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Disciplina 8 | Unidade 01O Contexto Histórico e Social da Inclusão das Pessoas com

Deficiência na Sociedade e na Educação

400 a.C
Em Atenas, por volta de 400 a.C., recém-nascidos com alguma deficiência podiam ser
eliminados, sem que isso fosse de reprovação social. Em Roma, apesar de haver,
também, essa prática, o abandono e uso dessas pessoas em atividades de pouco valor
social eram ações mais comuns.
Cristianismo - Século I
Com o advento do Cristianismo, valores como a caridade e o amor ao próximo (isso não
significa que não eram presentes nas sociedades anteriores) foram positivos para a
sobrevivência e melhoria das condições das pessoas com deficiência. Isso se reflete, por
exemplo, após o Século IV, onde houve aumento na construção de hospitais e centros de
atendimento aos carentes e necessitados.
Idade Média - Séculos XI e XII
Principalmente, entre os Séculos XI e XII, na Idade Média, as pessoas que apresentavam
alguma deficiência podiam ser consideradas como fruto da ira divina ou de pecados
cometidos e eram, constantemente, abandonados ou castigados, às vezes perdiam a
própria vida.
Renascimento - Séculos XV e XVII
Entre os Séculos XV e XVII, com o Renascimento, com o avanço das Ciências e com o
advento da filosofia Humanista, a situação social das pessoas com deficiência passou a
ser considerada de forma mais efetiva. Foi nesse período que instituições de auxílio e
educação específicas para pessoas com deficiência foram instituídas na Europa.
Séculos XVIII a XX
Entre os Séculos XVIII e XX muitas mudanças ocorreram. No entanto, sempre em direção
a considerar as pessoas com deficiência cada vez mais dignas de fazer parte da
sociedade. Foram criadas escolas, instituições e políticas públicas e particulares, que
melhoraram as condições de participação e de acessibilidade, que foram sendo
aperfeiçoadas com o passar dos anos. Essa mudança tem sido muito lenta, gradual e com
“idas e vindas”. Um exemplo positivo são as pessoas que adquiriram alguma deficiência
ao longo da vida, principalmente por motivos de guerra, e que passaram a ter apoio e
assistência crescentes de seus países, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos da
América. Essas mudanças se fizeram mais efetivas e com ritmo mais acelerado
principalmente após meados do Século XX.
É relevante que se perceba que o que ocorreu no Brasil pode ser considerado análogo ao
que se vislumbrou na Europa e no EUA, principalmente após o Século XIX. Foram
criados, por Dom Pedro II, nesse Século, o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos e o
Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente Instituto Nacional de Educação dos
Surdos (INES) e Instituto Benjamim Constant, respectivamente.
Séculos XX e XXI
Nos Séculos XX e XXI houve enormes avanços na política social de inclusão das pessoas
com deficiência. É difícil determinar com precisão onde e quando se iniciou o processo
moderno de inclusão efetiva dessas pessoas. No entanto, há um marco fundamental para
a compreensão e localização histórica desse processo: a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948.
A partir dessa Declaração, passaram a ser considerados mundialmente – pelo menos de
forma oficial – os direitos que os seres humanos possuem; alguns desses princípios
inalienáveis e universais, sem distinção de raça, gênero, religião, condição econômica,
cultural, física, sensorial ou intelectual. Essa Declaração não é como todos sabem um
documento que trata especificamente dos direitos das pessoas com deficiência, mas deixa
claro que todos os seres humanos têm direitos iguais.

