Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
08 EDITORIAL
10 MATÉRIA DE CAPA
Levantamento e contralevantamento topográfico: Utilização em
georreferenciamento de imóveis rurais e monitoramento de túneis
15 INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Unipampa – Universidade Federal do Pampa
27 TOPOGRAFIA APLICADA
Ajustamento do quadrilátero
30 ENTRETENIMENTO
Conto topomatemático - a partilha dos teodolitos e o jantar
comemorativo
31 GEODÉSIA APLICADA
Determinação do Norte Verdadeiro com técnica GNSS
34 HISTÓRIA DA GEODÉSIA
Evolução dos instrumentos e métodos de medidas das bases
geodésica
36 NORMAS TÉCNICAS
Determinação da precisão angular dos equipamentos topográ-
ficos NBR 13133 - DIN 18723
41 NORMAS TÉCNICAS
As normas iso para instrumentos topográficos e geodésicos
A MIRA ONLINE
A revista A Mira, ao chegar aos seus trinta anos de existência nicas para georreferenciamento de imóveis urbanos, já elabora-
(1990 - 2020), passa a ser publicada exclusivamente em plata- das pelo Confea, ainda não foram publicadas.
forma digital, online, e sem nenhum custo para o leitor. O decreto do cadastro técnico multifinalitário, já aprovado nas
Com a crise econômica que assolou o país a partir de 2014, comissões da Câmara dos Deputados, aguarda aprovação no
houve uma redução na oferta de trabalhos na área de topo- plenário.
grafia e, em consequência, uma significativa diminuição no A Rede de Referência Cadastral Municipal, necessária para o
mercado de equipamentos topográficos e geodésicos, fazendo georrefenciamento de imóveis urbanos, vai ser exigida após um
que alguns anunciantes redirecionassem suas estratégias de ano, a partir da aprovação e publicação das normas de procedi-
marketing, deixando de inserir suas mensagens publicitárias na mentos do geo urbano.
revista impressa. O CAR, vai ter de ser refeito pois, além da sobreposição, tem
A Mira não parou. Diminuiu a periodicidade e reduziu o núme- reserva legal que ficou no terreno do vizinho. Mas, não é mo-
ro de páginas, mas resistiu ao período de turbulência financeira mento para lamentações...dias melhores virão!
da nossa pátria amada denominada Brasil. Uma coisa é certa. Não será mais necessário efetuar assina-
Em 2015, com o novo Código Civil Brasileiro instituindo a usu- tura ou pagar para ler a edição atual da revista A Mira. Basta
capião administrativa. acessar o site: www.amiranet.com.br
Em 2016, o lançamento do Sistema Nacional de Gestão de A nova revista A Mira terá algumas novidades:
Informações Territoriais (Sinter), com o georreferenciamento de - Os artigos acadêmicos estarão disponíveis para download
imóveis urbanos. Em 2018, o lançamento do Decreto do Reurb, no site, no formato original;
condomínio de Lote, Lei da Lage, etc... - Os cursos publicados na revista fornecerão aos leitores, que
Tudo isso apontava que o mercado de trabalho, na área de enviarem a avaliação, um certificado de participação enviado
topografia, iria avançar. Alguns chegaram a afirmar que o mer- por e-mail.
cado iria duplicar ou até triplicar. - As planilhas para cálculos apresentada nos artigos técnicos
Mas no Brasil é assim mesmo. As coisas andam muito deva- assinados pela redação da revista A Mira estarão disponíveis
gar, quase parando. Vejam só! para download.
Os cartórios são abrigados a entregar para o Sinter (Receita Já nesta edição: Determinação da Precisão Angular da Esta-
Federal), a listagem das matrículas efetuadas no mês. Todas ção Total (ângulo vertical e horizontal) e Ajustamento do Qua-
georreferenciadas (imóveis rurais e urbanos), e as normas téc- drilátero. Boa Leitura!
Editor
Engenheiro Agrimensor Luiz Carlos da Silveira
cartografia@amiranet.com.br / silveira@amiranet.com.br
Revisor Técnico
Engenheiro Agrimensor Leonard Niero da Silveira
leonard@amiranet.com.br
Edição e Revisão
Ariadne Niero da Silveira
Gabriella Bongiolo da Silveira
Luana Niero da Silveira Editora e Livraria Luana Ltda
edluana@engeplus.com.br Avenida Centenário, 3708 - Sala 201
Centro - Criciúma - SC - CEP: 88802-405
Atendimento ao leitor Fone: (48) 3437-2514
Gabriella Bongiolo da Silveira amira@amiranet.com.br
assinatura@amiranet.com.br www.amiranet.com.br
João, Pedro, Paulo e André possuem, em condomínio, 45 hectares de terra. Se aumentarmos dois hectares para o João, dois
hectares para o Pedro, duplicarmos a área do Paulo e reduzirmos a metade da área do André, todos os condôminos terão a mesma
quantidade de hectares.
Quantos hectares tem cada um?
Apresentar o arquivo kmz da linha com pontos a cada trinta minutos de longitude.
O valor, em 2000, da obliquidade da eclítica era de 23° 26' 21,418". Para atualizar o valor é aplicado a fórmula
W = 23º 26' 21,418" - 0,46815"t - 0,0000059"t2 + 0,00001813"t3, (t=ano-2000) . Para 2019 a obliquidade da eclítica é 23° 26' 14"
São implantados dois vértices de alta precisão, fora da mata, Poligonal de ida Poligonal de volta
em área com boas condições de rastreabilidade de satélites do Estação Ré Vante Estação Ré Vante
sistema GNSS. No caso de monitoramento de túneis, as co-
ordenadas deverão ser referenciadas a um plano topográfico B A 1 4 3 3A
local. Para levantamento de vértices, no georreferenciamento 1 B 2 3A 4 2A
de imóveis rurais, pode ser utilizado o sistema de coordenadas
2 1 3 2A 3A 1A
planas UTM. No entanto, as distâncias deverão ser converti-
das em distância plana UTM através do Cálculo do Kr, que é o 3 2 4 1A 2A B1
coeficiente de transformação da distância horizontal local em B1 1A A1
distância plana UTM.
A partir da base de saída é desenvolvida uma poligonal até
Poligonal Geral
chegar no vértice. No túnel as estações são monumentadas por
vértices itinerantes dada a dificuldade de implantação de vérti-
ces no piso, por se tratar de rocha. Estação Ré Vante
B A 1
1 B 2
2 1 3
3 2 4
4 3 3A
3A 4 2A
2A 3A 1A
A, B, 1, 2, 3, 4 - Poligonal de ida
4, 3A, 2A, 1A, B1, A1 – Poligonal de volta 1A 2A B1
B1 1A A1
Figura 1 Exemplo de Poligonal
Vértice A = A1 Vértice B = B1
DAB = 177,60907 m
X = 153.418,353 X = 153.543,217
Y = 210.119,726 Y = 209.993,417
−126,309
Arc cos AZ AB =
IV.2 – Dados da poligonal de ida 177,60906
Tabela II – dados da poligonal de volta 3-4 259º 10’ 35” 117º 48’ 50” - 2,20” 117º 48’48”
4 - 3A 0º 00’ 00” 297º 48’ 50” - 2,75” 297º 48’ 47”
ESTAÇÃO RÉ VANTE ÂNGULO DISTÂNCIA 3A - 2A 100º 49’ 25” 218º 38’ 15” - 3,30” 218º 38’ 12”
4 3 3A 0º 00’ 00” 96,819 2A - 1A 236º 14’ 46” 274º 53’ 01” - 3,85” 274º 52’ 57”
3A 4 2A 100º 49’ 25” 241,440 1A - B1 153º 10’ 10” 248º 03’ 11” - 4,40” 248º 03’ 07”
2A 3A 1A 236º 14’ 46” 256,753 B1 - A1 247º 16’ 41” 315º 19’ 52” - 5,00” 315º 19’ 47”
1A 2A B1 153º 10’ 10” 130,432
Erro em azimute + 5”. Correção: 0,55” por vértice
B1 1A A1 247º 16’ 41” -
Fórmula utilizada
Tabela III – Poligonal geral
AZ n= AZ n −1 + A n ± 180°
ESTAÇÃO RÉ VANTE ÂNGULO DISTÂNCIA
B A 1 112º 43’ 17” 130,414
AZn = azimute da linha
1 B 2 206º 49’ 53” 256,732 AZn-1 = azimute da linha anterior
2 1 3 123º 45’ 18” 241,421 An = ângulo horizontal da linha
3 2 4 259º 10’ 35” 96,819
4 3 3A 0º 00’ 00” 96,819 Se a soma for menor que 180º → + 180º
3A 4 2A 100º 49’ 25” 241,440 Se a soma for maior que 180º → - 180º
2A 3A 1A 236º 14’ 46” 256,753
b - Cálculo das projeções e coordenadas preliminares
1A 2A B1 153º 10’ 10” 130,432
B1 1A A1 247º 16’ 41” - As projeções são calculadas a partir das fórmulas:
∆Y ' . Erro Y
(Erro X ) + (Erro Y )
2 2
Erro
= Linear Cy = ou Cy = ΔY’ . Ky
Σ ∆Y '
Erro Linear = 0,051 m
0,017
Ky = Ky = 2,792731669 . 10-5
Soma da distância 608,723
Pr ecisão =
Erro Linear
Para a primeira projeção no eixo Y
Soma da distância = 1.450,831 m Cy = 48,747 . 2,792731669 . 10-5 = 0,001 m
Erro Linear = 0,051 m
Precisão = 1: 26.867 Tabela VI – Correção das projeções e cálculo das abscissas no eixo X
d – Correção das projeções
PROJEÇÃO NO EIXO X
Eixo X LINHA ABSCISSA X
CALCULADA CORREÇÃO CORRIGIDA
Soma com sinal: Σ ΔX’ = - 0,051 m B - - - 153.543,217
Soma em módulo: Σ |ΔX’| = 1.226,317 m B-1 120,961 0,005 120,966 153.664,183
Tabela VII – Correção das projeções e cálculo das ordenadas no eixo Y Tabela VIII – Listagem das coordenadas finais
Na próxima edição
Divulgação
1º SEMESTRE
Código Componente curricular CH 6º SEMESTRE
ECA 01 Introdução à Engenharia de Agrimensura 30 Código Componente curricular CH
2º SEMESTRE
Código Componente curricular CH 7º SEMESTRE
ECA 08 Topografia I 60 Código Componente curricular CH
Fotos - Divulgação
como tempo de vôo pulsado. Nesse caso, o sensor emite cur- Esse modelo de sensor LIDAR possui um receptor GPS de
tos grupos de feixe de luz e mede o seu tempo de retorno até dupla frequência integrado, que conecta-se a uma rede externa
o sensor, o que permite determinar as distâncias. Esse tipo de GNSS para vincular o sistema de coordenadas do sensor ao
sensor é capaz de medir algo em torno de 50.000 pontos por sistema de coordenadas geodésicas WGS-84 que é utilizado
segundo, com a precisão de 3 a 6 milimetros, dentro do seu pelo GPS.
campo de cobertura. Devido às limitações de cobertura desse modelo, que conse-
gue medir pontos afastados em até 130 metros dele, o sensor
1.1 Captura da Nuvem de Pontos precisa ser deslocado para diferentes posições quando a área
de interesse é maior que o seu alcance, e, assim avançar na
Quando se usa a tecnologia LIDAR é preciso definir muito
tarefa de varredura. Dessa forma, capturam-se todos os pontos
bem os objetivos do trabalho para escolher o sensor e o método
necessários para se criar na etapa de junção dos arquivos, o
a serem utilizados na captura dos pontos 3D. De uma forma
ambiente 3D real, de forma completa, em um único ambiente
simples pode-se dizer que existem dois tipos de sensor LIDAR,
o fixo, chamado de sensor terrestre (TLS), que trabalha parado digital 3D.
em certa posição ou em um conjunto de posições, e, o sensor
móvel (MLS), que trabalha em movimento, transportado por al-
gum tipo de veículo, como carros, aviões e barcos.
