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Atividade Avaliativa (D1 e A1) Valor Total: 40 Pontos

Regime Jurídica da Administração Pública (Una/Contagem)Prof: Thiago Coelho Sacchetto

Elaboração (Grupos de 4 alunos) Data de Entrega: 22/05/2020

Este arquivo, preenchido com todas as respostas da Parte I e da Parte II (mantendo a


formatação do documento) deverá ser enviado ao email: rjacontagem@gmail.com até às
23:59 horas do dia 22/05/2020.

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PARTE I: Revisão e Questões Dissertativas Valor: 20 pontos

1 – Conceitue: i) Administração Pública Direta; ii) Administração Pública Indireta. Quais


entidades compõem a Administração Pública Indireta? Quais são as consequências práticas
de uma pessoa jurídica estar submetida ao regime jurídico de direito público?

“Pelo critério federativo enunciado pela Carta Federal, existem as Administrações Públicas
Federal, Estadual e Municipal. As expressões Administração Direta e Indireta foram
consolidadas no ordenamento brasileiro pelo artigo 4º do Decreto n. 200/67, conhecido como
o Diploma da Reforma Administrativa.”1
i) Administração Pública Direta
“Conforme o inciso I do artigo 4º, do Decreto-Lei n. 200/67, a Administração Direta Federal se
constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da presidência da República e
dos ministérios.
Para os demais entes da federação, entende Medauar (2005), Administração Direta é o
conjunto dos órgãos integrados na estrutura da chefia do Executivo (Gabinete do Governador
e do Prefeito Municipal) e na estrutura dos órgãos auxiliares (Secretaria de Estado e
Secretaria Municipal).
A estrutura básica da Administração Direta Federal está consolidada nos artigos 76, 84, inciso
II, e 87, parágrafo único, inciso I, todos da Constituição Federal, e regulada na Lei n. 10.683,
de 28 de maio de 2003, que se ocupa notadamente da organização da presidência e dos
ministérios (com as modificações introduzidas pela Lei n. 10.869, de 13 de maio de 2004, e
posteriormente pelas Leis n. 11.036, de 22 de dezembro de 2004, e n. 11.204, de 5 dezembro
2005).” 2
ii) Administração Pública Indireta

1
Olivo, Luiz Carlos Cancelier de - Direito administrativo / Luiz Carlos Cancelier de Olivo. – Florianópolis :
Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010. Pág.90 a 92
2
Olivo, Luiz Carlos Cancelier de - Direito administrativo / Luiz Carlos Cancelier de Olivo. – Florianópolis :
Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010. Pág.90 a 92
A Administração Indireta é o conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
Administração Direta, têm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de forma
descentralizada. As pessoas jurídicas que integram a Administração Indireta guardam, entre
si, três pontos em comum:
 a criação por lei específica e no caso das estatais por autorização legislativa, nos termos do
inciso XIX do artigo 37 da CF/88;
 a personalidade jurídica; e
 o patrimônio próprio.
Na acepção empregada na Constituição Federal, a expressão “Administração Indireta” é
percebida em seu sentido subjetivo, ou seja, para designar o conjunto de pessoas jurídicas, de
direito público ou privado, criadas por lei para desempenhar atividades assumidas pelo
Estado, seja como serviço público, seja a título de intervenção no domínio econômico.
Neste ponto, Meirelles (1990) destaca que essas pessoas jurídicas executam os serviços
públicos de forma indireta a partir dos poderes a elas concedidos pelo Estado. Di Pietro
(2006), por sua vez, sublinha que só existe descentralização quando o Poder Público transfere
um serviço que lhe é próprio a outra entidade com personalidade jurídica.
Quais entidades compõem a Administração Pública Indireta?
De acordo com o artigo 4º, inciso II, do Decreto-Lei n. 200/67, a Administração Indireta
compreende as seguintes entidades:
 autarquias, como as Universidades federais brasileiras;
 empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal;
 sociedades de economia mista, como a Petrobras; e
 fundações públicas, como a Fundação Nacional de Saúde.

2 – O que são as Autarquias? Como elas são criadas? Para que elas são criadas? Qual é o
regime jurídico de direito a elas aplicado (público ou privado?)
“ Pode-se conceituar a autarquia como a pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com
capacidade de auto-administração, para o desempenho de serviço público descentralizado,
mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.” 3

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta,


criadas por lei específica, que possuem capacidade de autoadministração, sendo
encarregadas do desempenho descentralizado de atividades administrativas típicas do Poder
Público, sujeitando-se a controle pelo ente criador.
São pessoas jurídicas, ou seja, possuem personalidade jurídica, distinta da do ente que a
criou. Por isso, podem exercer direitos e contrair obrigações em nome próprio. São, também,
pessoas de “direito público”, porque se submetem a restrições e gozam de prerrogativas
típicas do regime jurídico publicista. Por conseguinte, elas somente podem ser criadas
por lei específica, conforme previsto no art. 37, XIX, da CF/1988.
Além disso, são pessoas administrativas, possuindo apenas capacidade de
autoadministração.
3
Direito administrativo-Maria Sylvia Zanella Di Pietrol,
Nisso se diferenciam das pessoas jurídicas públicas políticas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), uma vez que, ao contrário destas, não possuem autonomia política, ou seja, não
podem criar o próprio direito.
As autarquias são criadas para o desempenho de atividades típicas do poder público (não
podendo explorar atividade econômica, por exemplo).

