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Supervisor:
Dr. Isidro Taela
Índice
DECLARAÇÃO ............................................................................................................ 9
DEDICATÓRIA .......................................................................................................... 10
AGRADECIMENTOS ................................................................................................ 11
RESUMO................................................................................................................... 12
ABSTRACT ............................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
Problema ................................................................................................................... 16
Hipóteses .................................................................................................................. 17
Variáveis.................................................................................................................... 18
Independente ............................................................................................................ 18
Dependente ............................................................................................................... 18
Objectivos.................................................................................................................. 19
Justificativa ................................................................................................................ 20
1. METODOLOGIA ................................................................................................. 21
2.5. Estratégias didácticas para implementação das novas tecnologias nas aulas
de leitura e escrita ..................................................................................................... 37
2.5.3. O Socrative como ferramenta de uso nas aulas de leitura e escrita ............ 43
4
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................... 65
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 68
APÊNDICES.............................................................................................................. 73
5
ANEXOS ................................................................................................................... 80
6
SIGLAS E ABREVIATURAS
App - Aplicativo
ES – Escola Secundária
LP – Língua Portuguesa
P – Professor
LISTA DE IMAGENS
Imagem Página
Imagem 1: Página inicial do Socrative no computador 44
Imagem 2: Acesso do professor 45
Imagem 3: Configuração do Socrative 45
Imagem 4: Acesso do aluno 45
Imagem 5: Nome do estudante 45
Imagem 6: Alunos dentro do sistema respondendo ao questionário 55
Imagem 7: Gráfico de controlo de respostas da turma ESJM2 56
Imagem 8: Opinião do estudante 1 57
Imagem 9: Opinião do estudante 2 58
Imagem 10: Opinião do estudante 3 58
Imagem 11: Opinião do estudante 4 58
Imagem 12: Opinião do estudante 5 59
8
Tabela/gráficos Página
Tabela 1: Tempo de leccionação 46
Gráfico 1: Acesso aos DET’s 46
Gráfico 2: Domínio no uso dos DET’s 46
Gráfico 3: Formação e uso das TIC’s na aula de LP 47
Gráfico 4: Domínios da língua já trabalhados 48
Gráfico 5: Contribuição dos DET’s e importância 49
Gráfico 6: Posse ou acesso 50
Gráfico 7: Quais têm acesso? 50
Gráfico 8: Plataforma 51
Gráfico 9: Idade inicial de uso dos DET’s 51
Gráfico 10: Domínio 52
Gráfico 11: Finalidades de uso dos DET’s 52
Gráfico 12: Leitura na internet 52
Gráfico 13: Preferência de fonte de leitura 52
Gráfico 14: Acha que seria vantajoso usar o telemóvel ou Tablet no
auxílio das aulas de LP? 53
9
DECLARAÇÃO
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição
para obtenção de qualquer grau académico.
(Assinatura do candidato)
__________________________________
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, em geral, e aos meus pais António Filipe António
e Isabel João Uarota, em particular.
11
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família pelo apoio moral e financeiro durante esta longa caminhada,
aos meus amigos por, apesar do meu distanciamento, sempre estarem presentes para
apoiar no que deu e veio.
Por fim, os meus sinceros agradecimentos aos meus colegas de turma, em particular,
Karima Isaque Abdula, Nércia José Mabunda, Balitcholo Ado Gabriel, Le Thi Hanh e
António Marcos Nhagulinguane, por terem partilhado todos os seus conhecimentos
durante os quatro anos em que estivemos a frequentar o Curso de Licenciatura em
Ensino de Português, na Universidade Pedagógica de Moçambique.
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Ademais, de acordo com Prata (2005, p.56), o uso das tecnologias na prática
pedagógica pode colaborar para um aprendizado mais rico, uma vez que traz novas
formas de pensar, explorar e adquirir o conhecimento, proporcionando um ambiente
de aprendizagem interactiva.
1 “Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada impede que o professor se ponha ao
serviço do aluno, sem impor suas concepções e idéias, sem transformar o aluno em "objecto".(
LIBÂNEO, 2001, p. 27). .
2 Pereira destaca três grandes paradigmas: o behaviorismo, o construtivismo e o
sociointeraccionsmo. Ver em: Regina Celi Mendes PEREIRA. Didáctica de Ensino De língua
Portuguesa, s/d.
15
Almeida (citado Fernandes, 2010, p. 20) afirma que “em um mundo cada vez mais
globalizado, utilizar as novas tecnologias de forma integrada ao projecto pedagógico
é uma maneira de se aproximar da geração que está nos bancos escolares”. Em
outras palavras, é deveras importante que, cada vez mais, os professores se adaptem
às novas tendências didáctico-pedagógicas, implementando gradualmente no PEA o
uso de recursos tecnológicos de modo a dinamizar o mesmo processo.
Neste âmbito, o presente estudo pretende trazer abordagens sobre o uso das novas
tecnologias como ferramenta auxiliar no Processo de Ensino e Aprendizagem da
leitura e da escrita com o objectivo de verificar até que ponto as mesmas podem
contribuir para a melhoria destes domínios no seio dos alunos do 2º ciclo do Ensino
Secundário Geral (ESG).
16
Problema
Nos últimos anos, o uso das novas tecnologias de informação e comunicação tem
crescido na sociedade, em geral, como também, nas instituições de ensino, seja pelo
professor, seja pelos alunos. Tem sido cada vez mais comum ver alunos com
(Smartphones, Tablets, computadores, entre outros dispositivos).
Que estratégia o professor deve adoptar para que seus os alunos usem os seus
dispositivos para fins didácticos, na sala de aulas, e não e se distraiam com
outras ferramentas existentes nos mesmos?
