de v [d]2 = 1,622 = 2,62”


Cálculo de dd
d - Quarta Série
Corresponde ao quadrado de d
Tabela 05 - Cálculo do desvio padrão da 4ª série Cálculo de v

Ponto Medição Média das


d dd v vv
visado reduzida 4 séries
I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” 0,40 0,16
II 20,5” 18,25” -02,25” 05,06” -1,84 3,38
III 50,5” 50,88” 0,38” 00,14” 0,78 0,61
Para o segundo ângulo

série IV 33,0” 33,25” 0,25” 00,06” 0,65 0,42
2
[d] = - 1,62 [d] = 2,62 [v] = 0

[dd] = 19,65 S [d]2 = 12,45 [v v] = 16,48

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 39


NORMAS TÉCNICAS

S[d]2 = 16,17”
Para o terceiro ângulo
(vv) corresponde a soma de todos vv

Para o quarto ângulo

Cálculo de desvio padrão final


[dd] = 19,65”
[dd] corresponde a soma de todos dd S[d]2 = 16,17”
S=4
[dd] = 19,65” [vv] = 15,61”
m = ± 1,32”
S[d]2 corresponde a soma de todos os [d]2 que corresponde ao desvio padrão calculado para o equipa-
mento.

Tabela 06 - Resumo dos cálculos efetuados

Medição Média das


Ponto visado
reduzida 4 séries
d dd v vv

I 00,0” 00,00” 0,00” 00,00” 0,53 0,28


II 19,0” 18,25” -0,75” 0,56” -0,22 0,05

III 51,5” 50,88” -0,62” 0,38” -0,09 0,01
série
IV 34,0” 33,25” -0,75” 0,56” -0,22 0,05
[d] = -2,12 [d]2 = 4,49 [v] = 0
I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” -0,72 0,51
II 08,0” 18,25” 0,25” 0,06” -0,47 0,22
2ª III 49,5” 50,88” 1,38” 1,90” 0,66 0,43
série
IV 32,0” 33,25” 1,25” 1,56” 0,53 0,28

[d] = 2,88 [d]2 = 8,29 [v] = 0

I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” -0,22 0,05


II 15,5” 18,25” 02,75” 07,56” 2,53 6,40

III 52,0” 50,88” -01,12” 01,25” -1,34 1,79
série
IV 34,0” 33,25” -00,75” 00,56” -0,97 0,94
2
[d] = 0,88 [d] = 0,77 [v] = 0
I 00,0” 00,00” 00,00” 00,00” 0,40 0,16
II 20,5” 18,25” -02,25” 05,06” -1,84 3,38

4ª III 50,5” 50,88” 0,38” 00,14” 0,78 0,61


série IV 33,0” 33,25” 0,25” 00,06” 0,65 0,42
[d] = - 1,62 [d]2 = 2,62 [v] = 0

[dd] = 19,65 S [d]2 = 16,17 [vv] = 15,58

Verificação do somatório de [vv]

[vv] 15,61”

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 40


NORMAS TÉCNICAS

AS NORMAS ISO PARA INSTRUMENTOS TOPOGRÁFICOS E GEODÉSICOS


* Trabalho elaborado pelo cientista da computação:
Msc. Francisco Roza de Moraes (maverick@usp.br)
Supervisão: Prof. Dr. Irineu da Silva
Laboratório de Geomática
Departamento de Engenharia de Transportes (EESC/USP)

A Organização Internacional de Padronização, popularmente A estrutura regulatória da ISO encontra-se dividida em 249
conhecida pelo nome ISO, ao longo de sua história, consolidou- Comitês Técnicos (TC), com cada um deles responsável por
-se como uma das principais instituições regulatórias internacio- apenas um assunto normativo específico. Dentro de cada um
nal, com trabalhos desenvolvidos para gerenciar e auxiliar as desses TC, existem Subcomitês Técnicos (SC), cuja função é
diversas áreas de produção de bens e serviços da sociedade particularizar os assuntos referentes a cada TC.
moderna. A partir dos TC e SC, os países membros de cada um de-
A história da ISO teve início no ano de 1947, com a união de les podem estabelecer Grupos de Trabalhos (WG), que serão
outras duas agências reguladoras da época, que eram: a Inter- responsáveis por desenvolverem e atualizarem regras interna-
national Federation of the National Standardizing Associations cionais, conforme as necessidades discutidas pelos membros
(ISA), com maior foco de atuação no continente europeu e o participantes dos grupos responsáveis. Atualmente, os WG são
United Nations Standards Coordinating Committee (UNSCC), responsáveis por estabelecerem mais de 21.000 regras e por
com atuação apenas dos países das forças aliadas na Segunda estarem trabalhando em mais de 4.000 novas normas e pa-
Guerra Mundial. drões.
O objetivo inicial da ISO era estabelecer um órgão de coor-
denação e unificação dos padrões e normas de produção para Padronizações para instrumentos topográficos e
todo o mundo. No decorrer dos anos, esse objetivo foi se mo- geodésicos
dificando de acordo com as necessidades de seus membros,
como por exemplo, a inclusão dos padrões utilizados mundial- Com o objetivo de auxiliar nas atividades de desenvolvimento
mente para a gestão de qualidade - ISO 9000 e a elaboração de regulatórios, a ISO opta por agrupar assuntos similares em um
normas para o controle e gerenciamento ambiental e social dos mesmo TC. Desta maneira, um assunto pode ser inicialmente
processos de produções industriais. discutido em um ambiente geral e, por meio dos subcomitês
A participação nos trabalhos da ISO é aberta para todos os (SC), serem discutidos mais especificamente, de acordo com
países que tiverem interesse em auxiliar no desenvolvimento as necessidades da comunidade.
de normas e padrões internacionais. No entanto, essa partici- A regulamentação dos instrumentos topográficos e geodési-
pação é limitada a apenas uma agência de padronização por cos, por exemplo, são de responsabilidade geral do TC 172,
país membro. Deste modo, em sua maioria, a agência de pa- que aborda as necessidades mundiais referentes a Óptica e a
dronização mais especializada de um país é inscrita como a Fotônica. Em razão da necessidade de regras específicas so-
participante para responder aos trabalhos da ISO. O Brasil faz bre esses instrumentos, os dirigentes desse comitê estabelece-
parte da organização como Membro Efetivo por meio da agên- ram o SC 6 - Geodetic and surveying instruments, responsável
cia Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). por normatizar as necessidades referentes aos instrumentos
Nos dias atuais, a ISO é composta por 164 países membros, topográficos e geodésicos.
aproximadamente 84% dos países do globo, que se dividem em O TC 172/SC 6 se concentra nos instrumentos topográficos e
três categorias de associação na organização: Membros Efeti- geodésicos ópticos e, atualmente, possui 17 regulamentações,
vos (Full Members), que participam e influenciam diretamen- das quais 15 estão completas e 2 em processo de desenvol-
te na elaboração das regras internacionais; Membros Corres- vimento. Em relação às regulamentações dos equipamentos,
pondentes (Correspondent Members), que utilizam e adotam presentes no TC 172, pode-se destacar a ISO 17123 - Procedi-
todos os produtos regulatórios da ISO e Membros Assinantes mentos de campo para verificação de instrumentos topográficos
(Subscriber Members), cujos associados têm permissão para e geodésicos - que é dividida em 9 partes para melhor abranger
se manter atualizados com as regras até progredirem para ou- as necessidades da topografia e da geodésica, conforme des-
tra categoria de membro. crito na Tabela 1.