Métodos diferentes oferecem diferentes formas para se fazer
as medições que melhor atenderão a tarefas específicas e dife-
rentes. O sensor que usa a técnica de mudança de fase é mais
indicado para tarefas de escaneamento em ambientes fecha-
dos como edifícios, galpões e túneis, por exemplo, ou em áreas
superficiais pequenas, limitadas pelo alcance do seu sistema
de varredura. Além disso, outro fator limitante para esse tipo
de sensor é a necessidade da produção de múltiplas sessões
de captura que produzem múltiplos arquivos, necessários para
imagear uma área com dimensões superiores ao seu limite de
varredura.
Quando muitas nuvens de pontos são produzidas em um
mesmo trabalho, elas precisam ser ligadas digitalmente umas
com às outras para gerar um ambiente 3D único. Para se fazer Figura 1 Faro X130 TLS Sensor
essa ligação digital, alguns pontos precisam aparecer clara-
mente em duas ou mais nuvens de pontos sequenciais. É um Os arquivos produzidos em cada posição do sensor são cha-
procedimento comum usarem-se esferas ou algum outro tipo
mados de sessão de captura e um único trabalho pode exigir
de sinal que colocados em locais estratégicos irão facilitar esse
várias sessões se a área a ser imageada for muito grande.
procedimento de ligação, o que exige um estudo prévio para
O sensor MX2, do fabricante Trimble, é um sensor LIDAR mó-
garantir as suas capturas em arquivos diferentes.
O sensor que usa a técnica de mudança de fase é indicado vel (MLS) que possibilita a aquisição de nuvens de pontos em
para trabalhos onde os detalhes do ambiente 3D são mais im- movimento. Ele possui uma cabeça rotativa, integrada a dois
portantes do que o tempo de captura. receptores GNSS de dupla frequência, um Sistema de Navega-
Quando se executa um trabalho no qual a velocidade de cap- ção Inercial e uma câmara digital panorâmica de alta resolução,
tura é mais importante do que os detalhes do ambiente 3D, o formando um complexo sistema de navegação que pode ser
sensor com feixe de luz pulsante é o tipo mais indicado. montado no teto de um veículo SUV, por exemplo.
1.2 Ambiente 3D
O conhecimento o ambiente tridimensional onde acontecerá
um trabalho de engenharia sempre foi um ponto fundamental
para o sucesso das tarefas, sendo, porém, um ítem bastante
trabalhoso de se obter. Mesmo nos dias atuais, empregando
as técnicas avançadas como a topografia de precisão que lan-
ça mão de instrumentos de última geração, como as estações
totais robotizadas e a tecnologia GNSS empregando o método
Cinemático em Tempo Real (RTK), produzir um modelo digital
de terreno (MDT) é uma tarefa de alto custo e que requer um
longo período de medições em campo.
Com o surgimento dos sensores LIDAR que podem ser trans-
portados na mão ou em veículos pequenos, a tarefa de captura
dos detalhes de um ambiente 3D tornou-se mais simples e mais
rápida, sem perder a precisão necessária. Figura 2 Trimble MX2 MLS Sensor
O sensor X130, do fabricante FARO, é um sensor LIDAR
terrestre (TLS) que emprega a técnica da mudança de fase Os receptores GNSS e a unidade INS trabalham dentro do
para capturar uma nuvem de pontos, sendo capaz de medir de veículo, gerenciados através de um robusto laptop que usa o
122.000 pontos a 976.000 pontos por segundo, alcançando a programa computacional LV-PósView, para adquirir e graver
precisão de + 2 milímetros para cada ponto medido. constantemente os dados registrados por todo o Sistema.
2 - MATERIAIS: ÁREA DE ESTUDO E CONJUNTO DE DADOS -Casault. Essa área possui aproximadamente 100 metros de
comprimento, 30 metros de largura e variação vertical de 3 me-
A criação de um conjunto de dados que permitisse a compa- tros, suficientes para o estudo. Além disso, a área possui limites
ração de duas ou mais nuvens de pontos adquiridas com o uso bem definidos por calçadas, ruas pavimentadas, guias e uma
de um Sensor LIDAR Terrestre (TLS) e com o uso de um Sensor ciclovia.
LIDAR Móvel (MLS) mereceu uma análise detalhada da área A área foi capturada pela primeira vez usando o sensor LI-
que seria escaneada e das condições para isso. DAR terrestre (TLS) do fabricante FARO, modelo X130, que
No que diz respeito à análise dos resultados para verificar a mede as distâncias usando a diferença de fase e produz nuvens
compatibilidade, bastaria comparar uma nuvem de pontos com de pontos com alta densidade por unidade de volume consi-
a outra, mantendo o estudo restrito à tecnologia LIDAR. Contu- derada. O resultado é uma imagem virtual de alta resolução.
do, decidiu-se por verificar mais do que a compatibilidade entre Para fazer a varredura da área de estudo foram necessárias 4
as nuvens de pontos produzidas por sensores LIDAR diferen- sessões de captura.
tes, optando-se por usar uma tecnologia de medição conven-
cional, bastante conhecida e bem conceituada em trabalhos de
engenharia, que é o sistema de navegação GNSS, aplicando
o Método Real Time Kinematic (RTK), para medir um conjunto
de pontos sobre a mesma superfície capturada pelos sensors
LIDAR e assim comparar os resultados pensando em sua apli-
cação em trabalhos de engenharia.
nuvem de pontos que possui coordenadas georreferenciadas, Quando se emprega a tecnologia LIDAR torna-se impossível
integrando-se assim ao seu sistema de coordenadas. determinar os limites específicos de uma área a ser medida du-
A área de estudo foi capturada pela segunda vez usando o rante as sessões de escaneamento, não importa se estivermos
sensor LIDAR móvel (MLS) do fabricante Trimble, modelo MX2, usando um sensor TLS ou um sensor MLS. Por esse motivo
transportado em um veículo SUV, como já foi descrito. as nuvens de pontos capturadas continham mais informações
A nuvem de pontos produzida com esse sensor registrou a do que a area de interesse do projeto, que precisou ser ex-
área de estudo e suas proximidades, como mostra a figura 6. traída dos arquivos originais para dar andamento ao estudo.
Devido à grande capacidade de varredura do sensor MX2 foi A segmentação é o recurso mais comum para se fazer cortes
possível capturar pontos afastados da área de interesse en- em uma nuvem de pontos e extrair partes dela para estudo. A
quanto o veículo se deslocava para escaneá-la. Na nuvem de segmentação é uma ferramenta similar à ferramenta “cropping”
pontos aparecem além da área de estudo, também a Avenue do programa computacional PhotoShop, com a fundamental di-
du Séminaire, a Rue des Arts, a fachada do Pavillon Louis-Ja- ferença que a segmentação é uma ferramenta que trabalha no
cques-Casault e a fachada do Pavilhão Félix-Antoine-Savard, espaço 3D.
bastante afastados. Uma vez balanceadas as resoluções das nuvens de pontos
Por medir as distâncias de maneira diferente do sensor TLS, e delas extraída a área de estudos, chegou-se à duas nuvens
o sensor MX2 produz uma nuvem de pontos menos densa e menores, onde a nuvem capturada com o sensor TLS ficou com
necessita de menor tempo para executar a mesma tarefa. 7.563.870 pontos e a nuvem capturada com o sensor MLS com
295.627 pontos.
chegando aos valores apresentados na tabela a seguir. O segundo método convencional de cálculo do volume foi o
Método das Alturas Ponderadas, que subdivide a superfície em
Tabela 1 Volumes a partir das Nuvens de Pontos vários prismas de base regular, chamadas de quadrículas, para
calcular o volume em seu interior usando a altura média das
Sensor suas arestas. O volume total é obtido por:
RealWorks (m3) CloudCompare (m3)
LIDAR
1
TLS 2.311,64 2.336,61
V= × ( Σ1 + 2 × Σ 2 + 3 × Σ3 + 4 × Σ 4 ) × Q
MLS 2.283,87 994,11 4
Os dois volumes obtidos a partir da nuvem de pontos gerada Nessa equação, a soma dos índices (1, 2, 3 e 4) indicam
pelo sensor LIDAR terrestre (TLS) apresentam um diferença de
quantas vezes cada aresta aparece na conexão entre quadrí-
1,08%, o que pode ser considerado como um resultado compa-
culas e o termo Q representa a área plana da quadrícula, ou a
tível, enquanto que os dois volumes obtidos a partir da nuvem
de pontos gerada pelo sensor LIDAR móvel (MLS) não pude- área da base do prisma. O volume total, nesse caso, equivale a
ram ser comparados devido ao resultado díspar obtido com o soma dos volumes individuais de cada prisma.
programa CloudCompare, muito afastado do valor esperado. Os pontos RTK foram usados para construir uma rede regular
Apesar disso, a comparação do volume TLS com o volume com 122 quadrículas, nas dimensões de 5 m x 5 m, abrangendo
MLS, ambos calculados pelo programa RealWorks apresentam toda a área em estudo. As qadrículas irregulares, de superficie
uma diferença de 1,20%, indicando que alguma interpretação fracionada, seguiram o mesmo método, tendo sido calculadas
inadequada da nuvem MLS deve ter sido feita pelo programa individualmente. O plano horizontal tomado como referência
CloudCompare. para o cálculo das alturas das arestas foi o mesmo plano consi-
Certamente esses resultados precisaram ser validados fora derado anteriormente, elevado na altitude de 85,013 m.
do universo da tecnologia LIDAR, empregando uma tecnologia Cada prisma acima desse plano foi calculado usando o pro-
convencional e reconhecida para assegurar a confiabilidade grama Microsoft Excel, aplicando o Método de Gauss para cal-
dos valores encontrados. cular a área das quadrículas e depois, usando as alturas dos
pontos envolvidos para obter o volume. O volume final obtido
3 - VALIDAÇÃO DOS VOLUMES nesse processo foi de 2.284,375 m3.