Conteúdo
A trajetória da inclusão das pessoas com deficiência no Brasil
O Brasil, principalmente nas três últimas décadas, tem acompanhado de perto tais
modificações. No entanto, devemos ter em mente que o país tem sua trajetória particular,
e que inúmeros fatores influenciam no desenvolvimento da construção de ações voltadas
para uma perspectiva social mais inclusiva. A seguir, analisaremos, de modo geral, como
foi tal trajetória no país.
As primeiras ideias sobre educação para pessoas com deficiência
Pelo que temos notícias, foi no Estado de São Paulo, em 1917, que pela primeira vez a
educação para pessoas com deficiência foi citada. No entanto, as políticas públicas em
caráter nacional dedicadas a essas pessoas demoraram muito para ser instituídas
efetivamente.
A inclusão de pessoas com deficiência em instituições educacionais públicas
As famílias arcavam com todo o ônus de tentar fazer do seu filho um aluno participante e
ativo no processo pedagógico e social da escola. Para isso, dependiam muito das
iniciativas e envolvimento pessoal dos professores e colaboradores da escola.
A inclusão de pessoas com deficiência em instituições educacionais particulares
As ações que mais comuns até a Constituição Federal de 1988 (CF) eram voltadas à
filantropia ou à internação das pessoas com deficiência em instituições particulares que
isolavam seus internos do convívio social; e, quando havia algum movimento inclusivo,
era uma iniciativa particular de algum núcleo social ou de uma família isolada, como já se
citou no item anterior. Não havia uma política pública institucionalizada e organizada para
a efetiva promoção da inclusão plena desse público que abrangesse todo o país.
Foi no contexto da promulgação da CF que os direitos à educação com uma perspectiva
mais inclusiva de pessoas com deficiência consolidou-se nacionalmente, em caráter oficial
e definitivo. Seguindo esse contexto, a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional,
de 1996, ofereceu as “bases” atuais do que vivemos como realidade nas escolas públicas
e particulares.

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Art. 58.  Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.            (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em
função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.

§ 3º  A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e
estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta
Lei.             (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)

Art. 59.  Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:          (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para
os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado,
bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas
artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível
do ensino regular.

Art. 59-A.  O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
matriculados na educação básica e na educação superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas
destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado.         (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)

Parágrafo único.  A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou superdotação, os critérios e
procedimentos para inclusão no cadastro referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo
cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento das
potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio
técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único.  O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria
rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.             (Redação
dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
 O Atendimento Educacional Especializado (AEE)
A aplicação dessa política está a cargo do Atendimento Educacional Especializado (AEE),
que possui orientação inclusiva, oferecendo aos alunos público alvo da Educação
Especial (alunos com deficiência, transtornos Globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação) reais oportunidades de serem incluídos na escola regular,
em turno oposto ao frequentado na sala comum. Para a operacionalização dessa política,
o MEC prevê formação de profissionais e investimento em infraestrutura e recursos
financeiros destinados exclusivamente a esse público, dentre outras iniciativas.

RESOLUÇÃO No 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009 (*)

Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica,


modalidade Educação Especial.

O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas


atribuições legais, de conformidade com o disposto na alínea “c” do artigo 9o da Lei no 4.024/1961, com a
redação dada pela Lei no 9.131/1995, bem como no artigo 90, no § 1o do artigo 8o e no § 1o do artigo 9o da
Lei no 9.394/1996, considerando a Constituição Federal de 1988; a Lei no 10.098/2000; a Lei no
10.436/2002; a Lei no 11.494/2007; o Decreto no 3.956/2001; o Decreto no 5.296/2004; o Decreto no
5.626/2005; o Decreto no 6.253/2007; o Decreto no 6.571/2008; e o Decreto Legislativo no 186/2008, e com
fundamento no Parecer CNE/CEB no 13/2009, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da
Educação, publicado no DOU de 24 de setembro de 2009, resolve:

Art. 1o Para a implementação do Decreto no 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes
comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de
recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.

Art. 2o O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da
disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua
plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.

Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação aqueles
que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida,
promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e
equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.

Art. 3o A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional.

Art. 4o Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE:

I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual,
mental ou sensorial.

II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações
no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou
estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger,
síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra
especificação.

III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande
envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança,
psicomotora, artes e criatividade.