3 – O que são as fundações? Como se distingue se uma fundação é pública ou é uma


fundação privada? Quem determina se uma fundação pública será uma fundação pública
de direito público ou uma fundação pública de direito privado? Qual é o regime jurídico
aplicado as fundações públicas de direito público e às fundações públicas de direito
privado?
A fundação é instituto originário do direito civil, disciplinado nos arts. 62 a 69 do Código Civil.
A partir do seu disciplinamento legal é possível inferir que toda fundação possui as seguintes
características básicas: a figura do instituidor, que faz a doação patrimonial; o objeto,
consistente em atividades de interesse social; e a ausência de finalidade lucrativa.
Os parâmetros utilizados para caracterizar as fundações privadas foram tomados também
para a instituição das fundações públicas (chamadas de fundações governamentais). Apenas
ressaltando que, enquanto as fundações privadas são criadas por particulares, as fundações
públicas ou governamentais são instituídas pelo Poder Público.
As fundações públicas são pessoas jurídicas que integram a Administração Indireta dos entes
federativos, aos quais se encontram vinculadas. De maneira semelhante ao que ocorre com
as demais entidades puramente administrativas, finalidade do legislador ao instituir as
fundações públicas é descentralizar a execução de certas atividades, que teoricamente
poderão ser mais bem executadas por uma entidade especializada, criada para esse fim, a
qual possui patrimônio próprio e personalidade jurídica distinta do seu ente político criador.
Não obstante as semelhanças, a principal peculiaridade que distingue as fundações públicas
das demais entidades puramente administrativas é o exercício de uma atividade de interesse
social, não necessariamente passível de enquadramento no conceito de atividade típica do
Estado, sendo comum o desenvolvimento de atividades semelhantes por particulares, como é
o caso da assistência social.
O que está absolutamente vedado é que as fundações desenvolvam atividades visando ao
lucro. Isto não significa que elas não possam cobrar por serviços prestados ou que estejam
proibidas de obter excedentes financeiros. Toda instituição, pública ou privada, qualquer que
seja sua finalidade, não tem como subsistir acumulando seguidos prejuízos. A presença ou
ausência de finalidade lucrativa é enxergada pela destinação dada aos eventuais superávits
financeiros. Em caso de distribuição entre “associados”, “filiados”, “colaboradores”,
“beneméritos” ou qualquer outra categoria, configurar-se-á o desvio de finalidade; caso os
excedentes sejam reaplicados nas finalidades essenciais, mantidas estarão a essência e a
razão de ser da instituição.4
4
Olivo, Luiz Carlos Cancelier de - Direito administrativo / Luiz Carlos Cancelier de Olivo. – Florianópolis :
Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010. Pág.95 a 96
4 – Empresa Estatal é um gênero que comporta pessoas jurídicas submetidas a um regime
jurídico híbrido. Conceitue regime jurídico híbrido. Quais podem ser as finalidades das
empresas estatais? Enuncie quais são as principais diferenças entre Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista.

Resposta: O regime jurídico híbrido é o conjunto de princípios e regras. As empresas públicas


e às sociedades de economia mista submetem-se a um regime jurídico de natureza híbrida,
pois são submetidas a algumas normas de regime jurídico direito público e a outras de direito
privado. As empresas estatais são aquelas em que o Estado por meio da Administração Direta
ou Indireta participa do seu capital social ou é seu integral proprietário. Cabe a Lei especificar
a definição da finalidade, a qual pode consistir na prestação de serviços públicos, incidindo,
por conseguinte, o princípio da continuidade dos serviços públicos, ou na exploração de
atividades econômicas, nos termos dos artigos 173 e 177 da Constituição Federal de 1988. As
principais diferenças entre Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista são:
I - Participação no Capital pelo Poder Público: A sociedade de economia mista tem capital
misto (Adm. Pública + particulares). A maior parte do capital votante, ações com direito a
voto, devem permanecer com a Adm. Pública. O poder público deve ter o comando/direção
da empresa. A Empresa Pública tem capital exclusivamente público. O capital, no entanto não
será necessariamente de um único ente. Desde que exclusivamente público, o capital pode
ser mais de um ente (Estado e Município).
II - Quanto à forma de Constituição (modalidade empresarial): A Sociedade de Economia
Mista só pode constituir sob a forma de Sociedade Anônima. Empresa Pública não tem forma
empresária específica pode se constituir por qualquer modalidade empresarial, inclusive
anônima, de capital fechado.
III - Quanto à competência para julgamento (artigo 109 da CF): As Sociedades de Economia
Mista (Municipal, Estadual ou Federal), em regra, terão seus processos julgados perante a
justiça estadual (salvo se houver interesse da União). Empresas Públicas Federais têm seus
processos julgados na Justiça Federal, as Empresas Públicas Estaduais ou Municipais (Justiça
Estadual). 5

5 – Explique a diferença entre os seguintes conceitos: i) Elementos do Ato Administrativo;


ii) Atributos do Ato Administrativo.

Resposta: Os elementos do ato administrativo, ou seja, os requisitos são: competência ou


sujeito, finalidade, forma, motivo e objeto. Os atributos do ato administrativo não devem ser
confundidos com seus requisitos ou elementos (sujeito, forma, objeto, finalidade e motivo). A
administração pública por desenvolver atividades no interesse público tem poderes para a
sua consecução. Enquanto alguns dos atributos acompanham qualquer ato administrativo,
outros existem tão somente na hipótese de se condicionarem ou restringirem os direitos dos
administrados, porque não são necessários nos atos administrativos que ampliam os direitos
dos administrados como no caso de concessões, permissões, autorizações, licença de

5
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 08/04/2020.
funcionamento etc. Assim reitera-se que os atos administrativos possuem atributos típicos,
inexistente nos atos de direito privado. Com efeito, são atributos dos atos administrativos:
Presunção de legitimidade: É a qualidade, que reveste atos, de presumirem verdadeiros e
conforme ao Direito, até prova em contrário. Imperatividade: Qualidade pela qual os atos
administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância, decorre do
‘’poder extroverso’’ que permite ao Poder Público editar provimentos que vão além da esfera
jurídica do sujeito emitente, ou seja, que interferem na esfera jurídica de outras pessoas
constituindo-as unilateralmente em obrigações. Exigibilidade: é a qualidade em virtude do
Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros o cumprimento, a
observância, das obrigações que impôs. Não se confunde com a simples imperatividade, pois,
através dela, apenas se constitui uma dada situação, se impõe uma obrigação.
Executoriedade: Qualidade pela qual o Poder Público pode compelir materialmente o a
administrado, sem precisão de buscar previamente as vias judiciais, ao cumprimento da
obrigação que impôs e exigiu.6

6 – Qual é a diferença entre os conceitos de “atos da administração” e de “atos


administrativos”? Qual deles possui o regime jurídico de direito público? Os atos da
administração se impõem independente da concordância do particular? E os atos
administrativos?