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 41


NORMAS TÉCNICAS

Tabela 1 – ISO 17123 - Procedimentos de campo para verificação de O subcomitê 6 também normatiza, de maneira específica, os
instrumentos topográficos e geodésicos. acessórios para os instrumentos topográficos e geodésicos,
quanto a suas dimensões, materiais, processos de fabricação,
Versão Objetivo funcionalidades e limitações de seus usos. Tem-se assim o
conjunto de normas ISO 12858 - Acessórios para instrumentos
Esta norma orienta e
geodésicos, conforme apresentado na Tabela 2.
apresenta regras ge-
rais para o processo
ISO 17123-1:2014 Teoria
de avaliação e exibi- Tabela 2 – ISO 12858 – Acessórios para instrumentos geodésicos.
ção das incertezas
das medições para
as demais partes da Versão Objetivo
ISO 17123. Miras Invar para Padronizar e regula-
ISO 12858-1:2014
ISO 17123-2:2001 Níveis Nivelamento mentar os acessórios
Cada uma destas para permitir uma in-
ISO 17123-3:2001 Teodolitos normas, especifica ISO 12858-2:1999 Tripés
teroperabilidade faci-
Medidores de distân- procedimentos de litada para as ativida-
ISO 17123-4:2012 campo a serem ado- ISO 12858-3:2005 Bases Nivelantes
cia eletrônicos (EDM) des de mensuração
tados e realizados
ISO 17123-5:2018 Estações Totais com o objetivo de
Por meio destas normas, as agências reguladoras nacionais
avaliar e determinar
ISO 17123-6:2012
Níveis Laser Rotati-
a precisão dos instru-
buscam estabelecer a utilização e a realização de trabalhos
vos
mentos, assim como topográficos e geodésicos, de maneira eficiente e com qualidade.
Instrumentos de Pru- a qualidades dos Para isso, vale ressaltar a necessidade da aproximação dos
ISO 17123-7:2005
mo Óptico acessórios que forem usuários com as regras estabelecidas pela agência normativa
Sistemas de Me- utilizados nas ativida- nacional, ABNT, que estabelece suas normas segundo as
ISO 17123-8:2015 dições de Campo des de medições, de definições determinadas pela ISO e seus membros.
GNSS RTK maneira a possibilitar Da mesma forma, recomenda-se aos leitores consultarem,
o uso com qualidade
Instrumentos de Var- sempre que possível, as diretrizes das normas indicadas nas
dos equipamentos de
ISO 17123-9:2018 redura a Laser Ter-
mensuração.
tabelas 1 e 2 para garantirem a qualidade de seus instrumentos
restre e de seus procedimentos de campo.

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CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 43


CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE AGRIMENSURA, TOPOGRAFIA E GONIOLOGIA

1.1 - CONCEITO E DIVISÃO DE AGRIMENSURA - topologia;


- fotogrametria.
1.1.1 - A agrimensura
1.2.2.I - Topometria
A agrimensura teve suas raízes no antigo Egito. Nas margens
do Rio Nilo, após as cheias, os medidores de terra, agrimenso- A topometria tem por objetivo o estudo e aplicação dos pro-
cessos de medidas, baseado na geometria aplicada, onde os
res da época, restituíam as divisas entre as propriedades, que
elementos geométricos (ângulos e distâncias) são obtidos por
tinham sido destruídas.
instrumentos topográficos tais como teodolitos, estações totais,
No decorrer dos tempos as técnicas utilizadas pelos antigos
níveis, receptores GPS, trenas, miras etc...
egípcios, para demarcação de terras, foram se aperfeiçoando
e hoje a agrimensura, além de dedicar-se a demarcação e divi- A topometria divide-se em:
são de terras, atua nas mais variadas atividades da engenharia
tais como: - planimetria ou placometria;
- altimetria ou hipsometria.
- Estradas - ferrovias e rodovias;
- transportes; 1.2.2.I.I - Planimetria ou placometria
- portos e canais;
- irrigação e drenagem; A planimetria consiste em obter os ângulos e as distâncias
- cadastro técnico municipal, urbano horizontais para a determinação das projeções dos pontos do
e rural; terreno para representação no plano topográfico.
- mapeamento urbano; A planimetria atua no plano horizontal (plano topografico) e
- saneamento básico; não leva em consideração o relevo. Os trabalhos provenientes
- abastecimento d’agua; da planimetria dão origem as plantas planimétricas.
- urbanização - planejamento urbano;
- projeto de loteamento; 1.2.2.I.II - Altimetria ou hipsometria
- traçado de cidades;
- locação industrial; Na altimetria as medidas são efetuadas num plano vertical,
onde se obtém os ângulos horizontais e verticais as distâncias
- mineração e pesquisas minerais;
horizontais e as diferenças de níveis.
- aerofotogrametria;
Os trabalhos da altimetria juntado a planimetria dão origem as
- geodésia por satélite - GPS;
plantas planialtimétricas. A altimetria, isoladamente, dá origem
- geoprocessamento - GIS; ao perfil.
- montagem de aviões e navios; A planimetria e a altimetria utilizam para o seu desenvolvi-
- etc... mento:
1.1.2 - Divisão da agrimensura - goniologia

A agrimensura divide-se em: 1.2.3 - Topologia


a - topografia;
Topologia é a parte da topografia que estuda as formas ex-
b - geodésia.
teriores da superfície terrestre e as leis que devem obedecer o
seu modelado.
1.2 - CONCEITO E DIVISÃO DA TOPOGRAFIA
Exemplo:
1.2.1 - Topografia
2° Princípio de Bolanger
A topografia consiste no conhecimento dos instrumentos e
métodos que se destinam a efetuar a representação do terreno
“Quanto mais próximo for o rio da montanha esta é mais es-
sobre uma superfície plana denominada de plano topográfico.
carpada, e quanto mais longe, menos escarpada”
Plano topográfico O estudo da topologia é de fundamental importância para o
projeto de estradas.
Plano topográfico é um plano perpendicular a direção do
fio de prumo num determinado ponto da superfície terrestre. O 1.2.4 - Fotogrametria
plano topográfico não deverá exceder a 25 Km.
Fotogrametria é a parte da topografia que tem por objetivo
1.2.2 - Divisão da topografia fotografar pequenos trechos da superfície terrestre para repre-
sentar num plano (carta topográfica).
A topografia divide-se em:
- topometria; A fotogrametria pode ser:

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 44


CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

tamento nos pólos. A figura matemática que mais se assemelha


a - fotogrametria aérea; com a forma da Terra é o elipsóide. Para esta figura os geólogos
b - fotogrametria terrestre. denominaram “GEÓIDE” que etimologicamente significa “forma
da Terra”
1.2.4.I - Fotogrametria aérea Folheando as páginas da história, desde os mais longíncuos
tempos, vamos encontrar referências sobre a forma e dimen-
A fotogrametria aérea ou aerofotogrametria utiliza-se de câ- sões da Terra. Cronologicamente podemos citar:
mara especial, acoplada em avião especialmente adaptado
Homero
para este fim.
Alguns estudiosos sustentam que Homero não existiu e, que
1.2.4.II - Fotogrametria terrestre os poemas referidos são compilações das obras de vários au-
tores.
A fotogrametria terrestre utiliza-se de câmara especial aco- Um destes poemas descreve a Terra como sendo um grande
plada ao teodolito. Ao conjunto chama-se fototeodolito. disco que flutuava sobre o
Aplicação da aerofotogrametria oceano, e o Sol como sendo o coche em que os deuses efe-
A aerofotogrametria é aplicada em estudos e projetos de bar- tuavam o seu passeio diário.
ragens, estradas, portos, reflorestamento, cadastro técnico mu-
nicipal, (rural e urbano), projetos fundiários etc... Anaxágoras de Clazômenes (500 - 428 a.C.)