Hipóteses
4 site |saite|
(palavra inglesa)
substantivo masculino
[Informática] Página ou conjunto de páginas da Internet com informação diversa, acessível através de
computador ou de outro meio electrónico. = SÍTIO
Variáveis
Independente
Dependente
Usarem os dispositivos electrónicos/ tecnológicos como ferramenta auxiliar
nas aulas de leitura e escrita.
19
Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos
Justificativa
Nos últimos anos, o uso das novas tecnologias de informação e comunicação nas
escolas, pelos alunos e professores, tem crescido. As finalidades são diversas,
comunicação, pesquisa, lazer. Sendo assim, achamos importante, para o presente
estudo, aproveitar a demanda do uso desses dispositivos a favor do PEA de língua
portuguesa, de modo a verificarmos até que ponto as mesmas podem influenciar
positivamente no PEA da leitura e da escrita, pois pensamos que, os mesmos, quando
bem usados, para tal fim, podem trazer grandes benefícios às aulas, tornando-as mais
atractivas, dinâmicas e, acima de tudo, mais interessantes, abrindo um vasto campo
para que o aluno seja, ainda mais, responsável pela construção do seu conhecimento
através da mediação do professor, compactuando com as novas perspectivas
didácticas. Em países como Portugal e Brasil, a inserção das NTIC’s nas aulas de
leitura e escrita, na disciplina de língua portuguesa, como também em outras
disciplinas, no ensino básico e médio, já é uma realidade e tem apresentado
excelentes resultados. No brasil, por exemplo, o governo tem criado e desenvolvido
programas e projectos de inserção das tecnologias digitais na escola, como é o caso
do Programa Nacional de Tecnologia Educacional [Proinfo]5, na tentativa de
acompanhar o desenvolvimento do que vem acontecendo na sociedade, no que diz
respeito ao quotidiano educativo (Cordeiro, 2017, p. 33).
1. METODOLOGIA
Por sua vez, Vergara (1997, p.45) define universo ou população como o conjunto de
elementos que possuem as características que serão objecto do estudo. Neste
sentido, o universo de pesquisa para o presente estudo foram os alunos do segundo
ciclo do ESG (11ª e 12a classe), pois, segundo o programa de língua portuguesa da
12ª classe (INDE/MINED, 2010):
Sendo assim, achamos que trabalhar com o segundo ciclo do ESG e, em particular,
com as duas classes que o compõem foi a melhor opção, pois o estudo vai de encontro
com alguns dos objectivos patentes nos programas de ensino para o nível em questão,
o envolvimento das novas tecnologias/ TIC’s no PEA da língua portuguesa.
1.2.2. Amostra
Desta feita, a amostra para a presente pesquisa foi composta por 105 alunos de 4
turmas da 11ª e 12ª classes, da Escola Secundária de Josina Machel, sendo duas
turmas de cada classe e 4 professores, 2 de cada classe.
23
Ainda sobre o mesmo tópico, Gil (2008, p.10) advoga que “de acordo com o raciocínio
indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a
partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa
realidade.” É nesta perspectiva que o método seleccionado nos ajudará a alcançar os
nossos objectivos de pesquisa, visto que partiremos das constatações advindas da
ESJM à generalização ao nível das outras escolas com as mesmas características.
I. O método monográfico, que tem como princípio de estudo um caso que pode
ser considerado representativo de muitos outros semelhantes (Gil, 2008 citado
24
por Padranov & de Freitas, 2013, p.39), e, neste âmbito, o nosso caso de
estudo foi a ESJM;
II. O método experimental, que consiste, segundo (Gil, 2008, p. 37 citado por
Padranov & de Freitas, 2013, p.39), “ (…) especialmente, em submeter os
objectos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas
e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável
produz no objecto”. Neste âmbito, o mesmo materializou-se através da
submissão aos alunos à uma aula, com a duração de 90 minutos, em três das
quatro turmas e 45 minutos em uma, onde os mesmos tiveram que usar os
seus dispositivos móveis como ferramenta auxiliar numa actividade de leitura e
escrita; e
III. O método observacional, concretamente a observação directa sistemática, que
foi materializado durante a experimentação – aulas simuladas – realizadas nas
turmas da 11ª e 12ª classes, na ESJM. Segundo Gil (2008, p. 16), o método
observacional “é o que possibilita o mais elevado grau de precisão nas ciências
sociais. Padranov & de Freitas (2013, p.37) acrescentam dizendo que “
qualquer investigação em ciências sociais deve-se valer, em mais de um
momento, de procedimentos observacionais.”
6Marina de Andrade MARCONI & Eva Maria LAKATOS. Fundamentos de metodologia científica. São
Paulo, Atlas, 2003.
25
A análise e processamento dos dados foi feita com o auxílio do pacote informático
Microsoft Office, tendo sido usado o programa estatístico Microsoft Excel para o
processamento dos dados e representação em gráficos e o Microsoft Word para a
digitalização de toda informação inerente ao trabalho e aos dados processados e
analisados.
26
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Tecnologia- segundo Blanco e Silva (1993, p. 37), o termo tecnologia vem do grego
technê (arte, ofício) e logos (estudo de) e referia-se à fixação dos termos técnicos,
designando os utensílios, as máquinas, suas partes e as operações dos ofícios.
Ensino – pode ser definido como uma actividade de mediação pela qual são providas
as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos activos na assimilação
de conhecimentos, assegurando a difusão e o domínio de conhecimentos
sistematizados legados pela humanidade (Libâneo, 2006, pp. 89-90).
7 O conceito Mobile Learning pode ser traduzido para português por aprendizagem móvel ou entendido
como integração das tecnologias móveis no contexto educativo. Fonte: (idem).
