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PATÁCIO — O que vai ser de nós, Faustinho, sem sua mãinha? Por que,
meu Deus? Por que Ternurinha nos abandonou?
FAUSTO — É tudo culpa daquele caolho da moléstia!
PATÁCIO — Sem Ternurinha, estou acabado, morto e liquidado!
NIDINHO — Fale assim não, painho! As eleições tão chegando. O senhor
há de se reeleger!
PATÁCIO — Impossível, meu filho! Nunca mais vou ser prefeito desta
cidade outra vez! Nunca mais vou dizer: “na qualidade de
prefeito de Brogodó...” (CHORA MAIS) Ai, meu Deus!
NIDINHO — Oxe, e por que não vai, painho?!
PATÁCIO — (ESTENDE UMA CARTA) Por causa dessa carta que recebi,
hoje cedo, lá da capital do Estado! Leia!
NIDINHO — (PEGA A CARTA, LÊ) “Em virtude de irregularidades
apuradas em sua administração, fica impugnada a candidatura
de Vossa Senhoria a qualquer cargo público...” (T) Não
entendi foi nada desse palavrório... Isso quer dizer o quê?
FAUSTO — Eles proibiram nosso painho de se candidatar a prefeito!
PATÁCIO — É o fim dos Peixoto à frente da prefeitura de Brogodó! Nosso
clã foi desterrado, varrido do poder público para sempre!
FAUSTO — Pior: desse palácio também! Onde é que nós vamos morar?
Vamos viver de quê?! (PAVOR) Eu vou ter que trabalhar?!!
NIDINHO — Calma, minha gente! Carece desse chororô todo não, porque
eu tive uma idéia porreta, qüiçá a salvação da lavoura!
EM PATÁCIO E FAUSTO OLHANDO NIDINHO, SURPRESOS, O CORTE.
CENA 8/ CASEBRE NO MATO/ EXTERIOR/ DIA.
TERNURINHA MAL VESTIDA, DESGRENHADA, LAVA UMA PILHA DE
LOUÇA NA BACIA, SE COÇANDO POR CAUSA DOS MOSQUITOS.
TERNURINHA — Miséria de vida! (AFASTA MOSQUITO) Xô, muriçoca!
ZÓIO SURGE TRAZENDO ALGUNS MANTIMENTOS.
ZÓIO-FURADO — Pronto, Ternurinha, já arranjei comida! Não é muita coisa,
mas foi o que deu pra roubar no armazém. Trouxe feijão de
corda, lingüiça, rapadura, farinha, e.../
TERNURINHA — (CORTA) Rapadura, farinha! Então foi pra isso que joguei
tudo pro alto pra ficar com você?! Cadê os vestidos, os
sapatos, as jóias que tu prometeu roubar pra mim?
Cordel Encantado Capítulo 143 Pag.: 05
1º INTERVALO COMERCIAL
MARIA CESÁRIA — (P/ BEBÊ) Tu há de ser um rei bom e justo, meu filho...
Igualzinho ao teu pai...
AUGUSTO — Mamãe, a medalhinha de Santa Eudóxia.
EFIGÊNIA — (ENTREGA ESTOJO DE VELUDO) Está aqui, Augusto...
AUGUSTO TIRA MEDALHINHA DA CAIXA. DETALHAR: A MEDALHA COM
IMAGEM DE SANTA EUDÓXIA. ELE A COLOCA NO PESCOÇO DO BEBÊ.
AUGUSTO — Augusto Frederico, assim como eu te concedo agora essa
medalha de Santa Eudóxia, tu a concederás um dia ao nascido
do ventre de tua esposa. Ela representa a casa real de Seráfia!
NA EMOÇÃO DE TODOS, O CORTE PARA:
CENA 17/ SERÁFIA/ BALCÃO DO PALÁCIO/ EXTERIOR/ DIA.
MARIA CESÁRIA COM O BEBÊ NOS BRAÇOS. AUGUSTO, AO SEU LADO,
ORGULHOSO, AO LADO DELES, JESUÍNO E AÇUCENA. O POVO, REUNIDO,
SAÚDA OS REIS. AUGUSTO TOMA O FILHO NOS BRAÇOS E DECLARA:
AUGUSTO — Povo de Seráfia, eu vos apresento Augusto Frederico IV, o
Bendito! Longa vida ao futuro rei de Seráfia!
POVO ACLAMA. AUGUSTO E CESÁRIA OLHAM O BEBÊ, RADIANTES, E SE
BEIJAM. AÇUCENA NOTA JESUÍNO QUIETO, PENSATIVO.
AÇUCENA — (NUM APARTE) O que é que tu tem, Jesuíno?