1.2.5 - Geodésia Anaxágoras foi condenado a prisão por afirmar que “o Sol
é uma pedra incandescente, maior que o Peloponeso (penín-
Geodésia é a parte da agrimensura que tem por objetivo o sula do sul da Grécia), que a Lua é feita de terra e não tem luz
estudo da forma e dimensões da terra. própria”. Suas afirmações feriam conceitos religiosos da época.
A geodésia devide-se em:
Aristarco de Samos
- geodésia superior;
- geodésia elementar. Aristarco foi astrônomo e matemático Grego do século II a.C.
. Foi acusado de molestar os deuses por sua afirmação, a pri-
1.2.5.I - Geodésia superior meira na história, da existência dos movimentos de rotação e
translação da Terra. Aristarco é denominado de “Copérmico da
A geodésia superior, de cunho meramente científico, estuda Antiguidade”.
a forma e dimensões da terra, gravimetria, deslocamento dos
continentes, estuda e monitora falhas geológicas que provocam Pitágoras de Samos (580 - 500 a.C.)
os terremotos. A geodésia utiliza-se de satélite para obtenção
de medidas de alta precisão. (Geodésia Celeste - GPS). Pitágoras foi filósofo e matemático grego e fundador da es-
1.2.5.II - Geodésia elementar cola de Crotona.

A geodésia elementar, ou geodésia aplicada, procura deter- Tales de Mileto (Século VI a.C.)
minar, com precisão, a posição de pontos sobre a superfície
terrestre, levando em consideração a sua forma, fornecendo Tales foi filósofo e matemático grego. Juntamente com Pitá-
para a topografia uma rede de pontos para esta apoiar os seus goras defendia a esfericidade da Terra, e, que a mesma girava
levantamentos topográficos. em torno do Sol.
Os vértices da REDE GEODÉSICA podem ser de 1ª, 2ª e 3ª
ordem (em função da precisão) e estão amarrados num ponto Aristóteles (384 - 322 A.c.)
chamado “Datum”.
Aristóteles, filósofo e matemático grego, admitia a esfericida-
Datum de da Terra considerando-a imóvel. Por se tratar de um gênio
da filosofia e matemática, suas idéias foram preservadas por
Datum é o ponto de partida de uma rede geodésica. No Brasil muito tempo.
o Datum está localizado em Chuá (próximo a Uberaba) no Es-
tado de Minas Gerais. Arquimedes de Siracusa (287 - 212 a.C.)

Distinção entre geodésia e topografia Arquimedes foi o maior matemático da antiguidade, concebia
o universo na forma de uma enorme esfera, com centro na Ter-
A geodésia, em seus trabalhos, leva em consideração a for- ra, considerada imóvel, e raio igual a distância da Terra ao Sol.
ma da terra, enquanto a topografia, que tem a sua atuação res-
trita a pequenos trechos da superfície terrestre, considera este Erastótenes (276 - 175 a.C.)
trecho como sendo plano. A este plano dá-se o nome de PLA-
NO TOPOGRÁFICO. Erastótenes foi matemático, astrônomo e geográfo grego. Foi
diretor da Biblioteca de Alexandria. Determinou a inclinação da
1.2.6 - Forma e dimensões da terra eclítica, investigou as medidas da Terra e calculou o meridiano
terretre.
A Terra tem a forma aproximada de um esferóide com acha- Erastótenes observou que em Syene, situada na margem

EDIÇÃO 185 | A MIRA | 45


CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

direita do Rio Nilo, no solstício de verão, o Sol cruzava o meri- 1


diano no zênite, concluindo pela sua localização no trópico de Z A − ZS = Φ A − Φ S = circunferência
50
Câncer. Em Alexandria encontrou, ainda no solstício de verão ,
que a distância zenital do Sol, quando cruzava o meridiano era
de 1/50 da circunferência. Admitiu que os dois locais estavam Aplicando a relação:
no mesmo meridiano, e separados por uma distância de 5.000
1
estádias, calculou o raio da terra. →d
50
Sendo:
1 → 2πR
ΦA = latitude de Alexandria;
d . 50
ΦS = latitude de Syene R=

ZA = 1/50 da circunferência
Sendo d = 5.000 estádias e π = 3,16
ZS = 0 O valor de π conhecido por Erastótenes era dado por:

256
=
π = 3,16
81

Efetuando os cálculos

R = 39.556,96 estadios

Como 1 estádio equivale a 157 m

R = 6.210 Km

Considerando os valores atuais dos raios terrestres Erastóte-


nes cometeu um erro inferior a 2%.

João Picard (1620 - 1682)


Figura 01 Posição de Alexandria e Syene
Picard, astrônomo francês, após introduzir várias melhorias
nos instrumentos de medidas angulares, mediu o arco de meri-
diano de Paris a Amiens, em função do qual, calculou o raio da
terra. Com os dados obtidos escreveu, em 1671, “As medidas
da Terra”.

Sir Issac Newton (1642 - 1727)

Newton, físico e matemático inglês, valeu-se do resultado ob-


tido por Picard para os estudos teóricos sobre a gravitação. Nos
seus estudos considerava a Terra achatada nos polos, devendo
a força da gravidade decrescer dos polos para o equador.

João Domingos Cassini (1625 - 1712)

Figura 02 Posição do Sol em Alexandria e Syene Cassini, astrônomo francês, diretor do Observatório de Paris,
ao prosseguir os trabalhos de triangulações iniciados por Picard
∆Φ =ΦA - ΦS concluiu que o comprimento de um arco de meridiano diminuia
com o aumento da latitude o que fornece para a Terra um acha-
∆Z = ZA - ZS = 1/50 circunferência tamento no equador e alongamento nos polos.
Duas expedições científicas foram organizadas em 1735 sob
∆Z = ∆Φ os auspícios da Academia de Ciências de Paris; uma tendo a
testa Bouger, La Condamine e Godin, efetuou no Peru,
Sendo δ a declinação do Sol que equivale ao arco, medido na que naquela época compreendia também o atual Equador,
linha meridiana, que vai do equador até o Sol. a medida de um arco de 3 graus e sete minutos, cortado pela
linha equatorial.
ZS = Φ S - δ → ZA = ΦA - δ As medidas e cálculos acabaram por indicar, para o arco de
meridiano de 1 grau, junto ao equador terrestre, o comprimento
Daí: de 110.613m.
CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

A segunda expedição integrada por cientistas não menos cé- Sendo:


lebres: Clairaut, Maupertuis, Camus, etc, dirigiu-se a Lapônia
onde os trabalhos efetuados conduziram ao comprimento do a = semi eixo equatorial;
arco do meridiano de 1 grau, cortado pelo círculo polar ártico b = semi eixo polar;
mediu 111.948m. f = achatamento.
O aumento, constatado, no comprimento do arco de meridia-
no com o aumento da latitude, evidenciou que a razão estava
com Newton; a Terra se assemelharia a um elipsóide de revo-
lução, o eixo menor deste coincidindo com o eixo de rotação.
Com o decorrer dos tempos foram se multiplicando as trian-
gulações geodésicas sendo medidos arcos de meridianos e
paralelos em várias regiões do globo, com precisão sempre
crescente. Com base em trabalhos desta natureza, adotando
o elipsóide de revolução como forma matemática da terra, fo-
ram sendo calculados os parâmetros do elipsóide ideal. Dentre
muitos destacamos os resultados obtidos por Bessel, Clarke e
Hayford.
Em 1924 a Assembléia Geral da Associação de Geodésia da Figura 03 Elipsoide terrestre
União Geofísica e Geodésica Internacional, reunida em madrid,
resolveu adotar o elipsóide de Hayford como sendo o elipsóide
de referência internacional.
Em 1967 a Assembléia Geral da Assocação Geodésica Inter-
nacional, realizada em Lucerne, recomendou, para a América
do Sul, o Sistema Geodésico Sul-Americano que adota para
modelo geométrico da Terra o elipsóide de referência 1967.
Em 1983 o Brasil, através da Diretoria de Geodésia e carto-
grafia, expediu as instruções para a adoção das Normas Gerais
para Levantamentos Geodésicos e criandio o Sistema Geodé-
sico Brasileiro.
Em 1984 o professor Luiz Carlos da Silveira calculou, para as
latitudes brasileiras, os coeficientes para os cálculos geodési-
cos no sistema UTM, usando o elipsóide UGGI referência 1967
- SAD 69. O livro contendo as tabelas dos coeficientes e as
respectivas fórmulas, foi publicado pela Universidade Federal
i = ângulo de desvio da vertical
h = Altura elipsoidal
do Rio Grande do Sul. H = Altitude ortométrica
Em 1993 a Associação Internacional de Geodésia - IAG, N = Ondulação geoidal
o Instituto Panamericano de Geografia e História - IPGH e a n = Normal do elipsoide
Agência Cartográfica do Departamento de Defesa dos Estados V = Vertical do lugar
Unidos - DMA, durante a Conferência Internacional para Defini-
ção de um Datum Geocêntrico para a América do Sul, realizada
em Assunção, Paraguai, criaram o Projeto SIRGAS - Sistema Figura 04 Superfícies de Referências
de Referência Geocêntrico para a América do Sul.
O SIRGAS utiliza o sistema IERS - International Earth Rota- 1.2.7 - Geoide
tion Service com parâmetros do elipsóide “Geodetic Reference
System - GRS of 1980”. Geóide é a forma da terra correspondente a superfície defi-
O desenvolvimento do Projeto SIRGAS compreende as ati- nida pelo nível médio dos mares prolongado através dos con-
vidades necessárias à adoção no continente de uma rede de tinentes.
referência de precisão compatível com as técnicas atuais de
posicionamento, notadamente as associadas ao Sistema de
Posiionamento Global - GPS.

