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RESUMO
O objetivo desta pesquisa é fazer uma análise crítica sobre o ensino da Gramática a
partir da proposta dos PCN’s dialogando com vários autores que propõem uma metodologia
intertextual. Sabe-se que ao longo dos anos tem-se deparado, no ensino da Língua Portuguesa
normas dissociadas da sua realidade sem nenhum vínculo com a leitura e a produção de
ensino prazeroso? Pretende-se no presente estudo dar uma abordagem histórica do ensino da
importância perceber que é possível trabalhar a Gramática de forma contextualizada sem fugir
INTRODUÇÃO
método mais adequado no contexto atual, devido à percepção de deficiências dos alunos em
relação ao conteúdo estudado. Assim esta pesquisa visa perceber a real necessidade e
Mesmo fazendo parte da trajetória escolar do aluno, a gramática acaba não sendo
entendida como deveria, por isso é vista de forma polêmica, gira em torno de como o
conteúdo é passado em sala de aula, realidade vivida pelos alunos do ensino fundamental e
médio.
transmissão das regras é necessária para o aprendizado, mas apenas seria interessante adequá-
raciocínio, com perspectivas para que os mesmos exponham seus pontos de vista, como
produzir e difundir idéias. De acordo com essas discussões sobre o ensino de gramática, fica
notória a necessidade de trabalhar de forma mais contextualizada, por isso cabe aos
aplicada, para que os mesmos não venham sentir tantas dificuldades ao uso das regras
gramaticais em seu dia-a-dia, sabendo-as usar de forma clara e objetiva de acordo com o
contexto inserido.
prescrições como a única “forma correta” de realização, as quais categorizam outras formas
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possíveis como “errada”. Com isso o ensino tradicional da gramática normativa nas escolas
A norma padrão virou “termômetro” medidor de status. Porque aqueles que não a
dominam certamente não correspondem a categoria dos cidadãos bem vistos detentor do ter e
do poder, classe distinta que se acha no direito de controlar e manobrar as pessoas falantes do
preservar formas lingüísticas, o que só contribui para aumentar o sentimento de baixa estima
na aprendizagem dos alunos que acreditam falar mal o português e que o mesmo é uma das
portuguesa, que propõe uma discussão sobre o ensino da gramática, depende também da
portuguesa, que nem sempre é adequada. Trata-se também da norma padrão e o preconceito à
que vai do século XVI ao século XIX, numa relação de interdisciplinaridade, mas
influência em outras ciências como a Psicologia, a Sociologia e a Ciência Política. Por isso é
conhecimento dos diversos campos científicos para “favorecer o restabelecimento dos fatos
colonização era Portugal quem ditava as normas do saber. Por isso o “o discurso gramatical é
tratado sob o prisma político, à medida que o gramático, enunciador social, aparece como
saber que é a língua portuguesa; ou como um discurso pedagógico, à medida que o gramático
jurídico, à proporção que ele como legislador, estabelece normas e regras a serem seguidas
também uma metodologia inovadora a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais que nos
normatização pura e simplesmente não responde mais aos anseios de estudantes e educadores
no mundo globalizado. Sendo assim, o método da proposta para o ensino da gramática que
surge a partir dos PCNs, acredita-se ser ideal e só faz sentido a partir do momento em que
conhecimentos lingüísticos que um usuário da língua tem internalizados para uso efetivo em
2007, p.15)
objetivo apoiar discussões e desenvolver um projeto educativo nas escolas sobre uma reflexão
e prática pedagógica. Nele fica evidente que a questão do ensino da língua portuguesa em
nosso país está em foco a bastante tempo, porém, entre interpretações adversas, encontram-se
as demasiadas repetições, num repasse de conteúdo, bem como os conceitos vistos sob a ótica
dos lingüísticas. Por isso ele já está confirmado e reconhecido como integrante de uma
cultura, articulando a vida social dos alunos ao sistema da língua com sua necessidade de
aprendizagem.
almejam restaurar no espaço da sala de aula o processo de interlocução ativa para que haja
uma nova percepção das formas de ensino. Por isso que é preciso formar estudantes visando
entender que a aula de Língua Portuguesa não constitui um universo somente: ela deve ser
Refletindo sobre o ensino posto em prática pelas escolas, seja pública ou particular,
verifica-se uma prática lastimável que é preencher o espaço do aluno com algo inútil, confuso
arcaica, cheia de regras que muitas vezes se contradizem com a prática empregada no seu uso
diário e sem nenhum significado ou aplicabilidade no cotidiano dos alunos que, por sua vez,
conteúdo continuou o mesmo. Percebe-se que a mesma tem sido privilegiada e enfocada
sempre como uma obra acabada, sem considerações para que possíveis pontos de vista sejam
cumprido, cuja proposta está desconectada com a aplicação, ou seja, livros didáticos
preparados para serem consumidos sem que se tenha uma visão clara e crítica do que se
aplica.
