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Obstáculos à participação cidadã que decorrem da falta de divulgação sobre o que é “Controle
Social e Cidadania” e de como exercê-lo:
Em ambos os aspectos, podemos enquadrar tanto as pessoas que não tem qualquer
conhecimento sobre a legislação orçamentária e financeira e sobre o tema como aqueles que têm
algum conhecimento da legislação e, entretanto, não conhecem o tema. Para efeito de controle
social, TODOS são cidadãos e devem ser incentivados a participar da gestão da coisa pública.
Entretanto, não se pode ignorar que o assunto é de natureza técnica e, assim, o nível do controle
aumenta quando o cidadão aumenta seu conhecimento acerca da legislação de vigência. Sendo
assim, vejo os seguintes obstáculos (acompanhados de sua estratégia de superação):
- Obstáculos em Geral:
1) Falta de confiança no sistema (governo e seus órgãos): a falta de confiança na própria
estrutura do Governo faz com que o cidadão tenha medo de participar da gestão da coisa pública e
de atuar no controle social. Para que o cidadão confie no sistema e acredite que a sua participação
não será alvo de algum modo de retaliação, faz-se necessário: que os órgãos de controle
institucional mostrem ser realmente independentes, livres de interferências políticas; que as
ouvidorias, que recebem denúncias e representações (chamadas adiante apenas de denúncias*),
publiquem a lista de seus integrantes e se esses possuem vínculos com agentes públicos (político ou
não), bem como divulguem os passos e prazos internos de tratamento das denúncias*; que se criem
mecanismos de sigilo indispensáveis aos cidadãos que denunciam irregularidades graves, bem como
aos servidores que as apuram;
- Obstáculo para os que não tem qualquer conhecimento sobre a legislação orçamentária e
financeira e sobre o tema:
O principal obstáculo é a falta de informações básicas sobre a legislação e sobre o tema.
Embora se tenha ampla literatura que trate do assunto, tal se apresenta com uma linguagem técnica;
raramente apresenta uma linguagem mais acessível (popular). É difícil para o cidadão leigo
entender e interpretar como são formados a agenda, os balanços e as prestações de contas do
governo. Cartilhas práticas e em linguagem mais popular são uma solução para esse obstáculo.
Entretanto, a divulgação da existência dessas cartilhas ainda é restrita a pequenos órgãos (mais
precisamente aos órgãos de controle). A exigência em link próprio da Internet de TODOS os órgãos
da Administração Pública de que existem essas cartilhas também é uma boa opção (encontra-se em
muitos órgãos a tela “transparência”, mas seria ideal que viesse algo como “veja aqui como atuar e
fiscalizar nas políticas públicas”. A título de exemplo, no site do Tribunal de Contas do Estado do
Rio de Janeiro existe um link próprio chamado “Controle Social no Rio de Janeiro”).
Deveria existir, também, um site específico com a composição de TODOS os conselhos
municipais e estaduais de TODOS os Municípios e Estados, com layout simples e acesso fácil,
constando das informações básicas sobre sua composição, funcionamento, principais atribuições e
outras informações, bem como de que forma o cidadão pode participar na gestão pública.
- Obstáculo para os que têm algum conhecimento da legislação e, entretanto, não conhecem o tema:
As recomendações acima também são úteis para os cidadãos desse grupo (principalmente
no que tange à divulgação de como participar na prática, haja vista que a maioria sabe a teoria mas
não tem a mínima noção de como isso ocorre na realidade), mas cabe aqui ressaltar como obstáculo
a falta de transparência em nível necessário para que os cidadãos que já são iniciados no assunto
façam uma avaliação das políticas de governo.
A falta de visualização do Planejamento Estratégico (e de seus desmembramentos) dos
órgãos e da sua política de aplicação de recursos impede que o cidadão atue concretamente no
controle de legalidade e de legitimidade dos gastos públicos. Informações consolidadas por
Ministérios também dificultam a avaliação de determinados órgãos cuja aplicação de recursos seja
suspeita (e considerável). Partindo-se do ponto de que é difícil o cidadão se expor (itens 1 e 2 de
obstáculos em geral) e exigir diretamente do órgão as prestações de contas para avaliar se as
políticas consensadas com os conselhos (ou mesmo traçadas de acordo com o planejado) foram
efetivas, cabe ao governo (principalmente aos órgãos de controle institucional) criar mecanismos
que facilitem a consulta por parte do cidadão.
A exigência para que os órgãos publiquem seus planejamentos, suas metas e indicadores de
desempenho e as respectivas prestações de contas (de acordo com o grau de sigilo) ao menos nos
seus sítios oficiais na Internet contribuiriam sobremaneira para o aumento da transparência e da
responsabilização, além de possibilitar o controle de legalidade e de legitimidade dos atos e
contratos da administração pública por parte dos cidadãos, seja individualmente ou de forma
organizada.