PRINCIPAIS ELIPSOIDES

ELIPSOIDE a b f
BESSEL 6378397,000 6356679,000 1:299,2
CLARKE 6378249,000 6356515,000 1:293,5
HAYFORD 6378388,000 6356912,000 1:297,0
UGGI 1967 6378160,000 6356774,719 1:298,25
GRS 80 6378137,000 6356752,310 1:298,25722

Bessel - 1841, Clarke - 1886 e Hayford - 1909 Figura 05 Geoide

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CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

1.2.8 - Elipsóide grau.


Assim, 1 hora equivale a 60 minutos de hora e 1 grau equivale
Elipsóide é uma figura matemática, gerada pela rotação de a 60 minutos de grau.
uma semi elipse em torno de seu eixo menor, que imita a forma E do mesmo modo, para os segundos de hora e os segundos
da Terra. É o sólido imaginário que mais se aproxima do geói- de grau.
de. O elipsóide é conhecido da matemática onde seus elemen- Daí o nome de sistema sexagesimal, pois a variação é de
tos são perfeitamente dedutíveis. 60 em 60. Dessa forma, o ângulo raso mede 180 graus,
porque é meia circunferência, e o ângulo reto mede
90 graus, porque é a quarta parte da circunferência.
1.3 - UNIDADES DE MEDIDAS
1 grau = 60 minutos
As unidades de medidas usadas em topografia são:
1 minuto = 60 segundos
- Unidades de medidas angulares;
Notação:
- Unidades de medidas lineares;
grau = ° , minuto = ‘ , segundo = “
- Unidades de medidas agrárias;
EXEMPLO : 12° 16’ 36”
1.3.1 - Unidades de medidas angulares
Os segundos admitem partes fracionárias, porém no sistema
As unidades de medidas angulares são:
centesimal.
- grau
Exemplo:
- grado
- radiano
12° 16’ 36,12 = 0,12 = centésimo de segundo;
36,1” = 0,1 = décimo de segundo;
1.3.1.I - Grau
36,125 = 0,125 = milésimo de segundo;
Unidade de medida angular, no sistema sexagesimal, usado
Conversão do grau - Sistema Sexagesimal para grau -
no Brasil para medidas de ângulos.
Sistema Centesimal
Sabemos que o ângulo reto mede 90 graus e que o ângulo
raso mede 180 graus. Por que 90? Ou por que 180? Esses nú-
Para obtenção das funções trigonométricas os ângulos de-
meros parecem tão estranhos!
verão ser introduzidos na máquina no sistema centesimal. Al-
Há uma razão para isso. As origens remontam à história da
gumas calculadoras já possuem teclas especiais que efetuam
humanidade. Inicialmente, com os egípcios, muitos séculos an-
a conversão.
tes de Cristo, em torno de 4000 anos. Depois de modo indepen-
dente, com os árabes da Babilônia, que também construíram
Sistema sexagesimal para sistema centesimal
uma grande civilização onde hoje é o Iraque. Ambos criaram
esses números quando tentaram e conseguiram elaborar um
Exemplo: 36° 35’ 43”
calendário quase tão preciso quanto o nosso.
Há um tempo, pensava-se que o Sol girava em torno da Terra
Multiplica-se os minutos por 60, adiciona-se os segundos e
uma órbita circular que levava 360 dias para completar a volta
divide-se o resultado por 3600 e obter a parte decimal.
toda. Concluir que levava 360 dias foi uma grande
conquista desses povos, que envolvia observação, coleta de
35 x 60 = 2.100
dados e cálculos não muito simples, pois não contavam com a
2100 + 43 = 2.143
aparelhagem de hoje. Durante bom tempo fixou-se o período de
360 dias para esse percurso.
Desse modo, a cada dia o Sol “percorria um pedaço”, um arco 2134
= 0,5955277778
de circunferência que correspondia 1/360 dessa circunferência. 3600
A esse arco fez-se corresponder um ângulo cujo vértice era o daí: 36° 35’ 43” = 36, 595277778°
centro da Terra e cujos lados passavam pelas extremidades de
tal arco. Sistema centesimal para sistema sexagesimal
Assim, esse ângulo passou a ser a unidade de medida de ân-
gulos e se chamou grau ou ângulo de um grau. Portanto, para Exemplo: 36,595277778°
os antigos, o grau era a medida do arco que o Sol percorria em
torno da Terra, na circunferência de sua órbita, durante um dia. Multiplica-se a parte fracionária por 60 para obter-se os mi-
Hoje, sabe-se que o Sol é fixo e a Terra é que gira em torno nutos;
do Sol. A órbita não é circular; é aproximadamente elíptica e a
duração do giro é 365 dias, 6 horas. Multiplica-se novamente a parte fracionária por 60 para obter-
Todavia, manteve-se a tradição, e dizemos que o arco de uma -se os segundos.
circunferência mede um grau quando corresponde a 1/360 des-
sa circunferência. 0,595277778 x 60 = 35,71666668 ‘
Desse modo, o Sol “percorria”, a cada 24 horas, um grau.
Esse fato deu origem a escolher sistemas da mesma natureza 35 equivale aos minutos
para submúltiplos de cada hora e para os submúltiplos de cada

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CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA

Xg x 9
0,71666668 x 60 = 43“ Y° =
10
daí 36.595277778° = 36° 35’ 43”

1.3.1.II. - Grado Exemplo: converter 69,5805g em graus

Unidade de medida angular, no sistema centesimal, usado 69,5805 x 9


=Y° = 62,6225°
em alguns países para medidas de ângulos. O grado é compos- 10
to de uma parte inteira e de uma parte fracionária que pode ser:
62,6225° = 62° 37’ 21”
21,1 = 1décimo de grado;
21,12 = 12 centésimos de grado; Conversão de graus em radianos
21,125 = 125 milésimos de grado.
180° ------------------- π rad
Notação: 21g , 21,1g Y° ------------------- Z rad

Tabela comparativa entre grau e grado Y° x π rad


Zrad =
180
GRAU GRADO
Circunferencia 360° 400g Exemplo: converter 150° em radianos
Angulo reto 90° 100g
Linha reta 200g 150 x π rad
180° Zrad =
180
1.3.1.III - Radiano 5
150°= π rad
6
Radiano é uma unidade de medida de ângulo e arco e é de-
finido como a medida do ângulo central que corresponde a um
arco de circunferência que, retificado é igual ao raio. Equivale Conversão de radianos em graus
no sistema sexagesimal a 57° 17’ 44,8” .
π rad ---------------------- 180°
Notação: 1,34 π rad Z rad ---------------------- Y°

Conversão de unidades
180 x Z rad
Y° =
Conversão de grado em graus π rad

400g ---------------- 360° Exemplo: converter 4/3 rad em graus


Xg ---------------- Y°
4
Y° x 400 180 π rad
Xg = Y
= 3 = 240°
360 π rad
Y° x 10
Xg =
9

Exemplo: converter 62° 37’ 21” em grados 1.3.2 - Unidades de medidas lineares

62° 37’ 21” = 62,6225° A unidade padrão para medida linear é o metro que corres-
ponde à décima-milionésima parte do quadrante do meridiano
(passagem do sistema sexagesimal para decimal) terrestre, segundo deliberação da
Assembléia Nacional da França que adotou a par-
62,6225 x 10 tir de 26/03/1791. Em nosso País, o DECRETO n° 4.257 de
=Xg = 69,5805g 16/06/1839 regulou o assunto. Atualmente o metro é definido
9
como a quantidade de 1.650.763,73 comprimentos de onda, no
vácuo da transição não perturbada 2p10 - 5d5 do kr86.