8 Palavra inglesa que significa "telefone inteligente",
9 Papiro é uma planta naturalmente comum próximo aos rios da África e do Oriente Médio, mas podendo
ser encontrada em quase todos os cantos do mundo. Consiste na matéria-prima para a confecção do
papel de papiro, usado principalmente entre os antigos egípcios como suporte para a escrita. Disponível
em: https://www.significados.com.br/papiro/. Acesso 02 de Maio de 2018.
28
Ainda na mesma senda que Coscarelli & Ribeiro (2007), Dos santos & Oliveira (s/d)
advogam que:
Sendo assim, para Cervera (s/d citado por Tallei, 2011, p. 42), o professor do século
XXI deve apresentar uma dimensão tripla: saber (dimensão cognitiva-reflexiva); saber
fazer (dimensão efectiva) e saber ser (dimensão afectiva), de modo a que o mesmo
utilize as novas tecnologias com o objectivo de construir projectos pedagógicos, a fim
de conduzir os alunos a uma forma de aprendizagem cada vez mais autónoma. O
professor, moçambicano, deve, primeiro, estar disposto a se formar e informar sobre
o uso das NTIC’s nas suas aulas, não as olhando como opositoras, mas sim, como
impulsionadoras da sua actividade docente, que poderá motivar os alunos, pelo facto
de os mesmos estarem a trabalhar com dispositivos nativos da sua época e que têm
maior domínio de uso.
Um professor tem como uma das principais tarefas garantir a unidade didáctica entre
dois elementos fundamentais da actividade docente, o ensino e aprendizagem. Cabe
ao professor planear o processo de ensino, tendo como objectivo primário estimular o
aluno para a aprendizagem através de actividades próprias 10 (Libâneo, 2006, p.81). A
condução do processo de ensino requer uma compreensão clara e segura do
processo de aprendizagem. O mesmo autor defende que “qualquer actividade
humana praticada enquanto vivemos pode levar a uma aprendizagem (Idem, 2006,
p.81).”
A aprendizagem organizada, por outro lado, caracteriza-se por ter uma finalidade
específica, aprender determinados conhecimentos, habilidades e normas de
convivência social. Embora possa ocorrer em vários lugares, é na escola que são
10O professor tem um papel de facilitador, mediador, orientador e organizador das actividades. O
aluno é a figura central e o foco está nos seus interesses, na sua motivação e na sua actividade.
30
Segundo Silva (2008), as novas tecnologias trazem uma grande perspectiva para o
ensino. As rápidas descobertas e mudanças no universo dos médias reflectiram-se no
mundo da escola, tornando mais amplo os conceitos de alfabetização. Elas ampliam
as possibilidades do professor ensinar e do aluno aprender. Verifica-se que quando
utilizadas adequadamente, as novas tecnologias auxiliam positivamente no processo
educativo.
Para as escolas e professores, a necessidade criada pelo uso das NTIC’s é saber
como aplicar todo o potencial existente no sistema educativo, especialmente nos seus
componentes pedagógicos e processos de ensino e de aprendizagem. Segundo
Libâneo (2006, p.309) “o grande objectivo das escolas é a aprendizagem dos alunos,
e a organização escolar necessária é a que leva a melhorar a qualidade dessa
aprendizagem”. Com isso, o autor pretende dizer que há uma necessidade de, antes
de se implementar qualquer dinâmica nova, se organizar a escola de modo a que a
mesma se adapte às novas realidades trazidas pela contínua integração das novas
tecnologias no PEA.
A partir da década de 90, com a explosão do uso do computador pode-se dizer que a
era digital conquistou de vez o seu espaço e passou a ser quase que obrigatória em
todos os segmentos sociais (De Souza et al, 2015, p.8).
motivo da rejeição das TIC’s no contexto escolar e tem buscado inseri-las em seus
planeamentos e sala de aula (De Souza et al, 2015, p.9).
Ainda segundo De Souza et al (2015), para além de contribuir para essa inclusão e a
melhoria do ensino e aprendizagem, o uso das novas tecnologias no contexto escolar
permite, ainda, várias possibilidades, como maior comunicação entre docentes e
discentes, melhor acompanhamento dos discentes por parte dos docentes,
desenvolvimento de práticas inovadoras e criativas, levando uma nova dinâmica ao
PEA, podendo impulsionar, cada vez mais, o ensino centrado no aluno e o professor
exercendo o seu papel de orientador.
Nesse sentido, Lévy (1999) alerta para a necessidade de a escola modificar-se diante
da mudança de paradigmas para a construção do saber e salienta que:
Sendo assim, tal como defende de Souza et al (2015, p.10), o quadro negro, o giz e o
livro didáctico, outrora considerados satisfatórios para o processo de ensino e
aprendizagem, continuam cumprindo o seu papel, mas já não são suficientes, uma
vez que os professores que anteriormente percebiam as novas tecnologias enquanto
instrumento de dispersão dos discentes – gradualmente - passaram a vê-las enquanto
fortes aliadas no quotidiano escolar.
A leitura é muito mais que um instrumento escolar e, como tal, tornou-se um assunto
prioritário nas instituições escolares e académicas, principalmente na actualidade, na
qual não se pode ignorar o uso das tecnologias digitais. Nesse contexto, o ensino de
leitura pressupõe desafios para o professor devido às novas concepções de leitura,
de sujeito e de identidade, que permeiam a escola e a sociedade. Bortoni-Ricardo et
al (2012) apontam que:
“Dos anos 90 para cá, estamos assistindo a uma nova revolução que,
provavelmente, trará consequências antropológicas e socioculturais
muito mais profundas do que foram as da Revolução Industrial e
eletrónica, talvez ainda mais profundas do que foram as da revolução
neolítica. Trata-se da revolução digital e da explosão das
telecomunicações, trazendo consigo a cibercultura e as comunidades
virtuais.” (Santaella, 2003, p. 272).