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o ensino fundamental é comprovado que chegam ao ensino médio sem o domínio da norma
Em resumo poderíamos enunciar uma espécie de lei, que seria: não se aprende por
exercícios, mas por práticas significativas. Observamos como esta afirmação fica quase
óbvia se pensarmos em como uma criança aprende a falar com os adultos com quem
convive e com seus colegas de brinquedo e de interação em geral. O domínio de uma
língua, repito, é o resultado de práticas efetivas, significativas, contextualizadas.
(POSSENTI, 1998, p.47)
norma culta da língua portuguesa se faz necessário, pois trata-se de uma ferramenta a ser
utilizada nos contextos de produção de textos formais, já que é do nosso conhecimento que
grande parte dos alunos sentem dificuldades em aplicar a norma padrão nos textos que
produzem.
conscientemente sobre o uso da língua que este já domina, mesmo sem fazer o uso das regras
gramaticais existentes.
Diante dos fatos abordados, qual seria o método de ensino mais adequado a ser
alunos, colocando o objeto de estudo dentro de um universo em que ele faça sentido. Envolver
Contudo a escola, por ser um regulador social e uma fonte obrigatória de meios e
recursos para ascensão social de seus alunos, tem a obrigação de manter o cuidado com a
adequação social do produto lingüístico dos mesmos, pois ela tem como objetivo garantir uma
nova metodologia, começando a incentivar aos professores de Língua Portuguesa para que
eles possam ensinar de modo contextualizado, fazendo com que os alunos sintam-se
Por fim, a solução não seria abolir a gramática da sala de aula, ela é fundamental,
pois muitos professores acreditam que ela possui suas correlações na vida cotidiana do aluno,
uma vez que estando seguro de seu funcionamento, bem como o uso das regras e exceções
prática da leitura e de escrita que devem ser fundamentada pelos conceitos gramaticais,
portanto, cabe ao professor encontrar métodos mais dinâmicos criativos e eficiente de passar o
conteúdo, para que assim o aluno venha obter um aprendizado de forma satisfatória.
No ensino do português brasileiro existe um mito que há muito tempo vem causando
um sério estrago na nossa educação, é o mito da unidade lingüística, pois não se fala uma
língua, já que existem mais de duzentas línguas ainda faladas em diversos pontos do Brasil
pelos sobreviventes das antigas nações indígenas. Além disso, muitas comunidades de
imigrantes mantêm viva a língua de seus ancestrais. Nesse sentido, “não existe nenhuma
língua que seja uma só, isso quer dizer que aquilo que a gente chama por comodidade, de
entre si, mas com algumas diferenças que são chamadas variedades” (BAGNO, 2005, p.18-
19)
Essas e outras diferenças existem entre o português falado, por exemplo as pessoas
Além das variedades geográficas, temos outros tipos de variedades como de gênero, sócio-
econômicas, etárias, de nível de instrução, urbanos, rurais e outras. A língua modifica quando
é falada por tipo de pessoas diferentes, cada uma tem a sua língua própria e exclusiva, por isso
não pode deixar que ela se separe da comunidade a qual está inserida.
norma-padrão, ou seja, uma norma para que o modo ideal da língua seja usado pelas
português na escola. Sendo assim a norma padrão teve seu itinerário, conforme afirma Marcos
Bagno:
Tudo isso fez com que o português formal empregado pelas classes sociais privilegiadas de algumas
cidades da região Sudeste, começasse a ser considerado o modelo a ser imediato, a norma a ser
seguida, o português-padrão do Brasil. E é por isso que as variedades de outras regiões, como a
nordestina, por exemplo, são consideradas “engraçadas”, pois o modo de falar do caipira é diferente,
para as pessoas do Sul, os quais consideram o falar nordestino errado que é um preconceito. (2005,
p.21)
O ensino da língua portuguesa no Brasil enfrenta alguns obstáculos que são frutos do
preconceito em relação a fala, características das várias regiões. Existe uma riqueza intrínseca
no falar do brasileiro, ou seja, de norte a sul do país temos falares ricos e cheio de variedades
Por outro lado o ensino da Língua se deparou sempre com uma questão dialética
quanto ao seu ensino: a norma culta ou padrão que se estabelece nas escolas como modelo e a
seu contexto, no qual a gramática normativa tornou-se o grande referencial teórico. Portanto o
No entanto, o ensino da gramática deverá questionar sempre “O que se tem como meta e
objetivos de ensino da língua materna? O que fazer em sala de aula face às variedades
lingüísticas? O ensino da gramática pode ser feito sempre como algo desvinculado do ensino
grande equívoco: utilizar a língua para o seu bom uso no sentido do domínio escrito e falado.