Resposta: A Administração Pública, no exercício de suas diversificadas tarefas, praticam


algumas modalidades de atos jurídicos que não se enquadram no conceito de atos
administrativos. Nem todo ato da administração é ato administrativo. Há dois entendimentos
doutrinários sobre conceito de atos da administração: A) Corrente minoritária: Considera que
os Atos da Administração são todos os atos jurídicos praticados pela Administração Pública,
incluindo os atos administrativos.

B) Corrente majoritária: Essa segunda concepção considera atos da Administração são atos
jurídicos praticados pela administração Pública que não se enquadram no conceito de atos
administrativos, coo os atos legislativos expedidos no exercício de função atípica, os atos
políticos definidos na Constituição Federal, os atos regidos pelo direito privado e os atos
meramente materiais. Sabendo que existem atos administrativos praticados fora do domínio
da Administração Pública, como ocorre com aqueles expedidos por concessionários e
permissionários, é possível concluir: nem todo ato jurídico praticado pela Administração
Pública é ato administrativo; nem todo ato administrativo é praticado pela Administração. Os
Atos Administrativos que possuem o regime jurídico de Direito Público. Nos Atos da
Administração surge o poder extroverso do Estado, uma vez que está intrinsicamente ligado
ao atributo imperatividade do ato administrativo, na medida em que é o poder que o Estado
possui de constituir unilateralmente obrigações para terceiros, extravasando seus próprios
limites, tendo como principal característica a possibilidade de impor seus atos
independentemente da concordância do particular. Os Atos Administrativos dependem da
6
: https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/85/Atos-administrativos-Atributos
vontade do Estado, têm características próprias decorrentes do regime jurídico do Direito
Público, ele deve ter objeto lícito (aquele que está autorizado em lei), possível (material e
juridicamente possível) e determinado (aquele definido, preciso, individualizado). 7

7 – Qual é o conceito de ato administrativo? Quais são as características relacionadas à


competência para elaborar um ato administrativo?

Resposta: Em sentido amplo, “é um ato praticado pela administração pública ou por quem lhe
faça as vezes, no exercícios da função administrativa, sob ao regime de Direito Público, ou seja,
gozando o ato de todas as prerrogativas estatais, diferente o que ocorre com os atos privados da
administração e, por fim, manifestando vontade do poder público em casos concretos ou de
forma geral, não se confundido com meros atos de execução da atividade. “ 8 Encontram-se duas
condições para que alguém seja competente para realizar um ato administrativo, ser agente
publico ou seja, por alguém que esteja investido de munus público, podendo atuar em nome da
administração, em conceito amplo, que inclui todos os que exercem função pública, de forma
temporária ou permanente, com ou sem remuneração, dado como exemplo mesários, jurados. A
outra condição, é ser competente para a realização do ato, com atribuições conferidas por lei.
Para alguns doutrinadores implicitamente há uma terceira exigência em ser capaz. 9

8 – Em regra, qual é a forma dos atos administrativos? Por que o silêncio administrativo não
é considerado um ato administrativo? Em que consiste a motivação do ato administrativo?
Qual é a diferença entre motivação e motivo do ato administrativo?

Resposta: A forma do ato administrativo é a forma prevista em lei, sendo em regra por escrito,
admitindo-se outra maneira quando a lei assim autorizar. Com o intuito do ato administrativo
produza efeitos no mundo jurídico ele deve possuir uma forma correta. Assim, ausência de forma
importa a inexistência do ato administrativo, isso porque a forma é instrumento de projeção do
ato, fazendo parte do seu próprio ciclo de existência, sendo elemento constitutivo da atuação.

“A exigência de uma forma específica resulta do fato de que os atos administrativos são
decorrentes de um processo administrativo prévio que, por sua vez, é caracterizado por uma serie
de atos, concatenada com um propósito especifico. Com efeito, o processo administrativo é
instrumento indispensável para a atuação do Estado, no exercício da função administrativa, sendo
que, caso o resultado destes eventos possa repercutir na esfera individual de particulares, deve ser
orientado de forma a garantir a estes interessados o exercício do contraditório e da ampla
defesa.” 10O Ato Administrativo está sujeito ao Princípio da Solenidade, exigindo-se formalidades
específicas, procedimento administrativo prévio e motivação, e inerente à atuação estatal, como
garantia dos cidadãos que serão atingidos por esta conduta.
7
https://jus.com.br/artigos/30871/a-imperatividade-como-atributo-do-ato-administrativo-e-o-poder-
extroverso-do-estado e aula ministrada pelo professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia
29/04/2020.
8
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 247
9
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 22/04
10
(Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pag 263)
O Silêncio da Administração Pública, diante de determinada situação, não produz efeito
ressalvadas as hipóteses em que o próprio texto legal determinar o dever de agir do poder
público, definindo que a ausência de conduta ensejará a aceitação tácita de determinado fato ou
até mesmo a negativa pelo decurso do tempo. Para a existência de um determinado ato
administrativo é a exteriorização da vontade em uma forma especificada na legislação atinente à
matéria, razão pela qual, pode-se considerar que a ausência de conduta não configura ato
administrativo, mas tão somente fato da administração, apto a produzir efeitos, em determinadas
situações, mediante previsão de lei. 11

A motivação do ato administrativo, “um princípio explícito na Lei 9.784/99 e, para a maioria da
doutrina, está implícito na Constituição Federal. Portanto, os atos administrativos devem ser
motivados, sendo uma regra expor as razões de fato e de direito que deram motivo ao ato. A
doutrina majoritária justifica o dever de motivar no art. 2°, VII do diploma legal mencionado e, no
art. 50 do mesmo texto normativo. 12 “A motivação é obrigatória para todos os atos
administrativos que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses, imponham ou agravem
deveres, encargos ou sanções, decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública,
dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório, decidam recursos administrativos,
decorram de reexame de ofício, deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais e para os atos que importem
anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo” 13

