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Cézanne, ausente da exposição de 1886, está à frente de uma outra via crítica que tem sua
ênfase colocada no estudo da estrutura pictórica. É verdade que Cézanne nunca se
inclinou às representações realistas e às impressões fugazes exploradas pelos
impressionistas. Sua opção recaiu sempre sobre a análise estrutural da natureza, por meio
de uma pintura que apela preferencialmente à mente e à consciência, e não à visão. O
conhecimento da realidade em Cézanne não é contemplação, mas pesquisa metódica, em
que as sensações visuais são filtradas pela consciência. Já em 1873, em A casa do
enforcado em Auvers, exibida na primeira mostra impressionista, o caráter original de sua
pintura começa a se revelar: a composição densa, os volumes recortados, a luz que produz
um efeito material na tela, sem brilhos nem transparências.
Gauguin descobre a novidade das obras de Cézanne e delas tira proveito particular.
Explora, como ele, um estilo anti-naturalista, mas o faz pelo uso de áreas de cores puras
e planas, já nas obras que realiza em Pont-Aven (por exemplo, A visão após o sermão-
Jacó e o anjo, 1888). A ida do pintor para o Taiti em 1891, abre suas pesquisas à cultura
plástica dos primitivos, o que se revela no uso de cores vibrantes e na simplificação do
desenho (Ta ma tete; mulheres taitianas sentadas num banco, 1892 e Te tamari no atua;
Natividade, 1896).