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A l e ta T e r e za D r e ves
(organizadoras)
Tecnologias na
Educação Presencial e
a Distância:
conceitos e instrumentos
Curatoria
Editora
(organizadoras)
Tecnologias na
Educação Presencial e
a Distância:
conceitos e instrumentos
1º Edição
Rio de Janeiro
2020
Curatoria
Editora
2020 by Curatoria Editora
Copyright © Curatoria Editora
Copyright do Texto © 2020 Os autores
Copyright da Edição © 2020 Curatoria Editora
Editora Chefe: Prof PhD. Leonardo Bastos Avila
Diagramação: Marco Polo Borsoni
Edição de Arte: Roberta Borsoni
Revisão: Os autores
Conselho Editorial
Curatoria
Editora
Glaucia da Silva Brito; Aleta Tereza Dreves; (organizadoras)
ISBN 978-65-991048-0-0
Ficha Catalográfica
Curatoria
Editora
SUMÁRIO
Apresentação. 6
Prefácio - Eduardo Fofonca. 7
Capítulo 1 - Conceito de tecnologias de professores do Ensino 12
Superior em tempos de cibercultura.
Aleta Tereza Dreves e Lya Januária Vasconcelos Beiruth
Capítulo 2 - A tecnologia sou eu? Noções sobre tecnologia na voz de 24
docentes de Blumenau.
Leomar Peruzzo e Mônica Cristiane Alves
Capítulo 3 - Superando conceitos tradicionais de tecnologia: o que 37
pensam os professores do Ensino Fundamental, Médio e Superior.
Fernando Santos e Ricardo Antunes de Sá
Capítulo 4 - Percepção do conceito de tecnologia dos estudantes do 56
Ensino Médio.
Desirée Marie dos Santos, Raquel Pinto Correia e Sérgio Luiz Pereira
Nunes
Capítulo 5 - O professor de estudantes com transtorno do espectro 69
autista e as tecnologias na educação.
Jessica Novôa e Glaucia da Silva Brito
Capítulo 6 - Educação a distância na prisão: Conexão Amazônia. 80
Annie Martins
Capítulo 7 - Professores do século XXI: reflexão sobre fragilidades e 96
urgências da cibercultura no contexto educativo.
Daisy Antunes de Souza
Capítulo 8 - Tecnologia e mídias: importantes desde a formação 108
docente até a prática pedagógica e seus usos contra a liberdade de
expressão em sala de aula.
Clarice Martins de Souza Batista e Juliano Enrique Dias
Capítulo 9 - Educação e tecnologias no ambiente escolar: 123
metodologias e hardwares .
Marcos Eduardo Ferreira
Currículo das Organizadoras. 145
5
APRESENTAÇÃO
6
PREFÁCIO
7
professores do Ensino Superior. O capítulo das autoras traz questionamentos de
uma pesquisa que fora realizada com o intuito de verificar a percepção docente
em relação aos conceitos de tecnologias.
9
a produção de conhecimento, mas com um viés de ameaça a qualidade da
educação, o respeito à liberdade de aprender e ensinar e ao pluralismo de ideias
e concepções pedagógicas. Os autores compreendem a importância em pautar
pelo apreço à tolerância, considerando que a educação tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando e seu preparo para o exercício da
cidadania, como nos orienta a Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB
9394/96).
10
Desejo uma leitura proveitosa, na qual possa repercutir em pequenas e
grandes ações tecnológicas no cotidiano da educação presencial e a distância.
1
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Realizou
pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação (linha de pesquisa: Educação, Comunicação
e Tecnologia) na Universidade do Estado de Santa Catarina. Realizou pós-doutorado em Didática na
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É Professor Pesquisador do Programa de Mestrado
em Educação: Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná. Consultor de EaD e docente
do Programa de Mestrado em Educação da Logos University International, Flórida, EUA. Além disso, atua
como consultor educacional da Unesco e assessor bolsista para assuntos de EAD na Superintendência de
Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. É Pesquisador do
grupo de pesquisa “Educação a Distância e Tecnologias Digitais” (IFPR-CNPq) e do Grupo de Estudos e
Pesquisas “Professor, Escola e Tecnologias Educacionais” (UFPR-CNPq).
E-mail: eduardofofonca@gmail.com
11
CAPÍTULO 1
2
Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, na linha de pesquisa
Cultura, Escola e Processos Formativos em Educação, Mestre em Televisão Digital: Informação e
Conhecimento. Especialista em Informática e Educação e Professora Adjunta de Ensino do Curso de
Jornalismo da Universidade Federal do Acre. E-mail: aleta.ac@gmail.com
3
Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, na linha de pesquisa
LiCorEs – Linguagem, Corpo e Estética na Educação, Mestre em Produção Vegetal e Professora dos Cursos
de Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre. E-mail:
lyabeiruth@hotmail.com
12
comunicação, a busca de informação, a troca de bens simbólicos e culturais, o
consumo e reinvenção de materiais publicados. Um mundo criado na virtualidade
que se mistura com a realidade e imensurável em sua amplitude. Da Internet
nasce o ciberespaço:
13
ENTENDIMENTOS SOBRE AS DENOMINAÇÕES DE TECNOLOGIAS
14
digitais, tecnologias sociais, entre outras. Estas dimensões nos ajudam a
compreender melhor os sentidos das tecnologias na vida educacional.
15
comunicação, de sistemas e também de novos recursos e aprimoramento
tecnológicos que podem ser denominados de ferramentas de ensino.
16
O questionário consistia em seis questões, sendo a primeira questão
intitulada “você é professor”, esta questão era de múltipla escolha onde o
professor poderia escolher apenas uma resposta dentre as seguintes opções:
Professor de Ensino Fundamental I; Professor de Ensino Fundamental II;
Professor de Ensino Médio; Professor de Ensino Superior.
17
educacionais; cinco como tecnologias digitais e quatro como tecnologias sociais.
Para análise destas respostas em porcentagens foi utilizado o valor total de
respostas em porcentagem a trinta e cinco entrevistados.
18
Na quarta questão perguntou-se aos(as) professores(as) se estes
utilizavam tecnologias em suas aulas. Dos trinta e cinco entrevistados(as), trinta
e um responderam que sim, o que corresponde a 88,6% do total, enquanto que
os quatro professores(as) restantes, responderam que não, o equivalente a
11,4% do total de respostas obtidas (Graf. 2).
20
Considerando que estas respostas são complementares, percebe-se que
o entendimento que o(a) professor(a) possui sobre o conceito de tecnologia
ainda é bem diferenciado quanto ao uso desta como ferramenta no processo de
ensino aprendizagem em sala de aula (Graf. 3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
perceber o baixo índice de um entendimento do conceito de tecnologia na
dimensão Educacional.
22
REFERÊNCIAS
23
CAPÍTULO 2
Leomar Peruzzo4
Mônica Cristiane Alves5
INTRODUÇÃO
4
Doutorando em Educação pelo programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do
Paraná - UFPR. Mestre em Educação pelo programa de Pós-Graduação em Educação da FURB. Possui
Licenciatura em Artes Visuais -FURB (2016) e Bacharel em Teatro FURB (2007). Atualmente é professor de
Arte da rede municipal de educação de Blumenau. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em
Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: Eke Hering, Performance Art. Mediação Cultural.
A/r/tografia e Educação Estética. E-mail: leomarperuzzo@hotmail.com.
5
Professora da Rede Municipal de Curitiba. Pedagoga da Rede Estadual do Paraná. Especialista em
Psicopedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Especialista em Coordenação Pedagógica
pela Universidade Federal do Paraná. E-mail: monicacristiane79@yahoo.com.br.
24
compreendendo-se como uma “[...] a forma sociocultural que emerge da relação
simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base
microeletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a
informática na década de 70” (LEMOS, 2003, p. 11).
ESTRUTURA CONCEITUAL
25
grupo. Desse modo, os valores humanos permeiam os avanços tecnológicos e
sustentam a discussão em torno das finalidades ou de usos das tecnologias. O
ser humano demarcou seu poder e sua presença nos espaços de convivência
coletiva por meio de saberes tecnológicos. A escrita, a linguagem, padrões
comportamentais, a humanidade enquanto complexidade humana representa a
tecnologia (LÉVY, 1999).