De acordo com Cavalcante (2015, p.37), a tecnologia pode ser uma ferramenta
indispensável ao processo de ensino e aprendizagem, isso se for utilizada com
seriedade, ética, planeamento e percebida na sua totalidade como estratégia de
ensino que permite a motivação do aluno e sua aprendizagem significativa.
Corroborando com esse pensamento, Moran (2013, p. 57) afirma que ― ensinar
utilizando as tecnologias traz desafios cada vez mais complexos. Estes desafios
tornam-se cada vez mais complexos pelo facto de se ter mais informações, variedade
de materiais, canais, aplicativos, recursos e essa variedade exige capacidade de
concentração, de escolha e de avaliação do que for encontrado.
33
Quanto ao ensino de leitura, o uso das tecnologias digitais podem vir a ser um suporte
para a prática do professor, que exercerá o papel de mediador na busca, com seus
alunos, da construção do conhecimento, processo estabelecido a partir das relações
interpessoais. O professor precisa ir além da sala de aula e atravessar as paredes da
escola para conectar-se com o mundo (Cavalcante, 2015, p.38).
De acordo com o pensamento de Silva (2008, p. 53), que aponta para a importância
da capacitação do profissional da educação no que se refere ao uso das novas
tecnologias, o professor deve estar minimamente habilitado para o uso dos recursos
tecnológicos. Porém, mais do que estar habilitado é importante que o mesmo tire da
mente que usando as novas tecnologias na sua aula, computadores, smartphones e
tablets, poderá sobrepor a sua competência profissional.
De acordo com Silva e Pessanha (2012, p.3), a escrita é uma das formas de
comunicação humana que está presente no nosso dia-a-dia, seja em casa, na rua, na
escola ou no trabalho, mas nem sempre foi assim. O homem vivia numa cultura ágrafa,
neste âmbito, quando surgiu a escrita, era de difícil acesso e destinada a poucos
privilegiados. Com o passar do tempo o homem foi descobrindo a grafia na forma de
escrita propriamente dita, por intermédio dos povos egípcios e mesopotâmicos. Tal
facto pode ser considerado como uma grande tecnologia da comunicação.
34
Segundo Sampson (1996 citado por Silva e Pessanha, 2012, p. 4), desde o seu
surgimento até os dias actuais, a linguagem escrita já passou por muitas mudanças
que vão desde a fase pictórica11 e a ideográfica12 até a fase alfabética (utilização
das letras).
Escrever é uma actividade que leva certo tempo, consumindo boa parte de nossas
horas dependendo do que se vai produzir. Exige um pouco mais de concentração e o
escritor não pode, em momento algum, deixar de se preocupar com o seu leitor. No
Ensino de Língua Portuguesa, o que vem sendo bastante trabalhado actualmente é a
11Relactivo
a imagem. Fonte: https://www.priberam.pt/dlpo/pict%C3%B3rico.
Desenhos ou pinturas daquilo que se quer representar. (Silva e Pessanha, 2012)
Fazer com que os alunos sejam capazes de interpretar os diferentes textos que
circulam socialmente, assumir a palavra e, como cidadãos, produzir textos eficazes
nas mais variadas situações, tem sido a proposta do Ensino de Língua Portuguesa e
requer um trabalho intenso por parte do professor. O texto tem sido o ponto de partida
nas escolas, já que os níveis de leitura e de escrita são exigidos em demandas
diferentes do que satisfaziam até bem pouco tempo (idem).
devendo o mesmo estar formado e informado sobre a utilização das novas tecnologias
em contexto de sala de aula e, em particular, no ensino de língua portuguesa.
Para Libâneo (2006) “o grande objectivo das escolas é a aprendizagem dos alunos,
e a organização escolar precisa melhorar a qualidade dessa aprendizagem”. Sendo
assim, diante desta posição, Kirsch (2015) entende que:
Para Moraes (1997), “o simples acesso à tecnologia, em si, não é o aspecto mais
importante, mas sim, a criação de novos ambientes de aprendizagem e de novas
dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas”. É preciso conhecer e
saber incorporar as diferentes ferramentas tecnológicas na educação, de modo a que
as mesmas, ao invés de serem um catapulto de distração no seio dos alunos, seja um
elemento motivador, que criará um ambiente interactivo entre os alunos e/ou o
professor.
É importante, contudo, realçar que, embora a inclusão das novas tecnologias nas
actividades pedagógicas, em particular, na disciplina de língua portuguesa, seja uma
tendência que vem ganhando o seu espaço, merecendo especial atenção, elas devem
37
13O espaço criado pela ligação de todas as bases de dados, das telecomunicações e das redes de
computadores. (Silvana D. MONTEIRO. "O Ciberespaço: o termo, a definição e o conceito.
DataGramaZero -. Revista de Ciência da Informação, 2007, p.5).
38
Sabe-se que há textos mal escritos e com informações equivocadas que às vezes
estarão ao alcance dos alunos na Internet. Isso não pode ser visto como um problema.
O professor, consciente desse facto, deve alertar aos seus alunos para que fiquem
atentos e ele, inclusive, poderá utilizar os textos com problemas em discussões com
os alunos a respeito do uso de mecanismos linguísticos, da estruturação e
organização dos mesmos, para fazer críticas à estrutura argumentativa, entre muitas
outras reflexões que um texto mal escrito pode suscitar. (de Andrade, s/d, p.2).