(*)
Resolução CNE/CEB 4/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção 1, p. 17.
Art. 5o O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em
outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns,
podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria
de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 6o Em casos de Atendimento Educacional Especializado em ambiente hospitalar ou domiciliar, será


ofertada aos alunos, pelo respectivo sistema de ensino, a Educação Especial de forma complementar ou
suplementar.

Art. 7o Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de enrique- cimento curricular
desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interfa- ce com os núcleos de atividades
para altas habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos voltados ao
desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes.

Art. 8o Serão contabilizados duplamente, no âmbito do FUNDEB, de acordo com o Decreto no 6.571/2008,
os alunos matriculados em classe comum de ensino regular público que tiverem matrícula concomitante no
AEE.

Parágrafo único. O financiamento da matrícula no AEE é condicionado à matrícula no ensino regular da


rede pública, conforme registro no Censo Escolar/MEC/INEP do ano anterior, sendo contemplada:

1. a)  matrícula em classe comum e em sala de recursos multifuncionais da mesma escola pública;


2. b)  matrícula em classe comum e em sala de recursos multifuncionais de outra escola pública;
3. c)  matrícula em classe comum e em centro de Atendimento Educacional Especializado de instituição
de Educação Especial pública;

d) matrícula em classe comum e em centro de Atendimento Educacional Especializado de instituições de


Educação Especial comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.

Art. 9o A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que atuam na sala
de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores do ensino
regular, com a participação das famílias e em interface com os demais serviços setoriais da saúde, da
assistência social, entre outros necessários ao atendimento.

Art. 10. O projeto pedagógico da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE prevendo
na sua organização:

I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de
acessibilidade e equipamentos específicos;

II – matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola;

III – cronograma de atendimento aos alunos;

IV – plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos
recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;

V – professores para o exercício da docência do AEE;

VI – outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e


outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção;

VII – redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do


acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE.
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Parágrafo único. Os profissionais referidos no inciso VI atuam com os alunos público- alvo da Educação
Especial em todas as atividades escolares nas quais se fizerem necessários.

Art. 11. A proposta de AEE, prevista no projeto pedagógico do centro de Atendimento Educacional
Especializado público ou privado sem fins lucrativos, conveniado para essa finalidade, deve ser aprovada
pela respectiva Secretaria de Educação ou órgão equivalente, contemplando a organização disposta no artigo
10 desta Resolução.

Parágrafo único. Os centros de Atendimento Educacional Especializado devem cumprir as exigências legais
estabelecidas pelo Conselho de Educação do respectivo sistema de ensino, quanto ao seu credenciamento,
autorização de funcionamento e organização, em consonância com as orientações preconizadas nestas
Diretrizes Operacionais.

Art. 12. Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da
docência e formação específica para a Educação Especial.

Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado:

I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias


considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial;

II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a


aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;

III – organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais;

IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de


aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola;

V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de


recursos de acessibilidade;

VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno;

VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,
promovendo autonomia e participação;

VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos
serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos
alunos nas atividades escolares.

Art. 14. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011.

Dispõe sobre a educação especial, o atendimento


educacional especializado e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”,
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, art. 9º , § 2º , da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados por meio do Decreto Legislativo nº 186,
de 9 de julho de 2008, com status de emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto
de 2009,

DECRETA:

Art. 1º O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de
acordo com as seguintes diretrizes:

I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na
igualdade de oportunidades;

II - aprendizado ao longo de toda a vida;

III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;

IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com
as necessidades individuais;

V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva
educação;

VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento


acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena;

VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e

VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e
com atuação exclusiva em educação especial.

§ 1º Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.

§ 2º No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as diretrizes e princípios
dispostos no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

Art. 2º A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras
que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional
especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucional e continuamente, prestado das seguintes formas:

I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como
apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou

II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.

§ 2º O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a


participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades
específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas
públicas.

Art. 3º São objetivos do atendimento educacional especializado:

I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio
especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes;

II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;

III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de
ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino.

Art. 4º O Poder Público estimulará o acesso ao atendimento educacional especializado de forma complementar
ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto no 6.253, de 13
de novembro de 2007.