26
resultado da ação humana ao criar possibilidades existenciais que estão
intimamente conectadas na sobreposição das dimensões “[...] culturais
(dinâmica das representações), sociais (pessoas, seus laços, trocas, relações
de força) e técnica (artefatos eficazes) [...]” (LÉVY, 1999, p. 22-23).
[...] são as técnicas, enquanto ações humanas concretas, que têm valor
primordial porque se referem à relação direta de caráter problemático,
do homem com o mundo, ao passo que a cultura designa apenas o
conjunto delas em determinado tempo e lugar, mais as crenças e valores
a elas agregados (PINTO, 2005, p. 65).
28
A última definição conecta-se com sentidos específicos ideológicos que
carregam dimensões do capital. Assim, a tecnologia como produto da criação
humana afeta a realidade objetiva e, pela ação, permite concretizar as ideias em:
29
símbolos de comunicação (interfaces de comunicação)” (BRITO;
PURIFICAÇÃO, 2015, p. 30, grifos nossos). Tecnologia educacional
compreende o desenvolvimento e o “[...] emprego de tecnologias no processo de
ensino-aprendizagem” (GOMES; BRITO, 2017, p. 46, grifos nossos).
TERRITÓRIO DE REFLEXÃO
30
Tecnologia uma ferramenta de trabalho muito importante que vem a
potencializar o aprendizado do aluno. (Professora AI3 6, 2019, dados da
pesquisa).
Tecnologia é algo que veio para ajudar o ser humano. Tem seu lado
positivo e negativo. (Professora AI 2, 2019, dados da pesquisa).
Tecnologia faz parte da nossa vida. Sem ela não conseguiremos viver.
Com a tecnologia conseguiremos todas as coisas. (Professora AF2,
2019, dados da pesquisa, grifos nossos).
6
Atribuímos siglas correspondentes a cada faixa de ensino para garantir o anonimato das professoras
que participaram da pesquisa. Assim, AI corresponde a Professora de Anos Iniciais; AF Anos Finais; e ES
Ensino Superior.
31
As professoras afirmam que a tecnologia não pode ser desvinculada da
presença do ser humano. A professora AF 2 afirmou que a tecnologia está
presente na vida humana e define a existência, a sobrevivência e a possibilidade
de perdurar no desenvolvimento dos modos de ser e estar no planeta. Uma
professora apresentou noções conectadas com a tecnologia organizadora. No
trecho “Tudo o que elaboramos para nos relacionarmos com o meio, mediar e
qualificar nosso trabalho e sobrevivência” (Professora ES 1, 2019, dados da
pesquisa, grifos nossos), nota-se a conexão com as formas de o ser humano
desenvolver modos de relacionar-se com o mundo, além de os diferentes
sistemas produtivos organizarem-se (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2015).
Tecnologia é algo que nos conecta e nos afasta, por motivos meio óbvios
e já falados (ex: pessoas deixam de se visitar, mas se falam pelo
aplicativo). Na educação a tecnologia facilita o trabalho do professor,
desde que ambos saibam usá-la. Trabalhando na Educação a Distância
percebo diariamente que nós, docentes, disponibilizamos aos
acadêmicos no ambiente virtual inúmeras informações, vídeos, artigos,
links, biblioteca virtual, fóruns, entre outros, e os acadêmicos não
acessam. Além disso, muitos entram em contato, seja por telefone ou
pela ferramenta de mensagens, questionando informações que já
estavam disponibilizadas no ambiente virtual. Diante disso, percebo que
a tecnologia está presente, mas falta o interesse do acadêmico, ou que
nós, docentes, consigamos atraí-los para o acesso, ou ainda, que o
acadêmico saiba usar a tecnologia. Para mim, a tecnologia é um
elemento chave na educação atual e percebo que ao mesmo tempo que
os adolescentes conhecem a tecnologia, a própria tecnologia é pouco
usada na educação básica. Já na educação superior, a tecnologia é
usada, mas os adultos que lá estão, não dominam tanto a tecnologia.
Porém, em ambos os casos é notável o desinteresse dos estudantes.
(Professora ES 3, 2019, dados da pesquisa, grifos nossos).
32
Para Brito e Purificação (2015), a Tecnologia Educacional abarca os
modos de pensar a educação aplicando as inovações tecnológicas para
desenvolver propostas de ensino e aprendizagem que ultrapassem a mera
inserção de aparatos tecnológicos nos ambientes escolares. Pensar a educação
e a inserção de tecnologias educacionais nos percursos de aprendizagem requer
destinar atenção para a complexidade das relações escolares e buscar modos
de potencializar a autonomia da construção de conhecimentos.
33
educacionais pode inserir aparatos tecnológicos nos espaços educacionais sem
a preocupação em formação docente, para que se possa obter a transformação
dos modos de agir em docência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
cognitivas e conhecimentos básicos para a perpetuação da espécie ou para a
criação de novos modos de conviver em coletividade.
35
REFERÊNCIAS
36
CAPÍTULO 3
Fernando Santos 7
Ricardo Antunes de Sá8
INTRODUÇÃO
7
Doutorando em Educação pela UFPR, Mestre em Geografia pela UEM, graduado em licenciatura e
bacharelado em Geografia pela UEM. Atuou como docente na UEM e UFPR. Atualmente, atua como
professor do colégio SESI Internacional de Curitiba e é parte do Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagogia,
Complexidade e Educação – UFPR, frsantos1@hotmail.com.
8
Doutor em Educação (UNICAMP). Pós Doutor em Educação (PUC- PR). Mestre em Educação (UFPR).
Pedagogo (UFPR). Professor Associado II (Setor de Educação - UFPR). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa
Pedagogia, Complexidade e Educação - UFPR. Grupo de Pesquisa de Formação Docente, Currículo e
Práticas Pedagógicas: paradigmas contemporâneos UFPR. Grupo de Pesquisa Paradigmas Educacionais e
Formação de Professores - PUC - PR. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria
e Prática de Ensino (Mestrado Profissional em Educação). E-mail: antunesdesa@gmail.com
37
as capacidades humanas são aumentadas: A memória, a imaginação, o
raciocínio e a percepção tomam novas formas. O conhecimento não é exclusivo,
colecionável e produzido somente nas universidades, mas espalhado e
democratizado a partir de diversas fontes oriundas da internet.
Por isso, Marilda Behrens (2013) discute que não existe mais a
necessidade de uma transmissão de conhecimento pontual visando tomar
conhecimento de grandes obras e fatos isolados. A disponibilidade das
informações torna inútil o papel de uma escola que informa e cobra o
conhecimento através de testes mecânicos e padronizados. Em outros tempos,
o professor era a única fonte de informação e, por conseguinte, era útil pensar
que este conhecimento estava sempre correto. Por isso ele deveria ser
apropriado, tomado, decorado. Num contexto moderno, era mister pensar numa
educação repetitiva pois favorece o controle das populações: os papéis sociais
são aprendidos a partir do que se espera daquela camada social,
desfavorecendo a ascensão.
40
Existe, portanto, uma mudança no que é o conhecimento e como ele está
disponível. Não só o conhecimento científico tem peso na educação, mas
também conhecimento empírico que passa por outro tipo de sistematização. Por
isso Jean-François Lyotard (apud Nascimento, 2011) descreve a necessidade
de valorização de outros conhecimentos além do conhecimento científico. O
autor coloca o conhecimento científico, elaborado e validado por outros cientistas
como parte de um conhecimento narrativo: todo o conhecimento que é elaborado
tem seu peso e valor para a educação. Lyotard então coloca a necessidade de
superação da modernidade com o pensamento pós-moderno.
Por isso, o autor coloca que uma visão estreita de tecnologia contém uma
verdade parcial, visível apenas com a análise de outros elementos que fazem
com que aconteçam mudanças. Este conceito é conhecido como determinismo
tecnológico.
41
do ensino repetitivo e enciclopédico. Como reflexo da sociedade, a maneira
como a escola ensina acompanha o modo como as pessoas aprendem – com a
presença de informações diversas e muitas vezes conflitantes. Ensinar com
tecnologia começa com a sua conceituação, considerando que a escola está
numa posição de problematizar e ensinar de maneira mais humana e reflexiva.