O motivo é vinculado a uma situação de fato, por meio da qual é deflagrada a manifestação de
vontade da Administração, integra a formalização do ato e é feita pela autoridade administrativa,
competente para sua prática. Desta forma, pode-se estabelecer que o ato praticado sem a
motivação devida contém um vício no elemento forma. Enquanto ao elemento formativo dos atos
administrativos, com a motivação, onde ocorre mais usualmente em atos cuja resolução ou
decisão é precedida, no texto, dos fundamentos que conduziram à prática do ato, ou seja,
situações de fato que levaram o agente à manifestação da vontade. 14

9 – De acordo com a doutrina administrativista, explique a diferença entre motivo de fato e


motivo de direito do ato administrativo. Dê um exemplo de aplicação da teoria dos motivos
determinantes como fundamento justificador para a anulação de um ato administrativo.

Resposta: Consiste em alguns pressupostos fáticos, o motivo de fato, sendo ele o conjunto de
circunstâncias fáticas que levam à prática do ato, onde a própria situação de fato ocorrida no
mundo empírico, sem descrição na norma legal. Em caso situação de fato já está delineada na
norma legal, ao agente nada mais cabe senão praticar o ato tão logo seja ela configurada. Atua ele
como executor da lei em virtude do princípio da legalidade que norteia a Administração.

11
MatheusCarvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pag 264
José dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo Ed 28 pag 103
12
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pag 270
13
(Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 269

14
MatheusCarvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 269
José dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo Ed 28 pág 115
Caracterizar-se-á, desse modo, a produção de ato vinculado por haver estrita vinculação do
agente à lei. E o motivo direito, situação de fato que vincula a norma do ordenamento jurídico e
que vem a justificar a prática do ato, como ensejadora da vontade administrativa. 15

Vincula o administrador aos motivos para anulação do ato declarado ao tempo da edição,
sujeitando-o à demonstração de sua ocorrência, de tal modo que, se inexistentes ou falsos,
implicam a nulidade do ato administrativo. A anulação é retirada do ato administrativo por motivo
de ilegalidade, ou seja, o ato é extinto por conter vício, em virtude de sua expedição em
desconformidade com o ordenamento jurídico. Por exemplo, o vício de competência (sujeito) se
dá quando o ato foi praticado por uma autoridade incompetente; o vício de finalidade ocorre
quando o ato é praticado com finalidade diversa daquela prevista juridicamente para ele. 16

10 – Explique a diferença entre o objeto e a finalidade do ato administrativo. Explique a


diferença entre ato administrativo vinculado e ato administrativo discricionário.

Resposta: Finalidade é o elemento pelo qual todo ato administrativo deve estar dirigido ao
interesse público. Em sentido restrito é tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato
administrativo. Por exemplo, na aplicação da penalidade de demissão a um determinado servidor,
a finalidade é punir o agente pelo cometimento de determinada infração administrativa, contrária
ao interesse público, ou também a desapropriação de um terreno, cuja finalidade é construir uma
estrada para ligação de dois municípios vizinhos. 17

Objeto corresponde ao resultado prático do ato administrativo, cujo a definir o objeto como a
disposição da conduta estatal, ou seja, aquilo que fica decidido pela prática do ato. Por exemplo,
pode-se definir que, na desapropriação, o objeto é a perda do bem a ser utilizado para fins de
utilidade pública, assim como no ato administrativo de aplicação da penalidade de multa, o objeto
é a efetiva punição imposta ao particular. 18

Atos vinculado, são aqueles que o agente pratica reproduzindo os elementos que a lei
previamente estabelece. “Ao agente, nesses casos, não é dada liberdade de apreciação da
conduta, porque se limita, na verdade, a repassar para o ato o comando estatuído na lei. Isso
indica que nesse tipo de atos não há qualquer subjetivismo ou valoração, mas apenas a

15
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 22/04 José
dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo Ed 28 pág 214

16
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 299
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/a-anulacao-do-ato-administrativo-
por-vicio-no-motivo-consequencias-na-realidade-administrativa-sob-a-otica-da-lei-no-13-655-
2018/
17
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 29/04
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 260
18
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 29/04
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 272
averiguação de conformidade entre o ato e a lei. Exemplo de um ato vinculado: a licença para
exercer profissão regulamentada em lei. Os elementos para o deferimento desse ato já se
encontram na lei, de modo que ao agente caberá apenas verificar se quem o reivindica preenche
os requisitos exigidos e, em caso positivo, deverá conferir a licença sem qualquer outra
indagação.” 19

Os elementos do ato administrativo que podem ter feição discricionária, são aqueles onde é a
própria a lei que autoriza o agente a proceder a uma avaliação de conduta, obviamente tomando
em consideração a inafastável finalidade do ato. A valoração incidirá sobre o motivo e o objeto do
ato, de modo que este, na atividade discricionária, resulta essencialmente da liberdade de escolha
entre alternativas igualmente justas, fazendo juízo de valor, mediante exame de conveniência e
oportunidade para decidir. Exemplo, permissão de uso de bem público (administrador tem
discricionariedade para decidir se permite que comerciante coloque mesas em calçada pública). 20

11 – Indique e conceitue quais são os atributos do ato administrativo. Destaque a diferença


existente entre imperatividade e autoexecutoriedade do ato administrativo. Indique as
características dos atos administrativos: a) normativos; b) ordinatórios; c) negociais; d)
enunciativos; e) punitivos.

