Introdução
O trabalho tem como tema: “Reformas no Egipto” parte-se do pressuposto de que Egipto e um
território norte africano sob contacto constante com outros povos do mundo, o povo egípcio
viveu uma história social, política, económica e cultural influenciada pelos povos de outros
cantos, caso específico da Ásia, onde se situava o império otomano.
Objectivo Geral:
Objectivos Especificos :
No decorrer do século XVII desenvolveu-se uma elite de mamelucos que usava o título de "bey",
ao mesmo tempo que as guerras entre duas facções de mamelucos acabavam com o país. No
século XVIII, Ali Bey e o seu sucessor, Muhammad Bey, conseguiram fazer do Egipto um
território independente do Império Otomano. Por outro lado, a abertura da rota Europa-Extremo
Oriente, por meio do Cabo da Boa Esperança acabou com o monopólio que o Egipto detinha
sobre essa rota de comércio e iniciou um período de declínio económico, no qual a população
conheceu um período de penúria e fome.
Segundo MALEK (2010:378).O século XVIII egípcio aparece como o laboratório do que será o
Egipto renascente. Primeiramente, a unidade nacional, ou seja, a redução dos diferentes feudos
mantidos pelos mamelucos tanto no delta como no Baixo Egipto, foi tentada por ‘Alī Bey
al-Kabīr”.
Com o facto relatado pelo autor supracitado, de um Egipto fraco, a França e a Inglaterra
começaram a alimentar ambições em relação ao território. Em 1798 o general Napoleão
Bonaparte invadiu o país para tentar abalar o comércio inglês na região.
Segundo MALEK (2010:378) A ocupação francesa melhorou a situação moral da classe baixa,
dos revendedores, carregadores, artesãos, carroceiros, cavalariços, proxenetas e “prostitutas”: em
suma, a escória da população beneficiava-se da liberdade recém-adquirida; mas a elite e a classe
média vivenciaram todo tipo de problemas, já que as importações e as exportações estavam
suspensas.
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Autor supracitado refere ainda que houve duas revoltas do Cairo: a primeira, de 21 a 24 de
outubro de 1798, com seus prolongamentos nas cidades e na área rural, em torno dos shaykh e
notáveis do Cairo: dois mil mortos, dez shaykh decapitados, a suspensão do Dīwān consultivo;
por outro, a segunda revolta, bem mais dura, de 20 de março a 21 de abril de 1800, conduzida
pelos paxás ainda ligados a Porta e pelos shaykh de al- Azhar, que provocou uma repressão
generalizada muito dura.
Igualmente, referir que a condição do Egipto em 1805, era a de uma wilāya, uma província do
Império Otomano. A situação geopolítica do país limitava estreitamente sua margem de
manobra. Todavia, o essencial já estava a postos: um poder de Estado, baseado em uma força
militar, certamente reduzida, porém eficaz, e, sobretudo, sobre uma verdadeira delegação, um
consenso nacional dos notáveis, ‘ulamā’, e dos comerciantes da época, apoiados pelo povo das
cidades e das grandes aglomerações provinciais. Tratar-se-ia, desde logo, de manobrar dentro
dos limites estreitos da geopolítica, isto é, de compreender o “espírito do local topográfico”.
(Idem).
Reformas Políticas
Uma terra de asilo que mais era um ponto de encontros, de trabalho e de criação intelectuais,
apoiado no único Estado moderno do Oriente dotado de uma infraestrutura material, técnica e
econômica avançada. A luta empreendida pelo Egipto depois do advento de Muhammad ‘Alī
para fundar um Estado moderno, superar quatro séculos de decadência e dotar se de uma
economia avançada apoiada em um exército eficiente e poderoso – luta esta retomada, em
condições infinitamente mais rigorosas, por Ismā‘īl – provocou uma fermentação de ideias e de
movimentos sociais e políticos de grande intensidade:
A imitação do Ocidente era vista, com alegria, como uma operação de superfície-um espelho do
ser possível, já que não podia se tratar de um possível atualizável: a vestimenta; o urbanismo; a
música sob a forma de ópera, mas também de composições militares; o teatro, sobretudo;
esboços de romance.
Segundo MALEK (2010:402) Obviamente que os salões não poderiam mascarar o essencial, isto
é o ressurgimento do Estado nacional. Eles não conseguiriam mais atenuar, nem que fosse por
um momento, a voz do país profundo. Esta, tal como a expressam os ditados, os provérbios e os
costumes, era impregnada por um sentimento de usurpação não no imediato, mas através e no
final de uma história milenar; porém, uma usurpação impensável, tao profundo era o
enraizamento de cada um na gleba imemorial. A sensibilidade popular viria a tona através de
moldes e de fórmulas expressando a necessidade de mediações viáveis.
Reformas na Economia
O primeiro ponto a sublinhar é que Muhammad `Alī criou uma economia nacional em vez de
uma simples economia local, como era o caso na maioria dos países orientais desta época.
Segundo MALEK (2010:389) ” A economia autárquica desejada por Muhammad ‘Alī serviria ao
seu propósito de fundar um Estado nacional egípcio moderno no coração do seu império. Apesar
da interrupção de 1840, Ismā‘īl poderia retomar a via de Muhammad ‘Alī”.