METODOLOGIA
9
Agradecemos à gentileza das professoras Annie Martins Afonso e Daisy Antunes de Souza pela realização
das entrevistas em SIEF e ES e por ceder os dados para essa investigação.
42
1. pensamentos que consideram a ciência e tecnologia neutras, ou seja, livre
dos valores de quem a criou, confrontados com pensamentos que
consideram a tecnologia impregnada desses valores;
2. a tecnologia é autônoma, tendo um processo próprio de evolução que é
naturalmente neutro e usa o método científico para sua evolução,
confrontado com um progresso condicionado pelos interesses da
sociedade e dos projetos políticos de um grupo específico.
43
− determinismo, a tecnologia condiciona e possibilita, mas é neutra em si,
podendo ser refeita e remoldada com novos propósitos. Frequentemente
a presença da tecnologia por si só define “atraso” e “avanço” e a
tecnologia tem um avanço linear. Pressupõe-se que só a ciência avança
a tecnologia e que quaisquer aparatos e conceitos podem ser usados
independentemente de sua concepção original;
− substantivismo, proveniente da escola de Frankfurt, onde a tecnologia,
mesmo que neutra, não pode ser usada de outras maneiras senão
aquelas originalmente pensadas pelos dominadores. A tecnologia não
pode ser neutra na sua concepção, mas é neutra em seu uso. Novos
projetos políticos precisariam, então, desenvolver novas tecnologias;
− instrumentalismo, baseado no pensamento moderno e positivista onde a
tecnologia é focada em aumentar a eficiência da sociedade, atendendo
todas as necessidades. A existência e presença do artefato é quem traz
o “progresso”, não necessariamente seu uso. A tecnologia seria, então,
neutra em sua concepção e sua aplicação cabe à sociedade e à
humanidade;
− adequação sociotécnica, onde as tecnologias são de amplo acesso com
acesso democrático, produzida por diversos atores com intenções plurais
agregando dominação, consumo, libertação, etc. Deste modo, admite-se
a intenção por trás da tecnologia que depende da operação e uso pelo
humano, tomando o protagonismo para si e não atribuído à neutralidade
ou à alguma força invisível.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
44
classificar as respostas baseadas em declarações em que predominam as ideias
apresentadas pela classificação apresentada por Dagnino (op cit), procurando
identificar as ideias por trás das declarações dos professores. Naturalmente uma
resposta pode ter mais do que uma ideia convivendo, mas buscamos simplificar
de modo a manter uma visão geral da análise.
Determinismo 3
Substantivismo 3
Instrumentalism 7
o
Adequação 6
Total 1
9
Fonte: Autores (2019)
SI SF E ES
EF EF M
Determinismo 1 2
Instrumentalism 3 2 2
o
Substantivismo 1 1 1
Adequação 3 3
Total 5 5 4 5
Fonte: Autores (2019)
45
Uma primeira análise demonstra que a ideia positivista de tecnologia
(instrumentalismo) ainda é predominante no discurso dos professores. As
respostas versam sobre a presença da tecnologia como aquilo que irá resolver
os problemas da humanidade, condizente com o paradigma moderno. Uma
resposta de um professor das SIEF versa:
Tecnologia pra mim é tudo aquilo que é feito para melhorar a vida do ser
humano, exemplo: “matapi” do povo Tucano, e os softwares feitos pela
Apple! (Fonte: Entrevistas com os professores de ES).
47
tecnologia evolui segundo suas próprias leis e que é apoiada sempre pela ciência
e seu método para criar uma tecnologia cada vez melhor, evoluindo linearmente
a partir de suas próprias motivações. Ambas as categorias são derivadas de
abordagens de esquerda e se diferenciam pela sua posição em relação à
neutralidade da tecnologia: os substantivistas acreditam que a tecnologia possui
uma carga ideológica a partir de sua criação, posição que não é corroborada
pelos deterministas. Estes acreditam, como os instrumentalistas, que a
tecnologia é inerentemente neutra e não carrega intencionalidade.
48
Corroborando na visão da neutralidade tecnológica, a categoria
substantivista também expressa uma linearidade mais preocupada com o
conhecimento por trás da aplicação da tecnologia:
Deste modo, Dagnino (op cit) coloca a adequação como uma visão mais
democrática da tecnologia, admitindo que existe intencionalidade na sua
concepção e uso. Do mesmo modo, não é uma tecnologia presa que não pode
ser usada sem ser remodelada: pode ser transformada para que seu novo uso
reflita a necessidade colocada. Esta provocação aparece em algumas das
entrevistas feitas no EM:
49
[...] desenvolvimento possível [...] (sic) (Fonte: entrevistas com os
professores das EM).
[...] fico imaginando que hoje a tecnologia, ela tem que voltar ao simples,
tem que voltar ao humano, ela não pode se afastar do humano. A
tecnologia pra mim é essa simplicidade, de ter capacidade de reunir
novamente as pessoas, de uma forma muito simples, dinâmica e
objetiva, de uma forma agradável. A tecnologia seria exatamente isso,
como a própria etimologia da palavra do grego, voltar ao artesanal, ao
humano, mesmo que seja através de uma nano tecnologia, da
tecnologia dos transistores e de todos esses objetos cibernéticos, é
voltar ao essencial, a tecnologia pra mim está no fazer farinha do caboclo
ribeirinho do Amazonas, ali ele está usando uma tecnologia ancestral,
milenar; a tecnologia está no ritual, está na dança indígena, a tecnologia
está nas músicas ritualísticas, tecnologia é esse engrandecimento da
alma, ela não é um suporte estratosférico, da gente imaginar que está
tudo vinculado a estas progressões, ao futuro, a quase uma distopia. A
tecnologia pra mim é a simplicidade que o ser humano perdeu (Fonte:
entrevistas com os professores das ES, adequação)
50
Um exemplo de estudo de tecnologias de forma crítica é a tese de
doutorado de Learcino dos Santos Luiz (2018), que estudou aplicação de
aparelhos móveis no ensino de matemática. Segundo o autor, as aulas
anteriormente à sua formação eram tradicionais e o uso de tecnologia era
incipiente, presente apenas no formato instrumentalista. A formação para o uso
da tecnologia visou uma forma mais humana de trabalhar com os aparelhos
móveis, possibilitando coletas de dados em campo e a discussão das atividades
entre os alunos, que protagonizou o estudo de uma maneira mais interativa e
condizente com a cultura do século XXI.
Inicialmente, os aparelhos usados por Luiz (op cit) em sua formação não
tinham a intenção de ensinar, mas de entretenimento. O acesso da escola aos
tablets foi viabilizado pelo poder público, mas seu uso deve ser viabilizado pelo
professor. A tecnologia não determinou como a aula deveria acontecer, mas
auxiliou na construção de uma nova prática. Isso demonstra uma não-
neutralidade da concepção do aparelho e no seu uso, que foi remodelado,
recontextualizado e reutilizado de uma forma diferente.
Por isso acreditamos em uma visão de tecnologia mais crítica, que pode
levar à práticas mais satisfatórias. Segundo Edgar Morin (2005, p. 109):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
51
Pretendemos contribuir para o pensamento por trás da tecnologia que
pauta a ação docente. Já é conhecido que os professores têm usado a tecnologia
em sala de aula (VOSGERAU, 2012), mas de uma maneira que ainda precisa
de muita intervenção para a sua plena utilização. Como o professor compreende
essa tecnologia é importante, ao passo que vai pautar sua ação como docente
que utiliza uma tecnologia em sala de aula. Um professor que pense que a
presença da tecnologia em si é transformadora, como pensam os
instrumentalistas, raramente vai utilizar todo o potencial do recurso.
52
de um professor autônomo, consciente de seu papel social e com poder de ação
renovado sobre as tecnologias.
53
REFERÊNCIAS
54
LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 8. ed. Rio de Janeiro: Betrand Brasil,
2005.
55
CAPÍTULO 4
10
Pós-graduação em Leituras de Múltiplas Linguagens – PUC-PR, Geopolítica - Faculdade Espírita do
Paraná. Professora de Geografia na rede privada de ensino. e-mail: mitosgeografiaefilosofia@gmail.com.