Nesta actividade, com o objectivo de ampliar o universo de leitura dos alunos, o autor
propõe que o professor organize a turma em grupos, de seguida disponibiliza-os
fragmento ou excerto de um texto14 da Internet, neste caso, o mesmo usou o texto
É um espaço cibernético, um universo virtual formado pelas informações que circulam e/ou estão
armazenadas em todos os computadores ligados em rede, especialmente a Internet (Carlos Alberto
RABAÇA e Gustavo Barbosa, 2001)
14 Vide o anexo 1.
39
1. “Cite outros três sites em que o texto de Diogo Dreyer esteja presente e
responda aos seguintes questionamentos:” (idem, s/d, p.3).
“a) Qual a característica dos sites: trata-se de blogs, sites do governo, revistas,
jornais? “ (idem, s/d, p.3).
A presente actividade é também proposta por de Andrade (s/d, p.4), e tem como
objectivo impulsionar a produção textual. Neste âmbito, interligado à actividade
anterior, e trabalhando com o mesmo texto, o professor poderá orientar que os alunos
leiam o texto integral e registrem a sua opinião sobre o conteúdo do mesmo. Para tal
Partindo das propostas trazidas por de Andrade (s/d), em contexto moçambicano, com
base nos conteúdos patentes no programa do 2º ciclo do ESG, pode-se identificar
textos literários de autores nacionais na internet, tais como Mia Couto, José
Craveirinha, Noémia de Sousa, e fazer-se a análise dos mesmos. Contudo, para tal,
a escola deverá estar equipada com uma sala de informática, local onde o autor
propõe que a actividade seja realizada, em grupos, e o professor deverá pesquisar,
antes, por endereços onde os textos poderão estar disponíveis, na internet, para
sugerir aos seus estudantes.
No mundo multimediático, desafios sempre vão existir. Merije (2012) mostra que para
educar a “geração mobile”, uma geração que vive conectada à tecnologia digital
móvel, como celulares, ipad’s e netbook’s, é preciso que se use, também, uma
educação mobile. O autor defende a utilização dessa “educação mobile” no espaço
educativo, pois acredita que novas possibilidades de ensino-aprendizagem serão
promovidas através do “desenvolvimento de métodos inovadores de ensino, utilizando
os recursos da computação e mobilidade” (Merije, 2012, p. 43).
actuais formas de aprender dos alunos e aceitar e utilizar as novas tecnologias que
estão ao alcance de todos no dia-a-dia (Menezes, 2017, n.p)16.
Merije (2012, p. 48), sustentando a ideia de Menezes (2017, n.p), afirma que o celular
usado de forma crítica e consciente como um aliado do processo de ensino-
aprendizagem é melhor do que as proibições existentes no contexto escolar, pois,
segundo Georgievand Smrikarov (2004 citado por Awedh et al 2015, p. 18), com o
rápido crescimento das tecnologias de informação e comunicação, uma importância
especial deve ser dada à aprendizagem móvel como uma nova tendência de
desenvolvimento baseada na interconexão de dispositivos.
Em uma actividade de leitura, por exemplo, Menezes (2017, n.p) sugere que o
professor partilhe com a turma um texto que esteja na internet e que possa ser lido e
acompanhado por todos em sala de aula através de seus dispositivos móveis. Esta
partilha do texto pode ser antes da aula, pelo facto de os alunos portarem-nos a todo
momento, tal como confirma Kolb, (2011, pp. 39-43) afirmando que “ os smartphones
são muito flexíveis, os alunos podem usa-los a qualquer momento, estão sempre com
o aluno, e estão sempre ligados”.
Nos últimos anos, uma atenção especial foi dedicada às ferramentas que facilitam a
aprendizagem colaborativa. O método de aprendizagem colaborativa permite que os
alunos tenham uma compreensão mais profunda do assunto e ajuda-os a ligarem
novas informações com conhecimentos prévios (Kennedy & Cuts, 2005).
16Clarice MENEZES. 5 Actividades de Língua Portuguesa para realizar com dispositivos móveis.
[online] Disponível na internet via http://claricemenezes.com.br/2017/01/17/5-atividades-de-lingua-
portuguesa-para-realizar-com-dispositivos-moveis/. Arquivo capturado em 24 de Agosto de 2018
42
Segundo, Carvalho & Melo (2018, p.3), o uso do aplicativo Whatsapp como parceiro
no processo de ensino e aprendizagem, incorporado com intenções meramente
pedagógicas, pode contribuir para motivar momentos de produção individual e
colaborativa, tornando o aluno participante activo do processo de ensino-
aprendizagem da língua portuguesa no que se refere à produção textual.
Na mesma linha de pensamento, Senefonte & Talavera (2018, p.253) afirmam que
“No campo de estudos da linguagem, (...) o aplicativo funciona como um suporte, já
que pode veicular diferentes géneros, como por exemplo, a mensagem de WhatsApp.”
Estes acrescentam que o WhatsApp pode ser uma ferramenta com a qual os alunos
podem ser incentivados a usar sua criatividade combinada com a expressão pessoal,
para melhorar e fortalecer sua leitura e escrita. É neste contexto que os mesmos
autores apresentam algumas ideias para melhorar a prática da leitura e da escrita
usando o aplicativo.
Passo 1: Elaborar um plano com os alunos do roteiro de leituras a serem lidas durante
o ano, trimestre e/ou semanalmente. Assim, eles podem ajudar nas escolhas
temáticas bem como na natureza dos textos explorados. (Senefonte & Talavera. 2018,
p.256).
O Socrative é um aplicativo gratuito cuja finalidade é apoiar o PEA. Ele funciona como
uma sala de aulas virtual e pode ser usado para feedbacks, avaliações de
questionários e também aumenta a motivação e a participação dos alunos (Fonte:
br.ccm.net).