Resposta: Os atributos para atos administrativos, “conferidos por lei, são as prerrogativas de
poder público presentes no ato administrativo, em decorrência do princípio da supremacia do
interesse público sobre o interesse privado.” “Não obstante a inexistência de uma definição
uniforme acerca destas características, a doutrina majoritária costuma apontar a presunção de
legitimidade e de veracidade dos atos, a imperatividade, coercibilidade e autoexecutoriedade
como atributos dos atos administrativos, assim como a tipicidade, também definida por alguns
estudiosos da matéria.” 21

A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,


independentes de sua concordância. Todo ato administrativo que cria obrigação ao particular (os
chamados atos restritivos), encerra um poder dado à administração pública de, unilateralmente,
estabelecer uma obrigação aos particulares desde que, obviamente, dentro dos limites da lei. Essa
imposição de obrigações, independente da vontade do particular, configura o atributo da
imperatividade. Aos atributos da autoexecutoriedade, consiste em atributos pelo qual o ato
administrativo pode ser posto em execução pela própria administração pública, sem necessidade
de intervenção do poder judiciário. Pode-se, inclusive, definir que a executoriedade afasta o
controle jurisdicional prévio dos atos administrativos, restando indiscutível a possibilidade de
provimento posterior, mediante a propositura de ação pelo particular que se sentiu prejudicado
com a determinação do Estado. Esse atributo não está presente em todos os atos administrativos,

19
José dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo Ed 28 pág 131
20
José dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo Ed 28 pág 132
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 29/04
21
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 276
dependendo sempre da previsão de lei ou de uma situação de urgência, na qual a prática do ato
se imponha para garantia do interesse público. 22

A classificação dos atos administrativos considerando especificamente as suas espécies,


independentemente do aspecto material ou formal que os caracterize. É conhecida como atos,
(a)Normativos, “são atos gerais e abstratos que geram obrigações a uma quantidade
indeterminada de pessoas, dentro dos limites da lei. O ato normativo enseja a produção de
normas gerais, sempre inferiores aos comandos legais, não podendo inovar no ordenamento
jurídico. Tais atos são decorrência do poder normativo de estado, editados para fiel execução das
leis, consoante já estudado nesta obra, admitindo-se a presença de algumas espécies. “e detalham
melhor o que a lei previamente estabeleceu. Exemplo Regulamentos, ”trata-se de ato normativo
privativo do chefe do Poder Executivo, apresentado por meio da expedição de um Decreto. Em
outras palavras, pode-se dizer que o Decreto é a forma do regulamento”. 23

(b)Ordinatórios, “são atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder


hierárquico. Organizam a prestação do serviço, por meio de normas que se aplicam internamente
aos órgãos pertencentes à estrutura administrativa, ensejando a manifestação do Poder
Hierárquico da Administração, não atingindo terceiros, alheios à estrutura do Estado” e não
precisam de publicidade em Diário Oficial. Exemplo, despacho “trata-se de ato administrativo por
meio do qual as autoridades públicas proferem decisões acerca de determinadas situações
específicas, de sua responsabilidade funcional, sejam elas decisões finais ou interlocutórias,
prolatadas no bojo de processos administrativos que visem à solução de regras individuais ou
normas gerais”. 24

(c) Negociais, “são aqueles atos por meio dos quais a administração concede direitos pleiteados
por particulares. Trata-se de direito outorgado pelo Estado, em virtude de requerimento do
cidadão regularmente formulado.” Exemplo, Admissão “ato unilateral e vinculado pelo qual o
Poder Público permite que o particular usufrua de determinado serviço público prestado pelo
Estado, mediante a inclusão em um estabelecimento público. Caso o particular cumpra os
requisitos objetivamente definidos em lei, fará jus ao ato. Podem ser citados como exemplos os
atos de admissão em escola pública municipal ou em hospitais públicos” 25

(d) Enunciativos, “são os atos administrativos que estabelecem opiniões e conclusões do ente
estatal como, por exemplo, os pareceres, sendo, também, considerados enunciativos aqueles que
verificam e atestam situação de fato ocorrida que afeta a atuação estatal”. Exemplo, Certidão, “
trata-se de ato, por meio do qual, a Administração Pública certifica um determinado fato que já se
encontra previamente registrado no órgão, ou seja, "atesta" fato previamente escrito em
documento público” 26

22
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 277 a 279
Maria Sylvia Zanella- Direito Administrativo-2014 pág 209
23
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 06/05
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 287
24
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 06/05
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 288
25
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 06/05
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 290
26
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 06/05
(e) Punitivos, “são os atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções,
em face do cometimento de infrações administrativas pelos servidores públicos ou por
particulares. Podem decorrer do Poder Disciplinar, para aquelas sanções aplicadas às pessoas
particulares. Podem decorrer do Poder Disciplinar, para aquelas sanções aplicadas às pessoas
sujeitas à disciplina da Administração Pública e também pode ser manifestação do Poder de
Polícia repressivo, quando decorrente da Supremacia Geral”. Exemplo, multa “aplicada a um
particular, alheio à estrutura administrativa, pelo desrespeito às regras gerais de trânsito”. 27

12 – Um ato administrativo pode ser extinto, entre outros motivos, devido a sua cassação
ou caducidade. Qual é a diferença entre esses conceitos? Qual é a diferença entre a
anulação e a revogação de um ato administrativo?

Resposta: Sim. A extinção de um ato administrativo é a retirada do ato administrativo do


ordenamento jurídico, a extinção do ato administrativo por ato do poder público se subdivide
nas seguintes espécies: Cassação, caducidade, contraposição, anulação e revogação. Cassação
é retirada do ato administrativo pelo descumprimento das condições originalmente impostas,
ocorre quando o administrado deixa de preencher condição necessária para permanência da
vantagem. Exemplo: habilitação cassada porque o condutor ficou cego. A caducidade é a
retirada de um ato administrativo pela superveniência de uma norma jurídica que é com ele
incompatível. Como a caducidade não produz efeito automático é necessário á prática de um
ato constitutivo secundário determinando a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do
direito de utilizar imóvel com fins comerciais com aprovação de lei transformando a área em
exclusivamente residencial. A anulação deve ocorrer quando há vicio no ato, relativo à
legalidade ou legitimidade (ofensa à lei ao direto com um todo). É sempre um controle de
legalidade, nunca um controle de mérito. A revogação é a retirada, do mundo jurídico, de um
ato válido, mas que, segundo critério discricionário da administração, tornou-se importuno
ou inconveniente. As principais diferenças entre anulação e revogação são: O motivo da
anulação se da pela ilegalidade, na revogação por conveniência e oportunidade, competência
da anulação é da Administração e Poder Judiciário, na revogação somente pela
Administração, efeitos na anulação são retroativos (extunc), revogação não retroativos (ex
nunc); Ato que realiza anulação é anulatório, na revogação o ato é revocatório; natureza na
anulação é decisão vinculada, revogação a decisão é discricionária; na anulação são
alcançados os atos vinculados e atos discricionários, na revogação atos discricionários
perfeitos e eficazes, o prazo é de 05 (cinco) anos na anulação, não existindo prazo na
revogação. Anulação de atos ampliativos e dos praticados por funcionário de fato tem efeito
ex nunc, a revogação só pode ser realizada com a superveniência de fato novo que deve
constar da motivação do ato revocatório. 28

Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 295


27
Aula ministrada pelo Professor Thiago Sachetto em sala de aula virtual no dia 06/05
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 296
____________________________________________________________________________

PARTE II: Estudos de Caso Valor: 20 pontos

I1) Estudo de Caso 01: ESTUDO DE CASO 01:

Com o intuito de aprimorar a experiência gastronômica de seus clientes, o proprietário de


um restaurante (João Silva) efetuou uma ampliação no tamanho do seu estabelecimento.
Com a reforma, parte da nova edificação passou a ocupar um terreno de propriedade
pública municipal, e por essa razão, João Silva foi notificado pela Prefeitura, ainda quando a
reforma estava em andamento, sobre a sua irregularidade. Ao argumento de que o espaço
público invadido estava abandonado e mal cuidado, e de que ele havia feito melhorias no
local, o comerciante João negou-se a cumprir a ordem da Prefeitura para que a obra fosse
interrompida. Alguns dias depois, em uma vistoria realizada após a conclusão da edificação,
os fiscais da Prefeitura constataram a existência de risco iminente de desmoronamento da
construção, razão pela qual – com fulcro em dispositivos legais do Código Municipal de
edificações – demoliram a área irregularmente construída e multaram o proprietário por
inobservância da legislação.

a) Com base na situação hipotética apresentada, discorra sobre a natureza jurídica do ato
administrativo praticado pela prefeitura, abordando necessariamente a relação desse caso
concreto com os princípios do direito administrativo, os poderes da administração pública,
os atributos do ato administrativo e o direito de propriedade.

Resposta

b) Com base no caso hipotético enunciado, crie exemplos de situações em que o ato
administrativo de demolição praticado pelos fiscais poderia ter invalidades no que diz
respeito: i) à sua competência; ii) à sua finalidade; iii) à sua forma; iv) ao seu motivo; e v) ao
seu objeto, trazendo também situações hipotéticas em que esses vícios poderiam ser
convalidados.

Resposta: Em virtude do princípio da autotutela conferido a própria administração para


determinar invalidade de seus vícios, consagrados pelas súmulas 346 “ a administração pública
pode declarar nulidade de seus próprios atos” e pelos termos da sumula de 473 “ a administração

28
Mazza,Alexandre - Manual de Direito Administrativo, 2ª edição, pag. 236 e aula aplicada pelo professor
Thiago Sachettoem sala de aula virtual no dia 13/05/2020.
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem legais, porque deles não
se originam direitos, ou revoga-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados ou
direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial “com base no poder de
autotutela dos seus próprios atos. 29

Advém no artigo 2 da lei 4.717/65 de ação popular que no direito administrativo, podem vim
atingir os elementos do ato, podendo aferir os seguintes vícios quanto á competência, á sua
finalidade, á sua forma, ao seu motivo e objeto.

O vício no elemento da competência, se qualifica ao ato por não se incluir nas atribuições legais
do agente que o praticou, vindo a gerar vícios de usurpação de função, excesso de poder e função
de fato. A usurpação de função, obtém uma ilegalidade no qual tipifica no artigo 328 do Código
Penal “usurpar o exercício de função pública” é crime, decorre quando a pessoa que pratica o ato
não foi por qualquer modo investida no cargo, emprego ou função, ela se apossa, por conta
própria, do exercício de atribuições próprias de agente público, sem ter essa qualidade,
resultando, por isso, em nulidade de pleno direito ou até mesmo inexistência do ato. O excesso
de poder transcorre quando o agente público excede seus limites de sua competência por
exemplo ao impor penalidade mais grave, que não é de sua autoridade, tem-se a nulidade por
incompetência, por se considerar uma forma de abuso de poder. A função de fato tem-se uma
ilegalidade não manifesta, quando a pessoa que o pratica o ato está irregularmente investida no
cargo, emprego ou função, mas há aparência de legalidade, por exemplo falta de requisito legal
para investidura, como certificado de sanidade vencido. 30

Vícios relativos à Finalidade, definido pela Lei 4.717/65 como aquele que se verifica quando “o
agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra
de competência”. Refere-se o vício pelo abuso de direito por desvio de finalidade, configurado
toda vez que o ato não é usado para a finalidade que se espera. É o desvirtuamento da regra de
competência pelo fato do ato administrativo não ser direcionado ao interessa público, nem ao
objetivo específico por ele descrito. 31 Exemplo, a desapropriação feita para prejudicar
determinada pessoa caracteriza desvio de poder porque o ato não foi praticado para atender a
um interesse público. 32

De acordo com as palavras de José Cretella Júnio “um vício irreparável ocorre quando o ato se
afasta do espírito da lei, quando aquilo que inspirou o autor não se coaduna com a intenção do
legislador. O autor distorce o objetivo da lei tendo por fim alcançar um resultado que lhe satisfaça
pessoalmente. Seria uma forma de burlar a intenção da lei. Desvio de poder é o uso indevido, que
a autoridade administrativa, nos limites da faculdade discricionária de que dispõe, faz da
‘potestas’ que lhe é conferida para concretizar finalidade diversa daquela que a lei preceituara”. 33

29
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 248
30
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 251
http://consultormunicipal.adv.br/artigo/administracao-municipal/27-12-2014-atos-administrativos-
fiscais-municipais/
31
https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/458933167/conheca-os-possiveis-vicios-do-ato-
administrativo