11
Pós-graduação em Gestão de Bibliotecas – UFPR, Psicopedagogia – Faculdade Curitiba. Bibliotecária e-
mail: raquel.correia@educadventista.org.br
12
Doutorando em Educação no Programa de pós-graduação da UFPR. Mestre em Educação – UFPEL
Professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC Doutorando em Educação - UFPR
e-mail: sergio.nunes@ifac.edu.br
56
sobre os fins educacionais que pretende alcançar. Nesse sentido, cabe à escola
definir suas estratégias metodológicas estabelecendo, no processo de ensino,
relações entre as metodologias ativas com as tecnologias digitais de informação
e comunicação (TDIC).
57
contemporânea pela utilização massiva de meios de comunicação, em rede, que
integram a vida social, as tecnologias digitais, produzindo “reconfigurações” nos
modos de viver dos indivíduos.
58
Fonte: Os Autores
Enfim, cabe destacar conforme sinalizado por Gomes (2017) que essas
categorias estão interligadas e que essa classificação visa apenas a facilitar a
compreensão do conceito mais amplo de tecnologia, entendido como a aplicação
do conhecimento científico, devendo-se considerar o processo e não somente o
produto.
Outra questão que deve ser considerada também é o uso das TDIC em
todo os momentos, esta geração é conhecida como Geração Z, pois nasceu e
cresceu na era da comunicação instantânea. De acordo com Veras (2011), esses
adolescentes são imediatos, versáteis, flexíveis, dinâmicos, inovadores,
desempenham multitarefas e defendem o meio ambiente. Em contrapartida, são
individualistas, pessimistas, com dificuldades de relacionamento, aficionados por
entretenimento e seguem seus próprios valores morais. Essa geração de nativos
digitais não concebe o mundo sem tecnologia, são criados dentro de redes
sociais, entendem muito mais de tecnologia que seus pais ou professores,
buscam todos os assuntos no Google e utilizam todos os tipos de software. Eles
estão conectados o tempo todo e a tecnologia é vista como uma extensão do
cérebro. Preferem informações rápidas de múltiplas fontes e trabalhar com
imagem, som, vídeo, ao invés da escrita.
59
Preferem aprender de forma instantânea as coisas que eles consideram
relevantes e úteis, explorando um aprendizado lúdico e divertido. Não veem o
mundo com fronteiras geográficas, mas como uma aldeia global. Como são
multitarefas, conseguem ouvir rádio, ver TV e se conectar à Internet, porém sem
muito foco naquilo que fazem. Falam com os pais e professores de igual para
igual, sem considerar a hierarquia e, com isso, não tem a dimensão dos seus
erros, uma vez que consideram a vida como um videogame, onde podem
reverter facilmente o que fizeram. Essa geração tem como desafio, aprender a
selecionar a informação e transformá-la em conhecimento.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
60
sexos, que participaram da pesquisa estão distribuídos na faixa etária de 14 a
17 anos (Gráf. 1).
Fonte: Os Autores
RESULTADOS E DISCUSSÃO
61
Gráfico 2 - Conceito de tecnologia dos estudantes do Ensino Médio
Fonte: Os Autores
62
com o wi-fi, adultos usam mais aplicativos, que seriam as redes sociais, as
crianças usam mais joguinhos e o Youtube, o Google vem como ajuda para
quem estuda, pois contém informações para fazer trabalhos”.
Praticidade. A14
Um grande avanço. A15
Ainda foi possível observar nas respostas dos alunos, na categoria dos
inconclusos, uma certa ambivalência (Quadro 6) ao tentar conceituar a
tecnologia, para bem ou para o mal, ou seja, uma percepção maniqueísta que
podemos identificar nas seguintes “falas”:
63
Tem dois lados, sendo um avanço e facilitando tarefas do
dia, pode acabar prejudicando. A20
Fonte: Os Autores
64
Gráfico 4 – Comparação entre as respostas dos professores e dos alunos
Fonte: Os autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
65
A considerar-se o que foi observado na pesquisa e que seu foco era
buscar uma maior compreensão sobre o que pensam alunos do Ensino Médio
sobre tecnologia, entendemos que realmente conseguimos trazer importantes
elementos de análise. Contudo, nossa proposta também se propunha a avaliar
a aproximação ou não, das percepções dos alunos com pesquisas já
estabelecidas que mostravam a percepção dos professores sobre o mesmo
conceito.
66
tecnologias permanecem como substitutivas das antigas metodologias e não
como fonte de novas metodologias e construções éticas e sociais.
67
REFERÊNCIAS
VERAS, Marcelo (org.). Inovação e métodos para nativos digitais. São Paulo:
Atlas, 2011.
68
CAPÍTULO 5
Jessica Novôa13
Glaucia da Silva Brito14
INTRODUÇÃO
13
Doutoranda pelo programa de Pós-Graduação em Educação (UFPR), Mestre em Educação (UFPR),
Especialista em Políticas Educacionais (UFPR) e Educação Especial e Inclusiva (CAMÕES) e Graduada em
Pedagogia (UCB). É docente das séries iniciais da rede de ensino da Prefeitura Municipal de Araucária,
atuando no Departamento de Articulação Pedagógica (SMED) e vinculada ao grupo de pesquisa Professor,
Escola e Tecnologias Educacionais - GEPPETE/UFPR. E-mail para contato: jessicanoal@hotmail.com.
14
Doutora em Linguística pela UFSC, Mestre em Tecnologias pela UTFPR, Especialista na Metodologia do
Ensino tecnológico pela (UTFPR), graduada em Letras. Professora e pesquisadora em tecnologias na
Educação na UFPR. Líder do grupo de pesquisa GEPPETE (UFPR). E-mail: glaucia@ufpr.br
69
As deficiências são distintas e possuem várias características que se
diferem entre os indivíduos, dependendo do seu próprio desenvolvimento
humano, dos fatores do ambiente social em que vivem, das intervenções
realizadas no ciclo vital da pessoa, do acompanhamento clínico efetivado, como
também, da influência dos espaços educativos e sociais na vida dessas pessoas
com deficiência.
70
o autismo apresentava muitas nomenclaturas, como autismo clássico, autismo
infantil, síndrome de Rett, entre outros, e atualmente como Transtorno do
Espectro Autista (TEA) conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (DSM V), publicado
em maio de 2013 e utilizada por todos os profissionais da área médica e
psicologia, bem como no campo científico.
71
Fonte: As autoras.
72
para complementar o processo de ensino. Ensinar habilidades sociais de
determinados contextos, apresentar situações que possam vir a ocorrer em
situações específicas, demonstrar por meio de fotos, figuras, representações
sociais ou a utilização de dispositivos eletrônicos auxiliam no sentido de
desenvolver competências, a longo e médio prazo, fazendo com que o estudante
entenda a ação necessária em determinados ambientes.
73
Esse entendimento acerca da conceituação de tecnologias, é necessário
para diminuir o pensamento de que tecnologia é apenas um objeto no dia a dia
das pessoas ou apetrecho do consumismo “[...] vai muito além de meros
equipamentos, ela permeia toda a nossa vida, inclusive em questões não
tangíveis [...]” (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2015, p. 32). Um exemplo desse uso da
tecnologia, não como um mero objeto é na comunicação alternativa, que visa
auxiliar a comunicação verbal ou não verbal, quando está não estiver sendo
compreendida satisfatoriamente.
74
mundial dos computadores”, da estrutura físicas das escolas, de pouca formação
específica ou formação ineficaz quanto a temática das tecnologias, profissionais
da educação buscam superar esses contratempos no processo pedagógico, pois
sabem que o estudante necessita de adaptações e adequações ao ensino de
forma emergente.
76
D2 “Eles podem ser, às vezes, o meio mais adequado para um aluno em
particular, adquirir aprendizagem sobre determinado conteúdo, e o
professor pode fazer uso desse recurso para enriquecer sua aula para
todos os alunos, de maneira que todos podem favorecer-se dos
recursos”.
77
que se concebe o conhecimento, produz o mesmo, num elevado volume de
informações acessíveis a qualquer tempo e, outros imbróglios que perpassam o
ambiente escolar e as formas de relacionar-se e viver em sociedade atualmente,
transformando as relações com o saber (LÉVY, 2014).