Art. 5º A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, Municípios e
Distrito Federal, e a instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de
ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.

§ 1º As instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos de que trata o  caput devem
ter atuação na educação especial e serem conveniadas com o Poder Executivo do ente federativo competente.

§ 2º O apoio técnico e financeiro de que trata o caput contemplará as seguintes ações:

I - aprimoramento do atendimento educacional especializado já ofertado;

II - implantação de salas de recursos multifuncionais;

III - formação continuada de professores, inclusive para o desenvolvimento da educação bilíngue para
estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile para estudantes cegos ou com baixa visão;

IV - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação na perspectiva da


educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais;

V - adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;

VI - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e

VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.

§ 3º As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais


didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado.

§ 4º A produção e a distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem


materiais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador
de voz, softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.

§ 5º Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam eliminar barreiras
físicas, de comunicação e de informação que restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e social de
estudantes com deficiência.

Art. 6º O Ministério da Educação disciplinará os requisitos, as condições de participação e os procedimentos


para apresentação de demandas para apoio técnico e financeiro direcionado ao atendimento educacional
especializado.

Art. 7º O Ministério da Educação realizará o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola por parte
dos beneficiários do benefício de prestação continuada, em colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Art. 8º O Decreto nº 6.253, de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 9º-A. Para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes
da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado.

§ 1º A dupla matrícula implica o cômputo do estudante tanto na educação regular da rede pública, quanto no
atendimento educacional especializado.

§ 2º O atendimento educacional especializado aos estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser
oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente, sem
prejuízo do disposto no art. 14.” (NR)

“Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas
na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com
atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente.

§ 1º Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino, em classes
comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais ou especializadas.

§ 2º O credenciamento perante o órgão competente do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso
IV e parágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei nº 9.394, de 1996, depende de aprovação de projeto pedagógico.”
(NR)

Art. 9º As despesas decorrentes da execução das disposições constantes deste Decreto correrão por conta das
dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 11. Fica revogado o Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008.

Brasília, 17 de novembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.

Mensagem de veto Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da


Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º
Regulamento do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.

§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de
síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por


deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por


comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos
legais.

Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista:

I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à pessoa com


transtorno do espectro autista;

II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno
do espectro autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;

III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o
diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes;

IV - (VETADO);
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, observadas
as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990  (Estatuto da Criança e do
Adolescente);

VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações;

VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com


transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis;

VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a
magnitude e as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no País.

Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder público poderá firmar
contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.

Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:

I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;

II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;

III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde,
incluindo:

a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;

b) o atendimento multiprofissional;

c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;

d) os medicamentos;

e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;

IV - o acesso:

a) à educação e ao ensino profissionalizante;

b) à moradia, inclusive à residência protegida;

c) ao mercado de trabalho;

d) à previdência social e à assistência social.

Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída
nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º , terá direito a acompanhante especializado.

Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento desumano ou
degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da
deficiência.

Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades especializadas, observar-se-á
o que dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.

Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de planos privados de
assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei nº 9.656,
de 3 de junho de 1998.

Art. 6º (VETADO).

Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do
espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-
mínimos.

§ 1º Em caso de reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla


defesa, haverá a perda do cargo.

§ 2º (VETADO).
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.

Mensagem de veto
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Vigência

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IV

DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a
alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.

Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade


assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma
de violência, negligência e discriminação.

Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar,
acompanhar e avaliar:

I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o


aprendizado ao longo de toda a vida;

II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso,


permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de
acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena;

III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim


como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes
com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade,
promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia;

IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da


língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;

V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o


desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a
permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino;

VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas,


de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;

VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional


especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e
usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;

VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias
de atuação da comunidade escolar;
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos
linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade,
as habilidades e os interesses do estudante com deficiência;

X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e


continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional
especializado;

XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional


especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de
apoio;

XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia


assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia
e participação;

XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de


oportunidades e condições com as demais pessoas;

XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação


profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos
respectivos campos de conhecimento;

XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades


recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;

XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais


integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a
todas as modalidades, etapas e níveis de ensino;

XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;

XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas.