32
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 255
Vícios relativos à forma, é apontado como vício insanável ao utilizar um tipo de ato administrativo
quando uma finalidade só possa ser alcançada por determinada forma. Lei 4.717/65 artigo 2
parágrafo único, b, “O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou
irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato”. Como exemplo, o
decreto é a forma que deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo; o edital é a única forma
possível para convocar os interessados em participar de concorrência. 34

Vícios relativos ao motivo, o vício pode estar no pressuposto de fato quanto se constatar a
inexistência do fato ou no pressuposto de direito, em uma hipótese em que embora o fato exista,
foi enquadrado erroneamente na norma legal. 35 A lei .4717/65 artigo 2 parágrafo único, d, tipifica
exclusivamente da inexistência dos motivos e discorre que esse vício ocorre “quando a matéria de
fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido”. Exemplo, se a Administração pune um funcionário, mas este
não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente, se ele praticou infração diversa, o motivo
é falso. 36

Por fim, o vício relativo ao objeto consiste na prática de ato dotado de conteúdo diverso do que a
lei autoriza ou determina. Há vício se o objeto é ilícito, impossível ou indeterminável. 37 Segundo o
artigo 2, parágrafo único, c, da Lei n 4.717/65, “a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado
do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo”. Mediante o exposto,
haverá vício em relação ao objeto quando qualquer desses requisitos deixar de ser observado.
Nas palavras de Maria Sylvia, é citado como exemplo: “um Município que desaproprie bem
imóvel da União; Diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual incide; por exemplo: a
autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a de repreensão; Impossível, porque os
efeitos pretendidos são irrealizáveis, de fato ou de direito; por exemplo: a nomeação para um
cargo inexistente; Imoral; por exemplo: parecer emitido sob encomenda, apesar de contrário ao
entendimento de quem o profere; Incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao
lugar; por exemplo: desapropriação de bem não definido com precisão. “ 38

Inquinado o ato de vício de legalidade, pode ele ser invalidado pelo Judiciário ou pela própria
Administração. Esta invalidação sendo feita pelo poder judiciário, conforme as provações dos
interessados, dispondo para esse fim, que as ações ordinárias e especiais previstas na legislação
processual, quer os remédios constitucionais de controle judicial da administração pública. Feita
pela própria administração pública independe de provocação do interessado, estando vinculada
ao princípio de legalidade, zelando pela sua observância. 39

33
http://consultormunicipal.adv.br/artigo/administracao-municipal/27-12-2014-atos-administrativos-
fiscais-municipais/
34
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 254
http://consultormunicipal.adv.br/artigo/administracao-municipal/27-12-2014-atos-administrativos-
fiscais-municipais/
35
https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/458933167/conheca-os-possiveis-vicios-do-ato-administrativo
36
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 254
37
José dos Santos Carvalho Filho- Manual de Direito Administrativo pág 158
38
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 253
39
José dos Santos Carvalho Filho- Manual de Direito Administrativo pág 159
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 248
Para Maria Sylvia “a Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena de
cair por terra o princípio da legalidade. No entanto, poderá deixar de fazê-lo, em circunstâncias
determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o decorrente da
manutenção do ato ilegal; nesse caso, é o interesse público que norteará a decisão. Também têm
aplicação os princípios da segurança jurídica nos aspectos objetivo estabilidade das relações
jurídicas e subjetivo proteção à confiança e da boa-fé “ 40

No caso exposto, a meu ver, a demolição de um edifício pela autoridade administrativa por razões
de segurança, podem levar em conta aos princípios do interesse público, da segurança jurídica e
da boa-fé, diante disso, poderá anular ou convalida-lo. 41

Existem muitas controvérsias doutrinárias a respeito dos vícios de atos administrativos, em


âmbito federal da Lei nº 9.974/99 no artigo 53, que prescreve administrativo em esfera da
administração pública federal, explicito no artigo que “a Administração deve anular seus próprios
atos, quando eivados de vício de legalidade” , não obstante, prevê no artigo 55 para ser mantido
o ato ilegal, onde se admite a existência de atos administrativos com defeitos sanáveis,
possibilitando, para os mesmos, a convalidação, é porque fez distinção entre vício sanável que
gera anulabilidade, e vícios insanáveis que geram as nulidades. Tratando de uma decisão
discricionária, onde se tem liberdade para agir dentro dos parâmetros legais, fazendo juízo de
valor, mediante exame de conveniência e oportunidade para decidir, somente possível quando os
atos inválidos não acarretam prejuízos aos terceiros, de forma contrária, a anulação é obrigada. 42

Para Matheus Carvalho “ costuma-se considerar que são passíveis de convalidação os atos que
possuam, como regra, vícios de competência ou forma, haja vista o fato de que os vícios nestes
elementos são sanáveis, seja pela instrumentalidade das formas, como princípio aplicável à
atuação do Estado, seja em decorrência da possibilidade de se ratificar o ato pela autoridade
competente” 43

____________________________________________________________________________
2) Estudo de caso 02: Suponha a seguinte situação. No Estado do Rio Grande do Norte, foi
editado o decreto n.º 171, de 10 de maio de 2020, atribuindo o nome da mãe da
Governadora a uma escola estadual que acaba de ser construída. Atualmente viva, a mãe
da Governadora é enfermeira respeitada no município onde reside, e chama-se Teresa
Abigail (nome idêntico ao de sua única filha). Confira-se o teor do decreto:

Decreto Estadual nº. 171, de 10 de maio de 2020

Art. 1º. Fica denominada de Enfermeira Teresa Abigail o prédio da nova escola estadual
localizada na Rua das Laranjas, n.º 210, no Bairro dos Cristais, Município/RN.

40
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 248 e 249

41
Opinião exposta conforme a explanação de Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 249
42
Maria Sylvia Zanella-Direito Administrativo 2014 pág 249
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/a-anulacao-ou-invalidacao-dos-
atos-administrativos/
43
Matheus Carvalho-Manual de Direito Administrativo-2017 pág 302
Art. 2º. Este decreto entra em vigor 20 dias após a data de sua publicação.