78
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
79
CAPÍTULO 6
Annie Martins15
INTRODUÇÃO
15
Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, na linha de pesquisa
Linguagem, Corpo e Estética na Educação - LiCorEs, Mestre em Letras e Artes e Professora do Curso de
Teatro da Universidade do Estado do Amazonas. Coordenadora do Projeto de Extensão Arbítrio: teatro
na prisão.
16
Na Metodologia do Teatro do Oprimido, destaca-se a necessidade consciência de si. “Eu só posso
modificar o mundo ao meu redor, se eu me transformar primeiro. É possível motivar a presença do eu
histórico que se assume como protagonista de sua própria história, no contexto do “eu penso, eu preciso,
eu quero, eu posso, eu faço!” (Boal, 2010, p. 176) com respeito mútuo para gerar a autonomia da
consciência? Esse é um dos questionamentos mais recorrentes na Estética do Oprimido.
80
constante falta de professores das disciplinas básicas como português e
matemática da modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA). Dentre os
motivos para contratação estavam a remuneração baixa e risco dos profissionais
para atuarem nas prisões em relação à integridade física, nos casos de motim e
rebeliões constantes.
17
Fundação Matias Machline: instituição privada, filantrópica, sem fins lucrativos e econômicos, fundada
em 1986 pelo empresário Matias Machline. www.fundacaomatiasmachline.com.br.
18
Instituto Mundo Melhor: Associação sem fins lucrativos, a qual congregando interesses e esforços da
comunidade poderá atuar em qualquer cidade do país, tendo como finalidade precípua desenvolver
projetos sociais, educacionais, artísticos, culturais, esportivos, de saúde, de cidadania e de integração ao
mercado de trabalho, como forma de apoio às políticas públicas desenvolvidas nas cidades, priorizando o
trabalho em rede com seus associados e parceiros, com especial destaque para atividades voltadas às
crianças e adolescentes, valendo-se dos indicadores de atendimento e de desenvolvimento humano para
elaboração e avaliação dos resultados de seus projetos e sempre tendo como objetivo o desenvolvimento
da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da população (www.institutomm.com.br).
19
AJUFE: A Associação dos Juízes Federais do Brasil, criada em 20 de setembro de 1972, é uma entidade
sem fins lucrativos, de âmbito nacional, que congrega os magistrados da Justiça Federal brasileira, de
primeiro e segundo graus, bem como os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo
Tribunal Federal (STF), representando-os em âmbito nacional e internacional, judicial e
extrajudicialmente. Dentre os principais objetivos da instituição estão o fortalecimento do Poder
Judiciário e de seus integrantes, a luta pelo aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito e a plena
observância dos direitos humanos (www.ajufe.org.br).
81
A ESCOLA E A PRISÃO: SIMILARIDADES E DESAFIOS
De forma não muito autônoma entramos para escola para aprender algo
ou para transformar nosso instinto animalesco em espírito de coletividades e
transformação do mundo, certo? Em muitos casos, o capital é a base. Entramos
para a escola para adquirirmos algum conhecimento que nos dê um emprego,
para que tenhamos talvez uma vida mediana, na luta constante por metas a
serem batidas e acima de tudo para ter a certeza que este emprego possa pagar
os boletos mensais, ou fazer com que acumulemos riquezas e tenhamos status
ou poder. É difícil assumir este papel, entretanto, é uma análise cada vez mais
real. A escola, portanto, pode ser um campo de batalha, de luta por poder,
mesmo que nas sutilezas das abordagens pedagógicas e aparentemente
libertadoras.
82
Educador e educando se arquivam na medida em que, nesta distorcida
visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há
saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta,
impaciente, permanente, que os homens fazem do mundo, com o mundo
e com os outros. Busca esperançosa também. Na visão ‘bancária’ da
educação, o ‘saber’ é uma doação dos que julgam sábios aos que julgam
nada saber (FREIRE, 2014, p. 81).
20
Eureka é uma interjeição que significa “encontrei” ou “descobri”, exclamação que ficou famosa
mundialmente por Arquimedes de Siracusa.
83
Fiche (2009) parece estar falando da Escola, porém, fala-se da Prisão.
Neste ponto, encontramos similaridades inerentes aos dois ambientes: ausência
de ações libertárias, corpos dóceis e obedientes que absorvem a cultura do
funcionamento institucional, amplamente ligado às hierarquias que
potencializam relações de poder.
[...] boa parte dos detentos que encontramos tem a necessidade vital de
adotar um outro referencial para as suas vidas que não seja o crime. É
nesse momento que o Teatro na Prisão se propõe a despertar e oferecer
21
Educação Libertadora: termo usado por Paulo Freire (2014) para potencializar o real sentido da
Educação, que é libertar para construir em coletivo.
84
uma nova perspectiva de vida para essas pessoas, porque, muitas
vezes, a prisão pode ser entendida como uma antecipação da morte, ou
seja, como um lugar no qual o preso deixa de ter projetos (FICHE, 2009,
p. 15).
85
maconha. O preso vive disso (FREI BETTO, 1986 apud CONCILIO,
2019, p. 35).
86
desde quando a sede das unidades prisionais era localizada no Centro da cidade
de Manaus. A escola existe dentro da prisão, porém agora questionamos, que
escola é essa? É possível agregar outras formas de ensino-aprendizagem para
que a prisão saia da escola?
87
Neste caso, como utilizar tecnologias físicas 22na prisão? A proposta deste
artigo é vislumbrar a EAD na prisão como um projeto embrionário para sanar ou
agregar parte das dificuldades do Ensino Formal, onde ocorre de fato um
primeiro risco à integridade física dos profissionais envolvidos na educação de
forma presencial e contínua, pois não se trata de um simples repasse de
conhecimento em sala de aula, mas sim, transformações significativas nos
processos de autonomia real e consciência de si do interno ou interna, isso
sugere constantes desmontes de acordos feitos com as facções, de interno para
interno.
22
Tecnologias físicas segundo BRITO (2006) são tecnologias relacionadas a equipamentos, recursos, ou
instrumentos, compreendidas, portanto, como produto e não como processo.
88
sujeitos educandos presos nas escolas prisionais por meio da EAD
(FERREIRA; SILVA, 2018, p. 446).
89
− será necessário ter um ambiente administrativo dentro da unidade
prisional onde se concentrará a comunicação com o polo EAD,
neste artigo, sugerimos a Universidade do Estado do Amazonas,
que já possui um polo de Sistema Tecnológico de Mediação por
meio do IPTV23 e que faria essa organização.
23
O IPTV (Internet Protocol Television) ou TVIP (Televisão por IP) é um método de transmissão de sinais
televisivos através de redes IP. Diferentemente do dos sistemas tradicionais televisivos, o IPTV oferece a
capacidade de transmitir a mídia de origem continuamente.
90
reais por mês pela empresa Ummanizzare, que não era visto de forma efetiva, e
muitas intervenções do Ministério da Justiça, OAB federal e estadual com a
comissão de Direitos Humanos e defensoria pública para celeridade dos
processos. Foi diagnosticado que muitos internos(as) no regime provisório
ultrapassavam mais de um ano, sem audiências ou qualquer encaminhamento
para os julgamentos.
24
Umannizzare: empresa privada de Gestão Prisional, o qual recebeu R$ 836 milhões nos últimos quatro
anos para administrar os presídios do Amazonas.
25
COMPAJ – Sigla que denomina o principal presídio do Amazonas – Complexo Penitenciário Anísio Jobim.
91
SEDUC que ministram aulas para os internos(as), outro está relacionado a área
de Língua Portuguesa (ensino formal) e o último ao Teatro (ensino não formal).
92
Outra estratégia definida foi a aplicação de um senso prisional a ser
elaborado pelas assistentes sociais e psicólogas da empresa qualificada para
atuar no novo processo de administração penitenciária junto à SEAP, e dessa
forma, poderemos traçar estratégias de aulas mais direcionadas ao nível de
escolaridade mais presente.