Conforme nos lembra Travaglia “Os critérios de bom uso no sentido da adequação à situação
de interação comunicativa não são muito levados em conta. Tais normas são baseadas no uso
Vale ressaltar também que a norma padrão da língua estabelece princípios a partir do
português falado em Portugal e segue as regras lingüísticas vindas de lá. Daí ter-se um grande
considerada dona da língua. Sendo assim constata-se que: “As regras gramaticais
consideradas ‘certas’ são aquelas usadas por lá que servem para a língua falada lá, que
retratam bem o funcionamento da língua que os portugueses falam”. (BAGNO, 1999, p.26-
27)
preconceito não só lingüístico, mas também social. Ele é fruto da não valorização do falar não
padrão que está presente principalmente nas camadas mais pobres da população. São pessoas
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língua, como português culto, falado por grupos sociais em melhor posição sócio-econômica e
o português popular usado pelos grupos sociais em situação oposta. Estas qualificações
carregam consigo uma bagagem preconceituosa, tendo em vista que não existe grupo humano
sem cultura. Encadeia-se, pois, uma imensa escola separatista que enquadra os falantes cultos
“incultos”. Vale ressaltar que tudo gera em torno do preconceito lingüístico. Não se pode
afirmar que um falante do português popular não sabe português, fala sem gramática, fala
errado ou mesmo não sabe falar, pois falar é da natureza humana e a variante popular é tão
gramaticais, pois a mesma é vista como instrumento fundamental para o domínio padrão culto
da língua. Com isso fica pressuposto que um indivíduo que fale e escreva bem sabe gramática
podendo assim ascender-se socialmente. Já aquele que não domina as regras gramaticais
certamente não será visto como um cidadão detentor do conhecimento. “É preciso saber
padronizadas e orientadas por uma gramática que nos ajuda quanto ao uso correto das
mesmas, é tanto que é considerada como uma unidade. Mas nem sempre o uso da gramática
normativa condiz com a realidade do aluno, pois não é necessário saber todas as regras da
Os alunos quando chegam à escola, já chegam falando, mesmo porque a escola não
ensina a língua materna a ninguém. A escola recebe alunos que já falam, então cabe a mesma
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respeitar o modo de falar das pessoas e não discriminar, porque nenhuma língua é falada do
mesmo jeito em todos os lugares, assim como, nem todas as pessoas falam a própria língua de
maneira idêntica e os alunos que falam dialetos desvalorizados são tão capazes quanto os que
É claro que quando utiliza-se a escrita, deve-se escrever de acordo com a ortografia
oficial, ou seja, usando as regras da gramática normativa. Não se pode justificar o ensino da
gramática como a única fonte de conhecimento para que os alunos venham a escrever ler ou
falar melhor, porque isso não condiz com a realidade dos mesmos nem sempre quem sabe
escrever bem tem o domínio das regras gramaticais. Sendo uma das medidas para que esse
objetivo seja atingido é escrever e ler constantemente para que seus conhecimentos venham
desenvolvam nos alunos a competência discursiva, dessa variação que é própria da história e
tradicional, para que já comece a acolher como igualmente válidas e corretas as formas
mudança que ocorrem em toda e qualquer língua viva do mundo. Trata-se portanto de
povo, envelhece e precisa ser renovada e reconstituída, com base em critérios científicos e
lingüístico irá diminuir cada vez mais, fazendo com que as variedades das pessoas populares
sejam valorizadas.