Conversão de graus em grados Antigo sistema metrológico brasileiro

360° ------------------- 400g No Brasil, somente a partir de 1874, foi criado por lei, o Sis-
Y° ------------------- Xg tema Métrico Decimal. No entanto, ainda hoje, são usadas as
medidas do antigo sistema metrológico em muitos estados bra-

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sileiros. 1.3.3 - Unidades de medidas agrárias (medidas de super-


fície)
Antigas medidas brasileiras
As unidades de medidas para superfície são:
SISTEMA ANTIGO VALOR SISTEMA MÉTRICO
1 linha 10 pontos 0,002291 m - metro quadrado = m2
1 polegada 12 linhas 0,0275 m
- are que corresponde à superfície de um quadrado de 10
1 palmo 8 polegadas 0,22 m
metros de lado ou seja 100 m2
1 vara 5 palmos 1,10 m
1 braça 2 varas 2,20 m É muito usado o múltiplo destas unidades, o HECTARE que
1 corda 15 braços 33,00 m equivale a 10.000 m2 e corresponde à superfície de um qua-
1 quadra 4 cordas 132,00 m drado de 100 m de lado. A conversão de um número qualquer
1 pol. inglesa 0,0254 m de m2 para ha basta separá-lo a partir da direita, em casas de
algarismo, assim:
1 pé inglês 12 pol. ingl. 0,30479 m
1 jarda 3 pés ingl. 0,91438 m
1.278.493 m2 = 127 hectares
1 pé português 12 polegadas 0,33 m 84 ares
1 côvado 2 pés 0,66 m 93 centiares
1 passo geomét. 5 pés 1,65 m
1 toesa 3 côvados 1,98 m Medidas de pequenas superfícies (sistema antigo)
1 quadra Uruguai 50 braças 110,0 m
SISTEMA SISTEMA
VALOR
Para conversão de um sistema para outro usam-se os se- ANTIGO MÉTRICO
guintes valores correspondentes a 1 METRO: 1 palmo quadrado 64 poleg. quad. 484,00 cm2
1 vara quadrada 25 palmos quad. 1,21 m2
436,363636 linhas 36,3636 polegadas 1 braça quadrada 4 varas quad. 4,84 m2
0,909090 varas 0,4545 braças 1 corda quadrada 225 braças quad. 1.089,00 m2
4,545454 palmos 0,0303 cordas 1 quadra quadrada 3600 braç. quad. 17.424,00 m2
0,007575 quadras 1,0936 jardas 1 saco quadrada 10000 braç.quad. 48.400,00 m2
0,505050 toesas 39,3700 pol. ingl. 1 quarta quadrada 1250 braç. quad. 6.050,00 m2
0,030303 pés port. 3,2811 pés ingl.
0,009090 quadra Urug. 1,5151 côvados Para conversão em unidades do sistema antigo, cada
metro quadrado equivale:
1 quadra bras. 60,00 braças 132,00 m
1 milha bras. 1.000,00 braças 2.200,00 m 0,000057 quadra quadrada 0,000918 corda quadrada
1 milha terrestr. 1.760,00 jardas 1.609,31 m 0,2066 braça quadrada 0,9264 vara quadrada
1 milha métrica 833,33 braças 1.833,33 m 20,66 palmo quadrado
1 milha marít. 841,75 braças 1.851,85 m
Medidas de grandes superfícies agrárias
1 légua métrica 2.500,00 braças 5.500,00 m
1 légua marít. 2.525,25 braças 5.555,55 m
SIST. ANTIGO VALOR SIST. MÉTRICO
1 légua bras. 3.000,00 braças 6.600,00 m
1 jeira 400 braças quadr. 0,1936 ha

1 alqueire menor 50 x 100 braças 2,42 ha
1 NÓ corresponde a 1 milha marítima/hora 1 alqueire geométrico 100 x 100 braças 4,84 ha
Para conversão de um sistema para outro, usam-se os se- 1 data de campo 562,5 braças2 272,25 ha
guintes valores correspondentes a 1 QUILÔMETRO:
1 data de mato 1.125.000 braças2 544,50 ha

7,57587 quadras bras. 0,4545 milhas brasil. 1 sesmaria de mato 0,25 x 1 légua 1.089,00 ha
0,6217 milhas inglesas 0,5454 milhas métricas 1 sesmaria de campo 1 x 3 léguas 13.068,00 ha
0,1818 léguas métricas 0,1800 léguas geog. 1 quadra de sesmaria 60 braças x 1 lég. 87,12 ha
0,1515 léguas sesmaria 0,5400 milha geog. 1 légua de sesmaria 1 légua quad. 4.356,00 ha
1 légua geográfica 9 milhas quad. 3.086,40 ha
Quadra brasileira = quadra de sesmaria
1 milha quadrada - 342,935 ha
Légua brasileira = légua de sesmaria