93
dos impedimentos da própria floresta, também existem os bloqueadores de
celulares, para que não haja nenhum tipo de comunicação. Com isso, a escola
EAD off-line nesse primeiro projeto piloto se justifica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
94
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 42. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
95
CAPÍTULO 7
INTRODUÇÃO
26
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino pela Universidade
Federal do Paraná. Especialista em Alfabetização pela Faculdade Bagozzi. Pedagoga graduada pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professora da Rede Municipal de Curitiba. e-mail: professora.
daisy.antuness@gmail.com.
96
O presente estudo desenvolve uma análise contextual, de natureza
qualitativa, diante do reconhecimento da necessidade em integrar o processo de
ensino e aprendizagem à realidade dos alunos como seres históricos.
Desse modo, o estudo enfatiza uma nova postura do professor, bem como
novas formas de relações com os saberes, compreendendo a necessidade do
rompimento com o a proposta pedagógica de ensino tradicional. Adequações
que apesar de necessárias se tornam desafiadoras diante da apropriação das
tecnologias digitais no contexto dos professores.
A CIBERCULTURA
97
Santaella (2013) elucida que gradativamente os usuários passaram a
estabelecer uma interação com as máquinas introduzindo novos hábitos de
autonomia na discriminação e liberdade de escolha descentralizando os meios
de massa alterando a dinâmica do emissor e receptor. Com os novos desejos,
expectativas, descobertas e com a relação da tecnologia com a modernidade,
nasce a cibercultura.
Contudo, a cibercultura instaura três leis que são úteis para a sua
compreensão. Para Lemos (2008) a primeira seria a lei da Reconfiguração que
se refere a modificação e não à substituição. “Em várias expressões da
cibercultura trata-se da reconfiguração das práticas, modalidades midiáticas,
espaços, sem a substituição de seus respectivos antecedentes”. (LEMOS 2008,
p. 18).
A terceira lei, por sua vez, se refere à conexão generalizada que “põe em
contato direto homens e homens, homens e máquinas, mas também máquinas
e máquinas que passam a trocar informação de forma autônoma e
independente” (LEMOS 2003, p. 10). Desse modo, a cibercultura se faz
98
hierárquica e imerge os indivíduos em uma sociedade de maior flexibilidade,
ubíqua, sem centro e sem diretriz (LÉVY, 1999).
CONTEXTO DE ANÁLISE
100
“[...] Ou seja, de acordo com as leis da cibercultura explanadas
por Lemos (2003), cabe ao professor se reconfigurar,
reconfigurar suas práticas seus pensamentos e construir de Práticas Educativas P8
forma colaborativa a inserção de novas práticas e novos
pensamentos”.
“[...] O professor também precisa considerar estas tendências
e rever as novas competências em sua prática pedagógica,
e isto envolve ressignificar a aprendizagem dos estudantes,
Papel do Professor e
estimular a produção coletiva de forma autônoma e organizada P9
Metodológica
por meio das redes digitais, portanto se faz necessário uma
nova identidade do seu papel, além é claro, das
atualizações tecnológicas aliadas a novas metodologias”.
“Estas leis (...) são os novos desafios da construção do saber dos
professores, para que não se perpetue oprimidos e opressores, e
para que de fato possamos ensinar a felicidade, dilatando
Relação com o saber P14
corpos, motivando espontaneidades, potencializando afetos
para construção de um coletivo sincero de mudanças sociais
reais”.
Fonte: Souza, 2018
101
De tal modo, essa forma hierárquica de aprender se estabelece também
com a Lei da Conectividade Generalizada que coloca em contato direto
professores/ alunos, alunos/alunos, professores/alunos/sociedade participando
e colaborando. Usuários em rede, em grupos cooperativos compartilham, se
distribuem, se organizam e se comunicam para uma participação mais ativa na
cibercultura pelos processos de inteligência coletiva (LÉVY, 1999).
102
Quadro 2 – As fragilidades
103
Nesse contexto, Brito (2006, p. 6) já alertava:
104
Reforça Valente (2003) que a inclusão digital dos docentes não deve ser
feita apenas com a passagem de informações sobre o uso pedagógico dos
recursos, mas criando condições para a construção de conhecimento, no seu
contexto de trabalho, para que haja entendimento da importância e de como
integrar as tecnologias digitais em sua prática pedagógica de forma pertinente e
significativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
105
REFERÊNCIAS
106
C3%A3o- formais_Editora_da_Universidade_de_Lisboa. _ Acesso em: 22 jun.
2019.
107
CAPÍTULO 8
27
Doutoranda em Diversidade, Diferença e Desigualdade Social pela UFPR. Pesquisadora na linha de
Educação e Relações Étnico-Raciais, membro do grupo de estudos ErêYá que compõe o Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros NEABUFPR. Mestrado em Educação Matemática pela Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS). Especialista em Gestão Educacional. Licenciada em Pedagogia pela UFMS.
Pedagoga da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Professora da Rede Municipal de Curitiba-
Paraná. e-mail: clarice_batista@hotmail.com
28
Especialista em Educação Profissional de Jovens e Adultos pela UTFPR. Professor de Geografia pela
Secretaria de Educação do Estado do Paraná. e-mail juliano.henrique@hotmail.com
108
ocorridos na educação atual nesse contexto de repressão à liberdade de
expressão.
109
Tratando da formação docente e da riqueza de diversidade na educação
Scherer (2017) destaca que:
Como nos orienta Lèvy (2009) “Não quero de forma alguma dar a
impressão que tudo que é feito com as redes digitais seja “bom” isso seria tão
absurdo [...]. Peço apenas que permaneçam abertos, benevolentes receptivos
em relação à novidade” (LÈVY, 2009, p. 7)
110
A abertura ao aprendizado e a tomada de iniciativa depende dos saberes
já acumulados e as reflexões e questionamentos sobre elas. Abordamos um
breve histórico do ESP.
111
educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e
religiosa” (BRASIL, 2019).
Fonte: http://escolasempartido.org/.30
29
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=606722. Acesso em: 20
jul.2019.
30
Disponível em: https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/posts/532826650201664
112
Neste meme observamos que a professora é vista como um ser desumanizado,
que não apresenta olhar e o aluno é visto como uma pessoa inocente que passa
a pensar igual ao professor que já realizou um processo de “contaminação” ao
jovem e à criança.
O ESP utiliza das redes sociais como Facebook e da linguagem das redes
sociais de modo a dar visibilidade e expansão às ideias do Movimento. Além de
113
memes divulgados no Facebook do ESP há banner e frases que continuam
caracterizando o professor de modo pejorativo.
Fonte: http://escolasempartido.org/31
31
Disponível em: https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/photos/a.346888065462191/
130425127639 2527/?type=3&theater
32
Disponível em: http://www.escolasempartido.org/artigos-top/677-escola-sem-partido-disponibiliza-
modelo-de-peticao-para- garantir-direito-de-gravar-aulas
114
seu direito líquido e certo de efetuar o registro fonográfico das aulas
ministradas na(o) [nome da instituição de ensino] não sofra nenhuma
restrição por parte da autoridade impetrada ‒ [identificar pelo nome e
função o dirigente da instituição de ensino] ‒, tendo em vista os motivos
que passa a expor:) (NAGIB, 2019).
33
https://luizmuller.com/2016/07/19/video-quando-marx-e-baile-de-favela-a-escola-sem-partido-pira/
115
Os comentários sobre a professora tinham discursos de ódio e de
repercussão política. Durante o processo os alunos e professora produziram
vídeo como registro da aula o que fazia parte do processo de aula e que depois
foi socializado nas redes sociais. A professora chegou a ser afastada de sua
atividade profissional além de passar por todo um processo de exposição social
e assédio moral.
O professor de Geografia Jeferson teve uma aula gravada por aluno sem
consentimento dele e depois publicada em um grupo do movimento Escola Sem
Partido. O professor afirma que o conteúdo da aula é uma discussão sobre
feminismo e a mulher nos séculos passados. O professor diz que foi exposto,
ridicularizado, sofre ameaça de morte, prejuízos profissionais, emocionais e
financeiros. O professor destaca que o vídeo divulgado pelo aluno é um recorte
descontextualizado da aula. A imagem que segue traz o vídeo que foi divulgado
em página do grupo do ESP.