§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se


obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e
XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza
em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações.

§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI


do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte:

I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo,


possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras;          (Vigência)

II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas


salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com
habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras.    (Vigência)

Art. 29. (VETADO).

Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas
instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas,
devem ser adotadas as seguintes medidas:
I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de
Ensino Superior (IES) e nos serviços;

II - disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que


o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva
necessários para sua participação;

III - disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessidades


específicas do candidato com deficiência;

IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados,


previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência;

V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, tanto
na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia
solicitação e comprovação da necessidade;

VI - adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que


considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade
escrita da língua portuguesa;

VII - tradução completa do edital e de suas retificações em Libras.


Disciplina 8 | Unidade 02O Público-alvo da Educação Especial no contexto educacional Regular
Nunca diga que compreendeu algo que um aluno com dificuldade de fala tentou te dizer
se, de fato, você não compreendeu o que ele disse.
Para alunos que não falam, mantenha o contato visual constante, pois ele pode desejar se
expressar e não poderá chamar sua atenção oralmente.
Muletas e bengalas não devem ser retiradas do local onde o aluno as colocou sem que
ele saiba e autorize a mudança de lugar.
Não deixe de incluir os alunos com dificuldade de locomoção ou de coordenação motora
nas atividades em grupo. Consulte o aluno para saber a melhor forma de ele participar.
Em atividades físicas, consulte o aluno e verifique se há restrições clínicas ou médicas
para a prática desse tipo de atividades.
Garanta que nos laboratórios e oficinas o ambiente seja o mais acessível possível. As
bancadas e equipamentos devem estar ao alcance do aluno, bem como sua circulação e
segurança devem ser garantidas.

Divida as tarefas em partes, gradualmente, dificultando as aquisições aos poucos,