Fonte: socrative.com
18 Socrative.com (o endereço pode ser usado pelos professores, assim como pelos estudantes).
45
Para que o aluno possa participar, o professor deverá fornecer o seu nome ou número
de sala, onde, para o aluno, bastará digitar no campo apropriado na interface do
aplicativo o nome e/ou o número da sala, no dispositivo, e, de seguida, o seu nome e
sobrenome para que se lhe possa reconhecer durante a realização das actividades
lançadas no sistema.
4
3
0 1
TEVE ALGUMA FORMAÇÃO SOBRE O USO DAS TIC'S NA JÁ USOU OS DISPOSITIVOS COMO FERRAMENTAS DE
AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA? AUXÍLIO PARA AULA DE LP?
Sim Não
No que se refere à formação todos, 100%, foram unanimes ao afirmarem que não
passaram por nenhuma formação sobre o uso das TIC’s na aula de LP. Sobre este
aspecto, Coscarelli (2007, pp. 20-21) afirma que “O pessoal docente, em especial (…)
professores, precisa melhorar sua qualificação em termos de tecnologia”,
redimensionando o seu fazer pedagógico, acompanhando o desenvolvimento
tecnológico de modo a inseri-lo na prática pedagógica (Dos santos & Oliveira, s/d).
No concernente ao uso dos seus dispositivos como ferramenta auxiliar nas aulas de
LP, um (1) professor, correspondente a 25% afirmou já ter usado e 75% dos
professores, três (3), afirmaram nunca ter usado. Quanto à motivação que os levou a
nunca usarem, os mesmos evocaram a falta de informação e formação sobre o uso
das TIC’s como ferramenta auxiliar para as aulas e falta de meios ou recursos
disponibilizados pela escola, tal como ilustram as seguintes respostas patentes no
questionário submetidos aos mesmos:
48
Professor 1: “Não, por falta de recursos na escola (internet, tomadas nas salas e falta
de informação e formação sobre as TIC’s). “
Torna-se claro que uma das maiores motivações que leva os professores
moçambicanos a não usarem as NTIC’s como ferramenta auxiliar nas aulas de LP é
a falta de formação, informação e meios ou recursos nas escolas. Contudo, numa
realidade em que as escolas são, cada vez mais, invadidas pelos DET’s, seja na posse
dos alunos e/ou dos professores, há “necessidade de a escola modificar-se diante da
mudança de paradigmas (Lévy, 1999, p. 17) ”, e a organização escolar (…) é a que
[poderá levar] a melhorar a qualidade dessa aprendizagem (Libâneo, 2006, p.309) ”.
As escolas moçambicanas devem estar minimamente organizadas de modo a se
adaptarem a esse “Boom” tecnológico que aos poucos as vai invadindo, sem deixar
de garantir a formação contínua dos professores, de modo a que os mesmos se
adaptem com muito mais facilidade a essa nova realidade do PEA.
25% Leitura
50% Todos
25% Nenhum
4 0 4 0
OS DISPOSITIVOS PODEM CONTRIBUIR PARA O MELHORIA OS RECURSOS TECNOLÓGICOS SÃO IMPORTANTES PARA O
DA LEITURA E ESCRITA? ENSINO?
Sim Não
Segundo o professor (2) “os alunos do ESG dão primazia à leitura de textos com base
nos seus dispositivos e estarão diante de um dispositivo familiar (P2)”. Sustentando o
pensamento anterior, o professor (3) afirmou que “o aluno prefere ler no aparelho,
visto que permite o acesso rápido à informação e a prática da leitura em qualquer
lugar e momento (P3) ”. Por fim, o professor (4) afirmou que com base nos dispositivos
electrónicos “os alunos têm acesso rápido às obras para leitura (P4) ”.
Participaram do presente estudo 105 alunos, de duas (2) turmas da 11ª classe e duas
(2) da 12ª classe, com idades entre 15 a 20 anos, dos quais 56 correspondente a 53%
rapazes e 49, correspondentes a 47% raparigas.
Estes dados vem confirmar a teoria de que a aquisição dos dispositivos electrónicos
tecnológicos está cada vez mais acessível a todos, principalmente os
telemóveis/smartphones, que vem com novos recursos, como a internet, rede sociais,
aplicativos de comunicação e outros recursos de fácil manuseio (Kirsch, 2015, p.12).
51
Quanto à questão sobre plataforma usada pelos seus dispositivos (2), correspondente
a 2% dos pesquisados, usavam dispositivos com sistema BBOS19 (4), correspondente
a 4%, Windows Phone20 (8), correspondente 7%, IOS21 e (91), correspondente a 87%
o sistema Android22. A percentagem elevada para o sistema Android deve-se ao facto
de ser a que tem os dispositivos com os preços mais acessíveis e populares, o que
culmina na facilidade e maior poder de aquisição dos mesmos por indivíduos de
qualquer extracto social.
No que concerne à idade inicial de uso dos DET’s (4) alunos, correspondentes a 4%,
tiveram o seu primeiro contacto entre 1 aos 5 anos de idade (30), correspondente a
28%, entre 6 aos 10 anos de idade (65), correspondente a 62%, entre os 11 aos 15
anos de idade e por fim (6), correspondente a 6%, mais de 16 anos. Segundo os dados
obtidos para o presente item, pode-se verificar que a maioria dos alunos começou a
muito cedo, antes dos 15 anos, pré adolescência, e cerca de 32% ainda na infância.
No entanto, tal como defende Moraes (1997), “o simples acesso à tecnologia, em si,
não é o aspecto mais importante, mas sim, a criação de novos ambientes de
aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas
ferramentas”. É responsabilidade da escola criar condições para que os professores,
capacitados para o uso das novas tecnologias como ferramenta auxiliar nas aulas de
LP, possam implementar as novas dinâmicas no PEA, pois, como afirma o mesmo
autor, eles são um elemento motivador.