O terceiro método convencional de cálculo do volume foi de-
Para validar os volumes obtidos a partir das nuvens de pontos senvolvido a partir das curvas de nível, onde a área (S) contida
medidas com os sensores TLS e MLS, a superfície em estudo no interior de uma curva fechada é multiplicada pelo espaça-
foi medida mais uma vez, agora com receptores GNSS, apli- mento vertical (d) até a próxima curva imediatamente acima,
cando o método cinemático em tempo real (RTK), produzindo chegando ao volume por:
assim um resultado a partir de uma tecnologia clássica confi-
ável, que foi tomado como referência para se fazer a análise
final dos volumes virtuais obtidos com as nuvens de pontos da S1 Sn
V = + S2 + S3 + + ×d
tecnologia LIDAR. 2 2
O perímetro da área em estudo e todos os pontos relevan-
tes à melhor modelagem da superfície do terreno existentes em
As curvas de nível usadas nesse método foram geradas a
seu interior, foram medidos usando receptores GNSS-RTK do
partir do modelo digital de terreno (MDT) criado no primeiro mé-
fabricante Trimble, modelo R8S. Foram medidos ao todo, 381
pontos planialtimétricos, mapeando a área até os seus limites. todo, espaçadas verticalmente de 10 cm em 10 cm. Como a
A partir desses pontos foi possível calcular o volume da área de diferença entre o ponto mais baixo e o ponto mais alto na área
estudo, de três formas diferentes. em estudo é de 3,04 metros, variando de 85,013 m até 88,061
m, esse método trabalhou cm 30 curvas de nível inseridas neste
intervalo. O volume encontrado entre a superfície representada
pelas curvas de nível e o plano de referência foi de 2.298,487
m3.
Os volumes obtidos em cada método convencional são apre-
sentados a seguir.
Tabela 3 Diferenças nas Nuvens de Pontos. contribuíram para a conclusão deste estudo, a exemplo do
Mestre Papa-Médoune Ndir, do Mestre Willian Ney Cassol e
do professor Guy Jr. Montreuil. De forma particular, agradecem
LIDAR Real Cloud Differences
ao Prof. Dr. Francis Roy, diretor do Departamento de Ciências
Sensor Works (m3) Compare (m3) (%)
Geomáticas, que possibilitou tornar esse projeto em uma bem
TLS - 13,29 + 11,68 + 0,88 + 1,97 sucedida experiência.
MLS - 41,06 - 1.330,82 - 0,33 - 56,62
REFERÊNCIAS
Como já havia sido verificado na comparação dos volumes [1] American Society for Photogrammetry & Remote Sensing, 2013. LAS file
determinados a partir das nuvens de pontos, os volumes deter- Specification, Version 1.4 - R13. Available at: https://www.asprs.org/a/socie-
minados com a tecnologia LIDAR também apresentam compa- ty/committees/standards/LAS_1_4_r13.pdf (Accessed: 22 September 2018)
tibilidade quando comparados com os volumes obtidos pelos Cox, R., 2015. Real-world comparisons between target-based and targetless
métodos convencionais aplicados a partir dos pontos medidos point-cloud registration in FARO Scene, Trimble RealWorks and Autodesk
com a tecnologia GNSS-RTK. A unica discrepância continuou Recap, Bachelor’s Dissertation. University of Southern Queensland Faculty
of Health, Engineering and Sciences.
a ser o volume de 994,11 m3, calculado a partir da nuvem de
pontos capturada com o sensor LIDAR móvel (MLS) e calcula- Crosby C., 2011. Introduction to LIDAR. UNAVCO, Available at: https://cloud.
do com o programa computacional CloudCompare. A diferença, sdsc.edu/v1/AUTH_opentopography/www/shortcourses/17Utah/17Utah_
Crosby_introLidar.pdf (Accessed: 16 August 2018)
de valor negativo, na ordem de 1.330,82 m3, encontrada nesta
etapa de validação, já havia sido percebida anteriormente e me- Crosby C., 2011. Lidar QA/QC, artifacts, issues to keep in mind. UNA-
rece uma análise melhor para entender o que de fato aconteceu VCO. Available at: https://cloud.sdsc.edu/v1/AUTH_opentopography/www/
shortcourses/13SCEC_course/13SCEC_LiDARDEMs_QA_CJC.pdf (Ac-
de errado. cessed: 16 August 2018)
4 - CONCLUSÕES Ellum C., and El-Sheimy N., 2002. Land-Based Mobile Mapping Systems,
Direct Georeferencing periodic, University of Galgary. Available at: http://
scholar.google.ca/cmellum/DirectGeoreferencing. (Accessed: 16 September
Após a cuidadosa preparação das nuvens de pontos para se 2018)
trabalhar com a mesma superficie e tendo ambas sido subme-
tidas ao processamento de dois softwares diferentes, o progra- FARO, 2018. FARO Laser Scanner Focus 3D X130 HDR, Technical Specifi-
cations, available at: https://faro.app.box.com/s/dd1af36zjlkhoabqdff4iw9xb-
ma RealWorks e o programa CloudCompare, pode-se dizer que d11puw5/file/60993769365 (Accessed: 10 September 2018)
os volumes encontrados usando esses programas computacio-
nais são confiáveis. Guangping H., Novak K. and Feng W., On the Integrated Calibration of a Di-
gital Stereo Vision System, Department of Geodetic Science and Surveying,
É muito provável que a grande diferença encontrada no volu- Center for Mapping The Department of Geodetic Science and Surveying,
me calculado a partir da nuvem de pontos capturada com o sen- Center for Mapping The Ohio State University, available at: https://pdfs.se-
sor MLS e processada com o programa CloudCompare se deva manticscholar.org/a44d/fafb8dd8c2081e0d6cf7a97c291082d04893.pdf (Ac-
cessed: 12 September 2018)
à baixa densidade de pontos capturados na área em estudo.
Embora a atividade de subamostragem não tenha sido aplicada Kingston T. et All, 2007. An Integrated Mobile Mapping System for Data
à essa nuvem de pontos, a sua grande diferença em densidade Acquisition and Automated Asset Extraction. Available at: https://www.re-
foi perceptível desde o início, quando ela foi comparada com a searchgate.net/profile/Vassilis_Gikas/publication/228913391 (Accessed: 18
september 2018)
nuvem de pontos capturada com o sensor TLS.
É provável que a baixa densidade tenha afetado diretamente Landry, M., 2017. Développement d’une nouvelle méthode de calibrage des
o volume obtido, mas, nenhum problema foi registrado quando Systèmes LiDAR Mobiles (SLM) en laboratoire. Master´s Thesis. Laval Uni-
versité, Faculté de Foresterie, de Géographie et de Géomatique, Départe-
a nuvem de pontos MLS foi submetida ao programa RealWorks. ment des Sciences Géomatiques.
Outra possibilidade que pode explicar essa diferença é a ma-
neira como o algoritmo do programa CloudCompare lida com a Larouche, C., 2016. Amélioration des Performances des Systèmes LIDAR
Mobiles (SLM), Géomatique, Volume 43, number 2.
nuvem de pontos para obter o volume, uma vez que o volume
obtido com o programa RealWorks não apresentou diferença Larouche, C., 2018, Topométrie II (GMT-2004), Cours 5: Théorie LiDAR Ter-
significativa na etapa de validação. restre.
Independente da explicação que venha a ser encontrada, o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 2012. LIDAR
fato a se considerar é que uma captura simples de pontos feita 101: An Introduction to Lidar Technology, Data, and Applications. Available
com o sensor LIDAR móvel e processada apenas no programa at: https://coast.noaa.gov/data/digitalcoast/pdf/lidar-101.pdf (Accessed: 17
CloudCompare teria produzido um resultado questionável. September 2018)
Certamente, um único estudo de caso não é suficiente para Norbert P. and Briese C.,2007. Laser Scanning – Principles and Applica-
se formar uma conclusão definitiva sobre o problema, sendo tions, Vienna University of Technology Institute of Photogrammetry and Re-
necessário aumentar o número de casos de estudo, conside- mote Sensing, Austria.
rando áreas maiores, com variações verticais mais expressivas Puttonen et All., 2013. Improved Sampling for Terrestrial and Mobile Laser
e superfícies de terreno mais irregulares. Scanner Point Cloud Data. Remote Sensing Journal Article. Available at: ht-
Por último, entende-se que o experimento aqui apresentado tps://pdfs.semanticscholar.org/d863/17eae2e2cc801b936557cd219a8fcd38
demonstrou que a tecnologia LIDAR é uma tecnologia confiá- bef3.pdf (Accessed: 22 August 2018)
vel para ser aplicada na determinação de volumes para fins de Scouarnec R. et All, 2013, A Positioning Free Calibration Method for Mobile
engenharia. Laser Scanning Applications, ISPRS Annals of the Photogrammetry, Remo-
te Sensing and Spatial Information Sciences, Volume II-5/W2, 2013 ISPRS
Workshop Laser Scanning.
AGRADECIMENTOS Available at: https://pdfs.semanticscholar.org/e524/184a2c0828876f326222
b9da9bb2ea82d762.pdf (Accessed: 18 September 2018)
Os autores registram aqui os seus sinceros agradecimentos
TRIMBLE, MX2 Mobile Mapping System, technical Specifications, available
a todas as pessoas da Laval Université e da Universidade Es- at: https://www.geonovus.lt/sites/default/files/022515-52e_trimblemx2_ds_
tadual de Campinas (UNICAMP), que direta ou indiretamente us_0216_lr.pdf (Accessed: 15 September 2018).
ANÁLISE TÉCNICA DO CÁLCULO DA DISTÂNCIA ENTRE VÉRTICES CONFORME MODELO ADOTADO PELO SIGEF /
INCRA - DIFERENÇA NAS DISTÂNCIAS HORIZONTAIS PROJETADAS NOS VÉRTICES COMUNS EM PROPRIEDADES
ADJACENTES
* Rodolfo Mota – Eng. Agrimensor
r.geotopografia@gmail.com |www.rgeotopografia.com.br
As tabelas acima apresentam as coordenadas dos vértices nor elevação devido a maior proximidade da longitude média
de cada propriedade. Os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317 da propriedade LOTE 11-A do meridiano central, visto que a
Embora a altitude média (356,10) da propriedade LOTE 11-A diferença na altitude média é muito pequena. Abaixo as tabelas
esteja mais elevada em relação à altitude média (354,31) da n°03 e 04 apresentam os valores das distâncias de 449,91m
propriedade LOTE 11-H, à distância projetada no PTL entre os para o LOTE 11-H e a distância de 449,87m para o LOTE 11-A,
vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317 é maior na parcela de me- entre os vértices GXV-M-1314 e GXV-M-1317.
DESCRIÇÃO DA PARCELA
VÉRTICE
Altitude
Código Longitude Latitude Código Azimute Dist. (m)
(m)
GXV-M-1314 -55°27’29,604’’ -11°41’33,603’’ 353,12 GXV-M-1315 99°22’ 129,78
GXV-M-1315 -55°27’25,372’’ -11°41’34,291’’ 353,11 GXV-M-1316 194°16’ 449,91
GXV-M-1316 -55°27’29,033’’ -11°41’48,481’’ 352,33 GXV-M-1317 279°35’ 134,99
GXV-M-1317 -55°27’33,429’’ -11°41’47,749’’ 358,68 GXV-M-1314 14°55’ 449,91
DESCRIÇÃO DA PARCELA
VÉRTICE
Altitude
Código Longitude Latitude Código Azimute Dist. (m)
(m)
GXV-M-1313 -55°27’33,602’’ -11°41’32,916’’ 352,26 GXV-M-1314 99°23’ 128,87
GXV-M-1314 -55°27’29,604’’ -11°41’33,603’’ 353,12 GXV-M-1317 194°55’ 449,87
GXV-M-1317 -55°27’33,429’’ -11°41’47,749’’ 358,68 B6J-M-2017 194°10’ 64,88
B6J-M-2017 -55°27’33,953’’ -11°41’49,796’’ 359,65 B6J-M-2035 279°23’ 129,48
B6J-M-2035 -55°27’38,171’’ -11°41’49,109’’ 359,50 B6J-M-2021 14°51’ 504,44
B6J-M-2021 -55°27’33,898’’ -11°41’33,243’’ 353,37 GXV-M-1313 16°16’ 10,4
As tabelas acima demonstram os valores obtidos após certifi- De acordo com o engenheiro agrimensor e professor Luiz
cação no SIGEF INCRA. Carlos da Silveira - Editorial A Mira, página 9 da Edição n°182
Com isso constatamos que em determinadas posições do -, para os casos de desmembramentos e remembramentos, a
fuso, quanto maior a amplitude das áreas adjacentes, maior solução é utilizar as coordenadas médias (origem do sistema),
será a diferença no ponto médio e consequentemente haverá como parâmetros para o PTL e desconsiderar as altitudes dos
uma divergência mais acentuada. novos vértices implantados nos desmembramentos. Já no re-
membramento, utilizar o PTL, ou seja, coordenadas médias
4 - CONCLUSÃO (origem do sistema), da maior área. A soma das áreas será um
pouco diferente das somadas áreas anteriores, neste caso, os
O modelo matemático adotado pelo SIGEF é sem dúvida uma registradores deverão ser comunicados do fato a partir de uma
ferramenta muito boa, mas necessita de algumas melhorias. circular do INCRA.