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a intrínseca relação existente entre a língua materna, enquanto patrimônio do povo português,
que por sua vez, é fruto da adequação do latim vulgar às línguas pré-existentes dos povos
dominados pelo Império Romano e, por outro lado o português brasileiro que é cheio de
consideradas primitivas podem ser classificadas ao lado de línguas ditas civilizadas. Todas as
línguas são estruturas de igual complexidade, isto é, não há línguas simples e línguas
complexas, primitivas e derivadas, o que há são línguas diferentes. Por isso todo o indivíduo
que convive em um determinado meio social falante de uma língua, sabe falar essa língua, ou
seja, tem a capacidade de se comunicar com os outros indivíduos de forma clara e objetiva,
temos como exemplo, as crianças com idade de três anos sabe empregar com naturalidade as
Para que haja comunicação e compreensão do que as pessoas dizem não basta falar a
mesmo meio cultural e possuírem crenças em comum. Sem isso a língua deixa de funcionar
enquanto instrumento de comunicação. A escola não ensina língua materna a nenhum aluno,
inerentes à própria origem do aluno que tem um falar diferente daquele pré-estabelecido.
Somente com o olhar crítico é possível perceber que nosso povo tem uma língua própria.
exceções. Com isso inúmeros estudantes estudam entre críticas a pertinência de se manter
Considera-se em geral o português como uma língua difícil o que causa certo pavor
nos alunos de todas as idades. Percebe-se que desde cedo, o que se aprende em relação a
língua materna são normas gramaticais e conceitos teóricos que não têm aplicabilidade na
vida prática dos alunos falantes das mais variadas regiões brasileiras.
gramática torna-se dessa maneira um conjunto de regras que servem como dicas para que o
aluno não venha “tropeçar” na hora da prova de redação. Assim a gramática transforma-se
Se tantas pessoas inteligentes e cultas continuam achando que ‘não sabem’ português ou
que ‘português é muito difícil’ é porque esta disciplina fascinante foi transformada numa
‘ciência esotérica’, numa doutrina cabalística que somente alguns ‘iluminados’ conseguem
dominar completamente. (BAGNO, 1999, p.38)
que levam bons professores a aplicação rígida da regra gramatical como um pré-requisito para
o aluno escrever bem e se expressar cada vez melhor. Porém sabe-se que esta falta de
mesma. Sente-se a necessidade de uma nova reflexão sobre a gramática conforme Travaglia:
“É preciso entender que dominar uma língua não significa apenas incorporar um conjunto de
português falado nos vários setores da vida cotidiana. Depara-se, assim, com uma grande
ditado pelas normas gramaticais e um outro chamado “não padrão” como está definido no
livro “A língua de Eulália” de Bagno. O grande desafio consiste em trazer para o dia-a-dia do
povo brasileiro.
Ser professor é contextualizar a língua e saber levar um novo olhar sobre o ensino da
Gramática que não é nada mais que uma das mais belas artes desde a era medieval, porém, é
preciso ser bem trabalhada para não transformá-la num instrumento repressor, mas ao
contrário, que seja um meio eficaz de valorização e aperfeiçoamento da língua materna. Cabe
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ao educador, criar situações nas quais os alunos sejam capazes de construir sua própria
linguagem e não suprimir a criatividade dos alunos com a rigidez dos conceitos gramaticais.
Há que se considerar também que existe uma gramática internalizada em cada falante
dos conteúdos de Língua Portuguesa. Permitindo ao aprendizado reler conceitos, vencer tabus
universo simbólico que ultrapassa os parâmetros estabelecidos pela norma padrão tradicional
CONSIDERAÇÕES FINAIS
constante reflexão para não se estacionar numa postura unilateral desconsiderando assim, o
projeto inovador que emerge da nova consciência frente ao ensino da língua materna.
a língua materna no Brasil. Por outro lado, ela não corresponde mais aos anseios de estudantes
e professores que buscam uma resposta consciente e responsável para que a mesma contemple
da realidade brasileira.
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Portuguesa. Fica claro, porém que não se pretende criar uma nova língua, pois a origem de
tudo é o Latim Vulgar que se expandiu através da romanização da língua nos países
compreender a grande variação, porque passou a língua portuguesa no seu processo histórico,
desde a Colonização até os dias atuais e a gramática deve manter o essencial quanto à
estrutura sintática, porém constantemente sujeita à incorporação de novos elementos que são
Esta pesquisa possibilitou um olhar crítico a cerca do ensino da gramática, que desde
a sua origem esteve ligada a uma elite, que por sua vez, tinha um forte preconceito em relação
ao falar da maioria do povo, pois a escola dificultou com uma série de normas gramaticais, a
multiplicidade de linguagens presentes na fala dos habitantes deste imenso país tão diverso
“sonhar” com um ensino aberto e dinâmico de forma que este se torne sempre prazeroso aos
alunos.
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REFERÊNCIAS
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