No que se refere à leitura de textos e livros na internet, dos 105 alunos (43),
correspondente a 41%, lêem com pouca frequência (48), correspondente a 46%, lêem
com frequência e (14), correspondente a 13%, lêem sempre. E quanto à preferência
de fonte de leitura, maioria, (55) alunos, correspondente a 52%, prefere livros físicos
e (50), correspondente a 48%, prefere ler em livros virtuais.
53
Gráfico 14: Acha que seria vantajoso usar o telemóvel ou Tablet no auxílio das aulas de
LP?
15
Sim
Não
90
lírico, e tivemos como autora a trabalhar e/ou analisar, Noémia de Sousa e o seu texto
“Se me quiseres conhecer”. Importa salientar que para além dos alunos, os
professores puderam participar de forma activa da aula.
Dos 105 alunos envolvidos na pesquisa apenas 6 (6%), não tinham consigo os seus
telemóveis no dia da pesquisa, visto que não estavam presentes quando as turmas
foram informadas, dias antes, para que os levassem à aula. Sendo assim, os mesmos
não participaram activamente desta fase do estudo tendo passado dos anteriores 105
à 99 alunos participantes.
Turma: ESJM4
Turma: ESJM5
Fonte: autor, 2019
Durante a resolução dos exercícios, alguns alunos tentaram voltar aos textos para
consultar as respostas, minimizando o Socrative. Contudo, assim que saíssem do
questionário eram obrigados a registar o nome, de novo, e reiniciar os exercícios.
Sendo assim, na plataforma de controlo do professor, o nome do aluno aparece
duplicado ou triplicado, dependendo das vezes que o mesmo saía para consultar e/ou
mexer uma outra ferramenta ou aplicativo, tal como ilustra a imagem 6, acima. Esta é
uma forma eficaz de vigiar os alunos, aquando da realização da actividade, não
56
abrindo espaço para que eles percam o foco e se distraiam com outras
funcionalidades dos seus telemóveis, podendo o professor sancionar ou não quando
for necessário.
Turma: ESJM2
Na imagem acima podemos verificar de forma mais ampla o gráfico de respostas dos
alunos, numa visão da plataforma de acesso do professor. Como se pode constatar,
no mesmo, os pontos pintados a verde correspondem às respostas correctas e a
vermelho, incorrectas, são elas de múltipla escolha ou verdadeiro ou falso. No caso
de questões de respostas curtas caberá ao professor fazer, posteriormente, a
avaliação das mesmas, após o levantamento do relactório dos questionários28,
disponibilizado pelo App, que pode ser processado por turma ou por aluno da turma
correspondente, em PDF ou Excel.
Devido ao pouco tempo que se tinha, não foi possível esperar que todos alunos
terminassem a resolução dos exercícios, tal como ilustram as percentagens nos
gráficos, isso aconteceu em todas as turmas pesquisadas. Tal fenómeno deveu-se,
sobretudo, pelo facto de se ter iniciado o processo de recolha de dados com o
questionário, tendo ocupado parte significativa do tempo disponível para a execução
da aula, principalmente na turma em que só dispúnhamos de 45 minutos. Contudo,
em uma situação real de aula, dependendo do plano do professor, o mesmo poderá
orientar que os alunos concluam os exercícios em casa até uma determinada hora
programada pelo mesmo, antes do encerramento dos exercícios na plataforma.
Conforme se pode verificar nas redações acima, de uma forma geral, os estudantes
acharam a ideia de uso das novas tecnologias, concretamente o telemóvel, boa. Os
mesmos perceberam que as mesmas têm uma grande vantagem, pois ajudam na
melhoria da capacidade de leitura e retenção de informação para posterior uso, e
obrigam o aluno a focalizar-se no seu trabalho, tal como depõe o estudante 1, que
tinha uma opinião não favorável em relacção ao uso das mesmas na sala de aulas,
até à aula simulada: “após a realização deste exercício, pude notar que é algo
vantajoso, porque o aluno pratica a capacidade de ler e reter o que leu (estudante 1)
”. O estudante 3, no seu depoimento, fortifica o posicionamento do estudante 1 quando
afirma que a actividade de leitura e escrita usando as novas tecnologias, em particular,
o telemóvel, como foi o caso, fez-lhe “pensar de uma outra forma acerca do uso dos
dispositivos tecnológicos, que (…) também podem ser usados como meio didáctico
(…).” Modificando, por sua vez, a ideia de que os mesmos podem consistir em fonte
de distração durante as aulas.
De acordo com o depoimento do estudante 2, “ (…) penso que o método de ensino foi
excelente. É um método de aprendizagem que obriga os alunos a focalizarem-se no
trabalho e facilita o controlo do professor quanto à fuga de informação (estudante 2) ”
e do estudante 5 “ (…) acho que esse aplicativo deve ser aplicado [pois facilita o
controlo], podendo ver se realmente os alunos estão a estudar ou a usar os celulares
ou outros meios para o objectivo principal (estudante 5) ”, o destaque foi para a
facilidade de controlo dos alunos pelo professor e fuga de informação, através do
programa de gestão do professor, o Socrative teacher.
60
Durante a nossa pesquisa, podemos verificar que (100%), tanto os alunos, assim
como os professores, tal como ilustraram os dados, têm acesso aos DET’s, facto que
constitui uma oportunidade para que se possa implementar o seu uso na escola e
consequentemente na aula de língua portuguesa, no trabalho dos domínios da leitura
e escrita.