Dentre elas, a utilização do mesmo ponto médio (origem do sis- Deste modo, é necessário também, que o SIGEF informe ao
tema) para casos como esse em propriedades adjacentes, de credenciado os valores obtidos no ponto médio, coordenadas
forma que as distâncias e os ângulos sejam mantidos. (E0, N0, h0) origem do sistema para o PTL adotado.
AJUSTAMENTO DO QUADRILÁTERO
1 - INTRODUÇÃO a) Equação de condição 1
4 22° 12 41,7” + 0,525” 22° 12 42,225”
b) Equação de condição 2
6.363,4374 m
(7 + 6 ) = ( 2 + 3 )
Figura 01
(7 + 6 ) − ( 2 + 3 ) = Erro
Tabela I
Tabela dos ângulos medidos Erro = | 132° 02’ 05,9” | - | 132° 02’09,6” |
Media de 4 séries de observações Erro = 3,7”
''
38,99031964 − 38,99031924
5 25°45’12,325” - 0,575” 25°45’11,750” Correção =
1,20774400.10 −05 + 1,227517724.10 −05
6 100°42’30,32” - 0,575” 100°42’29,750”
Correção = 0,018”
7 31°19’37,425” - 0,575” 31°19’36,850”
Subtrai no numerador ( ângulos pares )
8 22°17’50,875” - 0,575” 22°17’50,300” Soma no denominador ( ângulos impares )
4 22°12’41,650” - 0,018” 22° 12’41,632”
Tabela V
Numerador da Equação 4 5 25°45’11,750” +0,018” 25°45’11,768”
Ângulo Log Dif. Log sem1” 6 100°42’29,750” - 0,018” 100°42’29,73”
4 22°12’41,65” 9,577523665 5,15640470× 10-06
8 22°17’50,300” - 0,018” 22°17’50,282”
1J 1L IJ = 6.363,4374 m
=
sen 6
sen 1 6 = 100° 42’ 29,732”
( 7 + 8 ) = 53° 37’ 27,150”
1J . sen 1 LJ = 5.214,287816 m
IL =
sen 6
LJ LM
=
( )
IJ = 6.363,4374 m
1 = 25° 40’ 03,118”
sen 3 + 4 sen 2
LJ = 5.214,287816 m
IL . sen 7
LM = 2 = 43° 56’ 30,282”
sen 4
( 3 + 4 ) = 110° 18’ 17,950”
LM = 3.858,079063 m
IL = 2.805, 161819 m
7 = 31° 19’ 36,868” 4° Caminho Triângulo IJM e Triângulo JLM
4
= 22° 12’ 41,632”
LM = 3.858,079298 m IJ IM
=
2º Caminho: Triângulo IJM e Triângulo JLM
sen 3 sen 1 + 2 ( )
LJ
=
JM
sen 3 sen 8 IM =
+ 2
IJ . sen 1 ( )
sen 3
IJ = 6.363,4374 m
IJ . sen 8
JM = 3 = 88° 05’ 36,318”
sen 3
IJ = 6.363,4374m ( 1 + 2 ) = 69° 36’ 33,400”
IM = 6.967,998238 m
8 = 22° 17’ 50,282”
3 = 88° 05’ 36,318” IM
=
LM
JM = 2.415,705457 m
(
sen 6 + 5 )
sen 7
JM LM
= IM . sen 7
sen 5 sen 2 LM =
(
sen 6 + 5 )
JM . sen 2
LM =
sen 5 IM = 5.967,998238 m
7 = 31° 19’ 36,868”
JM = 2.415,705457 m ( 6 + 5 ) = 126° 27’ 41,500”
5 = 25° 45’ 11,768” LM = 3.858,07916 m
2 = 43° 30’ 282”
Resultado do ajustamento
LM = 3.858,078921 m
Determinação da distância LM
3º Caminho Triângulo IJL e Triângulo LJM
1º Caminho LM = 3.858,079298 m
IJ LJ
= 2º Caminho LM = 3.858,078921 m
sen 6 (
sen 7 + 8 ) 3º Caminho LM = 3.858,079063 m
4º Caminho LM = 3.858,079160 m
Média = 3.858,079110: m
LJ =
(
IL . sen 7 + 8 ) Desvio padrão = 0,000158927 m
sen 6
LM = 3.858,079 m +/- 0,16 mm.
O senhor Jarbas, proprietário da Casa do Teodolito, resolveu teodolitos para o Joca e quatro teodolitos para o Chico dá um
brindar os três vendedores com um lote de 35 teodolitos que total de trinta e quatro teodolitos. Realmente sobraram dois te-
estavam encalhados pela chegada das estações quase totais. odolitos, um é meu que doei para vocês efetuarem a partilha e
As estações quase totais foram as primeiras estações totais o outro equivale ao pagamento dos meus honorários, afinal de
do mercado. Não tinham memória, apenas uma vaga lembran- contas ninguém trabalha de graça. Todos gostaram da partilha,
ça. Os dados eram anotados em cadernetas tradicionais, mas inclusive eu. que vou vender estes dois teodolitos e comprar
mediam ângulos e distâncias. A distância medida era inclinada uma estação quase total.
e com o ângulo vertical se calculava a distância horizontal. Para comemorar o sucesso da partilha os três foram jantar no
Conforme a determinação do chefe, o Paulão receberia a me- restaurante situado na frente da Casa do Teodolito. Sentaram
tade dos teodolitos, o Joca receberia um terço dos teodolitos e na mesa e o Paulão pegou o menu, chamou o garçom e efetuou
o Chico, vendedor mas novo, receberia um nono dos teodolitos. o seu pedido:
Os três vendedores reuniram os 35 teodolitos e iniciaram a - Eu quero um gnocchi - e o garçom:
partilha. O Paulão, que tinha direito a metade, efetuou os cálcu- - Senhor, não temos este prato. O Paulão rebateu:
los e separou dezoito teodolitos para ele. - Como que não tem se está escrito aqui?
Os demais não aceitaram, pois a metade de 35 é dezessete O garçom, muito educado, esclareceu:
e meio. Pelos cálculos do Paulão, o Joca tinha direito a um ter- - Gnocchi é uma palavra italiana. Se pronuncia inhoq. O Joca
ço dos teodolitos que dava onze teodolitos inteiros e mais uma e o Chico então pediram espeto corrido.
parte de um teodolito. Da mesma forma ,o Chico tinha direito No final veio a conta de trinta cruzeiros. Cada um deu uma
um nono, ou seja, três teodolitos inteiros mais um pedaço de nota de dez cruzeiros e entregaram para o garçom.
um teodolito. O Paulão conferiu o menu, chamou o garçom e disse que a
Aí começou a briga. Como dividir um teodolito em partes para conta estava errada, que o total era de vinte e cinco cruzeiros. O
efetuar a partilha, conforme determinação do Senhor Jarbas? garçom explicou que os cinco cruzeiros adicionais era o couver
No meio da discussão chegou o Zé Pei, um engenheiro agri- artístico. O Paulão falou para o garçom que não tinham pedido
mensor muito bom em matemática, cujo apelido rima com João. este prato e o garçom explicou que o couver era uma taxa co-
Escutou a reclamação dos três, entendeu a forma da partilha e brada para pagar os artistas que cantavam no restaurante. O
falou: Paulão não concordou com o pagamento e mandou chamar o
- Vou ajuda-los na partilha, no entanto vou até no carro buscar gerente do restaurante.
o meu teodolito para doar a vocês. Chegou com o teodolito e O gerente, para evitar confusão mandou o garçom ir no caixa
colocou na mesa junto com os demais totalizando trinta e seis e trazer cinco notas de um cruzeiro, entregou para o Paulão. O
teodolitos. Paulão ficou com uma nota de um cruzeiro, deu uma nota de
Iniciou a partilha. um cruzeiro para o Joca e o Chico e duas notas de um cruzeiro
- Paulão, você tem direito a metade dos teodolitos. A metade para o garçom, como gorjeta.
de trinta e cinco são dezessete teodolitos inteiros, mais um pe- O gerente agradeceu a presença dos três e ia saindo quando
daço de teodolito. A metade de trinta e seis são dezoito teodo- o Paulão chamou o gerente e falou:
litos. Tome os seus teodolitos. Ficou contente com a tua parte? -Senhor, esta conta está errada. E o gerente, já indignado
E o Paulão falou: com a situação falou:
- Era o que eu queria desde o início, fico muito grato. - Errada como? E o Paulão:
Falou para o Joca: - Veja só. Nós pagamos com uma nota de dez cruzeiros e
- Você tem direito a terça parte dos teodolitos que, com 35 recebemos um cruzeiro de volta, então nós pagamos nove cru-
teodolitos, dava onze teodolitos inteiros mais um pedaço de te- zeiros cada um. No total pagamos vinte e sete cruzeiros que
odolito. Agora com trinta e seis teodolitos, incluindo o teodolito equivale a nove vezes três, somando os dois cruzeiros que doa-
que doei para vocês, Você leva doze teodolitos. Ficou contente? mos para o garçom totalizam vinte e nove cruzeiros. Onde está
E o Joca: um cruzeiro para completar os trinta cruzeiros iniciais?
- Fiquei muito contente, era isto que eu imaginava receber. - O gerente: É muita confusão e mandou o garçom buscar
Finalmente chegou a vez do Chico que tinha direito a nona três notas de dez cruzeiros e entregou uma nota para cada um
parte do lote que dava três teodolitos inteiros mais um pedaço falando:
de teodolito. Com trinta e seis teodolitos recebeu a nona parte - A janta de hoje é por minha conta.
de 36, que equivale a quatro teodolitos. Falou: Ao saírem o garçom falou:
- Chico pega os teus quatro teodolitos. Gostou da partilha? - Obrigado pela gorjeta, e o gerente:
- E o Chico: claro que sim. -Que gorjeta? Devolve estes dois cruzeiros no caixa para di-
Disse o Paulão: minuir o tamanho do prejuízo.
- Mas sobraram dois teodolitos na mesa. Os três embarcaram na BMV do Joca (Brasília muito velha) e
E o Zé Pei: voltaram para casa. Na viagem o Paulão comentou:
- Vamos conferir a partilha. Dezoito teodolitos para ti, doze - Ganhamos os teodolitos e mais o jantar.