Responda de maneira fundamentada.

a) o Decreto Estadual nº 171/2019 afronta alguma(s) norma(s) constitucional(is)? Por quê?

Resposta: O referido Decreto afronta os dispositivos da Lei Federal nº 6.454/1977 em seu


artigo 1º, dispõe sobre a proibição de utilização de nomes de pessoas vivas em quaisquer
prédios públicos ou entidades que recebam recursos federais, estaduais ou municipais. A
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 37, § 1º, qual prescreve: A publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanha dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizam promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. O princípio da
impessoalidade estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público,
impedindo discriminações e privilégios indevidamente dispensados a particulares no exercício
da função administrativa. Segundo a excelente conceituação prevista na Lei do Processo
Administrativo, trata-se de uma obrigatória “objetividade no atendimento do interesse
público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades (artigo 2º, parágrafo único,
III, da Lei nº 9.784/99). A relação da impessoalidade com a noção de finalidade pública é
indiscutível. Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade ‘’nada mais é que o
clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato
para seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa
ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal’’. Ao agir visando a finalidade
pública prevista na Lei, a Administração Pública necessariamente imprime impessoalidade e
objetividade na atuação, evitando tomar decisões baseadas em preferência pessoal ou
sentimento de perseguição. O desdobramento fundamental do princípio da impessoalidade é
a vedação da promoção pessoal de agentes ou autoridades. A maior preocupação do
legislador foi impedir que a propaganda dos atos, obras e programas do governo pudesse ter
um caráter de pessoalidade por meio da associação entre uma realização pública e o agente
público responsável por sua execução. A atuação deve ser impessoal também nesse sentido.
Note que a impessoalidade é caminho de mão dupla. De um lado, o administrado deve
receber tratamento sem discriminações ou preferências; de outro, o agente público não pode
imprimir pessoalidade associando sua imagem pessoal a uma realização governamental. A
presença de nomes, símbolos ou imagens de agentes ou autoridades nas propagandas
governamentais compromete a noção de res pública e a impessoalidade da coisa pública.
Pela mesma razão, ofende a impessoalidade: a) batizar logradouro público com nome de
parente para eternizar o famoso sobrenome do político; b) imprimir logomarcas em
equipamentos públicos ou uniformes escolares; c) manter a data de inauguração ao lado da
obra.

b) Classifique o referido ato no que diz respeito a sua perfectibilidade, validade, eficácia e
modalidade de ato administrativo. Depois responda: o em questão é dotado da
característica de abstração ou é ato de efeitos concretos? Explique e fundamente.

Resposta: O ato para sua formação constitui um processo que estabelece os elementos que o
compõe. Esse processo pode ser extenso e lhe intervir ou não a vontade do administrado. A
perfectibilidade do ato apenas manifesta quando se encerra esse ciclo de formação. Ressalve-se
que perfeição não significa aqui o que não tem vícios, o seu sentido é o de consumação e
conclusão. A perfeição do ato não leva em consideração a sua validade, mas sim apenas as fases
de produção. 44

Desse modo, à semelhança do ato jurídico perfeito ao artigo 5º, XXXVI, CF, e art. 6º, § 1º, Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pode dizer-se que os atos administrativos podem ser
perfeitos ou imperfeitos, configurando-se os primeiros quando encerrado seu ciclo de formação,
e os últimos, quando ainda em curso o processo constitutivo. 45

O referido decreto nº 171 é perfeito, pois está em devidas condições de produzir efeitos jurídicos,
em razão de todas as etapas do seu processo de formação foram concluídas. Ineficaz e
invalido, sendo esgotado seu ciclo de formação, sobre encontrar-se em desconformidade com a
ordem jurídica, seus efeitos ainda não podem fluir, por se encontrarem na dependência de algum
acontecimento previsto como necessário para a produção dos efeitos condição suspensiva ou
termo inicial, ou aprovação ou homologação dependentes de outro órgão. 46

O ato administrativo é toda declaração unilateral do Estado, ou de quem lhe faça às vezes,
em complemento da lei, editado no exercício da função administrativa, podendo ter efeitos
jurídicos diretos ou indiretos, concretos ou abstratos, gerais ou individuais. No presente caso
em tela, o ato praticado pela Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, caracteriza-se
por um ato abstrato, que se caracterizou pela criação de um regulamento, qual seja o
referido Decreto n º 171, de 10 de maio de 2020, que denominava de Enfermeira Teresa
Abigail o prédio da nova escola estadual localizada na Rua das Laranjas, n º 210, no Bairro dos
Cristais, Município/RN. Desta forma, cabe salientar que os atos abstratos são características
dos atos normativos que contêm comandos, para viabilizar o cumprimento da lei. Para alguns

44
José dos Santos Carvalho Filho-Manual de Direito Administrativo ed 28 pág 128
45
José dos Santos Carvalho Filho-Manual de Direito Administrativo ed 28 pág 128
46
https://jus.com.br/artigos/55742/ato-administrativo-conceito-perfeicao-validade-e-eficacia
autores, tais atos seriam leis em sentido material. Ex: decretos e deliberações. Contudo,
estes atos normativos não podem ir de encontro ao ordenamento jurídico, criando para os
administrados e administradores direitos ou obrigações que não se encontrem previamente
estabelecidos em lei. No caso em tela, será necessário a desconstituição dos efeitos concretos
do ato, por ilegalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo que deu origem aqueles
efeitos.

Referências Bibliográficas:

Caso 2 - Letra A. Mazza, Alexandre. Manual de direito administrativo / Alexandre Mazza. 2.


ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Páginas 90 a 92.

Caso 2, letra B - Alexandrino, Marcelo Direito administrativo descomplicado/Marcelo


Alexandrino, Vicente Paulo. – 21. ed. rev. e atual. – Rio de janeiro: Forense; São Paulo:
MÈTODO, 2013. Páginas nº 205/500.

Mazza, Alexandre. Manual de direito administrativo / Alexandre Mazza. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. Página 223/224.

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