Refere-se que de 1818 a 1830, ele criou as grandes unidades industriais: as fábricas de armas e
de canhões da Cidadela, que atingiu seu apogeu em 1828 sob Adham Bey; a fábrica de canhões
do Arsenal; a fábrica de fuzis de al- Hūd al- Marsūd (1821), as cinco fábricas de pólvora
produzindo 15.874 kantār (1 kantār = 45 quilos) em 1833; o arsenal marítimo de Alexandria,
criado por Lefébure de Cerisy em 1829, o qual substituiu um mestre artesão genial, Hadjdj
‘Umar; depois a doca seca construída por Mougel, em 1844. De toda esta infraestrutura, o
marechal Marmon e Clot Bay seriam os observadores admiradores e surpresos. No plano da
indústria “civil’’, trinta fábricas de fiacção e tecelagem de algodão foram criadas, tanto no Baixo
Egito como no Alto Egito; as fábricas do Cairo forneciam as provinciais as máquinas, as
ferramentas, as peças sobressalentes, os materiais de construção e os técnicos para a manutenção
das instalações (Idem).
Referir que a produção era suficiente para as necessidades do país e permitia, ao mesmo tempo,
substituir as importações por produções locais e obter lucros da ordem de 100% para o Tesouro
Público. Três fábricas de tecelagem de la foram fundadas em Būlāk, Damanhūr e Fuwwa, assim
como uma grande fábrica de seda em Khurunfish (1816) e numerosas fábricas de linho através
do país; Três refinarias de açúcar; dezessete fábricas de índigo; duas grandes fábricas de vidro; o
curtume de Rosette (1827) e a fábrica de papel do Cairo (1834); seis fábricas de salitre instaladas
por um francês, Haim. O ponto fraco já era o que frearia a industrialização um século mais tarde:
falta de minerais essenciais, o ferro e o carvão, e a dificuldade de obter uma força motriz
suficiente.
Reformas na agricultura
Os dois milhões de faddān (1 faddān = 0,56 hectares) que constituíam a superfície cultivável do
Egito, em 1805, se repartiam em seis categorias: as terras ab ‘ādiyya, shflik ou jiflik, isto é,
200.000 faddān distribuídos por Muhammad ‘Alī aos membros de sua família, aos dignitários e
aos comandantes militares, terras isentas de impostos; as terras dos mamelucos, na Cidadela
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(1811), em seguida, sua liquidação no Alto Egipto (1812) para converte-las em terras awsiya,
100.000 faddān dados em compensação aos mamelucos, a fim de nao privar suas família de
todos os recursos; as terras dos shaykh, ou masmūh al- mashāyekhwal- masāteb 4% da superfície
cultivável de cada vila, em um total de 154.000 faddān dados aos ‘ulamā’ que ocupavam
igualmente as funções de multazim; as terras rizka, 6.000 faddān isentos de impostos dados de
presente aos especialistas estrangeiros trabalhando no Egito; as terras athar, as quais
permaneciam disponíveis foram dadas aos fallāhin; finalmente, as terras dos ‘erbān, nas quais
Muhammad ‘Alī desejava que os beduínos se fixassem. Refere-se ainda que dada esta política de
repartição das terras, o Vice-Rei apareceu a seus contemporâneos “como o agressor dos direitos
adquiridos, o destruidor das casas prósperas, o homem que toma o que está nas mãos de outrem e
lhe tira os seus meios de subsistência (Idem).
Salientar que foi Muhammad ‘Alī que diversificou as lavouras e, sobretudo, intensificou a
lavoura de algodão, desde 1821, sob o conselho de Jumel, o qual deu seu nome a uma nova
variedade de algodão de fibra longa. Esta, bem como o algodão do tipo americano “Sea Island”,
forneceu ao Estado, detentor do monopólio sobre o comércio exterior, receitas apreciáveis, já que
a colheita de 1845 atingiu 424.995 kantār, produzidos em 212.473 faddān, isto é um aumento de
400% em vinte anos; um máximo de 80.000 kantār foram para as fiações egípcias; restando por
volta de 344.995 kantār para a exportação.
Uma nova era começava, aquela da reconquista da identidade, objetivo das civilizações da fase
“nacionalitária”. Ela se faria em um quadro nacional, com a ajuda do pensamento radical e da
crítica dupla do patrimônio nacional e das contribuições estrangeiras, de modo que “a pátria seja
o local de nossa felicidade comum, que construiremos pela liberdade, pelo pensamento e pela
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fábrica”. Sua obra mestre, Manāhedj al albābal Missriyyafī mabāhedj al ādābal‘asriyya (As
vozes dos corações egípcios rumo as alegrias dos costumes contemporâneos), marcou, em 1869,
a junção entre o pensamento nacional e a abertura para o socialismo.
A conjunção das missões escolares e da ascensão das novas elites do poder, assim como a
emergência de novas camadas sociais, particularmente nas cidades, graças a acção política e
militar do Estado, suscitariam um poderoso movimento de imprensa e editorial, no qual o
impulso e o controle estatais – a partir da criação de um diário oficial al-Wakā’i‘ al- Misriyya
(1828) permitiriam contudo uma margem para iniciativas privadas (al- Ahrām foi criado em
1876) (Ibidem:400).
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É preciso notar que foi o Egipto, a única entre todas as províncias do Império Otomano, que
ofereceu asilo aos intelectuais, pensadores, escritores e editores perseguidos pela Porta, na
realidade a terra de asilo privilegiado, em função de seu caráter oriental e islâmico, mas também
organicamente interligado ao movimento da Europa moderna.
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Conclusão
Bibliografia
África VI. África do Século XIX à Década de 1880. Brasília. UNESCO. 2010.
http://viajeaqui.abril.com.br/estabelecimentos/italia-roma-atracao-basilica-di-san-pietro-basilica