Θ = 360º - Ι C Ι
C positivo
- no Hemisfério Sul - lado Oeste do MC;
- no Hemisfério Norte - lado Leste do MC. Figura 05
C negativo AZVAB = AZPAB + C ou AZVAB = AZPAB + Θ
- no Hemisfério Sul - lado Leste do MC;
- no Hemisfério Norte - lado Oeste do MC. Para convergência positiva
Θ=C
4 - EXEMPLO APLICATIVO
4.a - Coordenadas geodésicas do ponto inicial da linha
NB − NA
Arc cos AzP 'AB =
(NB − NA ) + (EB − E A )
2 2
Como EB - EA é negativo
Convergência meridiana
Figura 06 Convergência meridiana
Δλ” = 665,4494”
P = Δλ” × 0,0001
P = 0,06654494
a2 − b2
e' =
b
XIII = 2,889780
C’5 = 0,0018210
C = 0º 05’ 06,988”
Sinal da convergência meridiana α = 360° - AZVAB
A primeira medição de uma base geodésica foi efetuada por bos de vidro de 20 pés de comprimento, em contato com os
Snellins, em 1615, quando este astrônomo holandês instituiu o quais colocava termômetros de mercúrio. E assim fez a terceira
método da triangulação para medida de um arco de meridiano. medição de sua base.
Usou para isso réguas de madeira, que durante um século Outro fator importante levado então em conta, e pela primeira
seriam exclusivamente usadas, sem dúvida por serem menos vez em medida de base, foi a redução ano nível do mar.
sensíveis às variações de temperatura do que as réguas me- Alguns anos mais tarde, em 1791, o “Ordnance Survey” re-
tálicas. solveu remedir, mais uma vez essa base, insistindo na ideia do
A base de Snellins tinha 328 metros e foi duas vezes am- basímetro flexível.
pliada segundo quadriláteros rômbicos, atingindo um lado de Para isso Ramsdem fabricou, com requintes de precisão,
4114 metros. Empregava-se assim na primeira medida de base, duas cadeias de aço, de 100 pés com traços nas extremidades
o melhor dispositivo de desenvolvimento da mesma, embora As cadeias eram estendidas sob tensão de 28 libras (12,7 Kg),
ultrapassando-se na relação de ampliação, o limite hoje (1949) com apoio de 20 em 20 pés. Termômetros eram colocados em
recomendado. contato com a cadeia.
O método de medição consiste em colocarem-se as réguas Os lances eram nivelados e os tripés de apoio das extremida-
sobre o solo, ao longo de uma corda estendida na direção da des da cadeia eram providas de cabeças móveis reguláveis em
base, estabelecendo-se cuidadoso contato entre os extremos movimento diferencial. As cadeias eram protegidas dos raios
das réguas que se sucediam. Era o método chamado "conta- solares. Como vemos a técnica de operar já se aproximava mui-
tos”, que por muitos anos seriam utilizados. to do que hoje se usa (1949).
Nas medidas das bases do primeiro arco de meridiano do As primeiras “réguas de metal” surgiram quando Cassini de
Peru, em meados do século XVIII, empregaram-se três réguas Thuri remediu em 1739 a base de Picard utilizando quatro ré-
de madeira de 20 pés (cerca de 6,5 m, na época) com as ex- guas de ferro que estendia ao longo de um cordel. As correções
tremidades guarnecidas por chapas de cobre, para maior pre- de temperatura eram feitas segundo as observações de um ter-
cisão nos contatos. As réguas eram horizontalizadas por meio mômetro de mercúrio que Cassini conservava na mão e que,
de calços com auxílio de um nível, utilizando-se o fio de prumo portanto, fornecia a temperatura do ar e não da régua.
quando o desnível do terreno não permitia o contato entre os Ao findar o século XVIII (1792) o célebre físico francês Borda
extremos das réguas. imaginou um novo sistema para medição de temperatura, de-
Não se levava em conta a influência das variações de tem- duzindo-a em função da diferença de dilatação de dois metais
peratura e não era possível evitar o erro sistemático que seria diversos. Fez construir réguas bimetálicas que constituíam, elas
produzido pelos choques, embora pequenos, ocorridos ao se mesmas, um termômetro metálico, que acusava, consequente-
estabelecerem os contatos. Comparando-se os resultados das mente, a temperatura das réguas, e não a do ar ambiente, como
medidas ida e volta, as precisões obtidas nas bases foram 1: ocorria com as de mercúrio. A régua de Borda era formada por
300000 e 1: 211000, mas esses erros relativos não exprimiam a uma barra de platina e outra de cobre, superpostas e unidas por
realidade, uma vez que as importantes influências sistemáticas uma das extremidades.
não eram eliminadas. A variação relativa dos comprimentos observada na extre-
Por esta mesma época obtinha-se na medição do arco da midade livre das barras, permitia a dedução da temperatura,
Lapônia, resultados equivalentes, utilizando-se oito réguas de 5 sabendo-se que os coeficientes de dilatação da platina e do
tresas (cerca de 10 metros). cobre sã o respectivamente 9 x 10- 6 e 17 x 10- 6. Observada a
Em 1750 o padre italiano Bescovich usou réguas de madeira variação do comprimento com auxílio de forte lupa, era possível
na medida de uma base, mas inaugurou o método da “medição avaliar até o centésimo de milímetro, que correspondia a 0,3
entre traços”, que embora não fosse logo bem compreendido graus.
tornou-se mais tarde o único aceitável. Na medição da base as réguas eram colocadas sobre supor-
Boscovich colocava as réguas sobre tripés, horizontalizava- tes, deixando-se entre elas pequenos intervalos que se mediam
-as e deixava pequenos intervalos entre elas, os quais eram com pequenas réguas de platina.
medidos considerando-se não os extremos, mas pequenos tra- Em 1805 Reichembach introduziu para medição do intervalo
ços gravados próximo a eles, e que definiam o comprimento da entre as réguas, o uso de cunhas alongadas de aço, fazendo
régua. par conveniência dessa medição, que as réguas terminassem
Em 1784, quando se estabeleceu a ligação geodésica entre também em forma de cunha.
os meridianos de Paris e Greenwich, o general inglês Willian Alguns anos após o grande geodesista alemão Bessel fez
Roy, medindo proximidades de Londres numa base de 27400 construir réguas de grande precisão, associando as ideias de
pés (8.350 m), usando, a título experimental, uma cadeia de Borda e Reichenbach. Sua régua de 4 metros de comprimento,
aço de 100 pés ( 32m ). Era a primeira tentativa de utilização era constituída por barras de ferro e de zinco, cujo coeficiente
do basímetro flexível, feita um século antes de Jaderim lançar o de dilatação são respectivamente 11 x 10 - 6 e 29 x 10 - 6. A barra
sistema dos fios. Roy mediu novamente a base com as réguas de ferro, colocada sob a de zinco, é um pouco mais comprida
de madeira usadas na época, porém considerando a influência do que esta e possui um talão, de modo tal que se pode medir
da temperatura e da unidade do ar. o intervalo entre esse talão e a extremidade da rágua de zinco,
Notando a sensibilidade da madeira, fez construírem-se tu- introduzindo uma cunha nesse intervalo.
Para isso usava Bessel uma cunha alongada de cristal, que palmente em face da comodidade de emprego de fios e fitas
também servia para medir o intervalo entre duas réguas con- que se vinham impondo. Ainda hoje (1949) entretanto, é ele
secutivas. Com esse basímetro de Bessel, mais tarde aper- usado no “Bureau of Standards” de Washigton, para controle da
feiçoado por Schreiber, mediram-se bases na Alemanha até o base de comparação aí instalada.
ano de 1918, obtendo-se precisões cuja média corresponde a Os basímetros flexíveis, que tinham tido na cadeia de Rama-
1:2926000. dem um percursos avançado de um século, começam a desper-
Em 1853 a Comissão do Mapa da Espanha encarregou Car- tar atenção graças aos estudos do sueco Jaderim, que em 1879
los Ibanez de fornecer os detalhes de uma régua bimetálica a propôs o novo método de medição com fios.
ser encomendada aos fabricantes Brunner de Paris. Formada Segundo sua idéia, as bases eram medidas simultâneamente
de barras de platina e latão, de coeficientes 9 x 10 - 6 e 19 x 10 com dois fios, sendo um de ferro e outro de latão. A diferença
-6
, era dotada de microscópios micrométricos, que não só per- das duas medidas indicava a temperatura. Os dois primeiros
mitiam a medidarigorosa da diferença de dilatação das barras, fios que fabricou tinha 25 metros, mas logo reduziu-os para 24
como serviam de referência nos lances sucessivos. Davam-se, metros a fim de poder adotar os basímetros rígidos de 4 metros
assim, dois importantes passos no aperfeiçoamento do material como aferidores.
e do método. Não foram, entretanto muito animadores os resultados colhi-
A medida da base passou então a ser feita com um só basí- dos, até que em 1897, Benoit e Guillaune descobriram a liga a
metro, que era colocado sobre dois microscópios, um em cada que denominou de invar e apresentava a notável anomalia de
extremidade, instalados em tripés independentes, dotados de ser quase insensível as variações de temperatura. Formada de
parafusos de deslocamento diferencial, de maneira a poderem ferro e nikel, nas proporções de 64% e 36%, possui coeficiente
focalizar os traços terminais do basímetro. Além do termômetro de dilatação próximo de 1 x 10 - 6, o que corresponde a uma pre-
metálico constituído pelas barras , fez Ibanez embutir termôme- cisão de 1: 1000000 para 1 grau de incerteza na temperatura.
tros de mercúrio, o que permitia deduzir a temperatura, pelos Os fios e, depois a trenas de invar, passaram ser exclusivamen-
dois caminhos. te usadas em todas as medidas de bases modernas.
Observvando que o termômetro metálico não era mais pre- O equipamento de fios de invar mais conhecido é o fabricado
ciso do que os de mercúrio, enquanto estes eram muito mais por Carpentier que corresponde a 8 fios de 24 metros e 2 de 8
simples de leitura, concluiu Ibanez pela conveniência de voltar metros, além de um de aço também com 24 metros, que serve
a régua monometálica que fez construir em ferra laminado,com de gabarito no estaqueamento da base. Há uma série de tripés
a forma de um T invertido, com quatro termômetros embutidos, de referência e 1 ou 2 pares de tripés tensores, e ainda uma
e nível de bolha. luneta e pequenas miras apropriadas para o nivelamento dos
Os irmãos Brunner também construíram em 1900 uma régua lances.
monometálica, da qual o SGE possui um exemplar adquirido O diâmetro dos fios é de cerca de 1,65 milímetros e seu peso
pela Antiga Comissão da Carta Geral do Brasil. é de 17,3 gramas por metro. Pesos de 10 quilos, suspensos por
O último e mais perfeito tipo de basímetro rígido foi o cons- cordéis que passam em roldanas, garantem a tensão constante
truído pelo norte-americano Woodward, que imaginou a colo- dos fios.
cação da rágua no interior de uma calha em forma de Y, a qual Os norte americanos, no Coast and Geodetic Survey, genera-
era cheia de gelo picado, de modo a conservar o basímetro na lizaram o emprego de trenas de invar de 50 metros, com méto-
temperatura de zero grau, eliminando assim a mais importante do e equipamento muito mais simplificado.
das causas de erro, que consistia na incerteza da temperatura Em lugar dos tripés tensores e dos pesos usam simples ala-
do metal. vancas e dinamômetros convenientemente aferidos, e ao invés
A régua era de cinco metros e apenas os extremos, munidos de tripés de referência usam as próprias estacas, que levam
de reguinhas de platina tracejada, saiam fora da calha. Embora no topo pequenas lâminas metálicas onde se traça uma linha
muito preciso o basímetro de Woodward nã era prático, princi- de fé.
DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO ANGULAR DOS EQUIPAMENTOS TOPOGRÁFICOS NBR 13133 - DIN 18723
1 - INTRODUÇÃO 2 - PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Para a determinação da classe da estação total (medição 2.1 - Obtenção dos valores angulares
angular) deve-se obter o desvio padrão de acordo com a nor-
ma alemã DIN 18723, incorporada pela ABNT na norma NBR Após a instalação do equipamento na estação central efetua-
13133 - Execução de levantamentos topográficos. -se quatro séries de observações nos alvos utilizando o método
das direções nas posições direta e inversa da luneta.
A implantação dos alvos deve contemplar:
Após cada série deve-se observar a situação de calagem do
equipamento, ajustando, se necessário.
- quatro alvos distribuídos num arco maior que 90º; Os dados são anotados em planilha ou gravado em arquivo
- distância mínima entre a estação central e os alvos deve ser específico na memória da estação total.
de 185 m;
- distâncias iguais entre a estação central e os alvos; 2.2 - Procedimentos de cálculos
- alvos posicionados num mesmo plano horizontal;
- estação central e alvos posicionados em pilares de centragem Para apresentação dos cálculos serão utilizados os dados
forçada. publicados na NBR 13.133 para o teodolito TC 1000 e deter-
minados no laboratório de aferição da USP, com as devidas
correções.
b - Medições reduzidas
a - Primeira série
vv corresponde ao quadrado de v
Corresponde ao quadrado de d
[d]2 = 0,882 = 0,77”
Cálculo de v Cálculo de dd
Corresponde ao quadrado de d
Para o primeiro ângulo
Cálculo de v
dm = 2,88”
S = 4 (número de observações)
Cálculo de d
S[d]2 = 16,17”
Para o terceiro ângulo
(vv) corresponde a soma de todos vv
[vv] 15,61”
A Organização Internacional de Padronização, popularmente A estrutura regulatória da ISO encontra-se dividida em 249
conhecida pelo nome ISO, ao longo de sua história, consolidou- Comitês Técnicos (TC), com cada um deles responsável por
-se como uma das principais instituições regulatórias internacio- apenas um assunto normativo específico. Dentro de cada um
nal, com trabalhos desenvolvidos para gerenciar e auxiliar as desses TC, existem Subcomitês Técnicos (SC), cuja função é
diversas áreas de produção de bens e serviços da sociedade particularizar os assuntos referentes a cada TC.
moderna. A partir dos TC e SC, os países membros de cada um de-
A história da ISO teve início no ano de 1947, com a união de les podem estabelecer Grupos de Trabalhos (WG), que serão
outras duas agências reguladoras da época, que eram: a Inter- responsáveis por desenvolverem e atualizarem regras interna-
national Federation of the National Standardizing Associations cionais, conforme as necessidades discutidas pelos membros
(ISA), com maior foco de atuação no continente europeu e o participantes dos grupos responsáveis. Atualmente, os WG são
United Nations Standards Coordinating Committee (UNSCC), responsáveis por estabelecerem mais de 21.000 regras e por
com atuação apenas dos países das forças aliadas na Segunda estarem trabalhando em mais de 4.000 novas normas e pa-
Guerra Mundial. drões.
O objetivo inicial da ISO era estabelecer um órgão de coor-
denação e unificação dos padrões e normas de produção para Padronizações para instrumentos topográficos e
todo o mundo. No decorrer dos anos, esse objetivo foi se mo- geodésicos
dificando de acordo com as necessidades de seus membros,
como por exemplo, a inclusão dos padrões utilizados mundial- Com o objetivo de auxiliar nas atividades de desenvolvimento
mente para a gestão de qualidade - ISO 9000 e a elaboração de regulatórios, a ISO opta por agrupar assuntos similares em um
normas para o controle e gerenciamento ambiental e social dos mesmo TC. Desta maneira, um assunto pode ser inicialmente
processos de produções industriais. discutido em um ambiente geral e, por meio dos subcomitês
A participação nos trabalhos da ISO é aberta para todos os (SC), serem discutidos mais especificamente, de acordo com
países que tiverem interesse em auxiliar no desenvolvimento as necessidades da comunidade.
de normas e padrões internacionais. No entanto, essa partici- A regulamentação dos instrumentos topográficos e geodési-
pação é limitada a apenas uma agência de padronização por cos, por exemplo, são de responsabilidade geral do TC 172,
país membro. Deste modo, em sua maioria, a agência de pa- que aborda as necessidades mundiais referentes a Óptica e a
dronização mais especializada de um país é inscrita como a Fotônica. Em razão da necessidade de regras específicas so-
participante para responder aos trabalhos da ISO. O Brasil faz bre esses instrumentos, os dirigentes desse comitê estabelece-
parte da organização como Membro Efetivo por meio da agên- ram o SC 6 - Geodetic and surveying instruments, responsável
cia Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). por normatizar as necessidades referentes aos instrumentos
Nos dias atuais, a ISO é composta por 164 países membros, topográficos e geodésicos.
aproximadamente 84% dos países do globo, que se dividem em O TC 172/SC 6 se concentra nos instrumentos topográficos e
três categorias de associação na organização: Membros Efeti- geodésicos ópticos e, atualmente, possui 17 regulamentações,
vos (Full Members), que participam e influenciam diretamen- das quais 15 estão completas e 2 em processo de desenvol-
te na elaboração das regras internacionais; Membros Corres- vimento. Em relação às regulamentações dos equipamentos,
pondentes (Correspondent Members), que utilizam e adotam presentes no TC 172, pode-se destacar a ISO 17123 - Procedi-
todos os produtos regulatórios da ISO e Membros Assinantes mentos de campo para verificação de instrumentos topográficos
(Subscriber Members), cujos associados têm permissão para e geodésicos - que é dividida em 9 partes para melhor abranger
se manter atualizados com as regras até progredirem para ou- as necessidades da topografia e da geodésica, conforme des-
tra categoria de membro. crito na Tabela 1.
Tabela 1 – ISO 17123 - Procedimentos de campo para verificação de O subcomitê 6 também normatiza, de maneira específica, os
instrumentos topográficos e geodésicos. acessórios para os instrumentos topográficos e geodésicos,
quanto a suas dimensões, materiais, processos de fabricação,
Versão Objetivo funcionalidades e limitações de seus usos. Tem-se assim o
conjunto de normas ISO 12858 - Acessórios para instrumentos
Esta norma orienta e
geodésicos, conforme apresentado na Tabela 2.
apresenta regras ge-
rais para o processo
ISO 17123-1:2014 Teoria
de avaliação e exibi- Tabela 2 – ISO 12858 – Acessórios para instrumentos geodésicos.
ção das incertezas
das medições para
as demais partes da Versão Objetivo
ISO 17123. Miras Invar para Padronizar e regula-
ISO 12858-1:2014
ISO 17123-2:2001 Níveis Nivelamento mentar os acessórios
Cada uma destas para permitir uma in-
ISO 17123-3:2001 Teodolitos normas, especifica ISO 12858-2:1999 Tripés
teroperabilidade faci-
Medidores de distân- procedimentos de litada para as ativida-
ISO 17123-4:2012 campo a serem ado- ISO 12858-3:2005 Bases Nivelantes
cia eletrônicos (EDM) des de mensuração
tados e realizados
ISO 17123-5:2018 Estações Totais com o objetivo de
Por meio destas normas, as agências reguladoras nacionais
avaliar e determinar
ISO 17123-6:2012
Níveis Laser Rotati-
a precisão dos instru-
buscam estabelecer a utilização e a realização de trabalhos
vos
mentos, assim como topográficos e geodésicos, de maneira eficiente e com qualidade.
Instrumentos de Pru- a qualidades dos Para isso, vale ressaltar a necessidade da aproximação dos
ISO 17123-7:2005
mo Óptico acessórios que forem usuários com as regras estabelecidas pela agência normativa
Sistemas de Me- utilizados nas ativida- nacional, ABNT, que estabelece suas normas segundo as
ISO 17123-8:2015 dições de Campo des de medições, de definições determinadas pela ISO e seus membros.
GNSS RTK maneira a possibilitar Da mesma forma, recomenda-se aos leitores consultarem,
o uso com qualidade
Instrumentos de Var- sempre que possível, as diretrizes das normas indicadas nas
dos equipamentos de
ISO 17123-9:2018 redura a Laser Ter-
mensuração.
tabelas 1 e 2 para garantirem a qualidade de seus instrumentos
restre e de seus procedimentos de campo.
1.2.5 - Geodésia Anaxágoras foi condenado a prisão por afirmar que “o Sol
é uma pedra incandescente, maior que o Peloponeso (penín-
Geodésia é a parte da agrimensura que tem por objetivo o sula do sul da Grécia), que a Lua é feita de terra e não tem luz
estudo da forma e dimensões da terra. própria”. Suas afirmações feriam conceitos religiosos da época.
A geodésia devide-se em:
Aristarco de Samos
- geodésia superior;
- geodésia elementar. Aristarco foi astrônomo e matemático Grego do século II a.C.
. Foi acusado de molestar os deuses por sua afirmação, a pri-
1.2.5.I - Geodésia superior meira na história, da existência dos movimentos de rotação e
translação da Terra. Aristarco é denominado de “Copérmico da
A geodésia superior, de cunho meramente científico, estuda Antiguidade”.
a forma e dimensões da terra, gravimetria, deslocamento dos
continentes, estuda e monitora falhas geológicas que provocam Pitágoras de Samos (580 - 500 a.C.)
os terremotos. A geodésia utiliza-se de satélite para obtenção
de medidas de alta precisão. (Geodésia Celeste - GPS). Pitágoras foi filósofo e matemático grego e fundador da es-
1.2.5.II - Geodésia elementar cola de Crotona.
A geodésia elementar, ou geodésia aplicada, procura deter- Tales de Mileto (Século VI a.C.)
minar, com precisão, a posição de pontos sobre a superfície
terrestre, levando em consideração a sua forma, fornecendo Tales foi filósofo e matemático grego. Juntamente com Pitá-
para a topografia uma rede de pontos para esta apoiar os seus goras defendia a esfericidade da Terra, e, que a mesma girava
levantamentos topográficos. em torno do Sol.
Os vértices da REDE GEODÉSICA podem ser de 1ª, 2ª e 3ª
ordem (em função da precisão) e estão amarrados num ponto Aristóteles (384 - 322 A.c.)
chamado “Datum”.
Aristóteles, filósofo e matemático grego, admitia a esfericida-
Datum de da Terra considerando-a imóvel. Por se tratar de um gênio
da filosofia e matemática, suas idéias foram preservadas por
Datum é o ponto de partida de uma rede geodésica. No Brasil muito tempo.
o Datum está localizado em Chuá (próximo a Uberaba) no Es-
tado de Minas Gerais. Arquimedes de Siracusa (287 - 212 a.C.)