incentivando os conhecimentos adquiridos, respeitando o ritmo do aluno.
 Utilize em seu trabalho diferentes tipos de linguagens, como música, artes,
expressões corporais, entre outras.
 Não subestime a inteligência de seu aluno. As pessoas com deficiência intelectual
levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades
intelectuais e sociais.
 Nas situações de convivência, disponibilize ao seu aluno informações, descreva
detalhes, questione e problematize para facilitar suas relações com as outras
pessoas e o meio.
 Procure agir naturalmente para relacionar-se com seu aluno com deficiência
intelectual.
 Deixe que seu aluno faça ou tente fazer sozinho tudo o que puder. Ajude apenas
quando for realmente necessário.
 Comece por pensar que irá ser compreendido. Prepare-se para explicar a mesma
coisa mais do que uma vez. Não desista se seu aluno não o entender à primeira
tentativa.
 Nunca infantilize o tratamento de seus alunos adultos.
 Motive, elogie o sucesso e valorize a autoestima.
 Acredite, principalmente, que seu aluno com deficiência intelectual pode aprender
como outro aluno. O importante é utilizar as estratégias e ferramentas adequadas.
Pergunte ao aluno com baixa visão sobre as melhores cores para escrever na lousa.
Encontre um local na sala de aula adequado ao aluno com baixa visão, para que ele não
seja prejudicado na leitura da lousa por causa do reflexo da luz.
Sempre que for apresentar um vídeo, filme ou clip procure colocá-lo dublado em
português. Caso isso não seja possível e haja legenda, é importante que se leia as
legendas para o aluno durante a transmissão do conteúdo.
Encontre um local adequado para o aluno com baixa visão se sentar na sala, de modo
que a iluminação lhe seja favorável.
É importante que o docente faça um breve resumo do conteúdo de filmes ou clips antes
de sua exibição para o aluno com deficiência visual.
Em atividades que se deverá construir uma maquete, mapa etc., É possível que o aluno
com deficiência visual participe. Deve-se fazer o trabalho com relevos e texturas.
Caso o aluno utilize o braile, é importante que se mande imprimir os conteúdos em
gráficas de impressão braile.
Sempre que houver mudança na sala de aula, o aluno com deficiência visual deve ser
avisado e levado até o local para se familiarizar com a nova configuração dos móveis ou
do lugar.
Não deixe portas semiabertas; feche-as ou as abra totalmente. Não deixe objetos
espalhados no chão, tal como mochilas, caixas, lixeiras fora do lugar, etc.
Caso haja um guia-intérprete fazendo o trabalho de interpretação para o aluno com
surdocegueira, sempre mantenha contato visual com ele e não deixe de oferecer apoio e
indagar se ele precisa de um pouco de tempo para fazer sua interpretação ou deseja que
acelere sua explanação.
Sejam quais forem as deficiências do aluno, não deixe de interagir diretamente com ele.
Caso necessário, solicite a ajuda do guia-intérprete para adaptar ou confeccionar
materiais e conteúdos ara os alunos com surdocegueira.
Mapas, maquetes e gráficos táteis são instrumentos muito adequados aos alunos que
possuem cegueira, deficiência intelectual ou baixa visão associadas. Utilize esses
recursos com a orientação do guia- intérprete e do aluno com deficiência.
Seja bastante flexível com relação às suas estratégias didáticas. O aluno com TEA pode
te ensinar novas formas de lidar com assuntos e conteúdos cristalizados.
Invista em aprimorar sua comunicação com o aluno com TEA. Eles possuem dificuldades
nessa área e precisam que você encontre formas de estabelecer uma comunicação plena
com ele.
Não se apegue às possíveis estereotipias. Não permita a estigmatização desse aluno.
Invista nas relações baseadas no respeito e na valorização dos talentos, diferenças e
competências de todos.
Disciplina 8 | Unidade 03O Contexto Histórico e Social da questão de raça na Sociedade e na
Educação
Sabemos que a mudança com relação à eliminação do preconceito não se dá por força de
lei. É na ação cotidiana, nos mercados, nas empresas, nos campos de futebol, nos
hospitais, bancos que esse processo se desenvolve de forma efetiva e perene.
É óbvio que também perpassa pela escola infantil, básica, superior, técnica. Um dos
aspectos relevantes do trabalho docente passa por compreender as diferenças entre seus
alunos. Tais distinções não se dão, obviamente, somente pela cor da pele, mas de
inúmeras formas, relacionadas a diversos contextos, que podem ser de origem cultural,
étnica, física, religiosa etc.
Sabemos que todo o histórico de exclusão e preconceito não se dissipará de forma rápida
e sem esforço. É seu papel, professor(a), entretanto, apoiar essa mudança. Isso é
possível por suas posturas e ações em seus cursos e, claro, em suas ações cotidianas
fora da escola dentro e fora dos outros ambientes de trabalho onde você têm vínculos.
Discutiu-se que racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância, constituem
violações graves de todos os direitos humanos e obstáculos ao pleno gozo dos direitos de
que todos seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Essas situações constituem em um obstáculo para relações amistosas e pacíficas entre
povos e nações. Figuram entre as causas básicas de muitos conflitos internos e
internacionais. Inclui-se os conflitos armados e, consequentemente, o deslocamento
forçado das populações.
O documento oficial da Conferência preconiza combater o escravismo, a discriminação
baseada em raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica em todos os níveis de
educação.
Nesse contexto, a sociedade civil nacional se mobilizou para reivindicar ao estado
brasileiro a formulação de projetos no sentido de promover políticas e programas para a
população afro-brasileira e valorização de sua história e cultura.
Como resultado de todo esse esforço e mobilização social, houve a mudança na Lei
9.394/96 (LDBN) que teve seus Artigos 26 e 79 alterados por intermédio da Lei nº
10.639/03.
Essa lei contribui para a reparação humanitária dos negros brasileiros, ao criar medidas
para corrigir os danos materiais, físicos e psicológicos resultantes do racismo e
consequente discriminação derivada dessa situação. Compreende-se que a escola é um
local privilegiado para que essa modificação social seja discutida.
Disciplina 8 | Unidade 04O Contexto Social da Inclusão dos indígenas e da questão de
orientação sexual e da identidade de gênero na Sociedade e na Educação