JESUÍNO — Olhando o filho do rei, me lembrei que sempre quis criar
nossos menino no sertão. (DECIDE) Vamos voltar, Açucena?
AÇUCENA — Acho é bom! Porque nosso primeiro menino já tá a caminho.
JESUÍNO — Açucena, tu tá dizendo que...
AÇUCENA — Eu tô grávida, Jesuíno! Tô esperando um filho teu!
JESUÍNO A ABRAÇA AÇUCENA FELIZ. NA FELICIDADE DOS DOIS, O CORTE.
2º INTERVALO COMERCIAL
3º INTERVALO COMERCIAL
AÇUCENA — Com certeza a gente vai se esforçar pra ajudar a nossa gente!
JESUÍNO — Juntos vamos reconstruir a Vila e melhorar a vida do povo!
NA ALEGRIA GERAL, O CORTE DESCONTÍNUO PARA:
CENA 30/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INTERIOR/ DIA
LEGENDA: “ALGUNS ANOS DEPOIS...”. DORA DIANTE DE TRÊS NOVOS
SOLDADOS, RUFINO E PAÇOCA. RUFINO COM UM JORNAL NAS MÃOS.
DORA — Esses são seus colegas, que vieram da capital. A força
policial de Brogodó agora vai contar com cinco soldados!
RUFINO — Se tem mais gente, nós vamos trabalhar menos, né, delegada?
PAÇOCA — A cidade agora tá uma tranqüilidade... Não sei pra que mais
soldado...
DORA — Polícia não serve só para reprimir bandidos, Paçoca... Mas
também para ajudar a população. Não contem com moleza!
PAÇOCA — (AOS NOVOS) Por isso chamam ela de delegada Duralice!
DORA — (RINDO) Confesso que adoro esse apelido!
RUFINO — (MOSTRA) A senhora viu o jornal da capital? Só tá falando
bem do prefeito Felipe. Diz que seu marido é “o” cabra!
DORA — Felipe é, sem dúvida, o melhor prefeito que Brogodó já teve.
Mesmo assim, a polícia não pode esmorecer. (AOS TRÊS)
Vocês podem fazer a ronda e se apresentar à população.
OS TRÊS SAEM. DORA SENTA E COMEÇA A LER O JORNAL.
DORA — O filme sobre a vida de Aurora saiu! (LÊ) “A Princesa
Perdida” estreia com estrondoso sucesso no Rio de Janeiro!
PAÇOCA E RUFINO SE APROXIMAM PARA VER. VEMOS FOTO DE LILICA,
BEL, PENÉLOPE, TOMÁS, SILVÉRIO E VICENTINA NO DIA DA ESTREIA.
DORA — E o Bel?! Está sendo considerado o novo Rodolfo Valentino!
PAÇOCA — Esse filme podia passar no cine Brogodó! To doidio pra ver!
DORA DOBRA O JORNAL E REVELA UM BOX, COM UMA FOTO DE LILICA E
OUTRA DE NICOLAU E A CHAMADA: “MORDOMO DA ATRIZ LANÇA
BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DA DUQUESA ÚRSULA DE SERÁFIA”.
(ATT.: MOSTRAR MESMO AS FOTOS)
DORA — Olha só! É o Nicolau! Aqui está dizendo que Lilica o tirou
das masmorras de Seráfia e o levou para ser seu mordomo!
RUFINO — A cobra ajudou a outra cobra a fugir!
DORA — Nicolau agora é escritor. Está lançando uma biografia não
autorizada sobre a vida da duquesa Úrsula de Seráfia...
Cordel Encantado Capítulo 143 Pag.: 020
O filho do coronel
Que sempre a flor cobiçou
Pior do que cascavel
Seu veneno destilou
FIM
Mensagem aos companheiros de viagem:
“Amigos, foram meses e meses em que nos unimos aqui, neste espaço mágico da ficção,
para sermos reis, rainhas, princesas, cangaceiros, duquesas, profetas, cozinheiras,
coronéis, delegados, bandoleiros, loucos, santos, anjos e demônios... Foi um árduo, mas
belo e feliz trabalho, que agora chega ao fim. As autoras loucas desse cordel querem
agradecer de coração a companhia, confiança, contribuição, talento, força, coragem e
magistral realização de cada um de vocês, em sua arte e ofício. Sabemos o quanto foi
difícil realizar esse sonho. Mas um sonho realizado nunca será esquecido! Sempre
juntos estaremos aqui reunidos, gritando com Jesuíno e seu bando: “Pelo justo e pelo
certo! Com amor, Thelma e Duca / São Paulo, 07 de setembro de 2011.”