Distinção entre geodésia e topografia Arquimedes foi o maior matemático da antiguidade, concebia
o universo na forma de uma enorme esfera, com centro na Ter-
A geodésia, em seus trabalhos, leva em consideração a for- ra, considerada imóvel, e raio igual a distância da Terra ao Sol.
ma da terra, enquanto a topografia, que tem a sua atuação res-
trita a pequenos trechos da superfície terrestre, considera este Erastótenes (276 - 175 a.C.)
trecho como sendo plano. A este plano dá-se o nome de PLA-
NO TOPOGRÁFICO. Erastótenes foi matemático, astrônomo e geográfo grego. Foi
diretor da Biblioteca de Alexandria. Determinou a inclinação da
1.2.6 - Forma e dimensões da terra eclítica, investigou as medidas da Terra e calculou o meridiano
terretre.
A Terra tem a forma aproximada de um esferóide com acha- Erastótenes observou que em Syene, situada na margem
ZA = 1/50 da circunferência
Sendo d = 5.000 estádias e π = 3,16
ZS = 0 O valor de π conhecido por Erastótenes era dado por:
256
=
π = 3,16
81
Efetuando os cálculos
R = 39.556,96 estadios
R = 6.210 Km
Figura 02 Posição do Sol em Alexandria e Syene Cassini, astrônomo francês, diretor do Observatório de Paris,
ao prosseguir os trabalhos de triangulações iniciados por Picard
∆Φ =ΦA - ΦS concluiu que o comprimento de um arco de meridiano diminuia
com o aumento da latitude o que fornece para a Terra um acha-
∆Z = ZA - ZS = 1/50 circunferência tamento no equador e alongamento nos polos.
Duas expedições científicas foram organizadas em 1735 sob
∆Z = ∆Φ os auspícios da Academia de Ciências de Paris; uma tendo a
testa Bouger, La Condamine e Godin, efetuou no Peru,
Sendo δ a declinação do Sol que equivale ao arco, medido na que naquela época compreendia também o atual Equador,
linha meridiana, que vai do equador até o Sol. a medida de um arco de 3 graus e sete minutos, cortado pela
linha equatorial.
ZS = Φ S - δ → ZA = ΦA - δ As medidas e cálculos acabaram por indicar, para o arco de
meridiano de 1 grau, junto ao equador terrestre, o comprimento
Daí: de 110.613m.
CURSO TOPOGRAFIA BÁSICA
PRINCIPAIS ELIPSOIDES
ELIPSOIDE a b f
BESSEL 6378397,000 6356679,000 1:299,2
CLARKE 6378249,000 6356515,000 1:293,5
HAYFORD 6378388,000 6356912,000 1:297,0
UGGI 1967 6378160,000 6356774,719 1:298,25
GRS 80 6378137,000 6356752,310 1:298,25722
Xg x 9
0,71666668 x 60 = 43“ Y° =
10
daí 36.595277778° = 36° 35’ 43”
Conversão de unidades
180 x Z rad
Y° =
Conversão de grado em graus π rad
Exemplo: converter 62° 37’ 21” em grados 1.3.2 - Unidades de medidas lineares
62° 37’ 21” = 62,6225° A unidade padrão para medida linear é o metro que corres-
ponde à décima-milionésima parte do quadrante do meridiano
(passagem do sistema sexagesimal para decimal) terrestre, segundo deliberação da
Assembléia Nacional da França que adotou a par-
62,6225 x 10 tir de 26/03/1791. Em nosso País, o DECRETO n° 4.257 de
=Xg = 69,5805g 16/06/1839 regulou o assunto. Atualmente o metro é definido
9
como a quantidade de 1.650.763,73 comprimentos de onda, no
vácuo da transição não perturbada 2p10 - 5d5 do kr86.
360° ------------------- 400g No Brasil, somente a partir de 1874, foi criado por lei, o Sis-
Y° ------------------- Xg tema Métrico Decimal. No entanto, ainda hoje, são usadas as
medidas do antigo sistema metrológico em muitos estados bra-
7,57587 quadras bras. 0,4545 milhas brasil. 1 sesmaria de mato 0,25 x 1 légua 1.089,00 ha
0,6217 milhas inglesas 0,5454 milhas métricas 1 sesmaria de campo 1 x 3 léguas 13.068,00 ha
0,1818 léguas métricas 0,1800 léguas geog. 1 quadra de sesmaria 60 braças x 1 lég. 87,12 ha
0,1515 léguas sesmaria 0,5400 milha geog. 1 légua de sesmaria 1 légua quad. 4.356,00 ha
1 légua geográfica 9 milhas quad. 3.086,40 ha
Quadra brasileira = quadra de sesmaria
1 milha quadrada - 342,935 ha
Légua brasileira = légua de sesmaria
1.3.4 - Definições e origem das unidades de medidas Os grãos de milho tendo deferentes tamanhos, segundo a
qualidade, entendia-se que um alqueire de terra, plantado com
1.3.4.1 - Acre grãos miúdos, devia ser um pouco maior do que outro, plantado
com grãos graúdos, mesmo no caso de as distâncias recípro-
Acre é uma unidade de medida de superfície empregada na cas das covas serem matematicamente exatas.”
Inglaterra e nos Estados Unidos. Equivale a 4.046,8 m2. Pouco a pouco surgiu uma certa ordem no meio deste caos.
Em 1885, só havia três qualidades de alqueires, como medidas
1.3.4.2. - Alqueire agrárias.
Na província do Rio de Janeiro usava-se, geralmente, o al-
Alqueire é uma palavra que provém do árabe “- alqueire - queire de planta de 75 braças em quadra, ou 5.625 braças qua-
medida de um saco” - deriva do verbo “cala” - medir - medição dradas, equivalentes a 27.225 metros quadrados.
de grãos. “Seis alqueires fazem um saco e sessenta um meio”. Em Minas emprega-se ainda o chamado alqueire mineiro de
(conforme o dicionário crítico e etmológico da língua Portugue- 100 braças em quadra, ou 48.400 metros quadrados, e era
sa). São Paulo, o alqueire paulista, equivalente à metade do alquei-
Em Portugal, admitia-se oficialmente o alqueire como equiva- re geométrico ou a 24.200 metros quadrados.
lente a 27 vezes, mais ou menos, o volume de um cubo, cuja Afonso de Taunay, em sua obra, esclarece:
aresta medisse um décimo de braça. Era, pois, o alqueire, ad- “Num alqueire de planta contavam-se 22.500 covas de milho
mitido como equivalente a 1.744 polegadas cúbicas. de cinco grãos cada, ou, se a plantação vingasse bem, 112.500
Dividia-se o primitivo alqueire em quatro quartas, e cada quar- pés.
ta em quatro selamins. Os múltiplos do alqueire mais usados Raramente, no Brasil, se levavam em linha de conta os pés
eram a fanga (4 alqueires) e o moio (15 fangas ou 60 alqueires). de café existentes num alqueire. Não via o fazendeiro a convi-
Em nosso país (como também em Portugal), o alqueire varia- vência de fazer guias de talhões, como em Java. Isto era tanto
va de uma região para outra e, na mesma localidade, dependia mais espantoso quanto o valor de uma fazenda se calculava
às vezes da mercadoria que se desejava avaliar. pelo número de cafeeiros de diferentes idades e, não como na
O alqueire valia 36 litros para as medidas de arroz, milho e Malásia, pela produção média dos três aos cinco anos.
feijão; oscilava de 38 a 40 litros, para farinha, fubá de milho, Media-se geralmente a extensão das lavouras de café pela
tapioca etc. quantidade de milho que se tinha ou se tivera o hábito de plan-
Em Goiás, o alqueire valia 80 litros e, ainda hoje, em cidades tar entre os cafeeiros, praxe esquisita que freqüentemente cau-
do interior, os negócios são feitos na base de 50 litros para cada sava grandes enganos.”
alqueire. São também usados no interior paulista o quartel paulista e
“Segundo o que nos disse o fazendeiro João Lobo, uma quar- a tarefa.
ta de planta de arroz (20 litros) produz 130 alqueires de 80 litros, O quartel paulista é equivalente a um quarto de alqueire, e
isto é, 520 por um.” vale 6.050 metros quadrados. A tarefa é a área de campo que
No Maranhão, um alqueire de farinha chama-se paneiro (ba- um homem pode capinar num dia. Um alqueire vale 33 tarefas.
laio feito com fibras de palmeiras nativas). O chamado alqueire do Norte é a área de um quadrado de 75
“Acrescenta-se que a capacidade média, por animal, não ia braças de lado. A tarefa do Norte é a área de um quadrado de
além de sessenta quilos (dois paneiros de farinha). 25 braças de lado. A tarefa baiana é um pouco maior.
A confusão existente no antigo sistema era tão grande que Os colonos portugueses sempre usaram o alqueire como
o alqueire, em certos lugares aparecia como medida de peso. medida de volume e o
No Pará, por exemplo, valia 30 quilos para medir farinha- terreno que, na plantio, coubesse aquela medida era chama-
-d’água. do de “terreno de um alqueire”.
A dificuldade da construção de um recipiente que contives-
Alqueire (medida agrária) se a quantidade de grãos de um alqueire” fez com que fosse
construído um um recipiente menor e daí surgiu a “quarta” ou
O alqueire, como medida agrária corrente no Brasil cafeei- seja a quarta parte do alqueire. Também na medida de terra
ro, era realmente uma medida de capacidade. prevaleceu o nome de “quarta” a área que levasse sua medida
Por analogia entendia-se que um alqueire de terra vinha a em plantio. Da mesma maneira, o litro. Plantado o terreno com
ser a superfície necessária para um operário rural plantar um a cultura mais usual na época, o milho, a área foi medida em
alqueire de milho, em montes de cinco grãos cada um, numa braças ou varas e daí surgiu a expressão de alqueire de tan-
distância de 5 palmos de cova ou 10 metros em quadra. tas braças em quadra. A diferença na medida real do alqueire
Acontecia, porém, que um alqueire de terra dependia da me- provém de vários fatores: Primeiramente o tamanho do saco
dida de capacidade e da espécie de milho a semear. Por isso, pode ser de 40, 50, 60, 70 , 80 litros, etc.. Em milho, estas me-
nem sempre um alqueire de terra correspondia à mesma área. didas correspondem a 32 Kg, 40 Kg, 48 Kg, 56 Kg, 64 Kg, etc...
Na zona de Santos (São Paulo), por exemplo, plantava-se o Como o milho era plantado em covas distantes uma das outras
milho em losango, a uma distância recíproca de seis palmos a medida de uma cabo de enxada, a área para se plantar um
ou 1,32 m. alqueire de semente variava muito. Em primeiro lugar porque o
Como medida de capacidade, devia um alqueire conter 36,27 número de semente por litro depende de ser a mesma graúda
litros. No entanto, na cultura cafeeira era como se contivesse de ou miúda; o número de grãos por cova, 3, 4, 5 ou 8; depende
45 a 50 litros, segundo as praxes locais. também do tamanho do cabo da enchada pois este varia com
“Geralmente estendia-se que um alqueire de café, ou de mi- a estatura do lavrador.
lho, media 45 litros. Se tinha em vista uma medida de 50 litros, De maneira geral, em Minas Gerais a medida mais comum
de tal se fazia expressa menção, como se dava com os contra- do alqueire correspondia a 50 litros e o seu plantiu era feito em
tos de trabalho. 10 tarefas. Cada tarefa corresponde a 25 braças em quadra ou
sejam 55 x 55 metros igual a3.025 metros quadrados. Assim o por um retângulo de lados muito variáveis. Equivale a 16 parte
alqueire de 50 litros de planta de milho correspondente a dez do alqueire. Em SC, PR e Mato Grosso, esta unidade também
tarefas, tem a área de 30.250 metros quadrados ou 3,0250 hec- é conhecida por SURUMIM.
tares e o litro corresponde a 605 metros quadrados.