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1.3.4 - Definições e origem das unidades de medidas Os grãos de milho tendo deferentes tamanhos, segundo a
qualidade, entendia-se que um alqueire de terra, plantado com
1.3.4.1 - Acre grãos miúdos, devia ser um pouco maior do que outro, plantado
com grãos graúdos, mesmo no caso de as distâncias recípro-
Acre é uma unidade de medida de superfície empregada na cas das covas serem matematicamente exatas.”
Inglaterra e nos Estados Unidos. Equivale a 4.046,8 m2. Pouco a pouco surgiu uma certa ordem no meio deste caos.
Em 1885, só havia três qualidades de alqueires, como medidas
1.3.4.2. - Alqueire agrárias.
Na província do Rio de Janeiro usava-se, geralmente, o al-
Alqueire é uma palavra que provém do árabe “- alqueire - queire de planta de 75 braças em quadra, ou 5.625 braças qua-
medida de um saco” - deriva do verbo “cala” - medir - medição dradas, equivalentes a 27.225 metros quadrados.
de grãos. “Seis alqueires fazem um saco e sessenta um meio”. Em Minas emprega-se ainda o chamado alqueire mineiro de
(conforme o dicionário crítico e etmológico da língua Portugue- 100 braças em quadra, ou 48.400 metros quadrados, e era
sa). São Paulo, o alqueire paulista, equivalente à metade do alquei-
Em Portugal, admitia-se oficialmente o alqueire como equiva- re geométrico ou a 24.200 metros quadrados.
lente a 27 vezes, mais ou menos, o volume de um cubo, cuja Afonso de Taunay, em sua obra, esclarece:
aresta medisse um décimo de braça. Era, pois, o alqueire, ad- “Num alqueire de planta contavam-se 22.500 covas de milho
mitido como equivalente a 1.744 polegadas cúbicas. de cinco grãos cada, ou, se a plantação vingasse bem, 112.500
Dividia-se o primitivo alqueire em quatro quartas, e cada quar- pés.
ta em quatro selamins. Os múltiplos do alqueire mais usados Raramente, no Brasil, se levavam em linha de conta os pés
eram a fanga (4 alqueires) e o moio (15 fangas ou 60 alqueires). de café existentes num alqueire. Não via o fazendeiro a convi-
Em nosso país (como também em Portugal), o alqueire varia- vência de fazer guias de talhões, como em Java. Isto era tanto
va de uma região para outra e, na mesma localidade, dependia mais espantoso quanto o valor de uma fazenda se calculava
às vezes da mercadoria que se desejava avaliar. pelo número de cafeeiros de diferentes idades e, não como na
O alqueire valia 36 litros para as medidas de arroz, milho e Malásia, pela produção média dos três aos cinco anos.
feijão; oscilava de 38 a 40 litros, para farinha, fubá de milho, Media-se geralmente a extensão das lavouras de café pela
tapioca etc. quantidade de milho que se tinha ou se tivera o hábito de plan-
Em Goiás, o alqueire valia 80 litros e, ainda hoje, em cidades tar entre os cafeeiros, praxe esquisita que freqüentemente cau-
do interior, os negócios são feitos na base de 50 litros para cada sava grandes enganos.”
alqueire. São também usados no interior paulista o quartel paulista e
“Segundo o que nos disse o fazendeiro João Lobo, uma quar- a tarefa.
ta de planta de arroz (20 litros) produz 130 alqueires de 80 litros, O quartel paulista é equivalente a um quarto de alqueire, e
isto é, 520 por um.” vale 6.050 metros quadrados. A tarefa é a área de campo que
No Maranhão, um alqueire de farinha chama-se paneiro (ba- um homem pode capinar num dia. Um alqueire vale 33 tarefas.
laio feito com fibras de palmeiras nativas). O chamado alqueire do Norte é a área de um quadrado de 75
“Acrescenta-se que a capacidade média, por animal, não ia braças de lado. A tarefa do Norte é a área de um quadrado de
além de sessenta quilos (dois paneiros de farinha). 25 braças de lado. A tarefa baiana é um pouco maior.
A confusão existente no antigo sistema era tão grande que Os colonos portugueses sempre usaram o alqueire como
o alqueire, em certos lugares aparecia como medida de peso. medida de volume e o
No Pará, por exemplo, valia 30 quilos para medir farinha- terreno que, na plantio, coubesse aquela medida era chama-
-d’água. do de “terreno de um alqueire”.
A dificuldade da construção de um recipiente que contives-
Alqueire (medida agrária) se a quantidade de grãos de um alqueire” fez com que fosse
construído um um recipiente menor e daí surgiu a “quarta” ou
O alqueire, como medida agrária corrente no Brasil cafeei- seja a quarta parte do alqueire. Também na medida de terra
ro, era realmente uma medida de capacidade. prevaleceu o nome de “quarta” a área que levasse sua medida
Por analogia entendia-se que um alqueire de terra vinha a em plantio. Da mesma maneira, o litro. Plantado o terreno com
ser a superfície necessária para um operário rural plantar um a cultura mais usual na época, o milho, a área foi medida em
alqueire de milho, em montes de cinco grãos cada um, numa braças ou varas e daí surgiu a expressão de alqueire de tan-
distância de 5 palmos de cova ou 10 metros em quadra. tas braças em quadra. A diferença na medida real do alqueire
Acontecia, porém, que um alqueire de terra dependia da me- provém de vários fatores: Primeiramente o tamanho do saco
dida de capacidade e da espécie de milho a semear. Por isso, pode ser de 40, 50, 60, 70 , 80 litros, etc.. Em milho, estas me-
nem sempre um alqueire de terra correspondia à mesma área. didas correspondem a 32 Kg, 40 Kg, 48 Kg, 56 Kg, 64 Kg, etc...
Na zona de Santos (São Paulo), por exemplo, plantava-se o Como o milho era plantado em covas distantes uma das outras
milho em losango, a uma distância recíproca de seis palmos a medida de uma cabo de enxada, a área para se plantar um
ou 1,32 m. alqueire de semente variava muito. Em primeiro lugar porque o
Como medida de capacidade, devia um alqueire conter 36,27 número de semente por litro depende de ser a mesma graúda
litros. No entanto, na cultura cafeeira era como se contivesse de ou miúda; o número de grãos por cova, 3, 4, 5 ou 8; depende
45 a 50 litros, segundo as praxes locais. também do tamanho do cabo da enchada pois este varia com
“Geralmente estendia-se que um alqueire de café, ou de mi- a estatura do lavrador.
lho, media 45 litros. Se tinha em vista uma medida de 50 litros, De maneira geral, em Minas Gerais a medida mais comum
de tal se fazia expressa menção, como se dava com os contra- do alqueire correspondia a 50 litros e o seu plantiu era feito em
tos de trabalho. 10 tarefas. Cada tarefa corresponde a 25 braças em quadra ou

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sejam 55 x 55 metros igual a3.025 metros quadrados. Assim o por um retângulo de lados muito variáveis. Equivale a 16 parte
alqueire de 50 litros de planta de milho correspondente a dez do alqueire. Em SC, PR e Mato Grosso, esta unidade também
tarefas, tem a área de 30.250 metros quadrados ou 3,0250 hec- é conhecida por SURUMIM.
tares e o litro corresponde a 605 metros quadrados.
O chamado alqueire paulista de 40 litros corresponde a área 1.3.4.12 - Data de terras
de 40 x 605 m = 24.200 metros quadrados ou seja 2,42 hec-
tares e equivale a 100 x 50 braças. O denominado alqueire Data de terras é a designação antiga da área, geralmente
mineiro de 4,84 hectares contém 80 litros e mede 100 braças retangular, caracterizada pela metragem de testada e de fundo.
em quadra. O alqueirão do nordeste de Minas Gerais mede 200 Exemplo: uma data de 800 com meia légua, exprime uma área
x 200 braças o que equivale a 19,36 hectares correspopn- de 800 braças de testada por 1.500 braças de fundo. Em Minas
dente a 320 litros. Gerais, São Paulo e Paraná a data varia de 20 a 22 m por 40
a 44 metros.
1.3.4.3 - Braça
1.3.4.13 - Hectare
A braça é uma unidade de medida de comprimento do antigo
sistema de pesos e medidas e corresponde a extenção dos Hectare é uma medida agrária do SISTEMA MÉTRICO DECI-
braços abertos, que no Brasil equivale a 2,20 metros. MAL que equivale a superfície de um quadrado de 100 metros
de lado ou 10.000, 00 metros quadrados.
1.3.4.4 - Braça quadrada
1.3.4.14 - Jarda
Braça quadrada é a área correspondente a área de um retân-
gulo de uma braça de lado. Jarda é uma unidade de medida nos foi legada pelos Anglo-
1.3.4.5 - Braça sesmaria -saxônicos e significa a medida da cintura. Equivale a 0,91438
m.
Braça de sesmaria é a área correspondente a de um retângu-
lo de uma braça de frente por uma légua de fundo. 1.3.4.15 - Jeira

1.3.4.6 - Centiare Jeira expressa a área de terreno que uma junta de bois pode
lavrar por dia. Antiga medida agrária portuguesa, que varia con-
Centiare é a centésima parte do are ou seja, 1 metro qua- forme o País. No Brasil equivale a área de 400 braças quadra-
drado. das.