Fonte: https://twitter.com/escolasempartid/status/1148220369028993024
Além da exposição do professor pelo aluno e pelo pai do aluno pela mídia
social como o Facebook do pai do aluno como relatado pelo professor Jeferson,
34
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iAWO6a5K2sQ
116
há a exposição na página do ESP com o discurso agressivo como é possível
observar na imagem 3, retirada de um vídeo divulgado por uma página
relacionada ao ESP.
117
Como consequência dessas ações temos a intervenção na prática
pedagógica docente pois mesmo que o ESP seja considerado inconstitucional já
apresenta modificação na educação.
35
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=311456113&ext=.pdf
118
NOGUEIRA; AMARAL, 2015, p. 6) e com isto o discurso influencia e propaga
ideias que reflete no imaginário e na cultura social.
Van Dijk (2015), que afirma que o discurso pode ser servir como
ferramenta de análise, pois este é uma forma de poder, alterando a percepção
de fatos e, consequentemente, controlando a ação dos indivíduos envolvidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
36
Grifo nosso.
119
É muito sedutor o uso das TICs em sala, porém o aluno não terá a noção
do trabalho profissional do professor e das consequências que o uso indevido e
não problematizado das tecnologias e mídias podem provocar na vida do
profissional. Assim como muitos pais, por não ser educadores formais, também
podem não compreender a necessidade de se discutir conteúdos da organização
curricular na escola e especificamente a importância da formação da área de
humanas e sua relação com o desenvolvimento do pensamento crítico.
120
REFERÊNCIAS
BATISTA, Clarice Martins de Souza; DIAS, Lucimar Rosa Dias. Escola Sem
Partido e sua (não) consideração em Relação a Diversidade Étnico-Racial.
In: COLÓQUIO NACIONAL SOBRE CURRÍCULO, TERRITÓRIO E
DIVERSIDADE ÉTNICO-CULTURAL, 1., 2018, Parananguá, PR. Anais.
Disponível em: http://www.cetedec.com.br/recursos/doc/
ANAIS_CTEDEC%20_2019.pdf > Acesso em: 7 jul. 2019.
121
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2009.
122
CAPÍTULO 9
INTRODUÇÃO
37
1 Mestre em Geografia e Mestrando em Turismo pela UFPR. ORCID https://orcid.org/0000-0002-
4800-3679 e-mail: marcos.ferreira@ufpr.br
123
a autoridade sobre o aluno”. Do outro lado há um grupo de docentes que se
defendem explicando que a escola não fornece equipamentos ou qualquer outro
recurso necessário para inovação. De acordo com Morin (2000, p. 42), “como
nossa educação nos ensinou a separar, compartimentar, isolar e, não, a unir os
conhecimentos, o conjunto deles constitui um quebra-cabeça ininteligível”.
Assim, há anos vemos uma dificuldade de muitas instituições educacionais em
assimilarem novas tecnologias e metodologias no dia a dia da sala de aulas, sem
percebermos que fora do Brasil ocorriam muitas alterações no processo ensino
aprendizado, e mesmo em algumas boas escolas públicas e particulares no
nosso país. A mera transmissão de informação, segundo Santos e Soares apud
Lovato et al (2018) “não caracteriza mais um processo eficiente de ensino
aprendizagem”.
124
Contudo, não são nem formas absolutas de escrita (isto é, vigente e
sistemática) nem é possível relacioná-las de modo algum com os
primitivos sistemas hoje conhecidos. (QUEIROZ, 2019, p. 3).
125
como no caso da cultura Europeia, a Igreja Católica passa a ser o centro
importante de formação escolar.
126
exploração. Daí seu caráter segregador e marginalizador. Daí sua
natureza seletiva.
REVISÃO DE LITERATURA
127
80, esses recursos eletrônicos passaram a existir em maior quantidade na vida
das pessoas (comuns). Desta forma, aqueles que acompanharam esse processo
de evolução dos equipamentos eletrônicos incluídos por exemplo computadores,
videogames, sem esquecer-se da televisão. Hoje estamos mais familiarizados
e mais preparados para entender todas as novas invenções disseminadas nas
cidades contemporâneas pelo mundo afora. Aqueles que não conseguiram
acompanhar esse processo apresentam o discurso de que não nasceu no mundo
informatizado, o que é um absurdo, pois quando os jovens que têm hoje até 20
anos nasceram, as pessoas mais velhas e que vivem hoje, também já viviam.
Desta forma falar que existe uma geração digital, é um erro, pois não existe uma
geração digital, mas existe uma sociedade que hoje tem recursos digitais
envolvendo crianças recém-nascidas até as pessoas mais velhas como explica
Stracke (2018, p. 7). O que existe então, provavelmente com a maioria das
pessoas mais velhas, é a falta de vínculo com as tecnologias que surgiram nos
últimos 30 anos. Desta forma, o ponto é que todos deveríamos ter acompanhado
a inserção desses recursos nas nossas vidas. Essas novas invenções na década
de 40 e 50, eram equipamentos máquinas de lavar roupas, geladeiras, ou
cortadores de grama, que serviam para liberar as pessoas do trabalho demorado
e desgastante, fazendo com que todos que os comprassem tivessem mais tempo
livre para fazer outras coisas, e para melhorar suas vidas como estudar ou
praticar atividades de lazer Pinto et al (2018, p. 3). Como passar do tempo, Júnior
(2000, p.50) “Com os avanços tecnológicos, principalmente da microeletrônica,
sendo incorporados ao processo econômico e produtivo, uma nova ordem
econômica mundial a partir dos anos 70”. Esses computadores passaram a fazer
muitas coisas que antes eram feitas por outros equipamentos que não tinham
processamento por chips. Por exemplo, tocar músicas, manipular imagens, fazer
filmes, escrever textos, além de fazer cálculos matemáticos passam a fazer parte
de equipamentos integrados. Obviamente que, para ter acesso a todos esses
novos produtos que foram surgindo, sempre foi necessário que as pessoas ou
as famílias tivessem dinheiro suficiente para poder comprar essas novidades.
Outro ponto importante para essas famílias, é que, além de melhorar a qualidade
de vida dos indivíduos, a compra desses equipamentos acrescenta uma
perspectiva de vida com mais vantagens.
128
Essa possibilidade de as pessoas poderem ter mais tempo para se
qualificar e assim conseguirem melhor formação, resulta na perspectiva de terem
condições de ganhar mais dinheiro, o que compensaria os investimentos nos
produtos elétrico-eletrônicos e de informática.
129
Outro ponto importante, na vida escolar, é justamente esse, a falta de
diálogo entre os professores, no caso das escolas do estado, é sempre esperada
uma imposição do que fazer e como fazer. Muitas vezes percebemos que os
professores produzem o mínimo possível, pois não são cobrados de maneira
efetiva, e assim os alunos conseguem uma forma branda de cobrança
educacional. Isso faz com que o status quo permaneça sempre na alterado,
professores fingem que ensinam e alunos fingem que aprendem. Nas escolas
particulares, pode acontecer a opressão do empregador, que apresenta o
método escolhido, pelo qual o professor contratado precisa seguir
burocraticamente, praticamente sem inserir alterações nos métodos definidos.
Assim se utilizam livros didáticos e apostilas, sites, de forma pronta, o que
significa, apresenta um conteúdo básico que deve ser apresentado durante o
período letivo não existindo assim tempo para novas opções de pautas a serem
trabalhadas por professores e alunos. De modo geral na maioria das escolas
particulares e do governo, os profissionais que trabalham com os atributos da
inteligência, raciocínio, conhecimento, e enfim todas as habilidades humanas,
não param para pensar se estão realmente trabalhando com esses recursos.
Dessa forma, aqui em nossa pesquisa, estamos mostrando apenas alguns
pontos pelos quais a educação e a tecnologia devem ser repensadas no ensino
dos nossos jovens e mesmo dos estudantes adultos no Brasil.
130
a ser o centro do seu próprio mundo de aprendizado, e os professores, ou no
caso os educadores seriam os coadjuvantes nesse processo, pois passo de
professores a educadores. Desta forma o papel de educador é de preparar o
caminho para que os alunos possam ser pessoas autossuficientes na busca do
conhecimento e assim o processo de aprender a aprender, se torna o
mecanismo ideal, que é o principal meio no processo de crescimento humano.