O chamado alqueire paulista de 40 litros corresponde a área 1.3.4.12 - Data de terras
de 40 x 605 m = 24.200 metros quadrados ou seja 2,42 hec-
tares e equivale a 100 x 50 braças. O denominado alqueire Data de terras é a designação antiga da área, geralmente
mineiro de 4,84 hectares contém 80 litros e mede 100 braças retangular, caracterizada pela metragem de testada e de fundo.
em quadra. O alqueirão do nordeste de Minas Gerais mede 200 Exemplo: uma data de 800 com meia légua, exprime uma área
x 200 braças o que equivale a 19,36 hectares correspopn- de 800 braças de testada por 1.500 braças de fundo. Em Minas
dente a 320 litros. Gerais, São Paulo e Paraná a data varia de 20 a 22 m por 40
a 44 metros.
1.3.4.3 - Braça
1.3.4.13 - Hectare
A braça é uma unidade de medida de comprimento do antigo
sistema de pesos e medidas e corresponde a extenção dos Hectare é uma medida agrária do SISTEMA MÉTRICO DECI-
braços abertos, que no Brasil equivale a 2,20 metros. MAL que equivale a superfície de um quadrado de 100 metros
de lado ou 10.000, 00 metros quadrados.
1.3.4.4 - Braça quadrada
1.3.4.14 - Jarda
Braça quadrada é a área correspondente a área de um retân-
gulo de uma braça de lado. Jarda é uma unidade de medida nos foi legada pelos Anglo-
1.3.4.5 - Braça sesmaria -saxônicos e significa a medida da cintura. Equivale a 0,91438
m.
Braça de sesmaria é a área correspondente a de um retângu-
lo de uma braça de frente por uma légua de fundo. 1.3.4.15 - Jeira
1.3.4.6 - Centiare Jeira expressa a área de terreno que uma junta de bois pode
lavrar por dia. Antiga medida agrária portuguesa, que varia con-
Centiare é a centésima parte do are ou seja, 1 metro qua- forme o País. No Brasil equivale a área de 400 braças quadra-
drado. das.
Cinquenta é uma unidade de medida agrária, empregada na A linha corresponde a duodécima segunda parte da polegada.
Paraíba, e equivale a área de 50 x 50 braças, também chamada
de quarta no Rio Grande do Norte. 1.3.4.17 - Légua
Celamim é uma unidade derivada de um padrão agrário Por- O lote colonial é empregado para designar a área de terre-
tuguês sendo o mais usado o de 12,5 x 25 braças. Esta unidade no com dimensões definidas em lei, destinada ao estabeleci-
não têm dimensões certas, definida ora por um quadrado, ora mento de imigrantes. Há variações em suas dimensões, sendo
Morgo é uma unidade de superfície empregada no estado de Quarta é uma unidade agrária empregada no Rio grande do
Santa Catarina, equivalente a 0,25 ha ou seja um quadrado de Sul, equivalente à área de 50 x 50 braças; na Paraíba recebe
50 metros de lado. a designação de cinquenta. No Paraná a quarta vale 50 x 25
braças.
1.3.4.25 - Nó
1.3.4.37 - Sesmaria
Nó é uma unidade de velocidade, equivalente a uma milha
marítima por hora. Sesmaria é a designação empregada no Brasil Colônia para
glebas cedidas a particulares, sendo muito variável a sua
1.3.4.26 - Palmo
superfície; pela Carta Régia de 27 de dezembro de 1665, a ses-
maria equivalia a 4 léguas quadradas, correspondente à área
Palmo é uma unidade de comprimento do ASPM equivale a
de uma superfície retangular de 1 légua testada por 4 léguas de
dimensão de 22 a 24 cm. Representa a distância média entre o
polegar e o mínimo no seu afastamento máximo. fundo. Pela Carta Régia, de 7 de dezembro de 1697, as dimen-
sões foram reduzidas para 3 léguas de fundo. Com o tempo
1.3.4.27 - Polegada e os estados, alteravam-se as dimensões das sesmarias. Em
Mato Grosso usavam-se:
A polegada traduz o termo inglês “inch” e corresponde a
segunda falange do polegar (2,54 cm). 1.3.4.38 - Sesmaria de mato
1.3.4.29 - Passo Geométrico A sesmaria de campo é formada por 1 légua de frente por
léguas de fundo.
Passo geométrico é uma antiga medida linear que valia a mi-
lésima parte de milha. Equivale a 5 pés. 1.3.4.40 - Saco
A medida de terrenos usando o palmo ou pé era, em épocas No Brasil e Portugal 1 vara equivale a 5 palmos.
passadas, uma tarefa trabalhosa. Na Argentina cada província usava distintos tipos de varas.
Para estas medidas tomava-se uma haste de madeira, com Santa fé 1 vara 0,8620 m
5 palmos de comprimento (Portugal) ou dezesseis pés (Ingla-
Entre Rios 1 vara 0,8685 m
terra), e denominava-se de vara. Surgia, assim, uma nova uni-
dade de medida linear - a vara - que não passava, afinal, de um Corrientes 1 vara 0,8662 m
múltiplo da unidade principal. Muitas divergências sobre terras Córdoba 1 vara 0,8483 m
eram levadas ao juiz. O magistrado deveria possuir um padrão San Luis 1 vara 0,8361 m
rigoroso que merecesse a confiança dos litigantes.
La Rioja 1 vara 0,8422 m
As medidas eram fixadas de acordo com a vara do juiz. Cada Catamarca 1 vara 0,8361 m
juiz tinha a sua vara da justiça. A vara, que era, a princípio, um SantiagoDel Estero 1 vara 0,8673 m
padrão de medida, passou a ser, mais tarde, a insígnia dos jui-
zes. Daí o termo vara da justiça - primeira vara, segunda vara Tucuman 1 vara 0,8620 m
etc. Salta 1 vara 0,8611 m
Jujuy 1 vara 0,8306 m
Comprimento da vara
San Juan 1 vara 0,8361 m
O comprimento da vara variava de um país para outro. Mendoza 1 vara 0,6361 m
Na Inglaterra, em 1514, um rei oficial fixava o comprimento
exato da vara para uma comunidade, cuja medida seria equiva- Após a adoção do Sistema Métrico Decimal a vara foi padro-
nizada, em todo território argentino em 0,866 m. o alqueire usual é de 18 litros, outros de 50 litros, outros de
60, outros de 120 e em outros até 180 litros. Este tipo é adotado
Conversão de alqueire em hectares no estado de Minas Ge- geralmente em zonas em que, não sendo as terras medidas e
rais - Portaria n° 509 de 15/03/39 demarcadas, se fixou por convenção, uma medida de superfí-
cie baseada na plantação, isto significa que, nessas regiões, o
Expede instruções para a conversão em hectares dos alquei- alqueire e medida ideal variável de acordo com o número de
res de terras. litros de planta que comporta, ou, o 0 que é o mesmo, e função
do plantio segundo os costumes locais.
O Secretário das Finanças do Estado de Minas Gerais, usan-
do de suas atribuições, tendo em vista dúvidas que têm Justamente dessa diversidade de medidas usuais de superfí-
sido levantadas sobre a conversão em hectares dos alqueires cie, variáveis de região a região, e quase sempre de município
de terras adotados como medidas de superfície nas diversas a município, é que surge a necessidade de, respeitando os usos
regiões do Estado e considerando a conveniência de se conver- e costumes de cada lugar, convertê-las todas, para os fins de
ter em uma só medida - o hectare - essas outras em uso para o lançamento e de cadastro, reduzindo-se a uma medida padrão.
fim de uniformizar a escrituração dos lançamentos do imposto Daí o recorrer-se, para esse fim, a uma medida de superfície
territorial e da taxa de ocupação das terras devolutas e de pos- baseada no sistema métrico decimal: o hectare.
sibilitar o levantamento do cadastro da propriedade territorial no 2 - Tomando-se como ponto de partida o alqueire geométrico
Estado, resolve expedir as seguintes instruções; (100 x 100 braças) e que convertido no sistema métrico tem 4
hectares e 84 ares, comportando 80 litros de planta, verifica-se,
1 - No Estado de Minas Gerais, são usados, diversos tipos de que a área ocupada por um litro de planta é de 605 metros qua-
alqueires de terra, que podem reduzir-se a três principais: drados. Estabelecida esta base de conversão, fácil será a cada
coletor, em seu município, converter em hectares as áreas que
a) O ALQUEIRE GEOMÉTRICO - de 100 x 100 braças, que aparecem declaradas em alqueires e que, em consequência de
contém 48.400 metros quadrados ou sejam 4 hectares e 84 medição, não teriam sido convertidas nesta medida usual. Bas-
ares comportando 80 litros de planta. Este tipo de alqueire é ta, para isso, que o coletor saiba quantos litros tem o alqueire
principalmente usado na zona da mata e em outros pontos do em seu município.
Estado que funcionaram divisões de terras e colonização, para
medição e legitimação de terras devolutas; Exemplo:
Se no município, o alqueire é de 80 litros, contém 4 hectares
b) O ALQUEIRE PAULISTA - de 50 x 100 braças, que con- e 84 ares; se é de 48 litros, e hectares, 90 ares e 40 centiares;
tém 24.200 metros quadrados, ou sejam 2 hectares e 12 ares, se é de 180 litros, 10 hectares e 89 ares.
comportando 40 litros de planta. Este tipo é adotado quase
geralmente no sul do Estado, existindo, no entanto, em outras Ë suficiente, pois, multiplicar 605 metros quadrados (área
regiões; ocupada por um litro de planta) pelo número de litros, que
cada
c) O ALQUEIRE DE PLANTA - variável de região a região, alqueire comporta de semeadura, no município, e dividir o re-
em que os dois tipos anteriores não são adotados e que se sultado por 10.000, que se obterá o número de hectares e seus
amolda aos usos locais. Ë assim que há municípios nos quais submúltiplos correspondentes a cada alqueire.
Módulos:
01 - Fundamentos de Matemática e Geometria Aplicada a 10 - GPS - Fundamentos e Aplicações (dois tomos)
Topografia (dois tomos) 11 - Desenho Técnico Topográfico
02 - Fundamentos de Topografia 12 - Topografia de Minas e Túneis
03 - Levantamento Topográfico 13 - Fotogrametria e Sensoriamento Remoto
04 - Cálculo de Poligonais e Áreas 14 - Hidrometria e Batimentria
05 - Divisão de Glebas, Loteamento e Desmembramentos Urbanos 15 - Composição de Custos - Propostas e Editais para Serviços de
06 - Topografia de Estradas Topografia
07 - Determinação do Azimute Verdadeiro 16 - Altimetria com GPS
08 - Fundamentos da Geodésia 17 - Processamento e Dados GNSS
09 - Sistemas de Coordenadas UTM, RTM e LTM 18 - Processamento de Poligonais Topográficas
Valor: R$ 150,00
Adquira o DVD na loja virtual da Revista A Mira
www.amiranet.com.br/loja