1.3.4.7 . - Cinquenta 1.3.4.16 - Linha

Cinquenta é uma unidade de medida agrária, empregada na A linha corresponde a duodécima segunda parte da polegada.
Paraíba, e equivale a área de 50 x 50 braças, também chamada
de quarta no Rio Grande do Norte. 1.3.4.17 - Légua

1.3.4.8 - Colônia A légua teve origem na antiga Gália (França) e provém da


palavra Celta que entrou no espanhol através da palavra latina
Colônia é uma unidade de medida agrária usada, no Espírito “leuga”.
Santo, equivalente a 5 alqueires de Desde Trajano os romanos, segundo mostram as “piedras mi-
100 x 100 braças. liarias”, computavam a distância na Gália em léguas e não em
milhas, unidade de medida utilizada em Roma. Na Espanha a
1.3.4.9 - Corda légua era tão comun como a milha. A equivalência entre a lé-
gua e a milha, segundo San Isidoro era 1 légua = 1,5 milha ou
Corda é uma antiga unidade de medida de comprimento com seje a légua tinha 1.500 passos enquanto a milha tinha 1.000
valor entre 2,33 e 5,00 estéreos, usado especialmente para me- passos.
dir lenha. Equivale a 33 metros.
1.3.4.18 - Légua de sesmaria
1.3.4.10 - Côvado
A légua de sesmaria é o terreno de forma quadrada com uma
Côvado é uma unidade de medida de comprimento antiga, légua de lado.
ainda em uso na Turquia. Equivale a distância que separa o
cotovelo da extremidade do dedo médio. Variável conforme o 1.3.4.19 - Légua uruguaia
País. No Brasil valia 68 cm. Na antigüidade valia 0,64968 me-
tros. A légua uruguaia equivalente a 6.000 metros.

1.3.4.11 - Celamim 1.3.4.20 - Lote colonial

Celamim é uma unidade derivada de um padrão agrário Por- O lote colonial é empregado para designar a área de terre-
tuguês sendo o mais usado o de 12,5 x 25 braças. Esta unidade no com dimensões definidas em lei, destinada ao estabeleci-
não têm dimensões certas, definida ora por um quadrado, ora mento de imigrantes. Há variações em suas dimensões, sendo

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mais empregadas as de 250m x 1.000m. 1.3.4.31 - Prato

1.3.4.21 - Milha O prato corresponde a área de um terreno com a capacidade


de plantio de um prato de sementes. Suas dimensões são 10
A milha etmologicamente significa “Mil” vem de “miliário” utili- x 20 braças e corresponde a 968 metros quadrados. Em al-
zado nas vias militares romanas para marcar distâncias de mil guns lugares em que o valor do alqueire não é divisível por litro,
passos. A cada “miliário” os romanos colocavam uma pedra que adota-se como a sub-unidade e recebe e denominação de
marcava a distância a partir do “miliário áureo”, coluna que indi- alqueire de x pratos.
cava a origem das vias romanas. O miliário áureo foi implantado
no governo do Imperador Augusto e estava situado em frente 1.3.4.32 - Quadra
o Foro de Roma. A milha romana, como ficou conhecia, valia
1.000 passos ou cinco mil pés romanos. O passo era uma me- Quadra é uma unidade de comprimento do ASPM equivalente
dida romana de cinco pés de comprimento.
a 132 metros.
1.3.4.22 - Milha marítima
1.3.4.33 - Quadra quadrada
A milha marítima é uma medida itinerária equivalente a 1.852
m. Unidade de medida internacional para as navegações aére- A quadra quadrada é a área correspondente à de um quadra-
as ou marítimas e corresponde a distância média de dois pon- do de 1 quadra de lado.
tos da superfície da terra que tem a mesma longitude e cujas
latitudes estão separadas por um arco de um minuto. Tem o 1.3.4.34 - Quadra de sesmaria
mesmo valor (1.852m)
na maior parte das nações. Na Inglaterra vale 1.853,2487 m. A quadra de sesmaria é a área correspondente à de um retân-
gulo de 1 quadra de frente por uma légua de fundo.
1.3.4.23 - Milha brasileira
1.3.4.35 - Quadra uruguaia
A milha brasileira é uma antiga medida equivalente a 2.200
metros. A quadra uruguaia equivale a 110 metros.

1.3.4.24 - Morgo 1.3.4.36 - Quarta

Morgo é uma unidade de superfície empregada no estado de Quarta é uma unidade agrária empregada no Rio grande do
Santa Catarina, equivalente a 0,25 ha ou seja um quadrado de Sul, equivalente à área de 50 x 50 braças; na Paraíba recebe
50 metros de lado. a designação de cinquenta. No Paraná a quarta vale 50 x 25
braças.
1.3.4.25 - Nó
1.3.4.37 - Sesmaria
Nó é uma unidade de velocidade, equivalente a uma milha
marítima por hora. Sesmaria é a designação empregada no Brasil Colônia para
glebas cedidas a particulares, sendo muito variável a sua
1.3.4.26 - Palmo
superfície; pela Carta Régia de 27 de dezembro de 1665, a ses-
maria equivalia a 4 léguas quadradas, correspondente à área
Palmo é uma unidade de comprimento do ASPM equivale a
de uma superfície retangular de 1 légua testada por 4 léguas de
dimensão de 22 a 24 cm. Representa a distância média entre o
polegar e o mínimo no seu afastamento máximo. fundo. Pela Carta Régia, de 7 de dezembro de 1697, as dimen-
sões foram reduzidas para 3 léguas de fundo. Com o tempo
1.3.4.27 - Polegada e os estados, alteravam-se as dimensões das sesmarias. Em
Mato Grosso usavam-se:
A polegada traduz o termo inglês “inch” e corresponde a
segunda falange do polegar (2,54 cm). 1.3.4.38 - Sesmaria de mato

1.3.4.28 - Pé inglês Sesmaria de mato corresponde a uma área de forma retan-


gular de ¼ légua de frente por 3 léguas de fundo.
Pé inglës é a medida de comprimento usada na Inglaterra e
América do Norte. Equivale a 12 polegadas. 1.3.4.39 - Sesmaria de campo

1.3.4.29 - Passo Geométrico A sesmaria de campo é formada por 1 légua de frente por
léguas de fundo.
Passo geométrico é uma antiga medida linear que valia a mi-
lésima parte de milha. Equivale a 5 pés. 1.3.4.40 - Saco

1.3.4.30 - Ponto Saco é a extensão de campo cercado de matos, equivalente


a 48.400 metros quadrados. Ainda é usada nas regiões do sul
Ponto é uma antiga unidade brasileira que valia 0,2 mm. do Brasil, para serviços de roçadas.

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1.3.4.41 - Tarefa lente a dezesseis pés.

Tarefa é a área de terra que corresponde a um determinado Eis o texto legal:


trabalho agrícola que se deve realizar em determinado limite
de tempo, por um homem ou grupo de homens. Aparece em “Para determinar o comprimento de uma vara em forma per-
dimensões muito variáveis, desde 7 x 7 braças até 50 x 50 bra- feita e legal e de acordo com os usos científicos, devem ser
ças. convocados, em dia de domingo, à saída da igreja, depois do
ofício religioso, dezesseis homens tomados, ao acaso, entre os
1.3.4.41.a - Tarefa baiana fiéis, altos e baixos, e colocá-los em linha reta (alinhados) com
seus respectivos pés esquerdos uns em seguida dos outros: o
A tarefa baiana equivale a uma superfície de um quadrado de comprimento assim obtido é a perfeita e legal vara para medir
30 braços de lado. a terra e a sua décima sexta parte será o perfeito e legal com-
primento do pé”.
1.3.4.41.b - Tarefa sergipana A vara castellana equivalia a 3 pés “dividida en mitad, cuarta
y média cuarta u ochava, y media ochava, como también en
A tarefa sergipana equivale a uma superfície de um quadrado tercios, medias tercias e sesmas y medias sesmas”.
de 25 braças de lado. Os padrões ou comprimentos das varas, nos diversos países,
eram convencionais, determinados grosseiramente e, portan-
1.3.4.42 - Toesa to, sujeitos a alterações ou adulterações fraudulentas.
Procuravam, porém, os governantes, coibir essas adulterações
Toesa é a unidade de comprimento do ASPM, usado nas cons- que prejudicavam o comércio e causavam sérias confusões e
truções e que valia 6 pés ou 1,98 metros. atritos. Nas cidades antigas, na entrada dos mercados, eram
fixadas, verticalmente, duas hastes de ferro definindo a unidade
1.3.4.43 - Vara de comprimento.
Equivalência da vara de alguns países no sistema métrico
Os homens, primitivamente, empregavam na medida das decimal
grandezas que se apresentavam certas unidades ou módulos
relacionados diretamente com seu próprio corpo, com a capa-
Brasil 1 vara 1,100 m
cidade de sua força ou com a capacidade de seus sentidos.
E, assim, para medidas de pequenos comprimentos, tomavam Uruguai 1 vara 0,859 m
como unidade o comprimento do pé, a largura do dedo, a aber- Argentina 1 vara 0,866 m
tura máxima da mão (palmo). Surgiram, desse remotíssimo Paraguai (antes 1865) 1 vara 0,854 m
sistema antropomórfico, muitas unidades incertas, com valores
aproximados, até hoje adotados em alguns países do mundo ou Paraguai (após 1865) 1 vara 0,866 m
em algumas regiões brasileiras tais como o pé, a polegada, o Chile 1 vara 0,835 m
palmo, a braça, a jarda, o côvado etc. Colômbia 1 vara 0,839 m
As unidades eram, em muitos casos, fixadas arbitrariamente
pelos reis. Na pérsia, durante muitos séculos, adotou-se, por México 1 vara 0,838 m
tradição uma certa unidade de comprimento: a braça, que cor- Venezuela 1 vara 0,800 m
respondia ao comprimento do braço da escrava favorita do rei. Cuba 1 vara 0,848 m
Portugal 1 vara 1,095 m
Origem da vara