Se um professor é o centro das atrações de um grupo, o professor fala, expõe
as suas ideias, mostra seus conhecimentos, enquanto os alunos, que é um grupo
sempre maior, é a plateia do ponto de vista de algumas escolas, e mesmo
universidades. Durante muito tempo, e mesmo em algumas escolas tradicionais
da Europa, o aluno era proibido de falar durante as aulas. Não poderia interferir
durante as apresentações dos professores, pois o aluno ouvinte estava ali para
aprender através do professor. Esse é o conceito da palavra aluno, o sem luz.
Segundo Stracke (2018) a aprendizagem aberta educação aberta possui uma
longa história e não devem ser esquecidas ou ignoradas segundo esse autor que
ambos os termos representam teorias de abordagens pedagógicas seguindo
uma filosofia e o pensamento que podem ser caracterizadas por três principais
crenças: Primeira que os alunos não podem ser forçados a aprender, mas só
podem aprender por si próprios; Segunda que os alunos precisam explorar e
criar seu próprio conhecimento, habilidades e competências.
131
Assim, a educação aberta deve sempre ser adaptada para dada situação, em
particular, para os alunos e suas necessidades.
132
constituindo o segundo desafio que é o de lidar com a complexidade do
processo de ensino e aprendizagem. E o último dos desafios é relacionar
a discordância entre as linguagens no contexto escolar. Apesar de um
crescimento incontrolável do conhecimento, argumenta-se que “o
conhecimento decorre da informação organizada e inserida em contexto
apropriado”.
Os alunos irão discutir entre eles quais são as abordagens dos diferentes
autores e quais as ideias que cada autor tem assunto fazendo com que vários
pontos de vista sejam abordados. Os alunos recebem diferentes livros da
biblioteca, bem como têm acesso a computadores de boa qualidade para que
possam fazer as pesquisas online.
38
TV Futura: Temporada 2, episódio 1. SESI Internacional de Curitiba.
http://www.futuraplay.org/serie/destino- educacao-escolas-inovadoras/ Acesso em: 15 jun. 2019.
133
Muitas vezes entende-se que somente os equipamentos são a tecnologia,
mas a tecnologia encontra-se em várias formas. A tecnologia pode ser também
entendida como técnicas inventadas para que o homem possa produzir mais e
melhor a partir do raciocínio da comunicação e dos processos de interação
social. A escola poderia, ou deveria ser um centro de aprendizado, um centro de
ensino, a onde os alunos possam testar e buscar conhecimentos de várias
maneiras. Algumas vezes, mesmo quando não for possível o contato com
equipamentos de tecnologia mais recentes, pode-se muito bem entender o
funcionamento dessa tecnologia, ou mesmo da existência dessa tecnologia,
através da leitura, do comentário de um professor, da pesquisa em livros,
revistas ou na internet. Os alunos podem e devem falar e explicar as coisas que
aprenderam e entenderam a seus colegas e muitas vezes podem fazer esse tipo
de trabalho explicando e orientando alunos de outras turmas, de outros anos
letivos. Esse tipo de trabalho não precisa ser feito somente em escolas que
tenham recursos financeiros abundantes, como o caso de algumas escolas do
SESI ou de outras redes.
134
trabalhos serão substituídas pela Inteligência Artificial e pelos robôs, isso não é
futuro, esse é o presente que já começa a se concretizar. Atualmente é
necessário que nós tenhamos uma formação muito mais avançada, além de
sabemos matemática química física geografia e história, também temos que
saber linguagens PHP, HTML5, programação de computadores, editores de
filmes, editores de texto e, e deveremos passar a estudar ainda programas que
talvez nem tenham sido inventados. Isso significa que a sociedade humana vai
evoluindo e criando novas ferramentas, as quais as pessoas devem ser
orientadas e ensinadas a usar. Atualmente, ao menos no Brasil, nós não vemos
como essas novas tecnologias estão sendo inseridas na vida dos alunos.
39
Ciborgue é um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de
melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.
40
Mendey: www.mendey.com. Acesso em: 2 jun. 2019.
41
Zotero: https://www.zotero.org. Acesso em: 2 jun. 2019.
42
EndNote: https://endnote.com. Acesso em: 2 jun. 2019.
136
questão da idade, mas sim a questão da disposição e das possibilidades em
aprender e assimilar os novos recursos são o que é importante.
43
DOI – IDENTIFICADOR DE OBJETO DIGITAL: Como o nome já diz, o registro DOI é utilizado para identificar
objetos digitais. Serve para diferentes segmentos, como literatura científica, profissional e até
informações governamentais. Ele facilita à busca e a garante a originalidade dos conteúdos
disponibilizados online. O DOI é padronizado pela International Organization for Standardization (ISO). O
código inclui uma URL contendo as principais informações do objeto digital. Sua funcionalidade é parecida
com a do ISBN e ISSN, pois o objetivo dos três registros é a identificação única de objetos. Este código
pode ser aplicado tanto em publicações inteiras como em base de dados, figuras, tabelas, gráficos e dados
complementares de um trabalho.
44
ORCID (Open Researcher and Contributor ID) é um identificador digital persistente para o autor.
ORCID está para o autor assim como o DOI está para um documento digital. ORCID é um código
alfanumérico de 16 caracteres, lançado em outubro/2012. Tem a finalidade de diferenciar um autor de
qualquer outro, ainda que tenha homônimo ou que tenha publicado, sido citado e/ou indexado de
formas variadas. Identifica um único autor fazendo conexão automática com toda sua produção
científica, onde quer que tenha sido publicada. O cadastro para obtenção do ORCID é gratuito e poderá
ser feito individualmente ou pela instituição. É um código interoperável com outros sistemas ID, o que
quer dizer que permite importação/exportação de dados.
137
sendo sobrevalorizados os seus aspectos formais, e ignorados os seus
aspectos globais mais profundos. O processo de aprendizagem é
fragmentado, dissociado dos seus elementos afetivos e imposto aos
alunos. Assim temos as aulas de 50 minutos, os toques de campainha,
os programas rígidos e imutáveis recheados de objetivos
comportamentais, com o correspondente estrangulamento de todo o
processo educativo (PONTE, 2007, p. 2).
METODOLOGIA
138
RESULTADOS
CONSIDERAÇÕS FINAIS
De modo geral existem muitos pontos em comum com relação aos textos
aqui citado e a outros textos estudados, mas não incluídos nas referências. O
consenso é justamente sobre a existência dos problemas existentes nas escolas
e na educação em geral no Brasil. Existe a falta de recursos tanto de escolas
públicas como em muitas escolas particulares, mas também exista a falta
preparo dos professores. Em primeiro momento encontra-se nos autores
pesquisados a noção da importância para o uso de tecnologias para o ensino e
o aprendizado.
139
e o sócio interacionismo de Vygotsky podem ser uma base teórica para se utilizar
os recursos da informática, pois o aprender a aprender passa a ser um processo
automático quando os alunos passam a utilizar o computador para estudar. É
necessário, porém que os professores orientarem dos seus alunos de como
devem estudar, as técnicas que se deve utilizar para cada disciplina. Nesse
processo caber ao educador professor mostrar os diferentes tipos de recursos
existentes, os quais podem ser equipamentos e programas de computador
chamados de programas, APP ou aplicativos.
141
REFERÊNCIAS
ANDRÉIA, E.; DENIS, V.; SANCHES, R.; SANDRO, A.; RHODEN, A. Avaliando
a metodologia SESI: concepções dos alunos, formandos de 2009 Toledo-
PR, sobre trabalho em equipe, interdisciplinaridade e construção do
conhecimento. II SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE CIÊNCIAS E
TECNOLOGIA, 2., 2010, Curitiba. Anais. Curitiba: SESI, 2010. Disponível em:
http://www.sinect.com.br/anais2010/ artigos/EC/165.pdf. Acesso em: 8 jul. 2019.
142
KARASINSKI, L. O que é tecnologia? TecMundo. Disponível em:
https://www.tecmundo. com.br/tecnologia/42523-o-que-e-tecnologia-.htm.
Acesso em: 13 jul. 2019.
144
Currículo das organizadoras:
146
Curatoria
Editora
2020