No que diz respeito aos resultados obtidos dos professores, quanto à formação em
TIC’s, atestamos e demonstramos, na nossa pesquisa, que nenhum, 100%, passou
por uma formação, diferente dos alcançados por Salgueiro (2013), em Portugal, a qual
constatou que 90.8% dos professores inquiridos tiveram formação em TIC’s.
Quanto ao uso em sala de aula, os nossos resultados revelaram que 75% dos
inquiridos não têm essa prática. Sendo que para além da falta de formação, outro
factor que condiciona é a ausência de recursos nas escolas, tal como ilustram os
depoimentos dos professores 1 e 229 do presente estudo. No entanto, Salgueiro (2013,
p.67) depara-se com um resultado diferente, com uma percentagem baixa de
professores que nunca usaram as NTIC’s, cerca de 36.8%. Contudo, quanto à
motivação do não uso dos mesmos, os resultados coincidem, evocando, neste âmbito,
a “ falta de formação, funcionamento deficitário ou ausência de equipamento nas
escolas (idem, 2013, p.68), que constituem factores condicionadores ao uso dos
mesmos em sala de aulas, para além do facto de os professores ainda as verem como
opositoras do PEA e não como possíveis aliadas.
4.2. Observação
O nosso estudo teve como questão de partida do problema “Será que as Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação podem ajudar na melhoria do
Processo de Ensino e Aprendizagem da leitura e escrita dos alunos do 2º ciclo
do ESG da Escola Secundária Josina Machel?” Onde com base nas questões
adicionais30 apresentadas, levantamos duas hipóteses31 H1 e H2.
30 Vide Página 16
31 Vide Página 17
64
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
estejamos cientes de que este trabalho é só mais um mero e singelo contributo pois
eventualmente não esgotamos a questão, apresentamos algumas recomendações
que poderão contribuir para aplicação das NTIC’s no Ensino de Língua Portuguesa, a
serem consideradas:
Pelas escolas
Garantir que as salas de aulas e/ou as salas de informática tenham os
equipamentos (tomadas, computadores e/ou internet) em bom estado e
funcionamento;
Proporcionar aos professores formação/capacitação em NTIC’s como
ferramenta auxiliar para o PEA da disciplina de Língua Portuguesa e/ou
em outras que forem necessárias;
Permitir que os professores do 2º ciclo do ESG usem, quando
necessário, as novas tecnologias como ferramenta auxiliar nas suas
aulas. Os alunos só deverão usar sob a orientação do professor.
Pelos professores
Fazer uma boa planificação das aulas onde serão implementadas as
novas tecnologias como ferramenta auxiliar, tendo em conta, sempre, os
programas de ensino das classes que compreendem o 2º ciclo do ESG,
não se esquecendo de delimitar os critérios de suficiência a quando da
actividade de escrita;
67
BIBLIOGRAFIA
Fontes virtuais
40. (https://canaltech.com.br/internet/O-que-e-hotspot/);
41. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Hotspot);
42. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Modem_3G);
43. (https://www.priberam.pt/dlpo/pict%C3%B3rico.);
44. (https://www.significados.com.br/papiro/);
45. AWEDH, M. et al. Using Socrative and Smartphones for the support of
collaborative learning. arXiv preprint arXiv:1501.01276, 2015. Disponivel em:
https://arxiv.org/abs/1501.01276 acesso em: 05 de Janeiro de 2019;
71
APÊNDICES
Apêndice 1
Universidade Pedagógica de Moçambique
Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes
Questionário aos alunos
Idade_________Sexo_________Turma_________Classe______________
Caro(a) aluno(a)!
( )Satisfatório
( )Bom
( )excelente
7. Com que frequência lês livros ou textos na internet, através dos seus
dispositivos?
( ) pouco frequente
( ) frequente
( ) sempre
8. Entre ler através celular ou Tablet e ler por via de livros físicos ou fichas, onde
te sentes mais confortável, por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
______
9. Achas que seria vantajoso que usasse os telemóveis ou tablets no auxílio das
aulas de língua portuguesa? De a sua opinião.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____________
75
Apêndice 2
Universidade Pedagógica de Moçambique
Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes
Questionário aos professores
Idade_________Sexo_________Turma______________________________
Caro(a) professor(a)!
O presente questionário destina-se aos professores do 2º ciclo do ESG, como
forma de levantar dados para pesquisa sobre o uso das novas tecnologias como
forma de impulsionar o melhoramento da leitura e escrita.
3. Como classifica o seu domínio no uso dos dispositivos electrónicos que tens?
( ) Mau
( ) Satisfatório
( ) Bom
( ) Muito bom
76
5. Teve alguma formação sobre o uso das TIC’S na aula de língua portuguesa?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________
Apêndice 3
Exercícios sobre a leitura da biografia e o poema " se me quiseres conhecer"
de Noémia de Sousa
Apêndice 4
Universidade Pedagógica de Moçambique
Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes
Plano de levantamento de dados dos alunos e simulação de aula (actividade de
leitura e escrita)
ANEXOS
Anexo 1
Anexo 2
Biografia de Noémia de sousa.
82
Anexo 3
Se me quiseres conhecer
Para Antero
Se me quiseres conhecer
estuda com os olhos bem de ver esse pedaço de pau preto
que um desconhecido irmão maconde
de mãos inspiradas talhou e trabalhou
em terras distantes lá do Norte:
Se quiseres compreender-me
Vem debruçar-te sobre minha alma de África,
Nos gemidos dos negros no cais
Nos batuques frenéticos dos muchopes
Na rebeldia dos machanganas
Na estranha melancolia se evolando
Duma canção nativa, noite dentro...
E nada mais me perguntes,
Se é que me queres conhecer...
Que não sou mais um búzio de carne,
Onde a revolta de África congelou
Seu grito inchado de esperança.
Noémia de Sousa in “Sangue Negro”
1