A medida de terrenos usando o palmo ou pé era, em épocas No Brasil e Portugal 1 vara equivale a 5 palmos.
passadas, uma tarefa trabalhosa. Na Argentina cada província usava distintos tipos de varas.

Para estas medidas tomava-se uma haste de madeira, com Santa fé 1 vara 0,8620 m
5 palmos de comprimento (Portugal) ou dezesseis pés (Ingla-
Entre Rios 1 vara 0,8685 m
terra), e denominava-se de vara. Surgia, assim, uma nova uni-
dade de medida linear - a vara - que não passava, afinal, de um Corrientes 1 vara 0,8662 m
múltiplo da unidade principal. Muitas divergências sobre terras Córdoba 1 vara 0,8483 m
eram levadas ao juiz. O magistrado deveria possuir um padrão San Luis 1 vara 0,8361 m
rigoroso que merecesse a confiança dos litigantes.
La Rioja 1 vara 0,8422 m
As medidas eram fixadas de acordo com a vara do juiz. Cada Catamarca 1 vara 0,8361 m
juiz tinha a sua vara da justiça. A vara, que era, a princípio, um SantiagoDel Estero 1 vara 0,8673 m
padrão de medida, passou a ser, mais tarde, a insígnia dos jui-
zes. Daí o termo vara da justiça - primeira vara, segunda vara Tucuman 1 vara 0,8620 m
etc. Salta 1 vara 0,8611 m
Jujuy 1 vara 0,8306 m
Comprimento da vara
San Juan 1 vara 0,8361 m
O comprimento da vara variava de um país para outro. Mendoza 1 vara 0,6361 m
Na Inglaterra, em 1514, um rei oficial fixava o comprimento
exato da vara para uma comunidade, cuja medida seria equiva- Após a adoção do Sistema Métrico Decimal a vara foi padro-

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nizada, em todo território argentino em 0,866 m. o alqueire usual é de 18 litros, outros de 50 litros, outros de
60, outros de 120 e em outros até 180 litros. Este tipo é adotado
Conversão de alqueire em hectares no estado de Minas Ge- geralmente em zonas em que, não sendo as terras medidas e
rais - Portaria n° 509 de 15/03/39 demarcadas, se fixou por convenção, uma medida de superfí-
cie baseada na plantação, isto significa que, nessas regiões, o
Expede instruções para a conversão em hectares dos alquei- alqueire e medida ideal variável de acordo com o número de
res de terras. litros de planta que comporta, ou, o 0 que é o mesmo, e função
do plantio segundo os costumes locais.
O Secretário das Finanças do Estado de Minas Gerais, usan-
do de suas atribuições, tendo em vista dúvidas que têm Justamente dessa diversidade de medidas usuais de superfí-
sido levantadas sobre a conversão em hectares dos alqueires cie, variáveis de região a região, e quase sempre de município
de terras adotados como medidas de superfície nas diversas a município, é que surge a necessidade de, respeitando os usos
regiões do Estado e considerando a conveniência de se conver- e costumes de cada lugar, convertê-las todas, para os fins de
ter em uma só medida - o hectare - essas outras em uso para o lançamento e de cadastro, reduzindo-se a uma medida padrão.
fim de uniformizar a escrituração dos lançamentos do imposto Daí o recorrer-se, para esse fim, a uma medida de superfície
territorial e da taxa de ocupação das terras devolutas e de pos- baseada no sistema métrico decimal: o hectare.
sibilitar o levantamento do cadastro da propriedade territorial no 2 - Tomando-se como ponto de partida o alqueire geométrico
Estado, resolve expedir as seguintes instruções; (100 x 100 braças) e que convertido no sistema métrico tem 4
hectares e 84 ares, comportando 80 litros de planta, verifica-se,
1 - No Estado de Minas Gerais, são usados, diversos tipos de que a área ocupada por um litro de planta é de 605 metros qua-
alqueires de terra, que podem reduzir-se a três principais: drados. Estabelecida esta base de conversão, fácil será a cada
coletor, em seu município, converter em hectares as áreas que
a) O ALQUEIRE GEOMÉTRICO - de 100 x 100 braças, que aparecem declaradas em alqueires e que, em consequência de
contém 48.400 metros quadrados ou sejam 4 hectares e 84 medição, não teriam sido convertidas nesta medida usual. Bas-
ares comportando 80 litros de planta. Este tipo de alqueire é ta, para isso, que o coletor saiba quantos litros tem o alqueire
principalmente usado na zona da mata e em outros pontos do em seu município.
Estado que funcionaram divisões de terras e colonização, para
medição e legitimação de terras devolutas; Exemplo:
Se no município, o alqueire é de 80 litros, contém 4 hectares
b) O ALQUEIRE PAULISTA - de 50 x 100 braças, que con- e 84 ares; se é de 48 litros, e hectares, 90 ares e 40 centiares;
tém 24.200 metros quadrados, ou sejam 2 hectares e 12 ares, se é de 180 litros, 10 hectares e 89 ares.
comportando 40 litros de planta. Este tipo é adotado quase
geralmente no sul do Estado, existindo, no entanto, em outras Ë suficiente, pois, multiplicar 605 metros quadrados (área
regiões; ocupada por um litro de planta) pelo número de litros, que
cada
c) O ALQUEIRE DE PLANTA - variável de região a região, alqueire comporta de semeadura, no município, e dividir o re-
em que os dois tipos anteriores não são adotados e que se sultado por 10.000, que se obterá o número de hectares e seus
amolda aos usos locais. Ë assim que há municípios nos quais submúltiplos correspondentes a cada alqueire.

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01 - Fundamentos de Matemática e Geometria Aplicada a 10 - GPS - Fundamentos e Aplicações (dois tomos)
Topografia (dois tomos) 11 - Desenho Técnico Topográfico
02 - Fundamentos de Topografia 12 - Topografia de Minas e Túneis
03 - Levantamento Topográfico 13 - Fotogrametria e Sensoriamento Remoto
04 - Cálculo de Poligonais e Áreas 14 - Hidrometria e Batimentria
05 - Divisão de Glebas, Loteamento e Desmembramentos Urbanos 15 - Composição de Custos - Propostas e Editais para Serviços de
06 - Topografia de Estradas Topografia
07 - Determinação do Azimute Verdadeiro 16 - Altimetria com GPS
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