A discussão e relevância da temática indígena está garantida com a Constituição Federal


de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que teve a implementação da Lei
11.645/08 em seu bojo, alterando seu Artigo 26.
A temática indígena é transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. Não
apenas permite como também demanda uma abordagem interdisciplinar, possibilitando
trabalhar conteúdos relacionados às culturas, historias e saberes indígenas em diversas
disciplinas e em diferentes níveis de ensino.
O que é ser índio e indígena
Para compreender melhor a temática indígena é necessário se refletir sobre o que é ser
índio e indígena. Os habitantes das Américas foram chamados de índios pelos europeus
que aqui chegaram. Uma denominação genérica, provocada pela primeira impressão que
tiveram, pois imaginaram que tinham chegado às Índias.
 Os interesses europeus
Mesmo depois de descobrir que não estavam na Índia, e, sim, em um continente até então
desconhecido, os europeus continuaram a chamá-los assim, ignorando suas diferenças
linguísticas e culturais. Era mais simples tornar os nativos iguais, tratá-los de forma
homogênea, já que os objetivos eram o domínio político, econômico e religioso.
Transexual
Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo biológico [...]
Mulher transexual (mulher trans ou transmulher) é aquela que nasceu com sexo
biológico masculino, mas possui uma identidade de gênero feminina e se reconhece como
mulher.
Homem transexual (homem trans ou transhomem) é aquele que nasceu com sexo
biológico feminino, mas possui uma identidade de gênero masculina e se reconhece como
homem [...]
Travesti
Pessoa que nasce com sexo masculino e tem identidade de gênero feminina, ou vice
versa, assumindo papéis de gênero diferentes daqueles impostos pela sociedade.
Crossdresser
Pessoa que se veste com roupas do sexo oposto para vivenciar momentaneamente
papéis de gênero diferentes daqueles atribuídos ao seu sexo biológico[...]
Drag Queen ou Transformista
Homem que se veste com roupas femininas extravagantes para a apresentação em
shows e eventos, de forma artística, caricata, performática e/ou profissional.
Drag King
Mulher que se veste com roupas masculinas com objetivos artísticos, performáticos e/ou
profissionais.
Transgênero
Terminologia normalmente utilizada para descrever pessoas que transitam entre os
gêneros, englobando travestis, transexuais, crossdressers, drag queens/kings e outros/as.
Contudo, há quem utilize esse termo para se referir apenas àquelas pessoas que não são
nem travestis e nem transexuais, mas que vivenciam os papéis de gênero de maneira não
convencional.
No que se refere à identidade de gênero, como vimos acima, podemos citar conquistas já
alcançadas. Por exemplo, o direito que uma pessoa tem de utilizar seu nome social, que é
o prenome adotado pela pessoa travesti e transexual, que corresponde à forma pela qual
se reconhece, identifica-se, é reconhecida e denominada por sua comunidade. Deve ser
empregado e respeitado na forma verbal e escrita em cadastros, formulários, listas de
chamada, crachás etc, por todas as pessoas e instituições públicas e privadas, tais como
escolas, hospitais, unidades básicas de saúde, albergues, bancos, estabelecimentos
comerciais, entre outros.
Atualmente, ainda não há no Brasil uma lei que determine e garanta a retificação de
prenome e sexo no registro civil. Travestis e transexuais, quando assim desejam, solicitam
a alteração no documento de identidade, por meio de ação judicial.
O nome é, juntamente com a aparência, a primeira identificação da pessoa. É portanto
considerado fundamental que o nome social seja respeitado, de acordo com a identidade
de gênero, independentemente da alteração do RG.

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